n19 - O - Oligoidrmnio
n19 - O - Oligoidrmnio
n19 - O - Oligoidrmnio
2020 / 2023
Vice-Presidente
Jose Antonio de Azevedo Magalhaes
Secretário
Mario Henrique Burlacchini de Carvalho
Membros
Alberto Borges Peixoto
Carlos Henrique Mascarenhas Silva
Carolina Leite Drummond
Edward Araujo Júnior
Fernando Artur Carvalho Bastos
Guilherme Loureiro Fernandes
Jair Roberto da Silva Braga
Jorge Fonte de Rezende Filho
Marcello Braga Viggiano
Maria de Lourdes Brizot
Nádia Stella Viegas dos Reis
Reginaldo Antonio de Oliveira Freitas Junior
Rodrigo Ruano
Descritores
Distúrbio do volume de líquido amniótico; Ultrassonografia; Índice de líquido amniótico;
Oligoidrâmnio
Como citar?
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Oligoidrâmnio.
São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-Obstetrícia, n. 19/Comissão Nacional
Especializada em Medicina Fetal).
Introdução
O líquido amniótico é importante componente do ambiente in-
trauterino, pois envolve o produto conceptual durante todo o seu
desenvolvimento. Entre as suas funções principais, destacam-se a
proteção fetal e do cordão umbilical contra traumatismos externos.
Permite, ainda, uma adequada movimentação corporal fetal, que é
importante para o desenvolvimento normal dos membros inferiores
e superiores. Também é responsável pela manutenção da homeosta-
se térmica dentro da cavidade amniótica; tem participação no equilí-
brio hidroeletrolítico fetal, além de ser elemento relevante na matu-
ração dos pulmões e intestinos fetais, por participar da diferenciação
dos seus epitélios.(1,2)
* Este protocolo foi elaborado pela Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal e
validado pela Diretoria Científica como Documento Oficial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de
Obstetrícia, n. 19. Acesse: https://www.febrasgo.org.br/
Todos os direitos reservados. Publicação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO).
Etiologia
No primeiro trimestre da gestação, a etiologia do oligoâmnio, geral-
mente, não pode ser estabelecida. Já no segundo trimestre, a rotura
prematura de membranas explica 50% dos casos de oligoâmnio, se-
guido pela restrição de crescimento fetal em 18% das vezes e distúr-
bios relacionados ao sistema urinário fetal em 15%, sendo apenas 5%
considerados de causa idiopática.(6) Observam-se casos de oligoâm-
nio no terceiro trimestre relacionados ao pós-datismo.(7) Pode, ainda,
haver associação entre a redução do volume do líquido amniótico e
estados de desidratação materna.(8)
Didaticamente, pode-se dividir as causas em três grupos princi-
pais, de acordo com o quadro 1.
Fisiopatologia
O mecanismo de regulação que determina a quantidade de líquido
amniótico não é completamente conhecido, entretanto sabe-se que é
possível que seja determinado pela interação de diversos fatores que
controlam isoladamente cada uma das vias de produção e reabsor-
ção de líquido da cavidade amniótica.
As principais fontes de líquido amniótico são a produção uriná-
ria fetal e o fluido pulmonar. Já as vias de reabsorção são represen-
tadas pela deglutição e absorção intestinal, trocas através da pele,
superfícies do cordão umbilical e placenta. As secreções das cavida-
des oral e nasal, além das trocas através das membranas amnióticas,
participam, em menor escala, do balanço dinâmico final do volume
do líquido amniótico. Distúrbios fetais que comprometam qualquer
um desses eventos podem afetar o volume de líquido amniótico.
Diagnóstico
Clinicamente, a suspeita de oligoâmnio é baseada no achado de altu-
ra uterina inferior à esperada para a idade gestacional e pela maior
facilidade na palpação das partes fetais. O diagnóstico é confirmado
Tratamento
As complicações específicas das gestações associadas ao oligoâmnio
possuem seguimento e tratamento individualizados de acordo com
a condição etiológica desencadeante associada ao caso. Após a rea-
lização da suspeita diagnóstica, deve-se verificar o cenário e a histó-
ria clínica materna para identificar fatores de risco (uso de drogas,
comorbidades ou rotura prematura das membranas) que possam
justificar o achado de diminuição do líquido amniótico. Ressalta-se
a importância da avaliação ultrassonográfica fetal detalhada com
análise da biometria fetal, pesquisa de malformações estruturais,
marcadores de aneuploidias e alterações placentárias. A pesquisa
genética fetal pode ser oferecida aos pais diante da identificação de
anomalias estruturais.
Referências
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10. Reddy UM, Abuhamad AZ, Levine D, Saade GR; Fetal Imaging Workshop Invited
Participants. Fetal imaging: Executive summary of a Joint Eunice Kennedy Shriver
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