ABIM 005 JV Ano XIII - Nº 114 - Out/19

“O discípulo evolui por seus próprios

méritos, e a si mesmo transformando,
transforma o mundo”.
Professor Henrique José de Souza
 Editorial
Esta edição traz, como novidade, a criação
da coluna “Maçonaria no Mundo”, cujo objetivo é o
de apresentar como nossa Ordem, cosmopolita e
universal, expressa-se nas mais diversas culturas e
partes do mundo. Nosso objetivo não é apresentar
este tema a título de curiosidade, mas visando melhor
entender nossa instituição no Brasil, comparando-a
como ela se apresenta nos mais diversos países.
– Virtudes Fraternais”, onde aborda o papel da mulher
Inauguramos esta coluna trazendo a origem e
em episódios marcantes da história de nosso Brasil.
a história da Maçonaria em Israel, com a matéria de
autoria do nosso Irmão Lindomar Furniel, intitulada “A No mais, estamos, mais uma vez, publicando a
Maçonaria na Terra Santa”. Trata-se de uma compilação matéria de minha lavra, “Salmos – A Magia Teúrgica”,
da matéria, com o mesmo nome, da jornalista Sheila a título de conscientizar nossos leitores quanto à
Sacks, que escreve para uma comunidade judaica, no importância da Magia Ritualística, tema a cada dia
Rio de Janeiro, através do “Nosso Jornal”. mais desprezado por nossos Irmãos. Às vezes, por
descomprometimento de alguns com a parte templária
Um outro tema que buscamos trazer,
de nossa Ordem, outras vezes, por ignorarem, por
insistentemente, em algumas edições, é, como nossa
completo, os aspectos esotéricos de uma Sessão
Ordem está buscando se adaptar às mudanças do
Maçônica.
mundo atual. Tudo no mundo está em movimento
e constante mudança. Nossa Ordem não pode Nosso papel é o de conscientizar nossos
apresentar soluções para novos problemas estagnada leitores nos mais variados temas. Não ousando querer
em ideias que já não se encaixam com o mundo atual. esgotar o assunto, vimos, humildemente, trazendo
Rever conceitos e se adequar à realidade dos fatos lampejos sobre alguns aspectos, para que sirvam de
atuais, são pontos que precisam ser repensados. estímulo à pesquisa e ao estudo. Nosso objetivo é o de
estimular você a buscar a sua verdade, a fim de servir
Para tanto, trazemos a matéria intitulada
de luz em sua caminhada evolucional, com o objetivo
“Desafios Que a Maçonaria Deve Vencer”, de autoria
do seu despertar espiritual e do engrandecimento de
do nosso Irmão Fábio Cyrino, Mestre Maçom Instalado,
nossa Ordem.
Grau 33°, membro da Loja Maçônica Harmonia e
Concórdia nº 3522, jurisdicionada ao GOSP, que, com Em nossa capa, além da frase de autoria
muita propriedade, mostra-nos que a nossa Ordem do insigne Professor Henrique José de Souza, que
precisa se reinventar, em diversos aspectos, a fim complementa a imagem da capa, sobre o processo
de que possa ter força e organização para, como no iniciático, prestamos, no canto inferior esquerdo, nosso
passado, tornar feliz a humanidade. integral apoio à Campanha Novembro Azul, contra o
preconceito do exame do toque, sendo de extrema
Tivemos a oportunidade de receber uma bela
importância para a saúde do homem!
matéria de uma homônima, a Cunhada Francisca
Feitosa, escritora e membro da Fraternidade Feminina Suas considerações, críticas e comentários
Cruzeiro do Sul – Rosa de Sharon, do Oriente de são muito bem-vindos!
Imperatriz, no Maranhão, intitulada “Família Maçônica

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade
mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados,
no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005
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 Salmos
A Magia
Teúrgica!
Francisco Feitosa

