2013 GracianaSulinoAssuncao
2013 GracianaSulinoAssuncao
2013 GracianaSulinoAssuncao
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde
CDU 159.9:61
iv
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Elizabeth Queiroz – Presidente
Universidade de Brasília – UnB
________________________________________________________________
Profa. Dra. Elizabeth Esperidião – Membro Externo
Universidade Federal de Goiás – UFG
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira de Araujo – Membro Interno
Universidade de Brasília – UnB
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Diana Lúcia Moura Pinho – Suplente
Faculdade UnB/Ceilândia – FCE
(Paulo Freire)
vi
AGRADECIMENTOS
À Diana Lúcia Moura Pinho, pela disponibilidade em participar da banca de defesa dessa
dissertação e pelo auxílio na divulgação da pesquisa em UnB/Ceilândia.
À CAPES, por meio do Projeto Pró-Ensino na Saúde, e ao DPP, pelo apoio financeiro; à
Larissa e ao Filipe, pelo auxílio na pesquisa; e a todos do CAEP pelo apoio logístico.
A todos meus familiares pelo apoio, incentivo e orações. Especialmente aos meus pais,
Nilton e Maria, que mesmo com os corações apertados, me apoiaram e rezaram por mim; e
aos meus irmãos, Lorena e Nilton Ozanam, a meu cunhado, Eliézer, e à minha querida
afilhada, Cecília, cuja convivência amorosa e divertida contribui direta e indiretamente em
cada projeto da minha vida.
À Monica e ao Luiz, pela fraterna receptividade, pela confiança e pela compreensão das
minhas decisões, mesmo às vezes não concordando.
A todos meus amigos, que felizmente são muitos, pela efetiva rede de apoio social que
contribui de diversas formas para minha qualidade de vida em cada momento da minha
existência, e que não foi diferente durante o mestrado. Em nome de todos vocês, agradeço
Cintia, Dannuza, Eliana, Lana, Maira, Mariana e Ribari.
Às colegas de mestrado, Carol, Graziela, Helizett, Herica, Lílian, Mariana, Marinna, Sílvia
e Viviane, por diferentes motivos.
À Clarissa, Rodrigo, Nilo e Paloma, figuras marcantes durante essa trajetória, e à Juliana,
um dos bons frutos que o mestrado me trouxe, pela amizade.
A todos que me deram pouso, Lucas e Raquel, Juliana, Clarissa, Fernanda, Rafaela,
Michele, Leticia e Nadielle, por me proporcionarem conforto e descanso. Agradeço
também a todos que ofereceram.
Ao Luiz e sua família, pelo companheirismo, apoio e compreensão. Sua presença amorosa,
artística e alegre tem contribuído significantemente na minha vida.
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................... vi
ABSTRACT ................................................................................................................ ix
SUMÁRIO ................................................................................................................... x
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 01
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE SIGLAS
IP Instituto de Psicologia
e Saúde
INTRODUÇÃO
área de saúde tem diante de si uma pessoa que busca seus serviços. Estudos científicos
pioneiros dessa temática são identificados nas décadas de 1950, 1960 e 1970, com
para o modelo biopsicossocial de assistência à saúde. Ainda que destaque seja dado à
década de 1950 como referência para o incremento das publicações na área, o interesse
pela relação dos profissionais de saúde com seus pacientes não é recente. No histórico das
profissões da área de saúde são encontradas noções introdutórias dessa temática, todavia
somente nas últimas décadas essa interação tem sido discutida, refletida e estudada de
resoluções do início deste século dos Ministérios da Saúde e Educação brasileiros, que
ampliar essa formação criando condições para a integração entre a competência técnica e a
relacional dos profissionais que atuarão neste novo milênio (Brasil, 2001a; 2003).
desse profissional, algumas questões são relevantes: 1) como estão sendo incorporadas as
pessoa?
contemplar as pessoas que formam esse sistema. Nesse sentido, considerar a especificidade
para o Eu como realidade relacional, constituindo-se no face a face dialogal com um Tu,
diferente desse Eu. Essa alteridade é condição necessária à constituição do Eu. Seguindo a
homem sem o seu mundo. O filósofo Feuerbach insiste na necessidade de uma experiência
Mendonça, 1995).
estudo. O interesse pelas relações dos profissionais de saúde com seus pacientes surgiu
profissionais de outros cursos da área de saúde com interesse nessa temática trouxe
3
relações para outras profissões, as quais lidam continuamente com a interação humana.
Dialógica de Martin Buber, considerado o filósofo da relação. À medida que avançava nos
estudos dessa filosofia e aplicava seus fundamentos, observou que essa é uma rica fonte de
onde pôde ter contato com metodologias voltadas para a formação do estudante na sua
totalidade, como a Gestaltpedagogia (Burow & Scherpp, 1985), o que convergia com sua
intensificou a construção do projeto que deu origem a esta pesquisa, por acreditar e
organismo vivo com características próprias dos componentes que o constituem. É uma
saúde com o paciente no que tange a reflexões teóricas, nas últimas décadas, é de certa
forma vasta. No entanto, vários aspectos importantes que envolvem a relação profissional
de saúde-paciente não estão sendo estudados com enfoque empírico (Branco, 2003;
Esperidião & Munari, 2005; Sucupira, 2007). Principalmente no que diz respeito à
formação dos profissionais de saúde tendo como foco o estudante brasileiro, o material que
diferente daquela voltada para atuação em saúde, mas percebido como convergente no que
literatura. Sociais, uma vez que este fomento na formação dos profissionais possivelmente
Esta dissertação está organizada em seis capítulos. O primeiro dos três capítulos
que compõem a revisão da literatura apresenta o tema central desse estudo, Relação
éticos, de coleta e análise dos dados; e o Capítulo 6 inclui os resultados e a discussão dos
mesmos.
CAPÍTULO 1
Psicologia da Saúde. Adiante descreve e analisa aspectos específicos dessa interação nos
cursos da área da saúde, com foco naqueles que são objeto de estudo desse trabalho. A
que a caracteriza como uma abordagem interdisciplinar, sendo analisada, assim como a
cultural (Marks, Murray, Evans, & Willig, 2000). Esse campo de saber marcou presença
nas redefinições das ações em saúde iniciadas, principalmente, na década de 1970 e vem
ocorrendo até a atualidade (Sebastiani, 2003). Apesar de suas contribuições não serem
recentes, tanto na prática de atuação quanto nas reflexões teóricas, até o início deste século
assistência integral (Queiroz & Araujo, 2009). Porto (2006) comenta que uma vez que as
7
profissões da saúde baseiam-se não apenas na área biológica, mas também nas áreas
humanas e sociais, esses profissionais necessitam ter algo mais do que conhecimentos
biomédico e pela proposta de mudança para o modelo biopsicossocial sugerido por Engel
(1977). Essa mudança de paradigma nas ciências da saúde é o que Kuhn (1992) chama de
uma revolução científica, situação na qual membros de uma comunidade científica passam
a questionar o paradigma dominante e propor uma nova forma de fazer a ciência. Esse
autor salienta que quando se muda de um paradigma para outro sempre ficam incorporados
na proposta mais nova o que há de melhor no modelo anterior. Para Pereira (2007) “as
evidências que nos coloquem frente a frente com os limites de nosso paradigma atual” (p.
43).
que exclui o contexto psicossocial dos significados, dos quais depende uma compreensão
recuperação do sujeito cognoscente proposta por Habermas (1987). Esse autor afirma que a
saúde-doença como uma característica fundamental para o avanço nos cuidados em saúde
(Marks et al., 2000; Soares & Camargo Jr., 2007) e a perspectiva positivista pautada no
modelo biomédico, caracterizada pela separação excludente entre sujeito e objeto de estudo
(p. 648)
efetivamente das decisões de seu tratamento” (Flores & Costa Junior, 2008, p. 146). A
à comunicação em saúde (Dias, 2011; Kunzler, 2011; Marks et al., 2000; Queiroz, 2003;
a base de todo tratamento e que a qualidade desse relacionamento tem impacto direto sobre
a saúde. Caprara e Rodrigues (2004) pontuam que essa temática encontra um renovado
9
profissional e/ou nas duas partes, e ainda, uma sequência desses sentimentos pode diminuir
Sempre que um profissional da área de saúde tem diante de si uma pessoa – sadia
ou doente – que busca os serviços daquele profissional, está ocorrendo um encontro clínico
(Porto, 2006). A nomeação desse encontro possui algumas variações: relação profissional
profissional-usuário, dentre outras (Balint, 1956/1988; Branco, 2003; Rangel et al., 2011;
Soar Filho, 1998). Para alguns autores, as justificativas para essas variações não são
meramente semânticas, uma vez que a forma como denominamos algo propicia e induz
uma determinada maneira de olhar e compreender o que foi nomeado (Soar Filho, 1998).
texto.
10
verbal e não verbal, estabelecida no contexto em que essa interação acontece (Soar Filho,
eficiente atenção à saúde integral do paciente. Balint (1956/1988) adverte que por mais
aprimorada que seja uma técnica, ela tenderá a ser inócua ou alienante se não for associada
contexto em que a relação acontece (Glanz, Rimer, & Viswanath, 2008; Gomes, 2003;
Lyons & Chamberlain, 2006; Marks et al., 2000; Martins, 2001; Porto, 2003; Soar Filho,
1998).
comunicação que podem afetar negativamente a interação com o paciente, como: dar
11
comunicação e o uso inadequado de metáforas. Além disso, Taylor (2000) afirma que
muitas falhas de comunicação nos serviços de saúde advêm da violação de regras básicas
do paciente, usar a repetição de fala, ter atitude reflexiva, usar checklist e role-play.
que ocorra uma produtiva aliança de trabalho na relação com o paciente, são baseados
bioéticos, primordialmente presentes nas ações em saúde (Gomes, 2003; Porto, 2003; Soar
Filho, 1998). Entre as qualidades humanas mais frequentemente citadas por esses autores
2003).
influência por Soar Filho (1998). Esse autor afirma que diante do desconhecido, de
12
situações estressantes, da dor e das limitações físicas, é uma tendência normal do ser
Taylor (2000) afirma que entre os fatores do contexto em que a relação profissional
alguns autores (Elias & Navarro, 2006; Pinho, Abrahão, & Ferreira, 2003; Pinho,
Rodrigues, & Gomes, 2007; Soar Filho, 1998) como fator influenciador na qualidade da
profissionais de saúde com seus pacientes tem ocupado em reflexões, pesquisas e ações nas
mais diversas áreas da saúde, sob a perspectiva de que não é uma novidade. Muitos autores
13
(Balint, 1956/1988; Caldwell, 2002; Gomes, 2003; Porto, 2003; Soares & Camargo Jr.,
reflexões acerca dessa temática pode ser observada a partir da década de 1950, com
profissões da saúde. Serão destacados a seguir aspectos específicos de cada profissão que é
Odontologia e Psicologia.
& Castro, 2000; Silva, Ribeiro, Navarro, & Zanini, 2011). Verifica-se a necessidade do
Na Enfermagem, uma profissão que assume o cuidar como foco da sua ação, faz-se
Melo, Silva, Parreira e Ferreira (2011) não existe cuidar se não se estabelece uma relação
de ajuda eficaz. Boemer e Sampaio (1997) ressaltam que por meio do vínculo estabelecido
autonomia, como sujeito de seu tratamento. Uma boa relação entre enfermeiro, paciente e
acompanhantes e dar o suporte necessário à família (Lemos, Jorge, Almeida, & Castro,
2010; Pontes, Leitão, & Ramos, 2008). Esperidião (2001, 2003, 2005) defende em seus
trabalhos que para estabelecer relações humanizadas com as pessoas que receberão
Branco (2003) afirma que existem sinais rudimentares de uma preocupação com a
dessa relação foi marcado pela década de 1950 (Branco, 2003; Araujo, 2009). Caprara e
Franco (1999) comentam que, também nessa década, o psiquiatra Karl Jaspers enfatizou a
promoção de saúde tem sido explicitado por diversos autores, como Arce (2008), Boutin-
Foster e Charlson (2001), Canella (2010), Caprara e Franco (1999), Oliveira e Gomes
(2004), Porto (2003), Reiners, Azevedo, Vieira e Arruda (2008). Nas décadas de 1960 e
informado – que abriu margem para a atual versão do Termo de Consentimento Livre e
15
Esclarecido usado em pesquisas com seres humanos – ilustram a preocupação com a figura
uma prescrição dietética (Assis & Nahas, 1999; Duarte, 2012; Rodrigues, Soares, & Boog,
2005) e à formação humanizada do profissional (Soares & Aguiar, 2010; Pedroso, Sousa,
& Salles, 2011). Ferreira e Magalhães (2007) apontam também que estratégias
também têm sido veemente discutidos (Gonçalves & Verdi, 2007; Robles, Grosseman, &
Bosco, 2008; Teixeira, 2006). A valorização da relação com um olhar para a pessoa do
paciente em sua totalidade é expressa nas concepções atuais de que a cavidade bucal é
parte integrante do corpo humano e de que a saúde bucal é muito mais do que a saúde
contextos de atuação e diferentes abordagens (Amatuzzi, 2003; Burow & Scherpp, 1985;
Hycner, 1995; Remen, 1993; Rogers, 1992). Tendo em vista que o adoecer afeta a pessoa e
como disciplina essencial nas ações da área da saúde (Freitas, Stroiek, & Botin, 2010).
das doenças e na promoção de saúde estão sendo cada vez mais estudadas. Marks et al.,
16
(2000) afirmam que a relação com o paciente está no centro das pesquisas sobre adesão ao
tratamento e dos aspectos comunicacionais. Araujo (2009) considera que “estudos sobre
3).
nas instituições de saúde, geralmente aponta-se para as relações que são estabelecidas, seja
o conceito de relação humana (Canto, Machado, & Manfroi, 2011; Gomes, 2003), portanto
seres humanos, em todas as suas facetas, cuja prioridade é a promoção da saúde (Gomes,
2003; Oliveira & Macedo, 2008). Barros e Cypriano (2008) definem a humanização como
acolher o outro, presente não apenas nos locais instituídos para as práticas cuidadoras,
17
mistérios, pela riqueza dos processos relacionais que contém, por ocorrer segundo razões
muito diferenciadas e por não ser apreendido por nenhum saber exclusivo” (p. 535).
alteridade, visto que é preciso considerar o paciente como sujeito do seu próprio cuidado e
partícipe dos serviços de saúde (Rangel et al., 2011). A PNH descreve seu entendimento de
humanização como:
de atenção e gestão dos processos de trabalho tendo como foco as necessidades dos
Barros e Cypriano (2008), é o resgate das relações entre profissional de saúde e paciente,
dos profissionais entre si, da instituição com os profissionais e de todos esses com a
comunidade.
dos profissionais que compõem a equipe de saúde e da instituição na qual estão inseridos,
tanto nos aspectos do ambiente físico quanto da gestão, percebe-se que é dado enfoque
(Deslandes, 2004). Esse pode ser um dos fatores no retardo de uma implementação mais
efetiva da humanização visto que más condições estruturais de trabalho dos profissionais
de saúde, como uma remuneração ruim, excesso de carga de trabalho, falta de materiais e
humanização nesse contexto. Uma cultura de humanização leva tempo para ser construída
Branch Jr. et al. (2001) definem humanismo na medicina como sendo as atitudes e
ações do médico que demonstrem interesse e respeito pelo paciente e preocupação com o
paciente e seus valores (psicológicos, sociais e espirituais). Entre essas atitudes, não só dos
médicos e sim de todos profissionais de saúde, há que se ressaltar a comunicação, uma vez
que sem ela não há humanização (Oliveira, Collet, & Viera, 2006).
pessoal e uma boa comunicação do que com competência técnica e mais informações
(Marks et al., 2000). Taylor (2000) corrobora tal afirmação ao ressaltar que mesmo que os
possível que eles façam uma avaliação do cuidado recebido por meio da interação
estabelecida.
semelhanças e interesses comuns, fazer disso mecanismos de empatia, sem perder sua
identidade profissional.
