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e Lombalgia
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3
Região cervical.............................................................................................................. 3
Região lombar................................................................................................................ 4
3. Avaliação e diagnóstico.....................................................................................10
4. Tratamento........................................................................................................13
Referências ........................................................................................................................15
1. INTRODUÇÃO
A cervicalgia tem uma prevalência de cerca de 10 a 20% da população adulta;
por outro lado, estima-se que até 84% dos adultos apresentem lombalgia em algum
momento da vida. Por isso, ambas são queixas comuns nos consultórios. A cervi-
calgia e a lombalgia podem ser classificadas quanto à sua duração em aguda (<1
mês), que são na sua maioria autolimitadas e se resolvem mesmo sem tratamento;
crônica (>3 meses), que normalmente necessitam de abordagem especializada; e
subaguda (entre 1 mês e 3 meses de evolução). A maioria dos pacientes apresenta a
causa musculoesquelética para o aparecimento dos sintomas, como uma contratura
muscular e alteração de ligamento.
Antes de iniciarmos a avaliação e manejo da cervicalgia e lombalgia, é importante
relembrar aspectos importantes sobre a anatomia dessas regiões, para melhor com-
preensão das possíveis etiologias.
Região cervical
A coluna cervical é composta por 7 vértebras, separadas entre si por discos in-
tervertebrais, que garantem suporte e mobilidade. Os locais mais comuns que apre-
sentam alterações degenerativas estão entre C4 e C7, por onde passam as raízes
nervosas C5, C6 e C7 pelo forame intervertebral. A coluna cervical possui uma lor-
dose superficial, que pode ser diminuída (ou até revertida) em pacientes com altera-
ções degenerativas.
Entre C3 e C7 há articulações não vertebrais, localizadas na borda posterolateral
do disco intervertebral e na porção anteromedial do forame intervertebral. Essas ar-
ticulações podem sofrer hipertrofia e em associação com a degeneração do disco,
resulta no estreitamento do forame, causa comum de radiculopatia cervical.
O músculo cervical e trapézio têm a função de apoiar e fornecer movimento e
alinhamento da cabeça e pescoço, além de proteger a medula espinhal e os nervos
espinhais do estresse mecânico.
Existem 8 nervos espinhais, cada um composto por uma raiz ventral e outra dor-
sal; a raiz ventral contém fibras eferentes dos neurônios motores no corno ventral
da medula; já a raiz dorsal contém fibras aferentes sensoriais primárias das células
no gânglio da raiz dorsal. Após a junção das raízes, o nervo espinhal se divide em 2
ramos: ramo dorsal, que inerva músculos, pele e articulações do pescoço posterior;
e o ramo ventral, que inerva os músculos pré-vertebrais e paravertebrais e forma o
plexo braquial.
Cervicalgia e Lombalgia 3
Figura 1: Corte transversal da medula espinhal.
Fonte: Jose Luis Calvo/Shutterstock.com
Região lombar
A região lombar possui 5 vértebras (L1 – L5), com articulações que concentram
as forças dos impactos traumáticos. Possui uma ligeira curvatura, formando a lordo-
se lombar. O sacro é composto por 5 níveis vertebrais com fusão no desenvolvimen-
to, seguidos de uma proeminência óssea terminal, o cóccix.
A medula espinhal termina no cone medular dentro do canal espinhal lombar, ao
nível de T12 e L2. Todas as raízes dos nervos espinhais lombares e sacrais são cons-
tituídas no nível vertebral T10 a L1; essas raízes então percorrem o canal intraespi-
nhal, formando a cauda equina, até que saiam por seus respectivos forames neurais.
Cervicalgia e Lombalgia 4
MAPA MENTAL - INTRODUÇÃO
QUEIXA COMUM
ALTA PREVALÊNCIA
NOS CONSULTÓRIOS
CERVICALGIA
E LOMBALGIA
Cervicalgia e Lombalgia 5
Causas musculoesqueléticas
• Tensão muscular: apresenta-se com dor e/ou rigidez no movimento; pode não
ter um fator precipitante claro, mas muitas vezes está relacionada à postura e
posição do sono; ao exame físico, apresenta desconforto à palpação dos mús-
culos do pescoço e trapézio. Pode persistir até 6 semanas e seu diagnóstico é
clínico, sendo a imagem desnecessária.
