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Modulo 04

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2ª EDIÇÃO • REVISADA

ENTENDA A INDÚSTRIA DE ENERGIA ELÉTRICA

MÓDULO IV
TRANSMISSÃO

2019
SUMÁRIO
MÓDULO IV

04 12
O transporte da energia O contexto econômico dos
elétrica: a transmissão sistemas de transmissão

06 16
O sistema físico A tarifa de uso dos
de transmissão sistemas de transmissão
O TRANSPORTE DA
ENERGIA ELÉTRICA:
A TRANSMISSÃO
O TRANSPORTE DA ENERGIA ELÉTRICA: A TRANSMISSÃO

O SISTEMA FÍSICO
DE TRANSMISSÃO
Como já introduzido no Módulo I, a transmissão de energia
elétrica, ainda nos dias atuais, somente é economicamente
viável por meio do uso de fios condutores, os quais pos-
sibilitam o transporte da energia elétrica gerada por uma
usina geradora, por exemplo, uma usina hidrelétrica, aos
centros de consumo. O sistema de transmissão é compos-
to por cabos condutores, que são as linhas de transmissão
propriamente ditas, e por subestações de transformação
dotadas de transformadores e equipamentos de proteção
e controle. A seguir, descreveremos esses componentes
em maiores detalhes.

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O TRANSPORTE DA ENERGIA ELÉTRICA: A TRANSMISSÃO

AS LINHAS DE
TRANSMISSÃO
As linhas de transmissão são basicamente constituí-
das por fios condutores metálicos suspensos em torres,
também metálicas, por meio de isoladores cerâmicos
ou de outros materiais altamente isolantes. Como os
sistemas de potência são trifásicos1, geralmente exis-
tem três conjuntos de cabos de cada lado das torres,
acompanhados por um cabo mais alto, no topo, que é o
cabo para-raios, ou também chamado de cabo guarda.
As linhas de transmissão se estendem por longas dis-
tâncias, geralmente conectando as usinas geradoras
aos grandes consumidores, que são aqueles que adqui-
rem energia em alta tensão, como fábricas e minerado-
ras, ou às empresas distribuidoras de energia, as quais
vão se encarregar de transportar a energia aos consu-
midores de menor porte.
No Brasil, as linhas de transmissão são classificadas de
acordo com o nível de tensão de sua operação para fins
tarifários, mensurado em Kilo Volt (kV - milhares de
Volts). Para cada faixa de tensão, existe um código que
representa todo um conjunto de linhas de transmissão
de mesma classe. São eles:

A1 – tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV

A2 – tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV

A3 – tensão de fornecimento de 69 kV

Sistemas trifásicos são aqueles que funcionam com três fases, com ou sem o condutor neutro.
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O TRANSPORTE DA ENERGIA ELÉTRICA: A TRANSMISSÃO

Em termos organizacionais, a classe A1 é representati-


va do sistema de transmissão interligado, ou Sistema
Interligado Nacional (SIN), também denominado rede
básica. Como já mencionado no Módulo I, na classe A1,
existem 156 concessionárias dos serviços públicos de
transmissão, responsáveis pela administração de mais
de 145 mil Km de linhas. As empresas transmissoras
também operam, a título transitório, instalações de ten-
são inferior a 230 kV, que são as chamadas Demais Ins-
talações da Transmissão (DIT). Conforme a resolução
normativa 758/2017, a responsabilidade por esses ati-
vos, cujas instalações são de propriedade de conces-
sionárias de transmissão, deverá ser passada às distri-
buidoras a partir de janeiro/2019, na primeira revisão
tarifária da distribuidora.
As classes A2 e A3, quando não são de propriedade das
transmissoras, representam as redes denominadas de
subtransmissão, que, ao contrário das redes de trans-
missão propriamente ditas, são de propriedade das em-
presas de distribuição.

