Educação Ambiental
Educação Ambiental
Educação Ambiental
EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
ISNB 978-65-5962-057-9
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE)
SECRETARIA DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO ABERTA E DIGITAL (SPREAD)
COORDENAÇÃO GERAL UAB/UFPE
Reitor
Alfredo Macedo Gomes
Vice-Reitor
Moacy Cunha de Araujo Filho
Secretário Geral SPREAD
José Alberto Miranda Poza
Coordenador Geral UAB/UFPE
Francisco Kennedy Silva dos Santos
Coordenador Adjunto UAB/UFPE
André Felippe Vieira da Cunha
Design Instrucional UAB/UFPE | Projeto gráfico | Diagramação
Gabriela Carvalho da Nóbrega
Revisão Textual
Vanessa dos Santos Marques
Professora Conteudista Responsável
Priscylla Karoline de Menezes
Inclui referências.
ISBN 978-65-5962-057-9 (online)
É com grande satisfação que produzimos este material, que ele possa
ampliar os conhecimentos adquiridos ao longo de seus estudos e aprofun-
dar algumas questões que julgamos importantes para o desenvolvimento
do leitor, como as relacionadas à Educação Ambiental, Introdução a Ciência
Geográfica, Metodologia do Trabalho Científico e Fundamentos de Geologia
e Petrografia.
A obra traz a integração entre diferentes abordagens geográficas,
sempre em linha com os estudos mais atuais da ciência Geografia. Nesse
sentido, trazemos cada unidade com sua progressão cronológica e de
temáticas relacionadas ao tema central.
Com este material, você poderá adquirir novos conhecimentos, lançar
novos olhares, realizar novas associações entre os conteúdos dessa área
do conhecimento, refletir sobre os temas propostos e elaborar e propor
soluções para problemas que afligem sua comunidade (escola, bairro,
município), nosso país e o mundo.
Esperamos, assim, que você tenha uma ótima jornada com nossa obra.
Bons estudos!
Atenciosamente,
Priscylla Karoline de Menezes
Coordenadora do Curso de Licenciatura em Geografia EAD/UFPE
Sumário
Natureza e sociedade
e crise ambiental
Educação Ambiental
Objetivos de aprendizagem
Introdução
Neste capítulo, vamos iniciar uma discussão sobre alguns conceitos que
estão nas bases da Educação Ambiental. É importante termos clareza das
concepções que trazemos sobre natureza e meio ambiente. Como veremos,
as relações homem-natureza – e até mesmo ser humano-ser humano – são
baseadas nessas concepções. Enxergar a natureza como recurso ilimitado a
ser explorado e dominado a serviço do capitalismo, e oposta à cultura e ao
ser humano, foi o que nos trouxe até a mais grave crise que já enfrentamos.
Uma crise da humanidade. Ela não é apenas ambiental, pois diferente da visão
utilitarista, todas as dimensões são afetadas. Então, chamaremos de crise
socioambiental.
São inúmeros os problemas que enfrentamos hoje nessa crise. O ar, a água,
o solo, o clima, tudo foi afetado e algumas populações sentem mais os impac-
tos que outras. Para ilustrar essa crise socioambiental, veremos alguns proble-
mas de ordem ambiental causados pelas ações humanas. O que você verá é
um panorama geral de problemas, como: a poluição do ar e as mudanças climá-
ticas; as formas de uso e poluição da água; o desmatamento e a degradação
dos solos. Apontamos alguns dos incontáveis impactos ambientais, sociais,
econômicos e culturais causados por esses problemas. Contudo, caberá a você
ampliar a pesquisa e a reflexão sobre outros problemas e impactos causados
nesta crise socioambiental para trabalhar com a Educação Ambiental.
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”
rico e a correlação de forças políticas das classes sociais deter-
minadas historicamente.
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Capítulo 1
Meio ambiente
Mesmo que muitas vezes os termos Meio Ambiente e Natureza sejam colo-
cados como sinônimos, devemos entender as diferenças. Como dissemos ante-
riormente, são conceitos que estão no centro das discussões e das práticas de
Educação Ambiental.
