TCC Manjele 2021 Final
TCC Manjele 2021 Final
TCC Manjele 2021 Final
FACULDADEFDEFCIÊNCIASFAGRONÓMICAS
Cuamba,zNovembrozde 2021
AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E
NUTRICIONAL NO DISTRITO DE CUAMBA
O presenteztrabalho de Monografia
é submetidoza
UniversidadezCatólica
dezMoçambique,zFaculdadezde
CiênciaszAgronómicaszdezCuamba
comozrequisitozparcialzparaza
obtençãozdozgrauzdezlicenciatura
em Ciências Agrarias.
Cuamba,zNovembrozdez2021
________________________________
Francisca Cecílio Nequessane Manjele
I
Dedicatória
II
Agradecimentos
Agradeço primeiro azDeus por me manter focada no curso durante este percurso com
saúde e forças para chegar até o final.
Sou grato à minha família em especial Tia Isabel Carlos Dimas, Lucrécia Farahane,
pelo apoio que sempre deram durante toda a minha vida.
III
Lista de abreviaturas e siglas
IV
Lista de tabelas
V
Lista de Gráficos
VI
Lista de Apêndice
VII
Resumo
VIII
Abstract
This study aimed to assess the food and nutrition security (SAN) of families in the
district of Cuamba. A semi-structured survey was carried out with 108 families to
obtain data on their socioeconomic conditions (gender, schooling, age, employment
status, professional activity, number and age of children, marital status, number and
age of children). To assess the level of food security We used the Food Insecurity
Scale (EIA) with 15 questions that reflect food insecurity at different levels of
intensity. Fisher's exact test was applied at a 5% significance level to assess the
association between food security and socioeconomic variables. The vast majority of
families are women and young people, without school, unemployed living in
agriculture and fishing, with up to ten children under 18 years of age and living with a
partner. It was observed that 100% of the interviewees suffered from food insecurity,
with 50.9% having a moderate degree, 45.4% severe and 3.7% severe. Food
insecurity data are only associated with the presence of children under 18 in families.
Thus, the interviewed families still live in conditions of social vulnerability and food
and nutritional security is not yet guaranteed.
KEYWORDS: Food safety. Families. Island of Mozambique
IX
Índice
Declaração de honra....................................................................................................I
Dedicatória.................................................................................................................II
Agradecimentos........................................................................................................III
Lista de abreviaturas e siglas...................................................................................IV
Lista de tabelas..........................................................................................................V
Lista de Gráficos......................................................................................................VI
Lista de Apêndice...................................................................................................VII
Resumo..................................................................................................................VIII
Abstract....................................................................................................................IX
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO ................................................................................1
1.1 Problema .............................................................................................................2
1.2 Justificativa..........................................................................................................2
1.3 Objectivos............................................................................................................3
1.4 Hipóteses..............................................................................................................3
CAPÍTULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................4
2.1 Segurança Alimentar e Nutricional no mundo.....................................................4
2.2 Segurança Alimentar e Nutricional em África e Moçambique ...........................5
2.3 Métodos de avaliação de insegurança alimentar e nutricional.............................9
CAPÍTULO III. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................13
3.1. Características Geográficas Do Distrito............................................................13
3.2. Características Agro-ecológicas........................................................................13
3.2.1. Clima..............................................................................................................13
3.3. Metodologia......................................................................................................14
3.3.1 Análise de dados .............................................................................................15
CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................17
4.1 Perfil social dos inquiridos e seus agregados familiares....................................17
4.1.1 Sexo e Idade ...................................................................................................17
4.1.2 Posição Familiar e Membros do Agregado Familiar ....................................18
4.1.3 Número de filhos e estado civil ......................................................................19
4.1.4 Escolaridade, situação de emprego e famílias com menores de 18 anos .......19
4.1.5 principais alimentos e suas fontes .................................................................20
4.2 Medida de Insegurança Alimentar das famílias ................................................23
CAPÍTULO V CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES........................................28
5.1 Conclusão .........................................................................................................28
5.2 Recomendações.................................................................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................30
CAPÍTULOzI.zINTRODUÇÃO
Relatos indicam que a grande maioria das crises prolongadas de fome e desnutrição
acontecem em África, onde estas triplicaram nas últimas duas décadas, devido a vários
factores nomeadamente conflitos armados, mudanças climáticas, doenças como malária,
diarreias e infecções gastrointestinais e HIV/SIDA e baixa produção de alimentos (fraco
uso de insumos) (FAO et al., 2013). Os prolongados conflitos armados têm impacto directo
sobre a produção de alimentos e segurança alimentar dado que milhões de pessoas são
forçadas a deixar as suas casas e zonas de produção de comida e cortando-lhes o acesso
dos mercados agrícolas.
