Relatório Nutrição Clínica Hcor - Item 3
Relatório Nutrição Clínica Hcor - Item 3
Relatório Nutrição Clínica Hcor - Item 3
SANTO AMARO
São Paulo
2021
Ana Paula Santos da Rocha
DEDICATÓRIA
A Deus por ter sido até aqui minha fortaleza e me proporcionado a benção da
graduação, às minhas filhas que são a maior razão de todo meu esforço e dedicação
nessa jornada, ao Centro Universitário Senac que com seu projeto de bolsa social
me deu a maior oportunidade de vida que é a graduação e aos meus familiares que
foram minha rede de apoio.
AGRADECIMENTOS
O presente relatório foi realizado com a escolha de uma paciente como estudo de
caso clínico, sendo uma mulher de 70 anos com o diagnóstico inicial de acidente
vascular cerebral, decorrente de uma endocardite infecciosa, a qual evoluiu para um
quadro de sepse e necessitou permanecer na UTI pois estava em estado crítico. A
endocardite infecciosa é causada pela presença de bactérias no endocárdio das
válvulas cardíacas, que como complicações podem levar a complicações
neurológicas e a demorada do diagnóstico e tratamento pode evoluir para um
quadro de sepse, situação de infecção acompanhada de inflamação sistêmica. A
sepse leva a alterações do metabolismo e pode causar perda de massa magra de
forma acelerada, ocasionando desnutrição e gera outras respostas prejudiciais ao
paciente, como a redução da imunidade, aumento do risco de outras de infecções,
hipoproteinemia, edema, redução do processo de cicatrização e aumento do tempo
de permanência hospitalar, principalmente na UTI. Desta forma, o objetivo desse
relatório foi de acompanhar a paciente por cinco dias, analisando seu diagnóstico
clínico, exames bioquímicos e dados antropométricos para realizar seu diagnóstico
nutricional e propor uma conduta dietoterápica para a paciente de acordo com suas
necessidades nutricionais. Com base nos dados que constavam no prontuário da
paciente, foi possível coletar informações obrigatórias para compor esse relatório e
realizar a triagem, a qual a paciente é terciária e classificada em diagnóstico de risco
nutricional.
Com objetivo de manter o estado nutricional da paciente, evitando perda de peso e
massa magra, a conduta foi definida com base em literaturas que abordam a TNE
para pacientes críticos em unidade de terapia intensiva. Devido a paciente se
encontrar em sedação e entubada a via de administração será por SNG, a terapia
nutricional enteral será de uma dieta hipercalórica, hiperproteica e polimérica,
considerando o adequado funcionamento do trato gastrointestinal. Para
complementar o aporte proteico foi indicado módulo de proteína. A infusão da dieta
foi indicada como contínua, com infusão de 55ml/hora para atingir sua NET, com
pausas devido a interação com fármacos utilizados no tratamento. Após ser
realizado levantamento quantitativo referente ao volume infundido em um dia da
TNE, foi verificado que as necessidades nutricionais e energéticas não foram
atingidas. O profissional nutricionista tem grande importância no suporte de
pacientes críticos, os quais possuem particularidades específicas para uma tomada
de decisão adequada dentro da dietoterapia.
1 INTRODUÇÃO
A paciente L.A.F.C deu entrada no pronto socorro na manhã do dia 08/10 com
quadro de dorsalgia há 7 dias anteriores, a qual evoluiu nos últimos quatro dias
acompanhada de empastamento e lentidão na fala e urina escurecida. Nesta manhã,
ao acordar, apresentou piora da disartria (fraqueza nos músculos usados na fala),
taquidispnéia (respiração rápida e difícil), redução do nível de consciência e
diminuição da força em hemicorpo E.
Ao ser avaliada pela equipe de enfermagem, verificou-se frequência cardíaca
em 108bpm, saturação em 87%, temperatura 36º, pressão arterial 145x64, glicemia
89mg/dL, foi então solicitado que a paciente fosse avaliada por neurologista.
O médico neurologista constatou desvio de rima bucal para hemiface
esquerda, importante força diminuída em hemicorpo esquerdo e redução também
em hemicorpo direito. Sugerindo a hipótese diagnóstica de acidente vascular
cerebral (AVC), solicitando exames de imagem e bioquímicos, os quais confirmaram
no mesmo dia o diagnóstico de AVC não especificado e septicemia não
especificada.
A avaliação da fonoaudiologia indicou risco de broncoaspiração, paciente
permanecia em jejum.
Paciente que até então estava em observação no pronto socorro, apresentou
piora e foi encaminhada à UTI (unidade de terapia intensiva), onde necessitou de
sedação e ventilação mecânica.
Após avaliação da equipe multidisciplinar no dia 09/10, foi indicada terapia
nutricional enteral exclusiva por sonda nasogástrica, a nutricionista fez a estimativa
das necessidades energéticas (1.738Kcal/día) proteica (104g/dia) e a nutróloga fez a
indicação da dieta a ser administrada (Nutrison Protein Plus Energy 1.5 Kcal/ml).