A
ritualística maçônica é muito rica em seus seguidores, ou a seguidores da Lei, através de
significados, aliás, como toda ritualística, ela seus 150 Salmos, como uma herança espiritual para
é um conjunto de procedimentos que tem toda a posteridade.
um propósito, um objetivo para ser alcançado. Cada
O Rei Davi, sucessor de Saul, foi o
passo ritualístico merece atenção, disciplina e, acima
segundo rei dos judeus, e foi quem fundou Jerusalém.
de tudo, o entendimento daquilo que está se fazendo.
Seu filho Salomão levou o Império judeu ao apogeu,
Ao longo do tempo, lamentavelmente, temos por volta de 1000 anos antes de Cristo. Na narrativa
visto um total descaso e desconhecimento do que seja bíblica ele aparece, inicialmente, como tocador de
um ritual. Por ignorância, muitas vezes, são invertidos, harpa na corte de Saul. “Como comandante militar,
ou pior, até suprimidos procedimentos em um ritual, Davi tornou-se amigo de Jônatas, filho de Saul, e
desconhecendo seus propósitos, quebrando uma casou com sua filha, provocando o ciúme de Saul,
sequência de atos que foi estruturado para se produzir que o exilou. Depois da morte de Saul, ele governou
um determinado efeito. Afinal, tudo está medido, a tribo de Judá, enquanto o filho de Saul, Isboset,
contado e pesado, e precisamos, antes de tudo, ter a governou o resto de Israel. Com a morte de Isboset,
exata medida daquilo que estamos fazendo, à guisa Davi foi escolhido o rei de todo Israel e seu reinado
de sofrermos os efeitos distorcidos da profanação marca uma mudança na realidade dos judeus: de uma
que cometermos. Tentaremos, humildemente, facilitar confederação de tribos, transformou-se em uma nação
a retirada de alguns “véus mayávicos”, falando um estabelecida. Ele transferiu a capital de Hebron para
pouco sobre o porquê dos salmos, já que é parte Jerusalém, que não tinha nenhuma lealdade tribal
integrante e, como poderão notar, importantíssimo em anterior, e tornou-a o centro religioso dos israelitas
nossa ritualística. trazendo consigo a Arca Sagrada”.

Os Salmos são um dos maiores legados Davi era dotado de uma multiplicidade de dons,
iniciáticos deixados à humanidade nesta Quinta Raça sendo difícil dizer qual o mais admirável: estrategista,
Ária, constituindo-se numa poderosa ferramenta de construtor de uma nação, poeta, músico e compositor.
transformação na vereda da Iniciação. Foram dados
Os Salmos são parte constituinte da Kabbalah
por um Rei de estirpe divina, o grande Davi, cujo
dos hebreus antigos, que sabiam de todo seu poder
nome, anagramaticamente, pode ser desdobrado em
taumatúrgico. É uma poderosíssima ferramenta
VIDA, indicando-nos sua missão entre os homens, ou
nas mãos de Iniciados, como escreveu o Dr. Mauro,
seja, aquele que oferta a Vida Espiritual a seu povo, a