1.1 Problema
Província do norte do país apresenta uma taxa de 44% de desnutrição crónica, apesar
da elevada produção agrícola. Autoridades reconhecem paradoxo e pedem mudanças.
O Niassa, no norte de Moçambique, é uma das províncias que mais alimentos
produzem no país. No entanto, a desnutrição crónica e a insegurança alimentar são
problemas que afectam grande parte da população.
Quando faz-se uma avaliação com alguma profundidade, percebe-se que a província é
altamente produtiva. É um paradoxo tem uma alta capacidade de produção de
alimentos e tem o problema da desnutrição”, reconhece o dirigente José Manuel,
porta-voz do governo do Niassa,
1.2 Justificativa
Conhecendo os níveis reais de INSAN das famílias, estes dados poderão ajudar os
desenhadores de políticas alimentares e de segurança alimentar, os tomares de
decisões assim como os parceiros de implementação de projectos sociais virados ao
combate de INSAN a promover maior investimento na produção de alimentos,
2
acessibilidade e disponibilização de produtos que de qualidade e em quantidade nas
populações nomeadamente em crianças e idosos. O estudo tem também como
importância contribuir na busca de medidas de mitigação, redução da INSAN
alcançando a garantia do SAN no seio da comunidade rural do distrito de Cuamba, e
contribuirá como ponto de partida ou continuação para futuras pesquisas científicas
servindo como referencia.
1.3 Objectivos
1.4 Hipóteses
3
CAPÍTULOzII.zREVISÃOzBIBLIOGRÁFICA
Segundo FAO (2014), para reduzir a fome exige-se uma abordagem integrada que
deve incluir os seguintes elementos: investimentos públicos e privados para aumentar
a produtividade agrícola; melhor acesso a insumos, terra, serviços, tecnologias e
mercados; medidas para promover o desenvolvimento rural; protecção social para os
mais vulneráveis, Incluindo o reforço da sua capacidade de resistência a conflitos e
desastres naturais, e programas de nutrição específicos em especial para resolverem
as deficiências de micro nutrientes em mães e crianças menores de cinco anos.
O termo Segurança Alimentar começou a ser utilizado após o fim da Primeira Guerra
Mundial. Pela experiência da guerra, vivida na Europa, descobriu-se que um país
poderia dominar o outro controlando seu fornecimento de alimentos. A alimentação
4
usava-se como uma arma poderosa, principalmente para vencer um país incapaz de
produzir por sua conta própria (Maluf & Minezes, 2015).
O Niassa, no norte de Moçambique, é uma das províncias que mais alimentos produzem
no país. No entanto, a desnutrição crónica e a insegurança alimentar são problemas que
afectam grande parte da população.
De acordo com as autoridades locais, a taxa de desnutrição crónica, a rondar os 44%,
afecta sobretudo as crianças com menos de cinco anos.
Ciente da dura realidade e olhando para as condições agrícolas da província, José
Manuel, porta-voz do governo do Niassa, garante que as autoridades provinciais e os
seus parceiros de cooperação vão lutar para reduzir a taxa de desnutrição para 30% por
cento até 2019.
5
“Quando fazemos uma avaliação com alguma profundidade, percebemos que a nossa
província é altamente produtiva. É um paradoxo termos uma alta capacidade de
produção de alimentos e termos o problema da desnutrição”, reconhece o dirigente.