uma relação de qualidade na assistência em saúde. Costa e Azevedo (2010) ressaltam que
nas pesquisas das quais foi foco, a empatia médica apresentou correlações positivas com a
constitui um grande estímulo a estudos no tema. Para Aguiar, Salgueira, Frada e Costa
problema apresentado.
formação dos profissionais de saúde. A escuta sensível, segundo essa autora, reconhece e
outro, tomando-o em sua existência dinâmica. Assim como o conceito de epoché postulado
acrescenta que a “simples” escuta tem efeitos transformadores surpreendentes. Essa foi a
Rogers.
saúde, seja na humanização dessa relação ou nas habilidades interpessoais necessárias para
uma relação de qualidade, depara-se com a discussão da formação dos recursos humanos
em saúde. Portanto, como afirma Esperidião (2003), uma maneira de embasar os futuros
CAPÍTULO 2
FORMAÇÃO EM SAÚDE
Júnior, & Carvalho, 2009; Kickbush, 2003; Schiavo, 2007; Wright, Sparks, & O’Hair,
Drumond, Dias & Santa, 2010; Mello Filho & Burd, 2010), estudos apontam uma
priorização da educação teórica e técnica (Caprara, 2004; Rocco, 2010; Sucupira, 2007;
Traverso-Yépez & Morais, 2004). Araújo (2011) afirma que “parece haver uma distância
exigidos dos profissionais, caracterizando um abismo entre teoria e prática” (p. 63).
saúde é marcada pelo desenho flexneriano de ensino e trabalho (Brasil, 2004), identifica-se
seja ressignificado (Pagliosa & Da Ros, 2008). A promoção dessas mudanças visa uma
aproximação da formação dos recursos humanos em saúde aos conceitos e princípios que
reflexões acerca desse tema estejam, cada vez mais, se destacando na área da saúde, o
lugar que ocupam nos processos de transformação que vêm ocorrendo nessa área ainda é
de segundo plano (Pagliosa & Da Ros, 2008). A formação dos profissionais de saúde
aprendizagem (Branco, 2003; Esperidião, 2001; Lilienthal, 2004; Mello Filho & Burd,
profissionais entre si e do hospital com a comunidade, uma vez entendida que a eficácia
das tecnologias e dos dispositivos organizacionais na área da saúde está subordinada pela
Entre as ações propostas por esse programa está a formação educacional dos
profissionais de saúde, cuja avaliação da época era que se encontrava bastante deficiente
Saúde (SUS) no cotidiano dos serviços de saúde, para produzir mudanças nos modos de
com a articulação dos processos de formação com os serviços e práticas de saúde, e a luta
por um SUS mais humano, construído com a participação de todos e comprometido com a
qualidade dos seus serviços e com a saúde integral para todos e qualquer um (Brasil,
24
2003). Tais medidas, ainda que efetivas na discussão e revisão de modelos de atendimento,
mercado de trabalho.
produzir benefícios de curto prazo para a formação, para o exercício profissional e para os
SUS, observou-se que entre os maiores problemas do sistema ainda estão a questão não
(Vaitsman, Moreira, & Costa, 2009). Sabe-se que algumas propostas de mudança levam
25
certo tempo para produzir efeitos, mas mesmo assim é preciso refletir se estamos fazendo o
identificou que pouca atenção foi dada pelos estudantes ao princípio da humanização, o
que reforça a necessidade de explicitação desse tema nos processos envolvidos com a
meios e os modos como a formação profissional na área da saúde vem ocorrendo, isto é,
parte de seus estudantes para uma ação mais participativa dos pacientes/clientes. É
Desse modo, a formação em saúde deve ser capaz de desencadear uma visão da
transformações das práticas sociais coerentes com as demandas dos atuais usuários dos
atenderam aos critérios de inclusão, no entanto a busca automática inicial encontrou 2.164
trabalhos entre artigos, teses e dissertações no período de 1990 a 2011. Como não houve
restrição de base de dados na primeira busca dos artigos, quase todos estavam repetidos em
uma ou mais bases, o que provocou essa redução significativa do número de trabalhos de
uma etapa para outra. Excluídas, portanto, as repetições, os artigos que não estavam na
íntegra no idioma português, que não tinham dados empíricos e/ou que não descreviam o
contexto da graduação brasileira, foi realizada análise da relação entre os objetivos de cada
estudo e o propósito dessa pesquisa, tendo como foco a formação humanizada, para
Federal e integralidade.
O tema humanização teve unanimidade nos artigos analisados, sendo debatido sob
Munari, & Stacciarini, 2002; Hotimsky & Schraiber, 2005; Moimaz, Saliba, Zina, Saliba,
& Garbin, 2010; Moretti-Pires, 2009; Trindade, Almeida, Novaes, & Versiane, 2005).
Entre os sete artigos selecionados nessa revisão, seis abordaram a dialética do tema
indispensáveis para o exercício das profissões de saúde, mas também com conhecimentos
saúde (Bastos & Proença, 2000; Benedetto, 2010; Esperidião et al., 2002; Hotimsky &
Schraiber, 2005; Moretti-Pires, 2009; Trindade et al., 2005). Hotimsky & Schraiber (2005)
afirmaram que essas duas dimensões gozam de valorização desigual tanto no ensino quanto
Outro tema também citado por seis dos sete artigos foi: mudanças curriculares e
subjetividade que a prática de saúde impõe merece ser curricularmente contemplada com a
mesma ênfase dada à objetividade dessa prática. Esperidião et al. (2002) afirmaram que
situações nas quais se possibilita ao aluno perceber-se enquanto pessoa e mostrar-se não
somente como profissional, são reconhecidas como contribuições significativas para sua
curriculares dos cursos da área da saúde brasileiros, sendo que aspectos de humanização
legitimados pelo Governo Federal ainda encontram poucos espaços em algumas escolas.
que atualmente as escolas têm aberto espaço para práticas reflexivas que permitem ao
realizado com a imersão dos sujeitos em cenários reais possibilita um ensino mais
integrado.
aprendizagem das profissões de saúde. O tema diretrizes do Governo Federal foi discutido
humanização do parto.
paciente quanto em relação à totalidade do aluno (Benedetto, 2010; Esperidião et al., 2002;
Moretti-Pires, 2009).
entanto existe a necessidade de descrever e publicar o que está sendo feito no meio
Uma análise global dos textos permite afirmar a necessidade de investir nos
recursos humanos da saúde, uma vez que pode ser pouco funcional uma tecnologia de
ponta nas mãos de profissionais não capacitados, enquanto bons profissionais conseguem
“Como ser um profissional da saúde crítico, reflexivo, que sabe e valoriza trabalhar em
Branch Jr. et al. (2001), por meio de pesquisa sobre o ensino de dimensões
active learning (aprendizagem ativa) pode ser a forma mais eficaz para promover as
planejar uma ação, praticá-la, ser observado enquanto a realiza, receber feedback útil sobre
sua atuação, refletir sobre seu desempenho e depois repetir este ciclo.
cenários reais, por meio de observações e/ou relatos, proporcionando assim uma visão
Manfroi, 2009).
educação” (Lilienthal, 2004, p. 64) que é a Gestaltpedadogia. Costa (2002) afirma que essa
Gestaltpedagogia como apropriada para trabalhos que promovam ações que envolvam
saúde e educação. Essa modalidade de ensino vai ser mais amplamente discutida no
contribuir com uma formação que atenda às mudanças nos perfis de atuação em saúde,
Branch Jr. et al. (2001) alertam que antes de aplicar qualquer método de ensino é
fortes que são aprendidas e internalizadas. Essas mensagens podem ter um impacto mais
ambientes de treinamento podem não ser capazes de fazer muito para mudar a cultura total
de uma instituição, mas podem afetar a cultura local de sua equipe. Se vários profissionais
contribuírem, há um efeito multiplicador que pode alterar o clima institucional (Branch Jr.
et al., 2001).
conhecimento; e docência como objeto de pesquisa (S. H. Batista, 2004). Vignochi et al.
(2009) afirmam que o processo de mudança da educação traz desafios como “formar
Para Ceccim e Merhy (2009) muitas vezes, sob a denúncia profissional da não
Medicina Baseada em Evidências, Porto e Dantas (2003) sugerem que o contato direto com
Para esses autores, a arte clínica pode ser apresentada por meio de uma fórmula
já que ela oferece o verdadeiro sentido a todo ato de atenção à saúde, nas profissões que
estão a serviço do bem estar do ser humano. A Medicina Baseada em Evidências (MBE)
ocupa um lugar na fórmula porque fornece informações válidas e úteis para estudar as
mais importante. Como elemento mais destacado da equação aparece a Medicina Baseada
esse componente é o marcador da qualidade da Arte Clínica, vale dizer, da prática médica,
deve ser elevado ao quadrado. Essa equação mostra que Arte Clínica é cuidar dos pacientes
dentro de elevados padrões éticos e científicos, com uma visão humanística (Porto &
Dantas, 2003).
33
É válido lembrar que o processo educativo também é uma relação entre seres
humanos, com todas as sutilezas que caracterizam essa relação, e que aprender e ensinar
constituem atividades muito próximas da experiência humana (Canto et al., 2011; Pereira,
conhecimento e com a sociedade. Esse autor enfatiza que a interação entre docentes e
interdisciplinar. Com a aprovação da proposta, seleção específica foi feita para candidatos
aprovados 11 para o Mestrado e nove para o Doutorado. A alta procura pelos cursos
Branch Jr. et al. (2001) apontam que apesar de repetidos apelos sobre a importância
conhecidas técnicas realmente eficazes de se fazer isto. A técnica que se supõe em que o
atualmente ainda está pautada no modelo biomédico, esse será, portanto, o modelo
aprendido.
Para Muniz e Chazan (2010), o professor que não escuta o aluno falha no método e
oferece um modelo de não comunicação. Para esses autores, a conduta que o professor
demonstra no encontro professor-aluno, tem muito mais alcance do que o que é dito.
Branch Jr. et al. (2001) afirmam que encontrar um jeito de ser verdadeiro e humanizado
nas interações com os estudantes, pode ser tão eficaz quanto tentar se expressar
humanisticamente nas interações de cuidado com os pacientes. Remen (1993) admite que,
estudante, de ouvi-lo, de estabelecer com ele uma relação de franqueza e confiança, poderá
35
ser esse o modelo apreendido e internalizado (Muniz e Chazan, 2010). Rogers (1973)
Entre os resultados de uma pesquisa feita por Aragaki e Spink (2009) está a
pacientes da mesma forma com que são tratados pelo professor” (p. 92).
biomédicos na perspectiva das ciências humanas e sociais, e que isso vai demandar
estrutura central das profissões da área da saúde e as ciências que abrangem os aspectos
Ribeiro (2010) afirmam que “a melhor articulação entre teoria e prática na formação
Segundo Branch Jr. et al. (2001), um clima de aprendizado humanístico inclui tratar
os alunos com respeito, atender suas necessidades humanas, ter espaço para feedback e
as marcas que os professores geralmente deixam nos estudantes são afetivas, sejam elas
positivas ou negativas.
Kern et al. (2005) alertam que apesar de alguns métodos eficazes de ensino de
os conhecimentos, habilidades e atitudes ensinados nos currículos muitas vezes não são
36
Branch Jr. et al. (2001) salientam que para ensinar algo diferente da forma como foi
questão remete à grande parte dos professores da área da saúde que não possuem
Assim sendo, tanto na relação do profissional de saúde com seu paciente quanto na
(Esperidião, 2001). Isso ocorre porque a necessidade de oferecer uma assistência integral
atitudes, relativamente, recentes na área da saúde (Canesqui, 2007; Haskard et al., 2008;
profissão. O aprender saudável requer uma alternância rítmica entre uma educação
37
emocional e uma educação técnica, entre o ensino de tecnologias leves e duras (Merhy &
Franco, 2003). Carvalho e Ceccim (2009) observam que o grande investimento que tem
sido feito em tecnologias instrumentais como recursos para a atuação em saúde não pode
com a vida.
(p.632). Dias (2011) complementa que esta ideia é uma realidade que também se aplica às
demais categorias de profissionais de saúde. Mas, parece que ainda é pouco destacado o
enfoque de como proporcionar esse treinamento, pois sem recursos interativos e práticos,
o paciente, o ensino da relação com o paciente fica retórico (Coelho Filho, 2007;
Kirschbaum, 2012).
e está na base suas relações (Araújo, 2011). Estudos apontam que habilidades de
comunicação voltadas para intervenções no contexto de saúde, não são adquiridas com o
tempo e sim com um ensino específico (Araújo, 2011; Silva, 1993, 2010). Branch Jr. et al.
paciente são ensinadas de forma mais eficaz quando usados métodos de aprendizagem
ativa.
compõem a relação com o paciente. Essa habilidade tem sido considerada como um
atributo necessário aos profissionais que prestam algum tipo de ajuda, pois de acordo com
Falcone (1999), ao adotarem uma atitude empática, esses profissionais contribuem para
formação de novos médicos foi apontada mais no contexto de modelo e exemplo que é
Para Torres e Sandoval (2003) saber escutar o paciente constitui-se em uma atitude
encontra. Cardoso (2002) destaca alguns obstáculos na prática de uma escuta que tem
a qualidade de sua escuta por parte do profissional, inabilidade do profissional para lidar
Barbier (2011) enumera pontos para serem transmitidos na formação de uma escuta
sensível: levar tempo escutando o paciente, sem intencionalidade, nos momentos cruciais
específica do paciente; usar tempo para falar com toda a equipe de saúde; e buscar a
específico de cada profissião, Martins (2001) afirma que para uma prática futura
satisfatória, é importante que o estudante tenha oportunidade para trocar ideias, angústias e
Estudos mostram que existe uma apreciação dos estudantes da área da saúde sobre
a aprendizagem em pequenos grupos, nos quais a confiança pode ser estabelecida para
permitir uma reflexão profunda e crítica sobre possíveis problemas a serem enfrentados
grupos dão à natureza gregária do ser humano. Yalom e Leszez (2006) afirmam que a
necessidade humana de se relacionar com outras pessoas é tão básica quanto qualquer
necessidade biológica. Para Lewin (1973), um pioneiro no estudo das dinâmicas grupais, o
grupo é para o indivíduo um dos elementos determinantes de seu espaço vital. Esse
conceito é definido pelo autor como sendo a totalidade dos fatos que determina o
O processo grupal é uma amostra do processo social uma vez que a visão do outro
culturais. O grupo é um organismo vivo com características próprias dos componentes que
individualidade humana, pois no grupo cada membro afeta o outro e é afetado pelo
aprender significativo:
ser profícua na formação da concepção de trabalho em equipe em saúde, visto que mesmo
se diferenciando de outros grupos pela sua composição, funções e tarefas, a equipe possui
característica grupais (Queiroz & Araujo, 2009). Araujo e Negromonte (2010) afirmam
imediata, embora não exclua grupos que raramente ou nunca se encontram, pois as trocas
equipe é centrada no paciente e orientada na tarefa (Queiroz, 2003; Queiroz & Araujo,
2009). Entretanto, faz-se mister refletir sobre a formação para o trabalho em equipe, uma
vez que o agrupamento de profissionais não necessariamente assegura que eles funcionarão
fim de promover o diálogo do ensino de graduação nas profissões da área da saúde com a
ambiente da saúde pública ou privada, ainda são insuficientes (Paulin & Luzio, 2009).
