8 - Cadernos - Extenso - Volume 06 n.01 2021
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SOCIEDADE,
AMBIENTE VIRTUAL,
SAÚDE E
BEM-ESTAR
PRÓ-REITORIA DE
ASSUN TO S ESTUDAN TIS
E EXTEN SÃO
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A Revista “Cadernos de Extensão”, vinculada à Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Extensão (PRAE)
da Universidade Federal de Roraima (UFRR) é um periódico de publicação anual, que visa contribuir
com a socialização da prática extensionista por meio da publicação de relatos de experiência nas
seguintes áreas temáticas: comunicação; cultura; direitos humanos e justiça; educação; meio ambiente;
saúde; tecnologia e produção; e trabalho.
Comissão Editorial
PRÓ-REITORIA DE
ASSUN TO S ESTUDAN TIS
E EXTEN SÃO
Sumário
CONTEÚDO
ALEITAMENTO MATERNO E A TRANSMISSÃO VERTICAL DE INFECÇÕES
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS.................................................................................. 6
ALEITAMENTO MATERNO E A
TRANSMISSÃO VERTICAL DE
INFECÇÕES SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS
Curso de Medicina da Universidade Federal de
Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil. O aleitamento materno é, incontestavelmente,
uma das formas mais eficazes para reduzir a
morbimortalidade infantil, além de conferir inú-
Carla Mariana de Melo Beeck - Discente do curso de
Medicina da Universidade Federal de Roraima - UFRR meros benefícios, tanto para a mãe quanto para
o bebê. A Organização Mundial de Saúde (OMS)
Karoline Gabriely Sergio de Sena Costa - Discente do
curso de Medicina da Universidade Federal de Roraima -
recomenda que o Aleitamento Materno (AM) seja
UFRR exclusivo nos primeiros seis meses de vida e, com-
plementado até os dois anos de idade da criança
Tariana Lucena dos Santos - Discente do curso de
Medicina da Universidade Federal de Roraima - UFRR
(GENEV; WHO; 2003). Essa prática é considerada
a melhor escolha para nutrição, promovendo pro-
Vinícius da Costa Faustino - Discente do curso de
teção imunológica contra doenças respiratórias e
Medicina da Universidade Federal de Roraima - UFRR
infecções gastrointestinais, além do vínculo afetivo
Simone Lopes de Almeida - Mestre em Ciências da entre mãe e filho (LANCET, 2016).
Saúde. Docente do curso de Medicina da Universidade
Para ratificar e promover a importância da
Federal de Roraima - UFRR
amamentação, o mês de agosto foi estabelecido
como o mês do Aleitamento Materno, princi-
palmente através de campanhas como o Agosto
Dourado. Essa campanha simboliza a luta pelo
incentivo à amamentação – a cor dourada está
relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite
materno. De acordo com a OMS e o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), por
ano, cerca de seis milhões de vidas são salvas por
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Universidade Federal de Roraima
causa do aumento das taxas de amamentação ex- micos do curso de Medicina da UFRR organiza-
clusiva até o sexto mês de idade (BRASIL, 2021). ram a ação para abordar, com mais destaque, o
A amamentação pode tornar-se contraindica- tema. Nesse ensejo, foi feito um convite para as
da devido ao risco de exposição do bebê a possí- gestantes e, separado um ambiente para recebê-
veis comorbidades maternas, como é o caso das -las, servindo-se um lanche com alimentos nu-
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). As tritivos e palestras sobre a forma correta de ama-
ISTs são infecções causadas por microorganis- mentar; mitos e verdades sobre a amamentação;
mos – especialmente vírus e bactérias - com a serviços de apoio as mães que não conseguem
transmissão ocorrendo por meio do contato se- amamentar; nutrição; infecções transmissíveis na
xual, sendo ele anal, oral ou vaginal, sem o uso da amamentação; entre outros. Cada grupo que fi-
camisinha feminina ou masculina. Não obstante, cou responsável por um tema estava acompanha-
pode ocorrer também por meio da transmissão do por um supervisor. Destinou-se um tempo
vertical para a criança durante a gestação, o parto para que cada grupo pudesse transmitir o conhe-
ou a amamentação, quando medidas de preven- cimento da melhor maneira à população.
ção não são realizadas (BRASIL, 2020). Para abordar sobre as ISTs na amamentação,
Devido ao atual contexto pandêmico mundial foram distribuídos panfletos elaborados pela
relacionado à COVID-19, muitas doenças têm sido equipe da Extensão, contendo informações sobre
negligenciadas pelos profissionais da saúde. Isso se essas doenças, o que são e, principalmente, se po-
deve ao aumento exponencial da demanda de trata- dem ou não amamentar em detrimento de deter-
mento das complicações que o vírus SARS-CoV-2 minada infecção, além da realização de palestra
ocasiona, o que contribui para o retardo no diag- sobre o tema com retirada de dúvidas.
nóstico e investigação de infecções, entre elas, as O intuito da ação sobre amamentação, realiza-
ISTs encontram-se como algumas das principais da em alusão ao Agosto Dourado, foi orientar as
com as quais a comunidade sofre diariamente. As- gestantes e puérperas da comunidade atendida pela
sim, o Projeto de Extensão “Orientações acerca das UBS Arminda Gomes sobre os riscos da mãe soro-
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) negli- positiva para o HIV e para o vírus T-linfotrópico
genciadas no contexto da Pandemia da COVID-19” Humano (HTLV) em realizar a lactação, bem como
visa abordar sobre a importância do Aleitamento alertar para as outras situações que a amamentação
Materno, os riscos que ele pode trazer em situações deve ser interrompida (MELO, et. al., 2016).
de infecções sexualmente transmissíveis e os cuida- De acordo com Gomes e Koifman (2021), os
dos necessários para prevenção de complicações ao benefícios da amamentação são amplamente
binômio mãe-filho. conhecidos não só pelos profissionais de saúde
Estudo descritivo do tipo relato de experiência como também pela população em geral. O lei-
com abordagem qualitativa que teve com o pro- te humano tem uma composição rica em nu-
pósito descrever a experiência do Aleitamento
trientes, além de uma complexidade de células,
Materno e a transmissão vertical das infecções
membranas e moléculas que atuam na proteção
sexualmente transmissíveis.
do recém-nascido.
O cenário do estudo foi a Unidade Básica de
O Agosto Dourado é uma ação em incentivo
Saúde (UBS) Arminda Gomes, localizada no
à amamentação, definida pela Lei Nº 13.435, de
bairro Jóquei Clube, na cidade de Boa Vista (RR).
2017 (BRASIL, 2017). É um mês marcado por
A unidade oferece serviços de atenção básica à
saúde, pautados em um trabalho multidiscipli- campanhas de conscientização e esclarecimento
nar, que se orienta pelos princípios do Sistema sobre a importância do aleitamento para a crian-
Único de Saúde (SUS), (BRASIL, 2017), visando ça. Conforme o Estudo Nacional de Alimentação
o atendimento às necessidades de saúde da popu- e Nutrição Infantil (ENANI), a prevalência do
lação referida. A experiência em questão ocorreu aleitamento materno exclusivo entre as crianças
no dia 18 de agosto de 2021.O público contou com menos de seis meses de idade foi de 45,7% no
com a participação de mulheres, primigestas ou Brasil (UFRJ, 2010). Por isso, uma rede de apoio é
não, que aguardavam para consulta pré-natal de fundamental para o esclarecimento de dúvidas a
rotina e consultas médicas. respeito do assunto e para conhecimento das ad-
Agosto é considerado o mês da amamentação, versidades da lactação, tais como a transmissão
nesse contexto, a UBS juntamente com os acadê- vertical de algumas ISTs.
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
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Universidade Federal de Roraima
LEVANDOWSKI, D. C., et. al. Maternidade e HIV: revisão VILELA, L. S.; LEMOS, C. A., et al. O pré-natal como fer-
da literatura Brasileira. Arquivos Brasileiros de Psicologia, ramenta na prevenção da sífilis congênita: uma revisão in-
69(2), 34-51. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ tegrativa da literatura. Brazilian Journal of Health Review.
arbp/v69n2/04.pdf. Acesso em: 05/10/2021. , Curitiba, v. 2, n. 3, mar./apr. 2019. Disponível em: ht-
tps://www.brazilianjournals.com/index.php/BJHR/article/
LIMA, D. M., et. al. As infecções sexualmente transmissí- view/1414/1544.
veis e o impacto na transmissão vertical: uma revisão inte-
grativa. Research, Society and Development, v. 9, n.7, 2020. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global
Disponível em: https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/ strategy for infant and young child feeding. Geneva: WHO;
article/view/4433/4024. Acesso em: 05/10/2021. 2003.30p. Disponível em: https://www.who.int/publica-
tions/i/item/9241562218. Acesso em: 06/10/2021.