Dirigentes pedem mudança de hábitos
“Não temos o hábito de cultivar alimentos aos quais podemos recorrer quando, por
exemplo, há falta de milho. Apostamos apenas em algumas culturas, esquecendo outras
que podem solucionar a questão da fome”, diz Paulino Emede, coordenador da União
dos Camponeses no Niassa. As associações de camponeses consideram que é necessário
preparar as comunidades para a mudança de hábitos alimentares.
A Resolução da Cimeira de Abuja sobre a Segurança Alimentar em 2006 assumiu os
seguintes compromissos nomeadamente o de expandir os mercados com base nas
necessidades próprias de África e promover o comércio intra-africano de bens
alimentares de primeira necessidade, mobilizar recursos para a implementação das
acções prioritárias no âmbito da SAN, com ênfase nos produtos estratégicos
seleccionados e assegurar a integração sistemática de aspectos nutricionais nas
intervenções agrícolas e de SAN (Setsan, 2007).
Em Moçambique estima-se que em média 70% da população vive nas zonas rurais e
a principal fonte de obtenção de renda é a agricultura. A produção agrária é feita pelo
sector familiar maioritariamente, esta ocupa mais de 97% dos 5 milhões de hectares
actualmente cultivados. Em Moçambique a agricultura ainda caracteriza-se no baixo
nível de utilização de tecnologias melhoradas. Como efeito, tem apenas 5% dos
produtores, dos 3,3 milhões de explorações agrícolas existentes no País, usam
fertilizantes e sementes melhoradas. Nas décadas 1975 a 1995 após a independência
a segurança alimentar e nutricional foi vista na perspectiva de assistência e
humanitária, independentemente do sistema político ou governo vigente embora com
dificuldades nas mudanças na planificação da produção, nos modos de produção,
actores prioritários, destinos da produção, a segurança alimentar não foi vista de
6
forma sistémica, não havendo esforços consistentes e estruturais (Vunjanhe &
Adriano, 2015).
7
rurais que pode se considerar uma situação anormal e 23% das zonas peri urbanas. E
há diferenças na composição da dieta alimentar nas zonas sul do País, centro e norte
e que adequação da dieta em termos de qualidade esta em péssimas situações em
Inhambane, Manica Gaza e (< 45% adequados), e Sofala e Nampula (<20%
inadequados), melhor em Maputo, (Setsan, 2010).
Na agenda 2025, a segurança alimentar consta como uma questão chave da Visão
nacional sendo que as políticas sectoriais mais relevantes para a SAN são: a Política
de Agricultura e Estratégia de Implementação (PAEI), o Programa de Agricultura
(PROAGRI), a Estratégia da Educação, a Política da Saúde, a Política e Estratégia
Nacional do Género, a Estratégia de Desenvolvimento Nutricional, a Política e
Estratégia da Indústria, a Política e Estratégia do Comércio, a Política e Estratégia de
Estradas, a Estratégia de Comercialização Agrícola (ECA), a Estratégia de
Desenvolvimento Rural e o Plano Director de Combate às Calamidades Naturais, a
Política das Pescas e Plano Estratégico da Pesca Artesanal (PESPA), a Estratégia
para a Pescaria de Camarão, a Estratégia de Desenvolvimento da Aquacultura em
Moçambique (Vunjanhe & Adriano, 2015).
8
prevalência (24%) e Manica com menor prevalência (6%). A prevalência das
infecções respiratórias agudas é de 24% ao nível nacional, sendo Gaza a província
com maior prevalência (63%) e Cabo Delgado a província com a mais baixa (10%).
Segundo Escamilla & Corrêa et al. (2008) existem cinco métodos comummente
utilizados em inquéritos para avaliação da insegurança alimentar que são: método da
FAO, Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), Avaliação do Consumo Dietético
Individual e a Escala de Insegurança Alimentar (EIA).
