Tese Nunes Implantação EIP
Tese Nunes Implantação EIP
Tese Nunes Implantação EIP
Botucatu
2022
2
Botucatu
2022
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM.
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CÂMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE-CRB 8/5651
Nunes, Lélia Cápua.
Implantação de uma disciplina interprofissional em um
Campus de expansão : contribuições para a formação
discente e o desenvolvimento docente / Lélia Cápua Nunes.
- Botucatu, 2022
Comissão Examinadora
_____________________________________
Profa. Dra. Eliana Goldfarb Cyrino (orientadora)
Universidade Estadual Paulista
_____________________________________
Prof. Dr. Thiago Rocha Pinto
Universidade Federal de Uberlândia
_____________________________________
Profa.Dra.Clélia Maria de Sousa Ferreira Parreira
Universidade de Brasília
_____________________________________
Prof. Dr. Paulo Marcondes Carvalho Júnior
Instituto Educater
_____________________________________
Profa. Dra. Luciana Cristina Parenti
Unesp
Botucatu,___de_______________de________
4
Agradecimentos
A Deus, providência divina, energia de tudo que há e que nos conecta, por renovar as
forças, por permitir a cada dia um novo amanhecer repleto de possibilidades.
A minha mãe Elaine, por sempre acreditar ser possível e incentivar a minha busca por
significados pessoais e profissionais.
Ao meu pai Sebastião, por ensinar tanto sobre o mundo e como ser no mundo.
A minha irmã Marina, meu maior orgulho, que me inspira com sua inteligência e
criatividade.
Ao meu amor Bruno, por estar ao meu lado no sentido mais profundo da palavra, pela
escolha e compreensão de todos os dias.
Àos(às) amigos(as) que me acompanham pela vida por tornarem cada momento
importante e presente na saudade.
Ao SUS, pelo acesso à saúde integral, equitativo e universal e por significar uma
conquista popular na luta por direitos.
Resumo
Abstract
The aim of the research was to analyze the process of construction and implementation
of a discipline that integrates courses in the health area at a public university in the
state of Minas Gerais. A case study was carried out with a qualitative methodology in
the action research modality, which covered from the joint decision to create the
discipline, as an objective to be achieved by the Education through Work for Health
Program/GraduaSUS, until the end of one semester of implementation of the initiative.
The methods and techniques of participant observation, focus group, semi-structured
interview, and document analysis were used to capture the perception of professors
and students and allow in-depth analysis of the path taken from the perspective of
interprofessional education, health training for the Unified Health System and teaching
practice. Professors and students from the following courses participated in the study:
Physical Education, Pharmacy, Physiotherapy, Medicine, Nutrition, and Dentistry.
Thirteen validated categories emerged from the content analysis of the material:
Insecurities in facing interprofessional education; gap between theory and practice in
interprofessional training and education; paths to interprofessional education;
Education through Work for Health Program favored the meeting between the
professions; the Institution as a key supporter for innovation processes; teaching work
in the face of a thousand tasks: the need to value teaching activities; Physical
Education and its identity as a health profession; Dentistry and isolated practice;
Medicine in the centrality of care; the approximation between the University's health
training and the perception of interprofessional work; the development of teamwork
competence; an experience in the discipline as a space for teaching learning and
paradigm shift from isolated practice to practice in a professional team. The
assumption was partially confirmed that the formation of a discipline based on the
foundations of interprofessional and interdisciplinary education contributed positively
to changes in health education for comprehensive care in the Unified Health System.
There were positive results in the acquisition of teamwork competence and in the
interprofessional relationship between students and professors and transformation of
teaching practice. However, there were limitations of the effects on curriculum
reorientation influenced by issues at the meso and macro levels, related to institutional
and infrastructure issues. We expect that these results will contribute to the
understanding of the dynamics of interrelationships, meanings and socio-historical
representations and to consequent advances in the incorporation and consolidation of
interprofessional education actions in the curricula of courses in the health area.
Lista de Quadros
AB Atenção Básica
ABE Aprendizagem Baseada em Equipes
ACS Agente Comunitário(a) de Saúde
CDARA Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CEREST Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
CIAPES Coordenação de Inovação Acadêmica e Pedagógica
CIETIS Colóquio Internacional de Educação e Trabalho Interprofissional em
Saúde
CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
COAPES Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino-Saúde
CONGRAD Conselho Setorial de Graduação
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
DA Diretório Acadêmico
DC Diário de Campo
DCBV Departamento de Ciências Básicas da Vida
DCE Diretório Central dos Estudantes
DCN Diretrizes Curriculares Nacionais
DDI Diário Docente Inicial
DDF Diário Docente Final
E1 Entrevista 1
EIP Educação interprofissional
eSF Equipe da Saúde da Família
ESF Estratégia Saúde da Família
FIS Formação Integradora em Saúde
GFD1 Grupo Focal Docentes 1
GFD2 Grupo Focal Docentes 2
GFE Grupo Focal Estudantes
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
ICV Instituto Ciências da Vida
12
Sumário
APRESENTAÇÃO............................................................................................. 17
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................... 23
2.1 A MUDANÇA DA FORMAÇÃO EM SAÚDE PARA O SUS: MOVIMENTOS
INDUTORES NO BRASIL........................................................................... 23
2.2 EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE: POSSIBILIDADES E
DESAFIOS DE IMPLEMENTAÇÃO............................................................ 25
2.3 O DESENVOLVIMENTO DOCENTE NA FORMAÇÃO EM SAÚDE NO 28
BRASIL.......................................................................................................
3 JUSTIFICATIVA E PRESSUPOSTO............................................................. 31
4 OBJETIVOS................................................................................................... 32
4.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................... 32
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 32
5 METODOLOGIA............................................................................................. 33
5.1 TIPO DE ESTUDO...................................................................................... 33
5.2 LOCAL E CENÁRIO DA PESQUISA........................................................... 34
5.2.1 Governador Valadares, Minas Gerais...................................................... 34
5.2.2 A Universidade......................................................................................... 35
5.3 CURSOS DE GRADUAÇÃO ENVOLVIDOS............................................... 35
5.4 PARTICIPANTES........................................................................................ 36
5.5 A POSIÇÃO DA INVESTIGADORA............................................................ 36
5.6 O CAMINHO PERCORRIDO....................................................................... 37
5.7 TÉCNICAS E MÉTODOS DE GERAÇÃO DO MATERIAL.......................... 37
5.7.1 Observação participante........................................................................... 37
5.7.2 Grupos focais............................................................................................ 38
5.7.3 Entrevistas semi-estruturadas.................................................................. 39
5.7.4 Diários dos docentes e de memória......................................................... 39
5.7.5 Materiais transversais ao estudo.............................................................. 40
5.8 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES................................................................. 40
5.9 CRITÉRIOS ÉTICOS................................................................................... 42
6 RESULTADOS.............................................................................................. 43
15
Apresentação
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3 JUSTIFICATIVA E PRESSUPOSTO
4 OBJETIVOS
5 METODOLOGIA
5.2.2 A Universidade
5.4 PARTICIPANTES
1
PINTO, J.B. Teoria e Prática da Pesquisa-Ação [S.l.; s.n.]. (Mimeo). [198-?]
39
dos docentes foram analisadas conforme descrito abaixo, por análise de conteúdo
temática de Bardin (2016):
1) Pré-análise
Foi realizada uma leitura flutuante para ter contato com os materiais e
conhecer o texto, deixando a leitura ir tornando-se mais precisa em função das
hipóteses emergentes.
2) Exploração do material
As unidades de registro foram codificadas segundo temas a partir da
descoberta de núcleos de sentido que compuseram a comunicação, e posteriormente
categorizadas.
3) Tratamento e interpretação dos resultados obtidos
Nesta etapa, procedeu-se à consolidação e interpretação dos resultados
(BARDIN, 2016).
Os resultados advindos da observação participante e demais materiais
produzidos foram incorporados aos significados, reflexões e interpretações,
contribuindo para aproximação da apreensão da realidade implícita nos objetivos e
para aprofundar o diálogo com a literatura. Os resultados foram discutidos com base
nos marcos teórico-conceituais sobre docência universitária e educação
interprofissional em saúde e nas sistematizações de demais experiências de EIP.
Os nomes das pessoas participantes foram modificados por nomes fictícios
e todas foram caracterizadas como mulheres, inclusive em suas falas. Além disso, a
profissão e lotação Departamentel dos docentes não foram identificadas, nem
informadas de forma individualizada nas respectivas falas. Estas decisões
justificaram-se pela preservação da identidade dos sujeitos, considerando a
responsabilidade da pesquisadora com a ética no desenvolvimento do estudo, além
da análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) (MINAYO; GUERRIERO, 2014).
Solicitar aos participantes do estudo a conferência da transcrição de suas
falas aumenta a acurácia dos dados e pode contribuir para que eles reconstruam sua
narrativa por meio da exclusão de partes que pensem não representar mais sua
experiência ou que os apresentam de uma forma negativa (BIRT et al, 2016). Neste
estudo, os resultados sintetizados e analisados foram enviados aos participantes para
que informassem se foram representados de forma negativa, verificassem se refletiam
sua experiência ou realizassem qualquer outro comentário pertinente (BIRT et al,
42
2016).
6 RESULTADOS
2
BERNSTEIN, B. Pedagogy, Symbolic Control and Identity: Theory Research, Critique. London:
Taylor and Francis, 1996.
47
3As Ligas Acadêmicas são organizações formadas por discentes, que desenvolvem ações de ensino,
pesquisa e extensão com a finalidade de aprofundar os estudos em determinado tema (UFJF, 2021a).
50
situações, alguns professores, por iniciativa própria e não por orientação institucional,
estimulavam os estudantes a trabalharem e aprenderem juntos, com intencionalidade
da troca de experiências e conhecimentos.
De forma transversal às aulas, os estudantes atuantes em projetos de
extensão e pesquisa tinham a oportunidade de ampliar o olhar e o modo de fazer para
além do curso, muitas vezes a partir da vivência nos cenários de prática, porém, essa
atuação era limitada ao número de projetos e respectivas vagas.
Os estudantes estavam organizados em Diretórios Acadêmicos (DA) de
cada curso e todos faziam referência ao Diretório Central dos Estudantes (DCE),
pertencente à UFJF, mas com representantes em Governador Valadares. Suas
atuações eram marcantes em defesa de um ensino de qualidade, tendo o DA da
Odontologia, inclusive, realizado uma greve histórica por garantia de compra de
materiais e equipamentos, melhoria de laboratórios e implantação de um laboratório
de próteses (PORTAL G1, 2016). Além disso, eles mantinham as Associações
Atléticas, destinadas à promoção de esportes e realização de campeonatos Intercurso
e Copas.
6.2.1 Planejamento
indicaram três representantes para participar do grupo formado. Todo o processo foi
conduzido com ciência de todos os envolvidos, mesmo que não fosse possível
presença completa em todas as reuniões.
No dia 09 de novembro, a lama de rejeito da exploração de minério
proveniente da barragem de Mariana chegou a Governador Valadares e os planos
mudaram. Os locais públicos e os alugados pela Universidade fecharam as portas, a
situação era crítica. Não havia água para beber nas casas, principalmente de pessoas
em condição de vulnerabilidade social. Não havia também informação sobre quando
a água poderia voltar a ser consumida. Apesar disso, permanecemos na cidade
reunindo na Praça de alimentação de um centro comercial na intenção de finalizar a
proposta a ser submetida ao edital.
Diante do direcionamento do eixo do edital relacionado ao desenvolvimento
de mudanças curriculares alinhadas às DCN, da orientação da realização de ações
comuns interprofissionais nos grupos tutoriais visando sua incorporação na estrutura
dos cursos (BRASIL, 2015) e da identificação dos pontos de vulnerabilidade no
diagnóstico situacional, decidimos propor a criação de uma disciplina optativa/eletiva
interprofissional, baseada no modelo de ciclo integrador sugerido para a realização
das ações de educação permanente no âmbito do PET-Saúde/GraduaSUS.