Queiroz e Araujo (2009) ressaltam que são necessários mais conhecimentos sobre
profissionais de saúde podem ser formados para o trabalho em equipe, já que equipes são
prejudicado.
prestados, e muitos estudos têm sido realizados com essa perspectiva (Bosi & Uchimura,
2007; Formigli, Costa & Porto, 2000; Pedrosa, 2004; Tanaka & Melo, 2004). No entanto,
realizada, essa era dirigida para investigação da percepção dos estudantes sobre a
experiência, avaliando se havia sido válida ou não para sua formação, por meio de
questionários ou entrevistas. Ressalta-se que não foi feita a análise desses resultados
visando aprimoramento das atividades avaliadas. Nos artigos analisados naquela revisão,
humanizada dos estudantes da área da saúde. Dos sete trabalhos analisados apenas três
apresentaram algum tipo de avaliação, sendo que em dois foi pedida uma avaliação dos
satisfação dos usuários com o serviço de saúde (Bastos & Proença, 2000; Benedetto, 2010;
Esperidião et al., 2002; Hotimsky & Schraiber, 2005; Moimaz et al., 2010; Moretti-Pires,
ligada à avaliação do trabalho docente: ao avaliar o que o aluno aprendeu, o professor está
43
avaliando seu êxito ao ensinar” (p. 45). Desse modo, a formação efetiva dos profissionais
também pela avaliação dessas práticas, tanto no pólo do formador quanto dos que estão
sendo formados.
44
CAPÍTULO 3
ENSINO DA GESTALTPEDAGOGIA
por sua consideração ontológica do ser humano (Zuben, 2003). Sua concepção filosófica
propõe o estudo da totalidade do homem, com o compromisso de olhar para o ser humano
como existe no mundo em relação com os outros, sem perder de vista suas particularidades
(Holanda, 1993). Para Buber (2007), a existência humana só pode ser compreendida em
relação, pois para que o homem exista como humano é necessário que exista também outro
homem com quem ele possa se relacionar. Não por acaso é conhecido como filósofo da
relação.
percebê-lo e aceitá-lo na sua totalidade e unicidade (Buber, 2007). O que Buber chama de
dialógico não é apenas o relacionamento dos homens entre si, é, também, seu
45
acrescenta que para Buber o distintivo do homem não é sua racionalidade e sim sua
existência o homem pode assumir duas atitudes ao se relacionar com os outros no mundo:
aquela na qual a relação existe por si mesma, na qual o centro do interesse de cada um dos
olhar voltado para o ser na sua totalidade. A segunda forma, o Eu-Isso, trata de uma
relação inter-humana na qual o contato não acontece pelo outro em si mesmo, mas visa
Sobre essas atitudes do homem no mundo, Mendonça (1995) diz ser importante
e fugaz e o outro, é que a diferença entre as duas atitudes, Eu-Tu e Eu-Isso, não é uma
corretas, e, para uma vivência saudável, o homem precisa transitar numa e noutra durante a
essência de nossa humanidade. No entanto, não se pode viver sem o Isso, pois ele nos
1923/2004; Assunção & Mendonça, 2006). O Eu-Isso pode tornar-se um mal quando o
46
homem pauta sua vida exclusivamente pelos valores inerentes a essa atitude, quando se
relaciona apenas com o mundo das coisas, de forma arbitrária. “Não há, porém duas
dialógico e genuíno, acontece quando o outro é considerado e tratado “não como objeto,
mas com um parceiro num acontecimento da vida” (p. 138). O autor reconhece a dimensão
ontológica no encontro entre pessoas (Hycner, 1995) e identifica alguns elementos que se
caracterizam uma relação como dialógica, são eles: presença, comunicação genuína,
confirmação e inclusão.
elementar em relação, portanto quando ele se torna presença para mim. Estar presente, para
Buber, é uma atitude que vai muito além da presença física, é ser autêntico e genuíno,
deixando-se tocar e mobilizar pelo que acontece na relação. Significa, pois, trazer para a
emocionalmente para o outro tanto quanto se possa naquele momento. Buber (1965,
conforme citado por Hycner & Jacobs, 1997, p. 39) define presença como um “voltar-se
para o outro”. Hycner e Jacobs (1997) destacam que a presença é uma postura existencial
difícil de definir, mas sua ausência é facilmente notada. Essa atitude possibilita o encontro,
sincero, inteiro, deixando-se mobilizar ou tocar pelo encontro, sem procurar passar uma
para se envolver honestamente no diálogo e também criar condições para isso acontecer.
Sem reservas, vale ressaltar, não significa sem discernimento. Palavras ditas
impulsivamente, não relevantes à tarefa, podem atrapalhar o diálogo genuíno. Para ele o
que deve ser sem reservas é a disponibilidade para um diálogo verdadeiro. “Em geral os
homens não falam realmente um-ao-outro, mas, cada um, embora esteja voltado para o
outro, fala na verdade a uma instância fictícia, cuja existência se reduz ao fato de escutá-
lo” (Buber, 2007, p. 145). Implica dizer genuinamente o que for necessário para o
toda vontade de parecer, produz-se uma memorável e comum fecundidade que não
tem a necessidade de ser confirmado para se sentir visto e valorizado como pessoa.
“Existimos enquanto pessoas que necessitam ser confirmadas em sua singularidade por
pessoas que são essencialmente outras singularidades” (Friedman, 1985, p. 119). Tal
confirmação pode remeter a uma interpretação equivocada, mas Buber (2007) enfatiza que
tal confirmação não significa, de forma alguma, uma aprovação; mas a aceitação do outro
como parceiro de uma conversa genuína. “O que quer que eu seja contrário ao outro, eu
confirmar vai além de aceitar. Significa reconhecer e afirmar a existência dessa pessoa,
mesmo que talvez seu comportamento atual seja inaceitável. Não se trata de simplesmente
concordar com a experiência que é relatada pelo outro, significa estar inteiramente
disponível para olhá-lo como um ser único e completo, percebê-lo e aceitá-lo em sua
capacitando-o a ser o seu próprio ser e reconhecendo-o como um ser único, promove a
vivência de uma existência autêntica. Friedman (1985) pontua que a base subjacente de
A inclusão significa dar “um impulso audacioso, que exige uma agitação muito
intensa de nosso ser, para dentro da vida do outro” (Buber, 1923/2004, p. 81). É uma forma
de sentir o que o outro está vivenciando, em um determinado momento, sem perder sua
existência e ainda assim ser capaz de passar para o outro lado. Ao realizar esse movimento,
tornamo-nos verdadeiros companheiros de viagem pela vida do outro e esse outro sente-se
profundamente compreendido. Significa ver o mundo pelos olhos do outro, sentir o ponto
tão completa quanto possível (Hycner, 1995; Hycner & Jacobs, 1997).
somente no nosso próprio lado e não nos transportamos para o lado do outro (Hycner,
49
1995). Para realizar a inclusão é necessário que a pessoa tenha um sentido muito forte de si
e ainda a flexibilidade existencial para passar para o outro lado e, também, estar consciente
do que ocorre entre as duas pessoas envolvidas na relação. Assim como a confirmação, é
um importante componente de vida saudável uma vez que “ser incluído aos olhos de outro
possui um potencial de cura poderoso em si mesmo” (Hycner & Jacobs, 1997, p. 82).
dizendo do cuidado com nossa competência interpessoal. Possui crença “no poder da ideia
(Buber, 2007, p.12), já que sua reflexão filosófica era orientada para o concreto. Para ele
toda existência real é relação, com o outro ou com o mundo. Mendonça (1995) sintetiza
que:
nenhum homem pode fugir das Coisas. Nenhum homem pode fugir do Tu. Ele pode
entre outras. Suas ideias têm inspirado vários campos de estudo como Psicologia,
(Zuben, 2003).
pessoa em todas as suas manifestações, sua filosofia dialógica está focada na relação
50
humana onde quer que ela aconteça (Buber, 1923/2004). Suas obras têm repercutido em
mais amplamente divulgada pelo livro homônimo escrito em parceria com Karheinz
Scherpp, publicado no Brasil em 1985. Essa proposta sugere uma metodologia de ensino-
aprendizagem que inclui a educação dos professores1, a educação da pessoa como um todo,
prática, e propõe que o aprendizado ocorra pelo experienciar de si mesmo, do mundo, dos
e princípios gestálticos podem ser utilizados para alcançar tanto objetivos tradicionais
quanto novos.
1
Apesar de discussões no campo da Pedagogia sobre os termos professor e educador, neste trabalho eles vão
ser utilizados como sinônimos.
51
conhecimentos é feita através de uma interação mútua. Deve-se desenvolver uma situação
proporciona aos indivíduos encontrarem-se uns com os outros, como sujeitos. Essa
Esse conceito equivale ao que Buber chama de Relação Dialógica e Paulo Freire denomina
potencial, criando condições necessárias para que isto aconteça. O que mais difere a
postura por parte do professor. Vale ressaltar que esse estímulo do aspecto emocional visa
acessar o estudante na sua totalidade e, por meio de vivência dos conteúdos, deixar marcas
experiências dos estudantes, pelo método da vivência. Começa das necessidades dos
quais também foram explorados por Lilienthal (1993, 1997) e Costa (2002):
terapia gestáltica. Esse conceito fala da necessidade de estar em contato comigo, com o
ter consciência o que é esse algo, o que ele significa, o que desperta, que sentido tem. Estar
aware significa também em atualização constante dos dados que influenciam cada pessoa;
condições para sua execução. Esse princípio diz que não é suficiente decidir fazer algo, ter
consciência disso e fazer contato com o fato, é preciso, ainda, fazer um levantamento se
subordinadas a elas;
aprendizado corresponda a uma nova experiência, algo pelo qual a pessoa passe e que ao
final se sinta diferente de como estava no início. É condição para tal, que a experiência
novas experiências, provocando expressões originais de mim mesmo, dentro dos meus
limites;
- Princípio da sinergia: esse princípio está relacionado com a lei gestáltica de que o
todo é diferente da soma das partes. As relações entre indivíduo e meio vão desde as
interações sociais até a relação do homem com o planeta, no que se refere a questões
ecológicas;
características;
devem ocorrer de uma forma dialógica, ou seja, a situação pedagógica deve transcorrer de
uma forma tão horizontal quanto possível, o que significa o professor abrir mão em grande
escala de seu papel de autoridade frente ao estudante, encarando-o como um ser igual a ele,
exercendo um papel diferente naquela relação. Tal proposta se fundamenta nos conceitos
de Martin Buber, e visa estabelecer entre as partes uma relação de encontro, com o
porque todos os outros princípios gestaltpedagógicos se baseiam nele. Esses três conceitos
presente, estimulando o contato do aluno consigo mesmo, com os outros e com o mundo
Gestaltpedagogia, que foi traduzido e adaptado para o português por Lilienthal (1997),
conforme a Figura 1.
ASPECTO PSICOLÓGICO
ASPECTO ESPECÍFICO ASPECTO POLÍTICO-
- Conteúdos de história SOCIAL
de vida
Conteúdo de cada matéria - Dinâmica do grupo - Meio social e ecológico
(e sua relação com o todo) - Situação atual
Conexão Conexão
individual -Condições institucionais
entre entre
aprendizado aprendizado
específico político
e e
pessoal DIDÁTICA pessoal
DIDÁTICA ESPECÍFICA DIDÁTICA POLÍTICA
PSICOLÓGICA
Métodos da didática política
Métodos da
Métodos da didática específica
Gestaltpedagogia
para cada disciplina
CRESCIMENTO DA PERSONALIDADE
políticosociais e didática política. A integração das três esferas é apresentada pelas linhas
tracejadas, sendo que a parte superior refere-se à descrição do que cada uma representa e a
55
inferior, às suas respectivas didáticas, por meio das quais seus objetivos serão alcançados
disciplina, sua relação com o todo, a relação entre elas, sua relação com o mundo dos
dos alunos, a dinâmica do grupo no qual encontra se inserido e sua situação atual
ensino ocorre, envolvendo desde a escola (espaço físico, diretrizes, outros) até o país no
cidade, estado. Estas condições influenciam tanto aluno, quanto instituição e professores,
visto que nesse meio estabelecem-se suas relações, e ali adquirem e trocam conhecimentos
que são devolvidos ao meio. Todos esses assuntos estão presentes na didática política.
perspectiva, o estudante deverá ter conseguido processar o conteúdo das três esferas no
tocante a determinado assunto, resultando em uma aprendizagem que sinaliza que o aluno
esse ciclo, o estudante estará pronto para voltar ao início do ciclo e aprender um novo
unidade indivíduo-meio para que as ações promovidas na escola tenham reflexo direto no
56
Scherpp, 1985).
atentandos-se para o fato que devem ser especificamente escolhidas para coincidir com as
que este também é o ponto de partida e de chegada para uma transformação na educação e,
A Psicologia da Saúde sugere que os seres humanos devem ser vistos como
sistemas complexos e que a doença é causada por uma multiplicidade de fatores e não por
um único fator causal (Straub, 2005). Por este motivo, essa disciplina afasta-se de um
simples modelo linear de saúde e adere ao modelo biopsicossocial, o qual possui uma visão
integral, sustentando que a doença pode ter sua origem em uma combinação de fatores
suas dimensões física, emocional, racional, social e espiritual (Ginger & Ginger, 1995). O
estado saudável sob o ponto de vista dessa abordagem caracteriza-se por um processo
do meio interno e externo, face às exigências do momento (Holanda, 1998, Latner, 1986).
Tanto a prática da saúde quanto a de educação demandam uma ação ética, com
como uma valiosa fonte de contribuição para o aprimoramento da qualidade das relações
humanas, tanto no contexto da relação dos profissionais de saúde com seus pacientes
quanto na relação estabelecida pelos formadores dos recursos humanos em saúde com seus
e a questão social. Em seu bojo estão uma sólida visão de homem e um sólido
58
posicionamento político. (...) Com ela não fico restrito somente a intervenções
gama enorme de situações. Posso trabalhar onde quer que haja relações humanas.
Saúde/educação é para mim uma unidade, não um binômio; uma unidade que visa
saúde
últimos tempos. No Brasil, esse fato pode ser constatado ao se olhar para o crescente
específicos da área (Pinheiro, 2010) e no aumento de disciplinas nos currículos dos cursos
Holanda (2009) ressalta que a ampliação do alcance dessa abordagem está ligada
ampliação dos campos de atuação, destaca-se as áreas da Educação e da Saúde, por dois
motivos: 1) por serem áreas focadas nesse trabalho; 2) pela crescente publicação de
2001; Costa, 2002; Ivancko, 2006; Lilienthal, 1997; 2004; Oliveira, 2007; Parreira, 2010;
Santiago, 2008; Simões, 2008; Silva, 2011) quanto publicações em periódicos (Campos,
Toledo, & Faria, 2011; Freitas et al., 2010; Fukumitsu et al., 2009; Galli, 2009; Gomes,
59
Paiva, Valdés, Frota, & Albuquerque, 2008; Mello & Silva, 2012; Moreira, Ferreira, &
Costa, 2007; Silva & Boaventura, 2011; Silva & Freitas, 2012).
psicopatologia. Muitos deles ainda voltados para o campo clínico, no entanto em uma
específicas desta abordagem sem uma clareza sistemática de ideias e fundamentos, causa –
geral” (p. 99). Faz-se necessário aplacar o uso de termos autoexplicáveis e traduzir a
CAPÍTULO 4
OBJETIVOS
capítulos anteriores.
participantes do estudo;
profissional de saúde-paciente;
61
CAPÍTULO 5
MÉTODO
condução da pesquisa que contou com dois momentos distintos: o primeiro, em que foi
local no qual foi realizada a pesquisa, os critérios de seleção dos participantes de cada
procedimento, foi feito um desenho não-experimental com comparação entre o grupo que
sofreu a intervenção antes e depois da mesma, sem grupo controle (Gerhardt & Silveira,
centro de custo vinculado ao Instituto de Psicologia da UnB e tem como função apoiar os
63
e o Regimento Interno do IP (UnB, 2011). Esse centro oferece salas para atendimento
individual e em grupo. A definição para uso das salas segue planejamento de agenda. Para
a intervenção foi utilizada uma sala de grupo com 12 cadeiras móveis, almofadas e mesa
5.3 Participantes
segundo momento, cinco estudantes dos cursos de graduação do campus Darcy Ribeiro da
O critério de inclusão para o primeiro momento da pesquisa era ser estudante dos
semestre do seu curso; 3) ter disponibilidade para participação de pelo menos oito
encontros, sendo obrigatória a presença no primeiro e segundo encontros; 4) não ter duas
5.4 Instrumentos
hospedar diversos tipos de questionários, coletar e analisar dados. Essa ferramenta foi
escolhida pela facilidade de seu manejo, pela segurança (protocolo SSL) e por ter sua
5.4.2 Entrevistas
para conhecer as percepções e opiniões dos estudantes por permitir ao pesquisador orientar
Desta forma, em pertinência com os objetivos da pesquisa, foram elaborados dois roteiros,
intervenção (Anexo C). Os dois roteiros abordavam questões sobre o tema “Relação
Oficina, além de uma questão final aberta ao participante para fazer comentários, perguntar
caracterização da amostra.
