Oliver - 30 Dias para Conquistar - Sil Zafia
Oliver - 30 Dias para Conquistar - Sil Zafia
Oliver - 30 Dias para Conquistar - Sil Zafia
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É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio
eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet,
sem permissão de seu editor (Lei 9.610 de 19/02/1998). Esta é uma obra de ficção, nomes,
personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor, qualquer
semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência.
Sinopse
Playlist
Avisos e Gatilhos
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Epílogo
Agradecimentos
de sua esposa.
a culpa por não ter sido capaz de salvar a amada do terrível incêndio o
assim que a conhecem, mas não é só a confiança das crianças que ela
precisa ganhar.
brutalidade e tortura.
Este livro é um Spin Off da Série Clube dos Cretinos, mas não é
São Paulo
preocupada.
— Sim, eles estão, Carol. Mas não encontraram nenhuma pista até
agora.
— Graças a Deus! — sussurro para que ela não ouça. — Preciso
até a porta lateral que dá acesso a sala do meu chefe. Não me anuncio e não
Oliver arregala os olhos quando me vê. Caminho até ele e agarro seu
pulso direito.
rosto.
em questioná-lo.
Ele me puxa para seu colo e eu vou sem me opor, com o corpo tenso.
mas consigo assimilar que meu chefe fez isso. — Seu irmão te protegeu o
1° DIA
Meus braços estão em volta dos seus ombros e tomo cuidado para
não o olhar, porque toda vez que faço isso, o pego me encarando de volta, e
enquanto move os pés no ritmo White Flag da cantora Dido, uma música
Viro o rosto e vejo meu irmão mais velho, sentado à mesa com os
acanhada por toda a situação. Ele estreita os olhos azuis como se estivesse
emoções, mas com ele, não. — Sinto muito, Oliver. Daniel se preocupa
protegê-la.
Desvio o olhar imediatamente, porque se continuar encarando, tenho
quase certeza de que meu chefe vai saber que fico nervosa perto dele, e que
senhor novamente.
— Mil perdões. Não vai se repetir. — É a segunda vez que digo isso,
mas garanto a mim mesma que posso me perdoar desta vez, pois há algo em
conseguir a promoção.
— O que não entendo é como seu irmão não soube que eu viria para
substituir.
Por questões de saúde, Joana não pôde viajar, então sugeriu que ele
tratar na Serra Gaúcha nos próximos dias, por isso, a ideia de vir ao
casamento a representando pareceu excelente para manter firmes os laços
imaginaria que meu irmão mais velho fosse dar aquele showzinho ridículo
com os amigos.
não depois de Oliver ter sido cercado pelo clube dos cretinos, e Dimitri ter
sucursal brasileira, por falar português e ser natural daqui. Até então, eu era
começa. Minha mão escorrega por cima do seu terno e sinto a firmeza do
seu ombro. Respiro fundo quando ele inclina a cabeça para sussurrar perto
do meu ouvido.
constata.
Mesmo que esteja nervosa, luto para que minha voz saia firme. Não
deslize, mas Oliver está me encarando de novo, tão intenso que o imagino
lendo meus pensamentos.
Me incomoda não ser capaz de ler seu rosto, saber o que está pensando.
— Sinto muito, de verdade. Ainda mais pelo que meu irmão fez —
Nos últimos treze anos morando nos Estados Unidos, aprendi que
Fico ainda mais tensa em pensar que serei testada nos próximos
trinta dias. Já não basta o nervosismo pela confusão com Dimitri. Meu rosto
arde de vergonha só de lembrar de como os cretinos cercaram Oliver, como
se ele fosse da mesma laia que um dia eles já foram. Sinto vergonha até por
olhos de Oliver, que outra vez tira o celular do bolso checando a tela
tenso, preocupado. Mas não tem como saber, o conheci no mês passado.
Tudo que sei sobre Oliver Henderson é o fato de ser um dos herdeiros da
Respiro fundo, preciso que ele goste de mim, e mostrar o quanto sou
dedicada, responsável e capaz de ser seu braço direito, mas não sei se posso
A vida sempre arrancou dos meus braços tudo de mais precioso para
mim, desde que era criança, por isso não sou um exemplo de otimismo.
minha atenção. Desgrudo os olhos do meu novo chefe e noto uma ruguinha
Sei exatamente do que está falando, o motivo pelo qual assumi sua
— Sabe que nem deveria se atrever a chegar perto dela, né? Você
pouco aliviada por poder conversar com meu irmão em um idioma que
— Sei que não sou, e é por isso que Ayla se apaixonou por mim —
embora do Brasil, mal o vi crescer, não sei ao certo como foi sua criação em
casa, com minha mãe e o nosso padrasto. Stefan se mostra muito carente
— É sério, você vai ficar quietinho e não vai dar em cima da filha do
Artho e Charlotte. Ele é advogado e ela, juíza, você não quer mais
Dimitri.
zangado que era quando fui embora da nossa casa, partindo seu coração, da
mesma forma que Dimitri e depois Ícaro um dia partiram o meu quando me
deixaram, assim como ele deve ter feito com o nosso irmão mais novo,
como dói ficar para trás e perder o contato com alguém tão importante
indignado.
— Preciso levar meu chefe de volta para o hotel, ele deve estar
— Então você tem que levá-lo de volta para o hotel, mas eu vou
ficar. Tenho certeza de que Tatiana vai arranjar um lugar onde eu possa
Pergunto se quer ir comigo, para talvez melhorar o clima entre ele e meu
adolescentes do colegial.
Caroline
desculpas...
— Me defender de quê? — pergunto, sem paciência, desabando na
cadeira ao lado do meu irmão mais velho. — Eu não sou mais aquela
O encaro, incrédula.
jamais será capaz de fazer algo que realmente possa machucar Diana. Bato
no seu ombro para fazê-lo relaxar. — Se ela puxar a tia, vai ser dedicada
mentiras que já precisei lhe contar. Mas, ele nunca desconfiou de nada,
afinal, aprendi a mentir desde que tinha nove anos. Fiquei tão boa nisso
Oliver.
casamento? — Ele continua me encarando com seus olhos azuis para tentar
herdeiros da Henderson & Co. Joana está se aposentando e ele vai assumir a
direção da sucursal de São Paulo, é por isso que veio comigo. Fui escolhida
para acompanhá-lo por um mês aqui no Brasil. Foi tudo tão corrido que
acabei esquecendo de avisar, que ela não poderia vir e que Oliver viria no
seu lugar.
Mas é bom pra ele saber que você tem quem a defenda, não é porque é
herdeiro de Donovan Henderson que não vou te proteger. Se a tratar mal,
lembrar.
Precisei mentir para que meu irmão não se ferrasse ainda mais com esse
maravilhosa que já tive o prazer de ver. E nossa filha… Ainda fico chocado
que Diana tem alguns dos meus traços, e ainda assim, é tão perfeita. Giulia
e eu fizemos um bom trabalho — ele diz, tão apaixonado por ela como há
vinte anos.
Lembro como era quando nosso pai ainda estava vivo. A época em
que Dimitri tinha que se revezar entre trabalhar aqui, nessa mesma fazenda,
para agradar o pai de Giulia, e ainda cuidar da gente para que não
língua para não fazer nenhum comentário sobre aquele tempo. Emilio é
quase como um nome proibido entre a gente. Não tocamos no assunto desde
citava nosso pai, um dos monstros do meu passado, então, para não
machucar ainda mais meu herói, parei de trazer Emilio para nossas
conversas.
Sim, Dimitri sempre foi meu herói, apesar de não ter conseguido me
salvar de tudo.
— Sabe… mesmo que você seja um dos três homens mais bonitos
que eu já vi, ainda acho que Giulia é muita areia pro seu caminhão —
E bem, Ícaro, tinha. A de Stefan não é tão marcante, mas está valendo.
São Paulo — Dimitri diz a Ayla e se volta para a outra garota. — Conheço
seu avô há muitos anos. É bom ter vocês aqui, obrigado por terem vindo,
ainda mais.
e pisco para a garota de olhos azuis brilhantes, sem que Dimitri veja.
sorriso.
Infelizmente, acabo de me dar conta de que temos algo em comum:
adolescentes.
dele das terras dos Bianco em 2017, para vir até a Fazenda Ricci e pedir
suportou. Não importa que eu tenha vencido na vida, para ele sempre vou
ser o fodido que matou a mãe, o pai, e ainda levou Lion para o mal caminho
brinco.
Dimitri ri novamente, depois estica os braços para receber Dom que
Faço Dom dar risadinhas com cócegas em sua barriga por cima da
— Você disse que sou um dos três homens mais bonitos que já viu
lua de mel.
Sua voz é doce, mas soa muito melhor em português, mesmo que eu
pensando. Não dá para ler nada em seu rosto ao dar a volta na Range Rover.
— Seu irmão não vai para o hotel? Pensei que tivesse reservado um
vagamente.
Dirijo rápido para o hotel onde meus filhos estão com a babá. Não
gosto de deixá-los sozinhos com quem não conheço, mas minha assistente
disse que a garota tinha ótimas recomendações. Ainda assim, passei toda a
gente para tomar conta deles. Não consigo afastar a ideia de uma tragédia
Checo o celular para ver se tem alguma mensagem da babá, mas ela
Pode estar falando com um dos irmãos ou com um cara que pretende
Não tive isso em casa, Phillip não era o tipo de irmão mais velho que
me protegia na escola. Ele fazia mais o tipo que batia no irmão mais novo.
O fato de ser adotado não ajudava muito. Antes que eu entrasse para
obrigado a voltar para o abrigo, aguentei tudo sem me queixar com meus
Cinthia, minha falecida esposa, era filha única, então os gêmeos não
pronúncia em português, mas não soa nada parecido com a forma como os
brasileiros a chamam.
Mesmo que não consiga ler suas expressões, sinto que ela tem receio
Penso em dizer que nunca tive isso, mas me calo. Já estou forçando
intimidade demais.
— Se divertiram? — os questiono.
explica.
minha assistente e se joga contra seu peito. Caroline a segura e beija seus
cabelos alaranjados.
— Não, a babá nos fez jantar. Tivemos que comer brócolis — Jake
— Então vou deixar vocês com ela mais vezes — comento e pisco
para babá que presta serviços ao hotel. — Obrigado por tomar conta deles.
Tiro Jake dos meus ombros e o puxo para meu peito, bagunçando
novo país.
porta.
— Papai poderia te contratar para ser nossa mamãe — meu filho diz
Celiny o repreende com o rosto sério. Mesmo que tenham nascido com
poucos minutos de diferença, às vezes, ela parece ser bem mais madura que
ele.
cabeça.
de Celiny interrogar.
Aquele lampejo desaparece do seu semblante e o rosto fica ainda
mais indecifrável, como se ela tentasse manter algo bem preso lá dentro.
contra a outra.
apartamento espaçoso.
Pego o terno no encosto da poltrona, vou até minha suíte, onde estão
urgência, para ajudar com as crianças, preciso estar vestido. Jamais deixaria
Fecho os botões até o colarinho, e volto à suíte das crianças. Não que
eu não confie nela para dar banho neles, mas porque é bom vê-los se
Metade do seu cabelo loiro claro está preso no alto da cabeça, caindo
em ondas pelas suas costas. Senti o cheiro de frutas nas mechas quando
dançamos juntos.
assistente.
Me adianto pegando uma das toalhas do hotel que estão dobradas
permitiria ver meu torso. Mesmo assim, minha maldita mente pervertida
fantasia o que faria com esses seios se a tivesse nua e amarrada na minha
ao lado da janela e respiro fundo, tentando não me sentir culpado pelo que
celular, passeio pelas redes sociais, mantendo os olhos longe das partes
ainda molhadas do vestido dela, até que meus filhos já estejam deitados.
Oliver
tanta doçura que fico imaginando como seria ter uma companheira
Caroline fez em seu cabelo ruivo na ponta do dedo. — Tem duas camas
fechados.
que vem para ajudar com esses anjinhos — digo e pisco para os dois. — Ela
Faz dois anos que fiquei viúvo, as crianças não se lembram dela.
fiquei no hospital. Quando tive alta e fui para o novo apartamento, os via
importa de me provocar.
posição em que ela está sentada na cama, emoldurada pelo vestido amarelo,
trabalhando.
Celiny e Jake se olham e dão uma risadinha por alguma coisa que só
eles sabem.
trabalhar, mesmo sendo domingo — ela diz, se inclinando ainda mais para
despede deles e vai em direção a porta da suíte. A sigo pela sala de estar e
Não saio para caçar desde que senhora Collins saiu de férias. Não
gosto de deixar meus filhos passarem a noite com mais ninguém, além dela.
— Parece que o senhor não quer que seus filhos saibam que temos
pedacinho do seu corpo, mas jamais faria isso. Ela não é o tipo de mulher
com quem costumo foder, e nunca vou saber o gosto da sua boceta.
— É melhor você ir. Vou precisar dos seus serviços depois do café
da manhã — digo usando o tom de voz mais sério. Não aguento mais
— Não foi nada, eles são uns anjos. Amo crianças — ela diz e abre
Estou com fome e se eu ver sua bunda rebolando pelo corredor, vou
Vou até o quarto das crianças, andando com cuidado, e vejo que já
Califórnia.
interrompo.
que não precisarei fechá-los novamente. — Você tem acesso aos dados da
senhorita Romano?
— Claro, senhor Henderson. Não tenho este número salvo na
Termino de tirar a camisa e vou até a varanda. Não posso ser visto
dos outros apartamentos ao lado, pois há muros altos nas laterais, revestidos
— Estou.
— O que o senhor precisa saber sobre senhorita Romano? Ela lhe
aqui no Brasil?
semanas depois que saí do hospital, Phillip foi me visitar, no País de Gales.
— Olha bem pra elas. São o tipo de mulher que você nunca mais vai
poder experimentar. Elas teriam nojo se vissem a aberração que você virou.
estava tudo bem, mas a verdade é que aquilo nem tinha passado pela minha
cabeça. Só conseguia sentir falta de Cinthia, ainda não estava cogitando ter
encontros novamente. — Sei melhor que ninguém a aberração que virei,
Phillip.
bateu o ombro contra o meu como se contasse uma piada. — Mas não as de
luxo, não se anime. Estou falando das mais vagabundas, aquelas que topam
Eu poderia ter rebatido, enfiado a mão na cara dele, mas era Phillip,
o irmão mais velho que me sacaneou, agrediu e humilhou por ser adotado
Deixei o abrigo aos oito anos, hoje tenho trinta e seis. O conheço há
vinte e oito anos, é tempo bastante para ter aprendido, da pior forma, que
Phillip Henderson sempre vence.
senhor.
Unidos, aprendendo tudo o que podia sobre meu novo cargo, não vi nenhum
no escritório até mais tarde. Faz todas as horas extras possíveis. Parece que
— Obrigado.
Claro, não é da minha conta, não tenho nada a ver com a vida
relaxar.
na busca, imaginando que tem o mesmo sobrenome que ela, porém não
localizo. Procuro pelo nome da noiva, mas também não encontro nada,
Por último, procuro pelo nome do irmão mais novo. Dou mais sorte
e encontro o perfil de Stefan Romano aberto, mas não há muita coisa lá.
Odeio ficar tão interessado em algo dessa forma, mas a solidão me deixou
cerveja.
quarto.
trabalhei na empresa dos meus sogros por vários anos, mas não entendo de
designer, decoração de ambientes, nem nada disso. E é por essa razão que
guarda-corpo e me apoio.
Olho para a calçada do hotel, até que meus olhos perdem o foco.
manobrista e entrar no carro que alugamos para nossa estádia aqui no Sul.
baixo da laje que cobre a entrada do hotel, um instante depois, o carro desce
desaparecer na estrada.
Não é da minha conta para onde vai ou com quem irá se encontrar,
viagens de férias.
Na primeira, é a pessoa que vai visitá-la na Califórnia, afinal ela quase não
viaja. Segunda opção: Caroline tem um aplicativo de encontros no celular,
caminho da fazenda ao hotel e agora está indo se encontrar com ele. Pela
vagabundas, aquelas que topam foder com qualquer coisa por dinheiro. —
como se ele pudesse me ouvir. — Sei que uma garota de luxo não iria me
atender.
— Então por que está irritado por sua assistente ter saído para
— Não, aberração, você não está no seu lugar. Ocupa um lugar que
não é seu desde que papai resolveu adotá-lo. Eu fiz de tudo para você fugir,
para ir embora da nossa casa, mas grudou nos meus pais de um jeito... —
Ele suspira, e até sua respiração exala o ódio que sente por mim. — Enfim,
você está aí para ocupar um lugar que não é seu, como o herdeiro que você
cama com o braço por baixo da nuca. Não quero mais pensar em Phillip,
nem em mais nada, essa é a verdade, mas minha mente está veemente,
como CEO da sucursal de São Paulo, e não parei para pensar no quanto isso
sempre o irritou, mas por que ele se incomodaria em me ver dirigindo uma
das sucursais da empresa, quando ele mesmo não tinha nenhuma ambição
disse que crianças me acalmam, mas longe dele posso respirar aliviada.
Não estou acostumada a ter um homem como ele olhando para mim
faz ter vergonha dos meus próprios pensamentos, seu magnetismo atiça as
partes mais indecentes da minha cabeça, ele me olha com tanta intensidade,
adaptada.
casamento. Tentei pensar em outra coisa que não fosse meu chefe no banco
ao lado, mas fiquei consciente da sua presença o tempo todo. Seu perfume,
em tom de piada, com os pés doloridos por causa das sandálias de salto. —
Alguém como ele tem a mulher que desejar. Você é uma piada!
celular para despertar às oito horas, para não ter perigo de esquecer de ligar
Sei que estou sendo negligente por não ter contado a minha mãe
sobre nossa vinda para o Brasil, mas foi tudo tão rápido.
Não sei se ela sabe sobre o casamento de Dimitri. Se ficou sabendo,
deve imaginar que Stefan e eu viemos, mas não conversamos direito nos
Ainda não estou pronta para falar sobre isso com minha mãe e não
sei como vai reagir, afinal, ela depende financeiramente de mim e pode se
sentir insegura, mas sei que será melhor para todos se eu for promovida a
solidão que passei até ele chegar. Depois da escola e da faculdade, veio a
preocupação de mandar boa parte do salário para minha mãe.
Meu salário não é ruim, mas não faz milagres com a situação da
minha mãe.
não me apertaria por ajudá-la e talvez pudesse até já ter dado entrada em
um apartamento, mas da forma como está, todo mês é uma batalha para
pagar todas as contas e não faltar com ela, que é minha prioridade.
datas comemorativas, quero estar perto do meu irmão caçula e poder ajudá-
lo trazendo-o para morar comigo em São Paulo. Estou farta de não ganhar o
suficiente, de me virar com tão pouco e ainda ser obrigada a fingir para
Dimitri que sou bem-sucedida, porque ele não pode nunca saber o que
passamos.
Stefan está se virando como pode para me ajudar, mas também não
promoção, espero que ela encare com bons olhos e seja positiva.
Faço uma prece calorosa para conseguir conquistar meu chefe, para
olhos para dormir, mas assim que começo a relaxar, meu celular toca.
Não é a primeira vez que atendo sua ligação na madrugada, e sei que
significa problema.
mais nervosa.
Aperto as unhas na palma da mão livre, procurando manter a calma,
ansiosa.
Sei, pelo seu tom de voz, que ele não está legal.
sentada na cama, tão tensa que minhas pernas começam a ficar dormentes.
dos convidados para correr pela estrada como se não houvesse amanhã —
roubo. Tentar vender alguma coisa ilegal para os adolescentes ou qualquer
outro adulto hospedado na fazenda — tráfico. Ser pego por Artho em uma
pelo telefone, o conheço o suficiente para saber que está péssimo. — Se não
carro e ir.
— O carro que seu chefe alugou, né? — ele pergunta. — É melhor
chegando.
mala e vou até a recepção, onde peço para o manobrista buscar a Range
Rover alugada.
preocupada com meu irmão. Às vezes em que precisei atender seus pedidos
— O que houve? — insisto em saber, agora que posso ver seu rosto
conclusões.
Artho ou Charlotte...
— Podemos não falar sobre isso agora, por favor? — meu irmão
pede com tanta tristeza que me faz estremecer. Apesar de tudo que já viveu,
nunca o vi assim.
pensamentos por ter me ligado para vir buscá-lo, em vez de sair por aí e se
meter em problemas.
músicas dos anos 80, 90 e 2000, as que ele mais gosta de ouvir.
a casa onde vivi boa parte da minha infância. O mesmo lugar onde Dimitri
matou nosso pai com uma faca, onde Stefan viveu seus primeiros aninhos,
aprendeu a falar, andar... Tirando os bons momentos com meus irmãos, não
transformado em parreirais.
risinho abafado pelos lábios fechados com a ironia, porque a mãe de Dimitri
e de Ícaro também morreu aqui. Até eu quase matei, com minhas próprias
mãos, naquela maldita noite que faço de tudo para esquecer, quando era só
seu rosto é iluminado pelas luzes do painel do carro. Ele parece destruído,
nenhum talento, cantarolando os trechos, sem saber o que posso fazer para
animá-lo.
todas as notas.
finalmente, com a voz aveludada, sem errar uma única nota, elevando a voz
no final da estrofe.
tanto fazer. Quando chega o refrão, seguro sua mão com força e a trago para
perto do meu coração.
nós iremos tentar / Oh, estamos quase lá / Oh-oh, vivendo em uma oração /
casal, como na música, somos bem parecidos com Tommy e Gina, vivendo
de orações.
deem certo.
música quando ela acaba e começa a tocar Take On Me, da banda A-ha, e
coração e consigo ver as lágrimas escorrendo por seu rosto. É como levar
nunca mais vi meu irmãozinho chorar. Nunca, nunquinha. O que pode ter
volume da música.
ombros, pescoço e cabeça para fora do carro, com o braço esticado para não
um pouco mais devagar. — Não fazia ideia de que gostava tanto assim
dela...
O que digo não ajuda muito, e me sinto péssima por não conseguir
Fico esfregando a ponta do polegar nos nós dos seus dedos até
Bato meu ombro contra o seu braço, enquanto ele encara os próprios
sapatos.
— Você esqueceu o terno na fazenda — digo, observando sua
gravata frouxa.
espelho.
comentar.
responde.
Caroline
carpete.
— É mais chique que aqui? — Meu irmão quer saber. Sei que ele
aconteceu.
minhas pernas, empolgada ao ver no seu rosto alguma coisa parecida com o
— O que aconteceu entre você e ela dessa vez para você ter ficado
tão mal? — Aproveito a deixa, sei que sou a única com quem ele
conversaria sobre isso. — Eu sou mulher, já tive a idade dela, posso ajudar
a entender.
— Acho que não nesse caso, Gina — ele diz, me chamando pelo
nome da garota da música do Bon Jovi. — Você não tem experiência nesse
assunto.
— Está me chamando de encalhada? — Agarro outro travesseiro e
Se for, saiba que eu preferia ter um pai e uma mãe como Artho e Charlotte a
viver por contra própria em um país estranho. Sei que você é novo, não vai
entender....
— Sobre eles se preocuparem com ela? — Stef ergue as
aeroporto.
Ele faz aspas com os dedos ao citar a conversa, então pega um dos
— Por que garotas como ela, que têm tudo na vida, se atraem por
como eu — confessa.
— Então por que você não se afasta? Ficaram quase dois anos sem
melhor.
Ele tem a audácia de dizer. Puxo o pé que ele está fazendo massagem
— Foi essa merda que nos ajudou a ter uma vida melhor nos últimos
mais novo para que pudesse tomar um rumo na vida, e não fui capaz de
— exijo, bem séria. — Chega disso. Vai apagar o número de todos aqueles
talvez tocá-lo. — Ayla vivia com ela nos primeiros anos, e a vida da coitada
com ela! Como sou sonsa. Se Artho descobre, se ele te pega com droga no
bolso...
— É por isso que dizem que bater não resolve. Todas as surras que
absolutamente nada.
— Nem sempre ele batia pra me ensinar alguma coisa, às vezes era
pergunta com rispidez, parecendo muito mais velho que seus dezenove
um galho recém aparado — repito as palavras que sei de cor desde os doze
anos.
— Mente tão bem — ele acusa, sacudindo a cabeça em negação. —
depois da surra, quando precisou levar pontos? Foi nossa mãe que te passou
o roteiro?
falar com mais firmeza. — Posso ser uma boa mentirosa, mas nunca menti
pra você.
— Sei disso, Gina — outra vez, Stef volta a me chamar pelo nome
ele tivesse puxado o curativo da ferida, e estou dando o melhor de mim para
não derramar uma lágrima.
Sempre mentiu.
como se tentasse descobrir algo sobre mim que ele já não saiba. — Foi o
que nossa mãe sempre disse. Cresci com ela falando isso.
por causa de alguém como Flaviano. Ele foi nosso herói uma vez, sofreu na
para proteger a gente outra vez, iria para a cadeia e pegaria sei lá quanto
vezes que estava tudo bem, que Flaviano era um ótimo padrasto, que era
que as coisas melhorariam quando Giovanni nascesse, mas não foi bem
assim.
ninguém, mamãe foi excelente em nos treinar. Ela poderia dar curso de
chega até meus ouvidos e me aninho melhor na cama. Sem sono e com a
cabeça pesada, pego meu celular pensando em vagar pelas redes sociais até
entender o que aquilo significa, até que me dou conta de que não há
Dou uma olhada nas fotos e vídeos, admirando a fofura das crianças,
as observando ficarem mais jovens a cada post. Eles são muito fofos!
Ela era ruiva, tinha sardas e olhos verdes, mas não há nada sobre a
enquanto entra debaixo do cobertor, na cama ao lado. — Tirei seu sono, né?
meu chefe, mas não aparece muita coisa — digo, com a testa franzida,
falando que ela morreu em um incêndio, mas que a investigação seguia sob
— Não sei, não encontro detalhes sobre esse acidente, se é que foi
um...
— Eles são ricos, e pessoas ricas gostam de privacidade. Podem ter
— Ei, não fica pensando nisso — meu irmão sussurra e estica a mão
para tocar meu ombro. — Já pensamos coisas ruins demais por hoje.
está acordada?
— Sim...
Romano, tudo que sabe sobre nosso pai é o que foi contado e a família não
vezes em que meu irmão mais velho saía ou viajava com os amigos, e
Emilio chegava bêbado, distribuindo ira para todos, sem exceção. — Nossa
caiu. — Stefan tenta brincar, mas não consigo fingir uma risada. — Carol,
penumbra.
— Nada disso, você ter ido morar comigo foi a melhor coisa que me
aconteceu, não sabe como fiquei feliz. A solidão é terrível. Ter meu melhor
escolher entre ficar em São Paulo ou ir morar com você. Disse que, se eu
— Então é por isso que Ayla não quis olhar na sua cara quando te
viu no casamento, porque foi você quem escolheu ir embora. — Não é uma
— Sim, fui eu quem decidi. No começo ela não entendia, mas agora
deboche.
Recebo uma travesseirada em resposta, mas estou coberta de razão.
Talvez, Stefan não tenha ficado porque queria a liberdade que não teria lá.
Sabia que eu não teria o pulso firme que Dimitri tem para impor limites.
voltarmos mesmo pro Brasil, prometo que nunca mais vou aprontar.
— Não sei se meu chefe vai gostar de mim — confidencio meus
— Não tem como não gostar de você, Gina. Vai dar tudo certo.
menos o que imagino, e der para pagar as contas da nossa mãe e as nossas
importante — digo e dou um longo bocejo. — Promete que não vai mais se
— Prometo. Não vou mais dar trabalho, dou minha palavra — Stef
soa firme.
isso.
Caroline
2° DIA
muita coisa legal em brechó, mas eles viraram febre e isso encareceu o
preço das peças.
gordos, tanto para mim quanto para Stefan, e ficamos superfelizes. Pensei
domésticos que estava precisando, mas mamãe ligou alguns dias depois e
porque estava usando todo dinheiro da doceria para pagar a maior parte das
recebendo.
O dinheiro que ela tinha guardado, usou para comprar uma bicicleta
nova para Giovanni, já que ele estava crescendo muito rápido e a antiga não
servia mais.
Comecei a pensar em tudo que ela fez por mim, em como teve que
ralar para bancar minha vida nos Estados Unidos, até eu terminar os
e comprei um celular novo para ela. Poderia ter comprado nos Estados
véspera — lamentei.
murmurei a resposta.
velho quis saber. Seu rosto demonstrava a saudade que estava de mim.
queria deixar de ser aquela funcionária a quem eles recorriam para trabalhar
eu viajava para Jaguarão e passava o Natal com vocês. Parece que faz uma
fez de tudo para ser presente, para nos dar presentes. Sempre se importou
— Se Stefan quiser, ele pode ir, não tem problema. Vou ficar bem
sozinha — disse, mas imaginando que meu irmão não iria querer passar o
Não sabia que Dimitri tinha lhe dado a escolha de ficar no Brasil,
Giulia e preferimos mandar o Pix. Não é muito pessoal, mas vocês podem
Brasil e estar perto da família, mas não podia mudar até arranjar um bom
estabilidade financeira.
passagens!
— Claro!
Dei um risinho nervoso. Assim que desliguei, fui para a frente do
espelho e bati no meu rosto por não ter aceitado, por fingir um orgulho que
não cabia, por não poder contar a meu irmão que não tinha dinheiro porque
Stefan usou o dinheiro que Dimitri lhe deu de presente para comprar
aluguel, algumas dívidas que tinha com uns caras perigosos e comprou
nossas roupas para o casamento. Usei o que sobrou da minha parte para
joelhos por ter reservado o dinheiro, assim podia levar Stefan comigo e
ajudar a pagar suas despesas, sem que ele tivesse que se meter em mais
merda.