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
EPISTEMOLOGIAS
DA CURA:
ENCONTRO DE
SABERES EM
TEMPOS DE
COVID-19
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dições alimentares, dos cantos e histórias relacio- fortemente politizado à fala sobre sua trajetória e
nadas às roças e aos alimentos Ye’kwana. Além sobre a importância dos saberes ancestrais afro-bra-
disso, alertou sobre os cuidados com os saberes sileiros. Tatá falou sobre sua experiência dentro das
que não são de acesso para todos, mas apenas das religiões de matriz africana nas comunidades tradi-
mulheres e homens sábios. cionais de terreiro e afirmou que os negros oriundos
Davi Kopenawa, xamã Yanomami, abordou da mãe África foram trazidos em navios negreiros
em sua aula temas narrados em seu livro “A Que- como escravos, mas descendem de reis e de rainhas
da do céu” (Kopenawa e Albert, 2015) e no lon- africanos. Bokùlê disse que trouxe o Candomblé
ga-metragem “A última floresta”, no qual atuou do Amazonas para Roraima, em 1989, como mo-
como roteirista e ator . Os Yanomami vivem em vimento de resistência e luta por igualdade racial.
aldeias localizadas em regiões da floresta ama- A aula do mestre Cica retomou alguns conceitos
zônica nos estados de Roraima e Amazonas, na das aulas da Mãe Michele e Tatá Bokùlê, dando ên-
fronteira entre Brasil e Venezuela. Na aula, Davi fase maior na ancestralidade. Mestre Cica é escritor,
Kopenawa narrou alguns mitos de origem dos Ya- Bàbálórìsà e Mestre Griô, Olùkó (professor do idio-
nomami, enfatizando que os povos indígenas pos- ma Yorùbá). O mestre iniciou sua aula abordando o
suem saberes diferentes, que se referem à proteção conhecimento da sua bacia e sua linhagem descri-
da floresta amazônica como entidade viva. Os povos tas no seu livro “O Batuque de Nação Òyó no Rio
indígenas são os melhores guardiões das florestas, Grande do Sul” (2020). Cica não vê Òríşá/Inquice/
justamente porque seus saberes são assentados nos Vodu como religião, vê como tradição, sendo todo
conhecimentos tradicionais locais. Para os Yanoma- conhecimento adquirido através da oralidade pe-
mi, os espíritos zeladores da floresta são os xapiri, los seus antepassados, aprendido no terreiro/casa/
que garantem a saúde da terra. Os xamãs trabalham tradição, na convivência, nos costumes, ouvindo os
junto com os xapiri para proteger as florestas, que antigos conhecedores de Òríşá (Orixá).
estão sendo poluídas por mineradores, fazendeiros Yashodan Abya Yala, da nação Muzunguê, falou
e garimpeiros, com suas atividades que buscam ex- sobre a cosmovisão dos moradores do “Kilombo”
trair e importar matérias-primas. Por isso, para o Morada da Paz, território de Mãe Preta, localizado
xamã, é importante que o povo da cidade aprenda no Rio Grande do Sul (Okaran, 2020). Para Yasho-
com os povos indígenas, para que sua educação não dan, quilombo escrito com “Q” é uma forma de
seja voltada apenas para o mercado e o lucro. colonização, já que a língua bantu não possui essa
Mãe Michele de Oxum, sacerdotisa do batuque letra, sugerindo “Kilombo” com “K”. Por isso, o
no Rio Grande do Sul, ministrou aula sobre o tema termo “Kilombo” é uma expressão política contra
da pandemia e os Orixás . Os Orixás, segundo Mi- hegemônica. É digno de nota as matrizes que fun-
chele, são forças da natureza, e cada Orixá com sua damentam essa comunidade afrodiaspórica, que
força, protege seus filhos. Mas, com a pandemia, se autodenomina “afrobudígena”: fruto da recupe-
que também é uma força da natureza, os Orixás es- ração de uma memória ancestral que alia a matriz
tão voltados à cura e proteção. “O vírus é uma força indígena M’Mbyá Guarani, a matriz africana Iorubá
da natureza e ele é desconhecido, diferente dos nos- e a matriz do Budismo tibetano mahayana.
sos Orixás, que são conhecidos e cultuados”, afirma Nêgo Bispo, lavrador e morador do Quilombo
Mãe Michele, pedindo respeito a essa força que é a Saco-Curtume, no Piauí, é um importante mestre
doença, reafirmando a importância da fé nos Orixás quilombola, escritor de diversos livros e artigos
e dos cuidados para prevenir o contágio e a prolife- (Bispo 2015, 2018 e 2020). Ao falarmos sobre a
ração do vírus. Mãe Michele também mostrou aos crise decorrente da COVID-19, Bispo afirmou
alunos os okutás, que são as pedras onde se assen- que o povo da cidade sempre viveu isolado, dife-
tam os Orixás, além de outros artefatos guardados rente do povo quilombola, que vive distanciado,
no quarto de santo. mas não isolado. Esse isolamento demasiado dos
O mestre Tatá Bokùlê, fundador da primeira povos das cidades, impede que eles percebam o
casa de Candomblé Nação Angola, em Roraima sincronismo dos animais, das plantas, das flores,
em 1989, retomou em sua aula alguns temas abor- das vidas humanas. O povo quilombola, ou afro-
dados pela Mãe Michele, da Nação Cabinda. Tatá confluente, se comunica com o mundo através da
Bokùlê possui décadas de formação religiosa e de linguagem cosmológica, que lida com os saberes
militância no movimento negro e movimento das orgânicos, da natureza, e não com a natureza sin-
religiões de matriz afro-brasileira, o que dá um tom tetizada. Essa ênfase nas relações de alteridade,
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Universidade Federal de Roraima
A Ação ocorreu nos cursos de Licenciatura entrelinhas à redação crítica” (Língua Portugue-
em Letras da UFRR, mais especificamente, na sa), “Brasil, qual é a tua cara?” (Literaturas), “La
Comissão de Estágios e Práticas Docentes. A gotita de agua – dialogando en español” (Língua
Comissão é composta por professores das disci- Espanhola). Após a definição de todas as oficinas
plinas de Estágios Supervisionados, dos cursos que seriam ministradas por cada curso, a etapa
de letras: Língua portuguesa, Literaturas, Inglês, seguinte foi a divulgação para que alcançássemos
Espanhol e Francês. A ideia inicial era suprir as o maior número de alunos da faixa etária alvo.
necessidades do semestre de 2020.1, o primei- Terminado o período de inscrição, as oficinas fo-
ro a ser ofertado de modo remoto. Mas como a ram iniciadas, seguindo o mesmo procedimento
ideia funcionou e conseguimos alcançar nossos de trabalho que as aulas na graduação: encontros
objetivos, decidimos prolongar a Ação enquanto síncronos e atividades assíncronas. De modo ge-
perdurasse o Ensino Remoto Emergencial. Então, ral, cada oficina teve a duração de 30h.
o projeto também foi realizado em 2020.2, em Por sua natureza extensionista interdiscipli-
2021.1 e, a princípio, terminará em 2021.2, uma nar, as oficinas de estágio e formação docente
vez que o ERE foi prorrogado para o cumprimen- apresentam-se, consoante o Plano Nacional de
to dos dois semestres letivos de 2021. Extensão Universitária (PNEU), como “[...] via
Presencialmente, os graduandos realizam cada de mão dupla, com trânsito assegurado à comu-
estágio no período de um semestre, que é dividi- nidade acadêmica, que encontrará, na sociedade,
do em dois bimestres: no 1º, eles realizam um pe- a oportunidade de elaboração da práxis de um
ríodo de observação e no 2º, assumem a regência. conhecimento acadêmico [pouco difundido; qui-
Com o fechamento das escolas da Educação Bá- çá conhecido].” Especificamente, as Oficinas de
sica, a maior dificuldade foi providenciar o local estágio e formação docente atendem aos seguin-
e o público para que os estagiários pudessem re- tes objetivos (PNEU, 2001, p. 9):
alizar suas atividades. Após inúmeros encontros
e discussões, surgiu a ideia de organizar oficinas 1. Reafirmar a extensão universitária como
virtuais, constituídas por alunos do 6º ao 9º ano e processo acadêmico definido e efetivado
do Ensino Médio, cujas temáticas a serem traba- em função das exigências da realidade [da
lhadas estariam consoantes ao conteúdo específi- pandemia do novo coronavírus], indis-
co de cada ano. Uma vez que a atividade alcança- pensável na formação do aluno, na quali-
ria a comunidade externa, resolvemos aproveitar ficação do professor e no intercâmbio com
a ideia e transformá-la em uma Ação de Extensão a sociedade;
que foi intitulada: “Oficinas de estágio e forma- 2. Assegurar a relação bidirecional entre a
ção docente – Integrando teorias e práticas”. universidade e a sociedade, de tal modo
Neste sentido, os cursos de Licenciatura em que os problemas sociais urgentes rece-
Letras promoveram a Ação de Extensão, em bam atenção produtiva por parte da uni-
parceria com o Núcleo de Estudos em Línguas versidade.