9
comparações com outros países e de análise das tendências da disponibilidade
energética per capita ao longo do tempo. Tem como desvantagens alto grau de
imprecisão de resultados obtidos, não mede o acesso aos alimentos ou a qualidade da
dieta e confere mais importância ao consumo médio de energia do que a distribuição
desta energia, ou seja, não identifica os grupos mais vulneráveis à insegurança
alimentar no âmbito de regiões específicas e regiões e grupos populacionais.
10
para estimar o tamanho das porções; omissão de alimentos, e; incerteza dos
requerimentos humanos a cerca de alguns nutrientes e do conteúdo encontrado nas
tabelas de composição de alimentos
Segundo Salles-Costa (2008) e Pessanha (2008) este método permite captar não só as
dimensões físicas, mas também as dimensões psicológicas da insegurança alimentar
e; classifica os domicílios de acordo com sua vulnerabilidade ou nível de exposição a
INSAN, além de seu baixo custo de aplicação. As suas desvantagens são: os
entrevistados imaginam que, dependendo das respostas que derem às perguntas, eles
próprios, seus domicílios e/ou suas comunidades poderão receber ajuda em alimentos
ou benefícios sociais; em virtude da necessidade de usar limites diferenciados para
populações distintas, o algoritmo utilizado para classificar os domicílios, segundo o
grau de INSAN a que estão expostos, pode não ser o mesmo para diferentes países ou
até para diferentes grupos populacionais de um país e, embora meça várias
dimensões ou níveis do fenómeno de insegurança alimentar e nutricional, a escala
não permite captar a falta de saneamento básico, a dimensão da segurança dos
alimentos, ou seja, a qualidade microbiológica e a ausência de poluentes.
11
mortalidade, malnutrição é muito elevada e há uma perda de todos os meios de
existência e; Insegurança alimentar (Fome) - significa falta total de acesso à
alimentação, com registo grave de perturbação social e deslocação massiva da
população e esgotamento total dos meios de existência.
Pereira & Reis et. al. (2015) tem-se como indicadores de segurança alimentar as
seguintes dimensões: Produção de alimentos a nível local ou familiar;
disponibilidade de alimentos das famílias; renda e despesa das famílias com
alimentação; acesso à alimentação adequada; acesso aos serviços de saúde e
educação. Enquanto o baixo peso ao nascer, alta taxa de mortalidade Infantil, baixo
peso para idade, défice de estatura para idade, desnutrição são indicadores da
presença de INSAN.
12
CAPÍTULOzIII.zMATERIALzEzMÉTODOS
3.1. CaracterísticaszGeográficaszDozDistrito
O DistritozdezCuambazficazsituadozna regiãozSulzdazprovínciazdozNiassa, a
aproximadamentez301 km da capitalzprovincial, Lichinga,zconsideradozo pólo de
desenvolvimentozda região devidozas suas potencialidadesze localização estratégica do
Corredorzde Nacala (Ferreirazeztal, 2007).
AzzonazdezCuambazsituazsezentrezaszseguinteszcoordenadas:z14º15’zez15º15’zdezLa
titude Sul, a Norte e Sul respectivamente, ezos 36º05’ e 37º05’zdezLongitude Este a
Ocidente e a Orientezrespectivamente.Cuambaztemzcomozlimiteszfísicos,zazNortezfaz
limitezcomzozdistritozde Metarica, a Leste, com a província de Nampula, a Sul com a
província dazZambézia,ze azOeste,zcom oszdistritoszdezMecanhelaszezRicuembe e
Mandimbazatravészdezumazlinhazconvencional. (PEC, 2006).
CuambazcontazcomzdoiszPostoszAdministrativos,zsendozLúriozezEtatarazezquatro
localidades,znomeadamente,zLúrio-SedezezMitucuéze,zEtatara-SedezezMalapa.
zIgualmentezozdistrito dezCuamba possui um município (Uatata, 1994).