— Bom dia, Stef. Quando a gente for para São Paulo, você vai com
nariz. — Não conversei com eles ainda sobre ficar lá, foi tudo tão depressa.
Mas, a volta deles da lua de mel coincide com nossa ida para São Paulo.
me hospedar.
— Pensei que fosse aproveitar esse tempo para ficar com mamãe —
murmuro e, por um instante, vejo alguma coisa estranha passar pelos seus
olhos. Parece fúria, mas é tão rápido que não tenho certeza. — Você não a
vê desde que...
mandou para morar com Dimitri, ele não ficou magoado, sabia que não era
por ela, mas por Flaviano. Não entendo por qual motivo não quer visitá-la
agora.
branca, além de um par de sandálias marrons que vai combinar com a bolsa.
comendo bem, hein — Stef comenta com um sorriso largo ao ver as várias
típicas do Sul. Pego um prato para me servir de cuca e cueca virada, minhas
preferidas.
saber se meu estômago vai aguentar tudo que estou colocando no prato.
Me sento à mesa e dou a primeira mordida na cueca virada. Fecho os
minha frente com uma bandeja muito mais cheia que a minha.
Ele não responde com palavras, porque está com a boca cheia, mas
Marquei uma reunião com ela para essa manhã. Oliver pretende
fechar alguns negócios na Serra Gaúcha, entre hotéis e casas de alto padrão,
e a Henderson & Co. precisa de bons fornecedores na região.
Oliver
rosada.
sua testa, que está crescida e caída nos olhos. Faço uma nota mental de
pedir a Caroline que encontre um salão nas proximidades. Não posso deixar
brinquedos do salão.
Ela dá uma risadinha, colocando a mão na frente do rosto, e estreito
o olhar.
na mesma classe.
relacionar. No País de Gales, eles nunca me viam com ninguém, agora que
afasto a franja dos seus olhos outra vez. Preciso engolir o nó para conseguir
manter a voz firme. — Eu sei que é difícil, e daria tudo que tenho para ter
lembram dela, mas estão desesperados para terem uma figura materna.
no céu... Mas será que ela ficaria brava se você casasse de novo?
— Não, meu amor, ela não ficaria — respondo. O nó está cada vez
maior.
— A culpa é sua.
Sacudo a cabeça para afastar a voz. Não posso lidar com isso agora.
— Então, se ela não vai ficar brava, por que você e a senhorita
Phillip me lembra.
para trabalhar. Vou fazer de tudo para não demorar — digo, com medo de
acabar respondendo a voz da minha cabeça na frente de Celiny.
sussurra seu temor contra meu ouvido. — Que deixe a gente sozinhos.
Seguro seus ombros e a encaro para que sinta a verdade no meu olhar.
armadura, mas preciso ser forte, porque sou tudo que eles têm. Pelo menos,
Aceno para Jake e deixo a sala com o coração pesado. Sei o quanto
meus filhos desejam uma figura materna, mas casar novamente, ou até
não suportaria me ver rindo com nossos pais à mesa do jantar. Me pergunto
como é a sensação, como é amar os irmãos dessa forma, como eles parecem
se amar.
Fico olhando para Caroline, a forma como joga a cabeça para trás
seus ombros. Ela coloca as duas mãos na barriga e dá uma gargalhada com
alguma coisa que o irmão disse. Vejo covinhas em seu sorriso, parece tão
meiga.
Olhar para eles faz parecer que a vida pode ser perfeita, mas sei que
Seu irmão fica sério assim que me vê e diz algo para ela em
português.
encara, surpresa.
Quero sorrir, porque ela fica uma graça nervosa, mas mantenho a
seriedade.
sobrinhos.
deixar as crianças com a babá. — Ainda vou subir e checar alguns e-mails.
para eu ter vindo até aqui, para interromper o café da manhã deles, assim
como não existe motivo nenhum para me sentar, mas acabo fazendo.
detenho. Não sei se posso falar isso na frente do irmão, não sei se ele é
fluente em inglês.
nariz são rosadas e tem algumas sardas claras. Seus cílios são loiro escuros
rapaz moreno, sentado a sua frente, que ficou sério assim que cheguei.
— Você nos apresentou ontem, no aeroporto — o irmão dela
Não sei por que fico decepcionado pelo fato dele falar minha língua.
Não há nada que eu queira dizer a Caroline que ele não possa ouvir.
irmão.
a minha assistente. Não sei se a ideia parece absurda por sua irmã ser
isso causa em mim. Tem farelo de biscoito no seu queixo, e até me atreveria
Vinte e oito anos. Ela é oito anos mais nova que eu. Nasceu na época
do nosso irmão mais velho, ainda por cima, afilhada de Daniel — ela
confidencia. — Claro que acabou com um olho roxo.
novamente.
Noto que ela é bem parecida com o irmão mais velho, mas não tem
lembro de Thompson dizendo que ela trabalha muito para ajudar a família e
mas apanhei tanto que comecei a reagir, e fiquei muito bom nisso na
adolescência, tanto que ele se viu obrigado a parar de arrumar briga comigo
meio sorriso, sentindo o clima leve pela primeira vez em muito tempo.
Os irmãos Romano não sabem a sorte que têm por serem unidos
assim.
cabeça positivamente.
— Perfeito.
tensão no ar. Caroline coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e depois
faz um coque baixo. O movimento faz o perfume exalar da sua pele, uma
mesmo que ajudaram seu irmão a nos cercar. Se conta sobre esse detalhe,
com os fornecedores, para estar sempre a par de tudo, Dalila nos convida a
trabalha.
galpão. É ele quem explica sobre cada tipo de madeira, suas características,
cidades da região Sudeste, mas antes de vir para o Brasil, estudei um pouco
Ele entra sem anunciar, caminha até o lado da mesa e nos olha com
curiosidade.
— Esse é Geronimo Valentini, pai de Dalila e dono da madeireira —
Fico de pé, mesmo não entendendo nenhuma palavra que ele profere
velho com as duas mãos em seu peito, porque não vou deixar ninguém a
tratar assim, seja lá o que esteja acontecendo. O mando calar a boca, mas
graus hoje, os bancos de couro do carro estão quentes e ela estremece com o
— Não vou permitir que ninguém a trate assim — repito, sem saber
escritório logo hoje — ela assume. — Ele odeia minha família, sempre
odiou.
— Não entendo como alguém pode ser grosseiro com uma mulher
como você. Mesmo que exista uma briga entre famílias. Negócio desfeito.
— Não entendo como você pode dizer isso depois do que aconteceu.
que antes.
uma confusão — diz e sua expressão passa de dor para susto. — Deus, em
dois dias eu meti o senhor em duas confusões! Que bela assistente eu sou.
Aguento algumas confusões, desde que não a tratem mal na minha frente.
encarando.
— Se fosse seu irmão no seu lugar, eu já estaria demitida desde
ontem — sussurra.
— Está tudo bem, não sou meu irmão, e toda família tem problemas
pela ferrugem, com vista para uma clareira cheia de hortênsias florescidas,
espalhadas no gramado.
que ela se sinta um pouco melhor. — Só não meti um soco na cara dele em
respeito a idade.
falta de prática.
Ela é bonita pra caralho! Mais uma vez, obrigado Phillip. Mas eu
— Ainda assim, acredito que você vai aprender com o tempo, apesar
tentar me animar.
— ach... ash...
para dizer que a pessoa é metida, ela se acha, ou que a pessoa teve sorte em
porque soa inapropriado. Parece que estou querendo dar em cima dela.
respirar. O pior é que dá vontade de beijar sua boca. — Quer dizer, quero
aprender logo.
hortênsias.
Caroline está tão bonita que não resisto, pego o celular no bolso e
imagem.
enviar? Vou postar no meu Instagram, como você disse. Aliás, aceitei sua
solicitação.
importância.
— Fiquei ocupado com as crianças, não reparei na notificação —
comento, o que não é mentira. — Vou tirar mais algumas fotos, assim você
cotovelos no guarda-corpo e joga a cabeça para trás. Tiro pelo menos três
fotos assim, até que ela volta a baixar a cabeça e olha para a câmera com o
pedindo o celular.
exposto que, de alguma forma, ela poderá ver minha pele por baixo das
celular.
casa.
comigo, e eu vim aqui algumas vezes. Ela era minha melhor amiga, até...
e madeira, pendurado no galho de uma árvore que fica nos fundos da casa.
apesar de ser vários centímetros menor que eu, tem pelo menos 1,75 de
altura.
conta.
hortênsias.
curiosidade.
Já entendo quando ela pronuncia eu, você, não, sim e outras poucas
palavras, mas, no contexto geral, não sei sobre o que está falando.
estão hospedados lá com os filhos. Acho que Celiny e Jake iriam adorar sair
ela gosta deles, mas não posso afirmar, já que não sinto felicidade genuína,
causada por outro ser humano além dos meus filhos, há muito tempo.
rápido que os adultos, mas não sei até que ponto Caroline está sendo sincera
Não consigo ler isso no seu semblante. Tudo que consegui ver, mais
cedo, foi tristeza profunda, talvez porque aquele desgraçado tenha tocado
em um ponto tão sensível que ela não conseguiu manter a máscara, mas
não invado ainda mais o seu espaço, porém seria abuso demais pedir que
sucursal de São Paulo para analisar. Planejei fazer isso agora a tarde —
britânicos. — Mas agradeço o convite, fico mais grato ainda, por pensar nas
crianças.
outra sala reservada da mansão para que você possa trabalhar, enquanto as
crianças se divertem comigo — ela diz e sorri, quase me deixando sem
opções de recusa.
— Não posso deixar meus filhos por sua conta a tarde toda —
comento.
— Não acha que eles vão se divertir comigo? — pergunta, mas não
parece ofendida.
— Eles iriam se divertir, sem dúvidas, mas não podemos te dar esse
trabalho, não faz parte da sua função ficar de babá das crianças, ainda mais
em um domingo à tarde.
— Oliver, vou ficar com eles porque gosto dos seus filhos, não por
coisa que quero forçar com Caroline é intimidade, mas ela me ganhou com
— Não sei, sair com alguém, os amigos que têm na cidade. — Tipo
para bem longe, assim como Celiny fez mais cedo na brinquedoteca.
Queria ter esse dom de me livrar dos pensamentos ruins tão fácil.
porta, mas se volta na minha direção. — Mas se realmente não quiser ir, se
não estiver se sentindo à vontade ou se não gostou das pessoas que estavam
vai mostrar para os amigos do seu irmão que não me intimido fácil — digo
— Por que os chama assim? Acho que ouvi você falando mais cedo
sobre...
Tento repetir, mas soa tão ridículo que arranco uma boa gargalhada
dela.
que vai aprender rápido. Não ligue pra mim, sou uma boba.
Não sei como me sentir em relação a ela me chamando de fofo. Dou
falar em português.
— Clube dos cretinos. — Acho que me saio melhor dessa vez, pelo
Giordano, com quem a Henderson & Co. tem parceria, Artho Becker,
para a estrada.
encontrei no Instagram.
clube. Os seis eram bem populares na época, todo mundo queria ir a uma
Ela explica de forma rápida, mas dá para ver o quanto parece ter
— Sim, é incrível. Com exceção dos gêmeos, Eros levou todos para
mundo que eles salvaram uns aos outros, de uma forma ou de outra. E,
entre nós.
— Tem alguém na sua família que é tão ruim assim? — ela pergunta.
Penso em contar sobre Phillip, sobre o fato que eu ser adotado, o que
ele nunca lidou bem, mas não sei se Caroline está interessada em saber
— Com quantos anos você foi morar nos Estados Unidos? — faço a
família? — Procuro não soar curioso e, sim, como alguém que está jogando
conversa fora.
— Tudo está ligado — ela afirma, suscinta.
olhar a estrada.
nenhum.
— Sim.
O manobrista vem nos atender, mas ela explica para ele que vamos
sair em pouco tempo, e que não precisa guardar o carro na garagem. Fico
atento a conversa, vendo quais palavras já consigo entender.
eles quiserem nadar, estarão preparados. Além de roupas extras para o caso
Isso me faz lembrar da minha esposa e de como era bom ter alguém
convite.
muito o último verão com meus filhos, porque não caibo mais em ocasiões
como esta.
É só uma voz criada pela minha própria mente solitária, mas sei que
analisando planilhas, mas eu entro com eles, não se preocupe. Prometo que
ficarei bem atenta — diz, abrindo um sorriso que faz meu coração se agitar.
mas já ultrapassamos muitos limites de intimidade por hoje, e não sei mais
mais cedo. Jake praticamente me escala para montar nos meus ombros e
colocando no colo.
rosto. Caroline precisa segurar firme em sua cintura para que minha
— Vovô levava a gente pra passear nos cavalos, mas tivemos que ir
Cinthia, percebi bem rápido que estava muito enganado. A minha dor não
quebra mais, mesmo quando fui tolo de pensar que isso não seria possível.
Cada vez que percebo meus filhos sofrerem por minha culpa, a coisa
fica pior.
É uma sensação terrível saber que as pessoas que você mais ama
primos, minha esposa era filha única e Phillip não tem filhos. Os pais de
Cinthia são um dos poucos a quem Celiny e Jake podem se apegar, mas até
— Mas não vai ser a mesma coisa — Jake reclama baixinho. Posso
alguma coisa para aliviar a barra para Jake, mas não encontro nada.
— Quer ajuda para arrumar uma bolsa com as coisas das crianças?
— Caroline pergunta.
Sei que é abuso, mas deixo os gêmeos com ela no quarto e vou para
bagunça de pensamentos.
— Você está dando liberdade para eles pensarem que ela é algo
além de sua assistente — a voz de Phillip alerta assim que entro no quarto,
mas eu bato a cabeça contra a porta fechada para evitar que continue.
Penso no que ela disse sobre os amigos do seu irmão, Daniel, mas
talvez Dalila não tenha tido a mesma sorte, a chance de poder escolher.
Decido que vou dar uma chance e ouvir Caroline, afinal, os conhece
Paro nas fotos que ela tirou de mim e decido postar uma no meu
perfil do Instagram.
porque sei que Phillip verá. Imagino o que vai pensar: a aberração já está se
apaixonando pela assistente em poucos dias, quando ela descobrir como ele
— sussurro para a tela do celular. — Vou deixar você pensar que estou me
Caroline
Não sou uma pessoa vingativa, até porque nunca tive oportunidade
de planejar nenhuma vingança, nunca fui forte o suficiente para isso, mas
gentil, tão diferente do pai e do irmão. Não sei se ele herdou genes
nada com o dos outros homens da família, mas estou grata. Foi minha
salvação. Ainda não acredito que Oliver Henderson empurrou aquele velho
uma funcionária.
Apesar de tudo, estou com uma ideia em mente. Arrumei uma bolsa
um short jeans e uma blusinha branca, uma escolha excelente para uma
tarde de sol.
Pego meu celular e procuro pelo contato de Gabriel na agenda.
sobrinho, Jonas.
Oliver postou uma das fotos que tirei dele mais cedo. Ele me marcou como
fazer perguntas.
Ligo para Jonas antes de pensar direito no que estou fazendo, porque
estranhando o DDI.
— Sou Caroline Romano, estive com vocês há algumas horas —
— Sim, Caroline. Por favor, nos desculpe pelo que aconteceu, minha
sei que você e sua mãe não têm culpa do comportamento do seu avô. Foi
um prazer me reunir com vocês, meu chefe também gostou e não vai levar
dando um almoço hoje, na Fazenda Ricci, e pensei que talvez você fosse
gostar de ir. Seus tios estão lá, tem jovens da sua idade... Acho que você vai
gostar.
disso.
Você pode dar uma desculpa qualquer. Eu passo para te pegar daqui a
— Você tá tentando se vingar pelo que meu avô fez, levando o neto
Estranho o fato dele ainda estar com as roupas formais que usou na
Seu rosto fica ainda mais sério, me encara com uma expressão que
esquentarem.
Não considerei o abuso que seria pedir a Oliver uma carona para
Jonas.
sincero.
se o escuto. Aquilo não deveria nem ter passado pela minha cabeça.
— Agora entendo por que seu pai e seu irmão não socializam com os
seco.
Não sei onde foi parar o homem que me defendeu na madeireira e
jamais deveria pensar que tenho algum tipo de intimidade com ele.
vários fatos que comprovam isso, digito o endereço que Jonas passou.
painel do carro.
ele não tem muito contato com... — Minha voz morre quando me dou conta
— Geronimo Valentini não vai saber, mas estarei sorrindo por dentro
— admito.
questiona com o tom de voz tão amigável que relaxo no banco, aliviada.
Seja lá o que tenha deixado Oliver de mal humor, foi embora.
do colo.
Meu coração e minha mente são tomados por algo que não explicar o
Olho para os tênis brancos que estou calçando e digo a mim mesma para
específico não tem nenhum motivo para render. Foi só uma brincadeirinha
que meu chefe fez em um momento de bom humor, ele não é meu amigo,
Quero perguntar algo sobre ela, mas, primeiramente não farei isso na
frente das crianças; segundo, acho que tentar entrar em detalhes sobre a
vida pessoal dele é ultrapassar os limites. Então, vou ter que engolir minha
curiosidade.
confusão com você, e se não te encontrar, vai jogar a culpa nos meus tios —
décadas.
da minha família, mas ele não é o único — expresso para melhorar o clima,
virando no assento para falar comigo —, mas não falo quase nada em
inglês.
Não conheço seu pai, então não sei se é parecido com ele, mas os
— Meu avô tem tanto ranço do seu irmão que chegou a cogitar que
Dimitri teve alguma coisa a ver com o assassinato dos irmãos Ricci —
Jonas diz, inocente, sem fazer ideia do peso que essas palavras têm.
de Giulia.
Sei que Dimitri não teve nada a ver com a morte deles. Com toda
certeza do mundo, havia muita gente com motivos para fazer aquilo com os
irmãos Ricci, mas quando aconteceu, imagino que as pessoas mais velhas,
Quem está de fora, não consegue entender que Dimitri é uma pessoa
boa, mesmo tendo atirado na mãe por acidente e matado nosso pai com a
português. Mesmo assim, sei que percebeu o nome de Dimitri sendo citado
Preciso dizer a Jonas que Dimitri assumiu um novo nome quando foi
Será que ficaria bravo comigo por mentir sobre o nome do meu
irmão?
Dimitri, mas Oliver pode não me achar confiável, e tenho coisas demais em
para dificultar que meu chefe consiga entender —, meu irmão assumiu um
pseudônimo quando se mudou com seus tios e os amigos para São Paulo,
porque não queria os Ricci interferindo na sua vida, então muita gente só o
lembrar disso.
— Não vou comentar com meu avô nem com ninguém da cidade,
não se preocupe.
Caroline
Não conhecia Jonas até essa manhã, sabia da sua existência e já tinha
o visto por fotos, mas nunca tive contato com ele, apenas com a mãe e os
avôs, porque Dimitri sempre foi muito amigo dos gêmeos Valentini.
o que ainda falam a respeito de Dimitri, mas não posso fazer isso agora.
mente.
diferentes, apesar de Giulia e Dimitri terem feito a ponte entre esses dois
mundos, sempre soube que ela não era má como o marido. Fiquei muito
construído uma nova. Não sei se eu teria essa mesma ideia e disposição.
— Sua casa ficou incrível — digo, abrindo um sorriso ao
coisa.
— Minha querida, fico muito grata pelo elogio, ainda mais vindo de
uma profissional da área. Obrigada por ter aceitado o convite. Pedi a Stefan
que assumi a fazenda, que recebo tantos convidados assim. Confesso que
Tatiana estica os braços para acolher os gêmeos, que vão para ela
muito rancoroso.
casa quando citei, da forma mais inocente, que minha filha e Dimitri tinham
casamento.
não rir.
— Esperamos que Geronimo não fique sabendo que eu trouxe seu
Agora vamos levar esse príncipe e essa princesa para conhecer as outras
crianças?
quando ela pega Jake para pendurá-lo do outro lado, mas ela garante que
falando, sem citar a parte em que Tatiana trabalhou como cuidadora, com
receio de que peça mais detalhes, muito menos a parte sobre Dimitri.
Não estou pronta para conversar sobre isso com alguém que não
Da minha infância, a morte do meu pai à minha ida para os Estados Unidos,
entender. Além disso, Oliver não vai querer ouvir a respeito dos problemas
da minha família, muito menos ter a paciência de ouvir toda a história, ele
mails e relatórios, você poderia ceder alguma sala para que ele consiga
fazer isso? — pergunto, olhando sobre o ombro, me certificando de que ele
conversando.
Jonas, enquanto Tatiana se afasta com os gêmeos para levá-los até as outras
— Que chefe é esse que não sai do seu pé, hein? — sussurra ao se
inclinar perto do meu ouvido ao passar por mim, antes de abraçar Jonas.
— Sem gracinhas! — alerto Gabriel. — Tomei a liberdade de
— Não é porque seu irmão está em lua de mel que você não vai ter
com o sobrinho.
Reviro os olhos, mas essa atitude me faz parecer ainda mais com a
com a voz firme, para que entendam que estão lidando com uma mulher.
Editorial Giordano, com quem a sucursal de São Paulo da Henderson & Co.
tem parceria.
graça, mas faz a gentileza de falar em inglês, para que eu não tenha que
Estreito os olhos para Eros, a fim de que entenda que todos passaram
inglês, sabendo que os cretinos entendem. — Decidi trazê-lo para que você
Juro que sinto meu coração disparar e o rosto ficar quente por causa
dessas palavras, uma reação muito exagerada do meu corpo. Quando Oliver
parte dele.
nenhum som.
Acho que viu Oliver piscando para mim, e que corei como uma
adolescente.
Ergo a mão esquerda para ocultar o que estou fazendo com a direita:
mostro o dedo do meio para Lion, depois me arrependo. Não posso esperar
— Lembrando que não fui único que cercou vocês ontem — ele faz
& Co. no Brasil — ele diz, mais relaxado que Eros. Na certa, sabe que
consegue conquistar todo mundo com o sorriso e uma boa conversa. Artho
nasceu para essa profissão. — Vocês são um dos meus melhores clientes.
aqui no Brasil, Lion é a pessoa certa. E esses dois caras de pateta são
conhecer.
levemente arregalados.
— Sim, é um homem muito agradável — Oliver diz a Natan com um
engolir sapos.
irmão mais velho. Às vezes, faz parecer que somos do mesmo mundo.
fechava negócio com senhor Henderson, ela foi apresentá-los e ele teve um
em português.
agradecimento.
— Fez a lição de casa — Natan brinca e pisca para mim. Tive pouco
cretinos, talvez Natan seja aquele de quem preciso estar mais próxima aqui
em São Paulo.
deixo Oliver por alguns minutos com eles e levo Jonas até o outro lado da
casa, onde Tatiana mandou construir um salão enorme de jogos, com mesa
misturar os dois idiomas nos quais sou fluente e parecer ridícula. — Esse é
Jonas Valentini, sobrinho dos gêmeos. Ele mora aqui em Bento Gonçalves.
Jonas, esse é meu irmão Stefan, Ayla Becker, a filha de Artho e Charlotte, e
— Já te vi por fotos, mas você nunca foi visitar seus tios em São
ombros.
pongue.
mãe, um filho perdido do meu tio Tomas — Ayla explica. — Está tudo
certo para ir morar com a gente em São Paulo. Vou apresentar a vocês.
que ela parece feliz, e que estava jogando tranquila com meu irmão, não
— Tia Carol! — Diana diz assim que me vê, se jogando nos meus
Volto correndo para a área gourmet, porque já deixei Oliver tempo demais
estava ausente, o que foi muito gentil da parte deles, tendo em vista que sou
daqui.
Marquei uma reunião com Artho Becker para a semana que vem,
porque preciso verificar alguns contratos e ficar a par de tudo que acontece
na sucursal, e pedi a Lion Bianco que fosse ao meu escritório assim que
incomodando.
menos o neto.
mais velho não usa o mesmo sobrenome que ela. Talvez eu consiga juntar
com eles.
Giordano fala com muito orgulho da coleção que sua esposa está
jeito como Eros fala e olha para sua esposa, Raquel, me faz lembrar de
como era bom ser casado, ter alguém que eu admirava mais que tudo.
evitar perguntar. A ideia dos meus filhos em uma sala com apenas uma
Sinto uma mão tocar meu braço, por cima da camisa, e estremeço
meio dos adultos — ela diz com calma e gentileza, mas a arritmia não me
deixa relaxar.
não confio nas suas palavras. Caroline parece não saber como perdi minha
esposa, então não faz ideia das preocupações que perturbam minha cabeça.
porque não há nenhum lugar seguro. É até difícil conseguir prestar atenção
Largo o garfo sobre o prato e tento entender por que ele está rindo
daquela tragédia.
por saber que essas pessoas estão falando sobre o incêndio que matou
— Eles estão falando sobre o que Tatiana fez com a casa antiga —
mansão onde ele morou até morrer, e construiu essa casa novinha em folha.
Pisco, esperando os batimentos diminuírem, ao mesmo tempo, em
que torço para que ninguém tenha percebido como fiquei transtornado.
— Isso foi... — faço uma pausa para procurar a palavra, mas não
consigo.
oferece um escritório com vista para a piscina e um dos jardins da casa. Ela
não fala inglês, mas não preciso de palavras para entender o quanto a
mulher é gentil.
Ela abre um sorriso e abana a mão, como se não fosse nada. Diz uma
frase, mas não consigo entender, então acena e deixa a sala, fechando a
porta.
números.
aparelho. Quando meus olhos começam a arder, percebo que vou precisar
Bianco. A sucursal de São Paulo tem o próprio contador, mas vou precisar
franja alaranjada de Celiny está molhada, com uma mecha caída entre suas
sobrancelhas, e suas sardas estão mais evidentes sob o sol, mas ela parece
cabelo escuro, um pouco maior que ele, enquanto as outras crianças gritam.
Os dois meninos estão numa espécie de corrida para ver quem atravessa a
piscina primeiro.
Jake parece não se abalar por ter perdido, e os dois descem dos
última, estou com um sorriso de orelha a orelha por saber o quanto meus
Fico olhando para a tela por alguns instantes, meus olhos oscilando
a piscina com eles, mas isso não me impede de imaginar como seria, se não
fossem os obstáculos.
fixam.
minha virilha enquanto olho os seus seios, passando pela barriga lisa, a
conversando com ela. Não faço ideia de quem seja, mas sinto um
pouquinho de inveja, tanto por ele ter a vida toda pela frente, mas também
porque pode ficar assim, numa piscina, ao lado dela e dos meus filhos, algo
Caroline joga a cabeça para trás, rindo de alguma coisa que o garoto
À distância, não consigo ver se sua pele também está molhada, mas
que é a sua pele. A cabeça do garoto se inclina e ele parece estar olhando
perguntar.
para a poltrona. — Quer me ver rastejando por uma mulher, mas não vai
Olho para a tela e abro outro sorriso. Não sei se está tentando só ser
companhia feminina nesse exato momento, mas não posso dizer isso para
minha assistente.
Não consigo pensar em uma resposta que não me faça parecer um
Volto a olhar para a tela do iPad, mas as cenas que presenciei mais
a família Romano por algo que aconteceu no passado. Algo que faz
Perguntei sobre esse homem, se era seu pai, mas ela não me
respondeu.
O irmão mais velho não tem o mesmo sobrenome que ela. Ele é rico,
enquanto ela precisa fazer hora extra para ajudar a família, na qual,
Romano na busca.
fundo, me decidindo por deixar isso para lá, mas acabo clicando no
responsável pela morte de sua mãe, Evelin Ruschel Romano, que morreu
baleada, no ano de 2002, quando ele tinha apenas sete anos de idade.
que foi assassinado pelo mesmo filho, Dimitri Romano, no ano de 2012.
O jovem confessou ter matado o pai com uma faca e foi detido em
uma instituição para menores infratores por quase dois anos. Os irmãos,
é Stefan Romano.
Procuro uma imagem do tal Dimitri Romano, mas seu rosto está
citação a Daniel Ruschel nos jornais que noticiaram as mortes. Ele tem o
Pelos meus cálculos, se Caroline tem vinte e oito anos, deve ter
Emilio Romano foi morto. Sendo assim, Caroline e Stefan são irmãos
apenas por parte de pai de Dimitri Romano, o qual não consegui ver o rosto.
observei pela manhã. As pessoas não gostam dele pelo histórico de mortes,
Caroline não me respondeu quem era Dimitri por que ela nunca o
perdoou por ter matado seu pai ou também por ter manchado o nome da
família?
Se ela não o perdoou, por que estava sorrindo quando Dalila
Valentini perguntou por ele? Por que continuou conversando com Jonas
Tenho muito mais o que fazer da minha vida, mas estou aqui
São Paulo.
nomes dos possíveis irmãos, então me dou conta de que não vi e nem ouvi
parte da família ele se encaixa, mas todas as informações que encontro são
atreladas ao Grupo Editorial Giordano. Não há nada sobre ele antes. Nome
daquela empresa.
matérias que noticiaram as mortes, encontro seu nome em uma lista dos
Seu nome é citado mais duas vezes em listas que pareces ser de
aparece nas matérias das mortes, mas resolvo procurar sobre a mulher que
estava grávida e deve ser sua mãe. Desisto depois de alguns minutos, ciente
Dimitri matou a mãe e o pai, e talvez isso tenha feito as pessoas odiarem
todos com o sobrenome Romano, incluindo uma pessoa tão doce como
Caroline.
