DIS06
DIS06
DIS06
BELÉM/PA
2019
HELEN DO SOCORRO RODRIGUES DIAS
BELÉM/PA
2019
HELEN DO SOCORRO RODRIGUES DIAS
Data:_____/_____/________
Banca Examinadora:
______________________________________________________
Profa. Dra. Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues
IEMCI/UFPA/PPGDOC – Presidente
______________________________________________
Profa. Dra. Ana Cristina Pimentel Carneiro de Almeida
IEMCI/UFPA/PPGDOC – Membro Interno
______________________________________________
Profa. Dra. José Anchieta de Oliveira Bentes
UEPA - Membro Externo
DEDICATÓRIA
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13
1. OLHAR PARA EDUCAÇÃO: BAKHTIN E A DIMENSÃO DO OUTRO ....................... 22
1.1. A perspectiva enunciativo-discursiva da linguagem ..................................................... 23
1.2. Alteridade e Responsividade na teoria bakhtiniana ...................................................... 26
2. SABERES CIENTÍFICOS E INCLUSÃO ...................................................................... 30
3. O LÚDICO: PROSPECÇÕES AO ENSINO DE CIÊNCIAS ............................................. 35
3.1 O lúdico e o ensino de Ciências: ........................................................................................... 35
3.2.1. Contar histórias e a oralidade nas aulas de Ciências ............................................... 41
3.2.2. Performance e a prática docente .................................................................................. 45
4. PROPOSIÇÕES AO ENSINO-APRENDIZAGEM PARA A PcD .................................. 49
4.1 O ensino-aprendizagem da pessoa com deficiência e suas articulações no contexto do
ensino de ciências. ......................................................................................................................... 53
4.2. As contribuições do emotivo-volitivo em Bakhtin para Neuroeducação .................... 59
5. PERCURSO METODOLÓGICO ..................................................................................... 65
5.1. O contexto da pesquisa ........................................................................................................ 68
5.1.1. Sujeitos ............................................................................................................................ 71
5.1.2. Instrumentos utilizados ................................................................................................... 72
5.1.3. Etapas e recursos mobilizados ..................................................................................... 72
5.2 O caminho percorrido por esta pesquisa: desafios e construções .................................. 83
5.3 Produto Educacional ............................................................................................................. 86
6. ANÁLISES: contar e recontar no processo ensino-aprendizagem ......................... 88
6.1 A contação da história pela professora ..................................................................... 88
6.1.1. Responsividade ............................................................................................................... 93
6.1.2 Saberes científicos ........................................................................................................... 97
6.1.3 Emotivo-volitivo ............................................................................................................... 100
6.2. O recontar história pelos alunos................................................................................ 105
6.2.1. Recontagem da História pelo olhar do Samuel ................................................... 106
6.2.2. Recontagem da História: pelo olhar do Bem ....................................................... 108
6.2.3. Recontagem da História: pelo olhar da Isis .......................................................... 110
6.2.4. Recontagem da História pelo olhar do Tayrone .................................................. 111
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES... ..................................................................................... 116
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 119
APÊNDICES ...................................................................................................................... 124
13
INTRODUÇÃO
Em muitos casos, eles levam seus cadernos até o atendimento de forma tão
empolgada, pois conseguiram copiar uma letra, palavra, sentença ou números do
quadro – e parece que é exatamente nesses momentos que eles se sentem parte da
escola, mas não qualquer parte, uma parte viva, que também podem fazer e
participar do que acontece.
Compreendo ainda, que na escola não existe e nem deva existir uma só
forma de fazer docente, não há uma “receita pronta e acabada” de ações ou
estratégias pedagógicas pois a escola é de plurais. Entretanto, é importante uma
constante busca, uma contínua construção de práticas que vão se moldando e
acontecendo dentro de cada sala de aula, que é direcionada às singularidades, de
forma igual e ao mesmo tempo diferente, e que almejam o mesmo objetivo de
empoderar o aluno de conhecimento científico, vivências e interações que lhes
permitam uma aprendizagem crítica e construtiva dos mais diferentes saberes.
Assim, esta pesquisa nasceu em um anseio de construir mais uma
possibilidade de estratégia ao ensino-aprendizagem de ciências, a partir da
utilização da contação de histórias, com vista ao favorecimento não só do
desenvolvimento da PcD, e sim, que possa alcançar a todos, tendo em vista, que
esta estratégia envolve aspectos que fazem parte da vida humana, bem como:
ludicidade, imaginação, criatividade e interação com outro, sendo esses alguns dos
fatores pontuado por Huizinga (2008); Zumthor (1997; 2018); Vigotski (2007; 2012;
2014); Bakhtin (2017; 2018) como fundamentais no processo ao desenvolvimento e
para a construção da identidade dos sujeitos.
E neste contexto, a questão científica desta pesquisa busca compreender, em
quais aspectos a contação de histórias pode contribuir ao processo ensino-
aprendizagem de ciências em perspectiva dialógico para a PcD?
E na intenção de responder esta questão, realizamos a organização e
utilização da contação de histórias, direcionados ao atendimento de quatro PcD que
são atendidos em uma instituição especializada no contraturno da escola regular,
com faixa etária de seis a nove anos de idade. Sendo o lócus da pesquisa a
instituição, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE/Belém, quem
vem a mais de 60 anos, em todo Brasil, oferecendo serviços para o atendimento e
melhor desenvolvimento da PcD e lutando pela garantia e defesa dos direitos destes
sujeitos.
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filosóficas, que podemos considerar como relevantes ainda hoje, em nosso contexto
social.
Desse modo, consideramos como relevante, neste texto dissertativo,
discutirmos os conceitos de alteridade e responsividade para Bakhtin e seu círculo,
na intenção de melhor compreender os enunciados que são constituídos a partir da
ação do recontar da história pelos sujeitos desta pesquisa.
espaços/momentos para que os alunos possam expressar o seu ato responsivo, que
certamente aconteceram de diferentes formas para cada sujeito.
Alcançamos então, que no contexto da sala de aula são necessárias
articulações que possibilitem a dialogicidade, e nesta pesquisa compreendemos que
a utilização da contação de histórias fomentam a construção e/ou reconstrução dos
distintos enunciados-discursivos de todos os alunos.
que o nosso viver-agir está preenchido pelo outro, que me constitui, que me altera e
o qual é constituído e alterado pelo meu eu, em um contínuo diálogo do “eu-para-
mim”, o “outro-para-mim” e o “eu-para-o-outro”.
Neste contexto Bakhtin destaca que nas interações dialógicas de atos
responsivos
o ouvinte, ao perceber e compreender o significado (linguístico) do
discurso, ocupa simultaneamente em relação a ele uma ativa posição
responsiva: concorda ou discorda dele (total ou parcialmente),
completa-o, aplica-o, prepara-se para usá-lo, etc.; essa posição
responsiva do ouvinte se forma ao longo de todo o processo de
audição e compreensão desde o seu início, às vezes literalmente a
partir da primeira palavra do falante. Toda compreensão da fala viva,
do enunciado vivo é de natureza ativamente responsiva (embora o
grau desse ativismo seja bastante diverso); toda compreensão é
prenhe de resposta, e nessa ou naquela forma a gera
obrigatoriamente: o ouvinte se torna falante. (BAKHTIN, 2018, p.