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O TRANSPORTE DA ENERGIA ELÉTRICA: A TRANSMISSÃO

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O TRANSPORTE DA ENERGIA ELÉTRICA: A TRANSMISSÃO

SUBESTAÇÕES DE TRANSMISSÃO

As subestações de transmissão são aquelas localizadas


nos pontos de conexão com geradores, consumidores
e empresas distribuidoras. Nos pontos de conexão com
geradores, a função das subestações é elevar o nível de
tensão da energia elétrica gerada para centenas de mi-
lhares de Volts. Já nos pontos de conexão com consu-
midores ou distribuidoras, a função das subestações de
transmissão é rebaixar os níveis de tensão para dezenas
de milhares de Volts.
Também já mencionamos no Módulo I que a elevação da
tensão reduz a corrente elétrica que circula nas linhas

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O TRANSPORTE DA ENERGIA ELÉTRICA: A TRANSMISSÃO

de transmissão, reduzindo assim, consideravelmente,


as perdas elétricas inerentes ao transporte da energia.
Dentro da subestação de transmissão, o equipamento
responsável tanto pela elevação como pela redução da
tensão elétrica é o transformador.
Além do transformador, a subestação de transmissão
conta com equipamentos de seccionamento (chaves)
para manobras de manutenção, além de disjuntores e
equipamentos de medição e proteção do sistema, como
medidores de tensão, corrente e para-raios.

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O CONTEXTO
ECONÔMICO
DOS SISTEMAS
DE TRANSMISSÃO
O CONTEXTO ECONÔMICO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO

O CONTEXTO ECONÔMICO DOS


SISTEMAS DE TRANSMISSÃO
As empresas concessionárias dos serviços públicos de
transmissão de energia enredam-se num contexto de re-
gulação econômica que visa assegurar equilíbrio econô-
mico às empresas e modicidade tarifária aos consumi-
dores e usuários do sistema de transmissão. No Brasil, o
modelo de regulação adotado para as empresas trans-
missoras é uma variante do tradicional modelo inglês de
preço-teto (price cap), chamado de modelo de receita-
-teto (revenue cap). Neste modelo, é a ANEEL quem de-
termina as receitas a serem praticadas pelas empresas, as
quais devem cobrir os custos de capital e de operação e
manutenção considerados eficientes.
Como também ocorre para as distribuidoras, os mecanis-
mos de regulação das empresas transmissoras são basi-
camente a revisão tarifária (também chamada de reposi-
cionamento tarifário), que incide periodicamente a cada
cinco anos, e o reajuste tarifário anual, que se trata ba-
sicamente de uma correção monetária das tarifas prati-
cadas. Contudo, tais mecanismos dependem do contrato
de concessão das empresas, não sendo uniformes para
todas elas.

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O CONTEXTO ECONÔMICO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO

A REVISÃO TARIFÁRIA
DAS TRANSMISSORAS
O processo de revisão tarifária das concessionárias de trans-
missão consiste na definição da Receita Anual Permitida
(RAP) das empresas, a qual deve ser arrecadada pela co-
brança de tarifas de todos os usuários do sistema, sejam eles
consumidores, geradores ou empresas de distribuição.
A definição da RAP é de responsabilidade da ANEEL, que
se utiliza de metodologias técnico-econômicas para defini-
-la. Especificamente, a RAP é subdividida em custos de ope-
ração e manutenção, custos de capital, que por sua vez se
subdividem em remuneração e depreciação dos ativos das
empresas, além de encargos e tributos.
No momento da revisão tarifária, o objetivo da ANEEL é re-
calcular custos eficientes para a correta operação e manu-
tenção do sistema gerenciado pela empresa transmissora.
Neste sentido, são comparados os custos operacionais de
diversas empresas de transmissão para a determinação do
nível de eficiência, ou benchmark. Com efeito, empresas que
apresentaram custos operacionais elevados, em relação a
empresas congêneres, acabam por sofrer reajustes negati-
vos, como que transferindo aos consumidores os potenciais
e esperados ganhos de produtividade.
Com relação aos custos de capital, que se dividem em re-
muneração do capital e custos de depreciação, a ANEEL se
utiliza de estudos de análise de estrutura ótima de capital,
da relação do retorno esperado frente ao risco do negócio e
também do levantamento quantitativo da base de ativos das
empresas. Seu objetivo, neste caso, é assegurar o equilíbrio
econômico do negócio a partir de uma remuneração justa
do capital investido, que tenderá a ser a menor possível.

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O CONTEXTO ECONÔMICO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO

O REAJUSTE TARIFÁRIO
DAS TRANSMISSORAS
Bem mais simples que o reajuste tarifário das empresas
de distribuição, o reajuste de preços da transmissão visa
apenas a atualização monetária da RAP. Dependendo
do contrato de concessão das empresas transmissoras,
as receitas são corrigidas pela variação do Índice Geral
de Preços de Mercado (IGP-M) ou do Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA).