Segundo Santos e Imbernon (2014), o termo meio ambiente surgiu e se popu-
larizou no século XX em meio às diversas discussões realizadas acerca da crise
socioambiental. Ao passo que Mendonça (2001, p. 116), ao analisar a evolução do
conceito de meio ambiente observou um envolvimento crescente das atividades
humanas, porém ainda fortemente ligado a uma concepção naturalista, “sendo
que o homem socialmente organizado parece se constituir mais num fator que
num elemento do ambiente”.
Para Mendonça (2001), mesmo que o conceito de meio ambiente tenha se
ampliado, ele não conseguiu desprender-se de princípios naturalistas. Isso pode
ter gerado uma concepção cultural do meio ambiente que excluiu a sociedade da
condição de componente/sujeito, mas incluiu como agente/fator.
Ao pensar a relação sociedade e natureza com o conceito de meio ambiente,
Dias (2013) considerou que algumas problemáticas da concepção de meio
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Capítulo 1
”
cos, bióticos do meio e integra também seus aspectos econômi-
cos, sociais e culturais.
Nesse sentido, caminha a Educação Ambiental, uma vez que para compre-
ender o espaço e suas interações com os fenômenos estudados necessita ir
além das discussões sobre a fauna e a flora. Precisa dialogar e articular a análise
dos aspectos físicos, naturais, sociais, econômicos e culturais com o impacto
observado.
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a) Impactos na saúde
Um adulto médio inala e exala em torno de 11 mil litros de ar por dia. A inala-
ção de fuligem ou fumaça com material particulado causa desconforto respira-
tório e cardíaco, assim como, serve de gatilho para o desenvolvimento de doen-
ças respiratórias e muitas vezes do câncer de pulmão. Um fator preocupante, já
que muitas dessas partículas surgem do processo incompleto de combustão
(de madeiras e plantas, bem como de combustíveis fósseis) e combinação de
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Fonte: www.wribrasil.org.br/
b) Impactos no clima
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Esses exemplos nos permitem visualizar o que Odum (1997) e Alloway (1995)
definiram como poluição do solo; trata-se da alteração indesejável (introduzidas
pelo homem) das propriedades físicas, químicas e/ou biológicas do solo, que
podem afetar e prejudicar a vida do homem e das outras espécies existentes,
como: os sistemas ecológicos, o patrimônio cultural e os recursos naturais e de
matéria prima – em suas estruturas e/ou funcionalidade. Portanto, é possível
afirmar que a poluição do solo está ligada a concentração ou a quantidade de
resíduos presentes no solo. Para que se possa exercer o controle da poluição de
acordo com a legislação ambiental (Lei 6938/81 e Lei 6.225/1975), definem-se
padrões e indicadores de qualidade que deseja se respeitar no determinado lugar
e ambiente.
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1.2.3 Desmatamento
A perda da cobertura vegetal natural é um dos grandes problemas ambientais
que o mundo enfrenta hoje. O desmatamento, que segundo o MapBiomas (2019, p.
8), “é a supressão completa ou quase completa da vegetação nativa existente em
uma determinada área”, é tão preocupante que até grandes empresas mundiais
e políticos do mundo têm se posicionado a favor da preservação das florestas
tropicais e o Brasil possui 60% da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia.
No Brasil, os maiores índices de desmatamento estão nos biomas Amazônia
e Cerrado. Juntos, eles representaram 96,7% da área desmatada detectada em
2019, segundo o MapBiomas Alerta. Contudo, o relatório anual de 2019 chamou a
atenção para o fato de as áreas desmatadas em outros biomas poder ser subesti-
madas, pois a metodologia de monitoramento não é adaptada para as condições
específicas dos biomas.
O principal objetivo do desmatamento está relacionado à produção agrope-
cuária. A criação de pastagens para gado bovino e plantações de monocultu-
ras, como a soja e o milho, são os maiores vilões das florestas brasileiras. O
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Do total de água usada, apenas 44% da água retornam para o curso natural
em que foram retiradas, a maior parte é consumida no processo. Outro aspecto
que chama a atenção é que a irrigação é responsável por mais da metade da água
retirada e devolve apenas 27% para o rio, do local original que a água saiu. Se
somarmos o uso animal, a agropecuária é responsável por usar mais de 60% da
água retirada. O documento estima que a retirada total deverá crescer 24% até
2030, superando a marca de 2,5 milhões de litros por segundo.