Paciente permanecia em estado crítico nos dias recorrentes, com elevação de
temperatura corporal e taquicardia, durante o andamento da investigação sobre as
causas do AVC e do quadro infeccioso.
No dia 19/10 é dado o diagnóstico de endocardite infecciosa valvar aórtica por
staphylococcus aureus com desenvolvimento de úlcera de aorta torácica, originário
de abscesso dentário que a levou ao quadro de sepse.
Paciente é submetida a procedimento cirúrgico no dia 20/10 para correção
endovascular, posteriormente devido ao abcesso dentário, o qual originou o quadro
de infecção e outras complicações, foi necessária a realização de abordagem da
odontologia e infectologia, os quais determinaram a realização de procedimento
cirúrgico, o qual foi realizado no dia 24/10 em próprio leito, com anestesia local,
extração da raiz dentária, curetagem de abscesso e sutura, sem intercorrências.
Paciente ainda em estado crítico nos dias seguintes, porém apresentando
quadro estável, a partir do dia 30/10 e a equipe médica discutia a possibilidade de
futuro desmame da ventilação mecânica conforme melhora do quadro.
2 OBJETIVO GERAL
Terapia Nutricional Enteral Nasogástrica, Nutrison Via oral zero / Dieta Enteral Nutrison Protein Plus Energy, 1,5Kcal/ml
Protein Plus Energy, 1,5Kcal/ml - Danone® - 50ml/h + Whey Protein Isolate 2 sachês (1x dia) 18 horas
27/10/21
+ Whey Protein Isolate 2 sachês (1x dia) + Probiotop 1 sachê (2x dia) 16 e 20 horas
+ Probiotop 1 sachê (2x dia)
Terapia Nutricional Enteral Nasogástrica, Nutrison Via oral zero / Dieta Enteral Nutrison Protein Plus Energy, 1,5Kcal/ml
Protein Plus Energy, 1,5Kcal/ml - Danone® - 50ml/h + Whey Protein Isolate 2 sachês (1x dia) 18 horas
28/10/21
+ Whey Protein Isolate 2 sachês (1x dia) + Probiotop 1 sachê (2x dia) 16 e 20 horas
+ Probiotop 1 sachê (2x dia)
Terapia Nutricional Enteral Nasogástrica, Nutrison Via oral zero / Dieta Enteral Nutrison Protein Plus Energy, 1,5Kcal/ml
Protein Plus Energy, 1,5Kcal/ml - Danone® - 50ml/h + Whey Protein Isolate 2 sachês (1x dia) 18 horas
29/10/21
+ Whey Protein Isolate 2 sachês (1x dia) + Probiotop 1 sachê (2x dia) 16 e 20 horas
+ Probiotop 1 sachê (2x dia)
Terapia Nutricional Enteral Nasogástrica, Nutrison Via oral zero / Dieta Enteral Nutrison Protein Plus Energy, 1,5Kcal/ml
30/10/21 Protein Plus Energy, 1,5Kcal/ml - Danone® 50ml/h + Whey Protein Isolate 2 sachês (1x dia) 18 horas
+ Whey Protein Isolate 2 sachês (1x dia) + Probiotop 1 sachê (2x dia) 16 e 20 horas
+ Probiotop 1 sachê (2x dia)
DADOS REFERÊNCIAS
Classificação Classificação
Valores estado Valores estado
nutricional nutricional
Via de
Fármaco Interação fármaco nutriente
administração
CLEXANE®
Subcutânea Não há interação com nutriente
(enoxaparina sódica)
PANTOZOL®
Intravenosa Não há interação com nutriente
(pantoprazol)
NOVALGINA®
(dipirona Intravenosa Não há interação com nutriente
monoidratada)
PLAVIX®
Oral SNG Não há interação com nutriente
(Cloptogrel)
A dieta será ofertada via enteral exclusiva por sonda nasogástrica, a paciente
possui trato gastrointestinal funcionante, porém encontra-se em sedação e
entubada. A administração da dieta será contínua por sistema fechado (bolsa de um
litro), pois é padrão do hospital para os pacientes internados em UTI, além de serem
mais seguras não havendo necessidade de manipulação.
Será administrada dieta hipercalócia e hiperproteica, polimérica (não há
comprometimento de digestibilidade e resíduo gástrico), mais o módulo proteico via
SNG duas vezes ao dia para promover o aporte proteico e módulo probiótico uma
vez ao dia para equilíbrio da microflora intestinal.
A terapia nutricional enteral consiste na administração de nutrientes pelo trato
gastrointestinal, através de um tubo, sondas ou ostomias, localizado no trato
digestivo, sendo uma alternativa para pacientes que não podem alimentar-se via oral
(CARVALHO et al, 2014).
Para pacientes com trato gastrointestinal funcionante mas impossibilitados de
receber dieta via oral, com nível de consciência rebaixado e risco de desnutrição ou
desnutridos devem receber a terapia nutricional enteral (BRASIL, 2008).
