Regionalização Do Brasil
Regionalização Do Brasil
Regionalização Do Brasil
Por regionalização entende-se a divisão de um espaço ou território em unidades que apresentam características que as individualizam.
Na década de 30 impulsionado pela política de industrialização e de integração econômica e territorial do país, o governo Getúlio Vargas
desmontou a estrutura espacial da economia de arquipélago, criando em seu lugar uma economia nacional integrada
A integração econômica e a centralização do poder político na esfera federal geraram a necessidade do conhecimento estatístico e do
potencial de recursos do território. Por isso, o interesse do governo federal em estabelecer, pela primeira vez, no Brasil, uma divisão regional
oficial. Fruto dessa meta governamental foi a criação , em 1937, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Divisão Regional Oficial
As primeiras propostas de divisão regional do Brasil baseavam-se nas diferenças da paisagem natural. Atualmente, porém, não faz mais
sentido elaborar uma divisão regional que não leve em conta as alterações da paisagem produzidas pelo homem.
Por isso, a divisão oficial do Brasil em regiões baseia-se principalmente nas características humanas e econômicas do território nacional.
A regionalização elaborada pelo IBGE divide o país em cinco macrorregiões.
Os limites de todas elas acompanham as fronteiras político-administrativas dos estados que formam o país. Cada uma das macrorregiões
do IBGE apresenta características particulares.
Existe outra forma de regionalizar o Brasil, de uma maneira que capta melhor a situação socioeconômica e as relações entre sociedade
e o espaço natural.
Trata-se da divisão do país em três grandes complexos regionais: o Centro-Sul, o Nordeste e a Amazônia.
Ao contrário da divisão regional oficial, esta regionalização não foi feita pelo IBGE. Ela surgiu com o geógrafo brasileiro Pedro Pinchas
Geiger no final da década de 60, nela o autor levou em consideração o processo histórico de formação do território brasileiro em especial a
industrialização, associado aos aspectos naturais.
A divisão em complexos regionais não respeita o limite entre os estados. O Norte de Minas Gerais encontra-se no Nordeste, enquanto
o restante do território mineiro encontra-se no Centro-Sul. O leste do Maranhão encontra-se no Nordeste, enquanto o oeste encontra-se na
Amazônia. O sul de Tocantins e do Mato Grosso encontra-se no Centro-Sul, mas a maior parte desses estados pertencem ao complexo da
Amazônia.
AMAZÔNIA
A Amazônia brasileira é o espaço de povoamento mais recente, ainda em estágio inicial de ocupação humana. A área está coberta
por uma densa floresta, com clima equatorial, que dificulta o povoamento. Os movimentos migratórios na direção desse complexo regional
partem tanto do Centro-Sul como do Nordeste, sendo que hoje a região mais recebe população.
Áreas significativas da Amazônia já foram ocupadas, especialmente aquelas situadas na parte oriental da região ou nas margens dos
rios. Hoje esse povoamento se acelerou muito, a tal ponto que os conflitos pela posse da terra se tornaram tristemente comuns. Formaram-se
também grandes cidades, caracterizadas pelo crescimento explosivo e por profundos desequilíbrios sociais e econômicos.
NORDESTE
O Nordeste foi o polo econômico mais rico da América portuguesa, com base na monocultura da cana de açúcar, usando trabalho
escravo. Tornou-se, no século XX, uma região economicamente problemática, com forte excedente populacional. As migrações de nordestinos
para outras regiões atestam essa situação de pobreza.
Em meio à pobreza tradicional, o Nordeste abriga imensos recursos econômicos e humanos, que apontam caminhos para a
superação de uma crise que já se prolongou demais.
As transformações introduzidas nas zonas irrigadas do Vale do São Francisco e a criação de zonas industriais na área litorânea
comprovam essa possibilidade.
CENTRO-SUL
O Centro-Sul é na atualidade o núcleo econômico do país. Ele concentra a economia moderna, tanto no setor industrial como no setor
agrícola, além da melhor estrutura de serviços. Nele se também a capital política do país, a cidade de Brasília.
A geração de riquezas no Centro-Sul tornou essa região a mais rica do país, estabelecendo um polo de atração populacional que, no
século XX, originou as maiores metrópoles nacionais.