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 o inconsciente coletivo comunica-se com o ego, ou eu
inferior, através dos sonhos. Por isso, toda Ritualística
está apoiada sobre símbolos, ou sobre uma simbologia
transcendental. Os símbolos guardam em si o poder
primevo místico e transcendental de algo que não
pode ser totalmente elucidado através do intelecto,
ou da mente concreta. Guardam aspectos que não
podem ser esgotados pela mente racional, mas que
são alcançados através da Intuição. E os Salmos
são símbolos vivos que atuam em nossa psique. Os
Salmos são uma obra poética, carregada de símbolos.
na sua obra “A Bíblia e a Kabbalah”: “Se a Bíblia se
Por isso valem, ainda, hoje. Continuam a ser sublimes,
torna silenciosa sobre a virtude oculta dos Psalmos,
autênticas salas de símbolos e imaginação, fonte de
é pelo fato dos mesmos serem um dos mais belos
expressão para quem os reza, em tudo, melhores do
monumentos da Kabbalah dos hebreus. E que toda
que orações pastosas “de falsos poetas.”
iniciação cabalística, sendo rigorosamente oral, seu
sentido esotérico deveria ser o apanágio exclusivo dos O poder transformador dos Salmos e de seus
iniciados. Estes, jamais, poderiam revelar aquilo que símbolos universais é evocado através do som. Desde
lhes foi oferecido “de boca a ouvido”. eras sem conta que os Iniciados falam a respeito do
mistério do som na manifestação e na criação divina:
Livro dos Salmos quer dizer coleção de
“O som é a grande arma dos homens e dos Deuses.
cânticos sagrados, próprios para serem cantados ao
Em si não é bom nem mal; é o som. O seu emprego
som de um instrumento musical de cordas, o saltério.
fasto ou nefasto depende, exclusivamente, da vontade
Pelo Salmo 32, versículo 2, e Salmo 91, versículo 4,
do homem”.
depreende-se que o saltério era um instrumento de
dez cordas. Tanto a palavra Salmo quanto Saltério A criação através do som manifesta-se na
derivam do verbo grego psallo, que significa ferir ou natureza segundo várias gradações, indo desde as
tocar levemente. Saltério, também, é a designação palavras por nós proferidas, as vibrações produzidas
que os Setenta (tradutores do Antigo Testamento, do quando se entoa um mantra, até a palavra de passe
hebraico para o grego) deram ao hinário de Israel, isto que “abre” portais não penetrados pelo homem
é, ao Livro dos Salmos. comum, culminando com a palavra perdida, que
pronunciada da maneira correta, pode até alterar a
Os hebreus reconheciam e davam o saltério
ordem vigente do universo: “O SOM toma um aspecto
por um só volume, que chamava “Sipher Tihillim”, que
prático: físico, emocional, mental e se projeta nos
quer dizer: “Volume dos Cânticos”.
Mundos Inferiores. O SOM provoca a sensação e
De todas as escrituras, o Livro dos Salmos é o forma os símbolos que se transformam em palavras,
que foi mais vezes transladado. Por isso foi sujeito a com um sentido prático e útil à evolução dos Seres.
inúmeras alterações feitas pelos copiadores, umas por Este Supremo SOM se manifesta em todos os gamas
ignorância, outras por descuido, outras por ousadia. sonoros, desde o inaudível - Nahada - até as palavras
72 sábios gregos traduziram a versão hebraica para mágicas e sagradas, surgindo daí as palavras de
o grego. Essa versão ficou conhecida como a “Versão passe, as palavras Sagradas e a síntese de todas
dos Setenta”. Dessa tradução surgiu a Vulgata Latina,
versão em latim. Em 1790, o padre português Antonio
Pereira de Figueiredo concluiu a tradução da Bíblia
para o português, a partir da Vulgata latina, publicada
em 7 volumes.

“Salmo é a verdade expressa simbolicamente”.

Os Salmos falam diretamente à nossa essência porque
utilizam a linguagem universal da natureza, que é a
linguagem simbólica. Essa é a linguagem com a qual