Deve-se utilizar, preferencialmente, a sonda enteral em posição gástrica, para
pacientes críticos em UTI, a infusão de dieta pode ser realizada por método contínuo
por bomba de infusão, ocorrendo com volume e tempo e gotejamento
pré-determinados de acordo com a prescrição médica (BRASIL, 2008).
A bomba de infusão (BI) deve ser utilizada obrigatoriamente quando o método
de administração da dieta por infusão contínua. A dieta enteral deverá ser
administrada por BI, em pacientes internados em de Unidade de Terapia Intensiva
(BRASIL, 2008).
As recomendações atuais sugerem que os pacientes críticos internados em
unidades de terapia intensiva devem receber dietas hipercalócias e hiperproteicas,
considerando que após a admissão hospitalar é comum o desenvolvimento de
desnutrição proteico-calórica rapidamente (SANTOS; ARAÚJO, 2019).
Há uma importante necessidade de suplementar as fórmulas enterais com
módulos proteicos, visto que dificilmente dietas enterais conseguem ofertar o aporte
proteico em quantidade satisfatória, que se adeque às recomendações nutricionais
da grande maioria dos pacientes (SANTOS; ARAÚJO, 2019).
O uso de probiótico mostra efeitos benéficos para pacientes, principalmente
aos que fazem uso de antibióticos, os quais provocam importantes alterações na
microflora intestinal. Quando administrados adequadamente favorecem o reequilíbrio
da microflora intestinal, impedindo a proliferação de bactérias patogênicas e estimulo
à imunidade (SANTOS; CUNHA; SEGADILHA, 2019).
Devido a paciente demonstrar tolerância e recuperação de peso com a dieta
prescrita pelo nutróloga, opta-se por manter a fórmula Nutrison Protein Plus Energy,
1,5Kcal/ml - Danone®.
Devido a paciente estar com sobrepeso, seu peso ideal (PI) foi calculado
considerando o valor máximo de eutrofia para idosos (27kg/m²) de acordo com o
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (BRASIL, 2004). Considerando a
fórmula PI= altura² x IMC ideal (mínimo, médio ou máximo) o peso ideal para a
paciente é de 74,52kg. Porém como a paciente encontra-se em risco nutricional, seu
peso ideal deve ser considerado o próprio peso atual, sendo 78,8kg, pois não há
objetivo de perda de peso e sim de manutenção do estado nutricional.
A perda de peso e a desnutrição são recorrentes no meio hospitalar, levando
a complicações como maior tempo de internação e risco de morbimortalidade por
exemplo, quanto maior o tempo de internação maior será o risco destes agravos,
devendo fazer parte da terapia nutricional o enfrentamento a perda de peso (SILVA
et al., 2018).
Ferro (mg/dia) 5 8 - 45
Probiatop®
Informação Nutricional em 1g
Suplemento probiótico
Proteínas 14 g
Carboidratos 17 g (45%)
31/10 Jejum -
86,87%
Proteínas (g) 120,9 105,02
Hipoproteica
82,91%
Lipídios Totais (g) 71,84 59,56
Hipolipídica
82,88%
AGS (g) 18,58 15,40
Abaixo da recomendação
82,9%
AGP (g) 13,63 11,30
Abaixo da recomendação
82,92%
AGM (g) 39,64 32,87
Abaixo da recomendação
82,91%
Carboidratos (g) 210,57 174,59
Abaixo da recomendação
82,95%
Carboidrato simples (g) 47,98 39,8
Abaixo da recomendação
Fonte: Autora, 2021.
REFERÊNCIAS
FILHO, Joao Batista Raposo Mazullo; FERRARI, Renata Salatti; BONA, Silvia;
ROSA, Darlan Pase; DA SILVA, Fabiano Gomes; JUNIOR, Luiz Alberto Forgiarini;
DIAS, Alexandre Simões; MARRONI, Norma Possa. A ventilação mecânica invasiva
e seus efeitos no estresse oxidativo de pacientes críticos. Rev Bras Ter Intensiva,
p. 39, 2012. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/206219/001011809.pdf?sequence
=1. Acesso em: 13 de novembro de 2021.
SILVA, Maria Beatriz Carolina; TEJO, Ana Carolina do Ó; JÚNIOR, Josivan Soares
Alves; COURA, Amanda Gonçalves Lopes. Desnutrição em pacientes críticos em
UTI. Disponível em:
https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conbracis/2018/TRABALHO_EV108_
MD1_SA6_ID916_21052018205134.pdf. Acesso em: 13 de novembro de 2021.
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ece,aumentado%20para%20incapacidades%20e%20depend%C3%AAncia. Acesso
em 07 de novembro de 2021.
YOSHIME, Luciana Tedesco. Selênio. In: CUKIER, Celso; CUKIER, Vanessa. Macro
e micronutrientes em nutrição clínica. 1 ed. Barueri, SP: Manole 2020.