3.2. CaracterísticaszAgro-ecológicas
3.2.1. Clima
OzdistritozdezCuambazézcaracterizado pelozclimaztropicalzhúmido.zAztemperatura
médiazanual ézdez26oC.zAsztemperaturaselevadas sãozacompanhadaspela pluviosidade
quezézmaiszintensaznoszmeseszdezNovembrozazMarçoz (Uatata, 1994).
13
Azprecipitaçãozanual variazde 800zaz1400 mm, dependendozpara alémzdo tipozde
climazos factoreszdezcontinentalidadezezdo relevo,zcom azhumidadezmédiazrelativa
de 65% (Uatata, 1994).
3.3. Metodologia
Onde:
14
A selecção das famílias foi feita usando amostragem de bola de neve (Snow ball),
considerada por Carmo e Ferreira (2008) aquela em que elementos da população já
conhecidos indicam outros com mesmas características assim sucessivamente. Sendo
frequentemente utilizada quando se torna impossível obter lista completa dos elementos
da população que se quer estudar. Para o presente estudo a característica principal é
devem ser famílias vulneráveis (chefiadas por idosos e/ou crianças) e de baixa renda e
através das lideranças locais foi possível identificar a primeira família.
15
2 - Insegurança alimentar moderada (INSAM) - 6 a 10 respostas positivas em
famílias com menores ou 4 a 6 sem menores: há caso de comprometimento de qualidade da
alimentação na busca por manter a quantidade necessária;
No de respostas positivas
Parazfamíliaszcomzmenoreszde Para famílias
18zanos sem menores
Classificação utilizada de 18 anos
Segurançazalimentarz(SA) 0 0
Insegurançazalimentarzleves(INSAL) 1a5 1a3
InsegurançazalimentarsModerada 6 a 10 4a6
(INSAM)
InsegurançaZalimentarZgraveZ(INSAG) 11 a 15 7a8
16
CAPÍTULO IVzRESULTADOSzEzDISCUSSÃO
A tabela 2 mostra resultados das variáveis género e idade dos entrevistados, onde pode-
se observar que a maioria é do género feminino (52.8%) e residentes nas comunidades
de Mepica e Lúrio. Quanto á idade importa dizer que a faixa etária entre 18 e 35 anos
presentou maior número (45.4%) seguido dos indivíduos com 36 a 55 anos (39.8%),
sendo que cumulativamente estas duas faixas representam 85.2%.
Ainda na tabela acima pode se dizer que as percentagens referentes ao género e faixas
etárias dos inquiridos confirmam os dados divulgados pelo INE em 2013 dado que nas
estimativas desta instituição (INE), as mulheres ocupavam até aquele ano cerca de
51.2% e que maior parte dos habitantes (80%) tinham idades abaixo de 55anos, ou seja
a população deste município/distrito é jovem.
17
4.1.2 Posição Familiar e Membros do Agregado Familiar
Para estas variáveis é importante primeiro dizer que uma das características da população
do distrito de Cuamba é a prática de actividade Agricultura, como é o caso. Para a
alimentação das famílias maior parte dos homens dedica-se a esta actividade, ficando para
as mulheres o papel de cuidar a casa e os filhos. Assim, pode-se justificar os resultados
obtidos neste estudo onde a maioria dos inquiridos ocupam posição de mãe (42.6%) e outra
parte não menos significativa é ocupado pelos filhos (19.4%). Estes dados foram mais
verificados na comunidade de Lúrio. Dos 38% ocupados por pais, maior parte é da
comunidade de Cuamba (Tabela 3).
18
4.1.3 Número de filhos e estado civil
19
frequentaram o ensino primário. Outro dado importante é o facto de alguns terem
frequentado o ensino superior, o que de alguma forma traz discussão sobre o nível
de vulnerabilidade das suas famílias dado que se pressupõe que quanto maior é o
grau de escolaridade, as condições de vida (alimentação, saúde, renda) são
aceitáveis. É de notar que a situação de emprego (30.6% empregados) é
directamente relacionada ao nível de escolaridade, quanto mais baixo for o nível de
escolaridade, menor são as chances de obter emprego formal, consequentemente
maior será a taxa de desemprego (tabela 5).