Estrangeiras (NucELE), que, a princípio, ficou
responsável pela organização da inscrição dos Por esta razão, as oficinas de estágio e forma-
alunos externos e certificação das oficinas. Rece- ção docente abrem espaço de interlocução com
beram certificados: os orientadores, os estagiários a sociedade civil e contemplam, direta e/ou in-
que ministrariam as oficinas e os alunos inscritos diretamente, objetivos presentes no Plano Estra-
que computassem 75% de frequência. tégico Institucional 2015-2025/UFRR (Resolução
No 1º semestre de 2020, realizado de forma 022/2016-CUni, de 20 de agosto de 2016), que,
remota e emergencial, os professores orientado- por sua vez, estabelece na página 147:
res desenvolveram o período de discussão teó-
rica como base para a organização das oficinas. • Fortalecer e ampliar ações de formação ci-
Os graduandos, então, tiveram o suporte teórico dadã na UFRR;
para escreverem seu Plano de Ensino a ser exe- • Realizar [discussões que visem à] conscien-
cutado no trabalho com as oficinas. Dentre as tização e promoção de Direitos Humanos e
oficinas ofertadas, podemos citar: “Da leitura Justiça, Preservação e Sustentabilidade do
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Universidade Federal de Roraima
SOMOS MIGRANTES:
EXPERIÊNCIA DE UMA REDE
DE APOIO A MIGRANTES E
REFUGIADOS MEDIADA PELAS
PLATAFORMAS DIGITAIS
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Gersika do Nascimento Bezerra - Jornalista da
Universidade Federal de Roraima, mestre em
E sse relato é de uma caminhada que busca ir
ao encontro de imigrantes e refugiados que
chegam em Boa Vista. No caso dos venezuelanos,
Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação maioria da população estrangeira em Roraima,
Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCom/UFPA) e
uma jornada de 215 quilômetros na BR-174, con-
membro do projeto Somos Migrantes.
siderando a distância entre Pacaraima, primeira
Vângela Maria Isidoro de Morais - Professora do curso cidade ao Norte do Brasil que faz fronteira com
de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação na Universidade Federal de Roraima.
a Venezuela, até a capital Boa Vista (RR). Partin-
Coordenadora do projeto Somos Migrantes. E-mail: do da característica humana de se movimentar,
vangela.morais7@gmail.com apresentamos a trajetória do projeto Somos Mi-
Carmen Alejandra Munoz Luengo - Imigrante grantes, uma ação de Extensão que visa se consti-
venezuelana, membro do projeto de extensão Somos tuir em uma rede de apoio aos imigrantes e refu-
Migrantes, acadêmica do 1º semestre de Estética e giados em Roraima.
Cosmetologia, na Faculdade Claretiano. Considerando o fluxo migratório de vene-
Laiwany Adairalba Dantas - Acadêmica do curso de zuelanos para Roraima, iniciado em 2015, agra-
Jornalismo da Universidade Federal de Roraima e bolsista vado a partir de 2016 e com pico em 2018 (BE-
do projeto Somos Migrantes.
ZERRA e MORAIS, 2018), o Somos Migrantes
Lisiane Machado Aguiar - Professora do curso de realiza um movimento de inserção e difusão de
Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em informações pelas plataformas digitais, ocupan-
Comunicação na Universidade Federal de Roraima.
Membro do projeto Somos Migrantes. E-mail: lisiaguiar@
do o ciberespaço.
gmail.com A ideia da plataforma digital e das Redes So-
ciais surgiu, inicialmente, devido à necessidade
Timóteo Westin de Camargo César - Professor do curso
de Jornalismo e membro do projeto Somos Migrantes. de organizar um conjunto de ações de apoio aos
E-mail: timcamargo@gmail.com imigrantes e dados pesquisados no âmbito do
Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Frontei-
ras (Geifron) da Universidade Federal de Rorai-
ma (UFRR). Posteriormente, a proposta expan-
diu-se no contexto das experiências do curso de
Comunicação Social - Jornalismo.
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Universidade Federal de Roraima
O projeto realiza ainda a interlocução com as construir suas narrativas, numa teia de colabo-
atividades de ensino, por meio da disciplina de ração entre eles, alunos, técnicos e professores
Jornalismo Comunitário, do curso de Comunica- da UFRR. Assim, a educação em suas diferen-
ção – Jornalismo (UFRR), que orienta outros for- tes frentes, incluindo os dispositivos tecnoló-
matos jornalísticos não-hegemônicos, priorizan- gicos de comunicação, vive o princípio da so-
do os processos de comunicação como expressão lidariedade que deve ser a base de todo saber.
Entendemos que o princípio solidário deve
reger o trabalho humano, especialmente no
campo educacional e da produção de conhe-
cimento. Essa forma de atuação comunicativa
voltada aos (e com os) imigrantes e refugiados
em Roraima permite acionar outros campos
semânticos, dificilmente pautados pelos meios
tradicionais de comunicação. São formatos que
Postagens do Projeto Somos Migrantes passam a ser sugeridos e dinamizados pelos
Fonte: Reprodução do Instagram @somosmigrantes.rr integrantes do projeto em reuniões semanais e
que conta com as potencialidades dos dispositi-
de cidadania e de intervenção nas realidades dos
vos digitais. “A tecnologia é um vetor impulsio-
segmentos socioculturais mais desassistidas pe-
nador das ações humanas, industriais, institu-
los poderes públicos.
cionais e mercadológicas e, tem, portanto, um
Em setembro de 2021, o projeto Somos Mi-
papel importante nos processos de mudança
grantes foi convidado a compor a equipe organi-
das sociedades” (PERUZZO, p. 45, 2018).
zadora do I Encontro Nacional de Extensão Uni-
Com o fortalecimento da ação de Exten-
versitária com Imigrantes e Refugiados, passando
são, fazendo chegar informações apuradas e
a fazer parte da Rede Reunir e mapeando ações
em linguagem acessível, esperamos que o pro-
semelhantes no Norte do Brasil.
jeto Somos Migrantes seja reconhecido como
O estado de Roraima, constituído por uma in-
um canal de expressão social e cultural para os
migrantes e refugiados e à sociedade de acolhi-
mento, com base no princípio de que a comu-
nicação é um direito fundamental e base para o
exercício da cidadania. Dessa forma, as razões
tricada rede de processos migratórios internos,
que movimentam o Somos Migrantes se ba-
resiste por meio de seus agentes públicos, de
seiam na importância de promover um espaço
modo geral, e de uma grande parcela de sua po-
de discussão e prática comunicacional sobre o
pulação a compreender essa involuntária mo-
processo migratório e seus sujeitos no interstí-
bilidade humana na fronteira Venezuela-Brasil
cio da universidade e da sociedade.
como um desafio a ser equacionado COM e
não CONTRA os migrantes venezuelanos. REFERÊNCIAS
Como dissemos, nos primeiros momen-
BRAIGHI, Antônio; CÂMARA, Marco. O que é Mi-
tos desse processo, foi a sociedade civil or-
diativismo? Uma proposta conceitual. In: BRAIGHI,
ganizada que buscou meios para amenizar as Antônio; LESSA, Cláudio; CÂMARA, Marco (org.).
dificuldades daqueles que chegam em estado Interfaces do Midiativismo: do conceito à prática. Belo
de vulnerabilidades, indocumentados, sem Horizonte: CEFET-MG, 2018. p. 25-42.
recursos financeiros, sem segurança alimen- LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de
tar, habitacional e de saúde. Nesse contexto, a experiência. Universidade Estadual de Barcelona, Espa-
UFRR também historicamente erguida com a nha, 2002.
contribuição de muitos migrantes brasileiros PERUZZO, Cicília. Cidadania comunicacional e tec-
e de outras nacionalidades passou a sistema- nopolítica: feições do midiativismo no âmbito dos mo-
tizar ações de acolhimento. vimentos sociais populares. In: BRAIGHI, Antônio;
Espera-se que o Somos Migrantes se torne LESSA, Cláudio; CÂMARA, Marco (org.). Interfaces
referência e local de protagonismo onde os do midiativismo: do conceito à prática. Belo Horizonte:
CEFET-MG, 2018. p. 43–61.
imigrantes e refugiados venezuelanos possam
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Universidade Federal de Roraima
Como a interação é feita em formato de Ter- A mediação do livro Identidade foi feita pela
túlia Literária, todas as falas dos participantes são coordenadora do projeto, Martha Julia Martins
bem-vindas, contanto que sejam respeitosas e de Souza, enquanto A praça do diamante foi me-
amigáveis, além de condizentes com o tema pro- diado pela coordenadora adjunta da ação Thami
posto e a obra trabalhada durante o encontro. A Amarilis Straiotto Moreira, ambas da UFRR. O
proposta é que os envolvidos façam inferência a olho mais azul teve mediação da docente Adria-
leituras prévias – inclusive as que foram trabalha- na Araújo da Universidade Federal do Amazonas
das no projeto – e consigam correlacionar com (UFAM). Posteriormente, as obras Amora será
suas próprias pesquisas e áreas de interesse. São mediada pela professora Renata Gomes da Uni-
desencorajadas falas prolongadas com relatos versidade Federal da Paraíba (UFPB) e Conversas
pessoais, pois além de tomarem muito tempo do entre amigas pela docente Mariana Bolfarine da
debate, roubam o turno daqueles que também Universidade Federal de Rondonópolis (UFR).
gostariam de contribuir, focando pouco na aná- O projeto conta também com a participação
lise da obra propriamente dita. de uma bolsista, selecionada mediante Edital n°
O debate ideal é aquele em que cada partici- 007/2021-PAE/PRAE/UFRR. A acadêmica é res-
pante pode contribuir de forma sucinta, algo em ponsável por controlar o chat do Google Meet e
torno de 10-15 minutos por vez, que esse consiga auxiliar na divulgação das ações do projeto em
escutar com consideração e respeito a seus co- redes sociais, como o Instagram do projeto (cf.
legas de sala virtual, pois a aprendizagem, nesse Figura 1). O perfil do Instagram mostra algumas
tipo de atividade formativa, surge do comparti- publicações que anunciam as ações do projeto, a
lhamento de visões e conhecimento, a partir da fim de servir como um meio de comunicação en-
leitura crítica do texto proposto, pois, como bem tre potenciais interessados na Extensão.
aponta Dalvi (2013, p. 68, grifo do autor), “litera-
tura não se ensina, se lê, se vive – e que, portanto,
o que possa ser ensinado seja algo ‘sobre’ literatu-
ra e não literatura ‘propriamente dita’”.