Começo a ficar com medo de que minha assistente tenha vivido uma
infância tão cruel quanto a minha, e que o único alívio que teve, foi quando
seja por isso que estava sorrindo quando Dalila citou o irmão assassino,
porque ele pôs um fim no sofrimento dela.
contar algo assim. Acho que tudo que conseguirei são essas informações.
pelo pai.
encaixa em tudo isso, mas imagino que não faz parte da família que
pondo. Fiquei tanto tempo concentrado nas notícias que não percebi o
estômago roncar, nem a garganta seca.
e precisamos ir embora.
Caroline
3° DIA
Estou há três dias no Brasil e ainda não liguei para minha mãe, mas
e em como ela vai reagir, ainda assim, é algo que eu preciso enfrentar.
Quanto mais o tempo passa, mais se torna difícil.
como disse que “não curtia piscina” quando o convidei para se juntar a nós,
grata por não ter feito, mesmo que eu seja uma péssima funcionária.
Cruzo os dedos sobre o colo e olho para as unhas que comecei a roer
não aconteceu.
Urgh! Me senti tão ridícula quando percebi que ele não iria
responder.
um hotel, que some do meu campo de visão quando ele ultrapassa uma
carreta.
coração agitado. Não posso ficar eufórica cada vez que ele me dirige a
palavra.
Limpo a garganta e arrumo o cabelo atrás das orelhas, tentando
uma boa opção? Ainda temos mais duas para visitar. E você está aqui para
— Não é nada. Acho que ela é uma boa opção sim, você está
escolhendo bem — respondo e minha voz sai rouca pelo tempo em que
passei em silêncio.
nisso por alguns minutos, até que meu chefe decide voltar a falar.
soa tão pessoal que o exercício para acalmar meu coração vai pelo ralo.
— Tem alguma coisa que te prenda lá? Alguém de quem você sente
imediato.
Me sinto agoniada, porque sua pergunta parece muito pessoal, mas já
fui cortada duas vezes. Não sei como responder, não quero me prolongar na
coisa difícil de fazer, sempre fui muito centrada, mas porque fico tão
não respondi.
Engulo em seco e tento pensar em alguém que possa me deixar
Talvez não tenha um motivo específico, e seja apenas para jogar conversa
fora. É assim que ele faz, puxa assunto e me corta quando fica entediado.
deixar claro minha vontade de ficar no meu país, para o caso de ainda haver
Somos atendidos por uma babá diferente, um pouco mais velha que a
curiosidade.
— Analice Figueiredo, mas não adianta falar sobre mim, ele fazia
parte do clube dos cretinos, era muito popular, não vai lembrar de uma
e abraços, tento ser o mais gentil possível, mas estou preocupada com o fato
de Analice ter mencionado o clube dos cretinos e o nome de Dimitri,
porque eu contei a meu chefe que era Daniel quem pertencia ao clube.
Espero que ele não tenha aprendido mais nenhuma palavra nova em
português.
braços no pai.
Faço de tudo para não o encarar, mesmo parecendo que senhor
Henderson não tem nenhum outro lugar melhor para olhar além do meu
Ergo o olhar devagar e o encaro. A força do seu olhar faz meu corpo
los.
franja? Já está caindo nos olhos — meu chefe pede e me animo por receber
uma tarefa tão pessoal. Se ele confia em me deixar levar sua filhinha ao
— Tem um salão nessa mesma quadra. Vou agora mesmo lá para agendar o
vinhedos.
crianças, mas Oliver achou melhor levá-los do que deixá-los mais um dia na
brinquedoteca do hotel.
onde estão hospedados, respiro fundo e olho para o pai. — Até amanhã,
Ainda está de dia. Só me dou conta de que salões não costumam abrir nas
Para minha sorte, o número para contato está fixado na vidraça. Não
dou tanta sorte assim com o horário, mas depois de pedir com muita
reparando em mim.
Parece uma besteira, mas cada ponto que eu marcar com meu chefe
Caminho de volta para o hotel enquanto ligo para saber o que Stefan
está aprontando.
— ele me garante.
brinco, aliviada por ele estar levando meu pedido a sério. — Vem dormir
comigo?
diz.
— Stef, por favor, tenha juízo — peço enquanto vou até o quarto. —
Ayla é menor de idade, Artho e Charlotte têm o maior cuidado com ela.
arriscar.
— Não vou foder com a vida dela dessa forma, Gina. Pode ficar
tranquila. Só estou aqui na fazenda para te dar espaço, assim você consegue
ele estar sendo sarcástico. — Ainda não entendi, você estava arrasado
naquela madrugada e no outro dia vocês estavam de boa. Você vai ter que
me contar a história toda. Não quero que fique escondendo coisas de mim,
ok?
— Ok, Gina — ele responde, dessa vez com o tom de voz mais
— Se não quiser pegar o carro do seu chefe escondido, eu pago o Uber pra
você.
— Não, guarda seu dinheiro, você vai precisar em São Paulo.
ela?
— Não. Preciso desligar agora, vou ajudar Tatiana com uma coisa —
— Tá.
mas os valores não são atrativos para meu bolso. Já recebi o pagamento do
mês, mas preciso fazê-lo render. Mesmo que o dólar ainda valha mais que o
mãe. Quanto mais penso, mais ansiosa fico, e quando o lanche chega, já não
Ligo para minha mãe assim que termino, porque não posso mais
— Oi, meu amor. Como você está? Chegou mais cedo do trabalho?
do meu irmão?
A ouço pigarrear, mas sei o motivo. Ela não gosta de falar de Dimitri
Meu coração se aperta. Não quero acreditar que meu irmão está
sendo punido, que aquele escroto está castigando o próprio filho. Achei que
o pai.
— Oi, filha. Vim para o quarto. Me conta, seu irmão casou, né? —
— Pensei que você não estivesse com dinheiro para viajar — ela
comenta e alguma coisa revira dentro de mim, não é uma sensação boa. —
— Ah, que bom! Ia ficar puxado se você tivesse que pagar — ela
acrescenta.
— Mãe, porque disse a meu irmão que se ele não comece a comida,
falei. E se eu não falar sério com ele, é o pai quem vai fazer — ela explica.
não ia embora, assim como ela não tinha ido quando era casada com meu
Faz anos que não a vejo, além das fotos e chamadas de vídeo, porque
nunca sobra dinheiro para viajar, mas imagino o quanto os casamentos ruins
a envelheceram. Ela era tão bonita. Ainda é, e muito, mas acho que a
câmera do celular não mostra realmente o que os anos fizeram com ela. As
imagens são bem generosas, na verdade, e faz parecer que sua beleza ficou
congelada no tempo, mas eu sei que, pessoalmente, ela não deve estar tão
bem assim.
casa que seu irmão morou quando estava na faculdade. Tem dinheiro para
hotel?
— A verdade é que estou hospedada aqui com meu novo chefe. Quer
dizer, ele está na suíte master dele e eu estou em um quarto simples, mas...
— Pigarreio para limpar a garganta. Sei que tenho vinte e oito anos e não
diretamente. — Você sabe que a Henderson & Co. tem uma filial no Brasil,
filial. Ele precisava de uma assistente que entendesse dos negócios, como
mãe pergunta.
pode me escolher para ser seu braço direito na sucursal de São Paulo.
como isso me deixa feliz. — É notável a mudança de humor pelo seu tom
diretor da empresa. Foi pra isso que dei meu sangue pra você estudar. Que
orgulho!
de mim.
— E quanto tempo você ainda tem para conquistar esse tal chefe?
— Sim, mãe.
perguntar.
4° DIA
que ela passa correndo pela porta giratória, vindo em minha direção. Me
por que ando estudando muito nas últimas noites, depois que as crianças
idioma.
— Senhorita Romano me ensinou algumas frases, enquanto a
senhora do salão cortava meu cabelo. Ela disse que aprendo rápido —
Celiny explica.
Está usando um vestido branco com florzinhas azuis, da cor dos seus
olhos de sereia. Notei que sua pele está bronzeada e tem a marquinha do
biquíni, que usou na piscina da Fazenda Ricci, subindo dos seios até o
pescoço. O vestido é solto com um decote razoável, e cobre até acima dos
joelhos. O resto das pernas lisas, e agora douradas do sol, está exposto até o
se ilumina.
Dou a mão para Jake e sigo minha assistente até a calçada do hotel,
com Celiny nos meus braços, onde o carro já está nos esperando.
Caroline abre um sorriso que parece ter luz própria e estende as
mãos para Jake, o pegando no colo e o levando até a cadeirinha com todo
carinho do mundo.
outra vez, e ser amado também, era assim que gostaria que minha amada
porque estou sorrindo para minha princesinha quando abro a porta do outro
lado e a acomodo na sua cadeirinha. Afivelo seu sinto e beijo a ponta do seu
me enchendo de orgulho.
enquanto Caroline ensina pequenas frases a Jake. Ele, assim como a irmã,
aprende rápido.
Viro o rosto na sua direção, cada vez mais surpreso com o quanto ela
consegue ser atenciosa. Não é seu trabalho dar assistência as crianças, e não
precisei pedir por nada, além da ida ao cabelereiro, mas Caroline sempre
está disposta a ajudar, participar. O melhor é que acontece de forma natural,
primeiro sorriso.
Vivian disse que a casa que você comprou estava em perfeitas condições, e
Entrei em contato a com senhora Collins ontem à noite e pedi dicas do que
senhora Collins que alguém estará esperando por ela no aeroporto, na sexta-
narizinho de Celiny.
— Eu sabia que a empresa trataria de alugar uma casa, mas não que
vocês cuidariam de tudo assim — comento e noto que minha voz sai rouca,
casa — ela diz com um sorriso que oculta tudo que já sofreu.
Nunca fui tratado exatamente como Phillip, não é que meus pais
fizeram distinção, mas porque eu tinha tanto medo de ser rejeitado por eles
que corria atrás das minhas próprias coisas, sem esperar que os funcionários
diferente. Mas, Caroline não sabe disso, acho que os outros funcionários do
Brasil também não. Meus pais são discretos, ainda mais com quem não é do
mesmo círculo social que eles. Ainda assim, agora que me mudei para cá,
Tem gente que puxa a ficha dos outros pela internet, como eu fiz
com a família da minha assistente. Não vou esperar que comigo seja
diferente, ainda assim, e não sei explicar a razão disso, gostaria que ela
soubesse primeiro por mim. Sei que não vai mudar em nada, mas vou ficar
de deixarmos a cidade, dessa forma posso contar para ela. Assim que
importaria com o fato de ser ou não filho biológico dos meus pais? Não é da
conta dela, e não tem nenhuma ligação comigo para que precise de um
— Claro, o contador.
para que não atrapalhe os outros visitantes, ela se inclina bem perto da
minha orelha.
Abaixo a cabeça, aproveitando o calor do seu hálito de encontro a
minha pele, e aninho Jake no meu colo, assim que ele suspira, entediado.
no subsolo.
contra meu peito e procuro pela mãozinha de Celiny. Encontro sua pele fria
para cima, colocando-a no meu peito, mantendo os dois bem firmes, como
fiz naquela maldita noite, enquanto obrigo meus pés a descerem as escadas.
meu anjinho?
— Não precisa — digo, lutando para controlar o tom de voz, antes
quando.
não consigo prestar atenção. Dou meu máximo para tentar controlar minha
mente, para não pegar meus filhos e sair correndo daqui pelas escadas,
perto do meu ouvido. Agradeço por ela falar tão baixinho que ninguém
gêmeos, como fazia quando eram bebês, quando na verdade estou ninando a
mim mesmo, só assim consigo suportar ficar no subsolo, no meio dos barris
turistas.
corpo.
— A guia disse que há uma área infantil para deixar as crianças,
saber.
firmeza.
slogan do vinhedo bordado. Ela nos recebe com simpatia e Caroline troca
mesinhas coloridas para crianças. Uma das paredes é toda de vidro, com
vista para o deck e os parreirais mais a frente, e há uma porta que liga está
brilho no azul dos seus olhos de sereia. É nesse segundo que ela deixa
transparecer algo, mas é tão rápido, que não sou capaz de ler o que é.
arrumadas.
aquele brilho, mas não há mais nada, seja lá o que ela sente, está escondido
— Quero voltar aqui um dia, não a trabalho, mas para beber e comer,
restaurante.
onde trabalhou durante boa parte do almoço. Não pude repreendê-la porque
gentileza.
respiro fundo.
do hotel?
sentir esse calor na virilha só por ver minha assistente lamber o lábio.
Oliver
O terceiro vinhedo que visitamos tem uma loja com vinhos, sucos,
moça gentil que fala meu idioma, enquanto as crianças brincam com um
— Acho que sua esposa gostou dos cremes — a moça diz e aponta
la viva.
interrompo.
brilho para demonstrar que minhas palavras lhe causaram algo, mas não
pele como o animal faminto dentro de mim gostaria de fazer com cada
combinação é tão sexy que faz o sangue fluir depressa para meu pau.
— Combinou com sua pele — digo baixinho para que só ela ouça,
com os dedos ainda segurando seu braço perto de mim, o abaixo devagar,
inocente, sem ter a mínima ideia de como eu desejo fodê-la —, mas é caro
pra mim.
Um soco acerta meu estômago. Estou aqui cobiçando Caroline,
enquanto ela está desejando uma coisa que não pode comprar. É só um
creme, e nem deve ser tão caro assim, mas me lembro que ela faz hora extra
para ajudar a família, então não desperdiçaria dinheiro com uma coisa
supérflua.
que seu salário já caiu na conta? Será que recebeu algum cartão ou um vale
para suas despesas? Percebo que estou sendo um péssimo chefe, enquanto
ela tem feito de tudo para facilitar minha vida e a das crianças, não me
Separadamente.
— Oliver, não precisa! — Caroline diz e segura meu pulso, falando
la.
Seu rosto começa a corar e suas sardinhas ficam mais aparentes. Será
vermelha.
— Tudo para você, meu amor — brinco e pisco para ela novamente.
cadeirinhas.
salário? — pergunto.
eletrônico para as minhas despesas. Está tudo acertado até agora — ela
enólogo que estudou com ela no ensino fundamental. Não quero estragar as
coisas.
idiomas.
fogo.
— Você acha que as crianças vão ficar bem? — pergunto na
lambendo as fundações do castelo que foi meu lar e de minha esposa por
muitos anos.
atenção.
não consigo prestar atenção no que diz, por mais que me esforce. Sinto
como se não estivesse aqui, como se minha mente quisesse me levar de
Meu coração bate tão forte que começo a ter medo de não conseguir
escada.
local à procura das placas que indiquem a saída de emergência. Assim que
estremeço.
Demoro um momento para ficar consciente de que é Caroline
tocando minha mão. Sua pele está fria, por causa do ar-condicionado. Não
sei quanto tempo fiquei preso no meu próprio inferno, mas as pessoas estão
— Vem comigo — ela diz tão baixo que mal ouço, então me puxa na
direção contrária de onde os outros visitantes estão indo. — Vai ficar tudo
bem.
Minha boca está seca e meus olhos ardem. Em algum lugar da minha
mente, tenho ciência do papel ridículo que estou passando, deixando que
o reflexo do homem de olhos vidrados, é que tomo ciência das suas mãos
— Vai ficar tudo bem — sussurra como se falasse com uma criança
assustada. — Você está tendo uma crise de ansiedade, mas vai passar.
Sua voz é tão gentil, tão amável, que me permito respirar fundo e
soltar todo o peso das lembranças que estou carregando. Sinto vergonha por
ela me ver desse jeito, mas não tem o que fazer agora, já está feito.
leva até minha nuca. Estremeço com a temperatura da água, mas deixo que
tanto carinho por ela que poderia facilmente puxá-la para meus braços e
falar mais alto e trazer de volta o pior da ansiedade que nem passou ainda.
vai passar.
Sem que eu esteja esperando, sem que eu esteja preparado, ela pega
na minha mão e entrelaça nossos dedos. Olho para nossas peles sob a luz
— Ah, você ainda está tremendo tanto... — ela murmura com o tom
preocupação neles, além de outra coisa que não sou capaz de identificar.
Ela fica na ponta dos pés, solta minha mão e me agarra, passando os
braços por cima dos meus, abraçando meu corpo bem forte, como se eu
fosse um garotinho.
É tão bom, tão seguro, que relaxo. O coração ainda está batendo
forte, mas dessa vez é por outro motivo. É pelo presente, não pelo passado.
— Não precisa agradecer, eu... — ela faz uma pausa, então me solta
essas crises.
sai ainda mais rouca, porque sei que não tenho o direito de invadir sua
privacidade.
Jaguarão. Acontece que, meu irmão tinha problemas com uma família aqui
Não encontrei nada sobre Daniel Ruschel nas reportagens porque ele
chamava Dimitri Romano. Não preciso me perguntar por que assumiu outro
nome. A resposta está mais clara que água, ele precisava fugir do passado
As pessoas dessa cidade não sabem disso, que não atende mais pelo
homens, da família inimiga. O pai dela descobriu que eles estavam juntos, e
para dar um susto em Daniel, mandou um bandido, lá em Jaguarão, entrar
Aperto sua mão em sinal de que agora sou eu que estou aqui por ela.
Daniel aceitou se afastar de Giulia — ela diz e solto a respiração que nem
notei que havia prendido. — Mas acordei antes que ele pulasse a janela para
ir embora, eu o vi. Gritei pela minha mãe, que veio correndo... Eu... Tive
pesadelos com aquele homem no meu quarto por muito tempo, e todo vez
grave que de costume, pensando em como posso dar um jeito nas coisas.
justiça, até que o encontrei. Fiquei vigiando pelo Google, mesmo que a
ansiedade me corroesse. Um belo dia, descobri que ele morreu numa troca
o casamento aconteceu era deles. Os irmãos Ricci. É por isso que Tatiana...
fala.
— Seu irmão ficou com a garota, no fim das contas — não posso
deixar de comentar.
Quero perguntar mais coisas, quero dizer a ela que não precisa
chamar o irmão por outro nome da minha frente, que não vou julgar se ele
matou o pai para proteger os mais novos, mas ela está assumindo o olhar de
— Sim, vivi sozinha até 2030, quando Stefan foi morar comigo —
Caroline responde.
Seus dedos ainda estão entrelaçados aos meus e não ouso mover um
milímetro que seja de pele, para que ela não se afaste, para que não leve a
precisava de terapia.
Com a mão livre, ela coça a testa suavemente e dá risinho, mas seus
— Esse não foi nem de longe o pior dos meus traumas — responde,
— Isso é bom
Me pergunto como vou conseguir saber mais sobre ela, quais foram
esses outros traumas e se ainda há algo que posso fazer para resolver, ou
vingar.
ansiedade?
Engulo em seco, sem saber como vou falar a respeito, porque não
tenho coragem de abrir a boca para falar sobre o incêndio que matou minha
esposa, ainda assim, ciente de que preciso ser recíproco, nem que seja só
fundo para continuar, minha boca quer se fechar a cada palavra. — Ela
morreu em um incêndio.
curioso.
— Tudo bem, foi há dois anos. — É mentira. Não está nada bem e
dormiam em alas diferentes... Eu... Ela desmaiou com a fumaça e não fui
capaz de carregar todos os três para fora. Fui tirar primeiro as crianças, e
notar que a ansiedade está voltando. — É por isso que você se preocupa
calor da sua pele, do formato redondo e da maciez dos seus seios contra
meu tórax.
— E você fez terapia? — ela pergunta com gentileza.
5° DIA
Estou ansiosa para ver minha mãe e o meu irmãozinho. Não é uma
ansiedade ruim, como a que Oliver enfrentou ontem, mas uma sensação
pensar, nem como agir, então decidi deixar as coisas fluírem. Ele foi muito
legal comigo ontem, e não cometi nenhum deslize nos últimos dois dias, o
na etiqueta. — Meu Deus, dá pra comprar vários lanches com esse valor!
Não entendo como cobram tão caro em uma camiseta que não é
original, mas meu irmão adora o grêmio, e desconfio que o pai não faz
muito para agradar o filho. Eu sei como é querer uma coisa simples e não
poder ter, e já que estou com um cartão corporativo para minhas despesas,
Enquanto espero pela camiseta, ligo para Stefan pela milésima vez.
Centro, para irmos juntos à rodoviária. Não sei por qual razão ele me daria
um bolo.
que atendo. — Onde você está? O ônibus vai chegar daqui a pouco.
cara de pau.
— Nossa mãe vai chegar em pouco tempo. Você não pode estar
lo atrás de mim, mas não há ninguém além dos estranhos indo e vindo pela
calçada.
pesado dos pulmões. Alguma coisa me diz que isso não tem nada a ver com
acontecendo. Algo que me assusta, mesmo que ainda não saiba o que é.
Eu sei que Stefan adora Giovanni e mamãe, sempre falou deles com
muito carinho no tempo em que morou comigo. O que pode ter rolado de
— Vou fazer uma pergunta e quero que você seja sincero, como
pulsação acelerando.
— Não tem, Gina. Mas, por favor, pelo amor que você tem a mim,
Não saber o que é me corrói por dentro, e meu peito está todo
com mamãe, que a imagem nas chamadas de vídeo estava sendo gentil em
pessoalmente. Não entendo como pode estar tão conservada com quarenta e
nove anos, até parece uma esposa troféu, com o cabelo hidratado, como se
— Uau — digo assim que a abraço. — Você está tão linda! E você...
entre as mãos. — Sinto pena dos corações das garotas da sua escola.
Consigo arrancar um sorriso simpático dele. Seus olhos são mais
claros que os meus, mas tem cabelos loiros. As bochechas ficam vermelhas
conforme ri, e dá para ver que só se parece fisicamente com o pai, porque
questão de tempo.
Saio de braços dados com os dois, ainda com a sacola dos presentes
com orgulho.
— Já, mãe. Você disse. — Dou um sorriso sem graça e toco a borda
feitas.
Olho das suas unhas com alongamento para as minhas roídas. Minha
mãe, mesmo sendo mais velha, é muito mais atraente e bem cuidada que eu.
de que fique chateada, afinal, a dívida foi feita por minha causa.
— Falta, minha querida — diz e dá um suspiro, voltando a olhar
dinheiro todo mês. Longe de mim fazer isso com minha mãe.
simpático, mas não é exatamente o tipo de criança feliz. Tem alguma coisa
no seu rosto, tipo uma marca que só quem também tem consegue ver.
Aliás, trouxe uma coisa que acho que você vai gostar.
com o sorriso tímido que Giovanni dá, com as faces ficando vermelhas.
Não somos próximos, mas o amo com todo meu coração.
Fico feliz e, ao mesmo tempo, furiosa por saber que o escroto do seu
conversar.
hipoteca que eu fiz para conseguir pagar suas despesas, não é? — Suas
sobrancelhas se arqueiam de dúvida.
Não foi uma, nem duas, nem três vezes que me desesperei, sem
mãe, e pensei em ligar para Dimitri pedindo ajuda, mas não fiz.
despesas da casa. Não tinha de onde tirar e não queria que seu irmão
soubesse que...
— Que você tinha casado com outro homem que não presta —
na minha cara, mas mesmo assim, machuca saber que ela se apertou tanto
para me sustentar. — Seu irmão pagava uma parte e dei todas as garantias
de que pagaria a outra metade dos seus gastos. Hipotequei a nossa casa sem
que Flaviano soubesse. Nenhum dos dois pode saber; Flaviano, porque me
mataria se descobrisse que fiz uma coisa dessas sem conversar com ele, e
Dimitri porque...
dele como filho por muitos anos, mas quando Flaviano foi morar comigo...
punir, então você teve que fechar a porta da casa pra ele — repito a
Minha mãe não precisa concluir o que ia dizer, porque eu sei. Dimitri
outra vez.
— É por isso que nunca contei nada para ele. Nem nunca vou contar,
porque eu sei que, não importa quanto tempo passe, se ele souber, não vai
deixar barato... — explico. — Só não entendo como você ainda continua
Relaxo os ombros com sua decisão, feliz que vai tomar um rumo na
vida, finalmente.
não ter o mesmo sangue, estamos todos ligados. Ele observa tudo em
silêncio, mas noto seu semblante mudar quando ela fala da separação.
— Não é. Acredite. Quando nossa mãe era casada com meu pai, eu
minha fé para que mamãe fosse embora com a gente, enquanto no andar de
sofreu, em como a vida não foi justa com ele por tantos anos. Nada do que
ele, novamente, se ferrasse por nós, ainda mais agora que tem uma família.
Dimitri não precisa saber de nenhuma merda sobre Flaviano, muito
menos sobre o outro monstro que veio antes dele, porque não suporto nem
pensar na dor que meu irmão carregou por ter disparado, sem querer, aquela
— Flaviano não é nem metade do traste que seu pai era — minha
não significa que ele preste. Flaviano só não é tão mal quanto meu pai, mas
casa está no meu nome, mas foi ele quem pagou sozinho por ela. Na época,
eu estava grávida de Giovanni e Flaviano quis me dar essa segurança...
possa ir embora sem ele descobrir o que fiz. Seja promovida e nos ajude,
filha, afinal...
ombros.
Estou ainda mais fodida do que antes. Para ela sair da casa, para
pedir a separação, eles vão mexer nos papeis. Não pode haver dívidas.
— Estamos falando de quanto? — pergunto segurando sua mão com
7° DIA
amigos moram.
Troquei algumas palavras com ela ao telefone e, a princípio, nos
demos muito bem. Fiquei feliz por ter gostado de como a casa foi arrumada.
Tive pouco tempo, mas fiz um bom trabalho, mesmo à distância, e com a
mesmo horário do voo de Oliver, assim ele não vai chegar sozinho a São
Serra Gaúcha. No fim das contas, Oliver ficou muito satisfeito, me disse,
Preciso continuar demonstrando que tenho tudo que o cargo e ele precisa,
mim aqui no Brasil, que veja que sou a melhor opção como seu braço
direito.
minha mãe disse, preciso confessar que faço isso não só pelo trabalho, mas
classe social já foi, e as crianças são muito fofas. E sempre me derreto perto
deles.
Estou tão encantada que, às vezes, sinto que eles realmente precisam
Celiny e Jake, tendo em vista que posso ser mandada de volta para a matriz
na Califórnia, mas mesmo assim, já estou apegada. O que é um erro,
sabendo muito bem que a vida adora afastar de mim tudo que amo.
Mas, dessa vez, estou ouvindo meus dez porcento de otimismo e não
Vou focar no que é real. Preciso ligar para meu irmão para perguntar
jogado na cama, de cara fechada desde que Ayla foi embora com a família.
Assim que chegou, tentei descobrir o que havia de errado, por que
ele não foi comigo à rodoviária, mas desisti de insistir assim que percebi
sua relutância. Contei que mamãe quer que eu adiante as parcelas da dívida,
atenção. — O valor da diária nesse hotel é caro, e tudo que você aproveitou,
— O quê?
desnecessário!
gêmeo Natan, mas longe de vocês, era exatamente como Gabriel — Stefan
Não consigo segurar a gargalhada. Nunca tinha visto meu irmão com
ciúmes antes.
espero que não tenha deixado Ayla perceber que isso o afetou.
que coloca os olhos nela fica babando. Dimitri que não fique esperto.
Arqueio as sobrancelhas, chocada com a demonstração de ciúme de
Stefan. Não pensei que fosse se sentir protetor com Diana. Tudo bem que
ela realmente está se tornando uma moça linda, mas ele parecia não se
filhinha de Artho.
puxou a tia e não vai namorar tão cedo — afirmo, piscando para ele. — Só
me admira você estar sendo tão protetor com ela, quando não se importou
Faço cara feia para meu irmão, sem querer jogar na cara as coisas
Diana de olhos fechados, sei que não vai querer saber de namoro tão cedo,
mas não gosto desses guris olhando pra ela. Sei o que passa na casa deles.
— Você não vai ter conversa nenhuma com Dimitri. Ele já morre de
para um convento.
vai mesmo! E se ela for, me visto de padre e vou até lá fazer a freirinha pe...
Não deixo ele termina de falar, porque vou para cima, batendo nele
com o travesseiro.
merda! Se juntar Artho, Dimitri, Eros, Lion, Gabriel e Natan, não vai dar a
travesseiro, o segura com as duas mãos, enquanto pairo sobre ele, vermelha
— Que bonito o quê? — Stef resmunga. — Não sei por que estão
levando ele para terminar o Ensino Médio em São Paulo. Morar na mesma
Caio na risada. Ele está possesso e não pode fazer nada. Pelo tanto
que o conheço e sei como é fechado com as outras pessoas, imagino que
Stef nem deve ter demonstrado esse ciúme todo, deve ter aguentado tudo
paquerasse ela?
— Estava cuidando não só de Ayla, mas dá minha sobrinha também.
— Dimitri não vai saber de nada, porque você não vai enfiar mais
o tom de voz mais sério. — Falando nisso, preciso ligar pra ele. Ainda não
Sento na cama estreita e Stefan passa o braço, que é mais largo que
arrumando o cabelo. — Vamos para São Paulo amanhã e não temos lugar
para ficar.
ficar mais sério. — Só queria que ele aproveitasse o máximo de tempo com
— Sim, mas já tem quase uma semana que eles estão curtindo, e não
há duas décadas. Não é uma ligação rápida que vai arruinar a lua de mel dos
comigo.
— Acha que eles não estão aproveitando cada minuto longe dos
filhos?
— Era para você concordar comigo, agora fico sem graça de ligar e
encontro seu contato. Fico parada, olhando para a tela, criando coragem.
Dimitri é muito importante para mim, sempre me amou mais que um pai, e
— Stefan sussurra.
na sua casa.