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elas, conhecida em nossa tradição como a PALAVRA vereda da Iniciação, na busca de nossa verdadeira
PERDIDA. Palavra Perdida, contada e proferida em essência: “A TAUMATURGIA é o ato de se por em
vários tons, forma o ápice e todos os Mantrans...” ação, em atividade, digamos em atividade objetiva, a
CONSCIÊNCIA SUPERIOR, os atributos do espírito;
“No aspecto exotérico, a Palavra se torna
consequentemente, uma ativação, em todos nós, do
eminentemente utilitarista e assim é continuamente
SOM ETERNO, da Vida Universal - processo que
reestruturada e retorcida, conforme os interesses
possibilita manter em equilíbrio a parte veicular da
predominantes da psicofisiologia da Nação nos
individualidade. Isso é tornar a Mônada indivisível, não
vários períodos que atravessa. Essas transformações
permitir que seus veículos se desintegrem, conduzindo-
da Palavra ao se adaptar, ou ser adaptada, às
nos ao sentido da “verdadeira imortalidade”, ou seja, a
modificações regionais, ou mesmo nacional, levam
não divisão, senão, a não desintegração dos veículos
progressivamente a encobrir seu significado original,
conhecidos: espírito ou inteligência, alma e corpo. Por
mas não a ponto de destruí-lo; esse significado original
isso se fala em corpo eucarístico.
perdura para sempre e poderá ser encontrado em
suas raízes, constituindo o aspecto esotérico que se Agora um pouco mais elucidados sobre a
conserva e se revela em forma de Símbolo. No Símbolo origem e o propósito dos salmos, reflitamos um pouco
estão as causas originais arcaicas ou arcanas (arca) sobre o porquê da récita do salmo 133 – Salmo da
que lhe deram origem, e a verbalização primordial que Fraternidade Universal e procuremos entender e,
lhe deu manifestação intelectiva.” principalmente, colocarmos em prática o hercúleo
trabalho que nos cabe como Iniciados, se é que os
Os Salmos possuem a característica de Magia
somos!
Teúrgica, ou medicina teúrgica, que nos auxilia na

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 Desafios que a Maçonaria
Deverá Vencer!
Fábio Cyrino

A
o longo de sua história, a Maçonaria, não de um “status quo”, baseado no controle do Estado
aquela das lendas e tradições românticas, e da Sociedade por poucos; uma elite perversa, que
de tempos imemoriais, das guildas de ofício visava ao controle do conhecimento, aos meios de
que pretendiam manter uma reserva intelectual de produção, às liberdades individuais.
mercado, mas sim a Maçonaria como Instituição,
Nestes últimos 300 anos, em suas fileiras,
fruto de um momento social iluminista, originada ao
a Maçonaria abrigou líderes políticos, libertadores,
longo do final do século XVII e início do XVIII, sempre,
intelectuais, filósofos, cientistas e artistas: de Saint-
enfrentou oposição do chamado “mundo profano”,
Martin e Washington; de Voltaire a Franklin; de Mozart
principalmente por seu caráter sigiloso, reservado,
e Puccini a Montaigne e Fleming. A Maçonaria sofreu e
secreto até.
sobreviveu, sempre permanecendo imune aos ataques
Nestes quase 300 anos de existência oficial, externos e internos a sua estrutura globalizada, em
completado em 2017, a Maçonaria se deparou com uma época em que o termo, ainda, nem sequer havia
fortes movimentos que pretenderam controlá-la e até sido cunhado.
mesmo suprimi-la, com a eliminação de suas estruturas,
Nestes 300 anos, lutou-se pela Liberdade
a prisão, e mesmo a condenação à morte de seus
social, pelo acesso universal à instrução, pelo direito de
integrantes. Desde a emissão da Bula “In Eminenti
acesso aos meios de produção, pela liberdade política,
Apostolatus Specula”, por parte do papa Clemente XII,
pela defesa dos Estados laicos e pela comunhão entre
em 28 de abril de 1738, uma das primeiras tentativas
os povos. Lutou-se pelo fim do Absolutismo; pelo fim
de sua supressão, até os fortes ataques sofridos
da Escravidão; pela eliminação das oligarquias na
ao longo do século XX, por nações totalitárias, de
sociedade; pela eliminação do totalitarismo de Hitler,
caráter fascista, mesmo assim a Maçonaria, sempre,
de Mussolini e de Franco, exemplos de Estados onde
representou, ao mesmo tempo, um farol de conquistas
a Maçonaria foi perseguida e praticamente eliminada,
sociais de Liberdade e Igualdade entre os homens e
com a morte de aproximadamente 400.000 maçons
uma ameaça àqueles que pretendiam a perpetuação

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 uma forma generalizada, é que os interesses maiores,
os interesses sociais e culturais de grande parte da
sociedade profana e maçônica, foram deixados de
lado, em troca de uma política feita para se garantir
regalias efêmeras e reuniões festivas sem significados
maiores.