A TARIFA DE USO DOS SISTEMAS


DE TRANSMISSÃO
A Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) é
paga por todos os agentes que se utilizam das linhas de
transmissão para receber ou fornecer energia elétrica.
Consumidores livres2 ou potencialmente livres, empre-
sas distribuidoras e geradores devem pagar às empre-
sas de transmissão pelo uso de suas redes.
Como a estrutura física das redes de transmissão não de-
pende diretamente da quantidade de energia que trafe-
ga por elas, mas sim da potência máxima, em kW, que é
transferida em algum momento específico do dia, que é o
momento de pico do sistema, a cobrança pelo uso das li-
nhas de transmissão é por potência máxima mensal e não
por energia. Assim, a TUST é cobrada em R$/kW.mês.

2
Consumidores livres, ou potencialmente livres, são aqueles que podem adquirir energia por meio de negocia-
ções diretas com agentes geradores e/ou comercializadores. Para maiores detalhes, consultar o módulo VI.

16
O CONTEXTO ECONÔMICO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO

Outra característica interessante da tarifa de transmis-


são é que ela é individual, ou seja, possui um valor di-
ferente para cada agente do sistema. A esse tipo de
tarifa, dá-se o nome de tarifa nodal, pois depende do
nó, ou ponto, no qual o agente está conectado.
Além de ser uma tarifa nodal, a TUST também é uma ta-
rifa locacional, pois a discriminação de preços em cada
nó do sistema é realizada em função da localização do
agente, seja ele consumidor ou gerador. Para calcular a
TUST, a ANEEL se utiliza de uma ferramenta matemáti-
ca denominada Programa Nodal. Nela, são calculados,
anualmente – em junho – os custos marginais em cada
ponto do sistema, custos esses que representam a efi-
ciência econômica da expansão e operação do sistema.
Os dados de entrada considerados são a configuração
da rede, representada por suas linhas de transmissão,
subestações, geração e carga e a RAP total a ser arre-
cadada no ciclo.
O resultado desse cálculo eficiente é que, quando um
agente consumidor estiver localizado próximo a agen-
tes geradores, reduzindo assim a necessidade de uso
intenso das linhas de transmissão, sua tarifa será relati-
vamente menor que a de outro agente consumidor que,
por ventura, esteja localizado em um ponto distante de
agentes geradores.
Da mesma forma, agentes geradores localizados próxi-
mos a pontos de consumo terão tarifas relativamente
menores, por trazerem maior racionalidade econômica
ao sistema, reduzindo a necessidade de expansões de
capacidade com o transporte da energia no longo prazo.

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O CONTEXTO ECONÔMICO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO

ASPECTO TÉCNICO
O segmento da transmissão é formado por linhas de
transmissão, que se resumem a fios e cabos conduto-
res suspensos em torres metálicas, e as subestações
de transmissão, designadas a elevar ou rebaixar o
nível de tensão nas extremidades das linhas ou nos
pontos de conexão.

ASPECTO REGULATÓRIO
As empresas concessionárias dos serviços de trans-
missão estão sujeitas à regulação econômica por parte
do Poder Concedente, que neste caso é representa-
do pela ANEEL. O regime de regulação é conhecido
como receita-teto (revenue cap), no qual a Receita
Anual Permitida (RAP) é determinada com objetivos
concorrentes: o equilíbrio econômico das empresas e
a modicidade tarifária.

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EXPEDIENTE
A principal razão de existir da ABRADEE - Associação Brasi-
leira de Distribuidores de Energia Elétrica - é atuar como faci-
litadora nas relações entre as distribuidoras de energia elétri-
ca (suas associadas) e os demais agentes que atuam no setor
elétrico brasileiro. A Associação reúne 42 concessionárias de
distribuição de energia elétrica - estatais e privadas - atuan-
tes em todas as regiões do país e que juntas são responsáveis
pelo atendimento a 99,8% dos consumidores brasileiros.

Com sede em Brasília, a ABRADEE tem, entre suas atribui-


ções, prestar serviços de apoio a suas associadas nas áre-
as técnica, comercial, econômica, financeira e institucional.
Cabe à Associação, ainda: promover cursos e seminários; edi-
tar publicações; e trocar informações com entidades nacio-
nais e internacionais, visando ao desenvolvimento e à capaci-
tação de seus associados, bem como à defesa dos interesses
do setor de distribuição de energia elétrica.

Presidente Nelson Fonseca Leite


Diretor Marco Delgado

EXPEDIENTE

Redação Fábio Sismotto El Hage


Revisão Denis Antonelli
Design Thaís Resende de Brito
Coordenação Leny Iara Vasem Medeiros
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