Após o início das atividades do PET-Saúde/GraduaSUS, na definição das
atribuições relacionadas aos objetivos propostos no projeto, o grupo responsável pelo
planejamento e gestão permitiu que eu ficasse responsável por conduzir o processo
de implantação da disciplina, em virtude do conhecimento adquirido na realização de
cursos de reorientação e inovação curricular na área de docência na saúde. Além
disso, o coletivo se engajou na proposta de mudança e concordou, também, que o
caminho percorrido fosse estudado.
6.2.2 Ação
da minha graduação, não tinha essa conectividade, não tinha esse tipo de
projeto nem esse tipo de ação. Então, meu sentimento é de insegurança.
(Rebeca, Grupo Focal Docentes 1 (GFD1))
Eu não conheço muito bem e daí também vem a minha ansiedade e um pouco
da preocupação de como trabalhar com um grupo diverso, [...] de entender
melhor a profissão do outro e saber como que nós podemos conectar a minha
profissão com a do outro, esse que eu acho que é o maior desafio. Então,
acho que todos nós de forma geral da saúde trabalhamos e conhecemos um
pouco da interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, mas somos um pouco
carentes da interprofissionalidade, esse aí eu acho que é o desafio que a
gente vai ter nesse projeto. (Luísa, GFD1)
mas elas tentavam fazer isso, então, por exemplo, no [nome do hospital], eu
trabalhei com um grupo dentro da dermatologia que tinha uma dificuldade
muito grande de, dessa interprofissionalidade, principalmente dentro da
dermatologia, mas eles conseguiam, à medida que a gente ia conversando e
discutindo algumas coisas, respeitar o trabalho do outro e inserir isso no
trabalho profissional. (Márcia, GFD1)
Nas disciplinas de Saúde Coletiva, que são alguns estágios que tentam fazer
ampliação desse conhecimento, desse conteúdo, e tentam articular a grade,
dar uma cara de matriz...ela fica num contra de curso porque o que acontece
é que a gente fala isso no início dos períodos e depois ele se perde porque
ele tem um conhecimento altamente especializado, pensa dentro da caixinha,
a Medicina tem essa caixinha e é o corpo, e a gente é pior ainda, porque a
caixinha é a boca, então piora bastante, essa caixinha diminui muito, né?
Então minha discussão fica presa nesse lugar. (Letícia, GFD1)
Só da gente unir aqui várias profissões num ideal comum, da gente participar
do PET ou outros programas e de outros projetos com o [nome] e outros
professores aqui, acho que a sala de espera é um exemplo que eles têm, eu
não participo, mas eu sei que é um projeto muito interessante que eles já se
integram, já é uma sementinha. (Paula, GFD1)
Porque a extensão, na verdade, ela é uma prática que resgata a teoria, ou
seja, nós somos obrigados a adaptar a teoria na prática, ou seja, é muito mais
60
simples fazer, então eu acho que a extensão talvez seja um exemplo pra
gente saber, até o modelo de como a gente levar pro ensino ou pra pesquisa,
um modelo interprofissional que a gente deseja. (Maria, GFD1)
Essas oportunidades [projetos de extensão] elas são pontuais e alguns
alunos as praticam, então não é tida como algo institucionalizado e dentro do
curso. Daí a necessidade de se trabalhar no PPC. (Joana, GFD1)
Eu acredito que essa visão [interdisciplinar e interprofissional], ela é mais
facilitada com as metodologias ativas, porque essa visão de o professor como
centro, o fornecedor da informação, do conhecimento, não consegue essa
interdisciplinaridade, interprofissionalidade. (Rebeca, GFD1)
Porque a gente vem de uma metodologia ainda [...] que é mais arcaica, que
é paternalista também, é o professor no tablado [...]. Eu acho que todas as
DCN aqui falam do reflexivo, crítico, e como que você vai fazer com a
metodologia antiga, eu acho bem complicado. (Paula, GFD1)
As profissões ainda não compreendem o pra quê elas vieram e qual a área
de domínio. Então elas buscam em seus currículos firmarem suas áreas de
domínio, isso aqui é meu, ninguém mexe, e isso vai ser desconstruído a partir
do momento que a gente fala que há uma interprofissionalidade. Então
primeiro se a gente não consegue assegurar uma segurança do tipo eu não
preciso dizer que isso é meu e eu posso dizer que isso é nosso, como é que
eu vou criar um currículo baseado nisso? Então a gente ainda [...] busca uma
identidade, não tem sua identidade [...] e aí depois a gente vem discutir como
que a gente entrega um pedaço. (Luísa, GFD1)
Tem que partir [...] dos professores levarem isso pros alunos, a gente
aproximar os nossos alunos do curso de saúde nessa contextualização da
soma do trabalho de equipe pra gente fazer a diferença e cada um respeitar
61
Acho que um obstáculo muito difícil de vencer é [...] essa ruptura entre os
professores, porque acho que quando a gente pensa em fazer formação
profissional, a gente tem que avaliar a articulação de vários grupos de
pensadores. E eu acho que talvez que um grande desafio nisso é como que
a gente vai desconstruir isso com o professor, que nós somos uma formação
feudal, nós somos totalmente feudais, nós criamos nossos espaços, somos
territorialistas. Como que eu vou conversar com o coleguinha do lado pra
gente fazer essa tal interprofissionalidade? (Maria, GFD1)
Eu já percebi como coordenadora: -Ah, eu vou oferecer essa porque o outro
vai oferecer essa. Então na verdade ainda por ser territorialista, é falar: - Olha,
eu posso fazer isso [...]. É... permutas, né, permutas... mas pensando sempre
já no coletivo. (Paula, GFD1)
Nós somos modelo, e se nós somos modelo, se a gente encarar, e eu tô
dizendo que o desafio do professor encarar talvez não seja tão difícil, então
a gente tá muito perto. (Luísa, GFD1)
62
E aí, como estratégia, o que eu vejo é tentar sensibilizar a gestão pra isso e
a capacitação. Eu acho que eu só vejo uma transformação do estudante se
os professores forem capacitados, eu não vejo transformação no estudante
se nós não transformarmos os professores primeiro. (Ana, GFD1)
O NDE, eu acho que é [...] um ponto de apoio que a gente consegue trazer
isso. É pra isso mesmo o NDE, pra ele repensar o perfil do egresso, se a
gente tá fazendo, caminhando nessa direção. Então se a metodologia [...]
ativa claramente carrega pra isso, o NDE tem que tá aberto. E ele vai levar
essa proposta. (Luísa, GFD1)
No NDE, eu sou uma voz contra-hegemônica dentro do NDE. [...]. Na
verdade, eu falar de metodologia ativa, de integralização, de Saúde Coletiva,
de olhar ampliado, eu sou uma estranha no ninho. [...] Acredito que na
Medicina também seja assim, exista alguns estranhos no ninho da Medicina,
da Saúde Coletiva, da epidemio, que pensa na Saúde Coletiva, e que tem a
maioria que nunca foi...despertada a pensar, não é que eles não possam
pensar. Acho que é a questão quando eu falo no desafio da motivação é isso,
a gente precisa mesmo de conversar, os NDEs, os mecanismos
institucionais, que eles conversem, inclusive os NDEs [um docente diz: “é
verdade”], que eles se integrem, que eu não fique no NDE uma voz sozinha,
que eu preciso do apoio da Fisio, da Medicina, de todo mundo, desse grupo
aqui, mas falar entre os cursos, tá? (Letícia, GFD1)
4O MBTI parte do pressuposto de que comportamentos que parecem aleatórios são, na verdade,
devido a diferenças na forma das pessoas utilizarem sua percepção e julgamento. São quatro índices
possíveis, que combinam entre si: Extroversão-Introversão; Sensibilidade-Intuição; Sentimento-
Pensamento e Julgamento-Percepção (CONTI; McNEIL, 2011).
65
relação aos outros cursos por causa da greve dos estudantes. Porém, estávamos
todas ali.
O objetivo do encontro foi refletir sobre os métodos de avaliação que
utilizávamos e quais alternativas formativas poderiam ser incorporadas. As docentes
compartilharam nos grupos sua experiência com avaliação do estudante. Ao final foi
realizada uma simulação de situação de avaliação com posterior reflexão em grupo.
Ao terminar a atividade no grupo, Maria veio conversar e contou que era
muito resistente aos métodos ativos, mas que estava começando a mudar a partir do
curso. Havia notado uma certa resistência por parte dela no grupo focal, mas
imaginava que todas ali estavam muito abertas ao que estava proposto durante
aqueles dez meses de construção. Refleti sobre compreender seus motivos de
permanecer em uma prática na qual estivesse segura, sobre possibilidades de
transformar esse pensamento e sobre a importância de ações formativas para
estimular transformações.
A avaliação novamente destacou que o tempo foi curto e as docentes
queriam aprofundar o tema. Porém, apesar de ser uma questão recorrente, dadas as
condições que nos encontrávamos, naquele momento não foi possível atendê-las
nesse sentido. O encontro também foi visto como uma forma de apoio, senti que as
docentes participavam de forma muito ativa e interagiam entre si, muitas vezes
construindo juntas pela primeira vez na Universidade.
5
Metodologia na qual são construídos grupos com um relator fixo. Cada grupo discute um tema. Todos
os participantes, exceto o relator, rodam todos os grupos, de forma que todos contribuem com todos
os temas.
67
mensagens e outros ambientes virtuais. Todo este processo foi acompanhado por oito
docentes, de cinco profissões da saúde, dos seis Departamentos da área da saúde.
No geral, o tempo de atuação na docência variou de 3 a 18 anos e o tempo de
formatura de 8 a 29 anos.
O caminho narrado compõe uma descrição em sequência cronológica de
nove reuniões e outros momentos em que destaquei aspectos relacionados à/às:
convivência e aprendizado interprofissional, metodologias ativas, integração ensino-
serviço-comunidade e formação em saúde.
Cinco meses após o último encontro do curso de capacitação foi realizada
a primeira reunião para implantação da disciplina. Ela ocorreu em uma sala de
reuniões improvisada ao fundo do galpão denominado D9, no qual estavam
localizados os Departamentos e as salas de professores e da direção do ICV. As
unidades eram separadas por divisórias de compensado, havendo muito ruído no
ambiente.
Estávamos presentes oito professoras, dos cursos de Educação Física,
Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição e Odontologia. Esperava menor
participação diante de todas as limitações que vivenciávamos, foi uma surpresa
positiva. Não houve representações do DCBV e da profissão médica. Quanto a
segunda, havia abordado sobre a disciplina na reunião do Departamento de Medicina
e duas professoras manifestaram interesse, porém, por serem concursadas vinte
horas poderiam somente participar de reuniões após às dezenove horas e esse
horário estava indisponível para as demais docentes.
Para começar, expliquei a todas sobre o projeto e acolhi as contribuições,
com objetivo de (re)aproximar, retomar a proposta e pensar os próximos passos em
conjunto. A disciplina, segundo acordado, teria trinta vagas ofertadas de forma
equitativa aos seis cursos e seria ministrada nas quartas-feiras à tarde. O dia e o
horário foram escolhidos após encontrarmos um tempo em comum na rotina de
trabalho de cada uma das participantes que poderia ser protegido. Cada docente ficou
responsável por mobilizar e conduzir as ações necessárias nos seus respectivos
Departamentos. Seria realizada uma reunião para apresentar a proposta da disciplina
às coordenadoras dos cursos, visando trazê-las para a discussão e buscar apoio à
iniciativa. As docentes participaram ativamente, de forma engajada. O fato de
estarmos sempre próximas, por dividirmos a mesma sala dos professores e o mesmo
69
corrente.
Luísa e Tábata sugeriram que a disciplina fosse inserida nos cursos com
caráter eletivo, porque assim teria maior relevância no currículo. A disciplina optativa
seria destinada à formação da cultura geral, configurando-se como uma opção para o
estudante e computada como atividade complementar (UFJF, 2016). Já a eletiva seria
destinada à formação acadêmica e integraria o PPC, computada como carga horária
de disciplina eletiva (UFJF, 2016).