com possibilidade de aplicação antes e depois da intervenção, também foi um dos motivos
(Branch Jr. et al, 2001; Branco, 2001; Costa et al., 2010; Esperidião & Munari, 2005;
Gonçalves & Verdi, 2007; Pedroso et al., 2011; Pepe & Castro, 2000; Rossi, 2004;
Sucupira, 2007), no entanto existe uma carência de instrumentos que focalizam a relação
Junod Perron, & Perneger 2011) foi elaborada, inicialmente, uma versão do instrumento
contendo 22 itens cujas respostas eram marcadas de acordo com uma escala variando de
discordo totalmente a concordo totalmente e três questões abertas. Após análise global dos
66
resultou em 18 afirmativas e foi enviada para quatro profissionais com experiência tanto na
área da saúde quanto na Abordagem Gestáltica e para quatro psicólogas com formação na
cinco estudantes do curso de Psicologia. Essa amostra foi escolhida de forma a não
farmácia e um de medicina.
anônima no momento da entrevista final. Ele objetivou a criação de um espaço para que os
conceitos da Relação Dialógica de Martin Buber. Cada encontro teve duração de uma hora
e meia, e aconteceu duas vezes por semana. A proposta inicial era de encontros uma vez
por semana, no entanto em função da dificuldade de constituição dos grupos, prazo para
aplicada com encontros duas vezes por semana. É importante destacar, que não foi
Tabela 1
Temas da Oficina Relação Profissional de Saúde-Paciente
como estavam se sentindo antes do início das atividades e ao final do encontro. Esse tipo
de exercício estimula o contato da pessoa consigo mesmo (Polster & Polster, 2001). As
68
palavras colhidas por meio desse exercício foram registradas em um formulário para
análise posterior.
como meta a modificação do indivíduo e do meio” (Burow & Scherpp, 1985, p. 110),
Vale ressaltar que para desenvolver esta proposta existe uma demanda de
treinamento técnico do profissional não sendo indicada a mera replicação dos encontros. A
formação em Terapia de Grupo e experiência de dois anos e meio como monitora de uma
ensinadas e aplicadas. Além disso, possui experiência clínica de quase oito anos
Faculdade de Ciências da Saúde (CEP-FS) da UnB, o qual emitiu parecer favorável a sua
69
recomendações dessa resolução, um TCLE foi lido e assinado por todos os participantes.
coleta de dados, sendo que no segundo momento foram realizadas três etapas. No primeiro
momento, foi realizada uma sondagem de opinião a fim de mapear como o tema “Relação
para participação na Oficina. Esse momento foi realizado inteiramente online, via o coletor
de uma Oficina com 10 encontros; 3) um encontro final, com realização da entrevista pós-
Feedback.
Saúde.
informações sobre a pesquisa que deveriam ser repassadas via e-mail aos estudantes do
curso foram enviadas, com o link para formulário de sondagem de opinião, a todos aqueles
respondentes de cada curso teriam prioridade na composição dos grupos da Oficina, já que
havia um número limitado de vagas. Como já mencionado, nessa sondagem foram obtidos
dados preliminares sobre como o tema estava sendo discutido na universidade e, ao mesmo
tempo, foi feito um convite aos estudantes para participarem do estudo. A primeira
Nesse período também foi feita uma divulgação por meio de cartazes espalhados na
curso. Esse critério havia sido feito após análise do fluxo das disciplinas de cada curso,
onde foi observado que a partir do quarto semestre os estudantes têm acesso a disciplinas
Ao fazer uma análise das respostas obtidas até então e em decorrência de que a
universidade estava passando por um semestre atípico em função da greve, optou-se por
retirar o critério de estar matriculado no terceiro semestre do curso. Após esta decisão, foi
solicitando uma nova divulgação, diante do quadro de respostas coletadas até aquela data e
o objetivo da pesquisa.
71
divulgação foi solicitado aos professores das disciplinas Psicologia da Saúde e Psicologia
Aplicada à Saúde a lista de e-mail dos estudantes matriculados, a pesquisadora foi às salas
de aulas dos cursos para divulgar diretamente aos estudantes, foi pedido que alguns
divulgação, assim como os centros acadêmicos. Além disso, alguns estudantes tiveram a
montou-se uma lista com prioridade aos primeiros estudantes de cada curso que
dos cursos.
O estudante que aceitou o convite para participar da Oficina, foi contatado via
correio eletrônico para agendar o primeiro encontro presencial iniciando, assim, o segundo
final dessa primeira etapa do segundo momento, o estudante recebia a informação que seria
interesse em participar da Oficina, apenas duas entrevistas tinham sido realizadas e mais
três tinham sido agendadas. Como o contato com os estudantes era via correio eletrônico,
72
havia muita demora na resposta e muitos não retornavam para agendar a entrevista. Optou-
a pesquisa aos estudantes do campus UnB/Ceilândia, pois até então a divulgação estava
estudantes desse curso não foram incluídos na divulgação da pesquisa já que o tema da
Oficina era a relação direta com os pacientes e nessa graduação os estudantes são formados
projetos e serviços de saúde (UnB, 2012). Foram obtidas sete respostas dos estudantes de
Ceilândia, todas do curso de Terapia Ocupacional. Uma vez que a Oficina pressupõe a
integração de estudantes de diferentes cursos, decidiu-se pela não realização com o grupo
de Ceilândia.
optou-se por dar início à segunda etapa formando o primeiro grupo para realização da
com seis estudantes confirmados, mas apenas cinco compareceram. Os demais ficaram
Foi feita uma nova divulgação com cartazes e outras tentativas de agendamento de
entrevistas. Foram marcadas mais quatro entrevistas, no entanto apenas duas foram
alguns havia mudado devido ao início de outras atividades, como estágio, impossibilitando
73
que mais um grupo se formasse. Diante desse quadro e em função do prazo para conclusão
segundo grupo da Oficina não seria formado e colocando-se à disposição para mais
extensão. Os estudantes que serão primeiro contatados serão aqueles que já manifestaram
Na última etapa da pesquisa, foi realizada uma nova entrevista sendo norteada por
um roteiro semi-estruturado. Essa segunda entrevista foi realizada por uma integrante do
PG-PDS, treinada para isso, de forma a minimizar o efeito que a presença da pesquisadora
principal pudesse ter sobre os dados uma vez que foi quem conduziu a intervenção. Nesse
quantitativa foi feita por meio de estatística descritiva, com auxílio do Excel 2010 e do
Para análise qualitativa, foi realizada uma análise compreensiva do discurso das
fenomenológico de Amedeo Giorgi (Giorgi, 1985). Esse método contém quatro passos e
seu objetivo é chegar aos constituintes essenciais que estão presentes nos discursos dos
Husserl, enfatiza o conceito de voltar às coisas mesmas e, assim, chegar aos verdadeiros
significados do fenômeno que se mostra. Para atingir tais significados o autor descreve
seu estudo obtendo descrições das experiências dos participantes. Para isso é
entrevistado;
3 O terceiro passo propõe uma modificação das expressões cotidianas das unidades
Por fim, essas unidades significativas são agrupadas por categorias, as quais são
podem ser exemplificadas por um fragmento do discurso dos participantes (Andrade, 2007;
CAPÍTULO 6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
seção será dividida em subseções de modo a destacar aspectos relevantes relacionados aos
objetivos do estudo.
com dados obtidos pelo Questionário de Sondagem de Opinião e pela análise do fluxo dos
tem sido abordado nos cursos de graduação da área da saúde da UnB, privilegiou apenas as
respostas dos 143 estudantes do campus Darcy Ribeiro, já que apenas sete estudantes de
possível, portanto, caracterizar com esses dados como o tema está sendo discutido no
campus. Pelo mesmo motivo, a análise do fluxo dos cursos somente apresenta aqueles do
apresentada pela Figura 2. Como um participante havia se transferido para UnB, ainda não
26
quantidade de participantes
20
17
15 15 15
11
9
8
3
2
1
tre
tre
tre
tre
tre
tre
tre
tre
tre
tre
tre
tre
es
es
es
es
es
es
es
es
es
es
es
es
m
em
em
em
se
se
se
se
se
se
se
se
se
ºs
ºs
ºs
1º
2º
3º
4º
5º
6º
7º
8º
9º
10
11
12
atividades que não as programadas. O fato de praticamente não haver estudantes de final
de curso pode também ser explicado pelo fato de que para cursar Nutrição são
em menos tempo.
78
Tabela 2
Participantes do primeiro momento da pesquisa (n = 143)
Frequência
Curso n %
Ciências Farmacêuticas 14 9,8%
Enfermagem 27 18,8%
Medicina 9 6,3%
Nutrição 12 8,4%
Odontologia 34 23,8%
Psicologia 46 32,2%
Não respondeu 1 0,7%
Por ser uma pesquisa vinculada ao Instituto de Psicologia, não foi surpreendente
que o maior número de interessados fosse desse curso. No entanto, o fato do número de
perguntados se o tema havia sido abordado em sala de aula em algum momento durante a
formação, 127 estudantes responderam. Desses, 104 disseram que sim (81,89%) e 23
Tabela 3
Relação de disciplinas por curso identificadas pelos estudantes como aquelas
que abordam o tema relação profissional de saúde-paciente
Ciências Farmacêuticas Medicina
Assistência Farmacêutica (1) Biologia Celular (1)
Farmacodinâmica (1) Práticas de Saúde (4)
Farmacologia Clínica (1) Psicologia Médica (4)
Introdução à Assistência Farmacêutica (3) Saúde e Sociedade (3)
Introdução à Bioética (1) Semiótica/Semiologia (3)
Práticas de Saúde (4)
Saúde e Sociedade (2)
Enfermagem Nutrição
Introdução à Bioética (1) Ambulatório de Especialidades em Nutrição (2)
Contextualização da Enfermagem na Saúde (5) Avaliação Nutricional (2)
Cuidado do Adulto e do Idoso (1) Cultura e Medicamentos (1)
Educação em Saúde (1) Nutrição Clínica e Dietoterapia (4)
Enfermagem em Saúde Mental (1) Educação Nutricional (2)
Enfermagem em UTI (1) Introdução a Sociologia (1)
Enfermagem Médico-Cirúrgica 1 (2) Nutrição e Ciclos da Vida (4)
Enfermagem Psiquiátrica (3) Nutrição e Dietética (2)
Fundamentos de Enfermagem (5) Nutrição em Saúde Pública (1)
Gestão em Políticas de Saúde (3) Nutrição Humana (1)
Introdução à Enfermagem (2) Práticas de Saúde (2)
Metodologia (1) Psicologia Aplicada à Saúde (2)
Práticas de Saúde (2) Saúde e Sociedade (2)
Psicologia Aplicada à Saúde (1) Técnica Dietética (2)
Relação de Ajuda aos Pacientes Crônicos (2)
Relacionamento Interpessoal (6)
Saúde e Sociedade (1)
Saúde Mental (4)
Semiologia e Semiotécnica Aplicada à Enfermagem (4)
Sistematização da Assistência em Enfermagem (2)
Tanatologia: Educação para Lidar e Cuidar na Morte (3)
Vivências Integradoras em Enfermagem (8)
Psicologia Odontologia
Antropologia da Saúde (1) Anestesiologia Odontológica (1)
Ética Profissional (2) Introdução à Bioética (1)
Intervenção em Crise (1) Biopatologia (2)
Introdução à Psicologia (2) Cirurgia Bucomaxilofacial (1)
Processos Cognitivos (1) Cirurgia Oral (1)
Psicofisiologia (2) Clínica Odontológica (11)
Psicologia da Adolescência (2) Comunicação em Saúde (2)
Psicologia da Aprendizagem (1) Dentística (3)
Psicologia da Educação (2) Endodontia (1)
Psicologia da Infância (5) Ergonomia (1)
Psicologia da Personalidade (4) Estomatologia (4)
Psicologia da Reabilitação (1) Odontologia Social (1)
Psicologia da Religião (2) Odontologia Pediátrica (1)
Psicologia da Saúde (12) Ortodontia (1)
Psicologia do Excepcional (1) Patologia (1)
Psicologia Geral Experimental (1) Periodontia (3)
Psicologia Pediátrica (2) Práticas de Saúde Bucal Coletiva (1)
Psicologia: Curso e Profissão (16) Práticas de Saúde (3)
Psicopatologia (5) Prótese Fixa 2 (2)
Rorschach (1) Prótese Parcial (1)
Saúde Mental Clínica e Cultura (2) Prótese Total (1)
Tecnicas do Exame Psicológico (1) Radiologia (1)
Teorias e Técnicas Psicoterápicas (7) Responsabilidade Civil do Profissional da Saúde (1)
Tópicos Especiais em Psicologia da Saúde (4) Sistema de Atenção Odontológica (1)
Tópicos Especiais em Psicologia da Personalidade (1) Traumatologia Bucomaxilofacial (1)
80
cursos. Tal fato sugere que quando os estudantes identificam que o tema foi abordado em
sala de aula, podem estar se referindo apenas a uma citação a ele, visto que os nomes de
muitas disciplinas apontam para especificidades das áreas de formação. Ainda que não seja
de forma aprofundada, tal abordagem é relevante para que a importância do tema seja
Farmacêutica três vezes. Um estudante do quinto semestre disse que o tema foi abordado
quarto relataram que o tema foi abordado em todas as disciplinas até o momento. Um do
oitavo escreveu que em várias disciplinas o tema foi citado, mas de forma superficial.
oito estudantes de Medicina que responderam a essa questão. As duas foram mencionadas
quatro vezes. Um estudante do nono semestre descreveu que o tema “Relação profissional
clínicos quanto legais e éticos, sendo que no estágio clínico é bastante debatido a partir das
experiências de atendimento.
foram Nutrição e Ciclos da Vida e Nutrição Clínica e Dietoterapia, cada uma citada quatro
81
com frequência, falando de experiências pessoais, não é sistemático e tem muito palpite”.
estudantes, ou seja, quase 60% dos estudantes elegeram essa disciplina como uma em que
que em praticamente todas as do ciclo clínico abordam esse tema. Um estudante do sexto
semestre disse que os professores chegam a falar do tema em quase todas as disciplinas.
