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Projecto Hiris

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

HIRIS VALERIA DA SILVA JAMAL

A INCLUSÃO DA PRISÃO DOMICILIAR COMO PENA


ALTERNATIVA A PENA DE PRISÃO FACE A
SUPERLOTAÇÃO DAS CADEIAS EM MOÇAMBIQUE

NAMPULA
2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

HIRIS VALERIA DA SILVA JAMAL

A INCLUSÃO DA PRISÃO DOMICILIAR COMO PENA


ALTERNATIVA A PENA DE PRISÃO FACE A
SUPERLOTAÇÃO DAS CADEIAS EM MOÇAMBIQUE

Trabalho de caracter avaliativo, da cadeira de Metodologia de


Pesquisa Cientifica, curso de Direito, 4º ano, Turma A, leccionada
pelo MA. Adelino Lopes

NAMPULA
2022
ÍNDICE
1. IDENTIFICAÇÃO DO TEMA.............................................................................................1

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA................................................................................................1

3. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA OU CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA.....1

4. JUSTIFICATIVA..................................................................................................................2

5. OBJETIVOS..........................................................................................................................2

6. METODOLOGIA..................................................................................................................3

7. FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA OU REFERENCIAL TEÓRICO...................................3

8. CRONOLOGIA OU CRONOGRAMA................................................................................6

9. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..................................................................................7
1. IDENTIFICAÇÃO DO TEMA

Em Moçambique existem aproximadamente 32 milhões de habitantes, e o


desenvolvimento do país tem significante nos últimos temos, do mesmo modo conseguimos
ver minorias mais favorecidas que as outras. E com isso há marginalização de alguns grupos
menos favorecidos, indivíduos com “desvios de conduta”.

Moçambique acautela e combate a essas condutas prejudiciais através do Direito


Penal que tem como um dos principais objetivos a ressocialização desses indivíduos através
de medidas preventivas de liberdade como a comumente a pena de prisão.

E com inúmeras infrações cometidas diariamente, e o Direito Penal a ser


aplicado, e a vista o desenvolvimento das tecnologias no mundo e das novas configurações,
existe a necessidade de adotar-se as medidas alternativas a pena de prisão e, é o que se propõe
o projeto de pesquisa aqui apresentado com o tema “A inclusão da prisão domiciliar como
pena alternativa a pena de prisão face a superlotação das cadeias em Moçambique.”

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

Esta pesquisa abordará matérias relacionadas ao Direitos Humanos, Direito Penal,


e Direito Processual Penal.

No que concerne ao horizonte geográfico propõe-se a estudar a Província de


Nampula concretamente a cidade de Nampula, por se mostrar a mais populosa de Moçambique e
o tempo de pesquisa será de 11 meses.

3. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA OU CONTEXTUALIZAÇÃO DO


PROBLEMA

O desenvolvimento do tema a ser pesquisado vai se inserir nas politicas de


ressocialização do individuo que tenha praticado alguma infracção, e concretamente nas penas
menos gravosas, e posteriormente desenvolvido em primeira instancia na Cidade de Nampula.

A intervenção irá ser feita nas Cadeias existentes na província de Nampula, tendo
em vista a superlotação das cadeias existentes na província e as condições de vida deploráveis

1
que alguns reclusos são submetidos em virtude desta superlotação sendo este a situação que deu
lugar a este interesse de intervenção.

A pesquisa aqui proposta pretende responder, o mais precisamente possível, as


questões seguintes, constituintes do problema, quais sejam:
 Porque é que Moçambique não adoptou no Código Penal a prisão domiciliar como pena
não privativa de liberdade dispostas no artigo 71?
 Quais seriam as implicações jurídicas da inclusão da pena domiciliar no ordenamento
jurídico moçambicano?

4. JUSTIFICATIVA
A pertinência deste tema assenta na verificação da violação dos direitos de
reclusos, em virtude das condições deploráveis de alojamento que se encontram face a
superlotação das cadeias e esta situação se verifica do norte ao sul de Moçambique.
O sistema penitenciário moçambicano se revela com uma superlotação de 200 por
cento constituída por mais de 20.000 reclusos, comparando com a capacidade normal de 8.200
reclusos., e com a globalização do pais, e a forte influência que dos mídias sociais exercem na
população e a elevada taxa de desemprego, verificamos cada vez mais indivíduos a cometer
infrações seja de que tipo for para manter a sustentabilidade da família, ou motivações
meramente pessoais, e logicamente o Estado deve fazer algo para que estes indivíduos sejam
responsabilizados e é visível que a primeira e maioritariamente medida a ser usada de inicio é a
restrição de liberdade por meio da prisão.
Se a revisão do nosso Código Penal propõe pressupostos para que o individuo ao
invés de cumprir uma pena de prisão, lhe seja aplicado uma pena alternativa, poderia o Estado
optar pela inclusão da prisão domiciliar.