O ritmo acelerado desse crescimento criou disparidades sociais gravíssimas, como desemprego, favelização, e problemas ambientais
de difícil solução.
Essa é uma visão superficial da organização do espaço geográfico brasileiro. Ela resume as principais características naturais e
humanas de cada uma dessas regiões.
Por serem vastas áreas, verdadeiros complexos regionais, o Nordeste, o Centro-Sul e a Amazônia registram profundas desigualdades
naturais, sociais e econômicas. As regiões apresentam diferenças entre si e variedade interna de paisagens geográficas.
O NORDESTE- As sub-regiões nordestinas
MEIO-NORTE
Abrange os estados do Piauí e o Maranhão. Do ponto de vista natural, é uma sub-região entre o Sertão semiárido e a Amazônia
equatorial.
Essa sub-região apresenta clima tropical, com chuvas intensas no verão. No sul do Piauí e do Maranhão, aparecem vastas extensões
de cerrado. No interior do Piauí existem manchas de caatinga. No oeste do Maranhão, começa a floresta equatorial. Por isso, nem todo o Meio-
Norte encontra-se no complexo regional nordestino: a parte oeste do Maranhão encontra-se na Amazônia.
O Meio-Norte exibe três áreas diferentes, tanto pela ocupação como pela paisagem e pelas atividades econômicas.
O sul e o centro do Piauí, dominados pela caatinga, parecem uma continuação do Sertão. Essa área foi ocupada pela expansão das
fazendas de gado, que vinham do interior de Pernambuco e do Ceará. A atividade pecuarista foi a responsável pela fundação de Teresina, a
única capital estadual do Nordeste que não se localiza no litoral.
O Vale do Parnaíba é uma área especial. Recoberto pela Mata dos Cocais, tornou-se espaço de extrativismo vegetal do óleo do
babaçu e da cera da carnaúba.
Essas palmeiras não são cultivadas. A exploração dos seus produtos consiste apenas no corte das folhas da carnaúba e em recolher
os cocos do babaçu que despencam da árvore.
Nas áreas úmidas do norte do Maranhão, situada já nos limites da Amazônia, formaram-se fazendas policultoras que cultivam o arroz
como principal produto.
As chuvas fortes e as áreas semi-alagadas das várzeas dos rios Mearim e Pindaré apresentam condições ideais para a cultura do
arroz.
Principais cidades do meio-norte- Teresina-PI, São Luis-MA
SERTÃO
Mais de metade do complexo regional nordestino corresponde ao Sertão semiárido. A caatinga, palavra de origem indígena que
significa "mato branco", é a cobertura dominante e quase exclusiva na imensa área do Sertão.
No interior do Sertão definiu-se uma zona na qual as precipitações pluviométricas são mais baixas, denominada "Polígono das secas".
Porém não é verdade que as secas se limitem ao Polígono: muitas vezes, elas atingem todo o Sertão e até mesmo o Agreste. Também não é
verdade que todos os anos existem secas no Polígono.
No Sertão existiram secas históricas que duraram vários anos, provocaram grandes tragédias sociais até hoje lembradas, como a de
1722.
A ”indústria da seca”
As secas são fenômenos naturais, antigos e inevitáveis. Mas a natureza não é culpada pelos desastres que elas provocam. Esses
desastres poderiam ser evitados se a economia e a sociedade do Sertão estivessem organizadas de outra forma.
Historicamente, as políticas dos governos federais e estaduais contribuíram para manter a desigualdade na distribuição da terra e dos
recursos produtivos. Nunca se realizou uma reforma agrária para permitir aos camponeses o acesso a propriedades de dimensões adequadas.
Nunca se estimulou a mudança da agricultura sertaneja, promovendo-se o plantio de produtos mais adaptados à irregularidade das
chuvas. As políticas governamentais se limitaram a combater a falta de água.
No começo do século XX nasceu o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), órgão do governo federal destinado
a construir açudes no interior do Nordeste.
Atualmente, existem mais de mil açudes, mas a miséria e as migrações continuam a caracterizar o Sertão. Os açudes ajudam a salvar
os rebanhos, mas não impedem a perda das lavouras alimentares.
Cerca de quinhentos açudes, construídos com recursos do governo, localizam-se em latifúndios. A população pobre não tem acesso à
água, mas as terras dos fazendeiros se valorizaram.