As demais docentes apoiaram a ideia e decidiram levá-la aos respectivos
Departamentos. Após ser pautada em reunião Departamental, a proposta deveria ser
aprovada no Colegiado dos Cursos a partir da recomendação dos NDEs. Em seguida,
iria para a PROGRAD para ser aprovada no Conselho Setorial de Graduação
(CONGRAD) e seria enviada para a Coordenadoria de Assuntos e Registros
Acadêmicos (CDARA) para realização do ajuste no SIGA.
A partir do cronograma, definimos que as aulas seriam programadas e
conduzidas por duplas. Nesse momento, as docentes manifestaram o interesse de
estarem participando sempre que possível, porque informaram terem a vontade de
aprender sobre os métodos e condução das aulas umas com as outras. Pensei que a
participação na disciplina pudesse representar também um processo formativo, que
poderia induzir uma reflexão sobre a prática, que culminaria com seu desenvolvimento
e talvez, sua mudança.
Definimos as orientações para o portfólio que seria construído em grupo
pelos discentes. Faríamos reuniões de equipe previamente à realização da avaliação
dos estudantes, para alinharmos as ideias e estarmos mais preparadas, já que não
tínhamos experiência com o método. Estes momentos eram muito importantes,
porque aprendíamos juntas e compartilhávamos nossas dificuldades e aprendizados.
Na reunião seguinte, levaríamos o rascunho dos conteúdos previstos para
as aulas e respectivas competências que poderiam ser desenvolvidas [de cada área,
a princípio, e depois visualizaríamos o que seria comum] e sugestões de cenário de
prática para realização da ação de educação em saúde e de perguntas para compor
a avaliação da disciplina pelos discentes.
Ao final de julho fui informada que, por uma lacuna de comunicação, a
disciplina não estava incluída na nova versão do PPC encaminhada para aprovação.
Repassei a informação ao grupo. Teríamos que recomeçar todo o caminho. A
72
atitude, notamos que cada DCN abordava essas questões de forma diferente. Isso fez
uma confusão em nossas mentes. Percebemos a dificuldade de pensar todos aqueles
conceitos e ainda encontrar semelhanças e complementaridades. Tudo refletia no
desafio de criar uma disciplina integrada, em equipe e com lacunas de conhecimento
a serem preenchidas. Não conseguimos aprofundar a discussão porque o expediente
de trabalho estava finalizando e as docentes tinham outras atividades. A limitação de
tempo disponível, diante de todas as demais atividades que conduzíamos, como
aulas, extensão, pesquisa, cargos administrativos, projetos..., era um desafio. Seria
necessário mais tempo juntas. Por isso, acordamos em realizar reuniões quinzenais
no semestre seguinte.
Quinze dias depois seria a última reunião antes da implantação da
disciplina. Decidimos utilizar o instrumento de Cotta e Costa (2016) para avaliação do
portfólio. Optamos por implantar, a princípio, a disciplina com outro código e fazer um
termo de equivalência. As aulas ainda não estavam prontas, mas tinham sua essência.
Fomos colocando cada uma as discussões e os cernes de cada aula para debatermos.
Acordamos fazer reuniões antes das aulas para alinharmos os propósitos e
discutirmos desafios.
Ao início do segundo semestre de 2017, no período de matrícula no SIGA,
descobrimos que mesmo com solicitação antecedente a disciplina não estava lançada
no Plano Departamental. Em virtude dessa condição, os estudantes não conseguiram
realizar a matrícula. Como havíamos percebido que precisávamos de mais tempo e o
semestre estava tumultuado devido à greve e questões relacionadas à mudança de
estrutura física da Universidade, decidimos manter as reuniões e implantar a disciplina
no primeiro semestre de 2018.
Neste período, em uma ocasião de trabalho na sala dos professores,
Letícia veio até mim e contou que ela e Luísa haviam pensado em uma ideia para a
aula. E que, por sempre ministrar aula expositiva, ao planejar algo ativo, teve a
sensação ao ver a aula pronta de que faltava explicar algo do assunto aos estudantes.
Ela disse que esse era um reflexo do que estava acostumada. Pedi a ela, gentilmente,
que colocasse isso no diário que estava escrevendo.
A reunião seguinte fizemos em um espaço público que agendávamos por
um formulário e contribuíamos com material de limpeza. A partir de cartazes,
elencamos os desempenhos que os estudantes deveriam desenvolver ao final da
74
comum durante a semana na rotina dos docentes, também era preciso ter encontrado
um mesmo período disponível no currículo de todos os cursos da área da saúde. E
este deveria considerar o tempo de trânsito entre os prédios.
A organização da disciplina manteve-se em relação ao acordado
anteriormente. As aulas foram aperfeiçoadas e conduzidas por duplas ou trios, com a
participação livre de docentes que se interessassem na observação. Todos os
materiais foram compartilhados em nuvem. Acompanharam toda a implantação da
disciplina seis docentes, de cinco profissões da saúde, dos seis Departamentos da
área da saúde. No percurso houve a ausência de uma professora, por motivo de força
maior, e inserção de uma professora do curso de Odontologia.
Definimos dois cenários de prática para trabalharmos um dos conteúdos
programáticos em consonância com a divisão territorial dos serviços por IES realizada
pela SMS, que visou equiparar a presença dos estudantes nas Unidades de Atenção
Primária à Saúde (UAPS). Em seguida, conversamos com duas profissionais da
saúde desses locais para verificar a possibilidade de receberem e apoiarem os
discentes. Ambas concordaram. Acreditei que a atuação delas como preceptoras no
PET-Saúde/GraduaSUS contribuiu para a abertura à inserção dos estudantes nos
cenários de prática e, portanto, para o estreitamento da relação da Universidade com
os serviços de saúde.
Antes e após as aulas, sempre que possível, realizávamos uma reunião
para alinharmos a metodologia e condução das atividades e fazermos a avaliação do
dia, respectivamente. O percurso na implantação da disciplina encontra-se narrado
por aula, para contribuir com sua compreensão. Foram planejados quinze encontros,
esquematizados em cronograma (Apêndice E).
Apresentação da disciplina
Data: 14/03/2018
Responsáveis: Todas
Em 14 de março de 2018, iniciou-se a disciplina com a presença de
dezesseis discentes dos cursos de Educação Física, Farmácia, Medicina e Nutrição.
Havia ainda duas alunas da Odontologia matriculadas, que faltaram à primeira aula
por causa do atraso do calendário.
Todos nós, docentes, estávamos com expectativa. Iniciei a apresentação
77
VER-SUS
Algumas de nós estávamos na organização do Seminário VER-SUS, por
isso ficamos concentradas no apoio aos palestrantes e às demais atividades do
evento. Destaquei uma fala sobre a importância de começar as mudanças, no sentido
da educação interprofissional, por pequenas iniciativas. Nesse momento, pensei que
estávamos no caminho certo, dado nosso contexto. Foi explanado também que
estratégias de educação interprofissional, a princípio, alcançariam estudantes já
sensibilizados para o tema, por isso torná-las obrigatórias seria um caminho para
fortalecer sua presença na formação dos estudantes. Apesar de concordar com a
ideia, essa ainda era uma possibilidade distante para nós. Anteriormente, teríamos
que vencer grandes desafios estruturais e institucionais de um Campus em
construção.
7Projeto de Seminários no SUS executado pela Rede Unida para fomentar espaços de diálogo entre
as pessoas implicadas com a defesa do SUS.
78
Gestão em saúde
Data: 11/04/2018
Responsáveis: Tábata e Júlia
Mesmo após repensarem a metodologia da aula na semana anterior, foi
necessária nova readaptação. Tábata e Júlia haviam planejado três grupos temáticos,
nos quais uma estudante seria fixa [relatora] e as demais trocariam de grupo ao longo
de tempos demarcados. Porém, devido à presença reduzida de estudantes, este
arranjo tornou-se inviável. Elas conversaram entre si e tomaram uma decisão, de que
todas as alunas iriam participar dos três grupos temáticos. Depois, perguntaram minha
opinião. Novamente senti o quanto o docente precisa de apoio em processos de
inovação. Somos formados como profissionais da saúde, não como professores.
Logo no início, Giovana perguntou sobre a disponibilidade da apresentação
da aula. Respondemos, voltando ao acordado no contrato de convivência, que os
arquivos estariam na nuvem nos prazos definidos: os materiais prévios com uma
semana de antecedência e a apresentação até o sábado seguinte. Não tivemos
condições de finalizar e disponibilizar todas as aulas do semestre com antecedência,
porque estávamos com excesso de atividades.
As professoras explicaram o conceito de gestão em saúde e formaram um
trio e duas duplas. Cada um dos grupos recebeu uma pergunta, cuja resposta foi
discutida e sintetizada em um cartaz [1) O que é planejamento colaborativo em saúde
e como fazer um diagnóstico situacional do local?; 2) Quais propostas de temas para
ações de saúde e quais métodos para aplicação de ações em saúde?; 3) Como avaliar
as ações em saúde implantadas?].
Enquanto as estudantes trabalhavam, Júlia conversou em tom baixo de voz
com Tábata, repassando as etapas seguintes na condução da aula. Depois veio até
mim e disse que “o ruim de metodologias ativas é isso, você faz um planejamento,
chega e o número de alunos altera e aí [fez um gesto com as mãos de “bagunça
tudo”]”. Notei que era um desafio deslocar-se de algo seguro, como uma apresentação
82
Avaliação 1
Data: 18/04/2018
Responsáveis: Laís, Luísa, Rebeca, Tábata e Júlia
Na reunião que antecedeu a aula, Luísa compartilhou conosco sua
experiência com a avaliação de portfólio que propusemos para a disciplina. A partir de
84
ir à UAPS mais tarde ou no dia seguinte para retirá-los. Após esclarecer algumas
dúvidas que surgiram, agradecemos e continuamos andando. Talita nos explicou que
a senhora tinha uma dificuldade de mobilidade, por isso a ajudava levando as receitas.
Passamos em outros domicílios, um deles estava fechado. Assim, a ACS,
preocupada com a perda da consulta agendada para a moradora na sexta-feira,
escreveu um recado e jogou na varanda como um lembrete. Moradores do território
abordavam Talita no caminho para esclarecer dúvidas sobre receitas, medicamentos
e consultas.
Chegamos à casa de Dona Margarida, que nos convidou a entrar abrindo
o cadeado e o portão. Era uma casa antiga, relativamente ampla, onde ela morava
com o esposo, também idoso. Ele estava acamado após ter sofrido um acidente
vascular cerebral.
Talita pediu licença para conferir os remédios, pegando três caixinhas. A
azul continha a foto do senhor e estava dividida em duas partes, uma com um sol e
outra com uma lua desenhadas. A rosa estava decorada com um laço e separada da
mesma forma. A branca era comum, contendo os medicamentos que não faziam parte
da rotina diária.
Enquanto a agente de saúde arrumava os blísteres e conversava com Dona
Margarida, Rafaela começou, muito interessada e curiosa, a fazer perguntas sobre a
atuação dos profissionais farmacêuticos na UAPS. Entre estas, questionou se a
farmacêutica quem havia organizado os medicamentos. Talita respondeu que ela
mesma o tinha feito com a intenção de ajudar, mesmo sabendo que não era sua
função. A situação demonstrou para Rafaela que na prática profissional ela poderia
experienciar circunstâncias em que teria que extrapolar suas competências
profissionais, pois a precariedade demandava de nós atitudes de enfrentamento
desde à formação em saúde até a ponta, nos serviços.
Agradecemos e despedimo-nos, retomando a caminhada para a UAPS.
Talita contou que, por ter sido necessário acionar o Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS) no caso de Dona Margarida, foi perseguida e jurada de
morte. E concluiu, dizendo que ser ACS era gratificante, mas difícil por ter que passar
por situações como essa. A inserção prática era pertinente também para perceber
como a intervenção do profissional de saúde no serviço poderia torná-lo vulnerável.