Outra questão metodológica importante é a
escolha das obras. Nessa terceira edição do pro-
jeto “Feminismo na Universidade”, as obras es-
colhidas foram pensadas levando em conta: (i) o
tamanho da obra, pois deveriam ter no máximo
350 páginas, uma vez que os leitores deveriam ler
em um prazo curto, pois os encontros são quin-
zenais; (ii) a escrita feminina / feminista, visto
que essa é a proposta inicial do projeto, discutir
obras que suscitem o debate em torno das ques-
tões femininas, de gênero e de sexualidade; (iii)
as obras deveriam contemplar tanto literaturas
estrangeiras (anglofônica, hispanofalante) quan-
to nacional.
Sendo assim, para essa edição, foram escolhi-
das as seguintes obras: Figura 1: Instagram do projeto Feminismo na Universidade
• Identidade, da estadunidense Nella Larsen; Fonte: Acervo pessoal do projeto
• A praça do diamante, da catalã Mercà Ro-
doreda; Todos os textos foram escolhidos de acordo
• O olho mais azul, da estadunidense Toni com a temática do grupo de pesquisa do CNPq
Morrison; e o Grupo de Estudos de Gênero (GREG), apre-
• Amora, da brasileira Natália Polesso; sentando correlação com as temáticas de pesqui-
• Conversa entre amigas, da irlandesa Sally sa das coordenadoras, além de dialogarem com
Rooney. situações reais vivenciadas por mulheres em seu
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
dia a dia, em consonância com questões relacio- literários, em formato de clube do livro, com o
nadas à raça, classe e gênero, em que os principais conhecimento formal acerca do pensamento con-
objetivos são aqueles que Dalvi (2013), ao anali- temporâneo nas questões de raça, classe e gênero
sar o contexto escolar, aponta como essenciais ao de forma interseccional, decolonial, antiliberal,
se trabalhar Literatura em ambientes educacio- anticapitalista e antihegemônica.
nais, quais sejam:
1. garantir a (ou se esforçar pela) apropriação
O presente Relato apresentou as principais
das ferramentas críticas para o fortaleci-
características do projeto de Extensão “Femi-
mento do leitor;
nismo na Universidade”, ação promovida pelo
2. democratizar as salas de aula de literatura;
GREG ligado ao CNPq.
3. reconhecer o poder político-pedagógico
Foram apresentadas as dinâmicas, os livros
da literatura” (Dalvi, 2013, p. 76).
usados, as participantes envolvidas na ação e
os principais objetivos da atividade. Além dis-
ESTUDOS FEMINISTAS E EXTENSÃO
so, foi exposto a relevância desse projeto para
FORMATIVA
o alunado e para as pesquisadoras envolvidas.
Os principais desafios foram apontados,
A ação extensionista apresentou aspectos po- assim como a relevância da atividade para a
sitivos e negativos. Dentre as características po- formação crítica e pedagógica dos/as parti-
sitivas é possível citar a promoção de parcerias cipantes. Este projeto justifica-se não apenas
entre a UFRR e docentes de outras instituições; devido ao seu valor acadêmico, pedagógi-
maior visibilidade dos projetos do GREG, que co e formativo, mas também, por contribuir
devido a pandemia, puderam ser realizados de para interromper discursos de preconceito,
forma remota, atraindo participantes de institui- ódio e intolerância contra mulheres e pesso-
ções de outros estados. Além disso, o projeto é as não-binárias que sofrem as mais variadas
uma oportunidade para o letramento feminista, violências na comunidade em nosso entorno.
de conscientização, formação de docentes e alu- Além disso, olhar para a Literatura como um
nado mais críticos e sensíveis às causas da desi- espelho da sociedade e refletir as condições
gualdade estrutural de gênero e suas violências de desigualdades estruturais e históricas em
materiais, físicas e simbólicas. que mulheres e indivíduos não-binários estão
A iniciativa propiciou a alunos/as e professo- submetidos há gerações, ajudam-nos a fazer
ras um espaço confortável de alívio em tempos sentido de nosso lugar no mundo, como mu-
tão difíceis, em meio ao isolamento social e à lheres, pesquisadoras e professoras em uma
pandemia, para ler e compartilhar leituras. Ade- Instituição Pública Federal brasileira.
mais, muitos participantes relataram que o pro-
jeto fomentou um compromisso de ler um livro
a cada 15 (quinze) dias, promovendo um hábito
REFERÊNCIAS
saudável que culmina nos encontros para com-
DALVI, Maria Amélia; REZENDE, Neide Luiza de; JO-
partilhamento e diálogo em torno da obra. As
VER-FALEIROS, Rita (org). Leitura de literatura na escola.
reuniões eram descontraídas e ofereciam a opor- São Paulo: Editora Parábola, 2013.
tunidade de aumentar o repertório acadêmico e
hooks, bell. Teoria Feminista: da Margem ao Centro. São
literário dos participantes envolvidos/as. Paulo: Perspectiva, 2019.
Ademais, como bem aponta bell hooks , é im- LARSEN, Nella. Identidade. Harper Collins, 2020.
portante aliar o conhecimento da teoria a ações
MORRISON, Toni. O olho mais azul. Companhia das Le-
que aproximem mulheres a realidades de outras tras, 2019.
mulheres, pois para a autora “experiências pesso-
POLESSO, Natalia. Vó, a senhora é lésbica?. In: Amora:
ais são importantes para o movimento feminista, Não Editora, 2015.
mas não podem substituir a teoria” (hooks, 2019,
RODOREDA, Merce. A praça do diamante. Planeta, 2019.
p. 64-65). Dessa forma, o projeto aqui apresen-
tado busca aliar a descontração dos encontros ROONEY, Sally. Conversas entre amigos. Alfaguara, 2017.
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
Neste contexto, criamos o projeto de Extensão sados, por meio da plataforma Conferência Web .
“Rodas de conversa sobre-vivências” – Escola e Com carga horária de 40 horas, distribuídas
Famílias na Pandemia”, no Colégio de Aplicação em reuniões de supervisão com os promotores
(CAp/UFRR) e no Instituto Federal de Roraima e 10 Rodas de Conversa, com 2 horas de dura-
(IFRR), com encontros virtuais que possibilitas- ção cada, o projeto foi coordenado pelo Prof.
sem um espaço de escuta e compartilhamento Dr. Marcelo Naputano, e contou com a presença
de vivências. A proposta nasceu a partir da de- da Prof.ª Dra. Alexandra de Oliveira Rodrigues
manda de uma Organização Não-governamental Marçulo e do Prof. Me. Emílio Luiz Faria Ro-
(ONG), que solicitou o atendimento psicológico drigues – todos na qualidade de mediadores do
para pessoas adoecidas durante a pandemia. encontro – e a participação da discente Vanessa
A Psicologia é uma área multifatorial e mul- de Paiva Campos, colaboradora e formanda em
tifuncional. Na clínica individual, há um senti- Psicologia da UFRR, além da presença de pais e
do epistemológico e prático de ser, mas que não filhos da comunidade vinculada à instituição. A
pode ser compreendido como única possibilida- ação também foi mediada pela psicóloga Me. Ma-
de. Como uma ciência comportamental, trabalha ria Andrelina do Nascimento Oliveira Gonçalves
no âmbito da formação humana, na construção e a Prof.ª Robélia Cristina Saraiva Hahn, além da
de uma subjetividade capaz de atuar na preven- presença de pais e filhos da comunidade vincula-
ção ao sofrimento psíquico. da à instituição.
Ao ofertar a Roda de Conversa, a ação permi- O objetivo geral foi criar um espaço de in-
tiu o compartilhamento de vivências em momen- tervenção psicológica preventiva e criativa, com
to pandêmico, construindo, por meio da media- base socioconstrucionista e sistêmica relacional.
ção entre psicólogos e público-alvo, um processo Do ponto de vista específico, facilitamos as rela-
para manutenção da saúde mental como cons- ções interpessoais, por meio do compartilhamen-
trução coletiva (WITTGENSTEIN, 1967). Após to de vivências, e sensibilizamos o público sobre a
o contato com as instituições de ensino, organiza- importância dos cuidados com a Saúde Mental e
mos um calendário dos encontros virtuais, no qual a promoção do autoconhecimento.
foram disponibilizadas às inscrições, aos interes-
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
CONEXÃO FOTOCRIAÇÃO
NOS ENCONTROS CRIATIVOS
VIRTUAIS E AFETIVOS DA
BRINQUEDOTECA
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
tivessem afinidade e que representassem para eles, caracterizando a importância de encontros entre
a palavra proposta. Qualquer objeto pôde ser ma- gerações distintas, em variadas situações (GON-
nipulado e explorado, para a criação da imagem. ÇALVES, 2018). Se, em virtude da pandemia, vi-
Durante intervalos de aproximadamente cinco venciamos o isolamento social, a afetividade pode
minutos, todos os participantes, crianças e adul- continuar sendo nutrida, por meio de encontros
tos, se organizavam e preparavam sua composição mediados pela tecnologia. Trazer a linguagem fo-
para a foto, registrada através da captura de tela tográfica, como tema do último Encontro CriAti-
no computador. Cada nova composição, fruto de vo da Brinquedoteca CriAção foi uma maneira de
nova palavra, gerava novo registro e, ao final de to- exercitar a percepção, sobre os processos de pro-
das as capturas, foi feita uma montagem através de dução de imagem, reunindo a dimensão afetiva,
colagem, no software Adobe Photoshop, reunindo fomentada pelas palavras geradoras e pelos afetos
as capturas de tela ao longo do processo e palavras com os objetos, que serviram para composição dos
geradoras, com o resultado a seguir: cenários registrados nas fotografias.