271)
Para Chassot (2002) “entender a ciência nos facilita, também, contribuir para
controlar e prever as transformações que ocorrem na natureza. Assim, teremos
condições de fazer com que essas transformações sejam propostas, para que
conduzam a uma melhor qualidade de vida” (CHASSOT, 2002, p. 91). É a
compreensão de que o ensino-aprendizagem de ciências não pode acontecer pura e
simplesmente a partir da apresentação de conceitos científicos, que estejam
descolados da vida real e dos acontecimentos sociais, em um sentido de decorar
conceitos que não fazem sentido do ponto de vista da vida dos alunos.
E nesta perspectiva, ao se tratar da PcD, podemos considerar que articular os
conceitos científicos ao seu contexto cotidiano é um aspecto valioso para o seu
desenvolvimento, pois este sujeito poderá realizar generalizações destes saberes,
ter uma melhor compreensão de que os saberes científicos fazem parte e tem
influência para sua vida e escolhas.
Cachapuz et al (2005, p. 21) assinala que “encontramo-nos, assim, face a um
reconhecimento alargado da necessidade de uma alfabetização científica [...]”. Em
outras palavras, a necessidade de estarmos competentes para participar de
discussões nos mais distintos temas –políticos, religiosos e outros– e entender o
universo em seus aspectos naturais e culturais. Por alfabetização científica
entendemos pautando-nos nos estudos de Chassot (2002) que:
ansiedade e frustração”. Assim, podemos dizer que o lúdico envolve ações que são
próprias da natureza humana, posto que o brincar no contexto do jogo, brinquedo e
brincadeira sempre fizeram parte da cultura social do homem, e por isso, nos é
permitido entender que estas práticas podem corroborar no processo de ensino-
aprendizagem de todos os sujeitos que frequentam o ambiente escolar.
Por conta disso, sinalizamos que “a utilização do lúdico como recurso
pedagógico na sala de aula pode constituir-se em um caminho possível que vá ao
encontro da formação integral das crianças e do atendimento às suas
necessidades”. (RAU, 2013, p. 36). Compreendemos que as ações lúdicas, quando
bem sistematizadas, podem contribuir para o processo de ensino-aprendizagem de
todos os sujeitos, sejam eles considerados “típicos” e “não-típicos”, ou seja, com
deficiência, síndrome ou não, ao que se refere ao desenvolvimento da
aprendizagem.
anteriormente nos estudos de Bakhtin (2017) e seu círculo, como ainda, esta prática
convoca tanto o professor como os alunos para o ato de escuta e de resposta
responsiva.
‘
Na perspectiva de Cozzi (2015)
contar história pela oralidade é um conjunto de performance que não está limitado a
fala propriamente dita.
Adentramos agora um pouco mais no contexto de utilização da palavra, a
partir da narrativa, ou seja, a palavra do contador de histórias, Matos (2014, p. 1)
assinala que “os contadores de histórias são guardiões de tesouros feitos de
palavras, que ensinam a compreender o mundo e a si mesmos”, dessa forma
podemos compreender que o contador de histórias é que dá vida concreta para as
palavras que estão presente nas narrativas, e nesta perspectiva Bakhtin (2017) nos
fala que a palavra é neutra, mas a partir do enunciado ela alcança o colorido
expressivo.
Entendemos então, que a contação de histórias dá vida paras as narrativas,
em um contexto que é dialógico, rico de enunciados concretos e que certamente
poderão fortalecer uma perspectiva de educação dialógica. Assim, ao articular está
prática como uma estratégia de ensino-aprendizagem o professor colocará em
campo a “pedagogia da língua que ultrapassa o campo do utilitarismo imediato”
(MATOS, 2014, p. 136), que anseia por notas, por repetição dos conteúdos dos
livros didáticos e que é refém do ensino tradicionalista.
Neste sentido, Sisto (2015, p. 25) assinala que a escolha de um texto que
será utilizado na escola, na maioria das vezes tem “o poder de determinar conteúdo
a serem estudados. Mas, quando a história contada vem em função de instaurar um
espaço lúdico ela pode gerar um outro tipo de expectativa: não mais de cobrança,
mas de encantamento”, é o ensino-aprendizagem que se coloca de forma leve, mais
sutil, que tenta quebrar o ensino meramente escolástico – que busca preparar os
alunos exclusivamente para os exames de seleção –.
Isso nos possibilitando uma compreensão de que a contação de histórias
pode ser utilizada como uma ferramenta para mediação do conhecimento científico,
no ambiente escolar lúdico, de expressões das emoções e de encantamento, do
estar maravilhado com que se ensina e como se aprende, bem como corroboram os
autores Santos e Silva (2016, 2016, p. 21) ao destacar que:
somente para a PcD, pois entendemos aqui, que estas mobilizações, devem ser
reconhecidas pelos professores, e isso no contexto de todas as disciplinas
curriculares, bem como no ensino de ciências, pois como já pontuado anteriormente
a PcD também deve ter acesso ao conhecimento científico igual aos demais alunos.
Ao seguirmos esta perspectiva do ensino de ciências direcionado para a PcD
consideramos como relevante a utilização de estratégias e ações didáticas e
principalmente uma educação dialógica e de valorização das diferenças, ao longo do
processo de ensino-aprendizagem de ciências, que valorizem e fomentem os
aspectos relacionados à afetividade, pois compartilhamos do pensar de Vigotski
(2012, p 142, nossa tradução) ao ressaltar que “o afeto é de grande importância
aqui, o que estimula a criança a superar as dificuldades”, nestes termos damos
ênfase às atividades que envolvem o lúdico e que certamente articulam ações
dialógica que mobilizam a emoção e o afeto tanto para o professor quanto para o
aluno.
5. PERCURSO METODOLÓGICO
Nestes termos, entendemos que o AEE deve articular estratégias e ações que
possam eliminar as barreiras e garantir o acesso ao conhecimento científico e a vida
sociocultural para estes sujeitos, e no contexto desta pesquisa que propõe o uso da
contação de histórias e os jogos educativos como mais uma possibilidade de
inclusão, com vista a suplementar e/ou complementar a formação dos alunos.
Entretanto, consideramos que estas estratégias apresentam potencial de alcançar o
desenvolvimento no processo ensino-aprendizagem não somente dos alunos
deficientes, como ainda, dos alunos considerados sem deficiência.
O decreto de no 7.611 em seu 3o artigo, destaca os seguintes objetivos para o
AEE:
I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no
ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo
com as necessidades individuais dos estudantes;
II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no
ensino regular;
III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos
que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e
IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais
níveis, etapas e modalidades de ensino. (BRASIL, 2011, s.p.)
É possível observar que o AEE não tem por função ou objetivo realizar o
reforço escolar e/ou a escolarização dos alunos com deficiência, no entanto, se faz
necessário que este trabalho não esteja “desvinculado” do contexto educacional.