que esse tema foi trazido à tona apenas na pesquisa que faz, e outro estudante desse
semestre disse que o tema foi abordado em disciplinas relacionadas à saúde mental. Um
Uma análise dos fluxos dos cursos, por meio das ementas e programas, mostra que
em todos eles já no primeiro semestre o tema é introduzido aos estudantes pelo menos em
contexto real da prática da profissão. No curso de Odontologia, esse tema também aparece
Ainda em relação à análise dos fluxos, observa-se que nos cursos de Enfermagem,
Nutrição o tema aparece com menos frequência tanto em relação ao número de disciplinas
quanto ao número de semestres. Mais uma vez, essa análise é corroborada pelas respostas
dos estudantes, já que 25 disciplinas foram citadas nos cursos de Odontologia e Psicologia
suficientemente abordado no seu curso, 64 responderam que sim (53,3%) e 56 que não
(46,7%), ou seja, no total 120 responderam essa questão. A Tabela 4 apresenta a análise de
conteúdo das respostas ao questionamento de como o tema poderia ser mais abordado na
Tabela 4
Formas sugeridas pelos estudantes para abordagem do tema relação
profissional de saúde-paciente durante a graduação
Categorias (frequência) Unidades de significado (frequência)
- Treinamento (4)
- Vivenciar o tema na prática (2)
- Abordar o tema de forma mais prática (2)
- Atividades práticas/experienciais (2)
Abordar o tema de - Usar situações reais vivenciadas por profissionais próximos
forma mais prática, da realidade que se encontram (2)
com vivências e experiências (16) - Acompanhar pacientes reais (1)
- Adequar teoria à realidade na prática (1)
- Discutir situações cotidianas sobre o tema (1)
- Aulas práticas mais no início do curso (1)
Abordar o tema mais no início do - Abordar o tema mais no início do curso (5)
curso (5)
Ter uma disciplina sobre o tema (4) - Disciplina sobre o tema (4)
responderam que o tema não estava sendo suficientemente abordado por estarem no início
relação com os profissionais de saúde foi levantada por um estudante. Outro estudante
comentou que mesmo o tema tem sido abordado durante todo o curso, ainda possui
84
insegurança em relação a ele. Um estudante afirmou que o tema nunca será abordado por
sobre a coerência entre fala e atitude dos professores a qual elucida dados da literatura
sobre o quanto aspectos humanísticos são adotados apenas intelectualmente, não sendo
demonstrados nos atos e de que a conduta de um professor tem mais alcance do que é dito
Apesar de na análise dos fluxos dos cursos, ter sido verificada a presença do tema
n = 32
n = 45
Sim
Não
Tabela 5
Cursos dos interessados em participar da Oficina (n = 45)
Curso Número Porcentagem
Enfermagem 12 26,7%
Psicologia 12 26,7%
Nutrição 10 22,2%
Ciências Farmacêuticas 4 8,9%
Odontologia 4 8,9%
Medicina 3 6,6%
(12) e Medicina o menor (3). Contudo, quando os dados são analisados quanto à proporção
Tabela 6
Porcentagem de interessados em relação ao número de respondentes de cada curso
Curso Respondentes Interessados Interessados em relação
aos respondentes do curso
n n %
Nutrição 12 10 83,3%
Enfermagem 27 12 44,4%
Medicina 9 3 33,3%
Ciências Farmacêuticas 14 4 28,6%
Psicologia 46 12 26,1%
Odontologia 34 4 11,8%
De forma geral, as respostas dos estudantes convergiram com a análise dos fluxos
currículos dos cursos de saúde do campus Darcy Ribeiro da UnB, em acordo com as
as formas sugeridas pelos estudantes de como o tema poderia ser mais abordado, ressalta a
específica de cada curso. Entre eles, ressalta-se: o grande interesse dos estudantes do curso
instigante participação dos estudantes do curso de Odontologia, uma vez que o número de
13 participaram da primeira etapa (entrevista inicial) e apenas cinco das próximas (Oficina
e entrevista final). Todos eram do campus Darcy Ribeiro. Dos 13 entrevistados na primeira
mulheres nos cursos de saúde. Todos eram solteiros, sem filhos e não possuíam outra
Ribeiro, pode ser conferida no Anexo G. A seguir, serão apresentados alguns aspectos e
pedido que os estudantes escrevessem uma palavra que traduzisse como estavam antes do
início das atividades e ao final das mesmas, visando estimular o contato dos participantes
consigo mesmo promovendo conscientização (Polster & Polster, 2001). Essas palavras
88
serviram também como um feedback processual para que a condutora pudesse adequar a
Pôde ser observado, a partir da tabulação das palavras de cada encontro (Anexo J),
que as palavras iniciais mais frequentes entre os estudantes eram: cansado, ansioso,
tranquilo e curioso, que podem estar associadas ao que haviam vivenciado antes do início
tranquilidade, consciência e reflexão. Interessante perceber que esse exercício, ainda que
não previsto como objetivo da Oficina, foi incorporado como um recurso cotidiano em
“(...) nós também fizemos avaliação da palavra. “Você senta, para, pensa numa
palavra”. Isso eu achei muito bom, porque eu sou uma pessoa muito ansiosa, aí eu vou
fazer uma prova, ou eu estou estudando, a minha cabeça está assim, a mil por hora, aí eu
paro e falo: “Como foi que ela fez? Vou pensar numa palavra! Um minuto pra você
respirar”! Isso eu aprendi também. Eu não sei nem se estava no cronograma, mas eu levei
muito em consideração. (...) Meio que abriu os olhos, entendeu”? (P1 - pós2).
conforme preconizado na literatura (Burow & Scherpp, 1985; Freire, 1968/2012; Pereira,
2007).
(Figura 4).
que “foi bem aberto para nos colocarmos, teve empatia na forma como entramos em um
consenso com as palavras”. P2 disse que “acha que teve relação sim”.
90
reservados dois encontros para cada conceito. A sequência das atividades era a mesma: em
um encontro era feito um experimento e depois apresentado o conceito por meio de slides,
com discussão dos aspectos teóricos e a prática vivenciada; no outro era proposta uma
(Esperidião, 2001; 2003; 2005), pode ser mais eficazmente transmitido por meio de
metodologias ativas (Branch Jr. et al, 2001). Essas metodologias possuem como principais
aprendido pelos estudantes é por meio da observação (Branch Jr. et al., 2001), a
pesquisadora assumiu uma postura de valorização da relação entre seres humanos em todos
os encontros da Oficina, tanto por meio do conteúdo que era ensinado quanto da sua
relação com os estudantes, já que para Muniz e Chazan (2010) a conduta que o professor
demonstra no encontro professor-aluno, tem muito mais alcance do que o que é dito. Esse
91
seguir:
“gostei também que deu abertura, né?! Lá, uma coisa que eu fiquei, assim,
fascinado, que às vezes não acontece em sala de aula, e que eu achei muito bom, é que
cada um podia falar realmente o que estava pensando e era valorizado” (P1 – pós).
que os estudantes tinham do trabalho no 1º Encontro da Oficina. Foi pedido então que
Tabela 7
Expectativas em relação à Oficina e comentários sobre seu alcance
Participante Transcrição da expectativa Comentário
1º Encontro 10º Encontro
P1 “Espero agregar mais conhecimento Foi muito além de agregar conhecimento para o
para o curso. O que vai ser curso, pois conheci novos conceitos que são
importante. Acho que tudo que a gente aplicáveis em qualquer relação humana do
puder somar para construir alguma cotidiano. E agora, mais do que em qualquer
coisa é bom”. outro momento da Oficina, defendo a
participação dos tópicos abordados em cursos de
Ciências da Saúde e Ciências Sociais, todos
aqueles que prezam pela relação interpessoal de
qualidade.
P2 “Não tenho muita certeza, assim, do Temas pré-estabelecidos, mas a discussão foi
que eu espero aqui. Não sei muito bem livre, baseada na percepção e vivência de cada
como vai funcionar a dinâmica, se a um. Quando conversei com um amigo sobre a
gente vai ter temas pré-estabelecidos, Oficina, ele perguntou: “você não acha que está
se vai ser mais livre... Mas, acho que é perdendo tempo, não? Você está perdendo dois
um espaço para gente discutir um almoços por semana para discutir sobre o que
pouco mais”. todo mundo já sabe, sobre estar presente, todo
mundo sabe que isso é importante”. Bom, eu
discordo. Não perdi tempo, investi tempo para
tentar entender melhor a base da nossa profissão:
a comunicação interpessoal. Acho que, no fundo
todo mundo sabe que estar presente é
importante, mas é quando se coloca em palavras,
quando se dá um tempo só para isso, que
conseguimos perceber o quão importante é
“desligar o celular”, e assim, tomar uma atitude.
P3 “Me interessei porque durante o Achei que o curso foi importante porque, por
curso eu tive poucos momentos para outro lado, nós não debatemos “exclusivamente
debater exclusivamente sobre isso. Aí sobre isso”, mas sobre relação de uma maneira
achei que esse espaço é legal para geral com muitos exemplos, tanto do cotidiano
isso. E eu espero que acrescente quanto na relação com o paciente. Abriu minha
também alguma coisa sobre isso na cabeça para relação de uma maneira geral, que
minha formação”. vai implicar na minha carreira. Na minha
formação foi um diferencial, com certeza. Vejo
que muitos colegas têm dificuldade com isso.
P4 “Espero sair mais preparado, porque A Oficina me preparou para enfrentar relações
eu me acho muito imaturo ainda em não só com meus pacientes no futuro, mas com
muitas coisas. Acho que vai ser, assim, todas as relações interpessoais vivenciadas no
uma experiência também”. momento. Os conceitos abordados foram
interessantes e fizeram com que eu prestasse
atenção no jeito que eu me relacionava com as
pessoas, e como fazer para melhorar e me
mostrar mais humana para aqueles que
interagem comigo, seja família ou amigos.
P5 “Eu espero sair mais preparado A Oficina conseguiu conectar os conteúdos
mesmo, mais seguro. Assim, espero teóricos aos práticos, contextualizados, muitas
que seja mais no contexto, assim, para vezes, nos ambientes de saúde, como
sair mais seguro na prática. Que atendimentos, dentre outros. Me sinto mais
agregue mais conhecimento”. preparado como estudante para atender e
promover uma troca significativa nas minhas
relações com pacientes. O conteúdo da Oficina
também serviu para a vida pessoal com certeza
☺. Seria ótimo se todos alunos da saúde
tivessem oficinas como esta, com certeza
teríamos uma prática da saúde mais humanizada.
93
Os resultados sugerem que a Oficina teve boa aceitação dos participantes, tanto em
pode indicar uma aproximação da integração entre teoria e prática preconizada por
estudiosos da área (Branch Jr. et al., 2001; Eperidião, 2001, 2003, 2005).
para o ensino desse tema a estudantes dos cursos de saúde da UnB, foram analisados os
de Feedback.
6.2.3.1 Entrevistas
foram definidas cinco categorias nas entrevistas antes da intervenção e seis categorias nos
foram organizados em relação a três tipos de respostas, tanto antes quanto após a
Tabela 8
Percepções sobre o tema “Relação profissional de saúde-paciente” antes da oficina
psicoeducativa
Categoria Descrição da categoria
Compreende a relação profissional de saúde-paciente como sendo
uma interação com humanidade, uma relação entre duas pessoas com
separação de papéis, relativa ao vínculo entre profissional e paciente
Definição da relação
para tratamento e cura. Pressupõe que o profissional interfere
profissional de saúde-
eticamente na vida do paciente, com acolhimento e atenção sua real
paciente
necessidade. Implica em relacionamento com um olhar mais amplo e
sofre influência da relação entre profissionais também.
Tabela 9
Percepções sobre o tema “Relação profissional de saúde-paciente” após a oficina
psicoeducativa
Categoria Descrição da categoria
Compreende a relação profissional de saúde-paciente como o
relacionamento existente entre o paciente e o profissional de saúde.
Uma relação humana com objetivo específico, uma relação de ajuda
Definição da relação
que vai além do conhecimento técnico. Uma relação de qualidade que
profissional de saúde-
acontece de ambos os lados. Envolve vínculo, comunicação efetiva,
paciente
respeito, estar presente, ouvir, aceitar e confirmar o paciente. Forma
de acolhimento do paciente e entra no mundo dele.
como repetições automatizadas do conceito, sem muita reflexão crítica, com uso de
jargões. Após a intervenção, verifica-se uma definição mais objetivada do tema, com a
Tabela 10
Definições da relação profissional de saúde-paciente antes e após a oficina psicoeducativa
Participante Antes da oficina psicoeducativa Após a oficina psicoeducativa
P1 “Pra mim, é a capacidade que o profissional tem de “É a relação que o profissional (...) tem
interagir com o paciente, sem trazer os problemas do com o paciente, no momento do
paciente pra sua vida, mas saber tratar com atendimento, né, porque eles tão
humanidade o paciente. Saber se relacionar trocando de informações. A posição que
emocionalmente, mas não a ponto de atrapalhar a sua o profissional de saúde tem é de ouvir o
vida. Acho que é isso”. paciente, e o paciente de falar o que ele
tem, né, a fim de resolver aquilo”.
P2 “O que é... É uma pergunta meio difícil, assim, né... “Acho que é uma relação como outra
Bom, acho que é a relação, meio ao pé da letra, a qualquer, assim, só que com um objetivo
relação que você tem com o seu paciente. Agora, o que um pouquinho mais definido, né. O
envolveria essa relação é que eu acho que teria mais a profissional de saúde está lá para ajudar
falar, assim. Porque tem a parte mais concreta, que é o paciente, no que for possível aí, né.
o que o paciente quer de você e o que você tem a Acho que isso”.
oferecer para ele. Seria mais a questão de "ele está
doente, você dá assistência e tudo mais". Aquela ideia
de (...) tratar e curar, enfim. Tem essa parte de
relação, mas é lógico que tem outra parte de relação
porque é uma relação de duas pessoas de qualquer
jeito, né?! Então, não sei...”.
P3 “Pra mim, é um vínculo que fica sendo criado entre o “Então... hoje eu entendo como um
profissional de saúde e o paciente (...)”. relacionamento que existe, né, do
vínculo entre o paciente e o profissional
de saúde. É... ele funciona dos dois
lados, né, do paciente para o
profissional e do profissional para o
paciente. É esse relacionamento que
existe mesmo”.
P4 “É a forma como o profissional, ele interfere na vida “Bom, é uma relação de qualidade, que
do paciente, ele consegue falar dos seus problemas. a pesquisadora mostrou várias coisas
(...) como que o profissional lida com os problemas do que você precisa ter. Então, ela mostrou
paciente de uma forma ética, né. Acho que é isso, quatro conceitos, né, do Buber, e todos
porque eu ainda não tenho muito conhecimento ainda. eles fazem com que você se relacione
Acho que eu sou muito imaturo ainda”. melhor com o seu paciente. Então, para
você estar ali presente naquela relação,
sabe, fazer com que melhore aquilo ali,
né. Acho que uma relação de qualidade
é você ter respeito pelo sentimento do
outro, pela condição do outro, é você
estar presente mesmo, ouvindo e
confirmando aquela pessoa.
P5 “Acho que é você acolher a pessoa que está em busca É, pra mim, depois do curso, isso é a
do profissional de saúde. Acho que quando a pessoa maneira, acho que vai além da questão
vai buscar qualquer tipo de profissional, ela está com do conhecimento técnico mesmo, é como
algum tipo de sofrimento, e esse profissional tem você acolhe a pessoa. É a maneira que
algum recurso que pode ajudá-la, e eu acho que, além você acolhe aquele paciente e como
do profissional ter esse recurso, ele estudou durante você inclui ele, né. Que é até uns dos
anos, ele entende sobre isso, e ele tem que saber como conceitos. Como que você, assim, aceita
se relacionar com essa pessoa, como ouvir a pessoa. e, vou explicar melhor. Como que você
Tem que saber diferenciar algumas coisas, ser mais se aproxima daquele paciente, como
atento à real necessidade do paciente. Então, eu acho você entra no mundo dele. Acho que é
que é mais no caso pra você saber se relacionar, no mais ou menos isso”.
sentido de ter um olhar mais amplo. Não é só o
paciente chegar e falar os sintomas "Eu estou com
isso, isso", "Então, é isso, isso", acho que isso não
resolve, muitas vezes...”.
97
Outro destaque é feito pelo relato de P2, o qual exemplifica o que Mendonça (1995)
“Acho que é uma relação como outra qualquer, assim, só que com um objetivo um
pouquinho mais definido, né. O profissional de saúde está lá para ajudar o paciente, no
que for possível aí, né?!” (P2 – pós).
uma relação Eu-Isso, na qual o contato visa algum objetivo, tem-se o Eu-Tu como latência,
quais incluem a maioria dos aspectos elencados pelos estudantes na entrevista inicial. Ter
uma Relação Dialógica envolve interesse pelo outro enquanto pessoa, em uma atitude de
respeito e valorização da sua alteridade, e um olhar voltado para o ser na sua totalidade,
Porto (2003) e Soar Filho (1998), confirmando o pressuposto de que falar de relação
profissional de saúde-paciente é, antes de tudo, falar de relação humana (Canto et al., 2011;
Gomes, 2003). Uma última observação quanto a esses aspectos pode ser feita no que diz
respeito à disponibilidade de ouvir sem preconceitos, citada pelos estudantes e que ilustra o
(Dartigues, 2005),
multiprofissional. A palavra equipe foi citada, antes da Oficina, apenas pela participante do
curso de Enfermagem que está no segundo semestre do seu curso. Esse dado parece sugerir
que pouca ênfase têm sido dada ao cuidado ampliado e que os cursos focalizam as
tema na universidade.