Na Unidade, ainda na ausência da profissional responsável pelo contato
87
Ética
Data: 02/05/2018
Responsáveis: Luísa, Letícia e Bruna
A professora Letícia iniciou a aula explicando como seria o júri simulado. A
seguir, expôs os princípios norteadores da bioética dialogando com as estudantes,
que manifestaram grande interesse pelo tema.
Foi exibido um vídeo sobre a história de um bebê, que precisava do apoio
de aparelhos para sobreviver por sofrer de uma síndrome rara e incurável. O serviço
de saúde defendia o desligamento dos equipamentos, após tentativa de todos os
recursos possíveis pelos especialistas do hospital. Os pais desejavam levar a criança
a outro país, para que ela recebesse um tratamento experimental. Essa situação
orientou as argumentações.
89
–Vou até o limite da minha profissão, mas temos que conhecer sobre a
profissão do outro. Eu vejo que um paciente precisa de uma dieta, mas não
posso passar porque isso não é minha função. (Luísa, professora)
– A gente recebeu um encaminhamento de um paciente, mas propusemos
uma mudança, porque o paciente estava com uma alteração nos exames.
Então, a farmacêutica foi falar com o médico. Mas tem que falar com cuidado,
porque o farmacêutico não pode diagnosticar, então ficamos em dúvida se
estávamos querendo tomar um papel que é dele. Então, a farmacêutica sabe
que não pode diagnosticar nem prescrever nada, então ela sabe qual o limite
dela enquanto profissional. (Cris, estudante)
– No caso do debate, porque a vontade dos médicos é superior a das
famílias? (Bruna, professora)
– A palavra de uma mãe nunca será maior que a de um médico, então, é
complicado. (Sara, estudante)
saúde responsável pela abertura do espaço à nossa inserção, mas soubemos que o
grupo havia planejado uma intervenção sobre aleitamento materno e não haveria
gestantes, nem mulheres no puerpério, na Unidade no dia e horário reservados. Como
eu iria acompanhar essa equipe durante a aula e houve esse imprevisto, fui
novamente com as meninas do “Resiliência”.
Mariana informou que a profissional que iria nos receber – a que não
conseguiu nos acompanhar na visita anterior – estava ciente e havia agendado a ação
para duas horas da tarde. Quando chegamos à UAPS, a recepcionista comunicou não
ter informações sobre o acordado e que a profissional estava ausente. Ainda,
ressaltou que uma atividade de educação em saúde acabara de acontecer no grupo
de artesanato e outra iria começar.
Uma outra profissional passava pelo espaço e combinou conosco a
realização da ação para a semana seguinte. Não fazia sentido nem para as pessoas,
nem para nós a sobreposição de três atividades. O centro da iniciativa eram os
usuários da UAPS, não a execução da ação em si. Não era fazer por fazer, mas sim
agir com significado. Assim, reorganizamos o cronograma da disciplina, substituindo
a avaliação de portfólio presencial. Nós a faríamos a distância com retorno na aula
seguinte, mesmo cientes de que não teria a mesma qualidade. Foi mais um imprevisto
que enfrentamos e solucionamos. O serviço não está a nosso dispor, ali o cotidiano é
vivo, as coisas acontecem e mudam o tempo todo e nós precisamos buscar formas
de realizar o encontro, no qual vivenciamos os conflitos, a produção integrada de
saberes e a potencialidade do devir.
Quando retornamos todas para um dos prédios locados da Universidade,
na escada em frente à porta principal estavam Josi, Carla e Marina com semblante
muito sério. Achei estranho. Rafaela me passou o contato de Marina e mandei
mensagem, para avisar que elas teriam a semana seguinte para realizar a ação.
Marina disse já terem feito a atividade e enviou uma foto do cartaz que construíram.
Pensei em como elas poderiam ter realizado a educação em saúde sobre aleitamento
materno sem a presença do público-alvo. Respondi que a semana seguinte estaria
reservada para a ação ou para trabalharem no portfólio, devido ao desencontro. Ela
escreveu que não precisariam mais voltar à UAPS.
Subi as escadas para tomar café e encontrei Cris na cantina, que reclamou
de uma confusão no grupo. Ela contou que Giovana escolheu um tema para a ação e
94
estava entusiasmada com ele, mas não ouvia o restante da equipe. Completou que
não via sentido em realizar uma ação para pessoas que não se beneficiariam dela e
que o grupo iria voltar a campo na semana seguinte. Aconselhei-a a reunir o grupo
para uma conversa, porque o trabalho era pra ser concebido em equipe e seria
importante resolver o conflito, inclusive considerando que continuariam a caminhar
juntos. Ela disse que Giovana ficou com raiva e isolada, as três foram à UAPS e ela
estava desestimulada de tanto falar a mesma coisa.
Educação em saúde
Data: 23/05/2018
Responsáveis: Preceptoras
Eu e Rebeca acompanhamos o grupo “Resiliência” na educação em saúde
e Luna se prontificou a conversar com o “Integradores” sobre o conflito. Ela
compartilhou comigo que estava aprendendo muito com a experiência.
Na UAPS, identificamo-nos cordialmente e dirigimo-nos para a sala de
artesanato, que estava com muitas pessoas. As estudantes organizaram todo o
material e, ao terminarem, apresentaram-se e contaram o motivo de estarem ali. Sara
estava sentada para comandar o retroprojetor e as outras ficaram em pé.
Elas iniciaram com uma exposição sobre hipertensão, explicando o que
significava, as causas, as formas de prevenção e os cuidados com os medicamentos.
A plateia, em sua grande maioria de mulheres, ficou atenta em silêncio, com
manifestação de algumas pessoas. As alunas estavam visivelmente nervosas,
preocupadas em falar tudo que treinaram, o que gerou uma dificuldade natural de
escutar com qualidade todas pessoas que faziam perguntas.
Após esse momento, elas distribuíram placas de “verdadeiro” ou “falso” e
fizeram um jogo de perguntas e respostas. As pessoas adoraram e participaram muito,
foi muito interativo. Sara expôs a parte da atividade física, Rafaela dos medicamentos
e Mariana da alimentação.
Quando a ação terminou, fomos para o exterior da UAPS e realizamos uma
avaliação. Primeiramente as estudantes compartilharam suas impressões, depois nós
elogiamos algumas posturas, como a segurança que demonstraram, a preocupação
em interagir, o preparo prévio. Por fim, destacamos pontos de aperfeiçoamento, como
uma escuta mais qualificada, maior diálogo com as pessoas e utilização de linguagem
95
mais acessível, porque elas usaram termos como “cardiopatia” e “diuréticos”. Elas
agradeceram e retornamos.
Na avaliação a distância tínhamos optado por não aplicar avaliação entre
pares, mas mudamos de ideia em virtude do conflito ocorrido em um dos grupos. A
leitura possibilitou notar que a visita à UAPS foi muito significativa e que Rafaela focou
muito a escrita no modo de organização de medicamentos de Talita, isso fez sentido.
Clínica Ampliada
Data: 06/06/2018
Responsáveis: Júlia e Rebeca
As professoras iniciaram a aula questionando o que as estudantes
observaram de diferente na sala, que estava organizada com a representação de um
consultório. Duas mesas foram adaptadas como maca, sobre a qual havia um
travesseiro. Ao lado, estavam uma cadeira e outra mesa com um estetoscópio e um
sonar. Após apresentarem os equipamentos e respectivas funções, as docentes
frisaram a importância da realização da leitura prévia e explicaram a metodologia, que
constituiu em uma simulação.
Foi entregue um caso norteador e dois roteiros distintos, um de atuação e
outro de observação da cena, para cada um dos dois grupos. O caso narrava a história
de uma gestante de risco, que havia perdido o primeiro filho e estava fazendo o
acompanhamento pré-natal na UAPS. Durante uma consulta, ela sentiu dores
abdominais, foi encaminhada ao hospital – onde recebeu o diagnóstico de infecção
urinária – e retornou para casa. Após um tempo, durante a consulta de rotina, ficou
preocupada por não sentir a barriga mexer. A médica deitou a paciente na maca,
96
– Desesperador se sentir dessa forma, ela já fez pré-natal pelo SUS, foi para
o [nome do hospital] com dores e não teve um atendimento adequado e a
médica disse que o bebê estava virando. Ela voltou para casa e ganhou o
bebê com 42 semanas. Quando a gente não sabe...a gente não sabe que
pode recorrer a outros médicos, outros profissionais. E você confia no
médico, a gente não tem maldade de ir atrás buscar informações. Vivi uma
experiência que não foi boa. Quando fui ganhar [o(a) nome do(a) filho(a)] a
médica não tinha nada meu e pediu para eu voltar em casa para buscar os
exames e o cartão pré-natal. Ganhei no [nome do hospital]. Faltou um pouco
de troca de informação entre as médicas. (Sara, estudante)
– A enfermeira fez o papel que deveria ter sido da médica, ter feito um correto
atendimento, com anamnese completa, procurou saber se tinha tido gravidez
de risco, orientou várias questões. (Gabriela, estudante)
– A gente confia no médico... (Sara, estudante)
elas mudariam na criação da cena para alcançar este objetivo. Mariana disse que
poderiam ter incluído o prontuário eletrônico – como estava abordado no texto enviado
previamente – e que era preciso capacitação para sua utilização. Sara completou que
muitos profissionais já não aderiam ao prontuário nos papeis, “imagina nos prontuários
eletrônicos”.
As alunas encarregadas pela observação compartilharam sua avaliação
com a turma, com apoio das docentes. Em um momento, Mariana disse que a médica
não havia inserido informações no prontuário, por isso a enfermeira não encontrou
anotações para conduzir seu atendimento. Rebeca perguntou qual seria o papel do
médico neste caso e houve a conversa:
– A médica tinha que ter perguntado como ela estava [gestante], quais seriam
os sintomas e feito uma anamnese melhor. (Rafaela, estudante)
– E a enfermeira? (Rebeca, professora)
– Acho que ela estava atendendo direito. (Gabriela, estudante)
– Por que vocês trocaram os papeis? (Rebeca, professora)
– Entendemos que a médica não estava sobrecarregada, mas vendo que a
paciente era antiga dela, estava tratando de forma distante. Ela não tava
querendo muito receber aquela paciente, né? (Sara, estudante).
– A gente comparou como foi e como deveria ter sido. A enfermeira deu a
atenção que a médica deveria ter dado. (Gabriela, estudante).
– Como eu disse no início, vemos o médico como porto seguro e esquecemos
que temos o enfermeiro, que pode atender tão bem como o médico. Eu não
sabia que a enfermeira poderia fazer um Papanicolau, descobri faz pouco
tempo, porque estou usando a atenção básica do meu bairro. (Sara,
estudante)
Avaliação 3
Data: 27/06/2018
Responsáveis: Todos
Para observarmos o desenvolvimento e deslocamento da aprendizagem
entre as estudantes, acordamos realizar as três avaliações de cada grupo pelos
mesmos docentes. Inicialmente, procedemos à autoavaliação e avaliação entre pares.
Posteriormente realizamos a avaliação dos portfólios. Estes foram recolhidos com
antecedência para serem analisados com maior atenção.
Percebi no grupo “Resiliência” o quanto as estudantes progrediram desde
101
Algo que nos fortaleceu enquanto grupo e muito, foi o fato de que muitos dos
integrantes da disciplina, conviviam e relacionavam-se em outros espaços de
trabalho, em especial no PET-Saúde/GraduaSUS. Os assuntos emergiam de
maneira conectada, em muitos desses espaços e na disciplina, em especial,
as discussões podiam ser mais aprofundadas, mais trabalhadas. (Joana,
Diário Docente Final (DDF))
103
O início da nossa Universidade, ela veio como um ponto muito positivo porque
a gente tava buscando pares, buscando inovações, buscando formas de
fazer. E o fato de estar iniciando uma Universidade, talvez numa Universidade
que tivesse tudo já muito pronto, a quebra de paradigmas talvez fosse muito
mais complicada do que você com um grupo..., que aí, outro ponto muito
positivo também que eu considero, é o nosso grupo ser muito harmônico.