Isso significa que é necessário buscar estar alinhado e em constante diálogo com o
currículo educacional com a proposta pedagógica da escola, e sempre que possível
com o planejamento do professor, na intenção de possibilitar uma formação cidadã
para a vida em sociedade. Assim, o contexto desta pesquisa traz em sua essência
articulações de estratégias no ensino-aprendizagem de ciências que possam ser
realizadas no AEE, como também na sala de aula regular pelo professor de ciências,
pois objetivamos a garantia do acesso e permanência da PcD na escola regular de
ensino.
71
5.1.1. Sujeitos
Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de cinco etapas, que foram planejadas
e articuladas para o melhor desenvolvimento da investigação. Vale ressaltar que
todas as etapas foram elaboradas e executadas de forma flexível, buscando
respeitar o “contínuo de espirais cíclicas” presentes no contexto de uma pesquisa-
ação. No quadro 3 apresentamos de forma sucinta e objetiva cada uma das etapas e
os recursos que vêm sendo mobilizados ao longo desta pesquisa.
a) Primeira etapa:
A primeira etapa tratou da seleção da temática e subtemática dos conteúdos
científicos. Tomamos como referência a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
que é o documento que vem sendo instituído pelas políticas públicas da educação
no Brasil. Consideramos válido ponderarmos que em nossa compreensão este
documento ainda deve ser analisado e questionado no contexto escolar e da
universidade, buscando um olhar mais crítico e reflexivo quanto aos aspectos
ideológicos que se fazem presentes ao longo do texto que ele apresenta. Contudo,
apesar das ressalvas que temos sobre este documento, optamos por considerá-lo,
na intenção de nos aproximarmos do atual contexto da escola regular, tendo em
vista que almejamos que os recursos utilizados nesta pesquisa possam ser
considerados como possibilidades ao ensino-aprendizagem de ciências em
perspectiva da inclusão.
Assim, selecionamos a temática que é indicada ao ensino de ciências naturais
“corpo humano”, contudo optamos pelas subtemática que estão direcionadas para
os alunos do 1o ano do ensino fundamental, unidade temática: vida e evolução;
objetos de conhecimentos: corpo humano com as habilidades localizar, nomear e
representar graficamente – por meio de desenhos – partes do corpo humano e
explicar suas funções.
Consideramos importante sinalizar que a faixa etária dos sujeitos envolvidos
nesta pesquisa são de 6 a 9 anos de idade, pois levamos em consideração o
aspecto distorção idade série que se encontram algumas PcD. A escolha desta
temática justifica-se não somente por fazer parte da recomendação e das
habilidades que são propostas pela BNCC para os alunos com idades a partir dos 6
anos e que frequentam o 1o ano do ensino fundamental. Para além disso,
observamos na prática durante os atendimentos que muitos destes alunos têm
dificuldades em compreender as partes que compõem o corpo humano, bem como
identificar suas respectivas funções, tendo um reflexo quanto a percepção do seu eu
e do outro, nas práticas de higienes e dificuldades para a construção da autonomia
destes sujeitos.
b) Segunda etapa
Diagnose 1:
74
Diagnose 2:
Já no contexto de construção desta pesquisa e a partir da escolha das
atividades, sentimos a necessidade de realizarmos o que aqui chamamos de
diagnose 2, em que observamos mais profundamente quais conceitos científicos,
relacionados a temática corpo humano, em que os alunos tinham dificuldades e
ainda criar um momento de “ambientação” dos alunos com a temática e com as
atividades que iriam ser trabalhadas posteriormente a contação de histórias.
Assim, nossa diagnose 2 se deu a partir de uma atividade que utilizamos um
desenho, figura 1, de um boneco bem simples, para pintura, lápis de cor e caneta
para quadro branco.
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com
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Vale ressaltar que a escolha do desenho utilizado para esta etapa teve como
critérios dois aspectos: primeiro que fosse um desenho com características simples
e o segundo foi o direito de uso e manuseio da figura 2. Logo, a única imagem,
disponível na web que atendeu aos dois critérios foi a da imagem acima.
No início foi explicado como funcionaria a atividade, que cada um receberia
um desenho e que poderiam pintar com as cores de sua preferência e depois
iríamos brincar de “marque no desenho a parte do corpo, solicitada”.
Todos receberam os desenhos bem como podemos observar na figura 3 e
deram início a pintura, ao final um dos alunos tomou a iniciativa de pegar seu
desenho e prender no quadro branco, os outros fizeram a mesma coisa.
Aproveitando a iniciativa deu-se início a brincadeira, quando era chamado um aluno
por vez, era entregue o pincel e solicitado que marcassem o boneco uma
determinada parte do corpo, cabeça, nariz, orelha, olhos, pé e outras.
c) Terceira etapa
A terceira etapa foi a seleção de histórias. Inicialmente buscamos por histórias
já constituídas no universo da literatura a partir de dois critérios: o primeiro exigia
que a história pudesse de alguma forma envolver a temática e subtemática
selecionada e o segundo critério solicitava que a história pudesse ser materializada
em um recurso concreto para ser utilizado na prática da contação de história.
76
d) Quarta etapa
Esta etapa exigiu muitas articulações de diferentes saberes, diálogos entre
áreas distintas e contribuições de muitos colaboradores para que pudéssemos
realizar a construção de materiais e recursos. Algumas mobilizações na prática
docente, na intenção de alcançarmos os objetivos aos quais nos propomos para
esta pesquisa. Para uma melhor compreensão vamos subdividir esta etapa em
quatro momentos.
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sociedade, além de uma grande riqueza de repertoria que envolvem lendas, contos
e outros mais, bem como: “lenda do boto”, lenda do açaí” e outras.
Aqui, somos marcados por traços caboclos de profundas peculiaridades
regionais, terras de muitos rios, matas, de uma cultura alimentar singular, de muitas
crendices populares que estão incorporados aos nossos saberes e que certamente
demarcam que o contar história aqui – na Amazônia – deve levar em consideração
todos estes aspectos, em termos de se considerar a riqueza dos saberes de quem
escuta.
O segundo aspecto é da importância de se deixar bem demarcado quando é o
início e quando é o fim da história, aqui chamaremos de marcador inicial e marcador
final. Consideramos este aspecto como importante, pois ele proporciona um marco
de chamada de atenção e que resulta em um momento de forte interação entre
narrador-ouvinte. O marcador construído para a realização da prática da contação
de histórias nesta pesquisa teve influência a partir de observações de outros
contadores (especialmente da contadora Marluce Araujo) e das contribuições da
professora do curso.
Descrição do marcador inicial: “levanta a mão direita, levanta a mão
esquerda, esfregar uma na outra, bem forte, e quando estiver bem quente coloque
nas orelhas, feche os olhos. Novamente esfregue as mãos e quando estiver quente
pegue na mão da pessoa que está ao seu lado, a professora então, olhando nos
olhos do ouvinte, fala: – porque quem conta e escuta história divide calor e emoção.
Por fim esfregue as mãos novamente e ainda mais forte e abrindo as mãos uma ao
lado da outra dê um sopro, e mais uma vez a professora olhando nos olhos do
ouvinte, fala: – porque quem conta e escuta história espalha palavras de amor e
afeto pelo mundo inteiro”. Descrição do narrador final: “– e quem escutou pegue a
mão direita e a mão esquerda e mais uma vez esfrega e sopra ainda mais forte: –
porque quem escuta e reconta história espalha palavras de amor e afeto pelo mundo
inteiro”.