5. OBJETIVOS
a) Geral
Demonstrar a relevância da inclusão da prisão domiciliar no Código Penal como pena
alternativa a prisão, de forma a depauperar a superlotação das cadeias em Moçambique.
b) Específicos

2
 Reconhecer os direitos violados dos reclusos face as condições de vida que lhes são
propostas.
 Identificar os benefícios que o Serviço Nacional Penitenciário teria na sua estruturação se
materializado o instituto da prisão.

6. METODOLOGIA

O método de pesquisa caracteriza-se como fenomenológico pois obteremos dados


através da observação de entrevistas ou questionários por exemplo, e indutivo na medida que se
averiguara aspetos do micro para o macro onde se analisara em concreto a situação das cadeias
em Nampula para posterior enquadramento de Moçambique no geral.

A abordagem da pesquisa será quali-quantitativa na medida em que:

 Qualitativa porque pretende apreender as perceções, ou seja, das representações e


subjetividades jurídico-sociais dos operadores (sujeito- objeto), concernentes ao tema
proposto, identificando os aspetos comuns e incomuns de tais representações.
 Quantitativa porque haverá questões na entrevista, cujos resultados poderão ser
matematizados, por meio da estatística, com elaboração de tabelas e gráficos.

7. FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA OU REFERENCIAL TEÓRICO

O uso da prisão em Africa, é originário da era colonial. Na África pré-colonial, a


prisão, como punição, era quase desconhecida. Os infratores eram tratados na comunidade, a qual
concentrava-se em devolver os bens e compensar as vítimas, em vez de punir o infrator.1

Este também foi o caso em Moçambique, onde as prisões foram construídas sob o
domínio português, desde o final do século XIX. As prisões eram usadas para acolher cidadãos
portugueses condenados por crimes graves no continente e depois exilados (degredo) nas

1
PETE, S, A brief history of human rights in the prisons of Africa, In: Sarkin, J. (ed), Human Rights in African
Prisons, Pretoria: Human Sciences Research Council Press, 2008, pp. 40-41.
3
colónias. Somente quando o degredo foi abolido, as prisões das colónias foram usadas pela
administração colonial para deter os infratores.2

A superlotação das prisões em África tem sido um problema persistente,


especialmente após a independência, e as iniciativas regionais para resolver esse problema
raramente vão além da retórica e do compromisso verbal.3

O uso excessivo de prisão pelos tribunais, a superlotação da prisão e a consciência


de que a prisão tem um impacto severamente prejudicial sobre os infratores e as suas famílias,
aumentaram a pressão para o uso de medidas alternativas à prisão, especialmente para crimes
menos graves, como furtos e agressões.

As Regras Mínimas Padrão das Nações Unidas para Medidas Não Privativas da
Liberdade (Regras de Tóquio), enumeram, entre outras, as seguintes sanções como alternativas à
prisão: sanções verbais como advertência, repreensão e aviso; sanções económicas e penalizações
monetárias, como multas; ordens de confiscação ou expropriação; sentenças suspensas ou
adiadas; e a prisão domiciliar.4

Houve várias iniciativas para promover penas alternativas em África,


especialmente o TSU (Trabalho Socialmente Útil), que por sinal foi adotado por Moçambique
através da revisão do Código Penal de 2019 no artigo 71, e as penas alternativas são levantadas
não apenas como uma “cura” potencial para a superlotação das prisões em África, mas também
para refletir melhor a justiça e a punição tradicionais “dentro de uma estrutura de interesse
nacional e de integridade cultural”.5

Em 2017, Moçambique tinha uma população carcerária de 18.185 reclusos, contra


uma capacidade oficial de 8.188, ou seja, registando 221% de ocupação nos Estabelecimentos
Penitenciários. Pouco menos de 37% dos reclusos condenados cumprem sentenças de até um ano.
2
RODRIGUES, L.F, Contribuição para o estudo do sistema prisional no Ultramar, Universidade Técnica de
Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, 1963, pp. 18-21.
3
Declaração de Kampala sobre Condições das Prisões em África. Adotada no Seminário de Kampala
sobre as Condições de Prisões em África, em Setembro de 1996. Disponível em:
https://cdn.penalreform.org/wp-content/uploads/2013/06/rep-1996- kampala-declaration-en.pdf
Consultado a 10 de Abril de 2022
4
Regras Mínimas Padrão das Nações Unidas para a Elaboração de Medidas Não Privativas de Liberdade (Regras de
Tóquio), Disponível em: https://www.ohchr.org/Documents/ProfessionalInterest/tokyorules.pdf Consultado a 10 de
Abril de 2022.
5
Lei no. 24/2019, de 24 de Dezembro
4
A superlotação dos estabelecimentos prejudica a capacidade do Estado de atender
aos padrões mínimos de detenção digna, com referência específica a alimentos, acomodações,
segurança e assistência médica. Quase 80% dos reclusos condenados no país cumprem penas que
variam de três meses a oito anos de prisão.6