Tabela 11
Aprendizado do tema “Relação profissional de saúde-paciente” antes da oficina
psicoeducativa
Categoria Descrição da categoria
Caracteriza recursos metodológicos como aula expositiva,
seminários, discussão, pesquisa e leitura de textos, casos clínicos,
participação em pesquisas, além do aprendizado em projetos de
Aprendizado do tema na extensão e em estudo autônomo e informal. Diz-se de falas
universidade superficiais, falta de experimentação, defasagem do tema em sala de
aula e priorização do conhecimento teórico. Disciplinas são citadas:
Psicologia Médica e Psicologia: Curso e Profissão. Denuncia lacunas
do curso.
99
12).
Tabela 12
Aprendizado do tema “Relação profissional de saúde-paciente” após a oficina
psicoeducativa
Categoria e subcategorias Descrição da categoria
Sobretudo, existência de relação entre teoria e prática. Inclui
também: conscientização, esquematização de conceitos, ampliação
da percepção como um todo, modificação do olhar com o paciente,
Contribuições da Oficina mais clareza de como colocar em prática a humanização. Ajudou no
para aprendizagem do tema cuidado com o paciente e a sentir-se mais humano. Despertou
desejo de mudança e sentimento de poder fazer a diferença em uma
relação, profissional ou não. Promoveu aprendizado para a vida e
segurança.
Presença Foco na relação, estando presente não só fisicamente. Ato de se
voltar para o outro com disposição e abertura para ouvir.
relação dos profissionais de saúde com seus pacientes quanto na relação estabelecida pelos
formadores dos recursos humanos em saúde com seus aprendizes (Lilienthal, 2004).
100
em seus cursos.
“Do curso especificamente, (...) assim, quase nada. A parte que a gente aprende é
a parte mais biológica, assim, das coisas, né?! Por exemplo, a gente trabalha muito (...)
com caso clínico, eles falam que estão tentando aproximar a gente da realidade. Só que
essa aproximação da realidade é assim: "mulher de 45 anos, 1,70, dor no abdomên". Eu
não acho que isso seja realmente se aproximar da realidade, né?!” (P2 – pré).
“Eu julgo que eu ouvi muito pouco. (...) eu fiz uma pesquisa, (...) que eu tive
contato, que eu pude ler algumas coisas também sobre alguns... (...) O que eu aprendi é
mais autônomo mesmo, (...) eu quis estudar mais isso, mas ninguém nunca me falou mais
sobre isso, entendeu? (...) Mas, assim, foram pouquíssimas vezes mesmo, mais em
pesquisas, ou sei lá, uma palestra, uma coisa sem ser uma aula assim. Acho que foi mais
os lugares que eu ouvi” (P5 – pré).
Esse dado corrobora com a literatura sobre a formação brasileira em saúde de que,
(Branco, 2003; Costa et al., 2010; Mello Filho & Burd, 2010), estudos apontam uma
priorização da educação teórica e técnica (Caprara, 2004; Rocco, 2010; Sucupira, 2007;
“O que a gente ia aprendendo a gente colocava em prática, né. Você estava num
ambiente que a pesquisadora falava uma coisa, e logo depois a gente já estava botando em
prática, né?!” (P1 – pós).
“Acho que as técnicas utilizadas, como eram muito práticas, a gente via a teoria e
via a prática, isso proporcionou a gente a aprender a aplicar aquilo na realidade. (...) A
gente fez umas simulações também de atendimento. Aí, a gente conseguiu ver todos os
conceitos ali, aí eu acho que isso ajudou bastante mesmo” (P5 – pós).
pesquisa e leitura de textos. Sobre a Oficina, alguns dos recursos utilizados mencionados
que o questionamento sobre esses conceitos foi realizado uma semana após o término da
Tabela 13
Comparação entre os conceitos buberianos descritos pelos participantes e as definições de
Martin Buber (2007)
Conceito Descrição da subcategoria Definições de Martin Buber
Estar presente é uma atitude que vai muito
Presença Foco na relação, estando presente não só
além da presença física, é ser autêntico e
fisicamente. Ato de se voltar para o outro
genuíno, deixando-se tocar e mobilizar pelo
com disposição e abertura para ouvir.
que acontece na relação. É estar disponível
cognitiva e emocionalmente para o outro
tanto quanto se possa naquele momento.
Presença é definida como um voltar-se para
o outro. Essa atitude possibilita o encontro,
a abertura ao diálogo e o contato pessoa a
pessoa.
Comunicação Caracterizada por comunicação direta, Disposição para se envolver honestamente
genuína eficiente, com clareza e sinceridade. no diálogo e criar condições para isso
Expressão fidedigna de se e do que acontecer. Sem reservas, vale ressaltar, não
deseja comunicar. Demanda significa sem discernimento. Palavras ditas
compreensão entre os interlocutores com impulsivamente, não relevantes à tarefa,
uso de linguagem adequada. podem atrapalhar o diálogo genuíno. O que
deve ser sem reservas é a disponibilidade
para um diálogo verdadeiro. Envolve troca
de palavras, percepções, e mesmo de
silêncio, livre de julgamentos, sempre no
intuito de proporcionar o desenvolvimento
da relação.
Confirmação Envolve valorização do outro, O ser humano tem a necessidade de ser
confirmando sua existência, mesmo que confirmado para se sentir visto e valorizado
não concorde com sua opinião. Saber como pessoa. Confirmação não significa, de
ouvir, responder e aceitar. Validação da forma alguma, uma aprovação, mas a
experiência do outro. aceitação do outro como parceiro de uma
conversa genuína. Significa reconhecer e
afirmar a existência dessa pessoa, mesmo
que talvez seu comportamento seja
inaceitável.
Inclusão Compreende colocar-se no lugar do É uma forma de sentir o que o outro está
paciente, sem perder a consciência de si e vivenciando, em um determinado momento,
do seu mundo. Exige olhar o mundo a sem perder sua própria identidade; é tentar
partir da perspectiva do outro e auxilia no experienciar o que o outro está
desenvolvimento da atitude profissional. experienciando e simultaneamente se
manter centrado em si mesmo; é estar em
sintonia com o outro, porém sem deixar de
ser quem é. É o movimento de ir e vir, de
estar centrado na própria existência e ainda
assim ser capaz de passar para o outro lado.
Significa ver o mundo pelos olhos do outro,
sentir o ponto de vista do outro, imaginar
concretamente a realidade do outro em si
mesmo de maneira tão completa quanto
possível.
a perspectiva dos participantes sobre a intervenção, a partir das quais puderam ser
103
Tabela 14
Perspectiva dos participantes sobre a intervenção antes da oficina psicoeducativa
Categoria Descrição da categoria
Existência de interesse pelo tema, considerado importante na
formação, e necessidade de agregar conhecimento sobre o assunto.
Pesquisa interessante que pode contribuir para cessar o cansaço de ter
Motivação para participar
teoria sem prática, a falta de desenvolvimento consistente do tema na
da Oficina
universidade e ser um espaço para discussão. Desejo de conduzir bem
a relação com o paciente. Por fim, relação de troca na universidade
com contribuição para melhora do curso.
Tabela 15
Perspectiva dos participantes sobre a intervenção após a oficina psicoeducativa
Categoria e subcategorias Descrição da categoria
Aprender a ver as sutilezas das relações humanas, a esquecer as
questões pessoais no momento da relação e a usar o conhecimento
teórico e técnico para ajudar o paciente, sem desconsiderar seu ponto
de vista. Multiprofissional, didático, com uso de filmes e da dinâmica
Vantagens da palavra, e abertura para participação dos componentes. Semestre,
Vantagens e
horário e local propícios, além de não ter sido muito longo. Assunto
limitações da
Oficina interessante, proporcionando uma Oficina muito boa que será um
diferencial na formação dos participantes.
pesquisa era interessante. Percebe-se uma insatisfação com a forma pela qual estão
área da saúde na atualidade, que apesar de algumas tentativas, parece que ainda prevalece a
educação teórica e técnica (Caprara, 2004; Rocco, 2010; Sucupira, 2007; Traverso-Yépez
“Como eu vi muito pouco, e eu acho esse tema muito importante pra minha
formação (...) achei essa pesquisa, nossa, é muito bacana, mas eu nunca tive contato com
isso, eu nunca vi alguém desenvolvendo isso. Eu já vi as pessoas falando, eu li alguma
coisa ou outra, mas nunca vi algo realmente consistente, algo que abordasse essa questão.
“Hoje a gente está aqui pra ensinar como se relacionar com paciente”. Eu nunca vi isso
na universidade. A gente vê falando sobre a importância "É importante por causa disso,
por causa disso", mas ninguém nunca ensinou para parar como fazer. Então, assim, eu
quero saber como fazer. Estou cansada de saber teoria, teoria, e não saber como fazer. Aí,
por isso, que eu me interessei” (P5 - pré).
“Eu acho que se a gente pode contribuir com uma coisa boa pra universidade, né?!
Vai que lá na frente alguém ajuda também, assim vai melhorando o curso continuamente,
vai todo mundo crescendo” (P1 - pré).
Diferente das entrevistas iniciais, nas quais o tema equipe multiprofissional, foi
estudantes citou como vantagem o fato de ter sido com participantes dos diferentes cursos
de saúde. Esse dado também pôde ser evidenciado nos comentários expostos no último
encontro da Oficina:
“A gente tem pouco espaço para debater isso com outras pessoas, só às vezes em
sala de aula mesmo, então achei bem legal porque foi com alunos de diferentes cursos,
achei isso bem interssante” (P3).
grupos pela sua composição, funções e tarefas, a equipe possui característica grupais
“Muita gente, antes de ir para o hospital, acho que precisava passar por um
momento desse. Acho que é o que muita gente na faculdade está precisando (...) Acho que
devia ser obrigatório, até! (risos)” (P3).
A duração da intervenção foi eleita como uma vantagem por um participante, o fato
de não ter sido um semestre inteiro, e como limitação por duas estudantes, as quais
acharam que poderia ter tido mais do que 10 encontros. Esse dado, assim como o aspecto
do horário que foi pontuado tanto como vantagem quanto limitação, parece sugerir
A quantidade de pessoas no grupo foi referida como uma limitação por mais de um
estudante. Esta opinião converge com a intenção inicial do projeto de pesquisa em fazer
Para responder à primeira questão deste instrumento, foi pedido que o participante
tivesse em mente as coisas que atualmente pensa ou sente em relação ao tema “Relação
106
profissional de saúde-paciente”, e marcasse sua resposta de acordo com uma escala que
conferir as respostas, antes e após a intervenção, a todos os itens dos cinco estudantes.
paciente” parecem já estar incorporados, uma vez que os itens 01, 05, 09, 11, 13 e 18 (vide
Tabela 16) tiveram convergência nas respostas tanto antes quanto após a intervenção. Nas
respostas após a intervenção dos itens 05, 11 e 18, os participantes foram unânimes na
Tabela 16
Itens do Instrumento de Autoavaliação que parecem já terem sido incorporados
pelos estudantes
item afirmativa
01 No tratamento de doenças não é relevante discutir as vantagens e os riscos das terapias não
convencionais com um paciente, uma vez que tal conduta não será instituida pelo
profissional de saúde.
05 O trabalho em equipe pressupõe o repasse de informações ao paciente, aos familiares e aos
profissionais envolvidos.
09 Faz parte da rotina de trabalho dos profissionais de saúde se relacionar com os pacientes,
condição determinante no desenvolvimento de habilidades interpessoais.
11 Valorizar a queixa de um paciente, mesmo que não seja relevante para o caso, pode
influenciar positivamente sua adesão ao tratamento.
13 É importante estimular o paciente a expressar seus sentimentos.
18 A doença e os cuidados de saúde devem ser analisados a partir da consideração do
contexto econômico, político, ecológico, social e cultural.
As respostas aos itens 02, 07, 10, 14, 16 e 17 tiveram uma mudança da aplicação
anterior à Oficina para a posterior, sendo significativa a convergência das respostas dos
Tabela 17
Itens do Instrumento de Autoavaliação que tiveram mudança nas respostas da aplicação
anterior para posterior à oficina psicoeducativa, com convergência das respostas após a
oficina
item afimativa P1 P2 P3 P4 P5
02 Para realizar um procedimento em uma criança, o acompanhante 1 1 1 2 3
não deverá estar presente para que uma relação de confiança seja
estabelecida com o profissional de saúde.
07 A participação ativa do paciente no planejamento e execução de um 5 4 5 5 5
programa de tratamento deve ser incentivada o máximo possível.
10 Com um paciente fora de possibilidades terapêuticas de cura, é 1 1 3 1 1
melhor desconversar se ele perguntar sobre sua doença/prognóstico,
evitando assim mais sofrimento.
14 O relacionamento entre paciente e profissional de saúde é a base de 3 5 5 4 5
todo tratamento e tem impacto direto sobre a saúde dos dois.
16 As profissões da saúde baseiam-se não apenas na área biológica, 5 5 5 4 5
mas também nas áreas humanas e sociais. Nesse sentido, observa-se
a valorização de aspectos humanísticos na formação e capacitação
dos profissionais com abordagens mais sistêmicas e integradoras.
17 Quando o profissional de saúde se coloca no lugar do paciente, as 1 1 1 1 1
estratégias planejadas para favorecer adesão ao tratamento podem
não ser adequadas uma vez que o profissional pode atuar a partir de
informações que não são relevantes.
As respostas aos itens 03, 04, 06, 08, 12 e 15 apontam divergências nas opiniões
Tabela 18
Justificativa de participantes a itens do Instrumento de Autoavaliação
Item Afirmativa Participante Justificativa
04 Discutir preferências religiosas de um P1 – pré “O profissional não deve descartar uma
paciente e as limitações relativas a seu crença do paciente, porque em qualquer
tratamento em função dessas processo de recuperação que fé é
preferências pode ajudar na adesão ao indispensável. O papel do curador é
tratamento. assegurar o tratamento científico adequado”
proporcionar um espaço aberto para que, caso desejasse, o participante pudesse acrescentar
“Eu acho que tal tema é de fundamental importância e deveria ser amplamente
discutido desde o início da vida acadêmica” (P2 – pós).
“Antes foi muito mais complicado responder os itens, porque eu não tinha
nenhuma experiência com o tema. Hoje, as oficinas me ajudaram a entender melhor a
relação profissional de saúde e paciente” (P4 - pós).
futuros.
realizadas (Bosi & Uchimura, 2007; Formigli et al., 2000; Kunzler, 2011; Pedrosa, 2004;
Tanaka & Melo, 2004), percebe-se carência de instrumentos validados que permitam
processo ensino-aprendizagem.
É sabido que algumas propostas de mudança levam tempo para produzir efeitos,
estudantes para uma ação mais participativa (Amâncio Filho, 2004; Traverso-Yépez &
“Comecei a pensar na minha turma. Com todo mundo que você conversa ninguém
é contra a humanização do atendimento, ninguém é contra conversar com o paciente,
tratar ele bem. Aí comecei a pensar assim: então, por que às vezes não acontece, se todo
sabe que deve ser feito? Estava conversando com um amigo sobre a Oficina (...) e ele
disse: “o que você está falando é óbvio”. (...) Não sei se é óbvio, acho que é simples, né,
um poquinho diferente. Porque se fosse óbvio todo mundo faria, se todo mundo tivesse
111
certeza daquilo, todo mundo faria. Acho que é simples, é fácil. E acho que quando a gente
para para esquematizar, isso é isso, isso não é aquilo, aí você começa a pensar de verdade
no que você está fazendo, como você está fazendo, né?!” (P2).
