Unip - Universidade Paulista Instituto de Ciencias Humanas
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INSTITUTO DE CIENCIAS
HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
SÃO PAULO – SP
NORTE
2023
UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIENCIAS
HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
Monografia apresentada à
dicliplina do Curso de Psicologia,
sob a orientação da Profª Ma.
Edna A. Mercado.
SÃO PAULO – SP
NORTE
2023
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………
1.1 Apresentação.........................................................................................................................
1.2 Tema / Levantamento bibliográfico.......................................................................................
1.3 Objetivos (Geral e Específicos)............................................................................................
1.4 Hipóteses................................................................................................................................
1.5 Justificativa.............................................................................................................................
2.0 METODOLOGIA......................................................................................................................
1.6 Participantes...........................................................................................................................
1.7 Instrumentos...........................................................................................................................
1.8 Aparatos de Pesquisa............................................................................................................
1.9 Procedimentos de Coleta de Dados.....................................................................................
CRONOGRAMA..............................................................................................................................
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CAPÍTULO 1
1.INTRODUÇÃO
1. 1 APRESENTAÇÃO
mentais.
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1.3 OBJETIVOS
Objetivos Gerais
• Analisar a realidade das pessoas em situação de rua com transtornos mentais,
tendo em vista que, propostas de intervenção e atendimento em saúde para
esta população é escassa e o índice do aumento populacional de pessoas em
situação de rua vem aumentando significativamente.
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Objetivos Específicos
• Apontar o índice de pessoas em situação de rua com transtornos mentais;
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1.4 HIPÓTESES
Acredita-se que os resultados a serem obtidos no presente trabalho apresentarão
dados de políticas públçicas que podem não ser suficientes quanto às condições de
saúde, de interação e até mesmo de vivência dessas pessoas em situação de rua
com transtornos mentais, tendo em vista que, além do alto crescimento dessa taxa,
em alguns estudos nota-se que alguns desses indivíduos se perderam de suas
famílias ou desenvolveram algum tipo de transtorno devido ao uso de substâncias,
como o abuso de álcool e outras drogas.
Existe também a questão do abandono das pessoas que possuem algum tipo de
transtorno, por razões de falecimento do cuidador, dentre outras situações que
resultam na condição solitária.
É preocupante saber que a intervenção do estado nessas questões podem não ser
suficientes, ainda que existam propostas e projetos sociais que busquem intervir
nessas demandas. Logo, ao decorrer da pesquisa também espera-se apresentar
esses projetos e propostas, assim como poder colaborar com sugestões de
aprimoramento.
2 JUSTIFICATIVA
2.3 Justificativa Social
Quando pesquisamos sobre pessoas em situação de rua nos registros acadêmicos,
os resultados ainda são bastante escassos, mesmo que apresente um aumento
considerável de estudos voltados para essa temática nos últimos anos. Entretanto,
se filtrarmos para os indivíduos em situação de rua com transtornos mentais, o
número de estudos realizados reduz drasticamente, apontando diretamente para a
falta de interesse e aprofundamento nessa temática.
2. METODOLOGIA
Em nossa pesquisa direcionaremos o estudo da população em situação de rua
enfatizando formas de dar visibilidade ao quesito organizacional das instituições
públicas responsáeis por oferecer serviços, programas e atendimento a esse
público com o objetivo de prevenir situações de risco e fortalecer seus vínculos
familiares e comunitários.
2.2 Instrumentos
5. CRONOGRAMA
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Capítulo II
Nos últimos anos a cidade de São Paulo vem apresentando aumento da população
que se encontra em situação de rua. Entre os principais fatores que podem levar à
esta situação estão: ausência de vínculos familiares, perda de entes queridos,
desemprego, violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de outras drogas e
doença mental, com predominância para pessoas do sexo masculino (82%), com
idade entre 25 e 44 anos (53%) e que se declaram pardas (39,1%); das quais 74%
sabem ler e escrever; 70,9% exercem alguma atividade remunerada, como catador
de material reciclável e flanelinha; 51,9% possuem algum familiar na cidade em que
se encontram, enquanto 38,9% não mantêm contato com seus parentes. Em 95,5%
dos casos não há vínculo a nenhum movimento social e 24,8% não possuem
nenhum documento de identificação (BRASIL, 2009).
Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome, os principais motivos
que levaram as pessoas a viver nas ruas são o abuso de álcool e drogas (35,5%),
desemprego (29,8%) e conflitos familiares (29,1%). Além disso, algumas pessoas
escolheram viver nas ruas por conta própria, mas não há porcentagem determinada
deste fator, contudo deve ser levada em consideração. Ao relatarem a escolha como
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a responsável pela vida nas ruas, justificam que a busca pela sensação de liberdade
é a principal motivação (BRASIL, 2009). Logo, podemos perceber que:
A situação de rua é multifacetada e multideterminada. A motivação
para se estar na rua perpassa desde questões subjetivas, de cunho
mais individual, como a perda de um grande amor, por exemplo,
quanto questões estruturais, como o desemprego. A
multideterminação implicaria, também, na possibilidade da
conjugação de fatores que levam os indivíduos a enfrentarem o
processo de rualização. A vivência nas ruas é multifacetada, visto
que cada indivíduo, mesmo que possua em comum com outros a
mesma motivação para estar na rua, também divide características
análogas, como raça, classe e gênero, e traz consigo sua própria
história, sua própria subjetividade, sua própria forma de viver e sentir
essa experiência. (NUNES, et al, 2021, p. 34)
A subjetividade é parte importante deste contexto, pois cada pessoa lida com suas
questões, seu mundo interno, de maneira própria, e isto influencia na saúde mental.