O uso para abastecimento urbano é de cerca de 24% da água retirada dos
cursos d’água no Brasil, o que equivale a 496,2 mil litros por segundo. A taxa de
retorno é de 80%. Mas é justamente aí que está o problema. Um grande problema.
De acordo com o Atlas Esgoto da ANA (2013), 9,1 toneladas de esgoto são gera-
das por dia. A população que possui esgoto coletado e tratado ou que dá solução
individual soma 55%; a população que tem seu esgoto coletado e não tratado
representa 18%, o que pode ser considerado como um atendimento precário; e
27% não possuem coleta, nem tratamento, isto é, sem atendimento por serviço
de coleta sanitário.
A qualidade da água é comprometida com o lançamento de esgotos nos
corpos hídricos sem o adequado tratamento nas proximidades das áreas urbanas.
Há ainda o lançamento de resíduos das indústrias e fábricas. Ao passo que, no
campo, os rios podem ser poluídos por agrotóxicos e produtos químicos usados
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Capítulo 1
nas lavouras. O resultado disso pode impactar na saúde da população e até invia-
bilizar o atendimento de usos a jusante, especialmente, o abastecimento humano.
Revisando
Até agora vimos que vivemos, atualmente, no mundo é mais do que apenas
uma crise ambiental. As causas e as consequências são também sociais. Então,
optamos por chamar de Crise socioambiental. Essa conclusão só foi possível
depois de entendermos que nosso conceito de natureza será determinante na
maneira como nos relacionamos com ela. As principais concepções e concei-
tos de natureza, ao longo da história, variaram de uma compreensão do todo
para uma ideia de que ser humano e de natureza separados, e que por meio
da ciência e da técnica o primeiro deve dominar e explorar o segundo. Essa
concepção dualista e utilitarista levou à crise socioambiental.
Problemas como poluição do ar, da água e do solo, assim como, o desma-
tamento e a produção descontrolada de lixo têm impactos em todo o sistema
planetário. Contudo, são as pessoas pobres as mais vulneráveis aos proble-
mas causados pelas ações humanas. Desse modo, é muito importante, quando
trabalharmos com a Educação Ambiental, não separar a dimensão ambiental
da dimensão social.
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Capítulo 1
Saiba mais
Site MapBiomas
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Referências
ALLOWAY, B.J. Have metal in soils. New York. John Willey & Sons, Inc. 1995.
BÍBLIA, A.T. Gêneses. In: BÍBLIA. Português. Sagrada Bíblia Católica: antigo e
novo testamentos. Tradução de José Simão. São Paulo: Sociedade Bíblica De
Aparecida, 2008.
CETESB (São Paulo) Qualidade do ar no estado de São Paulo 2018 [recurso eletrô-
nico] / CETESB. Equipe técnica Clarice Aico Muramoto [et al.]; Mapas Thiago De
Russi Colella. São Paulo: CETESB, 2019.
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FRANCISCO, PAPA. Carta Encíclica Laudato Si: sobre o cuidado da casa comum,
São Paulo: Paulinas, 2015.
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Educação Ambiental:
histórico e estruturação
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Introdução
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mundo.
Com o surgimento de alarmantes indícios de decadência da qualidade ambien-
tal, no início de 1945, a expressão Estudo Ambiental passou a ser incorporada
nos discursos de diferentes estudiosos na Grã-Bretanha. Tais estudos ganharam
maior ênfase com o acontecimento de grandes catástrofes ambientais, como a
morte de 4 mil pessoas em Londres, devido ao ar densamente poluído da cidade
no ano de 1952 (DIAS, 2003).
Fonte: geografia.hi7.co
Sendo assim, Dias (2003) apontou a década de 60 como aquela, que devido
ao modelo econômico adotado, teve seu início exibindo ao mundo as consequ-
ências do descaso com a qualidade ambiental. Década que a imprensa mundial
destacou em suas manchetes mais dramáticas, descrevendo o panorama e enfa-
tizando o descuido e a irresponsabilidade da sociedade com a natureza.