Mas quais desafios a Maçonaria deve vencer?

Antes de qualquer ação concreta, antes de se voltar
à sociedade profana, a Maçonaria deve se reinventar,
não no sentido de se criar um novo padrão de atuação,
mas sim de se retornar aos princípios defendidos e
elaborados por aqueles que “inventaram” a Instituição;
uma reformulação da “ética maçônica”, com vias ao
reexame dos hábitos dos maçons e do seu caráter
em campos de extermínio, conforme os registros
em geral, de modo a se evitar o desmoronamento dos
oficiais apontam; lutou-se pelo fim da Ditadura do
pilares de sustentação da Instituição; um reexame das
Proletariado nas quatro décadas após o término da
reais necessidades da Maçonaria, principalmente com
Segunda Guerra Mundial e tem se lutado, ainda, pela
relação àqueles que pretendem ocupar a liderança e
supressão das injustiças sociais e econômicas.
a representação de nossa Ordem, guindando-se aos
Agora, nestas primeiras décadas do século seus maiores postos, não só o mais carismático, mas,
XXI, a Maçonaria, de uma maneira geral, enfrenta também, aquele que seja mais preparado do ponto de
um inimigo maior do que todos aqueles que já a vista ético, intelectual e moral.
confrontaram: a indiferença. A indiferença por parte
Necessitamos de um novo padrão de
de seus integrantes de que não há mais batalhas a
comportamento, não o comportamento vigente, voltado
serem vencidas; a indiferença e a acomodação por
para a autopromoção e a perpetuação de privilégios,
parte de seus integrantes de que as grandes causas
mas sim um novo padrão para se vencer os desafios
se resumem a encontros sociais e a discursos vazios
referentes à construção de uma sociedade profana
desassociados da realidade prática de um mundo
baseada nos princípios fundamentais defendidos pela
em transformação, um mundo que exige respostas
Ordem, ou seja a formação de homens preparados
rápidas para questões cada vez mais complexas; a
para a diminuição das diferenças existentes entre as
indiferença por parte de seus integrantes com relação
classes, não somente sob a ótica econômica, mas,
aos equívocos internos e à luta insana por um poder
também, do ponto de vista cultural e educacional.
sem poder algum; a indiferença diante de grupos
que, simplesmente, esquecem-se dos compromissos O que devemos ter em mente e plenamente
assumidos no instante de suas iniciações. consciente é que a Maçonaria é a Instituição onde o
mundo deve se espelhar e não o contrário. Que os
Portanto, o maior inimigo da Maçonaria
exemplos de valorização do Homem, da História e
não está, somente, no crescimento de movimentos
da Cultura, que, sempre, foram os grandes pilares
antimaçônicos, no crescimento de teorias de
da Maçonaria, iluminem o mundo de trevas profano
conspirações, nos ataques de grupos extremistas
a partir de nossas fileiras e não o oposto, pois não
que tem se infiltrado dentro da Ordem, com o intuito
podemos permitir que as trevas desse mesmo mundo
de se valer da “proteção” de seus templos, para fins
obscureçam as Colunas de nossa Instituição.
menores e escusos. O maior inimigo da Maçonaria
está na constituição, internamente, em nossas fileiras, Devemos ser vaidosos não por aquilo que
de grupos de interesses particulares, na construção de pretendemos ser, mas sim, orgulhosos por toda ação e
uma oligarquia, de um governo de poucos, por si só comportamento que nos identifiquem e reconheçam
perverso, com pretensões de se perpetuar no poder como Homens preparados para transformar o
da Instituição, transformando-se numa autocracia Mundo.
ou mesmo numa plutocracia. O que se tem visto, de

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 Família
Maçônica
Vínculos
Fraternais