Fatores ambientais também estão diretamente relacionados à saúde mental das
pessoas, como o lugar onde vivem, as condições de subsistência, políticas públicas
voltadas à comunidade, entre outras. Quando falamos em população de rua, o fator
ambiental é demasiado determinante, pois segundo Sousa, et. al (2016. p.65). O
baixo nível socioeconômico e educacional, desemprego, falta de suporte social e de
moradia adequada estão associados a uma maior frequência de transtornos
mentais.
O diagnóstico, de todos esses transtornos, deve ser feito cautelosamente, pois a rua
exige mudanças no comportamento de quem se utiliza dela como meio de
subsistência. A situação de rua modifica o comportamento das pessoas, por
motivos de privações, frustrações e sobrevivência; como desenvolvimento de
estratégias de adaptação, e alguns comportamentos adotados por essas pessoas
podem ser confundidos com transtornos mentais.
O hábito de acumular objetos, por exemplo, não pode ser facilmente denominado
como um sintoma de transtorno psicótico. Essas pessoas, por vezes, podem ter
perdido o lugar de moradia, não havendo lugar seguro onde possam guardar os
poucos bens que lhe restaram, isto resulta na acumulação, que pode ser facilmente
confundida com o colecionismo patológico.
Em 2001 entrou em vigor a lei nº 10.216/2001 que garante e protege os direitos das
pessoas com transtornos mentais, redirecionado para a assistência em saúde
mental, que passa a ser conceituada como
A primeira mudança após esta lei foi que não mais seria obrigatório o atendimento
em hospitais. O atendimento em saúde mental hoje pode ser desenvolvido onde a
pessoa vive. Isso foi chamado de rede de atenção de base comunitária, mudando
também os critérios e tempo de internação. Como alternativa a Rede de Atenção
Psicossocial, RAPS, surge o CAPS, Centro de Atenção Psicossocial. Os CAPS são
bases comunitárias presentes em quase todos os municípios de São Paulo e
gerenciados por cada município. Prestam atendimento clínico e inserção social para
pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Porém, os CAPS não são
os únicos responsáveis pelo atendimento psicossocial de pessoas em
vulnerabilidade social.
A vida nas ruas representa um desafio para a saúde mental das pessoas sem
moradia. É essencial que as autoridades e a sociedade em geral trabalhem para
mitigar os obstáculos que impedem o acesso a serviços de saúde mental e
promovam a inclusão social desses indivíduos através de políticas públicas e ações
de apoio.
O trabalho das equipes dos Consultórios de Rua, que vem sendo realizado desde
2011 e que no ano de 2015 contava com mais de 127 equipes de atendimento, se
mostra efetivo, segundo resultados do artigo ‘’Atenção a Pessoas Em Uso De
Substâncias Psicoativas’’ (SEIDL; LIMA, 2015). O artigo busca trazer através de
entrevistas com profissionais e usuários do serviço, experiências e opiniões quanto
ao desenvolvimento do trabalho de atendimento na rua. Um dos relatos de uma
usuária do serviço, diz respeito ao diálogo que pode ter com a profissional e o
sentimento de ser acolhida, sem sentir medo ou desconfiança da pessoa com quem
conversava. Outros usuários ressaltaram a preocupação e perseverança que a
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Vale lembrar que considerar os prejuízos que essa pessoa teve ao longo de seu
sofrimento, mensurar dificuldades e perdas, nos ajuda a ter alguma dimensão da
amplitude do seu sofrimento. Essa investigação é importante ser feita, para que seja
analisado onde essa pessoa encontra dificuldades, para que junto ao profissional,
possa ser pensado novas perspectivas e possíveis caminhos. As PSR precisam de
roupas, estadia, alimentação e ajuda com emissão de documentos, por isso, o
trabalho conjunto dos assistentes sociais e agentes sociais das equipes do
Consultório de Rua, CISARTE (Centro de Integração Social pela Arte, Trabalho e
Educação), entre outros centros comunitários, é primordial.
história de vida, crenças que podem afetar a intervenção do psicólogo a PSR, afinal
existem diferentes formas de se ver e viver o mundo, e mesmo assim não há
garantias de que esse processo funcione de imediato, sendo sempre muito
importante respeitar o processo e aquele que está sendo atendido. Ao estabelecer
esse contato com a PSR, outro ponto de grande importância é a sua reinserção
social. Para tanto, faz-se necessário resgatar a sua autoestima e visibilidade social.