Foi nesse período que a jornalista norte-americana Rachel Carson lançou
seu livro intitulado Primavera Silenciosa, em 1962, que se tornou um clássico
no movimento ambientalista mundial, uma vez que trazia importantes reflexões
sobre a decadência da qualidade ambiental e a miséria que afligia grande parte
da população europeia.
Nesse mesmo período, especialistas, mobilizados pelas diferentes amos-
tras de declínio ambiental e pela alteração de valores dos índices de incidentes,
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1 UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Fundada
em 16 de novembro de 1945.
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Art. 225, como direito de todos “um meio ambiente ecologicamente equilibrado”
e como um “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” e
impõe ao “Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentes
e futuras gerações”.
Com o passar dos anos, após pressões sociais e observação dos processos
de Gestão Ambiental, como afirmou Dias (2003), viu-se a urgência de elaboração
de Planos Diretores e Programas de Educação Ambiental, que acompanhassem
as atividades políticas, agrícolas, minerais, florestais, de recursos hídricos, entre
outros. Desse modo, tentando formar uma sociedade civil organizada na elabora-
ção, execução e avaliação dos processos que envolvem a utilização dos recursos
naturais e de forma conjunta conquistar maior articulação e parceria entre insti-
tuições públicas e sociedade civil.
A partir dessa luta coletiva por uma maior consciência ecológica, no ano de
1992, na cidade do Rio de Janeiro, aconteceu a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92
ou Eco-92. Primeira grande reunião internacional após a Guerra Fria, segundo
Carvalho (2006), que a pedido do Brasil reuniu representantes de 175 países e de
Organizações Não Governamentais (ONG’s) e buscou discutir sobre: Mudança
Climática, Biodiversidade e Declaração sobre Florestas, além de propor e aprovar
uma Agenda 21.
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Você Sabia?
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15. A Carta da Terra – Devemos somar forças para gerar uma sociedade
sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos
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universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propó-
sito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade
uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras
gerações.
Como nunca na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo
começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para
cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os
valores e objetivos da Carta.
Isso requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de
interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e
aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local,
nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa,
e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar
esta visão. Devemos aprofundar expandir o diálogo global gerado pela Carta da
Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por
verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isso pode
significar escolhas difíceis, porém, necessitamos encontrar caminhos para
harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem
comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo.
Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a
desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os
meios de comunicação, as empresas, as organizações não governamentais e os
governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa.
A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma
governabilidade efetiva. Para construir uma comunidade global sustentável, as
nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas,
cumprir com suas obrigações, respeitando os acordos internacionais existentes
e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento
internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face
à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação
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Capítulo 2
Revisando
Saiba mais
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Capítulo 2
Referências
BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Brasília, DF:
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
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CARSON, Rachel. Primavera silenciosa. Tradução Raul Polillo. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1962.
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As correntes e os paradigmas
da Educação Ambiental
na Construção da cidadania
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Introdução
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dito de outra forma, incluídas em posições de absoluta inferiori-
dade e desigualdade. (CARVALHO, 2004, p. 56)
Nesse sentido, Gadotti (2001) chama a atenção para o fato do capitalismo ter
aumentado mais o potencial destrutivo da humanidade do que o seu bem-estar e
prosperidade. Desse modo, a questão ecológica se tornou eminentemente social.
Assim, o autor propõe uma Ecopedagogia, que é entendida também como um
movimento social e político.
Segundo Gadotti (2001), ao propor a Ecopedagogia afirma que o desenvolvi-
mento sustentável contém um componente educativo, devido que “a preservação
do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da cons-
ciência depende da educação” (GADOTTI, 2001. p, 89).
É importante destacar que, dentro e fora da perspectiva crítica, existem
várias correntes e diferentes enfoques nas abordagens, nas ações e nas práti-
cas da Educação Ambiental. Segundo Oliveira (2010), os diferentes grupos
sociais estabelecem formas diversas para o ato de educar. No que diz respeito
à Educação Ambiental, algumas tendências têm lastros históricos da origem do
ambientalismo.