Elementos da linguagem fotográfica foram sen-
sibilizados, ao chamar atenção para as imagens das
câmeras do celular e do computador, que funcio-
nam como “espelho”, um reflexo do semblante dos
participantes, do espaço, símbolos e figurações, es-
colhidos durante a proposta de atividade. Salien-
tou-se que as imagens criadas no encontro, por
meio das câmeras do computador, seriam repre-
sentações, ou seja, outras imagens, para demons-
trar as palavras e ideias, de maneira diferente, ao
utilizar a manipulação da câmera fotográfica. A
fotografia do cotidiano é diferente do exercício de
manipular uma foto, com intenções lúdicas e artís-
ticas. A câmera do fotógrafo está vinculada ao seu
meio social, econômico, estético e ao objetivo de
realização da imagem. (SONTAG, 2004)
Este aprofundamento não era o foco da ativida-
de realizada, mas sim a sensibilização das poten-
cialidades do registro fotográfico, possível de ser
experimentada pelo material que temos e que es-
tamos utilizando com bastante frequência durante
a pandemia, que são as câmeras do computador e
celular. Existem vários tipos de câmeras, que po-
dem ter funções e resultados diferentes, uma câ-
Figura 1: Resultado Encontro Conexão Fotocriação mera de celular, por exemplo, tem mais facilidade
Crédito: Laryssa Vilela. Fonte: Acervo Pessoal.
de manuseio e deslocamento, podendo também
ser explorado ângulos e contrastes de luz. O obje-
Todo o processo foi vivenciado coletivamente, tivo da atividade não foi apenas de um registro, das
quer dizer com crianças e adultos criando conjun- cenas individuais criadas por cada participante,
tamente. Conforme indicam os referenciais teó- mas sim, a criação de uma imagem do conjunto.
ricos da proposta, o desenvolvimento intelectual Trabalhamos em uma plataforma com recur-
cognitivo, resulta das experiências sensíveis e lúdi- sos limitados de edição de imagem, no entanto,
cas, vivenciadas desde a mais tenra idade (LANZ, a realização da atividade Conexão Fotocriação
2013). E estas vivências serão tanto mais significa- apresentou soluções criativas, ao explorar as pos-
tivas, quanto mais liberdade tenham as crianças, sibilidades da fotografia a distância e virtual, em
para experimentarem momentos criativos e afe- composição com elementos gráficos, para compor
tuosos (LOWENFELD, 1977). A afetividade por uma imagem integrada. E os resultados sensíveis,
sua vez, se desenvolve em meio a conexões inter- criativos e intelectuais, deste processo, apresenta-
geracionais e com o meio sociocultural e natural, remos a seguir.
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Universidade Federal de Roraima
As crianças foram espontâneas durante o lidade das imagens e agir criativamente com os
processo, ao compartilhar sensações e impres- significados relacionados, aos símbolos escolhi-
sões de seu ambiente pessoal, em um ambiente dos para fotografar. Experimentando um com-
virtual, buscando afinidade com as palavras. plexo exercício simbólico que, mesmo não acla-
Durante a atividade não foram feitas muitas rado pela racionalidade das crianças, germina no
perguntas, pois as crianças participaram com interior de sua imaginação criadora, para brotar
bastante desenvoltura. Demonstraram segu- ao longo de seu desenvolvimento intelectual.
rança e motivação com as proposições, agindo A proposta de Encontros CriAtivos Virtuais
de acordo com seu impulso expressivo. As pro- e Afetivos, oportunizou também o bem-estar
posições se seguiam e a cada tema, as crianças de crianças e adultos, demonstrando o valor da
se entusiasmavam mais com a brincadeira. Al- Arte, mais especificamente, de atividades sensí-
gumas tinham o seu tempo para criar e isso foi veis e criativas, que mesmo por meio digital, pro-
respeitado, para oportunizar maior segurança porcionaram Saúde Emocional e bem-estar, aos
na criação. A brincadeira não era uma com- participantes, ao longo do processo. Conforme
petição, de quem faria a melhor imagem, mas manifestaram os familiares das crianças e os pró-
sim de como os temas impulsionavam, os pro- prios adultos, que vivenciaram dos Encontros.
cessos de sensibilização e criação. Sabemos da importância da Arte para o de-
O exercício da ludicidade com a fotogra- senvolvimento da humanidade, pois toda ação
fia virtual, dialoga com o desenvolvimento humana é resultado de uma ação criadora. A Ci-
da imaginação e bem-estar da criança, funda- ência, a Cultura, a Economia e a Espiritualidade,
mentais para o desenvolvimento da cognição são frutos da criatividade e nosso trabalho de En-
e inteligência. A monitora fotografava, através sino, Pesquisa e Extensão, possibilita a divulga-
de uma captura de tela, e os participantes fica- ção do conhecimento em Arte, contribuindo de
vam livres para escolher os objetos, que melhor maneira ampla, com o desenvolvimento da socie-
encaixavam, sensível e visualmente, na com- dade, especialmente a Roraimense, que tem tido
posição de cada cenário criado. Desse modo acesso às atividades desenvolvidas no Programa
foi possível vivenciar também, a relação entre de Extensão Brinquedoteca CriAção.
uma equipe, onde cada um tem sua participa-
ção, para beneficiar o coletivo. E cada etapa do
processo, clarificava possibilidades criativas
diversas. Como o trabalho é um registro em
conjunto, muitas narrativas foram agregadas, REFERÊNCIAS
e um ambiente de colaboração se formou. Ao GONÇALVES, Larissa Silva. Trajetórias do imaginar: mi-
grações de afetos, memórias e sentidos. 2018. 188 f. Tese
mesmo tempo em que o participante cria, co- (Doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia) - Uni-
labora para quem assiste a se inspirar e seguir versidade Federal do Amazonas, Manaus, 2018.
no desenvolvimento do processo.
Acreditamos que atividades como esta pos- LANZ, Rudolf. A pedagogia Waldorf: caminho para um en-
sibilitam as crianças o transbordar de narrati- sino mais humano. 11. ed. São Paulo: Antroposófica, 2013.
vas, com qualidade sensível e interativa, mo- LOWENFELD, Viktor; BRITTAIN, W. Lambert. Desen-
vimentando-se com liberdade e interesse, pelo volvimento da capacidade criadora. São Paulo: Mestre Jou,
território dos símbolos. Por exemplo, uma 1977.
criança participante quis associar o exercício
de criar imagem, com uma fotografia físi- SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia
das Letras, 2004.
ca emoldurada. Em meio às proposições, ela
trouxe uma foto para sua composição, a ser re- VILELA. Laryssa. Conexão fotocriação - Projeto Lúdico.
gistrada em captura de tela. Desse modo, criou Youtube, 6 de out. 2021. Disponível em: <https://www.you-
um hipertexto, ao trazer o registro de uma tube.com/watch?v=WVF8sh0veaw >. Acesso em: 6 de out.
imagem física, dentro de outra digital. 2021.
Compondo sensível e ludicamente foi pos-
sível exercitar a transformação da funciona-
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
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Universidade Federal de Roraima
Assim, não há uma ruptura com a linguagem problemas reais, assumindo responsabilidades
televisiva, mas um caminho híbrido, entre os dois crescentes, compatíveis com seu grau de autono-
formatos. É ainda um território amplo de possi- mia profissional (PPC, 2015. P. 8).
bilidades, propício a experimentações e busca Como se percebe, esta atividade possibilita a
de novas narrativas elaboradas especificamente convergência de várias áreas do Jornalismo e suas
para cada tela nos dispositivos móveis. “Este é o disciplinas correspondentes: prática na criação e
momento de investigarmos e pensarmos sobre elaboração de pauta; redação jornalística, ciber-
quais as transformações sofridas pelo jornalismo jornalismo, edição de vídeos e telejornalismo,
audiovisual, a fim de se produzir conteúdo dife- possibilitando ao curso um laboratório prático
renciado frente aos novos desafios” (TEIXEIRA, com inserções diárias de conteúdo publicadas
2019, p. 16). na TV Universitária e nas Redes Sociais do pro-
Desta maneira, o Foca na TV cumpre a fun- grama e do Curso de Comunicação Social, ga-
ção didática ao ensinar os conceitos do fazer de rantindo visibilidade à produção das disciplinas,
um telejornal na televisão, apontando a história interação entre discentes/jornalistas atuando no
da televisão no Brasil, conceitos e práticas, carac- mercado e sociedade em geral.
terísticas do veículo e demais conceituações so- As mudanças trazidas pela Tecnologia Digital
bre a formação do repórter de televisão. Aliado têm transformado o mundo das comunicações. A
a esse aspecto, propõe-se refletir os impactos da possibilidade de transmitir conteúdo para múlti-
tecnologia digital no mundo contemporâneo, nos plas telas traz vários desafios e mudanças de lin-
costumes individuais e na profissão do repórter guagem. A convergência das mídias (JENKYNS,
e comunicador. O projeto leva essa reflexão para 2009) chega ao Jornalismo e ganha fôlego com o
além ao propor a realização de um produto jor- impulso dos smartphones, cujo consumo cresce
nalístico, com todo o processo consolidado, des- a cada ano. Começa aí uma transformação nos
de a elaboração, produção, edição final e publica- conteúdos audiovisuais, que agora tem produção
ção em emissora de televisão e nas redes sociais. feita para múltiplas telas, com vídeos produzidos
Enquanto projeto de Extensão, o Foca na TV nos formatos adaptáveis aos dispositivos móveis.
se alinha ao Plano de Desenvolvimento Institu- O Telejornalismo é uma narrativa que faz a
cional UFRR (2016-2020) e ao Plano Nacional de mediação e interpretação com a realidade social.