Franzo o nariz para meu irmão, que senta na cama, também ansioso.
tom de voz se eleva. — Linda, meus irmãos vão passar um tempo na nossa
— Claro que não, vai ser muito bom recebê-los — Giulia diz, ouço
— Olha, eu ainda vou ter uma conversa mais séria com ele, colocar
— Até logo, Dimi! Beijo, Giulia! — falo mais alto para que minha
acelerar.
Tiro o celular do viva-voz imediatamente e o levo a orelha, fazendo
reparei que você mais gostou. O sol vai se pôr em menos de uma hora e não
depressa, aquecendo partes do meu corpo que não são tocadas há muito
tempo.
— E as crianças? — minha voz soa fraca, assim como estão minhas
pernas.
quer que eu fique com as crianças! Como sou sonsa, ouvi e interpretei tudo
errado.
fechar, por volta das vinte e duas horas. Abri uma exceção hoje, vou deixá-
você, até porque você não tem vida social, muito menos amorosa, mas na
contra ele.
— É por isso que você ama tanto me ter por perto, Gina, porque
comigo você pode ser jovem, como não pôde ser antes — diz, acertando em
cheio.
Eu não tive tempo para ser jovem, para aprontar, me divertir. Estava
sozinha e precisava correr atrás das coisas, sem ficar incomodando ninguém
Seguro uma risada e reviro os olhos, porque não consigo ficar brava
com ele.
vou ser o irmão legal e te ajudar — ele declara indo em direção ao armário
onde estão as roupas que ainda não guardei na mala. — Acho que você
deveria usar um vestido ou uma saia. Se não conquistar seu chefe pelo
roupas. — Ainda acho que deveria usar um vestido, mas não tem nada
muito bom aqui. Ayla e aquela amiga, Valentina, têm roupas muito
melhores. Até Diana, que só tem treze anos, se apresenta melhor que você.
— Obrigada! — resmungo com sarcasmo. — Você não sabe como
muito bonita naturalmente, só que, nesse caso, para andar com um homem
virei.
tempo todo. Sabe de uma coisa? Você deveria conversar com Raquel, acho
que ela emprestaria umas roupas da coleção, assim você pode andar mais
arrumadinha.
comentar com Giulia, e Dimitri iria acabar desconfiando que minto há anos
vou até o armário, o empurro com o quadril e pego um vestido azul que
comprei num brechó, quando isso ainda era acessível ao meu bolso. — O
Olho para o vestido que tem um bom caimento no meu corpo, mas
logo percebo que não tenho razão para me preocupar com o que estou
usando. Não é como se eu estivesse indo acompanhar meu chefe a uma
Olho para as unhas dos meus pés, que não veem uma pedicure desde
no quanto ela se cuida, apesar de estar dando duro para manter as despesas
da casa.
Será que não estou me esforçando o suficiente? Que eu deveria
queixo no corredor do andar mais chique do hotel. — Tem gringo que nem
aparadas — as das mãos estão ruídas, mas isso é um caso à parte. Acho que
Ele não é um desses gringos que não tomam banho todo dia. Oliver
está sempre cheiroso e com a pele limpa. Eu moro há muitos anos fora e sei
rouca.
que eu entre.
meu corpo, sobre o vestido azul. Tenho quase certeza de que ele pode ver
através do tecido, invadindo minha pele até chegar em minha mente e saber
Droga, por que seu olhar está fazendo meu corpo esquentar?
siga. Entro no seu quarto pela primeira vez e sinto o seu cheiro mais
intenso.
que se encaminha no horizonte, indo cada vez mais para o oeste. Há uma
garrafa de espumante moscatel em um balde de gelo, duas taças de cristal
momento conosco.
Caminha até uma das cadeiras e a puxa para que eu sente, como fez
camisa está bem passada, com todos os botões fechados e entendo o que
Stefan quis dizer sobre eu ter que me vestir melhor. Me falta elegância e
sofisticação, até minha sobrinha de treze anos parecer ter mais estilo e
atrás das orelhas, antes que fique todo bagunçado com o vento.
nervoso.
Ele serve uma taça e me entrega, e segue o olhar para os parreirais à
frente do hotel.
cérebro.
ansiosa.
— Um brinde aos negócios que nós fizemos aqui — corrige e dá
um bom sinal. Meu otimismo sobe para quinze porcento e não me recrimino
por isso.
navios.
interiores — concluo.
fechar.
Henderson & Co. Ele tem negócios para tratar com a companhia e preciso
gentileza.
Cruzo os dedos, preciso muito que tenha uma data disponível antes
que meus trinta dias com Oliver acabem. Quero estar com ele para ajudá-lo
a fechar o negócio mais importante dessa nova etapa da sucursal, quero ser
— Senhora... — ela diz e faz uma pausa, enquanto seco o suor das
de Janeiro na semana que vem, dia dezenove. Mas é um cruzeiro para casais
de...
camisa branca.
— Demos muita sorte. O próximo cruzeiro seria só para abril. Até lá,
mas seu semblante sério se desfaz por um momento e um dos cantos de sua
sem ar.
dados.
— É lindo — sussurro.
falar com ele sobre a lista de materiais que recebi da escola onde
providenciamos a matrícula das crianças, mas desisto. Não quero estragar o
momento.
acalmar meus batimentos, mas não vale de nada quando Oliver se inclina
olhando assim, parecendo interessado, mas, pela primeira vez, não me sinto
tão acanhada. Quero que Oliver me olhe, que goste do que vê, que me
assista.
A voz de Stefan dizendo que não me visto bem chega a minha mente
de surpresa, mas a afasto. Não estou sendo muito racional agora, e é uma
sensação boa.
e passo a língua devagar no lábio inferior. Não sei a razão, mas esse
Enquanto seus olhos estão nos meus lábios, arrasto os dedos devagar
até a barra do meu vestido, não quero quebrar esse instante com
movimentos bruscos.
Ele engole a saliva e vejo seu pomo de adão se movimentar sob a
meus joelhos à mostra. Sinto o quanto minha pele está quente quando uma
estava erguendo o vestido para meu chefe ver meus joelhos. Tem a
cabeça.
com uma garrafa do espumante que havia reparado que eu mais gostava.
organizar os pensamentos.
uma resposta.
Limpo a garganta e obrigo minhas cordas vocais a trabalharem
melhor.
tudo mais.
Fico aliviada por minha voz sair mais firme dessa vez.
expressão.
Ergo a mão e alcanço a taça. Só me dou conta que pode não ser uma
alguns instantes.
— Meu irmão disse que não tenho nem vida social e nem amorosa.
gagueira volta.
— E-Eu...
diz com o tom de voz mais relaxado. — Imaginei que tivesse ido encontrar
trabalhando.
— Ah, não! — Abano as mãos, aliviada por ele não estar bravo. —
Fui buscar meu irmão. Ele estava chateado porque tinha brigado com a
sou, não quis chamar um Uber e ficar esperando chegar. Peguei o carro sem
garota sortuda.
Acho que nenhum homem, além dos meus irmãos, nunca reparou em algo
Oliver diz, como se não fosse nada demais, só que para mim é.
E tem outra coisa. Não estávamos sós, havia outros turistas em todas
Quero dizer que é sim, que é mais do que estou acostumada a ter das
parecer coitada.
— Posso usar o banheiro? — peço o mais cordial possível.
minutos sozinha.
solitário. Acho que ainda não superou o luto. E sinto uma vontade imensa
País de Gales, ou se prefere cuidar disso sozinho. Não tenho noção de como
É estranho que alguém do seu nível social observe tanto uma simples
também?
Entro no seu banheiro e me deparo com os cosméticos. Vejo seu
perfume, a escova e pasta de dentes, o protetor solar, sinal de que ele cuida
da pele, mas tem algo que chama minha atenção. O mesmo creme
imaginando que recebeu alguém aqui, desde que voltamos dos vinhedos.
precisa transar.
soco?
— Não é da minha conta — digo para o espelho, me achando boba
— Ele quis ver o pôr do sol comigo — sussurro para a voz na minha
cabeça. — Mas tem se encontrado com outra mulher, até comprou o mesmo
implorando para minha mente parar de ter ideias absurdas. A única coisa na
qual devo me concentrar é na minha promoção. Não tem por que fazer uma
análise minuciosa de cada atitude ou frase dita por Oliver Henderson. Nada
do que ele faz além do trabalho deveria significar algo para mim.
Não!
Eu não posso e não vou mais ficar nervosa por cada coisa que ele
fizer.
por ele, e isso não seria nada legal. Imagina... Um homem como ele não
com tanta decência antes. Phillip, seu irmão mais velho, até que tem um
rosto bonito e um corpo atlético, mas é tão arrogante, presunçoso e
taça com toda discrição do mundo, mas antes de ir, pego o perfume dele. Só
frutas cítricas, madeira e couro, mas não é exatamente igual ao cheiro que
novo.
Acho que vou baixar um aplicativo de namoro quando chegar em
São Paulo, e começar a sair. Estou há tanto tempo sem transar que meu
emprego.
Oliver
ela passou meu perfume, mas não a faço, mesmo que adore vê-la corando.
Ainda estou tentando me acostumar com a informação de que ela não saiu
Ela é toda minha. Uma voz, que não é a de Phillip, soa na minha
cabeça, mas não dou atenção a ela. Não tem nada em Caroline que possa ser
meu.
não tinha tempo de ficar comigo, porque também trabalhava demais. Nas
no banheiro.
alguns hematomas que minha mãe não conseguiu explicar. Ela perdeu
Caroline, quanto eu, tivemos uma infância fodida. Desejo, com toda as
forças, que a dela não tenha sido tão terrível quanto a minha.
— Você não deve fazer ideia do que é isso, né? — ela pergunta, me
— Você não deve fazer ideia do que é precisar trabalhar duro para
pagar as contas. Ficar tão ocupado com o emprego que não sobra tempo
para aproveitar a vida — Caroline diz com o rosto nu, sem aquela máscara
vivido tudo isso, seja lá qual for o problema que tem com a família.
— Você tem razão, eu não sei o que é trabalhar para sobreviver —
fui rico.
— Como assim, você nem sempre foi rico? — ela pergunta com os
momentos, ela cuidou de mim no meio de uma crise, e isso nunca foi um
segredo.
— Não sou filho biológico de Lorraine e Donovan. Não sou um
Sua boca carnuda se fecha, mas os olhos ainda estão bem abertos.
— E olha que trabalho há anos lá. Só ouvi falar do seu nome no mês
era como se estivesse morto para não ser lembrado assim. Sem contar que
misturar negócios com família — ela trata de explicar, talvez supondo que
na empresa.
cintilando nos seus olhos. — Se incomoda de falar mais sobre seu passado?
esfriando um pouquinho.
— Não, pode ficar à vontade — respondo, noto que sua pele dourada
está arrepiada.
para mais perto da minha e como algumas fatias dos frios que estão sobre a
tábua.
alcance. A manta escorrega pelos seus ombros, enquanto ela joga o cabelo
— Então... você disse que foi adotado com oito anos — Caroline diz
— Não.
demais.
curiosidade, que se interesse pela minha vida, mesmo que não seja muito
— Ela não arranjava ninguém para tomar conta de mim quando saía
pausas, porque faz muito tempo que contei isso a alguém em voz alta. —
Nem sempre voltava, e não tinha muita comida. Ela também não ligava de
com aquilo e ficava chapado. Sem contar as surras. Ela me batia por mexer
— Eu sinto tanto, Oliver — diz com a voz escapando dos seus lábios
e percebo que ela vai desabar. — Como uma mãe pode fazer isso com o
próprio filho?
suas mãos. Nunca esteve bem e nunca vai ficar, mas preciso mostrar que
não me importo para que ela não fique preocupada. — Isso foi há muito
tempo.
Apoio a taça sobre a mesa, viro minha cadeira para ficar de frente
para ela e toco sua bochecha, passando o dedo para afastar a lágrima que
escorre.
— Tá tudo bem. Não precisa chorar por mim — peço.
— Desculpa por fazer você tocar nesse assunto — ela diz, piscando
o contato físico.
só porque não quero que ela vá embora, não quero perder esse momento. —
biológico?
— Nunca ouvi falar dele. — Dou de ombros. — E acho que minha
mãe deve ter ficado aliviada quando o conselho me levou, ela nunca quis
uma criança.
— Isso não era motivo para ela fazer o que fez com você — Caroline
diferentes, que eu fosse diferente, e que pudesse deixá-la tocar meu corpo
todo.
sobrancelhas. As pontas dos seus dedos são tão macias, mas estão frias e
provocam um rastro de arrepios na minha pele, por onde passam. Luto com
tudo que tenho para não fechar os olhos, para não me render a isso.
olhar, mas ela parece não ter notado, então respiro aliviado.
momento.
os dedos no meu cabelo, subindo pela nuca. É tão gostoso que preciso dar o
melhor de mim e não a puxar para meus braços, não beijar os lábios
acabo de me dar conta de que quero isso mais que tudo. Quero uma mulher,
uma companheira, alguém para eu cuidar e também me tratar assim, como
Caroline está fazendo, não uma prostituta fodendo comigo porque paguei.
— Mas você não vai ter. — A voz de Phillip aparece na hora mais
imprópria.
— Deve ser bom ter uma irmandade assim. Ter alguém para lutar por
rosto fica pensativo por um instante. Não volta usar a máscara. — Como foi
depois que sua mãe perdeu a guarda? Para onde você foi?
— Passei por abrigos e lares temporários por três anos, até meus pais
me adotarem — digo, torcendo para que não peça mais detalhes sobre esses
três anos.
saber.
Meus ombros caem, porque quero continuar falando, mas não sobre
isso.
entender melhor as coisas, guardar mais lembranças. É ruim não ter uma
família, não ter nada — acabo confessando, mas logo me arrependo. —
questiona.
— Isso.
— Sim, meus pais sempre foram muito bons pra mim. Muito
amorosos e gentis, mas do que eu jamais sonhei em ter quando era pequeno.
— E você e Phillip? Ele tinha dez anos quando você chegou, né? Se
deram bem?
exceto dos nossos pais. Como ele era maior, me batia em toda oportunidade
que tinha, quando ninguém estava vendo. Ele sempre gostou de machucar,
— E seus pais não faziam nada? Você disse que eles eram
— Eles nunca souberam de nada, eu não contava por que tinha medo
Não resisto e toco um dos seus pés. Meus dedos deslizam na pele
dando tempo para que ela me afaste, e como Caroline não se mostra
físico entre nós. — Acho que nunca contei essa parte da minha vida a mais
Caroline deve ter se dado conta de que meu final feliz nunca veio e não
virá.
— Eu sinto muito por tudo, pela sua infância horrível, por seu irmão,
consigo enganá-la.
— Obrigada por se abrir comigo, por contar essa parte que quase
ninguém sabe.
Acho que já sorri mais essa noite do que no mês passado inteiro.
— Obrigada por fazer massagem no meu pé e pelo espumante.
Dá vontade de dizer que o prazer é todo meu, e ela nem faria ideia
coradas.
aquele que você não quis me dizer quem era, assim como você queria saber
como minha esposa havia morrido.
o joelho.
sem querer e a bala acertou Evelin. Que em 2012, dez anos depois daquele
tiro fatal, ele matou Emilio, seu pai. Emilio era alcoólatra e batia em todos
vocês.
entendia como não encontrava nada sobre seu irmão, Daniel Ruschel, nas
notícias. Até sobre o outro, Ícaro, eu encontrei alguma coisa. Mas sobre
Daniel, nada. Então, na terça, quando eu tive aquela crise na vinícola, você
Então, entendi a razão de não haver nada sobre Daniel Ruschel naquelas
— Preciso que você saiba que meu pai era um homem horrível, que
— Eu imaginei isso, não julguei e nem vou julgar seu irmão. Ele fez
o que tinha que fazer — digo e engulo a saliva, minha garganta está
começando a doer. — Só estou te contando para que saiba que não precisa
minha mãe — Caroline diz, enquanto ainda estou fazendo carinho nela,
agora percorrendo os dedos pelo seu cabelo. — Obrigada por não o julgar,
porque já fizeram isso demais. O pai dos gêmeos, o pai de Lion... sem
contar as pessoas que não gostavam de nenhum de nós, só porque nosso pai
como eu fiz...
irmãos apanhando, que só tínhamos um pouco de paz quando meu pai não
estava em casa. Aí Dimitri ficou maior e passou a entrar no meio — ela faz
uma pausa, fitando o nada. — Mas no último verão, quando ele fez a
viagem que sempre fazia todos os anos, com os cretinos para a praia, as
coisas ficaram bem ruins. Para completar, Ícaro também viajou. E sobrou só
pode ter acontecido. Tiro a mão dos seus cabelos e passo a esfregar seu
faz aspas com os dedos — de não bater muito nela nessa época. Descontou
tudo em mim. Lembro de uma vez... Meu pai era marceneiro, fazia móveis
trabalhos.
Ela faz outra pausa. Eu não consigo falar. Minhas mãos estão
saírem.
usava para fazer os esboços dos móveis. Não era nada demais, nenhum
fica estampada no seu rosto, na forma como ela respira, no seu tom de voz.
— Mas, para ele, era um motivo. Ele puxou meu rabo de cavalo, me tirando
Minha mãe tinha saído de casa, mas acho que ela não ia conseguir me
não tivesse feito, eu mesmo mataria o desgraçado. Ia atrás dele onde quer
que estivesse.
lugar dele, pode ter certeza. Se tivesse uma irmãzinha, uma madrasta
grávida, eu faria o que fosse preciso para defendê-las.
— Obrigada por dizer isso, por entender. Não sabe como fico
aliviada. — Ela funga e passa os dedos nos olhos. — Estava com medo de
uma mentirosa.
agora? Por que eu quero tanto uma dose maior de Caroline? Preciso
de trás da sua coxa. Foi alguma coisa que seu pai fez?
Ela passa o dedo indicador na parte de trás da coxa, mas não posso
tremer.
— Dimitri matou seu pai para proteger vocês e sua mãe casou com
ódio puro.
— Mas Dimitri não sabe e não pode nunca saber, por favor. Isso
morre aqui. A coisa que mais temo é que meu irmão descubra sobre isso e
faça uma besteira. Ele não é mais adolescente, se acontecer de novo, vai
para a cadeia. Sem contar que tem uma família agora. Giulia e as crianças
precisam dele. Não podemos deixar que arruíne a vida mais do que já
eles voltaram a namorar, mas o pai dela descobriu e mandou ela embora.
Foi dessa vez que mandaram um bandido entrar no meu quarto, lembra?
meu irmão e não sabia. Foi obrigada a casar com outro homem. Dimitri foi
embora daqui e assumiu outro nome, quando Giulia conseguiu voltar, não
anos. Ele finalmente está bem com sua família. Imagina se descobre sobre
voz o mais controlada possível, para que ela não possa suspeitar das coisas
suspiro. — Dimitri é tudo pra mim. Não quero mais vê-lo sofrer por causa
Quero dizer que ela também merece, mas entendo seu ponto.
irmão como ela tem, que sacrificou a liberdade para me proteger, também
— Não se preocupe, no seu caso, eu também não iria querer que meu
irmão soubesse — reforço, para que ela sinta que pode confiar em mim.
Então tomo cuidado, a partir de agora, com cada palavra, com a entonação e
Você disse que essa cicatriz foi por causa do seu padrasto... Como foi?
Ela se inclina para olhar a marca por trás da coxa e volta a ficar
— Mamãe tinha saído para procurar uma creche para Stefan, a gente
tinha se mudado para Jaguarão havia pouco tempo. Ela tinha me deixado
idiota.
— Continua... — murmuro.
— Ele perguntou por que não estava pronto e eu respondi que era
uma só pra fazer tudo. Então, ele me agarrou pelo pulso e deu um tapa na
minha boca por responder. Eu tinha alguma coisa na mão, não lembro o
que, faz muito tempo, e deixei cair, meu padrasto continuou me batendo e
fui tentar dar a volta na mesa para escapar, mas ele segurou pelo meu rabo
de cavalo. Igual meu pai tinha feito uma vez, e fiquei com tanto medo que
corri que nem doida para fora de casa. A porcaria do degrau da escada
— Ele ainda continuou vindo para cima de mim, mas minha mãe
chegou a tempo e viu que eu tinha me machucado. Ela pediu para eu contar
hospital — ela diz e aperta os lábios. — Como eu disse, é uma coisa idiota.
Um acidente.
resolvo perguntar.
— Não... Acho que as surras que levou do meu pai deixou ela
meio... Não sei. Mas meu padrasto não era tão horrível quanto meu pai.
— Acho que Stefan sofreu mais que eu nas mãos de Flaviano — ela
confirmação.
catorze anos. Eu te disse que fui encontrar ele e minha mãe essa semana.
— Sim, você disse — concordo. — Stefan sofreu mais...
— Porque ele era uma criança mais levada. Aprontava o tempo todo.
Além disso, ficou mais tempo. Eu fui embora de casa quando tinha quinze
Dimitri. Você viveu oito anos com aquele demônio e, por mais que Dimitri
— Sim... Meu pai era pior que meu padrasto — ela concorda e
abraça mais forte os joelhos. — Eu convivi oito anos com ele e Dimitri,
dezessete. Ícaro também passou mais tempo que eu, mas ele adorava meu
força total e preciso dar o meu melhor para que ela não veja minhas mãos
tremerem.
embora. Foi só essa vez — ela continua. — Nunca contei isso a ninguém,
— Telma Fernandes. Ela é tão linda. Você tinha que ver. Nem
A última coisa que eu quero ver é uma mãe assim, que deixa os
esquecer.
arroz. Mas, no momento, não está indo porque machucou a perna. E minha
por dentro.
— E seu irmão?
— Giovanni?
— Acho que não é boa. Nunca convivi com ele, porque fui embora
poucos meses depois de ele nascer, mas Stefan sim, e me contou que
Flaviano batia em Giovanni, às vezes. Não com tanta frequência, mas batia.
prontifica.
8° DIA
— Não acreditei quando Stefan disse que vocês viriam nos buscar —
Artho.
Os gêmeos correm em direção a Nicolas, enquanto empurramos
nossos carrinhos.
mim.
Charlotte começa a dizer e a ficha cai. — Eles tiverem aquele namoro, anos
atrás e, você sabe como é difícil nessa idade. Pensei que ficaria um clima
estranho quando ele voltasse, mas ainda bem que estão se entendendo.
sorrisinho inocente para a mãe, com a voz mais doce possível, ao mesmo
Minha mente grita: Meu Deus, como podem ser tão cínicos?
eles queiram dar um tempo antes a todo mundo, ver como as coisas vão
rolar, mas eu sei que estão ficando. Agora, virem com esse papinho de
amigos...
inglês.
Percebo que Artho está combinando de levar Oliver amanhã para ver
Acho que acabei de ganhar mais alguns pontos com meu chefe.
— Está tentando se redimir por você, meu irmão e resto dos cretinos
vou logo avisado, se eu perceber que ele está dando em cima de você, vou
De certa forma, é bom saber que tenho pessoas por mim, não que eu
Olho para Artho, antes de soltar o braço dele, para a coroa de louros
tatuada no seu pescoço e me lembro de quando ele a fez. Foi depois que
com as drogas. Hoje ela está bem, mas foi uma barra.
sei o quanto disso eles superaram. Não sei se dá para superar algo assim.
tem casarão.
Ele está certo. Conviver com Oliver faz a gente esquecer o quão rico
ele é, mas olhando para a casa, dá para ter uma noção. Ele não se importa
de se misturar com a gente, não faz distinções entre as pessoas, e por isso,
motivo. Ele já foi tão fodido na vida que passava fome. Mesmo assim, não
deixa de ser da elite e não posso achar que somos amigos só porque ele me
Desço com ele para a sala a cozinha e comemos pela segunda vez.
No começo, faço cara feia para Stefan, mas me dou conta de que gastei
cozinha sem direito a fazer uma reivindicação. Então subo para o quarto e
— Ayla prefere assim, diz que precisamos pensar bem nas coisas
cama que vou ocupar, se tudo der certo, nas próximas semanas.
poderia sair à noite é você, mas acho que não vai rolar. — Me deito ao seu
lado, na cama queen, aliviada por estarmos falando de outra coisa além de
problemas.
— Não fico à vontade para sair à noite, ainda mais pra lugares em
— Aham, sei.
na frente deles e os colocar nos seus devidos lugares — meu irmão fala com
muita sabedoria.
— Você tem toda razão. Vou ao Clube dos Cretinos e vou ficar com
um cara bem gostoso — brinco. — Quero ver aqueles dois virem se meter
na minha vida. Mas, não hoje, porque quero esperar Dimitri e Giulia
morrendo de saudades.
Caroline
9° DIA
Ariela, enquanto observo meu irmão mais velho e Lion saírem para irem
Artho.
— Eros disse que também vai — ouço Lion informar a Dimitri,
Estalo a língua. Quatro cretinos sozinhos com Oliver. Tudo bem que
Henderson & Co., mas eu não sei se é uma boa ideia os quatro juntos sem a
no Brasil, quero estar perto de vocês, dos meus sobrinhos, da minha família,
então, pelo amor que você tem a mim, não faça nada que vá possa
os olhos.
na maior tranquilidade.
— É, Carol. Fica tranquila. — Lion dá um sorriso sarcástico. — A
gente só toma conta de quem amamos. E não vamos fazer nada demais com
Dimitri completa.
— Sem contar o fato de que Artho arranjou com o dono para nos
receber hoje, num domingo. Você já ganhou vários pontos com seu chefe —
irritarem.
uma roupa muito cara. As unhas estão feitas, o cabelo hidratado e escovado,
assim que os vê. Ele pega Hermione Granger do colo de Diana, enquanto
Dom mantém Harry Potter sobre um skate e o puxa, por uma cordinha, da
cozinha até uma das salas, fazendo um som que imita o motor de um carro
elétrico.
Me aproximo da mesa, onde as mulheres estão sentadas e pego Ron
animada. — Meu sobrinho saiu, e Ayla disse que ela e Stefan vão maratonar
uma série nova. Nem quis sair com a gente para fazer compras. Coisa que
é ótimo.
— Você não quis assistir a série com Ayla e seu tio, Di? — Charlotte
Diana responde, depois pisca para mim, sem que as outras percebam.
Algum tempo depois, estamos deixando todas as crianças, menos
deles. Senhora Collins está com a gente e me disse que não vê a hora de
ficar fluente em português, que está fazendo um curso online, mas que,
mesmo assim, Celiny e Jake já aprenderam mais que ela nos poucos dias no
Brasil.
Ela tem a estatura alta como a minha, é muito bonita. É a mais alta
das amigas.
baixinha, mas todas são lindas e elegantes. Cada uma delas tem um tipo de
como os maridos das garotas têm sorte — digo a ela no seu idioma. — Não
risadinha.
tingindo de uma cor que se parece com vinho tinto, sobrancelhas finas,
— Quando ele coloca uma coisa na cabeça, não desiste até conseguir
terem ficado no parquinho. São muitas e não sei se nós daríamos conta.
Brasil.
muito tempo juntos, e que ele e Celiny estão achando que o papai vai
estão lá.
Lamborghini.
baixinho, quase por entre os dentes, torcendo para Oliver ainda não estar
meus ombros. — Somos os melhores amigos que ele pode fazer na cidade.
socorro em seus olhos, mas ele parece estar tranquilo com a presença de
Detesto isso.
para eles irem embora se quiser. Não precisa tolerá-los aqui só porque
importo. Graças a eles, tenho dois veículos e já andei pela cidade. É muito
bom que a empresa tenha negócios com os melhores amigos do seu irmão.
porque ele não teve um lar assim, mas foi algo que sempre desejou.
lado.
Ela dirige até sua casa e descemos. As sigo para o interior da
encarando.
azuis e profundos de Charlotte em mim, exigindo algo que não faço ideia
do que seja.
— Do seu chefe gostoso, com quem fiquei sabendo que você passou
uma semana inteira em um hotel — Giulia diz com o tom de voz carregado
de insinuações.
— Trabalhando! — me defendo.
teriam ficado de olho — Ariela diz. — Você acha que eles estão lá na casa
— Gurias, eu juro pra vocês que não tem nada demais. Os maridos
relaxar.
— Nós vimos o jeito que ele olhava para você à mesa — Ariela
questão de mencionar.
primeiro olhar.
— Vai, Carol! Queremos fofoca! — Raquel implora.
estou torcendo para que ele goste do meu trabalho e me escolha como seu
adorariam que você fosse a mãe deles — é a vez de Charlotte colocar mais
lenha na fogueira.
coxa.
outro, os segredos que ele prometeu que guardaria, e mordo o lábio. Penso
na troca de carinhos, em como cada célula do meu corpo adorou o toque das
suas mãos.
— Ele não está, mas... — faço uma pausa, sem saber se devo revelar
isso a elas.
— Ele está muito afim de você, mas não sabe como dar o primeiro
passo — é Charlotte que concluí. — Ele parece ser um cara legal, e pode ter
Fui eu que dei o primeiro passo com seu irmão. Fui até o quarto dele no
mais detalhes da intimidade dos dois. Então minha mente se ilumina com
marítimo. A empresa vai fazer uma reforma em alguns navios e Oliver quer
quantos dias?
legal, principalmente para uma ocasião assim — conto a elas, mas sem
querer dizer que não trouxe, porque eu não tenho. — Só coloquei na mala
roupa de trabalho.
— Oliver não vai resistir, tenho certeza disso. — Ariela só falta bater
palminhas de empolgação. — Não vai ser só o pôr do sol que ele vai querer
ele — digo a elas, mexendo nos cabelos, sentindo a ansiedade tomar conta.
reparou no jeitinho fofo que você chegou para falar com ele na área
gourmet.
10° DIA
presente. Afinal, é um primeiro dia de aula em uma escola nova, num país
estranho.