Apesar de ter como preocupação central a preocupação com o meio ambiente
e o reconhecimento da centralidade da educação, existem variadas correntes de
pensamento em Educação Ambiental. Sauvé (2005) identifica quinze correntes
distintas (Quadro 1), algumas mais antigas ou tradicionais e outras mais recentes.
A autora, classifica tais correntes como:
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naturalista holística
conservacionista/recursista biorregionalista
resolutiva práxica
sistêmica crítica
científica feminista
humanista etnográfica
moral/ética eco-educação
da sustentabilidade
Para classificar tais correntes, Sauvé (2005.p.18) baseia-se nos seguintes parâ-
metros: “a concepção dominante do meio ambiente, a intenção central da educa-
ção ambiental, o(s) enfoque(s) privilegiado (se o(s) exemplo(s) de estratégia(s) ou
de modelo(s) que ilustram) a corrente”.
De todo modo, apesar das inúmeras correntes e os diversos enfoques que
se apresentam como práticas educativas na Educação Ambiental, é necessário
ter em mente que seu objetivo é criar as possibilidades de enfrentar a degra-
dação ambiental, as desigualdades sociais, e as injustiças. Isto é, enfrentar a
crise socioambiental que vivemos. É importante ter consciência de quem são os
responsáveis e quais são as causas dessa crise. Só assim este enfrentamento,
possibilitado pelas ações e práticas da Educação Ambiental, surtirá efeito e trará
luz ao problema que se apresenta e que é tão urgente.
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”
de se enfrentar concomitantemente a degradação ambiental e
os problemas sociais.
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mundo da vida”, via os processos de compartilhamento de expe-
riências, principalmente em espaços e ações coletivas.
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Fonte: a autora
A Educação Ambiental nos espaços formais oportuniza uma educação cientí-
fica, que proporciona aos alunos instrumentos de análise e orientações de pesqui-
sas – respeitando o desenvolvimento cognitivo do educando – para analisar os
distintos casos e propor soluções para os problemas socioambientais. Desde
que se desenvolva como uma filosofia de educação, presente em todas as disci-
plinas; busca ensinar a partir de um pensamento ecológico e possibilitando uma
concepção ampla do papel da escola no contexto local e global.
Destarte, a Educação Ambiental Formal deve ser multidisciplinar, a fim de não
reforçar os aspectos físicos em detrimento dos aspectos sociais, econômicos,
políticos, éticos, entre outros, pois assim, haverá uma real preocupação com uma
educação destinada à construção da cidadania. Mais importante que compre-
ender as informações sobre um determinado fenômeno ou recurso natural, é
compreender os conceitos envolvidos e saber aplicá-los numa perspectiva local
e global.
Por exemplo, ao trabalhar com as visões econômica, cultural, física e polí-
tica é possível que disciplinas como Língua Portuguesa, Matemática, Geografia,
História, Artes, Química, Física, Biologia, entre outras, em parceria, estimulem os
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”
atualidade e que sejam orientadores também do convívio escolar
(BRASIL, 1998, p. 27)
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”
na construção de uma cidadania responsável voltada para cultu-
ras de sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2013, p. 535)
”
nham no presente e se mantenham no futuro. (BRASIL, 2017, p.
279)
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Glossário
Glossário
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“
consiste na prática social – fundamentada na liberdade, autono-
mia e responsabilidade – no âmbito de um sistema democrático,
onde todos os membros da sociedade – em iguais condições e
”
direitos – participam ativamente de sua condução; prática essa
que não é inata, precisa ser ensinada.
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Revisando
Até aqui você viu que a Educação Ambiental é uma parte da Educação que
surgiu a partir da preocupação com o decaimento da qualidade ambiental no
mundo, mas que não pode ser desassociada das análises sobre as condições
de vida das populações. Essas preocupações nortearam a construção de várias
leis e orientações curriculares, a fim de promover uma educação que permita o
ser humano pensar seu papel nos processos socioambientais locais e globais.
