Aula 2 A Formaç o Do Antigo Testamento
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INTRODUÇÃO
I. O CÂNON SAGRADO
CÂNON
É palavra grega e significa uma regra, vara de medir, cana. Cânon neste sentido então,
refere-se aos livros que se conformam com as regras ou padrões da inspiração e
autoridades divinos (Gl 6:16).
Foi a Igreja, guiada por Deus, que de um certo modo “reconheceu” o cânon, após longos
debates. Assim a Igreja “canonizou” os livros sagrados, submetendo-os às regras ou
padrões para verificar sua real inspiração.
Nas Escrituras hebraicas os livros canônicos são 24, mas são os mesmos 39 de nosso
novo Velho Testamento, apenas agrupados de forma diferente. A Igreja Católica, contudo
acrescenta o seu Velho Testamento outros 14 livros ou pedaços de livros.
Mas como foram escolhidos os trinta e nove livros que compõem o Velho Testamento?
b) o cânon, ou seja, o grupo de livros sagrados, não foi meramente o produto de uma
decisão conciliar, em um determinado momento histórico, mas sim um gradual
reconhecimento pelos judeus da autoridade Divina presente em alguns livros então
escritos. Esta coleção de livros acabou sendo posteriormente aprovada, agrupada e fixada
pelo concílio da Igreja. A Igreja "canonizou", de uma certa forma o que já estava
canonizado.
1. As Escrituras Sagradas dos judeus. A Bíblia dos judeus é o Antigo Testamento hebraico
que, hoje, eles chamam de Tanach; sigla esta que vem das palavras Torah Neviym
Vechetuvym, e significam respectivamente “Lei, Profetas e Escritos”
2. O arranjo dos livros do Antigo Testamento Hebraico. Esses 24 livros são exatamente os
mesmos 39 livros do nosso Antigo Testamento.
a) A Torah.
b) Os Neviym.
c) Os Kethuvym.
Os primeiros livros reconhecidos como sagrados foram os que compõem a Lei (Ne 8:1; Sl
119). Veja quão cedo foi esta aprovação e uso em Josué 1:7-8.
A Lei, entretanto foi esquecida com o passar do tempo, levando o povo à idolatria e ao
pecado em Israel, até que foi novamente encontrada durante o reinado de Josias, trazendo
gozo e quebrantamento à nação por volta de 620 a.C. (II Cr 34:14-33).
A seguir muitas das profecias registradas, provaram ser divinas pelo seu fiel cumprimento
e então foram aceitas como "inspiradas" e "canônicas" (Jr 36:6; Zc 1:4-6; Zc 7:7; Dn 9:1).
O terceiro grupo de livros aceitos como sagrados foram os "escritos", compostos e aceitos
em tempos diversos (Lc 24:44).
Na época do chamado "silêncio profético" (após 400 a.C.), muitos livros históricos e
poéticos circulavam entre os judeus. Entre estes, alguns eram reconhecidamente
sagrados, outros reconhecidamente espúrios, e uns poucos duvidosos quanto à sua
natureza. Para este julgamento, os judeus usaram alguns critérios:
Considerava-se que Deus falara até o profeta Malaquias, e depois disto viera o "silêncio
profético". Foi neste tempo, por volta do ano 250 a.C., que um grupo de 70 sábios judeus,
na cidade egípcia de Alexandria, ao traduzir o cânon hebraico para o grego, adicionou à
Lei e aos Profetas já reconhecidos como sagrados mais alguns livros sobre os quais não
se tinha ainda chegado a uma definitiva conclusão com respeito à sua canonicidade. Esta
versão chamou-se "Septuaginta". Só mais tarde aqueles livros de caráter duvidoso foram
considerados espúrios pelos judeus, mas o cânon da Septuaginta já era consagrado e
usado por muitos grupos religiosos.