Por sorte, é a mesma escola em que o garoto Becker e a garota
Eu queria não ter prestado atenção, mas parecia que os olhos de cada
vestindo uma camisa branca e uma saia azul marinho, seu cabelo está preso
maquiagem na pele que disfarça as sardinhas, ainda assim, está mais bonita
do que qualquer outra mulher que vi nos últimos dias. — Mas, Vivian e eu,
disponíveis.
Caroline parada ao lado da minha futura cadeira. Meus olhos vão parar nos
seus pés mal cobertos pelos sapatos pretos. Lembro da textura, da sensação
— Quer se sentar?
primeira vez.
— Você não tem nenhuma reunião para hoje, mas eu acho que os
Henderson. Fique à vontade para decidir quando fará isso. Minha sala está
uma porta bem aqui que liga as duas salas, para facilitar o acesso — ela
explica, apontando com o queixo bonito para uma porta no canto da parede
Não sei por que, mas tenho vontade de puxá-la para o meu colo e
Meu peito reage a esse pequeno ato, mas somos interrompidos por
coisa? — ela diz em português para Caroline, imaginando que não vou
como secretária de Joana, há mais de seis anos. Estou aqui para tudo que o
senhor precisar — ela diz devagar, mas de modo que consigo compreender.
— Por que não pediu para que ela o chamasse só de Oliver também?
Ela sai em direção a porta lateral e quero, mas não consigo deixar de
olhar sua bunda na saia justa. Coço a nuca e xingo meu irmão mentalmente,
noite. Uma foda e esse desejo de devorar minha assistente vai desaparecer.
mas fico sério assim que ela se vira, segurando a porta. — Pode passar a
Analisei projetos o dia inteiro e não fiz pausa para o almoço, como
expediente.
pelas vinte horas, mas tem alguma coisa nele que não me deixa recusar.
não dar mais trabalho. Pego o elevador com ele e evito fazer contato visual.
irmos juntos pra casa. Ele está só esperando você para ir embora.
inglês com meu chefe. — Meu irmão está me esperando. Até amanhã. Dê
coisa na sua expressão me faz pensar que muda de ideia logo ao terminar de
editora só para me esperar, e depois te mandou para fazer minha escolta até
— Estou aqui pela sua segurança, São Paulo é uma capital muito
perigosa, nunca ouviu falar? — Stefan pergunta com o tom de voz cheio de
ironia.
— Não tem nada a ver com segurança. Dimitri suspeitou que Oliver
colocar o cinto.
melhor.
de uma vez.
depois.
dar explicações, alimentar esse ciúme, mas então eu penso em tudo que que
que me seduza, que parta meu coração, pode ficar despreocupado, Dimi —
— Você tem sua família para cuidar, já fez muito mais do que podia
por nós, está livre desse fardo há muito tempo, não precisa se preocupar —
— Sim, claro — meu irmão diz. — Cuide da sua família, dos nossos
sobrinhos.
— Vocês nunca foram um fardo pra mim — Dimi diz, mas eu sei
— Tudo bem, vou tentar relaxar, mas eu ainda quero saber o que vai
pontos.
Mesmo falando com mais calma, sei que ele terá algumas recaídas
11° DIA
jeans rasgados, regata preta e com os coturnos sobre a colcha da cama, solta
um risinho, com os lábios fechados.
o rosto de lado, parecendo procurar outro ângulo para fazer uma análise
melhor.
brinquedo.
Diana começa a rir, mas logo se cala, mostrando a gentileza que meu
— Tia, você vai a uma boate. Acho que poderia usar uma roupa mais
ousada, com brilho. Quando minha mãe sai com meu pai para ir ao Clube
blusa não vai chamar a atenção de ninguém e você está indo à caça.
sugere. — Ela saiu com meu pai, mas tenho certeza de que não vai se
importar.
— Não dá, Giulia tem muito mais — digo, fazendo uma careta de
— Eu sei quem pode te ajudar, porque ela usa o mesmo tamanho que
Diana levanta da cama e vem até mim. Ela passa os braços em volta
— Não fica assim, tia Carol. Ayla vai adorar ajudar, e vai fazer um
bom trabalho. Ela entende de moda e sabe maquiar muito bem. Você vai
imediatamente, indo para seu colo. — Vamos ajudar sua tia a sair da seca.
justo nos quadris, e Ayla usou um babyliss para fazer ondas no meu cabelo.
Apenas as sandálias são minhas, mas são pretas, e ela não fez
Deixo o seu closet e saio para o quarto, onde Stefan, Diana, Dom,
disfarçar.
Os gritos e assobios de Stefan e Hector preenchem o quarto,
não o dos gêmeos, mas entendo que preciso dar um passo de cada vez. Se
Giulia.
justifica, tão manso que aperto os lábios para não rir alto. — Eu te disse, ela
é péssima em socializar.
os lembro.
demorar muito lá. Caroline garantiu que vai voltar de Uber. É só o tempo
dela se soltar.
meu lado e se inclina para me abraçar. — Curta a noite! Você merece muito
se divertir.
que ponto das nossas vidas ele contou a Ayla, mas não sei se estou pronta
para a resposta.
andar de baixo?
buscando conforto.
— O que você acha? — pergunto a ele.
dirigindo.
— Vou pedir a um garçom para entregar seu drink e uma bebida sem
gêmeo.
dizendo que chegará em quinze minutos. Respiro mais aliviada por ter uma
garota comigo.
Bloqueio a tela para guardar o aparelho de volta, mas uma nova
resposta.
para chegar.
Oliver Henderson: As crianças já jantaram e vão para a cama
daqui a pouco, mas estão perguntando por você. Estão sentindo sua falta.
Pensei que você poderia vir aqui e jantar comigo, dar um oi pra eles.
copos, me encarando.
— Ah... Agradeça a ele por mim — digo a primeira coisa que vem à
mente.
favorito.
não as vejo desde domingo, sequer pensei em fazer uma visita. Respiro
fundo e bebo um gole da bebida que Natan enviou. É doce e cítrica, aquece
meu peito.
Eu: Sinto muito. Se eu soubesse que eles sentiam minha falta, tinha
passado aí mais cedo. Vim com meu irmão ao clube dos gêmeos.
ficar bem?
Quero zoar meu irmão por estar voltando cedo para casa, por estar
tão obediente, só para provocá-lo. Porém estou nervosa demais para essas
gracinhas.
Os gêmeos nos avisam que estão indo embora, mas que o segurança
embora, então ficamos mais tranquilas. Além disso, iremos juntas e não
para me soltar, me atrevo a dançar com ela. As garotas do grupo são legais.
Respiro fundo e me preparo para dar um fora no cara, nem sei o porquê, já
que ele é bonitinho e saí disposta a ficar com alguém, quando vejo um
metros de mim.
minha mente. O rapaz chega por trás e segura uma das minhas mãos.
los.
Volto o corpo para outra direção, a fim de que ele toque minhas
aprendendo a falar meu idioma, jamais viria a essa boate, ainda mais no
do homem. Vivian está ocupada demais, aos beijos, para reparar que estou
ele é.
semelhante.
minhas coxas.
Fico na ponta dos pés para perguntar, para que ele me ouça, mesmo
com a música alta. Adoro que suas mãos estejam em volta da minha cintura.
Me inclino para trás e o encaro. Mal posso ver o tom dos seus olhos
com a fraca iluminação. Tudo está palpitando, o peito, os tímpanos, até meu
— E-eu... Obrigada.
sinto a dureza do seu pau, o calor que emana do seu hálito, do seu peito e,
que Oliver também está afim. Ele poderia negar com palavras, mas não dá
Não sei por que veio até aqui, não sei como ficaremos amanhã, mas
encontrar?
Sua boca está tão perto que eu quase posso sentir o gosto da sua
língua.
Suas mãos quentes deslizam através do meu peito. Uma desce para o
mas atiça ainda mais a fera dentro de mim. Ela está tão sexy que eu a
Quero dizer que não sou um funcionário qualquer, que a regra não se
agarrar a sanidade.
Pisco e faço que sim com a cabeça. O pau dói de tanto desejo, o
um clube noturno. Dirigi até aqui guiado apenas pelo desejo, sem
raciocinar.
Ainda bem que ela me dispensou, que se preocupou com essa regra
Eu não saio com uma mulher decente desde a minha esposa, estou
fodendo com prostitutas há dois anos, e as coisas vão continuar como estão.
Phillip está ganhando, que está atingindo o seu objetivo. Ele sabia que eu
voltar antes que ela perceba que sumi — Caroline diz, arrumando o cabelo.
— Seria, sim.
Seu vestido cobre apenas até metade das coxas, é preto e parece que
o tecido da parte da frente não será o bastante para manter os seios cobertos
se ela se movimentar muito. Está preso por alcinhas finas ao pescoço, as
— Ela vai foder com qualquer um desse clube, menos com você — a
— Você tem carona para ir embora? — Não sei por qual razão ainda
pergunto.
Metade de mim agradece por ela fingir que nada aconteceu, a outra
metade está tão furiosa que poderia colocá-la de quatro e dar umas
Quando percebo que não vai acontecer, deixo a boate. Me irrito com
o segurança que pede para conferir a comanda digital, mas digo a ele, num
minha cabeça. Abro o aplicativo onde eu possa encontrar uma puta que me
obedeça como se sua vida dependesse disso, coisa que eu deveria ter feito
antes.
O que Caroline deve estar pensando a meu respeito? Como vou olhar
Onde eu estava com a cabeça quando achei que poderia ter alguma coisa
de dois caras.
Eles vão em direção a um utilitário branco, que está estacionado na
Meu sangue ferve quando vejo o outro cara passar o braço em volta
sei que ela pode ter bebido demais e não estar ciente das coisas.
de que ela está sã, mas não é o caso. Ainda mais quando vejo que tenta se
esquivar e entrar no carro. Abro a porta do Jaguar e desço sem pensar duas
vezes.
sussurrar um não.
— Ela disse não — me atrevo a falar em português novamente, mas
longe dela.
uma ordem.
Espero que ela não me negue isso, porque a raiva está tomando conta
minha presença.
— Estava no clube, tenho negócio com os donos — invento a
primeira mentira que me vem à cabeça, falando em inglês para ter mais
voltar sozinha — ela tenta arranjar uma desculpa. — Vamos dividir o Uber.
agarrada.
A voz da razão tenta falar comigo, dizer que estou exagerando, mas
atenção e entendo que ela está dizendo que pode ir para casa sozinha, já que
o motorista é um homem confiável. Caroline insiste em seguir o
combinado.
Quero segurá-la, quero puxá-la para mim e dizer que não é só isso.
Não tenho que lhe dar explicações, não importa o quão estranho
de mim.
entendo nem porque veio até a boate, mas... — ela faz uma pausa e respira
Solto a respiração que nem sabia que estava prendendo. Algo no seu
olhar diz que nem ela realmente tem cem porcento de certeza de que
conseguiria se defender, se fosse esse o caso, isso afasta ainda mais a razão
e insanidades possíveis.
maníaco.
sobrepondo a fúria.
— Fico feliz que sua primeira vez seja comigo — respondo, indo
atrás dela. Quero apoiar a mão na sua lombar, mas tenho medo.
perfume provocante.
Guio para a rua e nos levo de volta para casa, lutando para não olhar
las.
nisso? — pergunto, mas Caroline fica em silêncio até que eu pare em frente
emoções. Uma mistura de alívio por ter ficado no estacionamento, por estar
lá por ela, com o orgulho de saber que ela não queria o babaca.
— Não, Oliver, você não errou. Obrigada por me defender — ela diz
segundos, então vira o torso na minha direção. Ela está tão maravilhosa
com esse vestido, o cabelo caindo sobre os ombros, a maquiagem, e os
que chego a pensar que nunca vi outra mulher que fosse mais bonita que
pergunta.
Não quero pensar no que dissemos, não quero considerar como será
meu dia de trabalho amanhã sabendo que ela estará na sala ao lado. Não
Chegando em casa, pego uma garrafa de uísque no bar e subo para o quarto.
onde está o número com o DDI daqui do Brasil, que ninguém mais sabe que
tenho, além do homem que contratei para ficar de olho nas coisas em
Jaguarão. Uma espécie de “detetive” que faz outros trabalhos sujos além de
investigar.
descobrir se o incêndio que matou minha esposa foi criminoso, porque não
meu contato.
mensagens criptografadas.
ele pega para ir trabalhar, o veículo que usa e seus horários, principalmente,
se está sozinho.
tempo.
Passo algumas instruções ao “detetive”, antes de entrar no site de
13° DIA
parte das coisas que me lembro podem ter sido uma fantasia causada pelos
Sei que Oliver realmente foi até lá, que chegou no momento certo e
contar essa parte da história com detalhes, assim que trouxe o café da
Não sei se o resto das coisas que lembro é real: a parte em que ele
acontecido, concluo que tudo não passou do efeito da bebida no meu corpo
coração. Eu tenho que me acostumar com isso. Uma hora ou outra, preciso
ideias fluem muito mais fáceis. — Largo os talheres sobre o prato e coloco
as mãos por baixo das coxas, desviando o olhar para a lasanha pela metade.
ver pelo canto do olho, mas não me atrevo a encarar. Não agora.
Não sei por que tenho que falar disso agora. Só preciso me
concentrar no meu iPad, no projeto que estou arquitetando, não corar como
uma boba.
mastigando devagar.
que me deixa ainda mais vermelha. Recordo do corpo dele contra o meu,
sua mão no meu cabelo, seu cheiro selvagem de verbena e madeira bem
perto de mim, seu hálito, lembro até do seu pau duro contra o meu quadril,
mas é irreal demais para ter acontecido. Porque é Oliver Henderson, ele não
— Por que não olha nos meus olhos, Caroline? — Ele não pronuncia
sotaque.
mentais.
— Sabe o que eu percebi? — digo depressa, para disfarçar tudo que
— Você está certa. Vai passar rápido e eles nem vão sentir minha
com eles.
bebido demais, e Oliver me convidava para jantar com ele e dizia que os
gêmeos estavam perguntando por mim. Aquilo não foi ilusão do álcool, ele
muito discreto, porque Oliver quase nunca sorri, e testemunhar quando isso
acontece é incrível. Também há um brilho novo no seu olhar, é parecido
com a luz que vi no olhar de Dimitri, depois que ele reencontrou Giulia.
trabalho.
raciocinar depressa.
mail e tudo que lembro é do nome do salão, a parte pôr do sol e recomenda-
se chegar cedo para conseguir um bom lugar. — Acho que podemos ir.
— É uma boa ideia — Oliver concorda.
acha? — sugiro.
recebemos as chaves das nossas cabines. Me despeço de Oliver aqui, ele vai
chefe com meu trabalho. Acho que poderia ficar até no convés que ainda
Bento Gonçalves, mas tem uma cama confortável, uma bancada de madeira
para trabalhar, frigobar e até uma pequena sacada com vista para o mar.
É muito mais do que eu esperava, como visitante. Como
conta de que nunca estive em um cruzeiro antes e que não tenho nenhuma
experiência.
alguns momentos para pensar no que vou vestir mais tarde. Quero estar
um tecido que parece ser muito caro. Minha pele está bronzeada, do
minha pele.
perfume e tentei fazer algo parecido com o delineado que Ayla desenhou
nos meus olhos, na terça.
Pela cara de Oliver, acho que não ficou tão ruim assim.
e eu fico aliviada por ter me esforçado para estar bem apresentável. Não
íamos combinar juntos se eu usasse uma das peças do meu armário.
pretendemos ir.
para a tela no elevador, onde mostra o mapa do hotel com os salões públicos
elevador.
Tem um casal que parece estar em lua de mel, porque não param de
nos leva até o salão que leva o nome de “Dark Room”. Há cinco casais na
desviada para o bar, que podemos ver já da porta dupla, com uma infinidade
metros de largura.
Bento Gonçalves? — pergunto para que ele não afaste o rosto do meu.
A diferença é que aqui não tem as crianças nem o meu irmão. Somos
só nós dois.
cabelo loiro escuro cai em mechas na sua testa, e ele volta a me olhar. Luto
com tudo que posso para não me envolver, mas não consigo controlar as
reações do meu corpo. Aspiro seu cheiro, sinto seu calor, sua proximidade.
presença do meu chefe, que dá vontade de me dar uns tapas por ser tão
fácil. Para minha surpresa, a cena que vejo na fila rouba minha atenção.
frente, apoiada nos ombros do homem do casal a diante deles. Eles estão
seu par que está logo a nossa frente, começa a beijar o homem que a mulher
acabou de beijar. As mãos seguram as nucas e as cinturas e, um instante
Por alguns segundos, eu não consigo desviar o olhar, não consigo ser
prudente o suficiente para saber que é errado bisbilhotar a vida dos outros.
Mas estou sentindo uma mistura de fascínio e espanto por ver essas quatro
meu cabelo, notando que meu peito sobe e desce depressa com a respiração
acelerada.
não de vergonha.
Pelo meu campo de visão, percebo os dois casais voltarem as suas
Oliver não diz nada, não demonstra nenhum sinal de que reparou
neles, e mantenho meu braço enroscado no dele até chegar a nossa vez.
que vão apenas assistir, as pulseiras pretas são para os que estão abertos a
Oliver para saber que ele não vai querer participar de nenhum show. Muito
menos eu.
com um salão amplo, repleto de camas de casal baixas, sem pés. A parede
oposta à entrada é toda de vidro e dá para ver o Píer de Mauá ficando cada
Ainda sem largar o braço de Oliver, coço a nuca, sem entender todas
salão, onde cortinas pretas estão cobrindo as vidraças, com várias mesinhas
e bancos altos de bar, e um palco coberto por uma cortina vermelha, onde
pelas laterais desse salão, que é menos iluminado que o outro, e bem mais
aconchegante.
apresentação no palco.
casais que vi na fila. Eles estão sentados em um dos sofás de couro, aos
beijos, mas já não sei mais quem é quem.
da mulher e deixar seu seio esquerdo à mostra. Então ele toca a coxa do
dela.
uma parte de mim quer assistir mais, uma parte que está gostando do calor
antes de me encarar.
filme pornô.
— Você ainda está vermelha — comenta e toca meu rosto com as
Arfo e estremeço com seu toque, mas não quero que pare, porque
vem em um momento em que meu corpo mais anseia por um contato físico.
Fecho os olhos e fantasio que ele desliza a mão pelo meu pescoço.
Clube dos Cretinos foi real, se ele realmente foi atrás de mim, que quase
nos beijamos, mas logo o garçom aparece e entendo que não vou fazer nada
disso.
Quero ser educada, mas não dá. Bebo toda a taça de uma vez, na
estavam.
e eu estivéssemos quietos.
vejo sua pulseira preta e só tenho a agradecer por ter escolhido a azul. Eu
Os dois dançarinos a cercam, enquanto ela ri, e meu queixo cai mais
uma vez, quando ela passa a mão sobre a calça de um deles, o que a
convidou ao palco.
— Grosso e duro. — Dá para ouvir a voz dela distante, graças aos
manhoso, ao mesmo tempo em que o outro, que está atrás dela, começa a
assim que abaixa a calça e envolve o pau em uma camisinha. Ele a vira na
sua direção e levanta seu vestido. Dá pra ver que a mulher está sem
calcinha. Ele ergue seu quadril para que a mulher abrace o tórax dele com
as pernas.
perceber que os gemidos não vêm só dos três no palco, mas dos casais no
salão também.
Para onde quer que eu olhe, tem alguém fazendo alguma coisa
indecente.
Meu coração bate mais forte quando sinto a mão de Oliver tocar a
minha. Seu rosto volta a se inclinar na direção do meu ouvido, mas ele não
celular.
que me disse que era um cruzeiro para casais, que parecia insistir nessa
pergunta.
casais!
quentes.
ambos adultos — ele diz com tanta calma que quase acredito que posso
mesmo relaxar.
muito quente.
— A melhor assistente, pode acreditar — brinca, subindo a mão por
embarcar logo.
que sou tomada por um desejo de expressar isso a Oliver, mas não sei como
fazer.
a vidraça do salão das camas, ondes os casais estão fazendo coisas que
nunca imaginei ver pessoalmente. O céu está ficando alaranjado com o pôr
pelo constrangimento da confusão que causei, mas pelas mãos dele no meu
corpo.
sussurra meu nome com seu sotaque e não resisto, movo o quadril,
mim.
Puta que pariu! Não posso acreditar no que acabei de ouvir. Minha
de uma mulher. Ela se contorce no colo de outra, que oferece o seio para
que ela chupe, coisa que ela só para de fazer quando grita de prazer.
Dou um risinho baixo, não sou ousada o bastante para dizer. Ainda
não.
Ele me empurra contra a mesa, ainda com os braços em volta do meu
Seu pau está tão duro que massacra meu quadril. Só consigo
imaginá-lo pulsando dentro de mim. Sei que ele é meu chefe, mas não dá
Oliver segura minha garganta e me encara tão de perto que nossos narizes
se tocam.
— Eu não posso ter o que quero — ele diz.
conta dele.
você.
Outro rosnado.
Oliver leva a mão livre até meu queixo e o segura com força, me
quase me beijou, não foi fantasia causada pelo álcool. Oliver Henderson
— Isso, boa garota — ele elogia, então aperta mais minha mandíbula
minha boca com sua língua quente, com o sabor do meu espumante
preferido. Eu o puxo para mais perto, quero me unir a ele o mais depressa
O sugo, mordo seu lábio inferior, o beijo como se ele fosse todo
meu, como se não existisse o amanhã. E quando ele solta minha mandíbula
e escorrega a mão até meu vestido, afasto as coxas, ansiando pelo toque.
minha calcinha.
mesinha, enquanto ele se agacha. Por sorte, é fixada ao chão e não virou
mechas quando ele puxa a calcinha para o lado. Pega uma das minhas coxas
Nunca senti isso antes. Jogo a cabeça para trás e me entrego, porque
não há lugar na minha mente para outra coisa além dessa sensação.
Meu corpo estremece, vibra. Levo uma mão até o seio e belisco o
Oliver. Sua língua serpenteia, rodeia meu clitóris, ele morde e chupa, suga
tão forte que eu penso que estou incendiando, mas para de repente.
repente. Adoro como seu pau, mesmo por dentro da calça, se encaixa entre
as minhas pernas. Meu vestido ainda está erguido, mas eu não ligo, essa
Caroline que ele despertou não é cheia de pudores e não liga para as
minha coxa, agarrando suas costas, seu cabelo, latejando de tesão quando
no seu olhar que não lembra nada daquele homem gentil. Esse combina
muito mais com seu perfume de verbena, pimenta, madeira e couro do que
o Oliver bonzinho.
de dar umas palmadas nessa bunda empinada — ele diz e passa a mão no
chão.
seguida abre minhas pernas e puxa a calcinha para o lado outra vez. Olho
para o céu alaranjado, enquanto ele mergulha a língua entre minhas coxas.
Faço questão de deixar a pulseira visível, para que eles vejam que
A ideia de que ele é meu chefe me vem à mente, mas a jogo para
bem longe.
mas tenho certeza que sim. Não dá para descrever a explosão de prazer.
— Você gozou? — Oliver pergunta, debruçando o corpo sobre o
meu.
Afirmo com a cabeça, ainda perplexa com o que ele foi capaz de
fazer comigo. Minha boca está seca, meu corpo todo treme, mas eu sei que
preciso retribuir.
Eu quero retribuir.
ter, mas tento me lembrar de como a mulher no palco fez com o dançarino.
deixando provar o gosto do meu orgasmo, e toco seu pau duro feito pedra
sobre a calça.
Minha outra mão segue e começo a abrir o botão, em seguida, o
zíper.
Eu quero mais?
Meu corpo quer, minha mente não sabe, meu coração clama por
conforto.
Mordo o lábio.
— Se quiser mais, vai ter que ser do meu jeito — Oliver diz.
atiçar.
na minha cabine. Vou entender se você não quiser ir, mas se aparecer, já
— Exatamente.
Passamos pela recepcionista e arranco a pulseira, descartando-a no
enxergo dor no seu rosto, como se estivesse farto de suportar, seja lá o que
for. — Mas, vou te esperar, mesmo assim. Você sabe onde é minha cabine.
Fico parada ali no meio das pessoas que vem e vão, segurando a
alcinha da bolsa, com meu sexo ainda palpitando e o cheiro dele na minha
pele.
Olho para a entrada do salão e penso em como um lugar pôde mudar
tanto as coisas.
Não sei o que fazer, nem como me decidir se não consigo raciocinar,
então tomo o caminho para a minha cabine. Me jogo sobre a cama assim
que entro. Eu quero Oliver, quero seus beijos, seu corpo, sua boca, seu pau,
acho que o desejo desde que o vi pela primeira vez, e isso só foi
outra coisa.
abafo um grito.
Se eu for até lá, e entregar meu corpo totalmente a ele, isso vai afetar
meu emprego?
tivesse acontecido, tenho que pensar que não é só minha situação financeira
que está em jogo, mas a da minha mãe também. Não só a dela, como a do
menos uma vez na vida. Percebo que deve ter sido assim que Dimitri se
sentiu a maior parte do tempo, todas as vezes em que precisou abrir mão de
Rolo na cama outra vez e olho para o teto. Oliver não é como os
momentos em que Oliver foi gentil comigo, em todos as vezes em que ele
corpo treme.
para não ter que roer as unhas, até que a porta emite um clique metálico e se
abre.
cara.
ou quando o cruzeiro acabar — digo. — Não por causa do que vamos fazer
aqui.
Ele franze o cenho, como se por um momento não entendesse minha
pergunta.
Faz parecer que o chefe bonzinho que mostrava ser não existe mais,
não posso perdê-lo. Sei que cometi erros, como meter a gente em um
cruzeiro de swings, mas acredito que também acertei, que fiz um bom
trabalho.
— Caroline, eu preciso de você tanto quanto precisa de mim —
arquiteto, que não entendo disso. Sou administrador. Você foi escolhida
para passar um mês comigo por ser a melhor funcionária da matriz, e agora
promoção, mas saber que meu emprego atual está garantido é o suficiente.
— Pensei que você não fosse ter coragem de vir — ele murmura, a
um metro de mim.
Passo a língua no lábio, enquanto as palpitações se espalham pelo
meu corpo.
pele arde sob seu olhar, e eu espero, parada, com os braços caídos ao lado
do corpo.
e eu arfo.
Ergo as mãos e começo a soltar o nó que prende a frente do vestido
centímetros de mim. Meu coração erra uma batida quando o tecido desliza
para baixo e ele percorre a curva do meu seio direito com o polegar.
Minha pele arrepia com seu toque quente, meus mamilos ficam
Toco seu peito por cima da camisa e fico na ponta dos pés para beijá-
lo, com o vestido ainda cobrindo das minhas costelas para baixo. Ele aceita
minha nuca com a mão livre. Puxa meu corpo para perto do seu e me
tesão dominar meu corpo. Seu beijo é quente, seus lábios são macios e sua
Então ele para, tira a mão da minha nuca e envolve minha garganta,
pés, e me faz inclinar a cabeça para trás. Com o braço segurando minha
me abandono nos seus braços, enquanto ele me sufoca e suga meu seio com
vontade.
Quando Oliver larga um seio e vai para o outro, estou implorando
por um alívio entre as coxas. Puxo a barra do vestido para cima e passo uma
coxa ao redor do seu quadril, encaixando meu sexo contra seu volume.
ele suga meus seios de uma forma que varre todo o raciocínio para longe de
mim. Sinto o prazer se elevando e imagino que vou ter outro orgasmo.
Passo a apertar minha pélvis com mais força contra seu pau, indo
mais rápido, querendo chegar logo ao ápice. Oliver parece gostar, porque
queima, e me preparo para o que virá a seguir, mas Oliver para, solta minha
cintura e me faz ficar ereta de repente.
garganta.
Eu vejo a mesma raiva nos seus olhos que enxerguei lá no salão. Ele
está furioso, e começo a puxar o vestido pelos quadris antes que precise
repetir a ordem.
O tecido azul cai aos meus pés e mordo o lábio, puxando o ar com
eu permitir.
tempo todo. Só quando estou de joelhos, é que ele libera minha garganta.
Ele se aproxima e beijo seu pau por cima da calça, ansiando por tê-lo
na minha boca, assim como ele me teve na sua. Alcanço o cós e puxo a
Vejo pelo canto do olho, ele jogar o terno sobre o colchão e sentar na
beirada, com uma camisa azul marinho em mãos. Meus seios nus sobem e
descem com a respiração difícil, meus joelhos ardem e meu coração bate
forte, o tesão não me abandona, e não faço ideia do que vai acontecer.
Ele torna a ficar de pé e vem na minha direção com uma tira larga do
frio.
Estou tão nervosa que tenho medo dos meus joelhos fraquejarem,
apoio. Encontro a pele quente e os pelos do que imagino serem suas coxas.
São grossas e firmes. Ele está pelado e eu não posso ver, por causa dessa
maldita venda.
quero escapar ou continuar. Mas já aguentei até aqui, por que ir embora
agora?
ser as outras tiras da sua camisa. Quando ele solta, eu abaixo as mãos, as
se foi só de brincadeira.
consigo libertar minhas mãos sozinha. Não entendo, mas isso me excita
ainda mais.
Eu sinto seu cheiro, o calor ainda mais intenso emanando dele, e
minha boca saliva quando me dou conta. Lambo os lábios devagar e espero.
Quando ele coloca a glande na minha boca, respiro fundo e passo a língua
úmida, circulando.
sua garganta, mas grave que o outro, e sinto minha calcinha ficando
eu chupo, mais gostoso ele geme. Preciso apertar minhas coxas com força,
sem saber se consigo suportar sentir tanto tesão assim.
Minha saliva escorre por toda extensão, e ele parece adorar isso.