(Joana, GFD2)
E também vejo como positivo o fato da possibilidade de mudar um pouco a
história de vida ou do próprio curso que a gente tá participando, que é uma
104
A gente precisa de uma zona verde entre os cursos da área da saúde e isso
é pra ontem. É difícil, mas a gente precisa não só pra essa disciplina, pra
qualquer outra atividade integrada entre os nossos cursos. Se a gente quiser
fazer uma atividade da saúde na [Universidade] a gente não consegue,
porque não tem uma zona verde, só sábado, feira da saúde no sábado. Então,
são algumas iniciativas que a gente já pode ir tentando, né? Oh, conversa
com a gerente de graduação, isso é importante, os chefes de Departamento
se reúnem pra ver se há essa possibilidade. (Rebeca, GFD2)
Porque eu acho que a Instituição poderia propor um horário que seja um
horário livre pra que todos os professores de todos os Departamentos
estivessem livres naquele horário pra poder desenvolver trabalhos que
fossem interprofissionais. Acho que se isso tivesse institucionalizado talvez a
gente teria um pouco mais de facilidade de agenda comum. (Luna, E1)
não faço ideia do que que é, e isso é muito ruim, porque você fala eu sou da
mesma área, mas eu não entendo a linguagem do meu colega. E isso era um
dificultador da relação com outros. Ao mesmo tempo que era dificultador
porque eu via que outros colegas entendiam o que os outros falavam, então
assim, realmente sou só eu que não tô entendendo isso daqui. Então, tem
esse lado critico assim da relação. (Luísa, E1)
Eu acho que os outros estudantes não viriam pra nossa disciplina porque
muitas pessoas não veem a Educação Física como área da saúde e eu acho
que até dentro do nosso Departamento tem pessoas que também não veem
a Educação Física como área da saúde, sendo que é. O nosso curso aqui é
de bacharelado né? Não é nem de licenciatura. Eu acho que teria dificuldade
dentro do nosso Departamento, de fortalecer essa área de saúde. Mas
também, mesmo que a gente conseguisse fazer eu acho que ainda as outras
áreas da saúde não enxergariam a gente como referência pra ministrar uma
disciplina na área da saúde. (Tábata, GFD2)
A gente sempre procura abordar um pouco de cada curso. Então, tanto que
nem a gente fez o quiz, a gente botou perguntas e abordamos também
enquanto a gente tava fazendo a ação, tanto a área da Farmácia como a
Educação Física, como a Nutrição, procuramos também botar um pouco da
Odonto, meio que, parece meio complicado, me parecia complicado, mas ai
depois não, a gente descobriu que sempre dá pra juntar um pouco de cada
área e juntos ali mesmo chegar a um resultado, obter um resultado juntos.
(Mariana, GFE)
E na extensão e pesquisa [...] a gente também já trabalhava de forma
integrada, menos a Odontologia. Que aí, todas as ações a Odontologia faz
sozinha e a gente com todos os outros cursos, a gente faz integrado. Tem
essa dificuldade com a Odontologia, não é uma coisa que a gente tem
facilidade de integrar com os outros cursos da área da saúde
assim...Normalmente eles tão, mesmo nas atividades [...], eles têm uma
114
estação própria, eles fazem todos separados das outras áreas. (Tábata, E1)
9
NARVAI, P.C. Odontologia e saúde bucal coletiva. São Paulo: Hucitec, 1994.
115
leva a sério, leva mais pra estética. É importante você saber disso. (Giovana,
GFE)
E... da Odontologia especificamente, é que a Odontologia ela não, ela é pior,
eu não sei se ela é pior, mas ela é igual à Medicina. Ela não sabe trabalhar
em equipe. A Odontologia então, ela agrega uma equipe nova dentro do PSF
[Programa Saúde da Família], ela tem uma equipe nova, uma equipe de
saúde bucal. Então, isso diz muito da construção da Odontologia. (Letícia,
E1)
Durante essa reflexão, a professora Letícia reafirmou o que havia colocado
no grupo focal, referente à formação em Odontologia:
-“Todas nós somos formadas em caixinha, aí tudo bem...a caixinha do
medicamento, a caixinha da comida, do exercício físico, mas imaginem pra
Odontologia, que a caixinha é a boca! Como faz pra enxergar o sujeito?”
(Letícia) (DC).
Mas, talvez outros cursos, por exemplo, Educação Física, eu acho que não
teve tanta dificuldade. Mas na Odontologia, eu percebi essa dificuldade, isso
foi relatado pelos colegas. É... por que isso? Porque que eu acredito que seja
isso? Porque são áreas muito clínicas, ele tá ali no consultório, tem
atendimento, eles a Odontologia principalmente. A Farmácia também é
assim, então tá acostumado a trabalhar ali, na assistência e na dispensação
de medicamentos, a Odontologia na clínica Odontológica, e menos do que o
enfermeiro, por exemplo, a gente não tem enfermagem aqui, mas menos do
que o educador físico, menos que o fisioterapeuta... trabalham mais de
maneira individual. (Rebeca, E1)
Eu acho que não é fácil assim, que eu vejo, na realidade. Igual eu vejo muitas
matérias que os professores é... falam, dois, um..., caso que o profissional
médico se fecha muito a não querer discutir com o farmacêutico sobre a
medicação. (Rafaela, GFE)
**10
– A gente recebeu um encaminhamento de um paciente, mas propusemos
uma mudança, porque o paciente estava com uma alteração nos exames.
Então, a farmacêutica foi falar com o médico. Mas tem que falar com cuidado,
porque o farmacêutico não pode diagnosticar, então ficamos em dúvida se
estávamos querendo tomar um papel que é dele. Então, a farmacêutica sabe
que não pode diagnosticar nem prescrever nada, então ela sabe qual o limite
dela enquanto profissional. (Cris, estudante)
– No caso do debate, porque a vontade dos médicos é superior a das
famílias? (Bruna, professora)
– A palavra de uma mãe nunca será maior que a de um médico, então, é
complicado. (Sara, estudante) (DC, diálogo em sala)
**
– Formação, mas não adianta fazer Clínica Ampliada para uma sociedade
que não está preparada. Até quando alguém passa em Medicina já é diferente
de qualquer outra pessoa que passa em outro curso, porque chega no
consultório e você pergunta: “ah, você é médico?” Uma vez eu tive problema
na perna e aí o médico disse que eu tinha que fazer acompanhamento com
fisioterapeuta. E meu pai disse: “Ah pra quê isso? Gastar dinheiro à toa, ela
tá andando...” (Marina, estudante) (DC, diálogo em sala)
Eu me sentia muito retraída porque eu era a única ali da Odonto. E eu tinha
medo de falar alguma coisa e, às vezes, não sei, vir um comentário ruim. Aí
eu até me resguardava pra evitar. [...] uma vez a gente tava discutindo um
caso, aí eu fiz um comentário. Aí veio outro aluno, que é da Medicina, e tipo
assim, meio que menosprezou a minha opinião ai eu fiquei meio assim. Aí a
partir disso eu falei “ah, não vou opinar mais não porque já que eu não sei, já
que ele sabe então deixa”. (Gabriela, GFE)
10
**Os dois asteriscos foram utilizados para separar falas/diálogos de contextos diferentes, visto que
algumas delas/deles representam diálogos transcritos no diário de campo. Essa atitude foi tomada para
facilitar a compreensão do texto e das informações.
118
capacidades de lidar com as necessidades sociais, mas por suas relações “com os
universos simbólicos em cujos parâmetros as sociedades se organizam e as práticas
se legitimam” (RUIVO, 1987, p. 129). A influência do discurso médico sobre a
sociedade e outras disciplinas constitui um fenômeno conhecido, porém, a posição
social dos médicos veio sofrendo transformações a partir do crescimento de novas
fontes de autoridade externas à profissão, que contribuíram para a transformação da
medicina em um serviço social (RUIVO, 1987).
A legitimidade da Medicina institui-se na história política e cultural da
profissão e a autoridade médica foi construída a partir do controle de um “espaço ou
campo, condição sine qua non de uma produção e legitimação de um saber
especializado e... profissional” (PERRUSI, 2000, p. 83). A legitimidade científica do
saber médico ocorreu por meio do fortalecimento e construção da profissão médica,
estando esse saber conectado ao poder profissional, característico da sociedade
moderna (PERRUSI, 2000).
Ribeiro e Ferla (2016) destacam que o saber médico, que embasa a prática
dos diferentes profissionais da saúde e centraliza a atuação no profissional médico,
não responde às necessidades de um cuidado integral da pessoa. E, concordando
com Costa et al (2021), acrescentam que são necessárias mudanças na formação
profissional para que transformações aconteçam nos serviços, no sentido de
reorientar o modelo de atenção, ainda centrado na figura do médico (RIBEIRO;
FERLA, 2016).
Entre ações formativas que poderiam contribuir nesse sentido incluem-se
as que trabalham a competência cultural interprofissional, treinando os futuros
profissionais da área da saúde e facilitadores a superarem questões relacionadas à
cultura profissional que possam limitar o cuidado integral, concorrendo para reduzir
barreiras para a formação interprofissional e promover a colaboração (PECUKONIS;
DOYLE; BLISS, 2008).
A vivência na disciplina do trabalho em equipe entre as diferentes
profissões, trouxe uma percepção mais compassiva da profissão médica entre as
estudantes. Porém, ainda prevaleceu a necessidade de mudança de algumas atitudes
profissionais para aprimorar a relação interprofissional.
A mesma coisa também com os outros cursos, então, tipo assim, todo mundo
tem. Igual [a Giovana, estudante de Odontologia] comentou, geralmente o
119
A minha experiência assim, de dividir sala com outro curso, não é boa não
viu? Todas as vezes que a gente faz matéria que faz com outro curso,
normalmente é assim oh: é um curso aqui e outro curso ali que senta, não
tem interação, você não sabe o nome de ninguém, não sabe nem o rosto da
pessoa. E tipo, a gente está em outra realidade, totalmente diferente.
(Mariana, GFE)
Na graduação é mais difícil ter esse contato assim. Geralmente quanto tem
assim é rivalidade, competição em jogos [...] é, os jogos... mas é um contra o
outro. (Josi, GFE)
Marina informou ter cursado disciplinas com estudantes de demais
graduações, mas sem interação, e que isso pode ter ocorrido em virtude de
serem disciplinas “com laboratório”. Carla, em seguida, afirmou ter vivenciado
experiência semelhante em um projeto de extensão. Projetos de extensão
também proporcionaram a interação com outras profissões para Cris, além
do estágio. [...] Dessa forma, a disciplina parecia representar uma
oportunidade singular na formação em saúde das estudantes, que
proporcionaria a construção de conhecimento e o desenvolvimento de
competências compartilhados entre os diferentes cursos. (DC)
a gente tem que mudar a dieta dele primeiro, pra ele mesmo sem possuir os
dentes conseguir alimentar, pra depois, quando ele tiver uma prótese,
conseguir adaptar também a essa alimentação. A partir daí eu pude ver uma
relação muito existente entre a Odontologia e a Nutrição, nesse caso.
(Gabriela, GFE)
Eu achei importante mesmo esse trabalho em equipe, como vai ser mesmo
no dia a dia do nosso trabalho. É... você ter espaço pra escutar o outro e
também pra se colocar. Eu achei muito importante o diálogo que a gente
desenvolveu entre a gente. (Josi, GFE)
Eu percebi que como profissional, o que me desenvolveu mais foi a
capacidade de ouvir o colega, porque às vezes todo mundo tem um senso,
chega numa conclusão, só que muitas vezes é diferente, a minha decisão é
diferente da [nome da estudante de Medicina], é diferente da [nome da
estudante de Farmácia], e cada uma tava passando por um momento muito
diferente, então pra chegar pra ter um consenso é complicado, muito difícil.