O marcador inicial e final já descrito acima foi construído buscando interação
e participação dos ouvintes e possibilita desde este momento o introduzir alguns
conceitos de ciências relacionados a subtemática escolhida para esta pesquisa.
A segunda mobilização se fez presente durante a prática das atividades, aqui
elaboradas, pois o contar história para a PcD me fizeram muitas vezes andar na
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contramão, de algumas técnicas que são descritas nos livros sobre a performance
da contação de histórias.
São muitas as indicações de que, no contar histórias, se deve buscar
minimizar o uso de objetos concretos, pois é fundamental instigar a imaginação e a
criatividade do ouvinte, contudo, na prática podemos observar que a utilização de
uma materialidade – recurso concreto –, os alunos sempre interagiam mais e
doavam mais de sua atenção, além de possibilitar que os alunos que não oralizam
pudessem recontar a narrativa, escutada, a partir da utilização destes recursos.
Como é possível observar, a contação de histórias como estratégia
pedagógica solicita algumas mobilizações, que as vezes vem em sentido de se
buscar novas construções formativas, como ainda reflexões de que a prática é
sempre um caminho que apresenta desafios e confrontos.
Nesta seção vamos apresentar os dados que foram construídos a partir das
análises do corpus da pesquisa, que fora constituído na pesquisa-ação durante três
encontros, que totalizam seis aulas, sendo cada uma de trinta minutos, utilizadas na
prática da pesquisa. Quatro aulas para a contação da história pela professora e duas
para a recontagem da narrativa pelo aluno, as atividades aconteceram em
atendimentos individuais. A partir destes momentos foi possível a construção de
textos gerados decorrentes da contação de histórias e do reconto feito pelos alunos.
As quatro primeiras aulas utilizamos para contar a história, que foi contada
duas vezes – primeira vez nas duas primeiras aulas e a segunda nas duas aulas
seguinte, em dias distintos –, ao final da contação sempre era aberto para um
momentos de diálogo sobre a impressão dos alunos sobre a narrativa, nas duas
últimas aulas foram para que os alunos pudessem recontar a narrativa e fazerem
uso do recurso.
A constituição do corpus da investigação se deu por meio das transcrições
das filmagens das seis aulas e ainda das anotações feitas no diário de campo da
professora.
Assim, vamos realizar nossas análises fazendo uso da ATD – bem como já
elucidamos em nossa seção anterior –, daremos ênfase nas atividades da contação
da história realizada pela professora para os alunos e da recontagem da história
realizada pelos sujeitos desta pesquisa, optamos por elencarmos categorias a priori:
responsividade, saberes científicos e emotivo-volitivo
Era uma vez, uma menina que se chamava Ceci. Ela adorava brincar no parque. Certa vez,
Ceci brincando entre as plantas encontrou um objeto bem diferente, era um tronco de um
manequim.
Então, ela resolveu deixá-lo guardado no banco ali próximo e continuou a brincar. De repente a
menina encontrou os membros superiores do manequim e correu em direção ao banco para
encaixá-los no tronco e pensou:
- Vou procurar o que ainda falta!
Animada ela passou a procurar as partes que faltavam do manequim. Encontrou a cabeça com
pescoço e foi logo encaixar. Em seguida, encontrou membros inferiores e os encaixou. Assim, o
manequim ficou completo.
Ceci sentou-se ao lado do manequim e ficou a imaginar de quem ele poderia ser. Olhou para
um lado, olhou para o outro, mas como não viu ninguém procurando por ele. Passou a imaginar
que o manequim era seu amigo e assim ficou brincando com ele por horas, horas e horas...
O Sr. Antônio que estava passando pelo parque avistou a menina brincando com o manequim
e disse:
- Este manequim é da dona da loja!
E Ceci perguntou:
- Quem é a dona da loja? Como eu faço para reconhecê-la? Como eu a encontro?
Seu Antônio logo respondeu:
- A dona da loja é a Ana. Pega aqui esse papel e lápis e desenha as características dela que vou já
falar. Ela é uma senhora de altura mediana, tem um rosto redondo, membros superiores (braços)
finos e membros inferiores (pernas) grossos, cabelos cacheados e pele negra.
Ceci agradece ao senhor e fica a pensar:
- Poxa…, mas vou devolver o manequim logo agora que ele é meu amigo!?
Ceci se sentou ao lado do manequim muito triste e segurando o desenho com as
características da mulher e refletiu sobre a situação, mas, logo decidiu:
- Amigo manequim, vou te entregar para a dona da loja, pois isso é o certo!
Carregando o manequim e o desenho, Ceci seguiu em direção à rua das lojas. Lá percebeu
uma senhora que parecia estar procurando algo. A menina olha para o desenho que havia feito e
vê que a senhora tem as mesmas características. Então ela vai falar com a mulher:
- A senhora é a dona da loja de manequim? O que a senhora está procurando?
A mulher responde:
- Sim, sou dona da loja e estou procurando um manequim que caiu do caminhão de entrega. Meu
nome é Ana
Ceci, então diz:
- Seria esse?
Dona Ana fica muito feliz e responde:
- É esse sim! Que bom que você o encontrou e o trouxe para mim.
A dona da loja decidiu agradecer a menina e chama seu filho para entregar à Ceci um
presente. Era um par de patins e os equipamentos de segurança.
Ceci fica muito feliz, pergunta o nome do menino:
- Me chamo Pedro. Você quer andar de patins agora?
Ceci animada diz que sim, e então Pedro a ajuda a colocar os equipamentos de segurança:
joelheira (para proteger os joelhos), cotoveleira (para proteger os cotovelos), capacete (para
proteger a cabeça) e por fim coloca os patins. E os dois saem juntos patinando.
Depois do passeio de patins de horas passeando o Pedro diz que precisa voltar para a loja da
sua mãe.
Pedro diz:
- Tchau Ceci!
Os dois se abraçam e a Ceci volta para o parque. Ceci se senta no banco para descansar e
logo faz uma reflexão:
- Estou tão feliz…, pois ganhei um amiguinho de verdade! Ele tem duas orelhas; dois olhos lindos;
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um nariz; uma boca que fala, fala; muitos dedinhos na mão, polegar, indicador, dedo médio, anelar
e mindinho. O Pedro é todinho de verdade!
Daquele dia em diante Ceci e Pedro se tornaram bons amigos e passaram sempre a brincar e
andar de patins juntos.
6.1.1. Responsividade
observar no quadro 6, em que destacamos alguns dos principais atos que sinalizam
a escuta responsiva dos sujeitos.
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neste sentido Matos (2014) aponta que a contação de histórias possibilita ao ouvinte
se identificar com a narrativa, entender e até solucionar seus conflitos, bem como
entender o mundo que o cerca.
6.1.3 Emotivo-volitivo
podemos observar: “ansioso para pegar no Sr. Antônio”, “insiste em pegar Sr.
Antônio”, “expressão triste”, “ansiosa para pegar os recursos”, “expressão facial de
triste”, “expressão de sério com olhar atento”, “ansioso para pegar nos
personagens”, destacamos que consideramos a ansiedade a partir do movimento do
corpo, gesto de querer pegar com a mão, projeção do corpo em direção ao recurso,
nestes termos consideramos como indícios do tom emotivo-volitivo ansioso, que
busca de alguma forma participar, interagir e satisfazer seus desejos.