Fico chocada que, por mais que desça meus lábios, não chego ao fim.
corpo toca o meu. Ele está atrás de mim agora. Seu pau úmido da minha
calcinha.
recebo uma palmada forte no clitóris. Arfo, buscando por ar, pasma com a
máximo que aguento. Imagino que agora é Oliver quem está de joelhos.
Sua língua se aproxima e acaricia meu clitóris. Gemo e mordo o
lábio, é tão gostoso que percebo que faria tudo de novo só por esse instante.
barriga.
Seu calor desaparece e uma careta domina meu rosto. Por que eu
Noto seu peso sobre a cama, e Oliver coloca alguma coisa nos meus
lábios. Tem cheiro de couro e ouço o tilintar de metal. Imagino que seja um
cinto.
lambendo, sugando.
as pernas afastadas para receber a surra de cinto que ele dá. Uma cintada
vezes.
Mas ele parece saber quando eu estou chegando lá, quando o tesão
Meu rosto encontra uma superfície rígida e fria. Imagino ser uma
parede. Oliver me pressiona com seu corpo contra ela, o pau apertando
Entendeu?
por quanto tempo ele vai me maltratar, antes de me dar o que preciso, mas
Com a outra mão, ele ergue minha coxa, me deixando aberta para
recebê-lo. Seu peito toca minhas costas, seu pau escorrega entre meus
olhos por baixo da venda. Arqueio mais a coluna, ficando mais empinada e
Por um momento, seu pau pulsa dentro do meu canal, que se contrai
— Eu não sei... — sussurro, minha voz sai fraca. Estou com tanto
tesão que não controlo, aperto o canal para sentir seu pau, delirando
confessa.
Continuo o massageando por dentro, enquanto ele rosna. Nesse
momento, eu sinto que estou dominando, mesmo que o cinto ainda esteja no
meu pescoço, sendo puxado, ainda que seja Oliver que mantenha minha
Temo que ele pare, que me dê outro castigo, mas continua metendo. O
clímax me atinge, muito mais gostoso que dá primeira vez, com arrepios
Meu corpo fica fraco, só que ele me segura, largando o cinto e minha
coxa, me envolve com seus braços, indo com mais força contra mim, com o
suor escorrendo, me mantém presa como se tivesse medo de que eu fosse
escapar.
fiz antes. Gemo com a última estocada e seu corpo dá espasmos contra o
se transformam em minutos.
venda, e vou finalmente ver seu corpo, como ele viu o meu, mas não
acontece.
Ele me guia de volta para sua cama, ainda vendada e amarrada, é
nesse momento que me dou conta do quanto estou cansada. Meu corpo
recuperar as energias, mas todas essas ideias se vão quando ele me deita, de
que o quero de novo. Meu corpo não aguenta, eu não tenho mais forças,
Nunca fui safada. Não sou de sair, eu só trabalho, vou as raras festas
aqui, deitada com ele, quase pedindo para ser fodida novamente.
Isso é só uma fantasia. E amanhã as coisas voltarão a ser exatamente
quando grito de prazer por receber uma palmada violenta na boceta. É tão
contra minha boceta, depois dá outra palmada que atinge em cheio meu
clitóris.
apertando por dentro, mantendo a coxa erguida para que ele bata, mesmo
chegando.
insistindo.
Mesmo que seja algo que eu queira, não há espaço para ficar
14° DIA
Pisco para a luz que invade o quarto e procuro pelo celular para
checar que horas são, passando a mão por baixo do travesseiro, ciente de
minha cabine executiva. Estou nua na cama do meu chefe e o celular não
prometer a mim mesma, mas a realidade caí sobre mim como um balde de
água fria.
para cá em sã consciência.
ou soltou meus pulsos, mas estou livre agora. Pisco várias vezes até meus
mexendo no celular.
ronca.
— Quer tomar um banho? — Oliver pergunta.
Oliver que eu conhecia até entrar naquele salão do pecado, mas não
consigo, é como se ele fosse um novo homem para mim. Também acho que
— Quero — digo.
reclamando dos esforços da noite anterior, mas antes que eu consiga dar um
de um banho.
pendurado nas costas de uma cadeira, mas não o pego. Entro no box e tomo
Estreito os olhos, sem entender por que o trouxe isso para a viagem.
hidratante comigo.
Oliver não está mais no quarto. Atravesso o espaço até a varanda, e o
Me pergunto como ele pode ser tão bonito. O azul do oceano reflete
Ele me puxa para sentar de lado, no seu colo, assim que fico ao seu
alcance.
— Por que você tem esse hidratante? Por que trouxe ele na viagem?
simplesmente.
Meu queixo cai. Ele me queria desde que estávamos no Rio Grande
do Sul e, às vezes, até estranhava algumas das suas atitudes, mas me achava
Ergo a mão e toco seu rosto. Sei que isso é só uma coisa de
momento, que ele não gosta realmente de mim, mas não tenho cabeça para
colo, descobrindo um dos meus seios. Gemo quando ele lambe o mamilo,
depois chupa. Meu coração acelera, subindo pela garganta, palpitando entre
quando sinto seu pau enrijecer contra minha coxa. — Seu relógio está no
— O navio vai atracar no porto hoje à noite — ele diz. — Você vai
descer?
um dos salões. Gosto das músicas. Acho que não vai ter gente pelada lá, né?
“Dark Room”, mas as pessoas podem ficar peladas nas piscinas. Só não
Ele dá um risinho.
— Por que não me atendeu ontem? Por que não deu notícias? —
Pobre da minha sobrinha, além do pai ser ciumento, agora tem o tio
atendi porque acabei dormindo. Estava cansada, acordei cedo para pegar o
trabalho.
Oliver
minhas mensagens.
Não é da minha conta onde ela está, mas não consigo controlar o
estou andando pelo navio, de salão em salão, à procura da maldita festa com
demais para isso. Com raiva porque não sei como estamos. Não consigo
pensar na ideia dela em uma festa cheia de gente tentando tocá-la, seduzi-la.
Não é como se Phillip tivesse ganhado. Ela não virou minha cabeça,
como sei que foi a intenção dele fazer. Só quero Caroline por mais uma
dos casais.
Percorro mais um corredor e ouço a música. Acelero os passos até a
entrada.
entro.
Este é o mais cheio de todos os salões que entrei. Parece que muita
que nasci.
Desireless. A conheço porque meus pais gostavam de ouvi-la, e sei que foi
que sobe pela coxa em direção ao quadril e luvas pretas que cobrem até
a câmera.
O preto das luvas contrasta com o vermelho do vestido, que sobe apertado
gravação.
Outra música começa a tocar quando ela estende a mão para mim.
plataforma e impulsiono meu corpo para cima, subindo no círculo que gira.
Fico tonto assim que paro, mas ganho um sorriso lindo como
prêmio. Ela passa os braços em volta dos meus ombros e abraço sua cintura.
— Tudo o que sempre precisei está aqui em meus braços / Palavras são
sua língua quente. Eu a puxo para mais perto, querendo me unir a ela
novamente.
Roxette, e me desespero.
Não preciso que nenhuma música me diga para ouvir meu coração
Afasto nossos lábios, buscando por ar, com o corpo querendo mais, e
Ela envolve meu torço com seu braço e eu aperto sua cintura, a
tirando do chão, devorando seus lábios até que não sobre mais ar.
— Não imaginei que você viesse — Caroline diz assim que nossas
bocas se afastam.
— Procurei por você de salão em salão — confesso.
— Era só perguntar a alguém sobre essa festa — ela diz, tão calma
— Por que estava com raiva? — Caroline inclina o tronco para trás,
outro homem?
— Não era ciúmes. — Como vou ter ciúmes de uma coisa que não é
minha? — Era ódio. E não pensei que poderia te encontrar com outro
casais, trios...
— Pensei que tivesse escutado você falar que não beberia mais — a
formando um “o”.
preparo para a risada que vai dar ao meu ouvir falar em português. — É
Caroline leva a mão aos lábios. — Você fala muito boceta, caralho, e
no seu idioma — murmuro, a puxando para perto do meu peito outra vez.
sua suíte, mais cedo. Fui embora sem. Você a encontrou? — pergunta perto
do meu ouvido.
digo.
A aperto contra mim, para que ela sinta o que suas palavras fizeram
comigo.
as pessoas em volta.
vestido.
do vaso. Nunca fiz algo assim, nunca fiquei tão exposto desde o acidente,
fazer.
Seu corpo treme e ela respira com dificuldade. A puxo ainda mais e
ela vem, deixando uma perna de cada lado do meu corpo. Seguro o pau e
os olhos conforme ela desce e geme. Seguro seu cabelo e chupo um dos
seios. É a primeira vez, desde que fiquei viúvo, que repito uma foda, mas
botão.
Aperto seu pescoço com mais força, a solto para pegar seus pulsos e
costas para mim, e tiro uma de suas luvas. Sem dizer nada, amarro seus
pulsos.
Ergo sua coxa e a penetro depressa, assumindo o controle,
apertando meu pau, massacrando. Seguro sua garganta e dou uma palmada
Caroline arfa.
— Você é toda minha. Lembre-se disso — digo, mesmo que isso não
do caralho.
Dou outra palmada e seu corpo todo treme.
Ela deixa escapar um gemido e largo sua garganta para tapar sua
boca.
fodendo, a apertando contra a parede. Quando dou uma palmada mais forte,
ela tem outro orgasmo e se contrai tanto que gozo junto com ela, liberando
fôlego, me dando conta do quanto estou fodido, porque isso era a última
15° DIA
depois levar até o veterinário para fazer o que Jake chamou de investigação
— Você acha que ele tem cara de que, papai? — Jake pergunta,
impaciente.
remédios e tratar para que ganhe peso logo. Fico feliz pela atitude deles.
explico.
vocês — os alerto.
— Sim.
Ele tinha cicatrizes, como eu, mas as suas eram mais fáceis de
esconder.
sorriso.
praticar.
Caroline.
último fim de tarde. Pensei em te convidar, mas lembrei que você não curte
piscina.
— Não é que eu não curta, amor, eu só não posso — murmuro para
piscina. Ela é grande, e a maioria das cadeiras em volta está ocupada. Pelo
menos metade das pessoas estão nuas, como é permitido pelo cruzeiro.
de cortininha azul com a canga em volta dos quadris, que vestiu na fazenda.
que encontra. Carrega uma toalha e o que imagino ser um frasco de protetor
solar.
É por isso que não podemos ter nada. Não é porque ela é minha
a piscina, não posso levá-la à praia, nem tomar banho com ela. Não posso
nem fazer uma coisa tão simples quanto dormir ao seu lado depois de uma
foda.
primeira vez que uma mulher pegou no sono na minha cama, desde Cinthia.
vestido. Fiquei com medo dela acordar, me ver usando calça e camisa, e
achar estranho. Por isso, fiquei sentado em uma das poltronas do quarto,
mas já sabia disso, desde que meu irmão disse aquelas coisas, enquanto
eu tivesse me dado conta disso só agora, então, não entendo por qual
tocar. Tira a canga e a coloca sobre a cadeira branca. Os raios de sol deixam
sua pele ainda mais dourada. Azul é a cor que mais combina com ela, a faz
parecer uma sereia. E quanto mais eu olho, mais meu coração se despedaça,
mais dói.
Ela vai até a borda da piscina, sem saber que estou a assistindo
pedaço de tecido azul na cadeira, com os seios, que deveriam ser só meus,
de fora.
mergulha na água.
Minhas mãos estão postas, meus olhos ardem de raiva, meu pau
usando uma saia de pregas curta e uma blusa que mostra uma boa parte da
luz amarelada do restaurante faz o bronze da sua pele ficar ainda mais
bonito. Seu cabelo loiro está ondulado, caindo sobre os seios, ombros e
se desculpar.
preferida.
Espero que ela continue, mas fica mexendo na massa com a ponta do
testa.
Não faz sentido meu peito se apertar. Ela tem toda razão.
sua cadeira para mais perto da minha. — Ninguém precisa saber o que
fizemos.
mesa.
— Por quê? Não posso andar por aí sem calcinha com essa saia —
piscina — me entrego.
sua cadeira outra vez, a fazendo girar para ficar de frente para mim.
fazê-la relaxar. Quando toco sua boceta macia, ela está molhada.
Deslizo meu dedo para dentro e puxo a mão depressa, porque o
escapa da sua boca e faz meu pau pesar na calça, implorando para entrar
nela.
Dou o que ela quer e levo meus dedos até sua boca. Quando Caroline
suga, envolvendo minha pele com sua língua quente, sinto tanto tesão que
Quando tira a boca e solta minha mão, estou tão duro que dói.
— Promete que isso tudo vai ficar aqui no navio? — Caroline
insiste.
Eu, melhor que ninguém, sei que não posso levar à diante.
esquecer?
de qual seja.
— Acho que não dá para esquecer uma coisa assim — ela sussurra e
apoia o queixo na mão, com o cotovelo sobre a mesa, então abaixa o tom de
dessa vez para fazer carinho —, mesmo sendo uma coisa nova.
questiona.
— Também tem o cheiro da sua boceta nas calcinhas, não tem como
— De jeito nenhum.
Volto ao meu lugar com ela ainda me encarando. Não dá para saber o
que está pensando, mas me sinto como se estivesse em um beco sem saída.
ouvido.
— Você não liga de saber que estarei andando por aí, sem calcinha,
minha voz sai rouca —, quero tirar o cinto e fazer ele de coleira, quero
deixá-la de joelhos e socar meu pau nessa boquinha suja, pra você não me
provocar mais.
novamente.
— Sempre — eu minto.
E a raiva de não poder ter uma única foda normal, olhando nos
embora.
segredo.
— Você não faz ideia da surpresa que foi — ela diz e morde o lábio.
suportar saber que outro homem a tocou, mas que direito eu tenho?
— Você foi a primeira foda que eu repeti, desde que fiquei viúvo —
— Por quê?
bares, baladas.
— Mas você ficou comigo, você prestou atenção em mim, quis estar
bares e baladas, mas, pelo que fiquei sabendo, você trabalha demais e não
— Tudo bem. — Ergo a mão e toco seu rosto. — Por que você
você é todo sério, sempre de terno e gravata. Acho que o ambiente não
combina com você, Oliver — ela diz. Não é nada demais, só que as
Caroline fica de pé, usando a saia que não deve ser muito maior que
um palmo da minha mão, enche a taça de vinho quase até a borda e bebe de
álcool aplaque o ódio que começa a me dominar, mas a aperto com tanta
— Está tudo bem — digo com meu sotaque ridículo, enquanto puxo
temos essa noite, e não consigo manter o pau e nem a mente longe dela.
causado pela taça. Quando o casal chega mais perto, eu não fico aqui para
assistir.
cintura com os braços, a apertando tanto contra meu corpo que a tiro do
Seguro seu pescoço e coloco a mão por dentro do cós da sua saia.
pescoço.
a calça.
— Me come depressa.
— Abaixa a blusa.
A ergo pelos quadris e ela abraça meu torso com suas pernas,
tocar por cima da camisa. É a primeira vez que uma mulher me toca assim
devorar sua boca, deixando que ela passeie as mãos por cima da camisa,
desesperado para ter mais dela, do seu toque, seu cheiro, calor, tudo.
Fazia tanto tempo que eu não sabia como era ser acariciado nesse
momento, ainda que por cima da roupa, que sou pego de guarda baixa. Não
há como parar agora, se tudo que mais quero está bem aqui, nos meus
braços.
pescoço. Meto mais rápido e mais forte, enquanto suas mãos apertam meu
sua boceta me aperta é meu limite, e eu gozo também, mais fodido do que
jamais estive.
Fico imóvel por um instante, sem entender como alguém pode mexer
tanto com a minha mente a ponto de me fazer esquecer uma coisa tão
importante.
Não posso vê-la na escuridão, mas imagino que está se dando conta
Passa por mim, saindo debaixo das escadas e indo em direção aos
banheiros.
apavorada.
Tiro minha gravata do seu pescoço e pego sua mão. Esfrego o
polegar na sua pele, fazendo carinho por um instante, e beijo sua testa, antes
Vou direto até uma das farmácias que vi e compro a pílula do dia
pergunto o que diabos estamos fazendo, o que esse lugar tem para nos fazer
Ela dá de ombros.
Eu quero interromper aqui, uma coisa dessas deveria ser nossa deixa
Eu quero mais do que qualquer outra coisa essa noite, mas não vou
entrar. Não vou passar uma noite ao lado dela, por mais que eu deseje isso.
Mesmo depois que ela entra e fecha a porta, ainda fico parado no
caíam. Conheço a dor desde que me entendo por gente, ela é minha
lembrança mais antiga e me acompanhou a vida toda. E nem o sei o que fiz
16° DIA
Acordo, não feliz, mas com uma espécie de alívio por saber que,
quando o dia acabar, alguém vai ter pagado pelos seus erros.
contador.
Assinto.
amanhã.
— Se tiver alguma coisa errada, ele vai descobrir, pode ter certeza —
Caroline me garante.
— Não acho que foi Joana — eu assumo. — Meu pai teria contado
dessas.
— Você não vem? — ela me pergunta quando não a acompanho, no
portão de desembarque.
— Não vou para casa agora, preciso pegar outro voo — digo a eles.
Penso nas coisas que ela me contou sobre o padrasto, nas surras que
O irmão fez tudo que podia por Caroline, mas estou assumindo a
estacionamento.
— Eu quero saber os detalhes — é a vez de Giulia sussurrar,
Engulo em seco, mas fico nervosa e dou uma risada que estraga
tudo.
minto.
— Sorte dele que eu não estava lá — meu irmão mais velho diz, com
o rosto sério.
Dimitri usa quando vai levar meus sobrinhos e os filhos dos amigos para a
escola. Pego o celular e digito uma mensagem para Stefan, mesmo que ele
Eu: Não fui passear, estava trabalhando! De onde você tirou que eu
transei?
Reviro os olhos.
insinuações.
um alertar para que ela pare, antes que Dimitri desconfie. — Meus
minha cama.
17° DIA
Vivian deixa café e pão de queijo na minha sala toda manhã. Ela me
apenas de Oliver, desde que me viu ir embora com ele do Clube dos
Não vi Oliver desde o aeroporto, não sei para onde foi e por que não
chama.
Olho para sua mão e noto que os nós dos dedos estão feridos.
pescoço.
lutando para manter a compostura, mas fica difícil quando ele começa a
Quero dizer que esse não foi nosso combinado, as coisas que
fizemos deveriam ter ficado naquele navio, mas é tão gostoso quando seus
Me viro, ainda no seu colo, e seguro seu rosto com as duas mãos. O
Lambo seu lábio, palpitando de tesão, sem saber mais o que é certo
colocando sobre a mesa. A saia sobe até meu quadril e seguro as coxas, me
Me ergo outra vez, quando ele se afasta para dar uma palmada no
meu clitóris.
tesão.
Estico o pé e massageio seu pau por cima da calça, com o sapato de
chefe, mas ele me mantém assim por mais um instante, e suga meu clitóris
gostoso. Coloco a mão na boca para não gemer. Lion não pode saber o que
estamos fazendo.
Desço da mesa e puxo a saia para baixo, enquanto ele tenta ajeitar o
minha boca — Oliver brinca com o perigo. — Acho que nunca trabalhei tão
satisfeito antes.
porta lateral.
Sei que não é mentira, mas me pergunto se ele não está usando os
as mansões. Quando não aguento mais carregar seu peso, o coloco no chão
de Oliver.
Fico sem entender quando ele abre a porta para mim com um
Dixon.
alcança primeiro.
Me agacho no chão e o abraço bem forte, depois acolho Celiny
também.
puxando.
É uma sala grande, com uma parede lateral de vidro com vista para a
piscina, e todo tipo de brinquedos que uma criança pode sonhar em ter.
Oliver o pega e o faz descer pelo escorregador outra vez, mas Dom
não se cansa. Enquanto isso, Celiny faz Jake e eu sentarmos em uma mesa
chapéu.
O pobre cachorro parece ser bonzinho e tem a carinha triste que nos
faz querer acolhê-lo. Está tão magrinho. Fico feliz por ter sido adotado
pelas crianças.
comento com Oliver, quando o vejo pegar o cachorro no colo outra vez,
depois do jantar.
Ele não diz nada, mas eu acho que sei o porquê. O faz lembrar da
— Era para você ficar aqui, depois que as crianças dormissem — ele
motivo para... — baixo ainda mais o tom de voz — fodermos todos os dias.
Não cedo, na hora das crianças irem para a cama, vou embora com
18° Dia
Para piorar, estava usando uma saia com uma fenda na coxa e blusa que
que isso seja só uma fase, que esse desejo seja mais pelo proibido do que
Ser rejeitado não está ajudando, mas não sei por que estou insistindo
nessa merda. Talvez Caroline deseje mais que foder, talvez queira um
Eu: Dar aquela surra de cinto na sua boceta, que eu sei que você
adora.
ardendo de tesão.
Eu: Vem aqui, amor. Por favor. Eu posso te dar o prazer que você
precisa agora.
Eu: Você não precisa vir, eu vou até aí, é só deixar o alarme
que iria acordar a casa toda. Você não imagina como estou molhada.
sussurra e dá um gemido. — Você não sabe como eu queria seu pau grosso
parede de ódio.
Eu: Vem pra cá e eu te dou tudo que você quer. Se você não vier, eu
momento.
tentando gemer baixinho para não ser ouvida por ninguém da casa, me
Com o tesão que estou, ia socar tão forte que ambos esqueceríamos
fase.
Gostaria de não estar sozinho aqui. Quero ter uma esposa novamente
e, por mais que seja um tolo por pensar isso, desejo que seja como Caroline.
suficiente.
arrastando a caminha pela boca. Para diante dos meus pés e larga a cama,
como se tivesse algo de errado com ela.
de Jake.
Tomando todo cuidado para não acordar meu filho e não me ver só
mármore.
Quando chego até lá, ele colocou sua caminha ao lado da minha e
não um cachorro.
Ele late, como se tivesse ficado ofendido.
Vou até o closet e pego um suéter, para o caso de Jake acordar e vir
cima, dessa forma, se o piso esfriar muito durante a madrugada, Daryl não
vai passar frio, porque sei o quanto é ruim dormir sentindo frio.
O cubro com outra manta, só para garantir que estará bem aquecido.
— É só por essa noite, fique ciente disso — o alerto, mas dou um
beijo na sua cabeça, antes de apagar a luz do abajur. Volto para a cama e
controlo.
19° DIA
Caroline
valor total da dívida, como pedi. Não são nem dez horas da manhã e não
apavorada pelo tom de voz. — Ele não voltava para casa desde domingo...
estava sem dinheiro porque ele tinha machucado a perna e não estava indo à
fazenda.
fazenda viu o carro dele parado na beira da estrada, com as portas abertas, e
Ela não termina de falar porque o choro a impede. Sei que ele é o pai
do meu irmão, e que devemos ser pessoas boas, mas eu não consigo ter
compaixão.
— Quem pode ter feito isso com ele? — questiono, sem conseguir
— Não faço ideia. Ele não arranja confusão com ninguém — mamãe
o defende.
cidade, antes de vir pra casa nos espancar — digo com sarcasmo. —
preocupada.
— Sim, eles estão, Carol. Mas não encontraram nenhuma pista até
agora.
até a porta lateral que dá acesso a sala do meu chefe. Não me anuncio e não
Oliver arregala os olhos quando me vê. Caminho até ele e agarro seu
pulso direito.
— Deixa eu ver sua mão — digo, a puxando para perto do meu
rosto.
Analiso os nós dos dedos machucados, mas parece estar pior do que
na segunda.
em questioná-lo.
Ele me puxa para seu colo e eu vou sem me opor, com o corpo tenso.
mas não dá para entender. Não consigo assimilar que meu chefe voou até
perdoar...
— Shiiii — ele me cala, pousando o dedo indicador nos meus lábios.
quem foi.
entender.
— Tive ajuda.
Não com Flaviano, por mim ele pode morrer, mas com a segurança de
Oliver.
— Contratei um “detetive”.
— Tipo o quê?
incêndio que matou minha esposa foi criminoso, porque não estava muito
naquele estado. Descontei nele as surras que levei da minha mãe biológica,
— Oliver...
— Só não o matei porque queria que ele sofresse mais alguns dias,
mas duvido que os médicos consigam salvá-lo — diz sem nenhum remorso.
— Você está segura agora. Vou cuidar de você e dos seus irmãos —
ele sussurra e faz carinho nas minhas costas. — Dimitri não precisa mais se
preocupar.
Passo os braços em volta dos seus ombros e o aperto.
esquecer o que você me contou sobre ele ter entrado no seu quarto. Não se
Nunca tinha feito justiça com as próprias mãos, mas não me importo de
Beijo sua boca com urgência. Não me lembro se algum dia me senti
está lidando com tudo isso. Penso em contar a Dimitri, mas não quero
sensação de correr o risco de ser pega, da forma como meu coração acelera.
tocando a ponta do seu nariz, e ela faz que não, abrindo um sorrido, depois
Romano.
depois saio do quarto, levando Jake comigo, deixando Oliver a sós com ela.
línguas.
É fofo.
— Tá tarde.
conta.
— Você fica gostosa pra caralho com esse vestido — ele murmura
contra meus lábios, passando a mão pela saia rodada de florzinhas azuis,
— Vem pro meu quarto — ele exige com os lábios contra meu colo.
— Não — me nego.
Monto sobre sua pélvis, deixando uma coxa de cada lado do seu
o lado.
meu peso não fosse nada para ele. Apoio um pé na sua coxa e ergo a outra
Larga minha garganta e segura minhas mãos às costas. Mal posso vê-
Luto para soltar minhas mãos, para agarrar seus cabelos, mas Oliver
segura meus pulsos com força. Então me impulsiono contra sua pélvis,
rebolando, me movimentando depressa, obedecendo à vontade do meu
corpo.
Oliver solta minhas mãos e agarra minha bunda. Sinto seus dedos
apertando minha carne com voracidade, mas a dor só me deixa com mais
tesão. Eu o abraço, o beijo, toco sua nuca, escorrego as mãos por cima da
camisa, o puxo para mais perto e me impulsiono contra ele, desejando que
Ele não resiste mais e grunhi, respirando tão pesado que me faz
pensar que está sofrendo. O modo como suas mãos massacram minha
bunda, como ele passa a gemer contra minha boca, me faz imaginar que
surpresa.
Ele envolve meu pescoço com o cinto e fecha a fivela, como se fosse
uma coleira.
— A senhora Collins pode nos ouvir — me arrisco a dizer.
lembra.
respiração.
nas veias. A sala está escura, mas pelo menos não estou vendada. O receio
de que algum funcionário, que ficou depois do expediente para dormir nas
Oliver fica sentado por um instante, com uma perna de cada lado do
recamier, assim como estão as minhas, então segura minha calcinha, que
está de lado, e a puxa com as duas mãos com tanta força que ela se parte.
Aperto os lábios, desesperada para não gemer, quando sinto sua glande
respiração pesada, parece furioso. Ergo minhas coxas e laço seu quadril
com elas. Oliver grunhi e dá um tapa no meu rosto em resposta, mas não
Quero pedir para ele ir mais fundo, como se isso fosse possível,
porque não consigo pensar em mais nada a não ser tê-lo todo dentro de
mim.
— Mais — sussurro tão baixo que ele não pode ouvir.
Quero baixar os braços e tocá-lo, quero puxá-lo com tanta força que
nunca mais se afaste de mim, estou com tanto tesão que não lembro nem
— Não goza!
coxas em volta do seu quadril, como um pedido para que afrouxe o cinto.
pescoço, mas não posso tocá-lo com os punhos amarrados. Meu orgasmo
para ele continuar fodendo, para que eu possa gozar outra vez, mas ele me
ombros.
Dobro os joelhos, rápido, com as pernas trêmulas. Oliver puxa o
Lambo sua glande, sugando tudo, engolindo seu pau até onde
mais escuro da sala, só então libera o aperto do cinto. — Empina bem esse
deixando meu quadril bem empinado. O vestido escorrega até meus seios.
que virá a seguir. Quase quebro a regra de não falar, quando ele cospe e
inglês.
Caroline
Respiro pela boca, nervosa, com o coração batendo tão forte que me
faz estremecer.
orifício. Para minha surpresa, é tão gostoso que preciso tapar a boca para
não gemer.
Puta que pariu! Oliver começa a chupar meu cu e reviro os olhos,
com sua porra ainda escorrendo pelas minhas coxas. Nunca pensei que
fosse me sentir tão vadia assim, mas apoio melhor a cabeça no chão e ergo
os braços até minha bunda para abri-la, me oferecendo toda para ele.
Escorrego uma das mãos até minha virilha, deslizo os dedos no seu
sêmen e esfrego contra meu clitóris. Aperto os lábios com toda força para
pensamentos para ele me deixar gozar agora. Volto com a mão até meu sexo
e empurro os dedos no canal, tirando e colocando bem rápido, imaginando
— Você não vai gozar assim, amor — ele diz e sinto as lágrimas se
Ele preenche minha boceta com seu pau e pressiona o dedo na minha
apoia a mão livre ao lado do meu pescoço e me fode com o pau e o dedo.
As lágrimas escorrem, o orgasmo vem pela frente, por trás. Meu corpo
inteiro vibra, não consigo mais aguentar e gemo contra a palma da mão,
somos, quando o último chega e me contorço toda, apertando tanto seu pau
furioso, por vários minutos. Ele se deita ao meu lado e luto contra minha
— Claro. Só um segundo.
vou para seus braços quando me puxa. Oliver apoia as costas na parede e
responder.
sala são de designers famosos e cada um deve custar alguns meses do meu
sacudir de leve.