• Espondilose vertebral: corresponde a alterações degenerativas da coluna, com
aparecimento de osteófitos (“bico de papagaio”) ao longo dos corpos vertebrais,
que podem comprimir ou não estruturas nervosas (ou seja, podem levar à radi-
culopatia); porém, normalmente as alterações degenerativas são achadas em
pacientes assintomáticos.
• Lesões cervicais: ocorrem mais frequentemente após colisões de veículos;
apresentam dor e/ou rigidez no movimento do pescoço após lesão abrupta do
tipo extensão-flexão; pode estar associada a outros sintomas como cefaleia,
dor no ombro, tonturas, parestesias e fadiga; ao exame físico, apresenta dimi-
nuição da amplitude de movimento associada ao espasmo do pescoço; seu
diagnóstico é clínico e a maior parte apresenta dor persistente e de baixa inten-
sidade, não necessitando de imagens.
• Discopatia degenerativa: proeminência do disco intervertebral, podendo compri-
mir o canal medular, mas está presente em muitos indivíduos assintomáticos;
apresenta dor e/ou rigidez no movimento e é exacerbada por posições contínu-
as como dirigir, ler e sentar; sintomas radiculares podem estar presentes; apre-
senta dor e redução de amplitude ao movimento; o diagnóstico é clínico, mas
pode ter suporte da RM mostrando hipo-hidratação do disco e fissura do ângulo
fibroso, por exemplo.
• Síndrome de dor miofascial: quadro muscular peculiar, com dor profunda as-
sociada à queimação, geralmente localizada (um lado do pescoço); apresenta
sensibilidade à pressão e podem haver cordões de tensão (espessamentos
musculares), com pontos gatilhos (trigger points).
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Radiculopatia/ mielopatia
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Se liga! A dor irradiante e parestesias no membro superior secun-
dário à neuropatia de aprisionamento dos nervos mediano, ulnar ou de outros
nervos são diagnósticos diferenciais da radiculopatia cervical. Cervicalgia ou
sintomas que piorem com o movimento do pescoço são importantes indicado-
res de que o diagnóstico mais provável não é neuropatia por aprisionamento.
Cervicalgia e Lombalgia 8
Saiba mais! A síndrome da cauda equina é causada por uma le-
são intraespinhal ao cone, lesando 2 ou mais raízes nervosas que constituem
a cauda equina. Está associada à importante incapacidade neurológica, com
fraqueza bilateral das pernas, além de poder apresentar sintomas sensoriais
perineais, disfunção intestinal, de bexiga e sexual (pelo envolvimento das raízes
nervosas espinhais de S2 a S4).
Cervicalgia e Lombalgia 9
MAPA MENTAL – ETIOLOGIAS
CERVICALGIA
E LOMBALGIA
CAUSAS
CAUSAS NEUROLÓGICAS CAUSAS EXTRA-ESPINHAIS
MUSCULOESQUELÉTICAS
DOENÇA ARTERIAL
TENSÃO MUSCULAR RADICULOPATIA
CORONARIANA
MIELOPATIA
ESPONDILOSE VERTEBRAL INFECÇÃO
ESPONDILÓTICA
SÍNDROME DA
LESÕES CERVICAIS MALIGNIDADE
CAUDA EQUINA
DISCOPATIA
CEFALEIA TENSIONAL
DEGENERATIVA
POLIMIALGIA REUMÁTICA
SÍNDROME DE
DOR MIOFASCIAL
FIBROMIALGIA
CONDIÇÕES
VASCULARES/ VISCERAIS
3. AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO
A avaliação do paciente com cervicalgia inicia-se na exclusão de condições gra-
ves, que podem exigir intervenção. Dessa forma, deve-se pesquisar os sinais de aler-
ta, que guiarão a avaliação diagnóstica.