Sabemos que a pobreza extrema provoca grande afastamento social e econômico,
conduzindo a um processo de invisibilidade social, cuja reversão está associada ao
trabalho e à condição de ‘’ser social’’ que ele possibilita ‘’novas perspectivas de vida,
melhora da autoimagem, possibilidade de inserção e pertencimento”. (PRATES, 2011, p.
203).
Percebe-se, portanto, a ausência do poder público nesse contexto, haja vista que a
renda que essa população tira vem, majoritariamente, da reciclagem de resíduos
espalhados pela cidade e não diretamente de uma política pública de reinserção
social, que teoricamente seria aplicada pela Política Nacional de Assistência Social
(PNAS), com objetivo de promover a “sensibilização de toda a sociedade brasileira
com vistas à construção e consolidação de uma cultura de respeito aos direitos
humanos” (BRASIL, 2002), o que resultaria em garantia de educação, saúde,
moradia, e trabalho, para essa população.
A Psicologia vem enfrentando desde seus primórdios, lutas a favor da garantia dos
direitos humanos coletivos e individuais de cada ser da sociedade.
CAPÍTULO III
Silva (2009) evidenciou que esse fenômeno da situação de rua está ligado ao
processo de globalização, em que a marginalização se intensifica, e explicou que a
exclusão social é produto de um processo econômico e político baseado na injustiça
social, culminando na situação de rua. Para o autor, essa condição se configura
como uma síntese de determinações sociais fortemente marcadas pelo sistema
capitalista. Essa população possui como ponto incomum o desamparo
governamental quanto a políticas públicas eficazes, além do preconceito social, que
torna essas pessoas invisíveis ao olhar da população. Isto causa, segundo Santos
(2011), um processo de desfiliação social, onde esse indivíduo invalidado pela
sociedade como corpo trabalhista, se torna marginalizado, sendo considerado
recuso na sociedade, reforçando o preconceito intimamente ligado às PSR. As
consequências dessa marginalização, como evidenciou Nonato e Rayol (2018), é a
criação de uma imagem violenta para com esta população, o que justifica e torna
aceitável o movimento de higienização praticada pela segurança pública, que se
mostra, segundo Santos (2011), prejudicial para pessoas que sobrevivem nos
grandes centros urbanos, e Salgado (2018) reforça que este movimento não os
retira efetivamente das ruas e violam seus direitos como cidadãos.
Silva (2009) e Elias (2002) relacionam esse movimento ao contexto neoliberal
aplicado às políticas públicas, que deveriam ser acessíveis a todos, no entanto, se
mostram restritivas, assim como Bisneto (2007) aponta que há um interesse
governamental no repasse de verba pública para o setor psiquiátrico e instituições
filantrópicas, através de convênios de saúde mental, mantendo a estrutura social
monopolizada. Como aponta Valencio (2008), Pereira (2021) e Seidl & Lima (2015),
a população em situação rua assume a responsabilidade do rompimento social,
isentando o Estado do encargo de distribuição e acesso, que tem por consequência
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consultórios de rua, CAPS, UBS, e outras instituições sócio integrativas. Todos com
o intuito de promover segurança e capacitação mental e física para a PSR em um
movimento de volta à sociedade.
Estes movimentos integrativos surgiram após a luta antimanicomial, pois como
afirma Salgado (2018), institucionalizar a população em situação de rua dentro dos
muros das clínicas, como proposta de tratamento, é mantê-las distante de um
projeto terapêutico individual para superação de sua condição. Tal prática anda na
contramão da proposta terapêutica dos CAPS, que devem atuar na perspectiva da
não internação, promovendo o cuidado e atenção diários, sem retirar o usuário de
seu território, propondo ações integrativas ao meio social, comunitário e familiar
(BRASIL, 2002). Contudo, uma vez que a população se conforma com empresas
privadas e filantrópicas exercendo cargos de amparo de saúde mental, isenta
gradativamente o Estado de sua responsabilidade para com a população usuária
dos serviços públicos. É essencial engajar a participação ativa das próprias pessoas
sem moradia e seus familiares, assegurando a escuta de suas necessidades,
vivências e perspectivas. Além disso, é crucial promover a formação dos
profissionais que prestam assistência aos indivíduos sem moradia com problemas
de saúde mental. Isso inclui equipes de cuidados de saúde, assistência social,
segurança pública e outras áreas relacionadas, com o intuito de garantir um
atendimento qualificado, respeitoso e eficaz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOUSA Ana F.et al. Saúde Mental das Pessoas em Situação de Rua. Conceitos
e Práticas para Profissionais da Assistência Social. São Paulo: Simone Teles.
2016.
%20Trindade%20dos%20Santos%20-%20Monografia%20vers%C3%A3o
%20definitiva.pdf
PIOVESAN, F. Temas de direitos humanos 2. ed. São Paulo: Max Limonad, 2003
Disponível em: https://mppr.mp.br/Noticia/Esclarecimento-sobre-os-Programas-
Nacionais-de-Direitos-Humanos
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 336 de 19 de fevereiro de 2002.
Estabelece as modalidades dos Centros de Atenção Psicossocial [Internet].
Brasília: 2002. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html.