Gostaria que houvesse alguma iluminação para poder ver seus olhos
— Pergunte.
— Eu sei que você tem que trabalhar duro, que sempre fez horas
— Eu sei que ele fez tudo que podia, mas você trabalha tanto e ele tem
dinheiro.
comecei a estagiar.
minha mãe não quer que ele saiba nada sobre o que acontece em Jaguarão
— Então você passou aperto, trabalhou duro para pagar essa dívida,
mas nunca pediu ajuda a seu irmão? — Oliver diz, passeando a ponta dos
— Você sabe qual o valor total da dívida e quanto tempo ainda falta?
aplicativo do banco.
uma estelionatária, e que não há motivos para desconfiança. Ela jamais faria
Teve meses em que mal sobrava dinheiro para comer, e ela sabe
disso. Minha mãe viu todas às vezes em que me desesperei por ficar doente
Co., porque essas coisas são muito caras nos Estados Unidos. Ela me ouviu
porque tínhamos a dívida para pagar. Ela me ajudou a ser forte e me fez
minha mãe que estamos falando. Ela nunca, jamais faria uma coisa dessas
comigo.
— Acho que terei sim, para o meu irmão não herdar uma dívida que
não é dele.
— Vou terminar de pagar essa dívida, para que você não precise
— Oliver, não vou deixar você fazer isso. Não é problema seu —
naquele escroto.
Nós nunca poderemos ter nada além do sexo, mas vou cuidar de tudo pra
você.
Suas palavras, em vez de me trazerem conforto, são como um soco
no estômago.
iludir a esse ponto, não quero ouvir Oliver ter que falar sobre nossas
Meus olhos se enchem de lágrimas, mas dessa vez não tem nada a
— Você poderia pelo menos dizer as crianças que não há nada entre
tom de voz.
móveis caros nas sombras. O sigo pelas escadas e entro em seu quarto. Eu
culpada dessa ilusão sou eu. Não houve nenhum momento em que Oliver
aberta e me ensaboo com seu sabonete, enquanto Oliver assiste, com o rosto
sério e o cenho enrugado. Aquele olhar de dor volta ao seu rosto e sei que
lo.
Passo a mão no meu rosto, afastando a água, para ter certeza de que
estou vendo seus olhos úmidos. Não posso acreditar que ele está prestes a
seus braços.
— O que aconteceu? — pergunto, ficando na ponta dos pés para
Seu semblante está tão duro nesse momento que me encolho. Ele
alcança uma toalha no suporte e a coloca em volta dos meus ombros, então
sai do banheiro.
Não encontro Oliver pela mansão. Volto para casa com o coração
eu entro na ponta dos pés. — Giovanni ligou tem uma hora, mais ou menos.
só encontro alívio.
embaixo da cabeça. — Todo mundo que fez mal a você está morto.
Pisco os algumas vezes, sentindo os olhos arderem. Acho que... nem
Quando o encaro de volta, fico em choque, com medo do que vejo. Fecho
os olhos com força e bloqueio todas as memórias, porque não posso pensar
nisso agora.
— Não estou chorando por ele, mas de alívio — minto, não é por
Gonçalves, quando Stefan era só um bebê, Ícaro estava na casa dos pais de
arriscou por mim, mesmo que tudo que exista entre nós seja apenas sexo.
Penso em dizer isso a Stef, contar que foi meu chefe quem se vingou
do nosso padrasto, para escapar dos pensamentos, mas não consigo falar
agora. Além disso, não conseguiria explicar o porquê de Oliver fazer isso,
— Não sei quem foi o filho da puta que pegou Flaviano e o deixou
ferro ou com os punhos. A polícia deve saber isso. Não sei se vão pegar o
me solta e volta a deitar ao meu lado. — E aposto que teve tempo suficiente
enquanto apanhava.
20° DIA
casa, depois do trabalho, quando recebo uma chamada de vídeo do meu pai.
câmera.
— Quer vê-los?
— Agora não, meu bem, daqui a pouco. Seu pai precisa conversar
com você primeiro — minha mãe explica e entrega o celular para Donovan.
— Como vai, Olly? — meu pai me chama pelo apelido que me deu
desde a adoção.
— Estou bem, pai. Os negócios estão progredindo. Tem observado?
para o meu pai que dá um sorriso de canto, aquele que sempre dava quando
helicópteros estacionados.
— Cheguei aqui, mas não vejo nada — digo a meu pai.
questiona.
me receber.
— É seu, Olly.
— O quê?
— Pai, você não deveria ter feito uma loucura dessas — digo e
mesmo — insisto, porque, diferente de Phillip, faz anos que não dependo do
meu pai.
precisando.
— Ele gostou da cor? — escuto minha mãe perguntar, mas sua voz
está distante.
Espero que as coisas deem certo, que você consiga se adaptar aos negócios
da família.
Henderson & Co., que ame nosso negócio tanto quanto eu amo — meu pai
acrescenta. — Porque um dia, e esse dia está mais perto de chegar do que
substituísse.
disso, ele é o filho biológico. — Nada mais justo do que ele assumir a
direção dos meus negócios na mão dele, preferia entregar aos sobrinhos da
sua mãe, e você sabe como nunca gostei da família dela — meu pai
confessa.
Dou risada com a brincadeira. Ele sempre detestou participar de
anos, ainda preciso cuidar para ele não jogar o nome da família na lama.
Sabia que era um merda, não que meu pai precisava cuidar do meu
quando a situação fugiu do controle. — Pela primeira vez, vejo meu pai
parecer fragilizado. Nunca pensei que o veria assim. — Dois anos depois,
— Sinto muito por tudo, pai — murmuro, odiando meu irmão ainda
abalar meu patrimônio, mas não para comprar minha paz — ele diz, como
uma olhada na lista das herdeiras solteiras de São Paulo. As das famílias
noiva.
gosto de falar sobre isso. Chame a mamãe, quero agradecer a ela também.
— Você escapou desta vez, Olly — ele alerta. — Mas quero você
21° DIA
Lion Bianco marcou uma reunião comigo para essa tarde, e achou
na contabilidade da empresa.
as outras passaram a ser mais modestas. O valor é enviado para uma conta
na Grã-Bretanha.
& Co. já tem um tempo — Artho comenta. — Não estou saindo em defesa
Leif Owens.
bancárias da empresa, além dos gerentes financeiros, são meu pai e Phillip.
expediente acabar.
— Por que eu faria isso com seu dinheiro? — Caroline faz cara de
brava.
— Vamos à casa dos meus pais, na semana que vem, e quero que
vontade, o cartão não tem limites. Sua mãe já enviou tudo que pedi sobre a
hipoteca?
do Brasil assim que entro no meu quarto e chamo pelo único contato salvo.
Sou pego de surpresa, não esperava que fosse real, que a mãe de
Caroline realmente tivesse feito isso para ajudar nos estudos da filha.
me disse.
Ela tem lábia, consegue convencer até mesmo quem não presta.
concordo.
Mas, meio milhão de reais para custear uma pequena parte dos
que essa mulher esconde, porque fez a filha trabalhar duro por anos e não
tudo, mas é claro que tem alguma coisa muito podre nessa história. A
mulher tomou o cuidado de não deixar a filha contar ao irmão sobre a
hipoteca.
— Sim, preciso que descubra se meu irmão tem alguma relação com
26° DIA
não dava para ir à casa dos pais dele usando as roupas das quais Stefan
Oliver e eu nos últimos dias, mas fomos só duas no seu Fiat 500. Nem
mas não me deixa ler e nem mostra a Dimitri — ela comenta, enquanto
— Carol, eu entendo você não ter ido ao velório do seu padrasto, por
— Você perguntou a ele? — Por sorte, minha voz soa normal, calma.
quero citar o dia em que seu marido foi detido. Imagino o quão doloroso
deve ser.
— Mês que vem faz vinte anos que aquilo aconteceu — Giulia
irmão ensanguentado.
Olha para Giulia, sentada no banco do motorista. Ela abre a boca
para dizer algo, mas a fecha novamente. Fico tentada a perguntar o que é, só
um dia antes.
sorriso triste, para demonstrar que vou sentir falta dele. — Foi uma pena o
— Ele não batia em vocês, como seu pai? — ela ainda insiste.
bate tão forte que tenho medo de que Giulia escute, mas meu rosto
Entendo por que ela não trouxe as gurias, porque Giulia queria
— Por que Stefan não o chama de pai? — Giulia faz mais uma
pergunta. — Ele era a única figura paterna que Stefan conhecia, mas nunca
Stef o odiava com todas as forças, mas não posso contar isso a
Giulia. Mesmo que agora ele esteja morto, não posso admitir que mentimos
todo esse tempo.
Giulia assente.
Não posso nem respirar fundo, para ela não perceber que estou
nervosa.
— Exatamente, eu fui muito rica, mas depois minha vida deu uma
passaram — sussurro.
— Sei que existe vários tipos de condições financeiras, mas... toda vez que
olho pra você, Carol, parece que está naquela mesma condição que eu
estava, antes de Dimitri nos encontrar. Sobrevivendo. Eu vejo isso até nas
suas roupas.
impeça de falar. — Não gasto muito com roupas. É tanto que Oliver me deu
o cartão dele.
abraço.
isso.
— Promete que vai pedir minha ajuda de precisar?
escolher o que devo vestir nessa viagem — digo, sem prometer nada.
27° DIA
Estou otimista. Se Oliver vai me levar para a casa dos seus pais,
deve significar que vou ser promovida a COO. Não há outra explicação. Os
Henderson são pessoas sérias e discretas, imagino que ele não levaria uma
irmão, pagando uma faculdade para Stefan e trazer Giovanni para morar
comigo.
— Não.
promoção.
conta, como se não fosse nada demais, que vamos para o aeroporto no
— Porque você não veio nele com as crianças, dos Estados Unidos?
— questiono.
Oliver que ele não vai se arrepender se me promover, mas também para
aplacar a ansiedade.
Fico aliviada por não ter escolhido um par de sapatos tão altos. De
Ainda bem que não fui orgulhosa e aceitei comprar roupas de grife
com o cartão de Oliver. Se aparecesse aqui com minhas roupas, acho que
seria expulsa.
entrada da casa.
A mão de Oliver ainda está na minha lombar, me dando um pouco de
conforto. Respiro pela boca quando vejo senhor Donovan Henderson e sua
Oliver diz.
Não sei quem faz mais cara de surpresa, Phillip ou a mãe, mas o
senhor Henderson mantém o rosto sério. Estou tão perdida quanto eles.
Henderson questiona.
acompanhar ao Brasil.
Não vejo a hora de estarmos a sós e perguntar por que diabos ele
— É por isso que não quis ouvir quando falei sobre as moças
herdeiras bilionárias.
muito.
palhaça principal, mas assim que Oliver entra, as frases somem da minha
cabeça.
baixo da cabeça.
— Vou ficar aqui até ter certeza de que meus pais já se recolheram,
depois vou dormir no quarto ao lado — diz, sem me explicar nada do que
está acontecendo.
murmurar a pergunta.
— Queria ver a cara de Phillip.
pais só para ver a cara do seu irmão quando dissesse que está namorando a
arquiteta?
certeza de que ganharia a promoção pela qual tanto batalhei, mas deu tudo
Acho que nem para o meu cargo na matriz posso voltar, já que
minha garganta.
Chego aos últimos degraus e percebo que no terceiro piso não existe
um terraço, mas sim outro andar coberto. Começo a descer quando vejo
senhor e senhora Henderson sentados em um sofá, enquanto Phillip anda de
possível no próximo degrau, mas fico imóvel quando percebo que estão
com paciência.
Eu quero ir embora, sei que é errado ouvir a conversa dos outros,
não depois do pai admitir que seu filho está apaixonado por mim!
competente. Eu sabia que Oliver ia perder a cabeça tendo que ficar um mês
com ela. Mas eu não imaginei que ela fosse ficar com ele, não quando
filho adotivo.
mas não me atrevo a levantar para olhar o que ele derrubou. — Juro que te
tom de voz mais baixo. — Que outro motivo teria para dormir com um
homem...
senhor Henderson questiona, imponente. — Disse algo que justifique ele ter
que eles parem. Desço as escadas com cuidado, com medo de ser
descoberta. Volto ao quarto, mas Oliver não está mais lá, nem sua mala.
tremerem. Conto nos dedos quantas vezes transei com ele, três noites no
estava vendada e ele ordenou para não o tocar, quando acordei no dia
seguinte, ele já estava vestido. Sempre usando roupas sociais, até mesmo
Ele deu ouvidos as merdas que o irmão falou e imaginou que não
maçaneta. Está trancada e bato com os nós dos dedos contra a madeira até
ser atendida.
fechado.
— Espere um minuto.
mesinhas de cabeceira. O encaro e sinto meu peito ser preenchido por uma
empurra na direção da cama. Assim que caio sobre os lençóis, Oliver apaga
para cima. Ele abocanha um seio e o suga lentamente. Aperto minhas coxas
e me entrego por um momento, antes de recobrar a consciência do que vim
fazer aqui.
Não quero dizer que ouvi sua família conversando, não quero repetir
as coisas que seu irmão disse, mas ainda não sei como fazer para ele me
contar.
Oliver senta na beirada da cama e vou até ele, seguro seu rosto e o
beijo. Deixo minhas mãos escorregarem pela sua barba, mas quando toco
seu pescoço, ele agarra meus pulsos depressa, com a raiva e o desejo se
hoje, Oliver.
— Ah, eu vou, sim — ele diz. — Amarrar e vendar. E você vai ter
Ele me encara com olhar confuso, mas solta meus pulsos. Levo as
mãos até a gola da camisa, mas sou detida antes que consiga tocar um
botão.
momento que a dor aparece. Fica visível que isso é tudo que quer, ser
tocado, ser beijado, mas as coisas que o infeliz do seu irmão colocou em
à diante.
Oliver respira fundo. Vejo uma cicatriz logo abaixo do seu pomo de
— Por que uma mulher linda como você iria querer uma colcha de
mais alguma coisa, dizer o quanto gosto dele, mas ainda não sei se posso
Oliver fecha os olhos quando empurro o tecido pelos seus ombros. Seu
maior das cicatrizes passa pelo seu peito direito, ombro e se estende em
tiro a camisa dos seus pulsos, enquanto observo seu rosto. Oliver
Abro o botão e o zíper da sua calça social, encosto meu corpo contra
o dele e enfio a mão dentro da sua cueca. Meu clitóris palpita no ritmo do
Ele faz uma careta e geme meu nome, respirando fundo, tomado pela
mamilo, esfrego meu pé por trás do seu joelho e ele geme, enquanto
firmes, a cicatriz que vem desde a barriga ao quadril. Desço as roupas até
— Caralho — murmuro.
Quero me agachar e lambê-lo todo, mas me contenho. Dou a volta e
lábio.
corpo para enxertar nas áreas mais atingidas, mas resolveram poupar minha
vez.
panturrilha.
— Nove. Cinco meses e meio no hospital, pra ficar desse jeito — ele
lamenta.
ele era sem as cicatrizes, nem fantasiando, porque essas são as marcas da
sua história, de como é um herói e faz tudo para proteger quem ama.
— Não sei o que fiz para merecer isso — diz baixinho.
O abraço por trás e beijo suas costas, escorrego as pontas dos dedos
pelo seu peito e sinto as batidas fortes do seu coração. Não sei o que dizer
encontrar sua pélvis. Quando toco seu pau novamente, Oliver me detém.
que só está aqui por pena. Não tem que mentir, pode ir embora.
irmão disse.
Ele arfa quando seus dedos escorregam pelos meus grandes lábios.
desejá-lo.
meu clitóris.
gostoso, amor.
de mim.
— Sem, quero sentir você gozar lá dentro — digo e ele bate o pau
É a primeira vez que estamos assim, os dois sem roupa, olhando nos
— Tenho — respondo.
Ele afasta o quadril, toca meus joelhos e me faz abrir mais as pernas.
Depois, segura minha garganta e me inclina para trás, então, com a mão
Oliver aperta ainda mais minha garganta. Olho para baixo e vejo a marca da
eu seria bonzinho?
— Não — respondo, antes que ele aperte meu pescoço outra vez.
ou o prazer.
boceta. Sua saliva escorre e espero que ele chupe, me abro toda ansiando
por sua língua, mas ele fica imóvel, me olhando como se fosse um predador
sua boca.
de alívio, mas sou impedida. Ainda segurando meu pescoço, ele afasta um
Ele segue pelo meu ventre, passa pelas minhas costelas e atiça um
dos meus mamilos com a ponta da língua, mas só para piorar meu estado.
seu corpo para mais perto do meu. Ele me encara o tempo todo, deixando
lábios.
Seu pau pulsa em mim e gemo, enlaçando seu quadril com minhas
aproximar, mas tento controlar, adiar esse momento, porque estou derretida
contra sua boca e o abraço o mais forte que posso quando o clímax vem.
Quando Oliver segura meu corpo e me faz ficar por cima, o cavalgo
Ele me segura nos seus braços e goza junto, gemendo meu nome
suor das suas costas, certo de que, Caroline vai cair em si a qualquer
— Você também é — ela diz, virando-se para mim, com o corpo nu,
Rio da sua piada e passo a ponta dos dedos entre os seus seios.
A encaro esperando o momento em que vai rir e dizer que não ficará
com alguém como eu, mas o que vejo em minha frente me desestabiliza.
algumas internas, outras externas — Caroline diz e ergue a mão para tocar
meu peito.
sente nojo de mim, mas não consigo ver isso. É como se ela realmente
Oliver...?
— Pergunte o que quiser — digo, arrumando seu cabelo atrás das
orelhas.
— Acho que seu pai pensa que estou interessada no seu dinheiro —
— Eu não vou negar que preciso de dinheiro, você sabe disso, mas
eu queria conquistar com meu trabalho, como sempre fiz, não da forma que
sua família deve estar pensando — Caroline continua. — Desde que fui
para o Brasil com você, tinha esperanças de que gostasse do meu trabalho,
operações. Quando me convidou para vir aqui, imaginei que iria anunciar
isso, mas o que sinto por você não tem nada a ver com dinheiro.
— Eu gosto do seu trabalho, quero você no Brasil comigo, o cargo é
Caroline sorri e meu coração acelera. Fecho os olhos quando ela toca
importasse.
— Tudo, amor.
— Quando disse que não poderíamos ter nada além de foder, era por
— Não achei outro motivo para você demonstrar tanto interesse, mas
apoiando a mão no colchão para sustentar meu peso, então aproximo a boca
da sua orelha.
ainda mais forte, sei que posso me arrepender, mas resolvo ir em frente. —
desejo de todas as formas que alguém pode desejar outra pessoa. Eu quero
enchem de lágrimas.
— Eu nunca me apaixonei... — admite, respira fundo e uma lágrima
nunca tive um homem que me tratasse tão bem. Tudo que mais desejo é ter
— Sou seu, meu amor. E você é minha, já falei várias vezes — digo
que dá medo, porque nunca me senti assim. — Sobre ser sua esposa...
imagino que ela diria sim. — E entendo que você é maduro, que quer voltar
a ter alguém ao seu lado, dividindo a criação dos gêmeos, sei o quanto eles
— Qual deles?
ciumento.
pergunto.
pergunta.
Ela toca as cicatrizes da minha barriga, então desce da cama de
repente.
volta do corpo.
— Já volto.
na pele.
— Calma — Caroline diz, sentada, inclinada sobre mim. Fica em
— Por quê?
está fazendo desenhos em volta delas. Como tive tanta sorte de encontrar
Caroline
suas costas.
muito além, porque vejo seu pau ficando rígido, conforme passo as mãos
Não posso acreditar que ele é meu, nunca tive um momento feliz
assim.
se sua fome não passasse. Gosto disso, porque meu desejo só aumenta.
com os corpos nus e exaustos, me sinto a mulher mais feliz do mundo. Não
imaginava que um dia fosse ser amada assim, que encontraria alguém que
cuidasse e me protegesse.
Mas, quando acordo, Oliver não está mais aqui.
perguntar onde ele está, mas lembro que deixei no outro quarto, junto com
Ando pelo corredor na ponta dos pés, não sei o porquê, mas estou
sentindo a ansiedade me corroendo por dentro. Não faz sentido. Vou ser
promovida e tem um homem incrível que deseja me ter como esposa, não
que bate forte. — Oliver não diria que me ama para depois me deixar aqui.
Abro a bolsa e pego o celular. Corro os olhos pelas notificações,
quando estou para ligar para ele, mas uma delas me chama atenção.
abrindo a conversa.
Ligar para Oliver e saber onde está é muito mais importante, mas
cantos.
A pessoa que filmou dá um zoom e reconheço o rosto da minha mãe.
que é só alguém muito parecido com ela, mas não tem como. Aquele
cenário é a cozinha da nossa antiga casa. O vídeo só pode ter sido gravado
Começo a tremer tanto que mal consigo enxergar a tela. Emilio cai
no chão e quero tapar meus ouvidos com o estrondo do seu peso. Minha
mãe se agacha, monta sobre ele e enfia a faca mais fundo. Consigo ver os
Meu irmão tenta tirar a faca, mas Emilio já não se debate mais. Está
morto.
tentando entender o que aconteceu para ele ter levado a culpa, para ter sido
sentar.
— Você não foi a única a receber esse vídeo, Caroline — uma voz
ocasião especial. Telma deu azar de me contar o que ia fazer naquela noite,
áudio.
— Sabe por que levei quase vinte anos para mostrar esse vídeo tão
punho e tento enfiar na minha boca para controlar a raiva. Não pode ser
verdade. Isso é só um sonho ruim. Minha mãe não poderia ter feito isso
meu silêncio todos esses anos. E sua mãe sempre escapando de tudo. Você
deveria quitar a hipoteca toda pra que Telminha pudesse fazer um novo
Agora a polícia de uma das cidades já deve ter ido atrás dela. Fiz minha
por um ódio que faz meus membros tremerem. Me arrasto pelo tapete, pego
lembrando das surras que levei na infância, das coisas as quais fui exposta,
Não sei onde Oliver está, mas não quero que me impeça, não quero que me
faça esfriar a cabeça, acima de tudo, não quero que me veja nesse estado.
Não tenho muito dinheiro na conta, mas ainda estou com o cartão
28° DIA
Desde que as crianças nasceram, passei a ter o sono leve, ainda mais
cheiro de frutas nos seus cabelos e a abraço, orando baixo para que isso não
seja um sonho, para que ela ainda esteja aqui quando o sol nascer.
Mesmo que isso tenha parecido impossível nos últimos anos, quero
ser amado e vou fazer o que puder para cuidar dela, para protegê-la.
responde.
contou sobre Leif Owens e a conta no País de Gales, mas não posso e não
afastado.
Phillip.
documentos falsos, três anos após sua morte. Uma para alugar um
primeiro filho.
empresa que reformou seu castelo. Damon McGuire, o mesmo infeliz que
sócios dos pais da sua esposa, mas minha conclusão foi a mesma da polícia,
que tinha sido um acidente. A fiação era antiga, esse tipo de incêndio
irmão e descobri que McGuire não usava a conta de Owens sozinho, Phillip
Minha boca está amarga, a bile sobe pela minha garganta, minha
pele arde.
— Ele estava tão seguro de que nunca seria pego, que não fez
Viu como foi fácil descobrir as ligações, o infeliz do seu irmão deixou o
daquela vez, era para ter acabado com quatro, mas só conseguiu um.
McG: Eles estão no Brasil agora e o serviço é muito mais caro. Não
McG: Não tem uma libra na conta. Você era o único que podia sacar.
McG: Não tenho nada a ver com seus problemas paternos. Coloque
herdeiro da família.
aparelho.
cobrar nada pelos dois, é a minha reparação por não ter encontrado o
Toda dor que passei depois, tanto no corpo quanto na alma, por ter
perdido minha esposa, por meus filhos terem perdido a mãe... Não dá para
acreditar que tudo isso foi encomendado por alguém que eu chamava de
fazer isso. Se armar uma confusão na frente dos meus pais, vou precisar
contar a história toda. Não sei o que Donovan faria, se me ajudaria a matar
Ele nos queria mortos para não ter que dividir a herança.
Eu o quero morto também, mas não por dinheiro.
— O outro você pode matar. Queimado, como ele fez com minha
esposa — digo por entre os dentes. — E antes que ele faça alguma merda.
Quanto a Phillip... Preciso pensar com calma. Ele tentou contratar outro
Não sei se quero que meu pai saiba o que seu filho foi capaz de
além de revidar.
Que culpa Cinthia tinha para ser queimada viva? Ela era tão boa, tão
gentil, e amava tanto as crianças. Foi ao seu lado que vivi os únicos anos de
paz da minha vida. Ela não merecia partir do jeito que partiu.
nesse momento. Tenho certeza de que, se deitar por um tempo ao seu lado,
cicatrizes, e mesmo assim me aceitou. É alguém que vou querer ter ao meu
cama. Imagino que acordou cedo por causa do fuso horário. Checo o
do que já estou, vou até o outro quarto, onde está sua bagagem.
Não tenho mais um coração inteiro para se partir, então a decepção
de não encontrar sequer sua mala o tritura. Ainda assim, pego o celular e
desligado.
Ando pelo quarto, considerando o que posso ter dito para fazê-la ir
embora, porque não quero considerar que Caroline mentiu sobre me querer,
levantar pelos meus filhos, mas não sei quantos mais ainda vou suportar.
dor de cabeça que me atinge, meus olhos ardem. Tem tanta raiva, mágoa e
decepção dentro de mim que não sei como mantenho a cabeça no lugar.
fundo.
e vou até lá para constatar que é o aparelho dela. Ele não foi danificado em
ter acontecido de tão grave para Caroline ter quebrado o celular dessa forma
e ido embora.
Resolvo afastar Phillip da cabeça por enquanto. O “detetive” vai
Ele está aqui na Califórnia e, com meu pai monitorando seus gastos,
não vai contratar outro assassino tão rápido. Meus filhos estão seguros no
Ligo para a primeira pessoa que me vêm a mente. Vivian diz que não
questiona em inglês.
que não fiz ou disse nada que a fizesse ir embora desse jeito.
machucado ela — ele faz uma pausa e ouço sua respiração pesada —, eu
meu pai quando tinha dezessete anos. Você não imagina do que sou capaz
paravam de falar seu nome em Bento Gonçalves. Você matou seu pai para
proteger seus irmãos, não é um assassino frio e não precisa fingir ser. Eu
amo sua irmã e não a magoei. Só quero descobrir para onde ela foi.
atrair por uma mulher que tem uma família tão problemática quanto a
que contei ao irmão sobre nós sem consultá-la, mas, desde que ela esteja
que recebi do aplicativo do banco, o mesmo em que fiz o cartão que dei a
aérea.
Posso ficar aqui tentando decidir o que fazer com Phillip, ou ir até o
la lá, ou posso pegar o jatinho do meu pai e voltar para São Paulo.
Sai de Los Angeles ainda pela manhã, mas devido ao fuso de quatro
pensamentos.
O nervosismo é tão pesado agora que não sei como meu coração vai
— E sua mãe?
— Não é uma coisa que eu posso contar aqui — ele murmura, pega a
e olha para o irmão. — Sua mãe foi levada para a delegacia essa manhã.
Olho para Stefan, mas ele carrega aquela mesma máscara que
acabou de ligar pra Eros. A polícia de Jaguarão entrou em contato com ele
sobre o peito.
foi você quem matou Emilio e levou todos esses anos para entregar a
explicar.
abraçá-lo.
da esposa e do irmão.
Ela te deu metade do dinheiro da venda do sítio, usou outra parte pra pagar
— A maldita dívida que minha mãe fazia Carol pagar todo mês,
— Era mentira, e nossa mãe não queria que Carol te dissesse uma
palavra sobre essas parcelas, muito menos que te pedisse ajuda — Stefan
Quando você ia nos visitar, em Jaguarão, ela passava dias nos dizendo
como deveríamos nos comportar, o que responder para cada pergunta que
você poderia fazer — Stefan explica com detalhes, mas seu rosto não
demonstra raiva ou tristeza, apenas seriedade. — Quando eu fiquei maior, e
vinha te visitar aqui, ela me ensinou a mentir sem mexer um único músculo
do rosto, a nunca olhar para esquerda enquanto estivesse falando, dizia que
isso era coisa de gente mentirosa e que você poderia descobrir. Ela nos
treinou tão bem que Caroline e eu podemos mentir sobre qualquer coisa,
— Por que ela fez isso com vocês? — é Giulia quem pergunta.
padrasto nos batia, ele o mataria e depois iria pra cadeia. — Stefan encara o
irmão mais velho. — Caroline morria de medo que você estragasse sua vida
outra vez, por nossa causa. Eu também não podia deixar que isso
acontecesse.
assassinato do seu pai para que Stefan não nascesse na prisão e Caroline
ficasse sem a mãe. Você fez tudo que podia por todo mundo — Giulia
quando eu não merecia — Stefan diz e faz uma pausa para respirar fundo,
iríamos mentir até o fim. A única culpada é a filha da puta da minha mãe.
Parece que não sou mais o único que está tremendo. Giulia é a
mantendo a conversa nos dois idiomas. — Para ela ter quebrado o celular
— Eu não posso nem imaginar a raiva que ela deve estar sentido —
pode estar vindo nele — Dimitri volta a falar, com o tom de voz mais
controlado.
— Ela vai ter que descer aqui e pegar outro voo doméstico para
para Pelotas — Dimitri diz. — Vou ligar para Artho e Charlotte. Como
juíza, ela vai nos ajudar a manter aquela desgraçada presa, porque dessa
vez, Telma vai ter que pagar dobrado por toda a lágrima que fez cada um de
nós derramar.
internacional, assim posso ter acesso a área onde ela vai descer, se estiver
nesse voo — digo a eles em inglês, para ser mais rápido. — Vou esperar por
de ter saído da casa dos pais de Oliver daquela forma, sem ter deixado uma
mensagem explicando. Mas como podia se, tomada pela ira, eu destruí meu
celular?