A superlotação no sistema penitenciário está a atingir níveis insustentáveis,


tornando difícil a respetiva gestão, segurança, reabilitação e ressocialização dos reclusos. Assim,
é urgente a adoção de uma estratégia que garanta, a curto e médio prazos, o incremento da
capacidade instalada”, refere o documento, e o objetivo desta pesquisa é mostrar a exequibilidade
da prisão domiciliar em Moçambique enunciando medidas a ser adotadas como a monitoração
eletrónica através do uso de tonozeleiras por exemplo.

Nalgumas penitenciárias, o número de presos ultrapassa o triplo do seu limite. O


artigo 229o do Decreto-lei no 39:997, de 1955, ainda em vigor, reza que  “os prisioneiros devem
ser tratados com justiça e humanidade, por forma que, sentindo a severidade necessária da pena,
não sofram humilhações inúteis ou influências prejudiciais à sua readaptação”.

A prisão domiciliar é decretada em substituição da preventiva, sempre por ordem


judicial. Consiste no recolhimento do indiciado ou do acusado em sua residência, só podendo
dela se ausentar por ordem do juiz. Para seu deferimento é exigida prova idônea evidenciando a
situação específica que a autorize.7

Na prisão domiciliar, o indivíduo está preso processualmente, isto é, existe um


mandado de prisão em seu desfavor, mas que será cumprido em sua residência por preencher os
requisitos exigidos em lei.

Nesse sentido, a decretação da prisão domiciliar deverá ser uma substituição da


preventiva, sempre obtida por ordem judicial. Necessita constar prova idônea para que seja
comprovada a situação específica e sendo assim sua autorização.8

6
Ordem dos Advogados de Moçambique, Relatório sobre a situação dos Direitos Humanos em Moçambique,
2017, p. 27
7
TAVÓRA, Nestor, ANTONNI, Rosmar, Curso de direito processual penal, 6. Ed. Salvador: Juspodivm, 2011,
p.576
8
NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de processo penal e execução penal, 5. Ed, São Paulo: Revista dos
tribunais, 2008, p.79
5
O ponto central desta pesquisa é a implementação da prisão domiciliar como pena
alternativa a prisão em Moçambique, e a posterior inclusão no Código Penal e a associação dos
requisitos para sua exequibilidade.

8. CRONOLOGIA OU CRONOGRAMA

Actividades básicas Meses de 2023


02 03 04 05 06 07 08 09 10 11
1 A coleta de dados
2 O estudo do material
bibliográfico
3 Redação de capítulos
4 Reuniões com o supervisor
4.1 Apresentação de capítulos
para análise do supervisor
4.2 Correção e
complementação do texto
5 Apresentação de versão
provisoria do trabalho ao
supervisor
6 Revisão ortográfica
7 Formatação final e impressão
8 Entrega do trabalho
escrito

9. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Legislação

 Lei no. 24/2019, de 24 de Dezembro


 Decreto-lei no 39:997, de 1955

6
Doutrina

 Declaração de Kampala sobre Condições das Prisões em África. Adotada no


Seminário de Kampala sobre as Condições de Prisões em África, em Setembro
de 1996. Disponível em:
https://cdn.penalreform.org/wp-content/uploads/2013/06/rep-1996- kampala-
declaration-en.pdf Consultado a 10 de Abril de 2022
 NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de processo penal e execução penal, 5. Ed, São
Paulo: Revista dos tribunais, 2008
 PETE, S, A brief history of human rights in the prisons of Africa, In: Sarkin, J. (ed),
Human Rights in African Prisons, Pretoria: Human Sciences Research Council Press,
2008
 RODRIGUES, L.F, Contribuição para o estudo do sistema prisional no Ultramar,
Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Política
Ultramarina, 1963
 Regras Mínimas Padrão das Nações Unidas para a Elaboração de Medidas Não Privativas
de Liberdade (Regras de Tóquio), Disponível em:
https://www.ohchr.org/Documents/ProfessionalInterest/tokyorules.pdf Consultado a 10 de
Abril de 2022.
 Ordem dos Advogados de Moçambique, Relatório sobre a situação dos Direitos
Humanos em Moçambique, 2017
 TAVÓRA, Nestor, ANTONNI, Rosmar, Curso de direito processual penal, 6. Ed.
Salvador: Juspodivm, 2011

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