Assim, podemos analisar a partir das emoções expressas pelos alunos que,
eles se envolvem afetiva e emocionalmente com a narrativa. Para Abramovich
(2008, p. 17) “é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções
importantes”, e dentre deste emotivo-volitivo temos a alegria e a ansiedade que
foram expressadas por estes sujeitos de forma espontânea e que, por vezes foram
controladas e outras vezes nem tanto.
Ressaltamos ainda que segundo Yang e Damásio (2007) e Damásio (2000)
as emoções irão impactar na aprendizagem do sujeito, sejam estas emoções
positivas ou negativas. E em nosso contexto de pesquisa as emoções foram
vivenciadas a alegria como emotivo-volitivo positivo e a ansiedade que em dados
momentos esteve de forma positiva, ao impulsionar para um querer mais e também
buscar mais interação – especialmente com os recursos – e que em dados
momentos a ansiedade esteve de forma negativa quando não conseguiram aguardar
a sua hora para manusear os recursos.
Como vemos, a partir das análises apresentadas no contexto da contação da
história pela professora foram possíveis de se constituir uma ambiente educacional
dialógico, em termos de se proporcionar ao processo ensino-aprendizagem de
ciências dos alunos PcD possibilidades de expressar o seu ato responsivo, seu
interesse nos conhecimentos científicos, como ainda, terem instigado o emotivo-
volitivo a partir da relação de diálogo.
Dessa forma, ponderamos que a partir dos dados de nossa pesquisa, é
possível reafirmar e fortalecer os estudos apresentados por Vigotski (2012), que
apontam para o desenvolvimento da aprendizagem do sujeito PcD por intermédio
das interações e compensação social, nos levando a uma resultante de que é
possível favorecer o desenvolvimento a PcD, desde que sejam oferecidas as
oportunidades de interação, de mediação pelos textos visuais, pelo professor, pelos
105
colegas, que devem atentar para as linguagens não orais. A prova é que não é só
pela oralidade que o tom emotivo-volitivo se expressa. O querer fazer também
ocorre por meio do olhar, do bater palmas, pelo sorriso, pelas ações de pegar o
boneco, e neste sentido entendemos que estas condições acontecem no âmbito de
uma educação dialógica que valoriza as diferenças e respeita as diversas formas de
ensinar, aprender, ver e compreender o mundo que nos cerca.
Era uma vez, uma menina que se chamava Ceci. Ela adorava brincar no parque. Certa vez,
Ceci brincando entre as plantas encontrou um objeto bem diferente, era um tronco de um
manequim.
Então, ela resolveu deixá-lo guardado no banco ali próximo e continuou a brincar. De repente a
menina encontrou os membros superiores do manequim e correu em direção ao banco para
encaixá-los no tronco e pensou:
- Vou procurar o que ainda falta!
Animada ela passou a procurar as partes que faltavam do manequim. Encontrou a cabeça com
pescoço e foi logo encaixar. Em seguida, encontrou membros inferiores e os encaixou. Assim, o
manequim ficou completo.
Ceci sentou-se ao lado do manequim e ficou a imaginar de quem ele poderia ser. Olhou para
um lado, olhou para o outro, mas como não viu ninguém procurando por ele. Passou a imaginar
que o manequim era seu amigo e assim ficou brincando com ele por horas, horas e horas...
O Sr. Antônio que estava passando pelo parque avistou a menina brincando com o manequim
e disse:
- Este manequim é da dona da loja!
106
E Ceci perguntou:
- Quem é a dona da loja? Como eu faço para reconhecê-la? Como eu a encontro?
Seu Antônio logo respondeu:
- A dona da loja é a Ana. Pega aqui esse papel e lápis e desenha as características dela que vou já
falar. Ela é uma senhora de altura mediana, tem um rosto redondo, membros superiores (braços)
finos e membros inferiores (pernas) grossos, cabelos cacheados e pele negra.
Ceci agradece ao senhor e fica a pensar:
- Poxa…, mas vou devolver o manequim logo agora que ele é meu amigo!?
Ceci se sentou ao lado do manequim muito triste e segurando o desenho com as
características da mulher e refletiu sobre a situação, mas, logo decidiu:
- Amigo manequim, vou te entregar para a dona da loja, pois isso é o certo!
Carregando o manequim e o desenho, Ceci seguiu em direção à rua das lojas. Lá percebeu
uma senhora que parecia estar procurando algo. A menina olha para o desenho que havia feito e
vê que a senhora tem as mesmas características. Então ela vai falar com a mulher:
- A senhora é a dona da loja de manequim? O que a senhora está procurando?
A mulher responde:
- Sim, sou dona da loja e estou procurando um manequim que caiu do caminhão de entrega. Meu
nome é Ana
Ceci, então diz:
- Seria esse?
Dona Ana fica muito feliz e responde:
- É esse sim! Que bom que você o encontrou e o trouxe para mim.
A dona da loja decidiu agradecer a menina e chama seu filho para entregar à Ceci um
presente. Era um par de patins e os equipamentos de segurança.
Ceci fica muito feliz, pergunta o nome do menino:
- Me chamo Pedro. Você quer andar de patins agora?
Ceci animada diz que sim, e então Pedro a ajuda a colocar os equipamentos de segurança:
joelheira (para proteger os joelhos), cotoveleira (para proteger os cotovelos), capacete (para
proteger a cabeça) e por fim coloca os patins. E os dois saem juntos patinando.
Depois do passeio de patins de horas passeando o Pedro diz que precisa voltar para a loja da
sua mãe.
Pedro diz:
- Tchau Ceci!
Os dois se abraçam e a Ceci volta para o parque. Ceci se senta no banco para descansar e
logo faz uma reflexão:
- Estou tão feliz…, pois ganhei um amiguinho de verdade! Ele tem duas orelhas; dois olhos lindos;
um nariz; uma boca que fala, fala; muitos dedinhos na mão, polegar, indicador, dedo médio, anelar
e mindinho. O Pedro é todinho de verdade!
Daquele dia em diante Ceci e Pedro se tornaram bons amigos e passaram sempre a brincar e
andar de patins juntos.
Samuel
- História...
((Inicia montando o manequim, coloca o tronco do manequim no banco, encaixou a cabeça,
braço... braço, pega as pernas, vai ao mesmo tempo indicando em seu próprio corpo as partes que
narra.))
- Joelho
((Pega o Seu Antônio, mas antes de colocar ele fala))
- Guarda isso (já tirando as partes do manequim)
((Coloca seu Antônio e a Ceci.))
((Depois pega o lápis com o papel e coloca na mão da Ceci.))
((Pega o outro papel e coloca na mão do seu Antônio))
- Ele deu tchau (seu Antônio) e foi embora
- Ceci foi para a rua das lojas
((Coloca dona Ana ao lado da Ceci))
((Colocou os equipamentos de segurança e os patins na Ceci, sem atribuir nome, mas relacionou
exatamente o objeto a cada parte corpo))
- Dona Ana foi embora
((Guardou os equipamentos de segurança e os patins))
- Ceci voltou para o parque e ela estava brincando de pular, pular, pular...
