Governo Indutor
Governo Indutor
Governo Indutor
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O papel do governo federal como
indutor do crescimento econômico
da Região Centro-Oeste
ÁLVARO L ARRABURE CO S TA C O R R Ê A
I S AM ARA S EABR A
RESUMO
O objetivo deste capítulo é apontar evidências da importância da
atuação do governo federal na aplicação de recursos públicos que
contribuíram para o crescimento econômico da Região Centro-
Oeste do Brasil. Desde o movimento de “Marcha para o Oeste”,
passando pela transferência da capital do país do Rio de Janeiro
para Brasília, até hoje, com a aplicação de recursos de fontes
de crédito públicas, o Estado tem desempenhado um decisivo
papel indutor do crescimento na região. O capítulo pretende,
então, explorar a aplicação dos recursos públicos na região:
desde os recursos de investimento público, até fontes de crédito
públicas para investimento privado, como é o caso do Fundo
Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), do Fundo
de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO) e, em especial, dos
desembolsos do BNDES para a região.
ABSTRACT
The aim of this chapter is to highlight the importance of the
federal government’s performance in applying public resources,
which has contributed to economic growth in Brazil’s Central-
West Region. Since the “March-to-the-West” movement, which
saw the country’s capital move from Rio de Janeiro to Brasília, up
to the present day, with the application of resources from public
credit, the State has played a decisive role in inducing growth
in the region. This chapter will explore the application of public
resources in the region: ranging from public investment resources
to the public credit sources for private investment, such as the
Constitutional Fund to Finance the Central-West (FCO), of the
Central-West Development Fund (FDCO) and, in particular, the
BNDES’ disbursements to the region.
INTRODUÇÃO
Embora seja a segunda maior região brasileira em termos de
área, a Região Centro-Oeste é a que conta com a menor popula-
ção entre as macrorregiões brasileiras. Conforme o Censo 2010,
são pouco mais de 14 milhões de habitantes, resultando em uma
densidade demográfica de 9 hab./km2 – enquanto a média na-
cional é de 22 hab./km2.
50 O papel do governo federal como indutor do crescimento econômico da Região Centro-Oeste
1
O armazenamento da produção agrícola apresenta uma contribuição relevante para o pro-
cesso de comercialização, pois, uma vez que a produção tem sazonalidade, os estoques ar-
mazenados podem ser transferidos ao longo do tempo, garantindo, assim, disponibilidade
de produto para atender ao consumo e melhor lucratividade para o produtor.
Um olhar territorial para o desenvolvimento: Centro-Oeste 51
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2010
REGIÃO CENTRO-OESTE BRASIL
Fonte: IBGE.
Nota: 1960=100.
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Fonte: IBGE.
Nota: 1960=100.
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Fonte: IBGE.
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AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS
Fonte: IBGE.
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2004
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2008
Fonte: IBGE.
56 O papel do governo federal como indutor do crescimento econômico da Região Centro-Oeste
100,8
83,0
10,7
9,9 20,9
54,6 20,1
5,8
31,3 11,4 11,3
3,3 3,7
16,1 17,3
9,8
10,4
Fonte: IBGE.
2
A PNDR foi instituída pelo Decreto 6.047, 22 de fevereiro de 2007, e tem como objetivos
reduzir as desigualdades de nível de vida entre as regiões brasileiras e promover a equi-
dade no acesso a oportunidades de desenvolvimento, orientando os programas e ações
federais [Brasil (2007)]. Vale mencionar que essa política está passando por processo de
redefinição desde 2012.
Um olhar territorial para o desenvolvimento: Centro-Oeste 61
90 19 17
29 26 29 28 27
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70 22 22
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21
9 16
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DF GO MS MT
Fonte: IBGE.
3
A Política de Dinamização Regional (PDR), adotada pelo BNDES como expressão de seu ob-
jetivo de redução das diferenças regionais, estabelece como prioritárias as regiões Norte e
Nordeste, bem como os municípios classificados como baixa e média renda, acompanhando
a metodologia e classificação adotada pelo Ministério da Integração na PNDR vigente à
época da elaboração deste texto.
62 O papel do governo federal como indutor do crescimento econômico da Região Centro-Oeste
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%
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ALTA RENDA MÉDIA RENDA INFERIOR DINÂMICA MÉDIA RENDA INFERIOR ESTAGNADA
MÉDIA RENDA SUPERIOR DINÂMICA MÉDIA RENDA SUPERIOR ESTAGNADA
Fonte: IBGE.
11% 8% 12%
21% 16% 18% 17% 20%
5% 8%
33% 6%
4%
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54% 35%
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59%
51% 54%
48% 20%
34% 35% 32% 28%
14%
Fonte: IBGE.
4
Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e Fundo Constitucional de
Financiamento do Norte (FNO). Como regra geral, são vedadas as participações cumulativas
de recursos do FCO e FDCO em um mesmo projeto beneficiário.
5
A Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste, ou Sudeco, é uma autarquia fe-
deral brasileira criada por meio da Lei 5.365, de 1º de dezembro de 1967, substituindo a
antiga Fundação Brasil Central, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico
da Região Centro-Oeste. Foi extinta em 1990, mas, em dezembro de 2008, esforços foram
feitos pela sua recriação, através do Projeto de Lei Complementar 184/04, apresentado pelo
Poder Executivo. O projeto foi sancionado em 8 de janeiro de 2009, prevendo não só a
criação da Sudeco, mas também do FDCO. A regulamentação da Sudeco foi concluída com
o Decreto Presidencial 7.471, de 4 de maio de 2011.
Um olhar territorial para o desenvolvimento: Centro-Oeste 65
1.823
4.254 1.896
3.470
3.183 1.252
1.624
1.179
1.974 1.048
Sobre esse aspecto, vale destacar que, na Região Centro-Oeste, não há microrregiões classi-
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não obstante os gargalos presentes em sua infraestrutura produ-
tiva, a Região Centro-Oeste é líder na produção de grãos e car-
ne bovina, além de possuir índices de produtividade superiores à
média nacional. Além disso, apresenta taxas de crescimento do
PIB e do PIB per capita também superiores à média nacional.
Um dos fatores que pode explicar esse desempenho em ter-
mos de crescimento de produto é o grande comprometimento
de recursos públicos, por meio de gastos públicos, investimentos
públicos ou investimentos privados estimulados pelo setor pú-
blico, por intermédio de crédito, subsídios ou subvenções.
Um olhar territorial para o desenvolvimento: Centro-Oeste 67
REFERÊNCIAS
Brasil. Casa Civil. Decreto 6.047, de 22 de fevereiro de 2007. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/
D6047.htm>. Acesso em: 9 jul. 2014.
Sites consultados
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
<www.cnpq.br>.