Cunhada Francisca Feitosa

P
rezados(as) leitores(as), Irmãos(ãs) na condição contexto, argumenta-se: Como está à participação da
de filhos e filhas do pai celestial, somos mulher nas atividades Para maçônicas na maçonaria?
agraciados/as pelos laços fraternais da mãe De que forma elas são estruturadas e organizadas?
maçonaria e assim entrelaçados/as pelos vínculos Que projetos vem sendo desenvolvidos por elas com
fraternais formando a família universal. Nesse sentido, o apoio da maçonaria?
convida-se a família maçônica para refletir sobre a
Na busca de respostas tomou-se como base no
importância do zelo, da tolerância por cada membro
estatuto de uma loja maçônica da potência da Grande
dessa grande família e principalmente da mulher que
Loja no município de Imperatriz – MA, encontrou-se a
acompanha seu esposo e está ombreada com ele
definição referente ao “Grupo das Samaritanas Damas
participando através do seu legado que é o papel
das Acácia” (esposas de maçons), “É uma Instituição
social em consonância com os demais membros.
apolítica, uma Entidade de apoio ao Quadro de Maçons
A história registra os feitos e os fatos da de uma Loja maçônica, com caráter beneficente sem
participação ativa da mulher nos movimentos fins lucrativos e as esposas recebem a nomenclatura
transformadores como: abolição da escravatura, de (Samaritanas).
criação da República, lutas pela redemocratização
E na potência do GOB as esposas de maçons
do país entre outras. Essa atuação para transformar
recebem o nome de Fraternas, pois são associadas à
vai desde as organizações: sindicatos, conselhos,
Entidade para maçônica feminina, associação civil sem
associações, instituições religiosas, partidos políticos,
fins lucrativos, designada “Fraternidade” vinculada a
até a ocupação de cargos de liderança no mercado de
uma loja maçônica jurisdicionada ao Grande Oriente
trabalho público e /ou privado e de mandatos eletivos
do Brasil – GOB, fazendo-se necessário que cada
nos poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, nas
Fraternidade seja filiada à Fraternidade Feminina
instâncias federal e estadual, distrital e municipal. Nos
Cruzeiro do Sul de um estado da federação com
Conselhos dos direitos das mulheres que representam
sede na capital do Estado e federada á Fraternidade
instâncias de controle social e de interlocução entre
Feminina Cruzeiro do Sul Nacional, com sede na
a sociedade civil organizada e o governo. Nesse
Capital da República.

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 É uma Associação para maçônica patrocinada Analisa-se a leitura da letra do Hino Nacional
pelo Grande Oriente do Brasil – GOB, vinculada a uma da Frafem, intitulado: “Estrelas Brilhantes”, autoria da
Loja Maçônica da Federação, criada pela Constituição fraterna Heleudes Nazaré da Silva Bogéa, e destaca-
do Grande Oriente do Brasil, de 1967, normatizada se alguns trechos entre eles: “são mulheres valentes
pela Lei nº 30 de 09\10\96, publicada em Boletim nº com ideais de servir; Conquistando seu espaço
33\96, regulamentada pelo Decreto nº 83 de 21\10\97, renascendo e vivendo feliz; Todos na mesma união”,
publicado no Boletim nº 20\97 e modificado pela e também a citação de Mery Ab- Jaudi (Revista Luz,
Lei 081 de 23\03\05. No desenvolvimento de suas 2012 P.34) “Parceria sábia, ela é a maior incentivadora
atividades, a fraternidade observa os princípios da das atividades dos maçons, a sua energia fortalece
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, os cunhados para serem bem sucedidos em seus
economicidade, eficiência e igualdade de direitos e desafios”. Diante do exposto e pautado em um
não fará qualquer discriminação de raça, cor, gênero contexto poético e musical, é capaz de exprimir
ou religião. (Estatuto Frafem – 2005). verdadeiros ensinamentos e instigar a reflexão sobre
família maçônica – vínculos fraternais.
Fundamentada em leituras da Bíblia da Mulher,
na obra: A Mulher Virtuosa, A Mulher na Maçonaria Percebe-se que a letra do hino é um convite
Regular, do autor Alci Bruno (1999), no artigo de para fortalecer os vínculos fraternais, laços formados
Mery Ab- Jaudi intitulado: A participação da Mulher pela união das mentes e corações, através das
na Maçonaria, pesquisas e estudos da legislação da relações humanas e sociais, entre homens e mulheres
Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul – Frafem, em de bem, colunas razão e emoção que devem andar
observações e anotações no meu diário de bordo convergentes a fim de construir uma grande nação.
resultante da trajetória ombreada com o meu esposo
Abraço fraterno à família maçônica!
lhe acompanhando na maçonaria, senti a necessidade
de identificar quais os fatores que contribuem para a A autora é nossa Cunhada Francisca Feitosa Oliveira, escritora, autora de
vários livros, entre eles “A Mulher e a Maçonaria – Vínculos Fraternais”,
baixa participação da mulher na maçonaria no que diz Editora Ética – (Francely) – pertence à Fraterna da Fraternidade Feminina
Cruzeiro do Sul – Rosa de Saron, e é esposa de nosso Irmão Francisco de
respeito a implementação de projetos sociais e não Assis Neres Oliveira, membro da Loja Lauro Tupinambá Valente - Oriente
apenas ações pontuais. de Imperatriz - MA.