20
Principais fontes de alimentos
1% Agricultura
26% Pesca
Aquisicao no Mercado
Todas
6%
67%
21
Principais alimentos consumidos
Xima
12%
Verdura
Cereais
39%
Peixe
26%
Xima e Verdura
Peixe e Xima
2%
9%
12%
22
Gráfico 3. Número de refeições das famílias por dia
Segundo Hoffmann (2017) o tipo de alimento das famílias é influenciado pela
capacidade de compra (renda), no entanto é sempre importante avaliar para alem dos
tipos e quantidades de alimentos de uma dada família, os gastos na compra dos mesmos,
na intenção de verificar a quantia utilizada pela família com alimentação e outras
necessidades básicas em um período de referência (geralmente a última semana, as
últimas semanas ou o último mês). Devendo considerar alguns parâmetros: quantidade
dos alimentos comprados para consumo dentro e fora de casa e seus preços; alimentos
recebidos de terceiros, como doação ou pagamento de trabalho; alimentos para consumo
adquiridos por produção própria; média de calorias disponíveis no domicílio por dia e
por pessoa.
23
só a estas famílias apenas duas (2) apresentaram 78% 87% de respostas positivas, as
outras cinco (5) registaram 92 a 95% de respostas positivas. Para as questões
direccionadas aos adultos (idades maiores de 18anos) o destaque vai para as questões
3, 6, 2 e 4 com 74%, 74%, 73% e 72% de respostas positivas. Assim pode se
constatar que as famílias do distrito de Cuamba registam índices maiores de
insegurança alimentar dado que 14 das 15 questões da escala de medida de
insegurança alimentar apresentam acima de 65% das questões positivas (apêndice 2)
24
Os resultados de estimativa da insegurança alimentar da presente pesquisa relevam
gravidade da situação de insegurança alimentar comparando com os encontrados por
Machamba (2010) e Mirasse (2010) na cidade de Lichinga. Devendo, no entanto,
redobrar-se esforços no sentido de o SETSAN e outras instituições como o instituto
nacional de acção social (INAS) providenciarem respostas múltiplas através de
programas de apoio alimentar e melhoria do acesso e disponibilidade dos alimentos.
Menos importante também é a possibilidade de massificar programas de educação
alimentar e nutricional.
Nunes & Cruz (2014) no seu estudo onde participaram de 150 famílias encontrou maior
percentagem de famílias com INSAL (50%), 28% em SAN E 14.7% com INSAM. A
única coisa igual nos dois estudos é o facto de a prior as famílias terem passado por
situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar, no entanto, diferem no aspecto as
entrevistadas por Nunes & Cruz serem beneficiárias de um programa social de
atendimento à famílias carentes ou marginalizadas socialmente, promovendo assim o
Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e da segurança alimentar.
Naquelas chefiadas por desempregados e com menor de 18 anos, há situação mais grave
de insegurança alimentar. A presença de menores de 18 anos nas famílias abrangidas
influenciou (teve associação) nos níveis de insegurança alimentar (P=0.001, ou seja,
P<0.05). A frequência usual de consumo das famílias de 2 refeições e 1por dia,
mostraram relação importante com maiores prevalências de insegurança alimentar
25
moderada e grave. Assim, pode se concluir que o aumento da faixa de escolaridade, o
acesso a emprego do chefe da família, quanto menor for o tamanho do agregado e maior
número de refeições/dia existe relação directamente proporcional tendente a reduzir a
vulnerabilidade à insegurança alimentar (tabela 7).
Um estudo realizado por Nunes & Cruz (2014) onde participaram de 150 famílias
constatou não existência de associação da INSAN e as variáveis socioeconómicas.
Hoffmann (2004) no seu estudo observou prevalência de 34.9% das residências com
algum grau de insegurança alimentar e diz que o determinante mais importante desta
insegurança é a renda, e quando comparadas áreas urbanas e rurais equilibrando o efeito
da renda e da escolaridade da pessoa ou grupo alvo verificou que a insegurança
alimentar tende a ser menor nas áreas rurais.