São sinais de alerta em paciente com cervicalgia: trauma cervical grave recente
(possibilidade de fratura); sinais ou sintomas neurológicos que sugerem origem me-
dular (fraqueza, dificuldade de marcha, disfunção intestinal ou de bexiga); sinais neu-
rológicos focais; parestesia tipo choque; febre ou calafrios; história de uso de drogas
injetáveis; imunossupressão; uso crônico de glicocorticoide (atentar para possibilida-
de de fraturas vertebrais, principalmente em idosos); sinal de Lhermitte (sensação de
choque na coluna ao fletir o pescoço); perda de peso inexplicável; história de câncer;
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dor em pescoço anterior (sugestivo de causa não espinhal); e dor que se prolonga
por mais de 6 semanas.
Paciente com sinais de alerta geralmente necessitam de avaliação urgente, com
exames de imagem e/ou testes com base na suspeita clínica (como exames labora-
toriais, culturas e eletrocardiograma).
Em pacientes sem sinais de alerta, a avaliação deve incluir a história detalhada,
exame físico, avaliação neurológica e a avaliação de sinais ou sintomas radiculares
(utilizando as manobras provocantes). A diferenciação entre as condições osteo-
musculares é de menor importância, principalmente quando os sintomas desapare-
cem com o tratamento sintomático.
A história deve incluir as características da dor, como início, duração, irradiação,
fatores de melhora ou piora, sintomas associados, além do grau de limitação da ati-
vidade por conta da dor. O exame físico deve incluir observação do movimento, verifi-
cando a amplitude da movimentação para flexão, extensão e lateralização; inspeção
da postura; palpação dos músculos trapézio e paravertebrais para determinar o grau
de sensibilidade e espasmo.
O exame neurológico deve ser feito em todos os pacientes com cervicalgia re-
cente, trauma, sintomas moderados ou persistentes e associado a dor no ombro ou
braço. Inclui avaliação da força muscular, testes sensoriais, reflexos e marcha. Um
exame neurológico negativo indica baixa probabilidade de radiculopatia, porém acha-
dos positivos não têm boa especificidade para a compressão radicular.
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Devem ser realizadas as chamadas manobras provocantes, que são úteis em pa-
cientes com sinais ou sintomas de radiculopatia cervical ou lombar. São elas:
Manobra de Spurling: realizada mantendo a cabeça em posição neutra e tocando
ou pressionando a parte superior da cabeça; caso não reproduza a dor do paciente,
é realizada novamente com a cabeça estendida, girada e inclinada para o lado afeta-
do (manobra de Spurling modificada). A manobra provoca sintomas geralmente em
pacientes com estenose do forame, estenose central ou hérnia de disco envolvendo
o forame. Um teste positivo é útil para identificação, mas um negativo não exclui a
presença de radiculopatia.
Teste de tensão no membro superior de Elvey: representa um sinal de tensão da
raiz da extremidade superior; é realizada com a cabeça girada contralateralmente e
o braço abduzido com o cotovelo estendido. A reprodução dos sintomas do braço é
considerada positiva.
Teste manual de distração do pescoço: realizada com tração vertical em sentido
superior aplicada simultaneamente sob a mandíbula e occipital; o teste é positivo se
a dor diminuir quando a cabeça é levantada, indicando que a pressão sobre as raízes
nervosas foi aliviada.
Teste de elevação da perna reta: realizado com o paciente em decúbito dorsal,
com o examinador levantando a perna estendida do paciente, do lado sintomático,
com o pé flexionado. Essa manobra aumenta a tensão nos níveis lombar baixo e sa-
cral alto; se houver presença ou piora da dor radicular com a manobra, denomina-se
Sinal de Lasègue.
A avaliação da gravidade da dor é um dos aspectos importantes que ajuda na to-
mada de decisões sobre a necessidade de geração de imagens e/ou tratamento. A
necessidade de exame de imagem é justificada em pequena parte dos casos quando
a cervicalgia ou lombalgia é atraumática. Algumas indicações são: achados neuroló-
gicos progressivos (sugerindo compressão medular); sintomas constitucionais; risco
infeccioso (imunossupressão, uso de drogas injetáveis) em associação a sinais de
infecção; história de malignidade; e cervicalgia/ lombalgia moderada a grave persis-
tente (que afeta a qualidade de vida, por exemplo).