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Revista Arte Real nº 114 - Out/19 - Pg 09

Maçonaria
Mundo
A Maçonaria
na Terra
Santa
Lindomar Furniel

V
ivendo em Israel há mais de quarenta anos, de origem árabe como Grão-Mestre, de uma Loja
Leon Zeldis, cônsul honorário do Chile, em Tel Maçônica de judeus, é uma demonstração de que
Aviv, já ocupou o mais alto cargo da Maçonaria existe uma luz no final do túnel, e que a paz entre
Israelense. Ele assinala que não existe impedimento palestinos e judeus é possível sim! E não, somente,
entre o Judaísmo e a Maçonaria. E mais: rabinos e a paz, mas a fraternidade pode reinar entre árabes e
hazanim (oficiantes cantores das sinagogas) pertencem judeus, como ocorre na Grande Loja de Israel.
à Ordem, e, na cidade de Eilat, no extremo Sul do país,
A prova maior do compromisso dessa Grande
na fronteira com o Egito, uma loja maçônica chegou a
Loja, com os princípios de “Liberdade, Igualdade e
funcionar em uma sala da Yeshivah (escola religiosa
Fraternidade”, pode ser vista no Selo (emblema) da
para formação de rabinos). “A Maçonaria Israelense
mesma: a Cruz, a Lua quarto crescente e a Estrela
é um exemplo de convivência e tolerância”, destaca
de Davi estão juntas, simbolizando o Cristianismo,
Zeldis, “o que procuramos mostrar é que é possível
o Islamismo e o Judaísmo. Da mesma forma, a
conviver, judeus e árabes, como irmãos.”
Bíblia, o Alcorão e a Torah estão no Altar das Lojas,
Nadim Mansour, árabe palestino, de religião comprovando que todos os Irmãos, independente da
cristã ortodoxa, foi empossado, em Tel Aviv, como fé professada, estão imbuídos do objetivo de trabalhar
o Grão-Mestre da Grande Loja do Estado de Israel, pela felicidade da humanidade.
cargo que ocupou até o ano 2013. A Grande Loja de
A Grande Loja do Estado de Israel foi instalada
Israel teve já dois Grão-Mestres palestinos: Yakob
em 20 de outubro de 1953, em Jerusalém. Porém,
Nazih, de 1933 a 1940, e Jamil Shalhoub, de 1981 a
sua sede fica em Tel Aviv. A primeira Loja na região
1982. O Grão-Mestre Mansour nasceu em Haifa e se
foi a Loja Rei Salomão Nº 293, filiada à Grande Loja
mudou para Acre, aos cinco anos de idade. Foi iniciado
do Canadá, e teve sua primeira reunião realizada
em 1971 na Loja “Akko”, da qual seu pai foi um dos
nas chamadas pedreiras do Rei Salomão, no dia 07
fundadores, e, em 1980, tornou-se seu Venerável.
de maio de 1873. Cinco anos antes havia ocorrido
Nadim Mansour é, também, Grau 33 do Rito uma reunião no mesmo local, porém sem existir uma
Escocês Antigo e Aceito. A presença de um maçom Loja regularmente constituída. Posteriormente a isso,