Só que aí eu percebi também que por mais que a gente pense “nossa, eu
acho que é isso mesmo que tem que ser”, mas não é só a minha opinião que
conta, é a opinião da equipe, então por mais que você às vezes não concorde
você tem que abrir mão, porque você quer um bem maior, que é manter a
equipe, e um bem final que é a saúde do paciente. Então, às vezes a gente
tem que aprender a ceder, isso pra mim foi um ponto muito bom, muito
positivo. (Cris, GFE)
Por exemplo, se uma equipe não se dá bem, vai influenciar na saúde do
paciente, porque tem que ter uma comunicação, e a matéria trabalhou bem
isso, a comunicação, como é importante cada um falar. Eu no caso, que eu
era mais introspectiva, eu vi que era mais insegurança de falar. Eu vi que eu
tenho que falar e eu tenho que ouvir o outro e é importante no trabalho em
equipe. E a matéria me mostrou isso, me deu a visão de como é a realidade
que é lidar com cada um, é... não ter medo de dar sua opinião, você tendo
conhecimento do caso você tem mais propriedade pra dar sua opinião e
contribuir em equipe. (Rafaela, GFE)
Subi as escadas para tomar café e encontrei Cris na cantina, que reclamou
de uma confusão no grupo. Ela contou que Giovana escolheu um tema para
a ação e estava entusiasmada com ele, mas não ouvia o restante da equipe.
Completou que não via sentido em realizar uma ação para pessoas que não
se beneficiariam dela e que o grupo iria voltar a campo na semana seguinte.
Aconselhei-a a reunir o grupo para uma conversa, porque o trabalho era pra
ser concebido em equipe e seria importante resolver o conflito, inclusive
considerando que continuariam a caminhar juntos. Ela disse que Giovana
ficou com raiva e isolada, as três foram à UAPS e ela estava desestimulada
de tanto falar a mesma coisa. (DC)
Apesar das competências estarem em muitas disciplinas colocadas, [...] não
há um cenário real pra que essa competência seja desenvolvida e tão pouco
pra que ela seja colocada à prova. Então quando a gente fala “lidar com
conflitos”, a gente não precisou gerar um conflito, o fato de trabalhar em grupo
gerou naturalmente pra um grupo um conflito. Então eu acho que a
potencialidade da disciplina, na metodologia ativa e do jeito que foi optado
por nós conduzir, de fato expõe o aluno a situações que aquelas
competências têm possibilidade de serem trabalhadas e de serem avaliadas.
(Luísa, GFD2)
A gente acabou não sendo só um grupo, a gente acabou criando um vínculo
de amizade [...] que foi a partir disso que a gente conseguiu conversar e
dialogar pra que pudesse resolver os conflitos. [...] que a gente não queria
ficar com aquele clima ruim dentro do grupo, então a gente conseguiu
conversar pra resolver os conflitos. E a questão do respeito, todo mundo
sempre teve um extremo respeito pela outra, sempre respeitou opinião,
mesmo não concordando, a gente debatia até chegar em um ponto comum.
(Gabriela, GFE)
(REEVES, 2016).
Destaca-se que, além da promoção da habilidade de comunicação e da
consciência dos papéis dos membros da equipe, a EIP deve permitir que os
estudantes reconheçam e valorizem as diferenças decorrentes da prática dos demais
profissionais da saúde (McPHERSON, HEADRICK; MOSS, 2001).
O respeito também foi o eixo para que as estudantes autorregulassem o
trabalho em equipe na construção do conhecimento e elaboração dos respectivos
instrumentos avaliativos de forma a equiparar as contribuições. O exercício estimulou
as discentes a perceberem a responsabilidade na condução do grupo no decorrer na
disciplina como reflexo do que enfrentariam no cotidiano do trabalho futuro como
profissionais da saúde.
GFD2)
O que observei em sala nas primeiras aulas da disciplina? Estudantes
confusos, diversos, inseguros, com experiências prévias de trabalho em
equipe diversas, com personalidades diversas também, uns mais
introspectivos, calados, contidos, e outros ativos, perspicazes, empoderados.
O que observei ao longo do acontecimento da disciplina? Troca,
oportunização de espaços para compartilhamento de ideias, de
desenvolvimento de liderança, do saber ouvir, do respeitar o saber do outro,
do conhecer as especificidades da profissão do outro, da abertura ao diálogo,
da gestão de conflitos, da comunicação respeitosa e cordial. (Rebeca, DDF)
Primeiro por uma reflexão que eu faço assim muito constante de como que a
gente é docente e não tem formação didático-pedagógica constante e
apropriada, eu acho, pra ser. Assim...eu fiz mestrado, fiz doutorado, tinha
uma disciplina ou outra, mas nunca fui assim, habilitada, da maneira que eu
imagino que deveria, sabe? Com curso de formação, capacitação constante,
uma exigência maior disso, sabe? Então quando eu pensei que eu ia
participar de um processo como esse, eu falei: “bom, é uma oportunidade pra
começar a refletir então e voltar atrás, e falar assim, o que que eu posso
aprender agora que não me foi ofertado anteriormente?” (Luísa, E1)
Porque eu tenho essa vontade de melhorar minha prática docente, de tentar
modificar pelo menos na minha sala de aula, nos espaços, nas salas de aula
em que eu estou envolvida, melhorar essa minha prática docente pra permitir
e pra propor uma formação melhor para os meus alunos. Então por isso que
eu fiquei muito interessada em fazer a capacitação e gostei muito. [...]
Melhorar nesse sentido, de trazer, de levar pra dentro da sala de aula alguma
coisa diferente do que eu estava já levando que eram aulas expositivas, e
que de certa forma estimulasse os alunos e que eu pudesse, é... passar o
conhecimento de forma diferente do que eu já vinha fazendo. (Luna, E1)
Isso me fez assumir que embora eu acreditasse que eu fazia algo bem feito,
isso não tinha base ou fundamento anterior. Talvez fosse algo natural, algo
inato, mas que eu tinha que investir na formação também. Porque não só de
habilidades que eu tinha ou coisas que eu aprendi que eu ia conseguir...me
dar bem, que o aluno ia entender a minha linguagem. Ou seja, existe uma
ciência por trás disso e que não é porque alguém tem o dom que
simplesmente vai fazer isso. (Luísa, E1)
Continuo achando que é factível parcialmente, porque a gente não tem
formação docente. A disciplina integradora é parte desse processo e é
fundamental que isso aconteça, porque é preciso que haja uma formação
docente pra que você não utilize as metodologias ativas somente como
instrumento, só como um jogo, uma brincadeira, pra ficar divertido, pra não
ficar chato a aula, como se não tivesse um propósito, um objetivo. (Letícia,
E1)
Anteriormente, utilizava algumas técnicas nas outras disciplinas que
ministrava e objetivava um caráter mais dinâmico nas aulas. Com o
aprofundamento nesse conhecimento, pude perceber a utilização das MA
como método educacional crítico reflexivo e não somente, a percepção inicial
reducionista. Entendi o quanto o método é desafiador, tanto para o docente
135
Penso que isso me fortaleceu muito e hoje eu tenho muita tranquilidade pra
defender, pra falar dentro do meu curso entre os pares, isso me dá mais
tranquilidade e propriedade pra tá falando. E além disso, eu não consigo mais
visualizar outros caminhos que não sejam assim. Por exemplo, eu antes eu
dava muitas aulas expositivas. As minhas aulas sempre foram expositivas-
dialogadas, mas não com todas essas técnicas. Hoje eu não consigo me ver
mais ministrando aula da forma como eu dava antes. Abre muito, aguça a
escuta, aguça o seu relacionamento com os discentes, de forma a torná-lo
muito melhor. (Joana, E1)
Mudei, eu fiquei mais sem medo de utilizar [...] É.. não me prender à forma,
ao slide, não que eu tinha isso, mas eu já utilizava artigos, já utilizava casos
clínicos ou casos do estágio para trabalhar, então agora eu vou mais sem
medo, sabe? Vou “ah tá, é isso mesmo”, “nossa, eu fazia”, “é esse o
caminho”. Claro que tem que aperfeiçoar, eu acho que tem. (Letícia, E1)
Isso me tira um pouco da zona de conforto, a gente vê que quanto mais a
gente aplica mais a gente tem que estudar pra de fato aplicar um método
adequadamente, mas nos desloca no sentido de não dá mais pra fazer uma
aula expositiva, reproduzindo só conteúdo teórico, vindo aqui na frente,
enchendo slides e mais slides e falando sem parar e os alunos só escutando
ou só de corpo presente em sala de aula. (Luna, GFD2)
136
Isso eu acho que mudou demais, a minha visão do meu papel enquanto
docente. Pra quê que eu tô ali? Qual é a minha função? E me deslocar, sair
daquela mentalidade de que eu sou obrigada a repassar informação, a passar
conhecimento. Hoje em dia, quando eu escuto essa frase eu fico aterrorizada,
porque ninguém passa conhecimento pra ninguém, a gente constrói
conhecimento. Isso também foi uma coisa que mudou na minha formação, o
meu entendimento enquanto docente no desenvolvimento do estudante, meu
papel, e que eu não tô ali pra passar conhecimento, eu tô ali pra auxiliá-los
na construção do conhecimento, que eles também são protagonistas
nesse...[Luna concorda] processo. (Rebeca, GFD2)
Eu comecei a deixá-los mais livres pra que eles me digam as necessidades
deles. Eu sempre acreditei que a minha experiência, às vezes, se sobrepunha
à experiência do aluno, por exemplo, de falar assim “eu já fiz isso 3, 4 vezes
e não deu certo”. Então às vezes uma turma fala “não, vamos fazer isso e
tal”. Por exemplo, semestre passado eu dei uma intervenção, eles tinham que
pegar um conteúdo de aula, sair pro cenário prático, fazer uma intervenção
como se fosse uma educação em saúde e voltar. Esse semestre eu falei que
não tinha intervenção, que eu ia utilizar a nota pra outra coisa, e vários alunos
repetentes falaram “ah, mas vai tirar?”, aí eu falei assim: “não vou tirar não,
vamos repensar e vamos refazer”. Então eu deixo eles também
redirecionarem minha prática. (Luísa, E1)
Percebo que estes encontros estão sendo para mim um momento de
confronto à “escola tradicional” na qual fui formada. Estou em um processo
de quebra de paradigmas e reconstrução do que sempre pensei ser o mais
eficiente no processo ensino-aprendizagem. (Paula, DDI. Destaque da
docente)
Eu tenho que ir aos poucos, pra eu ir dominando essa didática, mas também
pros alunos irem acostumando com isso, porque o aluno também... a maioria
tá acostumada com aula expositiva, então quando eu chego com muita coisa
o aluno estranha. Aí eu tô colocando metodologia ativa na graduação e
coloquei também nas aulas da pós-graduação, do mestrado e doutorado.
Eles também trabalharam bem, mas eu ainda acho que eu posso incluir bem
mais coisas, mas tem que ir aos poucos, por semestre, né? (Tábata, E1)
Embora eu tenha alguns “senões”, é... inovador demais e tenho um senão
138
formativos.
Apesar disso, considerando suas experiências prévias e a acomodação
com a rotina ocupacional individualizada no decorrer da carreira, as docentes não
acreditavam na possibilidade da realização de um trabalho em equipe. Havia a
insegurança de lidar com pessoas diferentes, a resistência a uma nova forma de
construção em relação ao que estavam acostumadas e a crença de que alguma área
iria dominar a tomada de decisões.