Jerônimo, entre 385 e 405 a.D., traduziu para o latino cânon da Septuaginta e esta era a
versão universal católica-romana (Vulgata Latina). Na reforma, Lutero foi ao hebraico, e
surpreendeu-se não encontrando ali os apócrifos, fazendo então uma nova versão pata o
alemão, do cânon judaico. Em 1546, no concílio de Trento, como contra-reforma, a Igreja
Católica confirmou o cânon da Vulgata Latina e emitiu anátemas contra a sua rejeição.
c) O historiador Flávio Josefo (90 a.D.), escrevendo em grego para gregos diz: “Porque nós
não temos (isto é, como os gregos) miríades de livros discordantes e contraditórios entre
si, mas apenas vinte e dois...”, justamente aceitos. Cinco são os livros de Moisés, que
compreendem as leis e as tradições da origem da humanidade até a morte dele. Os
profetas que foram depois de Moisés escreveram em treze livros o que sucedera no tempo
em que viveram. Os quatro livros restantes encerram hinos a Deus e preceitos para a
conduta do homem.” Contra Apion, 1, 8.
d) O prólogo do livro apócrifo Eclesiástico (180 a.C.) diz: “Muitos e excelentes treinamentos
nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que vieram depois
deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto que não
somente os autores destes discursos tiveram de ser instruídos, mas também os próprios
estrangeiros se podem tornar (por meio deles) muito hábeis tanto para falar como para
escrever”.
“Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei,
dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever
alguma coisa acerca da doutrina e da sabedoria... Eu vos exorto, pois a ver com
benevolência e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se
alguma vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de
dar o sentido (claro) das expressões”. Este prólogo é um auto-reconhecimento da
falibilidade humana.
e) Os pais da Igreja os rechaçaram: Orígenes (254 a.D.) - Tertuliano (250 a.D.). Mesmo
Jerônimo (400 a.D.) rechaçou estes livros apócrifos, os quais foram acrescentados à sua
Vulgata Latina após a sua morte.
f) Só em 1546, no concilio de Trento como contra-reforma, a igreja católica reconhece
oficialmente os apócrifos como canônicos, após a tradução de Lutero.
É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres
preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta: justificação pelas obras - 4:7-11; 12:8;
Mediação dos Santos - 12:12;
Superstições - 6:5, 7-9, 19;
Um anjo engana Tobias e o ensina a metir - 5:16 a 19.
História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando o inimigo e
decaptando-o. Sua grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa
exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito
posterior, quando da 2a destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Traz entre outras coisas,
a intercessão pelos mortos - 3:4.
ECLESIÁSTICO (180 a.C.).
ADIÇÕES A DANIEL:
Capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda, Daniel salva Suzana num
julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.
Capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria.
Capítulo 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha.
APÓCRIFOS
Quer dizer “ocultos” ou “espúrios”. São 15 livros ou pedaços de livros que fazem parte do
cânon católico, mas não são aceitos como sagrados pelos judeus e protestantes, tendo,
contudo alto valor histórico.
Eles foram incluídos como se fossem sagrados, quando foi efetuada a versão grega do
Velho Testamento (Septuaginta), mas considerados espúrios posteriormente pelos judeus,
daí surgindo o termo que, no entanto só ganhou ênfase, na redescoberta destes fatos,
durante o período da Reforma. Como contra-reforma a igreja católica manteve-se fiel ao
cânon da Septuaginta e chamou estes livros Deuterocanônicos (“canônicos da 2a época)”.
São eles: Tobias; Judite; Éster 10:4-16:24; Sabedoria de Salomão; Eclesiástico; Baruque; I
e II Macabeus; Adições ao livro de Ester e de Daniel (os três jovens da fornalha, Bel e o
Dragão, a história de Suzana); Oração de Manasses; III e IV Esdras.
PSEUDO-EPÍGRAFOS
CONCLUSÃO
CANONICIDADE: Por canonicidade das Escrituras queremos dizer que, de acordo com
"padrões" determinados e fixos, os livros incluídos nelas são considerados partes
integrantes de uma revelação completa e divina, a qual, portanto, é autorizada e
obrigatória em relação à fé e à prática.
A palavra grega kanon derivou do hebraico kaneh que significa junco ou vara de
medir (Ap.21:15); daí tomou o sentido de norma, padrão ou regra (Gl.6:16; Fp.3:16).
*** A fonte da Canonização: A Canonização de um livro da Bíblia não significa que a nação
judaica ou a igreja tenha dado a esse livro a sua autoridade canônica; antes significa que
sua autoridade, já tendo sido estabelecida em outras bases suficientes, foi
conseqüentemente reconhecida como pertencente ao cânon e assim declarado pela nação
judaica e pela igreja cristã.
Concílios e sínodos, ou até mesmo a Igreja, não estão investidos de poderes para aferir ou
“canonizar” esse ou aquele livro das Escrituras.