Revista Arte Real nº 114 - Out/19 - Pg 10

houve outras Lojas na região, filiadas à extinta Grande vista ético e teleológico”. A simples transferência de
Loja da Palestina. informações pode se constituir, na maioria das vezes,
um armazenamento de conhecimentos que oprime e
Por um mundo melhor, existem várias maneiras
sobrecarrega o ser humano, impedindo-o de analisar
de ajudar ao próximo. Ser maçom é uma delas. Para
e refletir sobre o essencial, escreve Zeldis. E cita o
Leon Zeldis Mandel, 82 anos, Ex Grão-Mestre, Ex
filósofo alemão Friedrich Krause (1781-1832), para
Soberano Grande Comendador, Grau 33 do Rito
quem a educação é algo que a grande parte das
Escocês Antigo e Aceito, a Maçonaria não melhora o
pessoas recebe, muitos transmitem, mas muito poucos
mundo, mas os maçons, sim. Nascido na Argentina,
têm. “O que equivale a dizer que muitíssimas pessoas
Zeldis viveu no Chile, formou-se engenheiro têxtil nos
sabem ler, porém são incapazes de reconhecer o que
Estados Unidos e fundou, em 1970, a primeira Loja
vale a pena ler”, conclui o autor.
Maçônica de Israel de língua espanhola. Escritor,
poeta e conferencista, é autor de 15 livros e de mais de Com dois mil membros, a Maçonaria em Israel
150 artigos e ensaios publicados em diversos idiomas. foi oficializada em 1953, mas desde o século XIX os
Seus livros, “As Pedreiras de Salomão”, “Estudos maçons estão na Terra Santa. Em 1873 foi instalada
Maçônicos” e “Antigas Letras” foram traduzidos para a primeira Loja regular em Jerusalém. Já, em 1890,
o português. outra loja foi constituída em Jaffa. Atualmente, setenta
lojas funcionam em Israel, desde Naharía, ao norte,
Residindo em Israel desde 1960, suas
até Eilat, no extremo Sul do país, com um número
atividades como conferencista e profundo conhecedor
apreciável de irmãos árabes (cristãos e muçulmanos),
da história da Maçonaria o levaram às principais
funcionando em seis idiomas, além do hebraico e do
cidades da Europa e do continente americano. No
árabe.
Brasil, participou do Congresso Internacional de
História e Geografia Maçônica, realizada em Goiana,
em 1995. Também, é membro honorário da Academia Compilação extraída com base na entrevista realizada por Sheila Sacks,
Maçônica de Letras de Pernambuco. Foi distinguido jornalista da Assessoria de Imprensa da Empresa de Obras Públicas
do Estado do Rio de Janeiro (Emop). Também, escreve para o NOSSO
como membro honorário dos Supremos Conselhos da JORNAL - RIO, uma publicação voltada para a comunidade judaica. Rio
Turquia, Itália, França e Argentina. de Janeiro, RJ.

Em seu livro “Antigas Letras”, Zeldis defende

alguns aspectos que devem mobilizar a atenção da
Maçonaria no século XXI, no tocante a sua importante
função na sociedade contemporânea. A ênfase na
educação (laica e maçônica) é vital, segundo Zeldis,
para melhorar a sociedade e o indivíduo. “A importância
da educação está, precisamente, em adquirir a
capacidade de julgar, categorizar, classificar e avaliar
a qualidade da informação recebida, não somente
pelo seu conteúdo textual, mas, também, do ponto de

Revista Arte Real nº 114 - Out/19 - Pg 11