Porque a mesma coisa que a gente sentiu como professor nas capacitações
e nas reuniões, eu acho que eles sentem nas disciplinas. É... esse receio
inicialmente de fazer junto, aí aos pouquinhos eles irem conhecendo o grupo,
conhecendo as outras áreas, as coisas especificas das áreas, eu acho que
eles passam também por um processo de aprendizado de fazer as coisas em
grupo, fazer as coisas de forma integrada. (Tábata, E1)
Primeiro eu me dei conta que era possível, achava que não era, mesmo
[construir a disciplina com docentes de outras áreas]. Porque eu achava que
a gente não ia chegar num denominador comum, eu pensava que sempre
uma área ia dominar. Que eu não ia ter... ou eu ou o colega...Não ia ter como
construir junto, ia sempre ser uma pessoa ou uma ideia prevalecendo em
cima de um grupo. Até que eu vi que não. Que as dinâmicas elas são
propostas exatamente para que se construa algo comum, então todas as
propostas, todas foram assim. Teve mais que isso, ela atende o tempo de
cada um, e é importantíssimo isso. Porque tem um que fala, tem um que não
fala e dá a contribuição. E é exatamente como o aluno é, como nós somos, e
a gente aprende assim, cada um aprende de um jeito. (Letícia, E1)
Inicialmente, minhas concepções em relação a ministrar uma disciplina, não
incluía em minha prática o planejamento que poderia ser feito a quatro mãos
ou mais. Aliás, a muitas mãos! Achava ruim a ideia de ter que fazer algo em
conjunto neste sentido. Primeiro, porque considerava que não teria como
conciliar algumas ideias que poderiam ser divergentes. Pensava que o
processo seria mais moroso e dificultado. Assim, sempre achei mais prático,
desenvolver o planejamento, os conteúdos, as metodologias, de maneira
solitária. (Joana, DDF)
Tanto quanto como pessoa como quanto profissional, eu acho que eu mudei
muito. Eu era muito fechada, dentro da [disciplina da graduação], eu só me
via dentro daquela caixinha. [...] Se eu não tivesse vivenciado tudo isso eu
teria muito medo de buscar uma coisa diferente do que eu vivi até agora. Hoje
eu não tenho esse medo mais, eu tô mais disposta a trabalhar com coisas
diferentes, com pessoas diferentes, tô outra pessoa. (Júlia, E1)
Quando a gente faz uma determinada atividade a várias mãos,
necessariamente essa atividade ela se sairia melhor do que seu eu fizesse
sozinho e eu acho que aprender isso e vivenciar isso nessa disciplina é uma
experiência muito importante [...] aí eu vou pra outros espaços dentro da
Universidade com uma postura melhor do que seria trabalhar em equipe e
também incentivando mais esse trabalho em equipe de forma colaborativa
para a construção de atividades, de ações que a gente faz aqui dentro da
Universidade. (Luna, GFD2)
Em termos assim, de positivo, foi essa questão colaborativa, do aprendizado,
de abrir portas, no sentido na Universidade. De fato, viver essa concepção de
Universidade, porque não penso que cada um no seu quadrado é de fato uma
Universidade. (Joana, E1)
11
BARR, H. Ends and means in interprofessional education: towards a typology. Education for
Health, v.3, p. 341-352, 1996.
148
paciente, separar a boca dos medicamentos que ele toma. Que aquilo que é
comum eles discutem em grupo e aquilo que é específico, por exemplo, se
losartana é melhor, o farmacêutico tem que elaborar e passar para os outros,
para que o médico possa compreender isso e todos trabalharem em prol da
integralidade do paciente. (Rebeca, professora) (DC, diálogo em sala)
6.2.4 Avaliação
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L. E.; OLIVEIRA, V.; SALAS, M. M. S.; DIAS, B. B.; GOMES, K.C.; SENA,
B. C. B.; SOARES, L. L. C.; SILVA, B. B.; XAVIER, G. L.; SILVA, J. A. T.; MENDES,
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significâncias político-pedagógicas das experimentações vivenciadas em um estágio
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1-24, 2020.
BIRT, L.; SCOTT, S.; CAVERS, D.; CAMPBELL, C.; WALTER, F. Member checking:
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FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FRENK, J.; CHEN, L.; BHUTTA, Z. A.; COHEN, J.; CRISP, N.; EVANS, T.;
FINEBERG, H.; GARCIA, P.; KE, Y.; KELLEY, P.; KISTNASAMY, B.; MELEIS, A.;
NAYLOR, D.; PABLOS-MENDEZ, A.; REDDY, S.; SCRIMSHAW, S.; SEPULVEDA,
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LIMA, M. C.; ANDRADE, K. P.; NUNES, L. C.; ALVES, W. A.; MENEZES, M. S.;
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McPHERSON, K.; HEADRICK, L.; MOSS, F. Working and learning together: good
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PAGLIOSA, F. L.; ROS, M. A. O Relatório Flexner: para o bem e para o mal. Revista
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anteriores/vestibular-pism-2016/>. Acesso em: 08 ago. 2021.
APÊNDICES E ANEXOS
174
Perguntas Norteadoras
Perguntas Norteadoras
4. Quais potenciais vocês enxergam para a formação dos estudantes que têm a
oportunidade de cursarem uma disciplina como a formação integradora em saúde? E
barreiras?
Perguntas Norteadoras
Entrevista 1- Docentes
Entrevista 2- Docentes
APÊNDICE C – Análise de busca de palavras nos ppcs dos cursos da área da saúde, UFJF-GV
Quadro 4 - Análise de busca de palavras nos PPCs dos cursos da área da saúde, UFJF-GV
Curso Circunstâncias de citação dos termos Circunstâncias de citação dos termos Circunstâncias de citação
(Ano do “interdisciplinar”, “interprofissional” ou “inserção” ou “integração” dos termos “ativa” ou
PPC) “multiprofissional” (referidos à integração ensino-serviço- “metodologia” (referidos ao
comunidade) uso de metodologias ativas)
Educação -Desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares como - -
Física possibilidade de resultado da orientação do currículo nos
(2014) princípios de organização curricular.
Farmácia -Interdisciplinaridade como um objetivo das ações dos -Presença na disciplina Atividade Orientada -Incentivo à participação dos
(2014) cursos nas Universidades (concepção geral do currículo), III docentes em eventos para
como pauta do currículo e como complemento do núcleo inovarem nas metodologias de
estratégico do curso. ensino-aprendizagem.
-Atuação interdisciplinar e multiprofissional como
competência a ser alcançada.
-Incentivo à forma interdisciplinar do conhecimento como
produto da flexibilização curricular.
-Interdisciplinaridade e multiprofissionalidade como
foco de atuação de projetos de extensão desenvolvidos no
curso.
-Compreensão da atuação do farmacêutico na equipe
multiprofissional como ementa de disciplina Atividade
Orientada III.
Fisioterapia -Atuação interdisciplinar do fisioterapeuta na justificativa -Referência aos estágios como -
180
2 IES VERSUS -
6 IES Avaliação 1 -
(portfólio, auto e
entre pares)
11 IES Avaliação 2 -
(portfólio)
186
13 Interprofissionali Simulação
dade e práticas
colaborativas no
cuidado
15 Avaliação 3 -
(portfólio, pares,
auto). Avaliação
da disciplina
*Informações não constam porque o objetivo foi facilitar a compreensão do leitor sobre a organização
da disciplina
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado do cronograma da disciplina
AVALIAÇÃO:
O portfólio reflexivo, que será entregue três vezes durante todo o semestre, valerá vinte pontos
cada.
O trabalho de educação em saúde, desenvolvido em equipamentos estratégicos do município,
valerá vinte e cinco pontos.
A participação nas atividades da disciplina, a autoavaliação e a avaliação entre pares valerá
quinze pontos. A nota final da disciplina A nota final da disciplina será a soma das cinco notas.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “Integrando saberes:
proposta de reflexão, qualificação e construção de uma disciplina interdisciplinar para os cursos da área
da saúde de uma universidade pública de Minas Gerais”. Nesta pesquisa pretendemos analisar a percepção
de docentes da área da saúde sobre educação interprofissional e o processo de construção participativa de uma
disciplina optativa integradora dos cursos da área da saúde na Universidade Federal de Juiz de Fora, campus
Governador Valadares. O motivo que nos leva a estudar está no fato de que há a necessidade da realização de
pesquisas que possam impulsionar mudanças e inovações no processo de ensino e aprendizagem e contribuir
para a formação de profissionais da área da saúde mais preparados para a prática colaborativa.
Para esta pesquisa adotaremos os seguintes procedimentos: O (A) Sr. (a) participará de um grupo focal
sobre educação interprofissional em saúde e de cinco encontros de capacitação, que terão como eixo as
temáticas: Myers-Briggs Type Indicator (MBTI), metodologias ativas, currículo, avaliação e construção da
disciplina integradora. O processo será todo monitorado e avaliado por meio da metodologia de pesquisa-ação. Os
riscos envolvidos na pesquisa consistem em risco mínimo, ou seja, o risco natural, como aquele que pode
acontecer sempre que saímos de casa. Apesar deste risco mínimo, qualquer problema decorrente do estudo
acarretará em suspensão do estudo e encaminhamento para assistência necessária em relação às complicações
e danos decorrentes dos riscos previstos. A pesquisa contribuirá para a incorporação de práticas inovadoras,
ativas e crítico-reflexivas de ensino-aprendizagem na prática docente e no contexto acadêmico, visando à
formação de um profissional mais preparado para refletir e atuar sobre a realidade social.
Para participar deste estudo o Sr (a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira.
Apesar disso, caso sejam identificados e comprovados danos provenientes desta pesquisa, o Sr.(a) tem
assegurado o direito a indenização. O Sr. (a) terá o esclarecimento sobre o estudo em qualquer aspecto que
desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a
participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará
qualquer penalidade ou modificação na forma em que o Sr. (a) é atendido (a). O pesquisador tratará a sua
identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando
finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão.
O (A) Sr (a) não será identificado (a) em nenhuma publicação que possa resultar.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais, sendo que uma será arquivada
pelo pesquisador responsável, no Departamento de Medicina da UFJF-GV e a outra será fornecida ao Sr. (a). Os
dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de
5 (cinco) anos, e após esse tempo serão destruídos. Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões
profissionais de sigilo, atendendo a legislação brasileira (Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde),
utilizando as informações somente para os fins acadêmicos e científicos.
Eu, _____________________________________________, portador do documento de Identidade
____________________ fui informado (a) dos objetivos da pesquisa “Integrando saberes: proposta de
reflexão, qualificação e construção de uma disciplina interdisciplinar para os cursos da área da saúde de
uma universidade pública de Minas Gerais”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que
a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o
desejar.
Declaro que concordo em participar. Recebi uma via original deste termo de consentimento livre e esclarecido e
me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
__________________________________ __________________________________
Assinatura do Participante Assinatura do (a) Pesquisador (a)
O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “Integrando saberes: proposta de
reflexão, qualificação e construção de uma disciplina interdisciplinar para os cursos da área da saúde de uma
universidade pública de Minas Gerais”. Nesta pesquisa pretendemos analisar a percepção de docentes e discentes
da área da saúde sobre o processo de construção participativa e implantação de uma disciplina optativa integradora dos
cursos da área da saúde na Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares. O motivo que nos
leva a estudar está no fato de que há a necessidade da realização de pesquisas que possam impulsionar mudanças e
inovações no processo de ensino e aprendizagem e contribuir para a formação de profissionais da área da saúde mais
preparados para a prática colaborativa.
Para esta pesquisa adotaremos os seguintes procedimentos: O (A) Sr. (a) participará de um grupo focal ao
final do 1º semestre de implantação da disciplina com foco em analisar suas percepções sobre a disciplina na
perspectiva de sua visão de mundo, sobre interprofissionalidade, sua formação e matriz curricular.
O processo será todo monitorado e avaliado por meio da metodologia de pesquisa-ação e observado de forma
participante por meio de auto-etnografia, pelo (a) pesquisador (a). Os riscos envolvidos na pesquisa consistem em risco
mínimo, ou seja, o risco natural, como aquele que pode acontecer sempre que saímos de casa. Apesar deste risco
mínimo, qualquer problema decorrente do estudo acarretará em suspensão do estudo e encaminhamento para
assistência necessária em relação às complicações e danos decorrentes dos riscos previstos. A pesquisa contribuirá
para a incorporação de práticas inovadoras, ativas e crítico-reflexivas de ensino-aprendizagem na prática docente e no
contexto acadêmico, visando à formação de um profissional mais preparado para refletir e atuar sobre a realidade social.