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Saiba mais
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Capítulo 3
Hatidze utiliza tradições antigas da apicultura para ‘cultivar mel nas monta-
nhas do norte da Macedônia. Quando uma família de nômades tenta fazer
o mesmo, cria-se uma tensão, uma vez que desconsideram sua sabedoria
Referências
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Capítulo 3
CASCAIS, Maria das Graças Alves; TERÁN, Augusto Fachín. Educação formal,
informal e não formal na educação em ciências. In: Ciência em Tela. Vol. 7. N. 2,
2014.
SAUVÉ, Lucie. Uma cartografia das correntes em Educação Ambiental. In: SATO,
Michèle; CARVALHO, Isabel C. Moura (Orgs.). Educação Ambiental. Porto Alegre:
Artmed, 2005.
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4
Educação Ambiental
Objetivos de aprendizagem
Introdução
A Educação Ambiental e o ensino de Geografia estão diretamente ligados,
por isso a importância de refletirmos e problematizarmos essa relação. Assim
como, as representações de meio ambiente nos diferentes grupos sociais e o
despertar de uma formação fundamentada na ecocidadania.
Nesse contexto, é preciso ter claro que desde os documentos oficiais é
destacado a necessidade do diálogo entre Educação e Meio Ambiente a partir
de um viés interdisciplinar. Contudo, não é fácil desconsiderar que muitas vezes
os componentes curriculares não dialogam no espaço escolar. Cabendo ao
professor ter claro a importância de estabelecer relações dialógicas entre as
ciências para a construção/desenvolvimento de um conhecimento geográfico
com significado na vida cotidiana dos estudantes.
Para ajudar a pensar futuras propostas, apresentamos alguns elementos
importantes na construção e elaboração de projetos de Educação Ambiental.
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Capítulo 4
”
ções ambientais e sociais que desestabilizam as condições de
vida
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4.3.1 Título
Um bom projeto de Educação Ambiental deve ter um bom título. Ele deve ser
objetivo e indicar a ideia central da proposta. Você pode até usar de uma certa
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“liberdade poética”, mas precisa retratar “o que” será trabalhado, “quem” será
beneficiado e “onde” acontecerá a ação.
Exemplo: Mãozinhas que semeiam: produção de mudas para reflorestamento
do entorno da Escola Pública Paulo Freire.
4.3.2 Resumo
Apresentar a ideia geral do projeto a partir da temática, objetivos, público-alvo,
metodologia que será utilizada e os resultados esperados. Apesar de aparecer no
início, o resumo deve ser elaborado depois que todo o projeto for redigido, para
apresentar com mais precisão a síntese da proposta.
4.3.3 Introdução
Na introdução, você deve apresentar o contexto da proposta, isto é, a área de
abrangência do projeto, as características da comunidade atendida, os problemas
socioambientais que serão abordados e enfrentados. O leitor deverá conhecer as
informações gerais do lugar de onde o projeto será desenvolvido.
4.3.4 Justificativa
É essencial justificar a necessidade da ação de Educação Ambiental. Depois
de apresentar na introdução os contextos do projeto, na justificativa, você deve
apresentar os porquês. Você pode fazer algumas perguntas sobre o tema para
te ajudar, como: Como este projeto pode contribuir para solucionar ou amenizar
os problemas socioambientais do lugar? Quais os benefícios este projeto pode
trazer para a comunidade envolvida?
Nessa parte do projeto, você deve apresentar com mais detalhes os proble-
mas socioambientais e os desafios que são enfrentados a partir das problemáti-
cas. Para mostrar o quão é importante a execução do projeto, a justificativa deve
ser fundamentada em diagnósticos da área de atuação, da comunidade envolvida
ou do público-alvo do projeto e apresentar dados qualitativos. Dados quantita-
tivos primários e secundários, documentos oficiais, legislação e levantamento
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Capítulo 4
4.3.5 Público-alvo
Descreva quem serão os beneficiários, qual o público que se envolverá direta-
mente com o projeto. A clareza nesse ponto será importante para outras etapas,
como a metodologia e objetivos, além de facilitar a comunicação e divulgação
da proposta.