-Fim.
Fonte: Autoras (2019)
Bem
Ceci que gostava de brincar, brincou na praça com o filho
- A mãe que tem tamanho médio era bonita
- Eles estavam todos na praça, pai, mãe e filho e foram logo para o shopping
- Eles foram na praça passearam, pegaram ônibus, pai, mãe e filho pro shopping.
- Depois só o pai e o filho foram pro shopping, pegaram a comida, depois foram para a praça
brincaram e foram para Apae.
((Bate palma, marcando que é o fim.))
Fonte: Autoras (2019)
Mãe do Bemr:
- Professora, mais no shopping. Quase todo domingo é que o pai dele gosta de ir comer lá.
Fonte: Autoras (2019)
109
Podemos observar, no quadro 12, que este aluno construiu uma nova
narrativa, em que contém apenas dois enunciados do texto base, e em nossa
compreensão isso caracteriza fortes indícios de autoria, em termos de
responsividade da sua recontagem da história.
O ato responsivo do Bem é bem marcado a partir do momento em que ele
reconta, mas que não o faz de qualquer forma, simplesmente reproduzindo o texto
base, ele deixa evidente sua responsividade no contar, pois faz a recontagem a
partir de seu ato ético, que não responde de qualquer forma, bem como destaca
Bakhtin (2017) que no ato responsável o sujeito fala de seu lugar que é único, em
outras palavras, o aluno escutou a narrativa de forma responsiva e na sequência
ocupava um lugar que era único, singular, em que só ele podia recontar da forma
que fez.
A resposta dele, no recontar, traz os enunciados de sua vida cotidiana, de sua
escuta, experiências, além de realizar relações com alguns elementos da narrativa
base, pois ele diz que vai na praça busca tornar evidente que vai mais ao shopping e
ainda destaca na sua recontagem o que ele faz quando vai ao shopping.
No quadro 13 apresentamos um pequeno fragmento do diário de campo, um
diálogo com a mãe deste aluno, que confirma o que estávamos inferindo, de que a
ida ao shopping de fato era parte do cotidiano do aluno e que por isso ele transpôs
para a sua narrativa.
Assim, compreendemos que no pensar o ensino-aprendizagem de ciências
para a PcD, devemos considerar que são sujeitos que aprendem, de forma
responsiva, pois os dados aqui apresentados nos permitem analisar que eles não só
são capazes de escutar, como ainda de recontar fazendo relações com seus
contextos de vida. E um ensino de ciências em perspectiva de alfabetização
científica, segundo Chassot (2018) propõem exatamente, que os alunos possam
realizar estas articulações dos saberes que a escola ensina com suas vidas
cotidianas e que assim a escola estará enfim formando cidadãos críticos e
participativos.
Ademais, vale destacarmos que um ensino-aprendizagem de ciências em
perspectiva de educação dialógica, que utiliza a contação de história, pode ampliar o
desenvolvimento dos alunos, pois:
110
Quadro 14: Versão da Isis para narrativa, ela assume como narradora
Isis
Era uma vez a Ceci, que estava na praça brincando de pular correr com seu amigo manequim,
veio o seu Antônio.
Seu Antônio:
- Oi Ceci
Ceci:
- Oi seu Antônio
Seu Antônio:
- Esse manequim e da dona da loja.
Ceci:
- Mas quem é, não conheço
Seu Antônio:
- Pega o papel e desenha
Ela desenhou.
Seu Antônio:
- Tchau Ceci
Ceci:
- Tchau seu Antônio, amigo manequim vou te levar para a loja.
E foi embora e chegou lá com dona Ana.
Ceci:
-Você tá procurando alguma coisa tá aqui o manequim.
Dona Ana:
- Sim obrigada vou chamar meu filho, filho...?
Pedro:
111
Tayrone
- A Ceci na praça brincando
- Veio o Antônio
- Depois veio a mãe e o menino, todos na praça.
- Todos juntos e ficavam se balançando. (ele faz os personagens girarem, mas chama de
balançar)
- Deitaram no chão
- Levantaram, perna e pé
- Antônio entregou pra mãe a cabeça e foi embora
- Mãe foi loja.
- Menino embora
- Ceci e o boneco, na praça brincando, feliz
- Depois o Pedro amigo Ceci, olho, nariz e dedos
- Mãe foi pra praça
- Antônio na praça
- Amigos de brincar na praça.
Fonte: Autoras (2019)
Quadro 16: fragmentos III do diário de campo, diálogos com o responsável do
Tayrone
Professora:
- Como é o Tayrone em casa, na escola, em sua vida social?
Pai:
- Professora, ele gosta de brincar muito, pra ele tudo é brincadeira... mas ele tem uma coisa, tudo
que pega põem pra rodar e quando fica com vergonha se deita no chão (risos), agora que ele faz
as coisas, mas sempre brincando com tudo.
Fonte: Autoras (2019)
formas de linguagens não verbais (não oralizadas). E estas podem contribuir para o
ensino de qualquer disciplina; b) Que o olhar, as palmas, o sorrir, o pegar nos
bonecos, todos são formas de ações responsivas e atos emotivos-volitivos. A fala
não é melhor forma, é uma das formas de responder, de agir, de querer algo; c) Que
o olhar para alfabetização científica – especialmente quando se trata de estudos do
corpo humano – deve estar direcionado a perspectiva da relação/ do outro/ da
alteridade é que propicia o ensino-aprendizagem, que esta muito além de identificar
e classificar partes do corpo.
116
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES...
REFERÊNCIAS
AINSCOW, M,; MILES, S. Por uma educación para todos que sea inclusiva:
Hacia donde vmos ahora?. Perpectivas, vol; XXXVIII, no 1, marzo 2008. Disponível
em http://sid.usal.es/idocs/F8/ART14013/por_una_educacion_inclusiva.pdf. Acesso
em 09 ago. 2019.
BAKHTIN, M.M. Para uma Filosofia do Ato Responsável. [Tradução aos cuidados
de Valdemar Miotello & Carlos Alberto Faraco]. P.41–146. São Carlos: Pedro & João
Editores, 2017.
HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo. Editora
Perspectiva, 2008.
122
MORAES, R. e GALIAZZI, C. Análise textual discursiva. 2. ed. Ver. Ijuí: Ed. Unijuí,
2011.
APÊNDICES
125
APÊNDICE A
Era uma vez, um menino que se chamava Pedro, ele adorava brincar no
parque. Certa vez, Pedro brincando sozinho entre as plantas do parque encontrou
um objeto bem diferente, era um tronco de um manequim.
Então, ele resolveu deixar guardado no banco ali próximo e seguiu a brincar.
Depois o menino encontrou os braços e correu em direção ao banco para encaixar
no tronco os membros superiores do manequim, e pensou:
- Vou procurar o que falta!
Animado ele passou a procurar as partes que faltavam, encontrou a cabeça
com pescoço e foi logo colocar no manequim. Em seguida, encontrou as pernas e
encaixou os membros inferiores no manequim que ficou completo.