Sua reflexão filosófica era orientada para o concreto, ele acreditava no poder da ideia como
espaço para que os participantes pudessem acrescentar alguma informação inibida durante
Todos os participantes disseram que sua percepção sobre a relação com o paciente
“Acho que a Oficina me fez perceber que conseguir se relacionar com as pessoas é
um pressuposto fundamental para me relacionar com os pacientes (que, olha só, nada
mais são do que pessoas!)”.
“A Oficina me preparou melhor a lidar com essa relação, os conceitos foram muito
importantes, pois me forneceram fundamentação teórica”.
112
“Antes eu acreditava que o profissional precisa fazer até o que não pode para
ajudar alguém. Agora, eu sei que devemos responder pelo que somos e aprendemos, mas
que todo profissional também tem limites. Eu sentia empatia pelo paciente e não
inclusão”.
“Antes eu achava que era algo muito mais difícil de se estabelecer, muito mais
complicado. Mas, na verdade, como se trata de relacionamento, muitos recursos que eu
aplico na minha relação com amigos, colegas de trabalho, etc. eu posso utilizar em outro
contexto, na relação com o paciente, para desenvolver uma relação boa e adequada”.
grau sua percepção havia mudado em relação aos seguintes itens: importância da relação
A resposta seguia uma escala que variava de 1 (não mudou nada) a 5 (mudou totalmente)
(Figura 5).
Oficina:
“O curso foi excelente e acredito que todos que participaram serão profissionais
diferenciados no mercado de trabalho, pois serão mais humanizados”.
“Gostei muito das oficinas, é uma pena ter acabado tão rápido. Acho que a
pesquisadora abordou de forma didática os conceitos, fornecendo exemplos na prática de
como essas relações funcionam. Me senti à vontade para falar e expor minha opinião,
achei isso muito legal. Os conceitos foram relevantes e muito interessantes também. Pude
conversar com outras pessoas sobre os conceitos e vi que muitas delas não tinham
conhecimento sobre eles, já que a graduação não nos prepara a lidar com as relações que
teremos com nossos pacientes no futuro”.
“Muito boa a Oficina! Continue fazendo para os outros alunos, por favor”!
“O curso foi excelente. Teve muita teoria que foi vinculada com a prática. A cada
teoria criava uma expectativa para a aula prática. Isso tornou o aprender dinâmico e mais
fácil, pois para lembrar dos conceitos, basta lembrar das experiências. Essa matéria é
importante não só para cursos da saúde, mas para todo aquele curso que envolva relações
interpessoais. Alternamos, a todo momento, entre paciente e curadores um dos outros”.
acessá-lo na sua totalidade e, por meio de vivência dos conteúdos, deixar marcas de
necessidades dos indivíduos para desencadear um processo de crescimento que tem como
114
2004).
terminou com a mesma quantidade de componentes que começou. Apesar de terem sido
confirmados seis estudantes para compor este grupo, um participante não chegou a iniciar
P3 e P5 faltaram apenas uma vez e P3 faltou três encontros. Duas faltas de P3 foram
justificadas pela emergência de uma cirurgia, o que foi avaliado como não
que esse participante havia demonstrado disponibilidade inicial para frequentar todos os
encontros e esteve presente nos dois primeiros. Após recuperação, o estudante retomou sua
participantes, bem como dos resultados obtidos ao final do estudo, é possível afirmar que,
apesar das limitações da pesquisa, o estudo evidenciou contribuições para o ensino do tema
CONSIDERAÇÕES FINAIS
integral dos futuros profissionais de saúde brasileiros uma vez que pensar na mudança dos
multiprofissional.
abordado apontou para sua presença nos currículos, em acordo com as diretrizes do
profissional de saúde com o paciente e à formação desse profissional, também estão sendo
incorporadas aos currículos, mas não necessariamente à formação acadêmica dos futuros
profissionais de saúde, uma vez que ainda existe defasagem na forma como as
116
terapêuticas e os atributos dos profissionais de saúde desejáveis para que ocorra uma
dados.
possam favorecer sua atuação profissional, que a Relação Dialógica proposta por Martin
demanda uma avaliação em longo prazo. Assim, outros estudos devem ser realizados com
por haver uma carência do tema nesse período e para proporcionar um treinamento antes
aprendido pelos estudantes dos últimos semestres, por já estarem em contato com o
paciente, e por promover um pouco mais de segurança para a prática profissional; e, por
em semestres diferentes. Dessa maneira, orienta-se que em projetos futuros não haja
permanência na Oficina. O critério de duas faltas consecutivas ou três alternadas deve ser
conceito, garantindo que as ausências não representassem prejuízo para o estudante ou para
o grupo. Cabe ressaltar que tal medida seria um aprimoramento da técnica, uma vez que no
Por fim vale ressaltar que adaptações ao projeto decorrentes de condições externas
de mídias sociais em detrimento ao correio eletrônico, são alguns exemplos. Tais fatos
paciente.
120
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Anexo A
Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE
Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário, de uma pesquisa cujo
título é Relação profissional de saúde-paciente: avaliação de uma intervenção com
estudantes da área de saúde. Avaliar as contribuições de um programa de intervenção
gestaltpedagógico, com enfoque na Relação Dialógica, para o ensino do tema relação
profissional de saúde-paciente em estudantes dos cursos de graduação em Ciências
Farmacêuticas, Enfermagem, Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia do campus
Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília.
O trabalho será realizado em 10 encontros de uma hora e meia de duração uma vez
por semana, com 45 estudantes que serão distribuídos em três grupos, cada um com 15
componentes. Se você decidir participar do estudo, terá que ter disponibilidade para
participação em pelo menos oito encontros, sendo obrigatória a presença no primeiro e
segundo encontros. Duas faltas consecutivas ou três faltas alternadas aos encontros
implicarão em sua saída do estudo. Serão realizadas duas entrevistas com cada
participante, uma antes do início dos encontros e outra depois de todos os encontros
realizados. No dia dessas entrevistas será pedido que você preencha formulários de
identificação, autoavaliação e feedback. Os encontros e as entrevistas serão gravados em
áudio. Além disso, uma auxiliar de pesquisa fará o registro observacional dos encontros.
Você poderá abandonar este estudo a qualquer tempo sem nenhum prejuízo.
Sua participação nos auxiliará no entendimento sobre o ensino do tema da relação
profissional de saúde-paciente nos cursos da área da saúde da UnB e com isto poderá
contribuir para a discussão de aspectos relevantes da formação destes profissionais e
possíveis transformações na qualidade da assistência integral à saúde dos pacientes. Se
você tiver disponibilidade, temos interesse em retomar contato quando você iniciar seu
estágio supervisionado e/ou já estiver atuando como profissional.
Você receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa
e lhe asseguramos que seu nome não será divulgado, sendo mantido o mais rigoroso sigilo
por meio da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo(a).
Somente a equipe de pesquisa terá acesso a essas informações.
Não há previsão de possíveis riscos envolvendo sua participação. Caso você sinta a
necessidade de receber assistência psicológica ou caso seja identificada essa necessidade,
143
Atenciosamente,
______________________________________________
Graciana Sulino Assunção
CRP-DF 16612
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
CONSENTIMENTO DO PARTICIPANTE
Anexo B
Questionário de Sondagem de Opinião
145
146
Anexo C
Roteiros das entrevistas
Anexo D
Formulário de Identificação Sociodemográfico
Nome: ____________________________________________________________________
Possui algum outro curso de graduação: ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual? ________________
Anexo E
Instrumento de Autoavaliação
1) Para responder a este instrumento, tenha em mente as coisas que atualmente você pensa
ou sente em relação ao tema “Relação profissional de saúde-paciente”. Em uma escala em
que 5 significa concordo totalmente e 1 discordo totalmente, responda os itens a seguir:
01 No tratamento de doenças não é relevante discutir as vantagense os riscos das terapias não 1 2 3 4 5
convencionaiscom um paciente, uma vez que tal conduta não será instituida pelo
profissional de saúde.
02 Para realizar um procedimento em uma criança, o acompanhante não deverá estar presente 1 2 3 4 5
para que uma relação de confiança seja estabelecida com o profissional de saúde.
03 A assistência em saúde é focada em conhecimentos técnicos uma vez que muitas situações 1 2 3 4 5
podem representar perigo de morte para o paciente.
04 Discutir preferências religiosasde um paciente e as limitações relativas a seu tratamento 1 2 3 4 5
em função dessas preferências pode ajudar na adesão ao tratamento.
05 O trabalho em equipe pressupõe o repasse de informações ao paciente, aos familiares e aos 1 2 3 4 5
profissionais envolvidos.
06 Reações emocionais como choro, raiva e ansiedade evidenciam dificuldades do paciente 1 2 3 4 5
em lidar com sua doença e/ou tratamento.
07 A participação ativa do paciente no planejamento e execução de um programa de 1 2 3 4 5
tratamento deve ser incentivada o máximo possível.
08 A relação profissional de saúde-paciente difere tanto quantitativa quanto qualitativamente, 1 2 3 4 5
de acordo com a faixa etária.
09 Faz parte da rotina de trabalho dos profissionais de saúde se relacionar com os pacientes, 1 2 3 4 5
condição determinante no desenvolvimento de habilidades interpessoais.
10 Com um paciente fora de possibilidades terapêuticas de cura, é melhor desconversar se ele 1 2 3 4 5
perguntar sobre sua doença/prognóstico, evitando assim mais sofrimento.
11 Valorizar a queixa de um paciente, mesmo que não seja relevante para o caso, pode 1 2 3 4 5
influenciar positivamente sua adesão ao tratamento.
12 Em uma discussão de caso em equipe, é importante priorizar os dados clínicos porque é a 1 2 3 4 5
partir deles que haverá a definição da conduta terapêutica.
13 É importante estimular o paciente a expressar seus sentimentos. 1 2 3 4 5
14 O relacionamento entre paciente e profissional de saúde é a base de todo tratamento e tem 1 2 3 4 5
impacto direto sobre a saúde dos dois.
15 O uso da linguagem técnica favorece a compreensão do paciente sobre seu diagnóstico e 1 2 3 4 5
tratamento, além de facilitar o acesso a outros profissionais e fontes de informações.
16 As profissões da saúde baseiam-se não apenas na área biológica, mas também nas áreas 1 2 3 4 5
humanas e sociais. Nesse sentido, observa-se a valorização de aspectos humanísticos na
formação e capacitação dos profissionais com abordagens mais sistêmicas e integradoras.
17 Quando o profissional de saúde se coloca no lugar do paciente, as estratégias planejadas 1 2 3 4 5
para favorecer adesão ao tratamento podem não ser adequadas uma vez que o profissional
pode atuar a partir de informações que não são relevantes.
18 A doençae os cuidados desaúde devem ser analisadosa partir da consideração docontexto 1 2 3 4 5
econômico, político, ecológico,social ecultural.
2) Você gostaria de justificar alguma resposta? Caso necessite, você também pode usar o
verso da folha.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
149
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Anexo F
Formulário de Feedback
1) Você acha que sua percepção sobre a relação com o paciente foi modificada com a
oficina? ( ) Sim ( ) Não Comente.
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2) Em uma escala em que 1 não mudou nada e 5 significa mudou totalmente, em que grau
você considera que sua percepção mudou em relação aos seguintes itens:
3) Este espaço é aberto para alguma observação que você queira fazer:
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151
2º ENCONTRO - Tema: Presença – conceito
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1ª parte - Transmitir uma - História de um - Os estudantes foram divididos em duplas. Um dos estudantes relatou a história de um
45 min história. filme. filme ao outro componente da dupla, cujo filme este não tinha assistido. Ao final da
atividade, cada estudante respondeu duas perguntas:
Estudante que ouviu a história:
1) Você conseguiria contar a história que acabou de ouvir para outra pessoa?
2) Você pensou em outra coisa, que não estava relacionada à história que estava
ouvindo, durante a fala de seu colega de dupla?
Estudante que contou a história:
1) Você acha que em algum momento a pessoa que estava ouvindo sua história
desviou a atenção?
2) Quais os indícios que te levaram a achar isto?
2ª parte - Apresentar Buber e - Breve biografia de - Após o experimento, foi apresentada sucintamente a biografia Buber e pontos chaves
45 min sua Filosofia Dialógica. Buber da sua Filosofia Dialógica.
- Apresentar o conceito - Conceito de - Em seguida, foi apresentado o conceito de presença segundo Martin Buber.
de “Presença” segundo “Presença” segundo - Concomitantemente, os estudantes foram incentivados a relacionar o experimento
Martin Buber. Martin Buber. vivenciado com o conceito apresentado.
- Promover discussão - Análise da relação
sobre a teoria e a entre teoria e
prática. prática.
Tarefa de casa: Foi pedido que observassem como é sua presença nos seus relacionamentos cotidianos segundo o conceito de Buber.
152
3º ENCONTRO - Tema:Presença – relação com paciente
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1ª parte - Verificar como foi a - Tarefa de casa do - Os estudantes foram estimulados a dar notícias sobre a tarefa de casa pedida no
15 min realização da tarefa de encontro anterior. encontro anterior.
casa.
2ª parte - Favorecer, por meio - Relação do - Foi solicitado aos estudantes que lembrassem de alguma situação como usuários ou
1hora e de contato com uma conceito de acompanhantes de algum serviço de saúde no qual pudessem identificar se o
15 min vivência pessoal, um presença com a profissional de saúde envolvido esteve ou não presente.
maior entendimento do formação dos - As situações lembradas foram discutidas e relacionadas com o conceito buberiano de
conceito de presença, profissionais de presença e a formação profissional na área da saúde.
proporcionando relação saúde.
deste conceito com a
formação profissional
do estudante.
153
4º ENCONTRO - Tema:Comunicação genuína – conceito
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1º parte - Identificar diferentes - Análise de - Foram apresentados vários trechos do seriado “House” em que aparecem diferentes
30 min formas de diferentes formas de formas de comunicação (tanto com o paciente e acompanhante/familiar quanto entre os
comunicação. comunicação. profissionais de saúde). Foi pedido que os estudantes identificassem diálogos que
apontavam como adequados e outros que apontavam como inadequados.
- Depois, foi estimulada uma discussão das observações feitas.
2º parte - Apresentar o conceito - Conceito de - Após o experimento, foi apresentado o conceito de comunicação genuína segundo
1 hora de “Comunicação “Comunicação Martin Buber.
genuína” segundo genuína” segundo - Ao longo da apresentação, os estudantes foram incentivados a relacionar o
Martin Buber. Martin Buber. experimento vivenciado com o conceito apresentado.
- Promover discussão - Análise da relação
sobre a teoria e a entre teoria e
prática. prática.
Tarefa de casa: Foi pedido que observassem como é sua comunicação nos seus relacionamentos cotidianos segundo o conceito de Buber.
154
5º ENCONTRO - Tema:Comunicação genuína – relação com paciente
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1ª parte - Verificar como foi a - Tarefa de casa do - Os estudantes foram estimulados a dar notícias sobre a tarefa de casa pedida no
15 min realização da tarefa de encontro anterior. encontro anterior.
casa.
2ª parte - Favorecer, por meio - Relação do - Foi apresentada a transcrição de um trecho de atendimento de profissionais de saúde
1 hora e do contato com uma conceito de (Nutricionista e Psicólogo) e essa transcrição foi analisada junto com os estudantes
15 min transcrição de presença com a observando como foi estabelecida a comunicação entre os componentes do diálogo,
atendimento, um maior formação dos levantando os prós e contras desse diálogo, verificando se essa comunicação podia ser
entendimento do profissionais de considerada genuína ou não de acordo com a proposta de Buber. Também foi
conceito de saúde. perguntado se eles sugeririam alguma comunicação diferente do que foi exposto.
comunicação
genuína,proporcionando
relação deste conceito
com a formação
profissional do
estudante.