Para definir o público-alvo é bom conhecer algumas características, como
faixa etária, grupo social, situação socioeconômica, local de residência ou outros
aspectos importantes para seu projeto. Outro fator importante é definir como a
comunidade se envolverá com o projeto e a quantidade de participantes. Também
é aconselhável pensar nas pessoas que serão afetadas indiretamente.
4.3.6 Objetivo
Os objetivos são basicamente o que você pretende alcançar com a execução
do projeto. É o resultado que você deseja atingir durante a ação e após sua finali-
zação. Deve ser apresentado de forma direta, clara, realista e exequível. A justifi-
cativa bem feita vai ajudar a definir bons objetivos, já que deve manter a coerência
entre os dois. Os objetivos devem ser passíveis de monitoramento e avaliação,
devendo estar ligado às metas e às atividades do projeto. O mais comum é sepa-
rar o Objetivo Geral dos Objetivos Específicos.
Objetivo Geral
Como o próprio termo expressa, deve ser geral. Ou seja, deve abarcar todo o
projeto, de maneira ampla, envolver todos os resultados que se pretendem atingir
em longo prazo.
Objetivos Específicos
São objetivos mais concretos, ligados às atividades e às metas específicas
do projeto. O conjunto dos objetivos específicos devem viabilizar o alcance do
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Capítulo 4
4.3.7 Metas
É uma espécie de desdobramento dos objetivos específicos. Devem expres-
sar as atividades que devem ser realizadas em tempo específico e, se possível
em certa ordem. Cada objetivo específico deve conter alguma meta, o que possi-
bilitará o acompanhamento do que se executou e alcançou do projeto.
4.3.8 Metodologia
A metodologia descreve como será realizado todo o projeto. São os caminhos
que serão seguidos para alcançar os objetivos e metas. Devem ser descritas
todas as atividades e como elas serão realizadas, incluindo pessoa responsá-
vel, tempo de execução, instrumentos, recursos, formas de registro, acompanha-
mento e avaliação. Os instrumentos da ação devem ser muito bem descritos,
como por exemplo questionários, palestras, oficinas, cursos etc.
Esta é uma das partes mais importantes do projeto. É necessário descrever
minuciosamente os procedimentos metodológicos e para facilitar a metodologia
pode ser organizada pelos objetivos específicos e suas metas. Por meio da abor-
dagem descrita podemos identificar algumas ideias, conceitos e concepções que
nortearam as práticas do projeto.
4.3.9 Cronograma
O cronograma da ação está ligado ao tempo de duração, a ordem de execu-
ção das atividades e do seu tempo de duração. Permite visualizar e compreender
de forma rápida como todas as atividades se distribuem ao longo da duração da
ação. A previsão de entrega de produtos e resultados esperados podem ser inclu-
ídas no cronograma que geralmente é construído em forma de quadro.
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Capítulo 4
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Capítulo 4
4.3.14 Bibliografia
Todos os materiais, livros, manuais, artigos, documentos, mapas, conteúdo
jornalístico, dados secundários etc., usados para elaborar o projeto e contribuíram
como fundamentação teórica e metodológica devem ser listados e apresentados
de acordo com as normas, geralmente da ABNT.
Revisando
Até aqui você viu que a Educação Ambiental é uma parte da Educação que
surgiu a partir da preocupação com o decaimento da qualidade ambiental no
mundo, mas que não pode ser desassociada das análises sobre as condições
de vida das populações. Essas preocupações nortearam a construção dos
documentos oficiais que orientam a Educação no país e estão especialmente
identificados nos temas transversais trazidos nos Parâmetros Curriculares
Nacionais e na Base Nacional Comum Curricular, principalmente por estar entre
as demandas trazidas pela população. Por isso, compreender os paradigmas
que envolvem a Educação Ambiental e o seu papel na nas aulas de Geografia
e, consequentemente, na construção da cidadania são pontos marcantes neste
presente capítulo.
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Capítulo 4
Saiba mais
Site WWF-Brasil
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Capítulo 4
Referências
BOTELHO, L. A. V.; SANTOS, F. K. S. Ecocidadania, Educação Ambiental e Ensino
de Geografia. Geografia, Ensino & Pesquisa, Vol. 21 (2017), n.1, p. 54-64.
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