Pedro sentou-se ao lado do manequim e ficou a imaginar de quem poderia
ser, mas como não viu ninguém procurando o boneco ali por perto decidiu brincar
com ele, passou a fingir que o manequim era seu amigo e assim brincar por horas
com o “seu amigo manequim”.
Passando pelo parque o Sr. Antônio avistou o menino brincando com o manequim e
disse:
- Esse manequim é do dono da loja!
E Pedro pergunta:
- Quem é o dono da loja? Como eu faço para reconhecer ele?
O homem fala:
- Vou te dar esse papel e lápis e você desenha o que vou te falar. Ele é um
senhor alto e forte, com braços e pernas grossas, tem um rosto redondo, calvo, com
sobrancelhas grossas, tem um nariz grande e bigode fino.
Pedro agradece ao senhor e fica a pensar:
- Poxa... mas vou devolver o boneco logo agora que ele é meu amigo!.
Sentou-se novamente ao lado do manequim muito triste e segurando o
desenho refletiu e logo decidiu:
- Amigo manequim vou ter que entregar você para o dono, pois esse é o certo
a se fazer!
126
APÊNDICE B
O (A) Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da
pesquisa “Contar e recontar histórias no ensino-aprendizagem de ciências na
perspectiva da inclusão”, que tem como objetivo analisar a prática do contar e
recontar histórias no ensino-aprendizagem de ciências dialógico, que trabalhem com
os conhecimentos científicos para a PcD, em uma perspectiva de inclusão
educacional.
O motivo que nos leva a estudar parte da necessidade de estratégias de
ensino-aprendizagem que favoreça o desenvolvimento da aprendizagem do sujeito
com deficiência intelectual e possibilite a inclusão educacional.
Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos metodológicos:
qualitativa Deslauriers & Kérisit (2012), com procedimentos de pesquisa-ação Tripp
(2005). Os instrumentos utilizados são: diário de bordo, filmagem e gravação de
áudio.
Dos riscos desta pesquisa leva em consideração os alunos com deficiência
intelectual, que poderão naturalmente se emocionar, se empolgar ou ter momentos
angustiante durante a execução das atividades lúdicas, podendo a qualquer
momento interromper, não responder a algum questionamento do pesquisador, ou
não aceitar participar das atividades propostas. Sendo assim, como forma de manter
o sigilo da pesquisa e a integridade dos sujeitos participantes serão consideradas as
seguintes medidas: o uso de nomes fictícios; documentos como o Termo de
Autorização da Escola, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e
Termo de Assentimento Livre e esclarecido (TALE) e usar nome de uma instituição
fictício.
128
_____________________________________________________, na cidade de
_____________________, Estado ______________, podendo ser contatado (a)
pelo número telefônico ( ) ____________ fui informado (a) dos objetivos do estudo
“Contar e recontar histórias no ensino-aprendizagem de ciências na perspectiva da
inclusão””, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Concordo que
os materiais e as informações obtidas relacionadas à minha pessoa poderão ser
utilizados em atividades de natureza acadêmico-científica, desde que assegurada a
preservação de minha identidade. Sei que a qualquer momento poderei solicitar
novas informações e modificar minha decisão de participar, se assim o desejar, de
modo que declaro que concordo em participar desse estudo e recebi uma via deste
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
APÊNDICE C
BELÉM/PA
2019
132
SOBRE AS AUTORAS
APRESENTAÇÃO
estes sujeitos fazem parte dos “atores” que formam a escola, e logo, tem o direito a
um ensino de qualidade, que esteja para além de rabiscos em papéis
(descontextualizados das aulas), pinturas ou serem deixados em um canto da sala
de aula.
E neste sentido, o ingresso no Mestrado Profissional de Educação
Matemática e Científica – PPGEDOC – suscitou o voltar-se para as práticas da sala
de aula, tendo em vista que o formato destes mestrado é proporcionar investigações
que estejam diretamente relacionados com problemáticas de sala de aula e ainda de
valorização das pesquisas realizadas pelos professores da educação básica, em
síntese oportunizar o maior diálogo entre as pesquisas que a universidade realiza
com a prática de ensino-aprendizagem. Assim, ansiando buscar estratégias que
possibilitem melhores condições ao ensino-aprendizagem da PcD e a ampliação da
inclusão destes sujeitos é que se apresenta esta pesquisa dissertativa.
Tendo em vista ainda, que no cenário atual com tantas leis, decretos e
manifestos que reafirmam a garantia de tais direitos pode soar até incoerente o
exposto acima. Entretanto, pondero do lugar de escuta, das muitas vozes de
responsáveis dos alunos que atendo, dos muitos diálogos com professores das
classes regulares de ensino, que ainda discursam do não saber o que fazer com os
alunos com deficiência que chegam em suas classes e das muitas observações ao
caderno dos alunos.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
PRIMEIRO ATO.............................................................................................9
CAPÍTULO 2
DIÁLOGOS TEORICOS...............................................................................13
CAPÍTULO 3
EM AÇÃO... PARA UMA CONTAÇÃO DE INCLUSÃO...............................19
CAPÍTULO 4
PARA CONTAR E RECONTAR..................................................................22
CAPÍTULO 5
ATO FINAL OU CENAS PARA UM NOVO OLHAR? .................................27
CAPÍTULO 6
BASTIDORES.............................................................................................38
136
CAPÍTULO 1
137
PRIMEIRO ATO...
CAPÍTULO 2
141
DIÁLOGOS TEÓRICOS
os sujeitos que fazem parte do contexto de sala de aula. Neste sentido, esta
estratégia também é compreendida como positiva para o desenvolvimento da
aprendizagem da PcD e o favorecimento do processo de inclusão educacional
desses sujeitos.
Para Freitas (2016, p. 61)
CAPÍTULO 3
146
quem conta e escuta história espalha palavras de amor e afeto pelo mundo inteiro”.
Descrição do narrador final: “– e quem escutou pegue a mão direita e a mão
esquerda e mais uma vez esfrega e sopra ainda mais forte: – porque quem escuta e
reconta história espalha palavras de amor e afeto pelo mundo inteiro”. Neste
momento os alunos sempre interagem de forma alegre e entusiasmados.
Ao iniciarmos a narrativa vamos apresentando o desenho dos personagens e
gradativamente constituído a cena a cena, é o contar a história e ao mesmo tempo ir
mostrando as cenas no próprio recurso. Ao final da história marcamos seu termino,
repetindo a parte final do marco inicial, “Por fim... vamos esfregar as mãos
novamente e ainda mais forte e abrindo as mãos uma ao lado da outra de um sopro,
e mais uma vez a professora olhando nos olhos do ouvinte, fala: – porque quem
conta e escuta história espalha palavras de amor e afeto pelo mundo inteiro”.
No segundo momento convidávamos os alunos para recontar a história,
fazendo uso do recurso, eles sempre faziam questão de começar a partir do marco
inicial, e recontaram a narrativa fazendo uso do recurso, todos buscaram
acrescentar aspectos de sua vida, de suas experiencias a narrativa, demonstrando
indícios de que haviam compreendido a histórica que escutaram e que não queriam
simplesmente repetir o que foi contado. Os quatro alunos interagiram e exploraram o
material disponibilizado ao máximo para o recontar e ao mesmo tempo estavam
sempre preocupados com a professora que era a ouvinte naquele momento. De um
modo geral todos estiveram muito empenhados para recontar a histórias,
especialmente por poderem manusear o recurso, cada aluno contou à sua maneira e
dentro de suas possibilidades.