Quando a imagem é indicada, deve-se realizar primeiramente a radiografia da co-
luna; se houverem outras alterações além das esperadas para a idade, a ressonância
magnética deve ser solicitada. A TC e a mielograma por TC costumam ser realizadas
apenas quando a RM não está disponível ou é contraindicada; o uso do contraste é
reservado para suspeita de infecção ou neoplasia. A eletroneuromiografia pode aju-
dar no diagnóstico das radiculopatias para melhor topografia da lesão. Na ausência
de sinais de alarme, a imagem não é necessária em pacientes com cervicalgia ou
lombalgia aguda ou crônica leve que não interfere nas atividades diárias.
Os exames laboratoriais são úteis quando há suspeita de causas não espinhais,
como causa reumatológica, infecciosa ou oncológica. Como exemplos, pode-se soli-
citar marcadores inflamatórios, hemograma, troponinas e eletrocardiograma.
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MAPA MENTAL – AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO
MANOBRAS
SINAIS DE ALERTA:
PROVOCANTES EXAME FÍSICO
IMAGEM?
(RADICULOPATIAS)
Manobra de Spurling RADIOGRAFIA E RM Exame neurológico
4. TRATAMENTO
Causas osteomusculares na maior parte das vezes são resolvidas com trata-
mento clínico e de suporte, assim como a maioria dos pacientes com radiculopatia,
que merecem terapia conservadora como tratamento inicial. Pacientes com déficits
neurológicos não progressivos também podem iniciar de forma conservadora, mas
devem ser acompanhados de perto para evidências de progressão.
A terapia conservadora consiste em analgésicos orais; breve curso de corticoides
orais; orientar evitar atividades provocativas; imobilização do pescoço em curto pra-
zo com colar cervical; fisioterapia com exercícios e mobilização gradual; educação
postural (com técnicas de RPG, por exemplo); e tração cervical (para casos resisten-
tes e refratários).
Alguns pacientes podem persistir com o sintoma de lombalgia por mais e 12
semanas, evoluindo para quadros crônicos. Para esses pacientes, pode-se orientar
manter a atividade física conforme tolerância individual; uso de calor local por cerca
de 20 minutos seguido de alongamento muscular; terapias psicológicas; acupun-
tura; massagem e outras medidas não farmacológicas. Para quadros mais inten-
sos, pode-se utilizar os AINEs como primeira linha de tratamento (com atenção às
contraindicações e uso em idosos); duloxetina (inibidor seletivo da recaptação de
serotonina-noradrenalina); opiáceos, como codeína e tramadol; antidepressivos tricí-
clicos; e relaxantes musculares, como a ciclobenzaprina.
Pacientes com radiculopatia confirmada que apresentam dor intensa ou incapaci-
tante, sem déficits neurológicos, apesar do tratamento conservador, podem ser sub-
metidos a injeções epidurais de glicocorticoide ao invés de cirurgia. Já o tratamento
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cirúrgico deve ser indicado apenas para os casos de radiculopatia que tenham com-
pressão da raiz do nervo comprovada por RM ou mielografia por TC, com fraqueza
motora progressiva.
Pacientes com mielopatia compressiva devem ser submetidos à avaliação cirúrgi-
ca de urgência, assim como indivíduos com compressão importante das raízes lom-
bares, com neoplasias ou abscessos.
TRATAMENTO
CERVICALGIA
E LOMBALGIA
ALTERAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS:
MAIORIA DOS CASOS:
DEGENERATIVAS: SUPORTE E
CLÍNICO
HÉRNIA DISCAL SINTOMÁTICOS
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REFERÊNCIAS
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cal. UpToDate, 2018.
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UpToDate, 2020.
Wheeler SG, Wipf JE, Staiger TO, Deyo RA, Jarvik JG. Avaliação da lombalgia em adul-
tos. UpToDate, 2019.
Hsu P, Armon C, Levin K. Radiculopatia lombossacra aguda: fisiopatologia, caracterís-
ticas clínicas e diagnóstico. UpToDate, 2020.
Knight C, Deyo RA, Staiger TO, Wipf JE. Tratamento da dor lombar aguda. UpToDate,
2020.
Chou R. Lombalgia subaguda e crônica: tratamento não farmacológico e farmaco
lógico. UpToDate, 2019.
Levin K. Estenose da coluna vertebral lombar: fisiopatologia, características clínicas
e diagnóstico. UpToDate, 2019.
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