Extensão Universitária, no que diz respeito ao pa- Tomando por pressuposto a afirmação de que o
pel da Universidade de unir Ensino, Pesquisa e Ex- noticiário de televisão é um local de referência,
tensão, ampliando sua ação para além dos muros onde todos se veem, homens, mulheres, consu-
institucionais, ao levar informação para a comu- midores, atores de uma sociedade diversa, plural
nidade e sociedade em geral. Fornece também o e complexa. Sob o aspecto do conhecimento te-
desenvolvimento de novos formatos e fazeres. Sua órico, se encaixa no conceito de práxis, com sua
realização está em consonância com as evoluções visão e mediação da realidade. É uma forma de
tecnológicas e de linguagem ocorridas no merca- conhecimento que tem por função interpretar a
do e segue a premissa de formar profissionais qua- realidade social. Apresenta como resultado um
lificados não só para desempenhar as funções de trabalho feito por profissionais que apresenta a
Jornalista, mas para analisar e pensar a sociedade realidade dentro de normas e regras jornalísticas,
e o mercado de forma crítica, como consta no Pro- mediando o contexto (VIZEU, 2009).
jeto Político Pedagógico (CCOS, 2015). A narrativa horizontal, e a produção de no-
O projeto surge com o propósito de dar visi- tícias nesse formato, tem se tornado cada vez
bilidade às produções dos alunos da disciplina de mais comum, de acordo com Relatório do Digital
Telejornalismo do curso de Comunicação Social/ News Project (2018). Essa mudança já vem sendo
Jornalismo da UFRR. Esta ação envolve várias assimilada pelas emissoras de TV desde antes da
áreas do jornalismo (PPC 2015) e possibilita a pandemia pela COVID-19 e cresce cada vez mais
interação permanente dos acadêmicos com fon- (TEIXEIRA, 2019).
tes, profissionais e sua relação com os diversos A História é pródiga em apontar mudanças
públicos do Jornalismo desde o início de sua for- e transformações ao longo dos séculos. Um dos
mação. Esse aspecto estimula o aluno a lidar com profissionais mais exigidos na era digital é o jor-
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
nalista. A Rede digital torna o mundo cada vez a parte prática, tanto em sala de aula para debater
menor e noticiar ganha novas e desafiadoras nu- e desenvolver as pautas e sua produção, quanto
ances. Uma delas é a mudança do receptor, que durante a gravação e edição das reportagens e es-
hoje está multifacetado em várias plataformas e caladas com o apresentador. A edição final é feita
sites, com variados hábitos e costumes, em todos pela TV Universitária.
os lugares. A proposta é atender aos princípios da Exten-
O cidadão deixa de ser um ente passivo, são, ao promover a prática e atualizações técnicas
e passa a produzir – e compartilhar – o que o necessárias aos futuros profissionais, bem como
rodeia, participando direta e efetivamente da informar a comunidade externa.
construção da notícia. Tal aspecto impõe, cada O Foca na TV é veiculado na grade de pro-
vez mais, a necessidade de uma imprensa ética e gramação da TV Universitária da instituição, na
pluralista, que seja livre, honesta e ética, tornan- página institucional do Curso de Comunicação
do-se um valor para a construção da democra- Social-Jornalismo e no YouTube do Curso.
cia e da cidadania. O projeto foi dividido em três etapas: Etapa 1
A credibilidade é o maior ativo de uma empre- – referencial teórico e Capacitação dos alunos em
sa jornalística e o profissional trabalha com essa relação a: Conceitos de Telejornalismo, história e
premissa, enfrentando ainda um leitor que atua formatos, elaboração e produção de pautas e b)
também como produtor e, além disso, um fiscali- o uso do smartphone para produção (enquadra-
zador natural desta atividade. mento, áudio); Etapa 2 – Produção das matérias
Alguns questionamentos têm sido enfrentados com entrevistas, gravação, edição do material pro-
pelo fazer jornalístico e referem-se à convergên- duzido por grupo; Etapa 3 – Gravação da escalada
cia midiática, seus efeitos na linguagem e estética pelo(s) apresentador(es) do Foca e edição final.
do Jornalismo Audiovisual, rotinas profissionais A turma é dividida em grupos de três a cin-
e o perfil do jornalista, além das mudanças com a co alunos que, com a supervisão do professor e
audiência e as mudanças nos processos de produ- apoio dos monitores, elaboram todos os proces-
ção jornalísticas (MARTINS, 2012) sos de produção da notícia, desde a discussão da
Trata-se, portanto, de um novo cenário no pauta e sua angulação até os critérios de noticia-
qual se concede um inédito poder de expressão bilidade, bem como a produção – que envolve a
à sociedade, com canais de comunicação abertos locação das imagens e agendamento com entre-
e atentos aos cidadãos/consumidores de notícias. vistados, edição da notícia nos laboratórios do
Esta condição exige maior especialização por curso , com uma versão de aplicativos de edição
de vídeo, como o Adobe Premiere.
parte dos jornalistas e, ao mesmo tempo, maior
As aulas são remotas e as gravações das re-
capacidade para dialogar com temas universais
portagens/passagens são divididas em grupos de
e transdisciplinares ou transversais ao campo da
forma a não haver aglomerações ou mais de três
Comunicação. Tais jornalistas são chamados não
alunos na pauta.
apenas à presteza técnica e a ações éticas bem de-
A gravação da escalada é feita nos estúdios
finidas, mas à reflexão e à reorganização da ati-
da TV Universitária, cuja estrutura de estúdio,
vidade como um todo – dos fundamentos mais
ilha de edição e profissionais, como cinegrafista
primitivos, aos novos paradigmas da era da In-
e editor final, são essenciais para a realização do
formação. (PPC, p. 9, 2015)
programa. A veiculação é semanal e a duração de
Neste sentido, o jornalismo móvel consiste
cada programa é de 20 minutos, em média.
em uma dessas mudanças, ao utilizar tablets e
Nossa experiência continuou durante o perío-
smartphones para a produção, compartilhamen- do de Ensino Remoto Emergencial (ERE). Aten-
to e consumo de notícias, o que transformou o tos às normas sanitárias de afastamento social,
Telejornalismo, que tem um público muito mais estão presentes, no estúdio, apenas o apresenta-
ativo e exigente. dor, o cinegrafista e o professor ou monitor da
Durante a disciplina de Telejornalismo, ocorre disciplina. Com esta parceria, inserimos o pro-
a produção do Foca na TV que é amparado forte- grama na grade de programação da emissora, re-
mente nos smartphones de cada aluno. A meto- forçando seu caráter extensionista ao ampliar o
dologia utilizada envolve pesquisa bibliográfica e alcance de público, na capital e interior.
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Universidade Federal de Roraima
A procura pela disciplina de Introdução à Li- Logo, neste Relato de Experiência, temos o ob-
bras quase sempre se justifica pelo mesmo propó- jetivo de apresentar, às comunidades acadêmica e
sito: oportunizar a comunicação com o paciente civil, como tem sido desenvolvido o trabalho do
surdo. Todavia, é importante destacar que, infe- Programa “Mais Libras: a saúde em nossas mãos”,
lizmente, uma disciplina de 60 horas não é su- detalhando as ações realizadas em suas duas fases
ficiente para oferecer proficiência comunicativa, iniciais e expondo as conquistas adquiridas até o
nem é capaz de suprir todas as necessidades de presente momento.
entendimento sobre a cultura e identidade ex- Segundo Aragão et al. (2014), há uma expres-
pressas pela comunidade surda. Nesse sentido, siva demanda de surdos brasileiros que buscam
em 2019, decidimos oficializar uma ação de Ex- atendimento na Saúde e que não conseguem ter
tensão voltada para esse público – surgia, assim, seus problemas resolvidos em virtude do des-
o até então Projeto de Extensão “Mais Libras: a conhecimento da Língua Brasileira de Sinais,
saúde em nossas mãos”. a Libras, por parte dos profissionais dessa área.
A proposta inicial era atender somente alu- Outra situação que dificulta o acesso efetivo de
nos dos cursos de Medicina e Enfermagem da pessoas surdas aos serviços de Saúde diz respeito
UFRR. Todavia, em razão da pandemia, optamos à interação profissional da saúde-paciente, pa-
por abrir inscrições para outros cursos da área da ciente-profissional da saúde, uma vez que, sem
Saúde e de outras instituições, assim como para conhecimento da língua de sinais, a comunicação
profissionais já graduados. Assim que divulga- é comprometida.
mos as novas diretrizes de inscrição, tínhamos, A partir do início das ações do Mais Libras, al-
em poucos dias, o equivalente a mais de 600 ins- guns alunos do curso de Letras Libras Bacharelado
critos; desses, após uma criteriosa seleção, elege- desenvolveram – e ainda desenvolvem – suas pes-
mos 200 pessoas, que estavam aptas a participar quisas de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC)
do projeto. voltadas para contextos clínico-hospitalares.