Não sei para onde foi, nem se demorou a voltar e o que pensou
quando não me encontrou lá, e não tenho como saber agora, então eu revivo
tudo.
Foi por causa do meu amor incondicional por ela, por ser minha
mãe, que conseguiu me enganar e manipular todo esse tempo, e não posso
deixá-lo falar mais alto agora. Eu a odeio com tudo que posso, não importa
comunicar com Oliver, explicar porque saí sem avisar, quando o vejo
esperando por mim.
direção. Ele me segura nos seus braços, me tirando do chão. Deixo minha
bolsa de mão cair e me agarro a ele com toda força, e Oliver retribui.
Seu corpo quente e seu coração disparado são tão aconchegantes que
te encontrei — Oliver diz com o tom de voz gentil, afagando meus cabelos.
peguei o jatinho.
tocando seus ombros, ainda sem acreditar que ele está aqui por mim. —
Enterro meu rosto na sua clavícula e volto a chorar. Agora sinto uma
momento.
uma dívida...
gabava em pensamentos por ser uma boa mentirosa, quando estava sendo
engana da pior forma, pela última pessoa do mundo que deveria fazer uma
irmão já sabe sobre nós. Na verdade, ele sabe de tudo agora. Stefan contou
o que vocês passavam em casa. Acho que não tem mais nenhum segredo.
Deixo que Oliver me guie até minha família, mas assim que vejo
ele pergunta quando me acolhe nos seus braços, erguendo meu corpo com
— Eu não queria que você perdesse sua mãe e que Stefan nascesse
nós, o fez abrir mão da sua liberdade por alguém que não merecia.
— admito, tirando pelo menos esse peso dos meus ombros. — Não queria
que você fosse pra cadeia.
depois de decolarmos.
Ele está sentado na poltrona ao lado de Giulia que tem suas pernas
nada. A raiva fica visível no seu rosto. — E tudo por culpa daquela cobra
nós.
— Juntou o demônio do seu pai e seu tio, e nós... — Dimitri sacode
— Vocês dois ainda têm sorte. São filhos de pais horríveis, mas pelo
esconder as marcas que meu pai deixou, e minha mãe não era um exemplo
— Artho acrescenta.
— Não esqueço o que você passou com Ayla por causa dela —
Stefan.
Henderson quando tinha oito anos, minha mãe era uma viciada que me
alcance.
— Minha mãe é amorosa e eu perdi meu pai, mas ele era um bom
Depois que essa merda passar — Dimitri volta a falar, depois de alguns
canto. — Ainda mais agora que eu sei que não matou ninguém.
diz.
— Eu tô falando sério, você mexeu com a minha irmãzinha —
medo de você.
palmas das mãos. — Eu já vou fazer vinte e nove anos e não preciso que
costas na poltrona.
— Também quer que eu faça isso, Dimi? — Giulia questiona meu
lembrou de pegar. Ele foi levado para a delegacia também, depois os avós
paternos vieram buscá-lo e levaram ele para Pedro Osório, onde moram.
e ele vai entrar com o pedido de guarda provisória, mas o juiz não vai
conceder se julgar que você não tem estabilidade para cuidar dele. Você
— Com certeza, se Caroline for casada com alguém que tem a sua
— Você faria isso por mim? — pergunto olhando para ele, aliviada
por ainda existir tanto amor dentro do meu peito, mesmo tomada por tantos
sentimentos horríveis.
— É a segunda vez que eu te peço em casamento e não fui romântico
— Não acredito que você vai se casar com Carol para ajudá-la a
negar a guarda.
Charlotte brinca.
em negação.
cretinos.
Por um momento, caio na risada com eles. Me sinto tão feliz que
29° DIA
Confessar um crime que não cometeu também é uma infração, mas
Charlotte e Artho dizem para Dimitri que não precisa nem se preocupar
com isso.
que ele venha nos encontrar e ajudar assumir o caso, depois que aterrizamos
pela manhã.
Jaguarão.
— Só lamento que você tenha que reviver tudo isso, mas é um alívio
poder dizer a todo mundo — Giulia diz. — Fiz questão de ligar para minha
mãe, espero que ela espalhe a notícia de que você era inocente depressa.
esposa.
notícia.
Stef segura minha mão o tempo todo, enquanto Artho guia o carro
sofra na cadeia, que viva numa cela imunda, podre, que não tenha paz nem
para dormir. Quero que apanhe como eu apanhei quando fiquei detido, que
ninguém para visitá-la. Que ela sinta na pele e na alma tudo que eu passei.
Que pague por cada surra que vocês levaram e não puderam pedir ajuda.
— Ela vai sentir — é a minha vez de falar —, mas vai sentir com
juros, por muitos anos. E nunca mais nos verá, nenhum de nós, nunca mais
Passamos em Pedro Osório para ver Giovanni e ele deixa claro que
prefere ficar comigo do que com os avós Greco. Prometo que faremos o
raptar meu irmãozinho, mas Artho e Charlotte logo tiram essa ideia da
minha cabeça.
Quando aterrizamos em São Paulo, sinto que deixei um peso enorme
para trás. Voltamos para o nosso condomínio em silêncio, mas acho que
casa de Oliver.
— Eu desejo que você seja amada como eu sou — sussurra para que
só eu escute. — Que ele te faça muito feliz, porque você merece muito, mas
estão todos bem, enquanto eles dão tanta risada que perdem o fôlego, mas
quem vai subir no colo dela primeiro. Imagino como vão reagir quando
e, por um momento, sinto ainda mais dor por ver suas carinhas de decepção.
batendo palmas e dando gritinhos, enquanto Daryl Dixon late, sem entender
nada.
acontecendo.
tranca a porta.
olhando não só com desejo, mas com admiração. Sei que não sou bom o
bastante, que corro o risco de tirar a camisa e fazê-la se dar conta disso, que
viver no escuro outra vez, ficar sempre vestido na sua frente, usar venda e
corpo.
comigo não seja real. Ainda tenho receio de tirar a roupa na sua frente e
você perceber que não é isso que quer para sua vida. Que não quer viver
Eu te amo e não quero que você diga mais uma coisa dessas, Oliver.
meu irmão, quer me lembrar das ideias ruins que colocou na minha cabeça.
Lembro de tudo que descobri antes de vir para o Brasil, que o porco
do McGuire deve estar morto agora, e que ainda preciso decidir o que fazer
com aquele que mandou botar fogo no meu lar, para matar a mim e toda
minha família.
— Fica comigo, Oliver — Caroline diz baixinho, abrindo a minha
calça. — Deixa essas lembranças ruins pra lá e fica do meu lado, eu preciso
tanto de você. Mal provei do seu amor e já não sei mais como viver sem.
Vamos tentar superar toda a merda do nosso passado juntos. Vamos voltar a
fazer terapia... sei lá. A gente precisa abandonar as memórias ruins para
Ela não sabe o que estou passando, não faz ideia das coisas que
perturbam minha cabeça, mas tudo que diz se encaixa no momento. Eu não
quero deixá-la agora, não quero sair de perto dos meus filhos, não quero
passar mais um dia longe deles para resolver a porra dos problemas, mas
tocando seu rosto com delicadeza —, quero estar perto da senhora Collins e
até daquele cachorro caramelo. Percebeu como está engordando e ficando
mais atrevido?
— Percebi sim.
gêmeos continuem brincando com os filhos dos seus amigos, quero que os
amigos do seu irmão façam churrascos aqui outra vez. Eu quero todas as
— Você terá tudo isso, porque merecemos um final feliz — ela diz e
horas.
Tiro sua calcinha e ela puxa minha cueca para baixo, em seguida vai
aos seios, enquanto ela contrai o canal, apertando o meu pau com a boceta
corpo na minha direção. Quando percebo que está no seu limite, encosto a
corpo com a toalha, depois espalho o hidratante que ela gosta no seu corpo,
seus pés. Em seguida, penteio seu cabelo loiro e comprido. Nesse momento,
— Não lembro quando foi a última vez que alguém cuidou de mim
reparo nisso. Sempre que alguém pergunta o que quer, ela dá um jeito de se
lado.
a ficar corada.
você o mais rápido possível para que pudesse conseguir a guarda dele.
— Eu... — ela fica pensativa por um instante. — Pensei que era uma
— Não brinquei, eu disse que ele não podia decidir por você.
conversa.
perdeu o pai e precisa vir morar com a irmã. Vocês o aceitariam aqui?
— Ele vai ser nosso irmão mais velho ou tio? — Jake quer saber.
realmente considerando a ideia de incluir seu irmão nas nossas vidas, que
recém adotado — lembro que ela não é a única que tem uma bagagem —, e
você tem apenas um irmão. Acho que estamos exigindo muito mais de
você.
Percebo que todos estão sorrindo, até senhora Collins parece feliz
com a ideia de ter mais gente em casa. Eu também quero sorrir, mas ainda
não consigo.
saber.
que seria melhor deixar ela e o pai dormirem sozinhos? — senhora Collins
Seguro sua mão e coloco sobre meu peito, respiro fundo para
controlar a raiva.
— Você não pode se esconder dos seus filhos nessas roupas para
— Eles te amam mais que qualquer outra coisa no mundo, não vão
roupa.
— Eu quero fazer isso, ela está certa, eu não posso passar a vida toda
pessoas sem ter todo o corpo coberto pela primeira vez, desde aquela noite.
com isso.
meu lado, enquanto Jake vai para minhas costas e ergue minha camiseta.
aceitando.
inocência.
Caroline está ao lado da cama, olhando para nós com orgulho e os
olhos marejados.
Não sei como alguém pode ter mudado tanto minha vida em apenas
trinta dias. Acho que não é sobre o tempo que passamos juntos, mas em
um fim.
acrescenta.
minha garganta, não só pelo que causou no passado, mas por ainda interferir
no presente.
Oliver
— Tem certeza de que é isso que você quer? — meu pai pergunta
eu já sabia que ele não iria se opor. Se fosse alguém que se preocupasse
— Não vamos fazer festa. Vamos nos casar apenas no civil, dentro
calado.
presa por ter assassinado o marido, e minha noiva está lutando para
— Eu sabia que havia algum interesse por trás disso — Phillip não
futuro.
Phillip bate o punho contra a taça de vinho, espalhando a bebida
— Querido — minha mãe levanta para ir atrás dele, mas meu pai diz
fazem o mesmo.
— Nós vamos ao seu casamento, mesmo que seja uma coisa simples
Imagino como deve ser doloroso para ela ter um filho como aquele
desgraçado. Em breve isso irá acabar e ele não vai mais infernizar a vida de
ninguém.
— Volto amanhã cedo, não posso ficar longe da sucursal —
TORTURA.***
quando chego.
— É claro que está — digo e paro diante dele, a raiva dominada cada
inchado.
— Depois que Oliver terminar com você hoje, vai te deixar aqui para
— Mas vai começar devagar, para que você saiba como é sentir a
pele derretendo — digo lentamente, com a lembrança das dores tão fortes
que nem os remédios conseguiam aliviar. — Para que você aprecie a dor.
— E quando sua pele derreter toda e não sobrar muita coisa além dos
deixar tudo tão perfeito, que ninguém, jamais, vai sequer suspeitar de que
não foi nada além de um acidente, em que seu carro pegou fogo e você
Tenho pouco tempo, preciso estar na casa dos meus pais logo.
quando éramos garotos, o desgosto que dá ao nossos pais até hoje, mas vou
fazer diferente.
As mãos tremem quando encosto a faca no seu corpo e corto a
primeira fatia. O sangue escorre pelos meus dedos e seus gritos fazem meus
tímpanos arderem, mas não paro. Seu corpo entra em choque, começando a
que o fogo me marcou, seu corpo passa a se debater cada vez mais e ele
A raiva não abranda, a dor interna não passa, mas fazê-lo sofrer
equilibra as coisas.
dos seus membros, quebrar seus dedos, porque a perícia não concluiria que
foi um acidente com ossos quebrados dessa forma, então eu soco seu
estômago, sua cara, faço a cadeira virar no chão com os impactos,
esperando que raiva diminua, e bato no seu corpo com a ponta da bota.
decretar que foi um apenas um acidente de carro com uma explosão terrível
Desejo não ver o “detetive” nunca mais. Torço para não precisar
mais fazer esse tipo de coisa, mas tenho certeza de que farei de novo para
proteger ou vingar aqueles que amo, se um dia for necessário, sem pensar
duas vezes.
Oliver
irmão de maneira tão terrível, a sucursal fica abalada, mesmo que a maioria
não ficamos por muito tempo. Não sou frio o suficiente para ver minha mãe
— Pela vida que seu irmão levava, eu sempre soube que ele teria um
fim horrível — diz ao me ver. — Fiz o que estava ao meu alcance para
ajudá-lo.
— Não adie seu casamento por causa disso, Olly. Ele não faria o
Caroline
Gonçalves.”
“Não sabe como sou grato por você ser distraída o suficiente para
nos meter em um cruzeiro de swings. Aquilo foi a melhor coisa que poderia
ter acontecido.”
“Não sei se devo te agradecer por isso, mas você me fez ouvir a
ouvido, e eu penso nela todas as vezes que me abraça. Tudo o que sempre
P.S.: Você me fez gostar de Taylor Swift, Caroline. Tem ideia do seu
poder de persuasão?”
minhas veias. Oliver presta atenção em cada mínimo detalhe, ele tem tudo
casar, ligar para as gurias e contar que ele pediu minha mão em casamento,
resolvemos isso, mas contenho minha alegria e estico a mão para que ele
Por mais que os dias passem, mesmo que Oliver me trate como uma
prioridade de alguém.
sempre.
— Vamos? — ele pergunta, depois que levo o buquê de flores até um
com o anel de noivado, e o sigo. Estou usando um vestido preto que possui
atiça meu desejo, passeando os dedos por baixo do vestido, dos joelhos até
aperto por cima da calça e abro mais as pernas, mas ele afasta a mão,
afasto mais uma coxa, puxo a calcinha de lado e desço a mão até meu sexo.
dedos e mordo do lábio para conter um gemido, para que o piloto não ouça
através dos fones, enquanto Oliver assiste. Escorrego os dedos até minha
longe.
é real.
esticando a perna para tocar sua panturrilha com meu pé. — Eu te amo.
— Eu também te amo — ele diz e pisca para mim. Mas meu coração
erra uma batida porque seu rosto passa a ficar sério. — Você se comportou
mal no helicóptero.
acelerando.
— Shiii — Oliver pousa o dedo indicador sobre os lábios. — Calada,
amor.
meu corpo. Me movo para tirar a calcinha e ele só solta meu pescoço
quando termino.
sentindo nervosa como da primeira vez, só que agora é mais intenso, porque
com vista para a cidade de São Paulo, do último andar do arranha céu.
Caminho até a vidraça e observo os carros indo e vindo, consigo
pelos ombros. Seus olhos percorrem o meu corpo como se me vissem pera
primeira vez. Sinto meu sangue fluir, olhando para o cinto na sua mão, na
expectativa.
mim.
— Não disse que você poderia falar — ele ralha e ergue o cinto.
passo para junto de mim e esfrega o couro contra um dos meus seios. Me
movo agoniada, lambendo o lábio, ansiando pelo toque da sua boca, das
suas mãos, sentindo o calor que emana do seu corpo, seu cheiro de verbena.
desce o couro pela minha barriga até encontrar meu sexo. Não aquento
esperar mais quando ele passa o cinto contra minha boceta, me penduro nos
seus ombros e coloco uma coxa em volta do seu quadril, encaixando nossas
volume duro feito pedra dentro da sua calça. Sua boca vai até meu outro
permitindo que me esfregue contra ele, que puxe seu cabelo. Aperto meu
abruptamente.
— Ótimo.
Ele puxa o cinto e o sigo até uma mesa, onde me coloca sobre o
tampo. Me permite que eu o beije, que tire suas roupas, que toque seus
testículos e o masturbe.
comando com o cinto, abro a minha boca colocando a língua para fora.
encarando. O lambo todo, sugando depressa, o fazendo gemer, até que ele
se afasta, contorna a mesa e aproxima o rosto do meu corpo.
faz abrir mais as pernas. Espero sua língua lá atrás, mas sou surpreendida
Sua língua encontra meu clítoris e preciso tapar a boca com força
dar uma palmada violenta no meu sexo, que me faz querer pecar para todo o
sempre.
Quero gritar, dizer para bater mais e mais, só que não posso, então
choramingo contra a palma da mão quando ele suga meu clitóris outra vez,
dessa mais lento e demorado. Levo outra palmada que faz meu clitóris
vibrar de tesão.
cuzinho.
Levo a mão até meu sexo e rebolo contra seu rosto, escorregando os
Oliver puxa o cinto para me lembrar que ainda é ele quem manda,
abro.
lábios para aguentar quando Oliver voltar a me chupar. Meus olhos reviram,
a camisinha, mas quando Oliver se deita sobre mim, colocando uma das
mãos por baixo do meu corpo, alcançando meu sexo para acariciá-lo, sou eu
quem começo. Empino a bunda contra seu quadril e amo quando seu pau
roça lá atrás.
mesmo tempo que sua glande encontra meu orifício. A palma da sua mão
prazer mais intenso e cruel que já experimentei, conforme seu pau entra e
seus dedos estocam minha boceta. Arranho o chão, apertando os lábios o
máximo que posso, me impulsionando contra sua mão, adorando seu calor
que ele termine a penetração, e como não para, fico ainda mais excitada.
— Assim — eu peço.
Oliver me puxa de lado se apoiando no cotovelo e coloca dois dedos
pergunto aos meus anjinhos, quando eles estão na sala de jogos da casa,
depois da escola.
que Giovanni afirmava preferir morar comigo, fez com que o juiz cedesse
O jatinho dos pais de Oliver está no Brasil e ele pediu que fosse
com ele.
— Senhora Collins disse que ele vai ser nosso irmão mais velho —
preocupada.
Afirmo com a cabeça, emocionada por eles quererem recepcionar
choro, porque estou ficando cada dia mais emotiva, mas respiro fundo e me
seguro.
vai ter uma adolescência decente, com uma família que o ama de verdade.
suas reações.
também.
biquinho.
um grande “o”.
por enquanto.
Acordo mais cedo que Oliver e as crianças. Saio na ponta dos pés e
antes dos gêmeos para arrumá-los, e vou até o quarto que preparamos para
Giovanni.
nascendo passa pelas vidraças iluminando o quarto. Sua bagagem está perto
da escrivaninha, mas não é um grande volume. Meu irmão não tinha muita
coisa para trazer. Pouca roupa, os livros da escola, dois pares de tênis, e
primeira coisa que Giovanni diz quando eu tento, sem sucesso, deitar ao seu
lado na cama de casal sem acordá-lo.
lembrando das vezes em que dei banho nele, quando era um bebezinho,
— Já tava acordado — confessa com a voz grave. Não tem mais voz
Giovanni está mais alto que eu, e tenho 1,75m. — Não consegui dormir
direito.
duro? Muito mole? Podemos trocar o que você quiser, acho que Oliver não
vai se importar.
— Não é nada disso, Carol — diz e se vira, para me encarar. — É
Toco seu rosto, como faço com Stefan, e passo os dedos pelas
aquela que ainda não desapegou dos dias ruins, fica tentando se manter
principalmente depois que Stefan foi embora — ele diz. — Não quero
voltar para aquele lugar, não quero que ela saia da cadeia, e me pegue de
tiver sofrido o bastante, ou até pior, comer o que Dimitri comeu quando foi
detido, dormindo e vivendo como ele viveu, apanhado lá o bastante para ter
desejado estar morta várias vezes, quando tiver pagado com juros tudo que
nos causou, quando sua pena estiver chegando ao fim, ela vai morrer.
— Nunca mais irá nos fazer mal de novo, nunca mais — acrescento.
— Somos fortes agora, você está seguro e tem uma família enorme que te
ama.
traz o bolo que eles pediram a senhor Rodrigues para comprar ontem. Diana
vem logo atrás, carregando meu sobrinho fofo no colo, seguida de Oliver e
mesinha de cabeceira.
o olhar.
— Mas precisava acordar tão cedo? Parece que nem dormiu direito,
um.
cumprimenta Dimitri.
parecendo melancólica.
— Vão matriculá-lo na mesma escola? — Dimitri pergunta, pegando
arrisca dizer, com o sotaque forte, e pisca o olho para mim, antes de pegar
Stefan abre a boca para se opor, mas o encaro com tanta seriedade
— Você não vai fazer Dimitri ter ciúmes da filha mais do que já tem
repreendo. — Se vier com gracinha mais uma vez, eu acabo com aquela
ele brinca.
está esperando?
envolvendo os demônios das famílias são recentes. Vamos nos casar aqui
quarto.
— Ela está linda, não é, Dindo? — pergunta a meu irmão.
estou sentada, usando Black Tie. — Vim aqui para te dizer que não precisa
se casar.
desculpa que deram para marcar esse casamento logo — ele brinca,
Toco a letra C que ele tem tatuada na falange proximal do seu dedo,
atrevimento.
Dimitri a encara com seu olhar frio, mas passo os dedos no seu rosto
sobrancelhas.
mas eu me seguro.
— Você sabe que ele já faz parte da família — meu irmão diz com
tatuagens.
— Da parte dele, só vieram o pai e mãe — comento, com um nó na
garganta. — E acho que o senhor Henderson não vai dizer absurdos ao filho
uma conversa com seu noivo. Garanto que, se quando você descer, ele ainda
Dou risada, enquanto Dimi deixa o quarto para cumprir sua palavra.
seguida.
Respiro fundo.
contado pra gente antes. Queria ser o primeiro a comprar alguma coisa.
Mordo o lábio, emocionada ao ver o par de sapatinhos brancos
dentro da caixinha de acrílico. Meu coração está tão cheio de amor que
quase transborda.
trabalho...
— Giulia me disse que não sou o pior irmão Romano, que Ícaro era
uma decepção — Stef comenta, enquanto passo meus dedos pelo seu cabelo
escuro e grosso.
— Ícaro amava Emílio, para você ter noção — brinco, mas sinto um
peso no coração.
— Então não sou o pior — ele volta a falar, mas Dimitri entra,
— Acho que vocês são uns cretinos de merda, isso sim! — protesto,
escadas.
A emoção ruim vai embora e aperto o braço do meu herói com toda
chique, nem ser o centro das atenções assim, porque jamais pensei que um
dia alguém fosse me amar dessa forma, mas eu sei que não poderia haver
ninguém melhor que Dimitri para estar ao meu lado nesse momento.
Ele desliza as costas dos dedos abaixo do meu queixo para aparar
mas Oliver está me encarando do outro lado, e meu coração começa a bater
noivo.
Me seguro para não cair na provocação, ainda com as lágrimas
rolando, e fecho os olhos quando ele beija minha testa com amor.
Quero sussurrar que ele está lindo pra caralho, mas me limito a
Quando o juiz pergunta se tem alguém, presente nesta sala, que tem
algo a dizer que possa impedir nossa união, eu rapidamente viro a rosto,
Encaro cada um deles com um olhar de ameaça, antes que abram a boca e
vem.
quando Diana entra na sala, vai até meus sogros e os pega pelas mãos, os
baixo, olhando para o teste de gravidez positivo que eu guardei todos esses
— A gente não sabe como ele foi parar lá — Jake faz todo mundo
dar risada.
vida — Oliver diz e faz meu coração se encher tanto de amor que imagino
O sol ainda não nasceu, ele acordou cedo para ser o primeiro a me
Não tenho dormido muito esses dias, e por mais que tente não
pensar, por mais que eu lute para nunca mais lembrar, não consigo.
Oliver.
força.
— Ele só vinha à noite, e minha mãe pedia para não comentar com
Ícaro e nem ninguém. Ela sempre teve muitos segredos — conto aos
desgraçado.
porquê.
Por alguns segundos, eu deixo as lágrimas caírem, antes de me
recompor.
— Caroline... — ele diz. Sua mão treme quando toca meu rosto.
correu pro meu quarto. Enquanto eles brigavam, desci correndo as escadas e
peguei a faca. Queria matá-lo do jeito que pensava que Dimitri tinha
prova e alguns áudios explicando tudo, inclusive que fui eu quem paguei
pelo seu silêncio. Fiquei com tanto ódio que quebrei o celular. Mas
ninguém além de mim sabe que foi ele, porque acho que se as pessoas... —
Engulo a saliva e respiro fundo. — Eu não consegui matá-lo e ele nunca
de tudo para nunca mais pensar no seu rosto ou na sua voz, e eu consegui
Ele assente.
alguém, mas não sabia quem era... E na noite em que nosso padrasto
morreu, quando Stef foi me abraçar, eu tive medo de olhar pra ele, porque
Aperto a mão de Oliver com toda força que tenho, porque eu sei que
ele entendeu.
e ele são muito parecidos. Acho que foi por isso que aquela desgraçada se
última coisa que eu queria era contar ao meu irmão uma coisa dessas, ainda
Oliver beija meu rosto com carinho e faz massagem na sua testa.
Novembro
canto baixinho Livin` On A Prayer para ela, errando todas as notas, mas
com alívio de saber que ela vai ser a criança mais amada do mundo.
— Se você não me deixar carregá-la, vou ter que fazer um bebê pra
mim — ele tem a audácia de dizer, vindo para minha frente e cheirando os
— Sabia que sua mãe julgava os irmãos por serem ciumentos e agora
eu tenho que descontar todo meu amor por bebês em você, princesinha —
diz e a olha com tanto amor que fico imaginando como será quando for pai.
maravilhosa.
expostos pela camiseta, coisa que ele demorou meses para usar na frente
cicatrizes.
Já me acostumei tanto com elas que nem lembro mais que existem,
descemos juntos. Stefan está exibindo Eva todo mundo, mas a mantendo
Ele se agacha e faz carinho na cabeça do cachorro, para que não se sinta
sozinho.
— Sabe o que eu estava pensando? — Eros diz, sentado ao lado de
Raquel.
Ariela.
— Que até agora não teve nenhuma discussão sobre quem vai
— Eu acho mais justo que seja alguém que não trabalhe diretamente
Dimitri se agacha ao lado do sofá onde Celiny e Jake estão com Eva.
bochecha da bebê.
revela.
quiserem, é claro.
Ayla vem me abraçar com os dedos sobre os lábios, percebo que está
tremendo, surpresa.
dias.
voltam a discutir.
Abraça Oliver primeiro, e depois me aperta tanto que meus seios cheios de
Ele e Ayla vão até o sofá tentar disputar Eva, mas logo terei que
são batizados, quando meu esposo diz que não, a disputa começa, como se
fosse um leilão.
Oliver ama isso, nunca se incomoda de ter a casa cheia.
Seu pai vai se aposentar dentro de alguns meses, e ele vai assumir a
jamais acreditaria.
faria.
Fim
Estes são os outros livros da SÉRIE CLUBE DOS CRETINOS:
completamente opostos, mas ambos têm algo que o outro precisa muito.
Charlotte Castro é uma estudiosa caloura do curso, mas sua vida social é
conta.
apaixonar.
Mas quando os encontros de mentira se tornarem mais quentes e reais do
que planejavam, e o desejo ardente consumir seus corpos, qual dos dois será
Sinopse:
família. Ele é um dos membros do Clube dos Cretinos o mais sério, frio e
autoritário.
e MUITO GOSTOSO.
tem medo de falar o que pensa, principalmente para Eros. Quando seus
Ele é turrão e fechado, ela tagarela e extravagante. As farpas entre eles são
inevitáveis.
incontrolável paixão?
Um momento de fraqueza pode mudar tudo, mas seriam eles capazes de
Sinopse:
o fôlego.
longos anos.
Agora, juntos e casados, o fogo que os consome parece ainda mais intenso.
Sinopse:
traumas do passado, que arruma confusão por onde passa, como um bom
Ariela Schmidtz é tão tímida e estudiosa que não percebe o quanto sua
beleza chama a atenção dos rapazes. Com a vida toda planejada pela mãe,
Ariela é a única coisa que Lion não pode ter. Ele é o único rapaz que ela
Sinopse:
Quase duas décadas depois, eles ainda se amam como na primeira vez.
choro, de ansiedade.
Obrigada a Laís por não só ter revisado, mas também ter ouvido
momento.
madrugadas.
alguns nomes aqui, mas sei que acabaria esquecendo de mencionar alguém
E vocês?
sempre. <3
Grupo de leitoras
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Facebook
[i]
Once upon a time, not so long ago – trecho da música Livin`On A Prayer, do Bon Jovi.
[ii]
Tommy's got his six string in hock / Now he's holding in what he used to make it talk / So
tough, it's tough – trecho da música Livin`On A Prayer, da banda Bon Jovi.
[iii]
Gina dreams of running away / When she cries in the night, Tommy whispers /Baby, it's
okay, someday – trecho da música Livin`On A Prayer, do Bon Jovi.
[iv]
We've got to hold on to what we've got / It doesn't make a difference if we make it or not
/ We've got each other and that's a lot / For love, we'll give it a shot / Whoa, we're halfway there /
Oh-oh, living on a prayer / Take my hand, we'll make it, I swea… – trecho da música Livin`On A
Prayer, da banda Bon Jovi.
[v]
All I ever wanted / All I ever needed is here in my arms / Words are very unnecessary /
They can only do harm – trecho da música Enjoy The Silence, da banda Depeche Mode.
[vi]
You drew stars around my scars – trecho da música Cardigan, da Taylor Swift.