No presente estudo não se estudou a renda das famílias, porém, é de referir que se
registou maior índice de insegurança nas famílias da zona Mepica provavelmente
porque as famílias rurais (continente) dedicam-se á pratica de agricultura, que lhes
garante acesso e disponibilidade de alimentos.
Género
Masculino 2 3.9 27 52.9 22 43.1
Feminino 2 3.5 28 49.1 27 47.4 0.885
Idade
18 a 35 anos 2 4.1 22 44.9 25 51.0
36 a 55 anos 2 4.7 24 55.8 17 39.5 0.775
˃ 55 0 0.0 9 56.3 7 43.8
Posição Familiar
Pai 1 2.4 19 46.3 21 51.2
Mãe 2 4.3 23 50.0 21 45.7 0.696
Filho 4 16.7 13 54.2 7 29.2
Membros do AF
26
2 a 5 membros 0 0.0 10 50.0 10 50.0
6 a 10 membros 1 1.6 30 49.2 30 49.2 0.214
Mais de 10 membros 3 11.1 15 55.6 9 33.3
Numero de Filhos
Sem filho 1 9.1 7 63.6 3 27.3
1 a 5 filhos 1 2.2 21 45.7 24 52.2
0.272
6 a 10 filhos 2 4.9 19 46.3 20 48.8
Mais de 10 filhos 0 0.0 8 80.0 2 20.0
Estado Civil
Solteiro 1 6.7 11 73.3 3 20.0
Casado Divorciado 0 0.0 16 50.0 16 50.0
0 0.0 6 42.9 8 57.1 0.314
Viúvo 0 0.0 5 45.5 6 54.5
Nível Escolar
Sem Escola 3 5.1 30 50.8 26 44.1
Primário 0 0.0 8 44.4 10 55.6
Secundário 0 0.0 7 58.3 5 41.7 0.694
Técnico 0 0.0 7 50.0 7 50.0
No de refeições/dia Não
sabe 1 5.6 8 44.4 9 50.0
1 refeição 0 0.0 4 44.4 5 55.6 0.954
2 refeições 3 4.8 32 51.6 27 43.5
Situação de Emprego
Empregado 2 6.1 17 51.5 14 42.4
Desempregado 2 2.7 38 50.7 35 46.7 0.658
Menores de 18 anos
Sim 1 1.1 40 46.0 46 52.9
Não 3 14.3 15 71.4 3 14.3 0.001
*Teste exacto de Fisher (Fisher Exact Test)
27
CAPÍTULOzV CONCLUSÃOzEzRECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusão
Concluiu-se ainda que, apesar de existirem no país políticas públicas de combate à fome e
desnutrição crónica, grande parte das famílias de Cuamba ainda vivem em condições de
vulnerabilidade social, sem garantia da segurança alimentar. Sendo que prevalece a
insegurança alimentar na maioria dos casos no grau moderado e grave, mas não está
relacionada ás variáveis socioeconómica idade, género, actividade profissional, posição
familiar, estado civil, nível de escolaridade, número de membros das famílias, número de
filhos e situação de emprego, apenas com a presença de menores de 18 anos de idade
nestas famílias.
5.2 Recomendações
Tendo em conta os resultados que nos mostram que as famílias ainda vivem sem garantia
da segurança alimentar, recomenda-se:
Que os resultados deste estudo sejam usados como instrumento auxiliar para
acompanhamento e melhoria das políticas e estratégias público-privadas de combate á
INSAN e
28
Que sejam feitos estudos similares nesta ou outras regiões do país
incorporando mais variáveis socioeconómicas como a renda familiar.
29
REFERÊNCIASzBIBLIOGRÁFICAS
Belik, Walter. 2003. Saúde e Sociedade v.12, n.1, p.12-20, jan-jun s.n
30
Machamba, A. A. Leite. 2014. Desenvolvimento e pré-teste de um questionário de
frequência alimentar na cidade de Nampula, em Moçambique. Dissertação.