No decorrer do primeiro semestre das ativida- Dessas pesquisas, algumas já nos trouxeram
des do projeto, todavia, percebemos que a dificul- dados importantíssimos, e que nos possibilitam
dade com as tecnologias fez muitas pessoas de- uma atuação mais efetiva e significativa na socie-
sistirem do curso. As aulas aconteciam de forma dade roraimense em prol da comunidade surda.
síncrona, o que também se tornou uma barreira, Por exemplo, conforme Silva (2021), nas UBSs
visto que os horários disponíveis por aqueles que (Unidades Básicas de Saúde) da capital Boa Vista,
já atuavam na área da Saúde, principalmente em não há contratação de Tradutores e Intérpretes
hospitais, eram alternados durante a semana. Por de Libras; identificou-se, porém, que, em quatro
essa razão, decidimos, para a segunda fase, gravar unidades, há alguns servidores que conseguem se
as aulas com antecedência e disponibilizá-las se- comunicar com os pacientes surdos. Destacamos
manalmente aos participantes. As aulas da segun- que esses servidores não têm formação na área,
da fase foram divididas em cinco módulos; cada de modo que o conhecimento da língua provém
um deles com quatro videoaulas, ministradas por do contato com familiares surdos ou de estudos
cinco professores: três ouvintes e três surdos. independentes. Silva (2021) identificou, ainda,
Recentemente, após aprovação em colegiado, a dificuldade no atendimento de imigrantes sur-
o Projeto tornou-se um “Programa de Extensão”, dos, oriundos da Venezuela. Em virtude disso,
em decorrência das inúmeras ações realizadas ampliamos as ações do nosso Programa, ofere-
para além do ensino de Libras, como, por exem- cendo curso de Português escrito como língua de
plo, a criação de grupos estudos e a organização acolhimento às pessoas surdas que migraram do
de palestras. Destacamos que essas ações têm país vizinho para Roraima.
sido facilitadas pela oportunidade de o Programa Na primeira fase do Mais Libras, enfrentamos
poder contar com professores colaboradores tan- dificuldades para encontrar uma plataforma que
to de Roraima quanto de outras instituições bra- atendesse a todas as nossas necessidades e, ainda,
sileiras, alunos bolsistas remunerados e voluntá- facilitasse o acesso dos alunos inscritos no Pro-
rios do curso de Letras Libras Bacharelado e do grama, tendo em vista que utilizamos uma língua
Programa de Pós-graduação em Letras da UFRR. visual. Além disso, a falta de materiais adequa-
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Cadernos de Extensão | Edição 2021
dos para a gravação, de suporte para edição, entre importantes para que a comunidade surda tenha
tantas outras dificuldades que nos traziam um acesso a diferentes informações sobre a pande-
sentimento de desânimo, poderia ter nos levado mia de COVID-19, entre outras questões que en-
a desistir, mas mesmo com o psicológico abalado, volvem a saúde do ser humano. Assim, todos os
devido à perda de amigos, fomos mais fortes. meses, as três alunas monitoras – duas remune-
Vale mencionar que, para nós, esses desafios radas e uma voluntária – desenvolvem a tradução
não foram negativos, mas, sim, circunstâncias de vídeos informativos, conforme apresentamos
que precisávamos vencer para que a aprendiza- na Figura 3 e que podem ser acompanhados pelas
gem acontecesse. Nesse momento, tornamo-nos redes sociais do programa: @maislibras.ufrr, no
também alunos, pois não estávamos preparados Instagram, e MaisLibras.ufrr, no Facebook.
para essa situação tão repentinamente. Isso nos Cabe mencionar, ainda, que há muitas bar-
trouxe, também, novas reflexões: reavaliamos reiras que essas alunas enfrentam diariamente
nossas práticas, vencemos e alcançamos um pú- para continuar participando do programa Mais
blico que jamais imaginávamos. Libras, mas elas estão superando as adversida-
Apresentamos, em forma de mosaico, um re- des, visto que atuar na tradução de uma língua
corte das primeiras atividades de interação que apenas com orientações a distância não é fácil,
nos fizeram ter a dimensão do alcance do Mais e ainda dão apoio aos inscritos no Programa.
Libras e que nos impulsionou a não desistirmos
do Programa em meio ao caos e ao sofrimento
que a pandemia de COVID-19 trouxe a todos
nós.
Alunos de outros estados continuam partici-
pando do Programa, o que nos alegra muito, pois,
além de levar o nome do estado para o restan-
te do Brasil, apresenta o comprometimento da
UFRR com seu papel social.
Atualmente, seguimos com palestras minis-
tradas especificamente por professores surdos
que atuam na área da Saúde.
Em nosso Programa, as aulas de Libras têm
como público principal os acadêmicos dos cursos
de Medicina, Enfermagem e Psicologia da UFRR
e profissionais da área da Saúde. Porém, como
dissemos, também é permitida a participação de
inscritos de outros estados e universidades, pois
entendemos que esse contato possibilita conhe-
cer realidades diferentes e, assim, compartilhar-
mos conhecimento.
As aulas de Português escrito como língua de
acolhimento acontecem uma vez por semana, de
maneira assíncrona, com a colaboração da Pro-
fessora Ana Paula Arja, que é também aluna do
programa de Pós-graduação em Letras da UFRR
e também colabora com o ensino de Libras com
os demais professores. Nessa ação, o Mais Libras
atende aproximadamente cinquenta surdos imi-
grantes, que acessam as aulas, também, de forma
assíncrona. Assim, os conteúdos das aulas são re-
visitados sempre que o aluno necessita.
Lembramos, ainda, as ações realizadas pelas Participação das monitoras em vídeos informativos sobre
a COVID-19
bolsistas do Mais Libras, sob orientação dos coor- Fonte: arquivo pessoal.
denadores do programa, que são extremamente
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Brasília, DF: Presidência da Republica. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em: 11 de out. 2021.
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durante este período como estratégia de Saúde dade, um ideal, etc” (p. 249). De acordo com o
Mental. Tais orientações são benéficas e funcio- autor, no processo de luto, há a inibição do Ego
nam como uma forma de amenizar o sofrimento. em razão da grande energia gasta na elaboração
Entretanto, podem mascarar o reconhecimento da perda do objeto amado. Concluído o “trabalho
de sentimentos não autorizados, como medo da do luto”, termo cunhado por Freud, o Ego ficará
doença e da morte, uma vez que senti-los pode livre e a libido será deslocada para outro objeto.
representar fraqueza ou incapacidade. Este processo será vivido pela maioria das pes-
Nas primeiras semanas de distanciamento, soas e, quando bem-sucedido, trará maturidade.
houve uma sensação de normalidade e de que se- Embora seja importante destacar que, mesmo
ria um período momentâneo. No entanto, diante o luto considerado normal, é doloroso e exige es-
da indefinição e da falta de referências seguras, foi forço de adaptação do Ego (Freud, 1917 [1915]),
natural o aparecimento de sentimentos de ansie- há certas disposições patológicas que definem,
dade e angústia. Diante disso, os profissionais de como consequência de uma perda significativa,
Saúde e Saúde Mental, dentre estes, os psicólogos, o adoecimento de algumas pessoas. Isto é o que
organizaram-se em grupos com o intuito de ofere- diferencia o luto da Melancolia. Na Melancolia, a
cer intervenções nas mais diversas áreas do saber principal ação consiste na conservação, uma es-
e do sofrer humano, tais como: violência, violên- pécie de identificação com o objeto perdido, in-
cia doméstica, medo da morte, luto, entre outros. ternalização para ser mantida a qualquer custo.
Isto posto, frisamos que na, Universidade Fe- O Luto como fenômeno é difícil de ser explica-
deral de Roraima (UFRR), diversas ações foram do, por isso consideramos importante a implan-
implementadas neste período, dentre estas o tação deste projeto de intervenção. O “Azeviche”
projeto “Azeviche: rede de apoio para enlutados”, foi uma iniciativa implantada em 11 de maio de
cuja proposta inicial versava sobre a criação de 2020, a fim de oferecer apoio a pessoas enlutadas
uma rede de apoio, mas teve que ser adaptado às através de encontros para a partilha das vivências
condições do momento. A alteração na proposta da dor pela perda com a morte por COVID-19,
deu-se pela necessidade de oferecer um serviço mas não apenas por esta causa mortis.
de atenção à saúde num modelo mais aprazível. As redes de apoio para pessoas enlutadas são
Conceberam e executaram este Projeto de Ex- grupos formados por profissionais de Psicologia
tensão: uma professora/coordenadora da ação, e pessoas da comunidade que vivem ou viveram
quatro alunos/estagiários e três psicólogas egres- perdas significativas. Estes grupos oferecem mo-
sas do curso de Psicologia da UFRR. Para este mentos de acolhida e partilha da dor daqueles que
grupo, a iniciativa possibilitou vivenciar várias passam por situações semelhantes, neste caso, a
formas de superação, reinvenção, solidariedade e morte. Estas ocasiões são significativas para os
autocuidado, o que ofereceu uma oportunidade participantes, pois há a dinâmica de receber e dar
singular nas vidas dos participantes. suporte, uma vez que a cada partilha os sujeitos
A vivência do Luto varia entre as pessoas, sen- espelham-se e servem de modelo uns aos outros.
do considerada singular e irrepetível. Caracte- Estimulando os participantes a percepção dos
riza-se como uma prova dolorosa e intensa que meios de superação através do sentido de perten-
qualquer pessoa pode vivenciar após a perda ou cimento a um grupo, que partilhasse dos mesmos
a morte de um ente querido e não tem como ser sentimentos, os trabalhos iniciaram-se pela realiza-
evitado, embora possa ser adiado. Por conseguin- ção de reuniões semanais sobre a temática do Luto,
te, a prática dos profissionais que atuam junto a divulgação da ação e inscrição dos interessados.