Nas grandes secas, o governo federal distribui cestas de alimentos e abre frentes de trabalho de emergência. Essas ações, que
parecem ser uma ajuda para a população pobre, assinalam o funcionamento da "indústria da seca".
As cestas de alimentos são distribuídas pelos políticos locais, pelos prefeitos e vereadores das cidades sertanejas. Em geral, esses
políticos são parentes ou amigos dos fazendeiros. Muitas vezes, o próprio latifundiário, conhecido como o "coronel", exerce o cargo de prefeito.
As cestas de alimentos transformam-se em votos nas eleições, garantindo a continuidade do poder da elite.
As frentes de trabalho empregam camponeses que perderam as suas safras. Por salários muito baixos, esses trabalhadores
constroem açudes e abrem estradas. Os açudes servirão para manter vivo o gado dos latifúndios na próxima seca. As estradas ajudam a
transportar os produtos comerciais das fazendas. A seca pode ser um ótimo negócio... para alguns!
Principais cidades do sertão- Mossoró – RN, Juazeiro do Norte –CE, Patos-PB, Petrolina-PE e Juazeiro-BA.
Agreste
É uma faixa de transição ecológica entre a Zona da Mata e o Sertão nordestino. De largura aproximadamente igual a da Zona da Mata,
corre paralelamente a ela, do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia.
Embora, como no Sertão, predomine o clima semiárido, as secas do Agreste raramente são tão duradouras e os índices
pluviométricos são maiores que os registrados no Sertão.
Na verdade, grande parte do Agreste corresponde ao planalto da Borborema, voltada para o oceano Atlântico, recebe ventos
carregados de umidade que, em contato com o ar mais frio, provocam chuvas de relevo. Na encosta oeste do planalto, as secas são
frequentes e a paisagem desolada do Sertão se torna dominante.
O Agreste é uma área policultora, já que seus sítios cultivam diversos alimentos e criam gado para a produção do leite, queijo e
manteiga. Por isso mesmo, uma sub-região depende da outra, estabelecendo uma forte interdependência.
É a faixa litorânea de planícies que se estende do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. As chuvas são intensas e há duas estações
bem definidas: o verão seco e o inverno chuvoso.
Na época colonial, instalou-se nessa área o empreendimento açucareiro escravista. As condições ecológicas são ideais para o cultivo
da cana. Os solos, férteis e escuros, conhecidos como massapê, cobrem os vales dos rios, que ficaram conhecidos como "rios do açúcar".
Vários desses rios são temporários, pois suas nascentes localizam-se no interior do semiárido.
No início da colonização, a Zona da Mata não era dominada completamente pelas plantações de cana. A população das cidades e
das fazendas necessitava de alimentos. Por isso, uma parte das terras ficava reservada para culturas de milho, mandioca, feijão e frutas.
Muita coisa mudou na Zona da Mata desde a época colonial. A escravidão deu lugar ao trabalho assalariado dos boias- frias. Os
antigos engenhos foram substituídos por usinas de açúcar e álcool. Mas a cana permaneceu como produto principal da faixa litorânea do
Nordeste.
O principal motivo dessa permanência esta na força política dos proprietários de usinas e fazendas. Durante o século XX, a produção
de cana, açúcar e álcool do Centro-Sul evoluiu tecnicamente, superando a produção da Zona da Mata.
Mas os usineiros sempre conseguiram ajuda do governo federal ou dos governos estaduais, sob a forma de empréstimos, perdão de
dívidas ou garantia de preços mínimos. Dessa forma, impediram a diversificação da agricultura do litoral nordestino.
Isso não significa que a cana seja a única cultura da Zona da Mata. No litoral da Bahia, principalmente na área do Recôncavo Baiano,
nas proximidades de Salvador, aparecem importantes culturas de tabaco. No sul da Bahia, na área das cidades de Ilhéus e Itabuna,
concentram-se as fazendas de cacau.
Além disso, a produção de frutas vem adquirindo importância na Zona da Mata. Há várias frutas nativas do Nordeste - como o caju, o
cajá, a mangaba e a pitanga - que servem para fazer deliciosos sucos e doces.
Outras frutas, provenientes das áreas tropicais do Oriente - como a graviola, a jaca e a manga - adaptaram-se muito bem aos climas e
solos nordestinos.