155
6º ENCONTRO - Tema:Confirmação – conceito
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1ª parte - Estimular os - Imagens que - Os estudantes foram divididos em duplas e foi entregue uma imagem para cada dupla
30 min estudantes a lidarem ilustram o conceito que ilustrava o conceito de “Figura-Fundo” da teoria da Psicologia da Gestalt (essas
com vivências de “Figura-Fundo” imagens possibilitam sempre a visão de duas figuras na mesma imagem). O exercício
diferentes e/ou da teoria da foi feito uma dupla por vez. Foi pedido que cada componente da dupla dissesse o que
semelhantes às suas. Psicologia da estava vendo para o outro e que discutissem sobre o que viam, enquanto os outros
Gestalt. estudantes e a condutora apenas observavam. Depois que todas as duplas apresentaram
suas figuras e o que cada um havia visto, foi aberta uma discussão entre todos
investigando como haviamexperienciado essa atividade.
2ª parte - Apresentar o conceito - Conceito de - Após o experimento, foi apresentado o conceito de confirmação segundo Martin
1 hora de “Confirmação” “Confirmação” Buber.
segundo Martin Buber. segundo Martin - Durante essa apresentação, os estudantes foram estimulados a relacionar o
- Promover discussão Buber. experimento vivenciado com o conceito apresentado.
sobre a teoria e a - Análise da relação
prática. entre teoria e
prática.
Tarefa de casa: Foi pedido que observassem situações cotidianas nas quais se sentiam confirmado ou desconfirmado e também situações nas
quais confirmava ou desconfirmava outra pessoa segundo o conceito de Buber.
156
7º ENCONTRO - Tema:Confirmação – relação com paciente
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1ª parte - Verificar como foi a - Tarefa de casa do - Os estudantes foram estimulados a dar notícias sobre a tarefa de casa pedida no
15 min realização da tarefa de encontro anterior. encontro anterior.
casa.
2ª parte - Favorecer, por meio - Atendimento - Um atendimento psicoterapeuta-paciente foi simulado entre a condutora do grupo e
1 hora e do contato com um simulado. dois estudantes (foi esclarecido que não deviam falar de nenhum conteúdo pessoal, que
15 min atendimento simulado, - Relação do quem se voluntariasse deveria trazer um assunto fictício).
um maior entendimento conceito de - Nesse atendimento a psicoterapeuta fez uma simulação demonstrando uma postura
do conceito de presença com a confirmadora em alguns momentos e desconfirmadora em outros.
confirmação, formação dos - Foi pedido que os estudantes observassem o atendimento e tentassem identificar
proporcionando relação profissionais de quando havia sido adotada uma postura de confirmação e quando havida sido de
deste conceito com a saúde. desconfirmação, segundo o conceito de Buber.
formação profissional - Após cada atendimento simulado, houve uma discussão a partir das observações
do estudante. feitas e as impressões de quem havia participado do experimento.
157
8º ENCONTRO - Tema:Inclusão – conceito
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1ª parte - Identificar a opinião - Análise de filme. - Foi apresentada a cena de um filme chamado “O Anjo Malvado”, na qual uma mãe
30 min dos estudantes diante tem que salvar um dos dois meninos que ela está segurando em um penhasco, sendo
de uma situação que um deles é seu filho e o outro um sobrinho. Depois, foi levantada uma discussão
polêmica. acerca da opinião dos estudantes em relação à atitude dessa mãe.
- Posteriormente, a condutora contou a história do filme aos estudantes e foi
apresentada novamente esta cena ampliada com uma cena anterior que mostra o filho
tentando empurrar a mãe deste penhasco. Depois, foi levantada novamente uma
discussão sobre a opinião dos estudantes em relação à atitude dessa mãe.
2ª parte - Apresentar o - Conceito - Após o experimento, foi apresentado o conceito de inclusão segundo Martin Buber.
1 hora conceitode“Inclusão” de“Inclusão” - Os estudantes foram incentivados a relacionar o experimento vivenciado com o
segundo Martin Buber. segundo Martin conceito apresentado durante toda a apresentação.
- Promover discussão Buber.
sobre a teoria e a - Análise da relação
prática. entre teoria e
prática.
Tarefa de casa: Foi pedido que observassem se durante a semana praticavam a inclusão em algum de seus relacionamentos cotidianos segundo o
conceito de Buber.
158
9º ENCONTRO - Tema:Inclusão – relação com paciente
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1ª parte - Verificar como foi a - Tarefa de casa do - Os estudantes foram estimulados a dar notícias sobre a tarefa de casa pedida no
15 min realização da tarefa de encontro anterior. encontro anterior.
casa.
2ª parte - Favorecer um maior - Análise de filme. - Foram apresentados vários trechos do filme “Patch Adams”, os quais ilustravam
30 min entendimento do - Relação do momentos de interação entre médico e paciente.
conceito de inclusão; conceito de - Depois, esses trechos foram discutidos à luz do conceito de inclusão apresentado no
-Proporcionar relação presença com a encontro anterior.
deste conceito com a formação dos - Também foi pedido que lembrassem de exemplos vivenciados em que profissionais
formação profissional profissionais de de saúde e/ou professores da sua formação haviam tido essa postura e foi realizado
do estudante. saúde. uma discussão baseada nas suas lembranças.
159
10º ENCONTRO - Tema:Relação profissional de qualidade e Fechamento
Objetivo Conteúdo Procedimento/Estratégias
Programático
1ª parte - Estimular a reflexão - Sumarização e - Foi solicitado aos estudantes que refletissem sobre como poderiam usar os conceitos
1 hora sobre o conteúdo verificação do aprendidos nos encontros anteriores na sua prática profissional e que comentassem
aprendido e sua relação conteúdo. sobre suas reflexões.
com a futura profissão. - Depois, foi solicitado que algum estudante fizesse uma simulação de um atendimento
dentro da sua área usando os conceitos aprendidos.
- Após a simulação, foi aberta uma discussão sobre suas impressões do atendimento e
as impressões de quem havia participado do experimento.
2ª parte -Conhecer a avaliação e - Autoavaliação. - Foi entregue uma folha contendo a transcrição da expectativa que tinham do trabalho
45 min o feedbackdos - Avaliação da citada por cada um no 1º Encontro e foi pedido que completassem essa folha
estudantes sobre o Oficina. verificando se a expectativa havia sido alcançada ou não, e que escrevessem
trabalho realizado. - Feedback. comentários sobre sua resposta. Depois, foi estimulada uma discussão sobre isso.
- Promover o - Fechamento. - Posteriormente, foi entregue uma folha contendo todas as palavras iniciais e finais de
encerramento da cada participante em cada encontro, pedindo que refletissem sobre o que viam. Foi
Oficina. aberto um espaço para quem quisesse comentar sobre isso.
- Por fim, os participantes foram estimulados a comentar a respeito do trabalho
realizado e a condutora agradeceu a participação de todos.
- Antes de irem embora,a condutora lembrou os participantes da próxima etapa da
pesquisa e fez o agendamento da entrevista final.
160
161
Anexo H
Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
162
LIMITADAS!
www.surveymonkey.com/s/3DX5WPV
tub ro /
PARTICIPE DE UMA OFICINA SOBRE O TEMA
graciana@unb.br
io :
www.surveymonkey.com/s/3DX5WPV
encon
(62) 8131-6801
ão :
www.surveymonkey.com/s/3DX5WPV
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RELAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE-PACIENTE
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www.surveymonkey.com/s/3DX5WPV
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RELAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE-PACIENTE
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www.surveymonkey.com/s/3DX5WPV
Anexo J
Tabela das palavras iniciais e finais
Palavras iniciais e finais de cada participante do 1º ao 5º encontro da Oficina.
1º encontro 2º encontro 3º encontro 4º encontro 5º encontro
Apresentação e Relações Presença: conceito Presença: relação com o Comunicação: conceito Comunicação: relação com
Humanas de Qualidade paciente o paciente
Participante Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra
inicial final inicial final inicial final inicial final inicial final
P1 ansioso “encucado” tranquilo “sem-graça” sono animado feliz tranquilo (chegou embaraçado
atrasado)
P2 semi- tranquilo e (chegou “slow- correria revigoração tensão semi-tenso (faltou) (faltou)
exausto cansado atrasado) motion”
P3 atento com clareza tranquilo presente! tranquilo muito cansado calmo feliz satisfeito
motivado
P4 preocupado, seguro cansado consciente (faltou) (faltou) calmo pensativo ansioso (saiu mais
aliviado, de algumas sobre como cedo)
ansioso coisas me comunico
P5 interessado refletindo cansado presente na emotivo aliviado (faltou) (faltou) cansado ansioso
medida do fisicamente
possível
Palavras iniciais e finais de cada participante do 6º ao 10º encontro da Oficina.
6º encontro 7º encontro 8º encontro 9º encontro 10º encontro
Confirmação: conceito Confirmação: relação com o Inclusão: conceito Inclusão: relação com o Relação Profissional de
paciente paciente Qualidade e Fechamento
Participante Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra Palavra
inicial final inicial final inicial final inicial final inicial final
P1 tranquilo refletindo (chegou feliz c/ o curioso interessado interessado “sem-graça” receio saudade,
sobre o tema atrasado) novo conceito na aula, dúvida
assimilado curioso
P2 inerte esperançoso (chegou inspirado (faltou) (faltou) (chegou esperançoso precisando satisfeito
atrasado) atrasado) parar p/ pensar
re-pensativo
P3 curioso consciente tranquilo preocupado centrado Tudo faz (faltou) (faltou) sentindo motivado!
sentido bem
P4 (faltou (faltou (faltou (faltou apreensão pensamento nervosismo mais cansaço tranquilidade
fez cirurgia) fez cirurgia) fez cirurgia) fez cirurgia) tranquilo
P5 um pouco empolgado saciado estimulado a motivado refletindo triste empatia cansado satisfeito e
nervoso estudar mais (pensando sobre mais seguro
a importância
da empatia)
163
164
Anexo K
Categorias e unidades de significado
Categorias PRÉ
Categorias Unidades de significado
Definição da - Interação com humanidade
relação - Separação de papéis
profissional de - Relação de tratamento e cura
saúde-paciente - Relação entre duas pessoas
- Vínculo entre profissional de saúde e paciente
- Forma como o profissional interfere eticamente na vida do paciente
- Acolhimento
- Atenção a real necessidade do paciente
- Se relacionar tendo um olhar mais amplo
- Sofre influência da relação profissional-profissional
Aspectos - Respeito
importantes na - Compreensão
relação com o - Saber ouvir
paciente - Boa preparação acadêmica do profissional
- Boa estrutura familiar do profissional
- Percepção integral do paciente
- Se colocar no lugar do paciente
- Relação de igualdade
- Estabelecimento de vínculo
- Confiança
- Empatia
- Dar vozao paciente
- Prestar atenção
- Acolher
Categorias PÓS
Categorias Unidades de significado
Definição da - Relacionamento existente entre o paciente e o profissional de saúde
relação - Relação humana com objetivo específico
profissional de - Relação de ajuda
saúde-paciente - Acontece de ambos os lados
- Relação de qualidade
- Vínculo
- Vai além da questão do conhecimento técnico
- Comunicação efetiva
- Respeito pelo outro
- Estar presente
- Ouvir o paciente
- Confirmar o paciente
- Forma de acolhimento do paciente
- Aceitação
- Entrar no mundo do paciente
Aspectos - Presença
importantes na - Comunicação genuína
relação com o - Confirmação
paciente - Inclusão
- Atenção
- Motivação
- Disponibilidade para ouvir, sem preconceitos (epochè)
Vantagens e Vantagens:
limitações da - Aprender a ver as sutilezas das relações humanas
Oficina - Esquecer questões pessoaisno momento da relação (epochè)
- Usar conhecimento teórico e técnico para ajudar o paciente, sem desconsiderar seu
ponto de vista
- Multiprofissional
- Didático
- Diferencial na formação
166
- Assunto interessante
- Tempo de duração não muito longo
- Abertura para participação dos componentes
- Semestre, horário e local propícios
- Filmes
- Dinâmica da palavra
- Oficina muito boa
Limitações:
- Grupo pequeno
- Deveria ser expandido para mais estudantes na universidade
- Poderia ser mais longo
- Horário
- Não teve
Presença:
- Estar focado na relação
- Estar presente, não só de corpo físico
- Ato de se voltar para o outro em um determinado momento
- Disposição para estar na relação
- Abertura para ouvir
Confirmação:
- Valorizar o outro
- Confirmar a existência do outro, mesmo não concordando com sua opinião
- Saber ouvir
- Saber responder
- Aceitação
- Validação da experiência do outro
Inclusão:
- Colocar-se no lugar do paciente, sem perder a consciência de si e do seu mundo
- Olhar o mundo a partir da perspectiva do outro
- Auxilia no desenvolvimento da atitude profissional
Anexo L
Respostas à primeira questão do Instrumento de Autoavaliação
1) Para responder a este instrumento, tenha em mente as coisas que atualmente você pensa ou sente em relação ao tema “Relação profissional de saúde-paciente”.
Em uma escala em que 5 significa concordo totalmente e 1 discordo totalmente, responda os itens a seguir:
P1 P2 P3 P4 P5
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
01 No tratamento de doenças não é relevante discutir as vantagense os riscosdas terapiasnão convencionaiscom um 1 1 2 1 1 1 2 3 1 1
paciente, uma vez que tal conduta não será instituida pelo profissional de saúde.
02 Para realizar um procedimento em uma criança, o acompanhante não deverá estar presente para que uma relação de 4 1 1 1 2 1 3 2 3 3
confiança seja estabelecida com o profissional de saúde.
03 A assistência em saúde é focada em conhecimentos técnicos uma vez que muitas situações podem representar 4 4 3 3 2 2 3 1 4 2
perigo de morte para o paciente.
04 Discutirpreferências religiosasde um paciente e as limitaçõesrelativas a seu tratamento em função dessas 1 1 3 3 4 5 1 1 5 5
preferências pode ajudar na adesão ao tratamento.
05 O trabalho em equipe pressupõe o repasse deinformações ao paciente, aos familiares e aos profissionais 5 5 5 5 5 5 1 5 4 5
envolvidos.
06 Reações emocionais como choro, raiva e ansiedade evidenciam dificuldades do paciente em lidar com sua doença 3 4 5 5 2 5 2 1 1 5
e/ou tratamento.
07 A participação ativa do paciente no planejamento e execução de um programa de tratamento deve ser incentivada o - 5 4 4 2 5 4 5 4 5
máximo possível.
08 A relação profissional de saúde-paciente difere tanto quantitativa quanto qualitativamente, de acordo com a faixa 1 1 4 5 5 2 3 2 3 1
etária.
09 Faz parte da rotina de trabalho dos profissionais de saúde se relacionar com os pacientes, condição determinante no 4 5 5 5 5 5 5 5 4 4
desenvolvimento de habilidades interpessoais.
10 Com um paciente fora de possibilidades terapêuticas de cura, é melhor desconversar se ele perguntar sobre sua 2 1 2 1 2 3 1 1 2 1
doença/prognóstico, evitando assim mais sofrimento.
11 Valorizar a queixa de um paciente, mesmo que não seja relevante para o caso, pode influenciar positivamente sua 5 5 5 5 4 5 4 5 4 5
adesão ao tratamento.
12 Em uma discussão de caso em equipe, é importante priorizar os dados clínicos porque é a partir deles que haverá a 3 1 4 4 1 3 3 3 4 2
definição da conduta terapêutica.
13 É importante estimular o paciente a expressar seus sentimentos. 5 5 4 3 4 5 5 5 4 5
14 O relacionamento entre paciente e profissional de saúde é a base de todo tratamento e tem impacto direto sobre a - 3 5 5 3 5 4 4 4 5
saúde dos dois.
15 O uso da linguagem técnica favorece a compreensão do paciente sobre seu diagnóstico e tratamento, além de 3 3 2 2 1 2 1 1 2 1
facilitar o acesso a outros profissionais e fontes de informações.
16 As profissões da saúde baseiam-se não apenas na área biológica, mas também nas áreas humanas e sociais. Nesse 5 5 4 5 4 5 3 4 5 5
sentido, observa-se a valorização de aspectos humanísticos na formação e capacitação dos profissionais com
abordagens mais sistêmicas e integradoras.
167