151
CAPÍTULO 4
152
➢ Narrativa
Destacamos que temos a intenção de que está narrativa possa ser utilizada
para a contação, bem como que os docentes possam se apropriar e construírem
novos desdobramentos, pois ela tem característica de inacabamento, como um
convite para que possa ser ampliada e/ou seguir novos desdobramentos.
Era uma vez, uma menina que se chamava Ceci. Ela adorava brincar no
parque. Certa vez, Ceci brincando entre as plantas encontrou um objeto bem
diferente, era um tronco de um manequim.
Então, ela resolveu deixá-lo guardado no banco ali próximo e continuou a
brincar. De repente a menina encontrou os membros superiores do manequim e
correu em direção ao banco para encaixá-los no tronco e pensou:
- Vou procurar o que ainda falta!
Animada ela passou a procurar as partes que faltavam do manequim.
Encontrou a cabeça com pescoço e foi logo encaixar. Em seguida, encontrou
membros inferiores e os encaixou. Assim, o manequim ficou completo.
Ceci sentou-se ao lado do manequim e ficou a imaginar de quem ele poderia
ser. Olhou para um lado, olhou para o outro, mas como não viu ninguém procurando
153
por ele. Passou a imaginar que o manequim era seu amigo e assim ficou brincando
com ele por horas, horas e horas...
O Sr. Antônio que estava passando pelo parque avistou a menina brincando
com o manequim e disse:
- Este manequim é da dona da loja!
E Ceci perguntou:
- Quem é a dona da loja? Como eu faço para reconhecê-la? Como eu a encontro?
Seu Antônio logo respondeu:
- A dona da loja é a Ana. Pega aqui esse papel e lápis e desenha as características
dela que vou já falar. Ela é uma senhora de altura mediana, tem um rosto redondo,
membros superiores (braços) finos e membros inferiores (pernas) grossos, cabelos
cacheados e pele negra.
Ceci agradece ao senhor e fica a pensar:
- Poxa…, mas vou devolver o manequim logo agora que ele é meu amigo!?
Ceci se sentou ao lado do manequim muito triste e segurando o desenho com
as características da mulher e refletiu sobre a situação, mas, logo decidiu:
- Amigo manequim, vou te entregar para a dona da loja, pois isso é o certo!
Carregando o manequim e o desenho, Ceci seguiu em direção à rua das
lojas. Lá percebeu uma senhora que parecia estar procurando algo. A menina olha
para o desenho que havia feito e vê que a senhora tem as mesmas características.
Então ela vai falar com a mulher:
- A senhora é a dona da loja de manequim? O que a senhora está procurando?
A mulher responde:
- Sim, sou dona da loja e estou procurando um manequim que caiu do caminhão de
entrega. Meu nome é Ana
Ceci, então diz:
- Seria esse?
Dona Ana fica muito feliz e responde:
- É esse sim! Que bom que você o encontrou e o trouxe para mim.
A dona da loja decidiu agradecer a menina e chama seu filho para entregar à
Ceci um presente. Era um par de patins e os equipamentos de segurança.
Ceci fica muito feliz, pergunta o nome do menino:
- Me chamo Pedro. Você quer andar de patins agora?
154
Ceci animada diz que sim, e então Pedro a ajuda a colocar os equipamentos
de segurança: joelheira (para proteger os joelhos), cotoveleira (para proteger os
cotovelos), capacete (para proteger a cabeça) e por fim coloca os patins. E os dois
saem juntos patinando.
Depois do passeio de patins de horas passeando o Pedro diz que precisa
voltar para a loja da sua mãe.
Pedro diz:
- Tchau Ceci!
Os dois se abraçam e a Ceci volta para o parque. Ceci se senta no banco
para descansar e logo faz uma reflexão:
- Estou tão feliz…, pois ganhei um amiguinho de verdade! Ele tem duas orelhas;
dois olhos lindos; um nariz; uma boca que fala, fala; muitos dedinhos na mão,
polegar, indicador, dedo médio, anelar e mindinho. O Pedro é todinho de verdade!
Daquele dia em diante Ceci e Pedro se tornaram bons amigos e passaram
sempre a brincar e andar de patins juntos.
➢ Recurso
Também fazem parte do recurso cinco personagens, figura 5, estes têm cada
um o seu momento de integrar a narrativa.
Utilizamos estas imagens – que foram cedidas quanto ao seu direito autoral
pelo artista Andrei Miralha –, para a construção do kit, que materializa a narrativa.
157
CAPÍTULO 5
158
criadas a partir deste texto base, até mesmo para garantir maior exploração do
recurso construído.
Ademais, podemos construir jogos educativos que os personagens participam
do contexto do jogo, como uma forma de ampliar os diálogos, por diferentes
perspectivas lúdicas, mas ressaltamos que queremos mesmo é que o leitor possa
criar e compartilhar com outros professores novos desdobramentos ao que aqui
iniciamos.
Pois nesse contexto, destacamos que, a partir da realização de nossa
pesquisa e análise dos dados, nos foi possível compreendermos que o uso da
contação de histórias contribui para o ensino-aprendizagem de ciências, pois
possibilita um horizonte discursivo, um contexto que convoca o aluno para
questionar, indagar, querer compreender e relacionar os saberes científicos aos
seus conhecimentos e experiências de vida.
E neste sentido, é importante percebermos que está pesquisa traz em sua
essência um olhar para o processo de inclusão em perspectiva humanística, de
valorização das diferenças, de compreensão que a PcD tem potencialidades de
aprendizagem e desenvolvimento, desde que lhes sejam oferecidas condições, que
estão muito além de se pensar somente em recursos pedagógicos, mas que esta na
natureza das interações dialógicas que lhes são oportunizadas de vivenciar.
Em vista disso, assinalamos que uma educação nessa perspectiva contribui
para o desenvolvimento e fortalecimento das interações dialógicas, no processo
ensino-aprendizagem para todos os sujeitos que frequentam a escola, sejam eles
deficientes ou não. A eles, será dado espaço, voz, acesso ao conhecimento
científico que seja possível articular com os acontecimentos do mundo que o
cercam, em síntese a garantia, na prática, de uma formação de cidadãos críticos,
capazes de fazer suas escolhas e tomadas de decisões de forma responsiva.
160
CAPÍTULO 6
161
BASTIDORES...
nome a escrita da palavra com as partes, ele ainda proporciona explorarmos outras
associações, que não consideramos por não ser o nosso foco central.
O segundo jogo educativo foi construído, um tabuleiro de trilha, conforme
figura 7, utilizando papel canson em tamanho grande e impressão em A4 das
imagens menores, reutilizamos o dado e os pinos de outros jogos já sem uso.
Figura 7: Tabuleiro de trilha
REFERENCIAS
BAKHTIN, M.M. Para uma Filosofia do Ato Responsável. [Tradução aos cuidados
de Valdemar Miotello & Carlos Alberto Faraco]. P.41–146. São Carlos: Pedro & João
Editores, 2017.