pessoas enlutadas mostra a necessidade de “ofere- Paralelo a estas etapas, a coordenadora do
cer cuidados como medida de prevenção em saú- projeto participou de reuniões de integração e
de mental” (LISBÔA & CREPALDI, 2003, p. 98). treinamento na Rede API (Apoio a Perdas (Ir)
Durante a I Guerra Mundial, Freud publicou reparáveis), pois, ao entrar em contato com a sua
o importante texto intitulado Luto e Melancolia presidente, foi informada sobre a obrigatoriedade
(1917 [1915]), no qual descreve o luto como a de participação em reuniões de treinamento para
“reação à perda de uma pessoa amada ou de uma submeter uma proposta de implantação de uma
abstração que ocupa seu lugar, como pátria, liber- Seção da Rede API na cidade de Boa Vista. Esta
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foi a ideia inicial e, nos meses de abril, maio e ju- Diversos estudos e intervenções realizadas
nho de 2020, a coordenadora do projeto partici- no Brasil e no mundo demonstram que as es-
pou de reuniões on-line nos grupos da Rede API tratégias emergenciais em Saúde Mental ofe-
dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. recidas durante a pandemia da COVID-19,
Simultaneamente, iniciou-se as ações de di- sobretudo no início, favoreceram a redução
vulgação e agendamento das primeiras reuniões do estresse, tensão e angústia.
locais. O plano consistia em oferecer dois encon- Esta experiência foi especialmente desafia-
tros semanais à noite. Após as inscrições, consta- dora face à dificuldade em implementar um
tou-se o predomínio de enlutadas recentes e das serviço de suporte terapêutico para enlutados
profissionais de saúde em atuação na Ala COVID. no município de Boa Vista (Roraima). Diante
As tentativas de realização das reuniões ocor- do imperativo de redimensionar os objetivos
reram durante o mês de julho de 2020. Embo- iniciais do projeto, infere-se a necessidade de
ra as inscritas confirmassem suas intenções em entender os limites no trabalho com o Luto,
participar, estas, não permaneciam na sala. Este pois nem todas as pessoas enlutadas reúnem
comportamento, que pode sugerir uma resistên- condições emocionais para compartilhar seus
cia, pode impedir o sujeito de participar de ati- sentimentos coletivamente, sendo importante
vidades que acessem seus sentimentos. Diante oferecer intervenções individuais. Desse modo,
deste dado, que sinalizava a dificuldade em com- embora a rede de apoio promova a oportunida-
partilhar a dor do Luto, optou-se por respeitar a de de ressignificar as perdas para dar lugar a no-
impossibilidade de participar destas pessoas e re- vas experiências, esta não é um modelo único,
direcionar o projeto. nem consiste em resultado garantido.
Constando a necessidade de redimensionar É possível indicar que, mesmo após o térmi-
a ação para realização de lives públicas, a coor- no da pandemia, a reflexão e revisão da atenção
denadora do projeto convidou profissionais da psicossocial deverá ser permanente, uma vez
Psicologia no Brasil e em Portugal, cujas adesões que não se sabe quais sequelas de longo prazo
em sua diversidade foi um elemento positivo des- se revelarão. Neste sentido, a equipe de trabalho
ta atividade. Participaram das lives psicólogas do deste projeto de Extensão enseja refletir sobre
Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul uma futura atividade que agregue valor a temá-
e uma psicóloga de Braga (Portugal). Para cada tica do enlutamento.
live foi solicitado um tema de interesse do parti-
cipante e de relevância para o estudo da Tanato-
logia e da vivência da pandemia por COVID-19.
As lives foram realizadas às quintas-feiras, a
cada três semanas; nos meses de setembro a de-
zembro de 2020, no horário noturno, com cerca REFERÊNCIAS
de duas horas de exposição e debate. Dessas lives, AQUINO, E. M. L. et al. Medidas de distanciamento social
quatro ocorreram no horário noturno e uma no no controle da pandemia de COVID-19: potenciais impac-
horário vespertino, devido ao fuso horário Bra- tos e desafios no Brasil. Revista Ciência & Saúde Coletiva. v
sil-Portugal. Inscreveram-se, nas cinco lives, 215 25 (suppl 1). Jun 2020. Disponível em: <https://www.scie-
pessoas, em sua maioria estudantes e profissionais lo.br/j/csc/a/4BHTCFF4bDqq4qT7WtPhvYr/?lang=pt>.
Acesso em: 22 jul. 2021.
da Psicologia. Destaca-se que a temática do luto
sensibiliza, mas também provoca estranhamento FREUD, S. (1917 [1915]). Luto e Melancolia. In: FREUD, S.
e resistência, posto que o Luto é uma experiência Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas comple-
limite que deve ser incorporada ao existir, para tas de Sigmund Freud. v. XIV. Tradução de Jayme Salomão.
ressignificar esse sentimento. Rio de Janeiro: Imago, 1996, p. 245-263.
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O TRABALHO INTERDISCIPLINAR
COM HISTÓRIA E BIOLOGIA NA
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO
DO CAMPO: UMA EXPERIÊNCIA
VIVENCIADA EM RORAIMA
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vam pesquisas sobre as diversas relações entre a logo ocorreu, precisamente, com o conteúdo do
natureza e cultura em uma interface com a edu- Absolutismo. Foi levada em consideração a vida
cação, considerando os seus diferentes aspectos. do Rei Luís XIV, a partir do eixo temático “Saúde
Em um contexto de Ensino Superior, em que se e Meio Ambiente”. Portanto, a leitura da biblio-
postula a necessidade de formar educadores que grafia específica permitiu as bolsistas voluntárias e
possam ir além do modelo de ensino que frag- aos alunos cursistas um embasamento teórico só-
menta o conhecimento, alguns aspectos no curso lido para que tivessem contato com os temais mais
de Licenciatura em Educação do Campo se mos- trabalhados na área de História Geral.
tram como alternativas para exercer com mais O projeto estabeleceu novas práticas e expe-
eficiência a interdisciplinaridade. Em outras pala- riências pedagógicas, fortalecendo a articulação
vras, verificamos nas aulas da disciplina História entre teoria e prática. Dentre as atividades pro-
Geral I que o diálogo estabelecido com a Biologia, postas nos minicursos pelas bolsistas voluntárias,
através do auxílio da ação de Extensão, possibili- foram trabalhados em sala de aula a pesquisa
tou que os alunos desenvolvessem reflexões e aná- com base em textos e vídeos que explicavam as
lises históricas e biológicas dos conteúdos progra- místicas da Educação do Campo. Geralmente, as
máticos da disciplina mencionada, alcançando, bolsistas voluntárias auxiliavam a professora nos
desse modo, um dos princípios da Educação do trinta minutos finais das aulas da disciplina His-
Campo, que é a interdisciplinaridade. tória Geral I, expondo algumas questões sobre o
Diante do exposto, este relato de experiência, tema da aula (Figura 1; Fonte:Santos, 2019).
que dará ênfase ao eixo temático Saúde e Meio A escolha da abordagem era livre no contexto
Ambiente, parte do princípio de que os futuros dos temas “Saúde e Meio Ambiente”. Durante as
educadores/educadoras da Educação Básica, for- aulas ministradas pelas bolsistas sob orientação
mados pelo curso de Licenciatura em Educação da professora da disciplina, os alunos contribu-
do Campo da Universidade Federal de Roraima íam com as atividades sugeridas ao alinhar os
(UFRR), precisam receber uma formação que conteúdos de História Geral, explicados pela pro-
estabeleça relações entre as disciplinas das duas fessora, com os da Educação do Campo, focados
áreas do curso, as Ciências Humanas e Sociais na aproximação com a Biologia (Figura 2; Fonte:
e as Ciências da Natureza e Matemática. Além Santos, 2019).
disso, precisam relacionar o que se ensina com o Durante uma aula do tempo universidade, as
que se aprende, tendo em vista que as mudanças bolsistas voluntárias realizaram o planejamen-
curriculares no sistema educacional brasileiro, to de aula, no qual fizeram um cartaz com uma
tanto por meio de diretrizes curriculares, quan- mensagem de Paulo Freire, para ser fixado em
to por meio de reformulações, como é o caso da sala; selecionaram e confeccionaram o material
Base Nacional Curricular Comum (BNCC), tem para mística; construíram os slides; e seleciona-
exigido dos profissionais de Educação do Campo ram o vídeo “O homem e os micróbios”, sugerido
reflexões sobre a construção de identidades na pela professora de Biologia. Após essa atividade,
Educação do Campo a partir de uma proposta o material produzido foi apresentado para as pro-
dialógica de educação. fessoras de História e Biologia para avaliação.
Ao realizar o minicurso, as bolsistas volun-
A ABORDAGEM DO PROJETO tárias expressaram as suas vivências como es-
tudantes do curso de Educação no Campo. Por
Nesta proposta, as aulas da disciplina História conseguinte, elas iniciaram uma interação com
Geral I, ministradas no semestre 2019.1, foram os alunos para ouvi-los e compreender o con-
trabalhadas com a participação de integrantes texto em que vivem. No transcorrer da aula, as
do projeto de Extensão, que desenvolveram mi- acadêmicas explanaram o conteúdo planejado
nicursos com a finalidade de aproximar os temas por meio de slides e também exibiram o filme “O
“Saúde e Meio Ambiente” com as disciplinas de homem e os micróbios”, que apresentou a trajetó-
“História e Biologia”. A disciplina História Geral I ria de um médico dedicado ao combate de uma
ofereceu aos alunos um debate em torno da Idade febre que acarretou milhares de mortes. A época
Moderna e da Idade Contemporânea. Esse diá- em que se aborda o longa-metragem não havia
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prae.ufrr.br
@ufrroficial @ufrroficial
@ufrroficial @ufrroficial
PRÓ-REITORIA DE
ASSUN TO S ESTUDAN TIS
E EXTEN SÃO