Para participar deste estudo o Sr (a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Apesar
disso, caso sejam identificados e comprovados danos provenientes desta pesquisa, o Sr.(a) tem assegurado o direito a
indenização. O Sr. (a) terá o esclarecimento sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para
participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer
momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação
na forma em que o Sr. (a) é atendido (a). O pesquisador tratará a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os
resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua
participação não será liberado sem a sua permissão.
O (A) Sr (a) não será identificado (a) em nenhuma publicação que possa resultar.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais, sendo que uma será arquivada pelo
pesquisador responsável, no Departamento de Medicina da UFJF-GV e a outra será fornecida ao Sr. (a). Os dados e
instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 (cinco)
anos, e após esse tempo serão destruídos. Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões profissionais de
sigilo, atendendo a legislação brasileira (Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde), utilizando as
informações somente para os fins acadêmicos e científicos.
Eu, _____________________________________________, portador do documento de Identidade
____________________ fui informado (a) dos objetivos da pesquisa “Integrando saberes: proposta de reflexão,
qualificação e construção de uma disciplina interdisciplinar para os cursos da área da saúde de uma
universidade pública de Minas Gerais”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer
momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.
Declaro que concordo em participar. Recebi uma via original deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi
dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
Governador Valadares, _________ de __________________________ de 20 .
__________________________________ __________________________________
Assinatura do Participante Assinatura do (a) Pesquisador (a)
Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá consultar:
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa Humana - UFJF
Campus Universitário da UFJF
Pró-Reitoria de Pesquisa
CEP: 36036-900
Fone: (32) 2102- 3788 / E-mail: cep.propesq@ufjf.edu.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “Integrando saberes: proposta de
reflexão, qualificação e construção de uma disciplina interdisciplinar para os cursos da área da saúde de uma
universidade pública de Minas Gerais”. Nesta pesquisa pretendemos analisar a percepção de docentes e discentes
da área da saúde sobre o processo de construção participativa e implantação de uma disciplina optativa integradora dos
cursos da área da saúde na Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares. O motivo que nos
leva a estudar está no fato de que há a necessidade da realização de pesquisas que possam impulsionar mudanças e
inovações no processo de ensino e aprendizagem e contribuir para a formação de profissionais da área da saúde mais
preparados para a prática colaborativa.
Para esta pesquisa adotaremos os seguintes procedimentos: O (A) Sr. (a) participará de: 1) grupo focal sobre
educação interprofissional em saúde; 2) cinco encontros de capacitação com as temáticas: Myers-Briggs Type Indicator
(MBTI), metodologias ativas, currículo, avaliação e construção da disciplina integradora; 3) grupo focal ao final do 1º
semestre de implantação da disciplina com foco em analisar as percepções sobre a implantação da disciplina e seu
potencial de impulsionar transformações nas matrizes curriculares da área da saúde e de avançar na perspectiva da
interprofissionalidade, bem como seus pontos fortes e de aperfeiçoamento; 4) entrevistas individualizadas semi-
estruturadas em três momentos: após a capacitação, após as reuniões de alinhamento e após o primeiro semestre da
implantação da disciplina, que versará sobre os tópicos-guia: percepções sobre interprofissionalidade, transformações
geradas na prática docente e o olhar para a formação; 5) construção de um diário de classe que permeará todo o
processo, com suas reflexões e percepções com foco na interprofissionalidade e transformações na prática docente e no
olhar para a formação em saúde
O processo será todo monitorado e avaliado por meio da metodologia de pesquisa-ação e observado de forma
participante por meio de auto-etnografia, pelo (a) pesquisador (a). Os riscos envolvidos na pesquisa consistem em risco
mínimo, ou seja, o risco natural, como aquele que pode acontecer sempre que saímos de casa. Apesar deste risco
mínimo, qualquer problema decorrente do estudo acarretará em suspensão do estudo e encaminhamento para
assistência necessária em relação às complicações e danos decorrentes dos riscos previstos. A pesquisa contribuirá
para a incorporação de práticas inovadoras, ativas e crítico-reflexivas de ensino-aprendizagem na prática docente e no
contexto acadêmico, visando à formação de um profissional mais preparado para refletir e atuar sobre a realidade social.
Para participar deste estudo o Sr (a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Apesar
disso, caso sejam identificados e comprovados danos provenientes desta pesquisa, o Sr.(a) tem assegurado o direito a
indenização. O Sr. (a) terá o esclarecimento sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para
participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer
momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação
na forma em que o Sr. (a) é atendido (a). O pesquisador tratará a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os
resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua
participação não será liberado sem a sua permissão.
O (A) Sr (a) não será identificado (a) em nenhuma publicação que possa resultar.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais, sendo que uma será arquivada pelo
pesquisador responsável, no Departamento de Medicina da UFJF-GV e a outra será fornecida ao Sr. (a). Os dados e
instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 (cinco)
anos, e após esse tempo serão destruídos. Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões profissionais de
sigilo, atendendo a legislação brasileira (Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde), utilizando as
informações somente para os fins acadêmicos e científicos.
Eu, _____________________________________________, portador do documento de Identidade
____________________ fui informado (a) dos objetivos da pesquisa “Integrando saberes: proposta de reflexão,
qualificação e construção de uma disciplina interdisciplinar para os cursos da área da saúde de uma
universidade pública de Minas Gerais”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer
momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.
Declaro que concordo em participar. Recebi uma via original deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi
dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
Governador Valadares, _________ de __________________________ de 20 .
__________________________________ __________________________________
Assinatura do Participante Assinatura do (a) Pesquisador (a)
Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá consultar:
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa Humana - UFJF
Campus Universitário da UFJF
Pró-Reitoria de Pesquisa
CEP: 36036-900
Fone: (32) 2102- 3788 / E-mail: cep.propesq@ufjf.edu.br
Nome do Pesquisador Responsável: Lélia Cápua Nunes
Endereço: Av. Dr. Raimundo Monteiro Rezende, 330 - Centro
CEP: 35010-177/ Governador Valadares – MG. Fone: (32) 3301-1000.
E-mail: lelia_capua@yahoo.com.br
Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá consultar:
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa Humana - UFJF
Campus Universitário da UFJF
Pró-Reitoria de Pesquisa
CEP: 36036-900
Fone: (32) 2102- 3788 / E-mail: cep.propesq@ufjf.edu.br
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
JUIZ DE FORA/MG
Título da Pesquisa: Integrando saberes: proposta de reflexão, qualificação e construção de uma disciplina
interdisciplinar para os cursos da área da saúde de uma universidade pública de Minas
Gerais
Pesquisador: Lélia Cápua Nunes
Área Temática:
Versão: 2
CAAE: 58701316.6.0000.5147
Instituição Proponente: Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Apresentação do Projeto:
Apresentação do projeto esta clara, detalhada de forma objetiva, descreve as bases científicas que
justificam o estudo, de acordo com as atribuições definidas na Resolução CNS 466/12 de 2012, item III.
Objetivo da Pesquisa:
Analisar a percepção de docentes da área da saúde sobre educação interprofissional e o processo de
construção participativa de uma disciplina optativa integradora dos cursos da área da saúde na Universidade
Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares. O Objetivo da pesquisa está bem delineado,
apresenta clareza e compatibilidade com a proposta, tendo adequação da metodologia aos objetivos
pretendido, de acordo com as atribuições definidas na Norma Operacional CNS 001 de 2013, item 3.4.1 - 4.
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JUIZ DE FORA/MG
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definidas na Res. CNS 466/12 e com a Norma Operacional Nº001/2013 CNS, manifesta-se pela
APROVAÇÃO do protocolo de pesquisa proposto. Vale lembrar ao pesquisador responsável pelo projeto, o
compromisso de envio ao CEP de relatórios parciais e/ou total de sua pesquisa informando o andamento da
mesma, comunicando também eventos adversos e eventuais modificações no protocolo.
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Assinado por:
Vânia Lúcia Silva
(Coordenador)
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MG
DADOS DA EMENDA
Título da Pesquisa: Integrando saberes: proposta de reflexão, qualificação e construção de uma disciplina
interdisciplinar para os cursos da área da saúde de uma universidade pública de Minas
Gerais
Pesquisador: Lélia Cápua Nunes
Área Temática:
Versão: 4
CAAE: 58701316.6.0000.5147
Instituição Proponente: Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Apresentação do Projeto:
Estudo qualitativo de grupo focal, de pesquisa-ação e auto-etnográfico, com docentes e discentes da área
da saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora - Campus Governador Valadares. Apresentação do
projeto esta clara, detalhada de forma objetiva, descreve as bases científicas que justificam o estudo, de
acordo com as atribuições definidas na Resolução CNS 466/12 de 2012, item III.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
Analisar a percepção de docentes da área da saúde sobre educação interprofissional e o processo de
construção participativa e implantação de uma disciplina optativa integradora dos cursos da área da saúde
na Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares.
Objetivo Secundário:
• Analisar a percepção de tutores envolvidos com o PET-GraduaSUS sobre educação interprofissional, na
Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares.
• Avaliar o processo de construção e implantação de uma estratégia de educação interprofissional no
currículo da área da saúde, considerando suas
barreiras e potencialidades.
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MG
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• Avaliar a percepção dos docentes do processo vivenciado durante a capacitação para a construção da
disciplina interprofissional.
• Analisar o processo de implantação de uma disciplina de educação interdisciplinar e interprofissional na
perspectiva dos docentes e discentes
O Objetivo da pesquisa está bem delineado, apresenta clareza e compatibilidade com a proposta, tendo
adequação da metodologia aos objetivos pretendido, de acordo com as atribuições definidas na Norma
Operacional CNS 001 de 2013, item 3.4.1 - 4.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Os riscos envolvidos na pesquisa consistem em risco mínimo, ou seja, o risco natural, como aquele que
pode acontecer sempre que saímos de casa. Apesar deste risco mínimo, qualquer problema decorrente do
estudo acarretará em suspensão do estudo e encaminhamento para assistência necessária em relação às
complicações e danos decorrentes dos riscos previstos.A pesquisa contribuirá para a incorporação de
práticas inovadoras, ativas e crítico-reflexivas de ensino-aprendizagem na prática docente e no contexto
acadêmico, visando à formação de um profissional mais preparado para refletir e atuar sobre a realidade
social e de saúde. Riscos e benefícios descritos em conformidade com a natureza e propósitos da pesquisa.
O risco que o projeto apresenta é caracterizado como risco mínimo, considerando que os indivíduos não
sofrerão qualquer dano ou sofrerão prejuízo pela participação ou pela negação de participação na pesquisa
e benefícios esperados estão adequadamente descritos. A avaliação dos Riscos e Benefícios estão de
acordo com as atribuições definidas na Resolução CNS 466/12 de 2012, itens III; III.2 e V.
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MG
Continuação do Parecer: 2.158.217
uma das vias do TCLE será entregue aos participantes,assegura a liberdade do participante recusar ou
retirar o consentimento sem penalidades,garante sigilo e anonimato, explicita riscos e desconfortos
esperados, ressarcimento com as despesas,indenização diante de eventuais danos decorrentes da
pesquisa,contato do pesquisador e do CEP e informa que os dados da pesquisa ficarão arquivados com o
pesquisador pelo período de cinco anos, de acordo com as atribuições definidas na Resolução CNS 466 de
2012, itens:IV letra b; IV.3 letras a,b,d,e,f,g e h; IV. 5 letra d e XI.2 letra f. Apresenta o INSTRUMENTO DE
COLETA DE DADOS de forma pertinente aos objetivos delineados e preserva os participantes da pesquisa.
O Pesquisador apresenta titulação e experiência compatível com o projeto de pesquisa, estando de acordo
com as atribuições definidas no Manual Operacional para CPEs. Apresenta DECLARAÇÃO de infraestrutura
e de concordância com a realização da pesquisa de acordo com as atribuições definidas na Norma
Operacional CNS 001 de 2013 item 3.3 letra h.
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Assinado por:
Patrícia Aparecida Fontes Vieira
(Coordenador)
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