31
Apêndice
32
Apendice 1. Ficha de Inquerito
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
------------
1. Comunidade:____________________________
2. Entrevistada(o) (nome):_____________________________. 3. N° de MAF______
4. Sexo [ ] M [ ] F ; 5. Posição na família: [ ] Mãe [ ] Pai [ ] Outro Especificar______________ ;
6. Exerce uma actividade profissional? sim____, não____
7. Nos últimos 3 meses, a comida acabou antes que a (o) Sra. (Sr.) tivesse dinheiro para comprar
mais? SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA?
8. Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) ficou sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e
variada? SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA?
33
6. Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) ou algum adulto/família em sua casa diminuiu, alguma
vez, a quantidade de alimentos nas refeições ou falharam refeições, porque não havia dinheiro
suficiente para comprar a comida? SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA?
7. Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) alguma vez comeu menos do que achou que devia porque
não havia dinheiro o suficiente para comprar comida? SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA?
8. Nos últimos 3 meses, o(a) Sr. (a) alguma vez sentiu fome mas não comeu (comeram) porque
não podia comprar comida suficiente? SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA?
9. Nos últimos 3 meses, a(o) Sra(Sr) perdeu peso porque não tinha dinheiro suficiente para
comprar comida? SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA?
10. Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) ou qualquer outro adulto em sua casa ficou, alguma vez,
um dia inteiro sem comer ou, teve apenas uma refeição ao dia, porque não havia dinheiro para
a comida? SE SIM, COM QUE FREQUÊNCIA?
12. Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) não pôde oferecer a (s) sua (s) criança (s) menor (es) de
18 anos uma alimentação saudável e variada porque não tinha dinheiro? SE SIM, COM QUE
FREQUÊNCIA?
34
Apendice 2. Frequência de respostas positivas da Escala de Insegurança Alimentar
Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) alguma vez comeu menos do que achou que devia
5 5 porque não havia dinheiro o suficiente para comprar comida? 72 67
Nos últimos 3 meses, o(a) Sr. (a) alguma vez sentiu fome, mas não comeu (comeram)
6 6 porque não podia comprar comida suficiente? 80 74
Nos últimos 3 meses, a(o) Sra(Sr) perdeu peso porque não tinha dinheiro suficiente para
7 comprar comida?
7 39 36
Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) ou qualquer outro adulto em sua casa ficou, alguma
8 8 vez, um dia inteiro sem comer ou, teve apenas uma refeição ao dia, porque não havia
74 69
dinheiro para a comida?
Questões específicas para famílias com menores de 18 anos (n=87)
1
Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) teve que se basear em apenas alguns poucos tipos de
9 alimentos para alimentar a (s) sua (s) criança (s) menor (es) de 18 anos, porque o dinheiro
81 93
acabou?
Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) não pôde oferecer a (s) sua (s) criança (s) menor (es)
10 de 18 anos uma alimentação saudável e variada porque não tinha dinheiro? 83 95
Nos últimos 3 meses, a (s) sua (s) criança (s) menor (es) de 18 anos não comeu (comeram)
11 quantidade suficiente porque não havia dinheiro para comprar a comida? 76 87
Nos últimos 3 meses, a (s) sua (s) criança (s) menor (es) de 18 anos ficou (ficaram) sem
12 comer por um dia inteiro porque não havia dinheiro para comprar comida? 68 78
Nos últimos 3 meses, a(o) Sra. (Sr.) alguma vez diminuiu a quantidade de alimentos das
13 refeições de sua (s) criança (s) menor (es) de 18 anos porque não havia dinheiro suficiente 81 93
para comprar a comida?
Nos últimos 3 meses, alguma vez a(o) Sra(Sr) teve de saltar uma refeição da (s) sua (s)
14 criança (s) menor (es) de 18 anos porque não havia dinheiro para comprar comida? 80 92
Nos últimos 3 meses, a (s) sua (s) criança (s) menor (es) de 18 anos teve (tiveram) fome,
15
mas a(o) Sra. (Sr.) simplesmente não podia comprar mais comida? 80 92