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1.

Introdução

A Responsabilidade Social Empresarial é um relacionamento ético entre a


empresa e todos os seus grupos de interesse que acabam, deste modo, por serem
interdependentes, integrando nas suas práticas o respeito pelo meio ambiente e o
investimento em acções sociais. Como sabemos, a empresa está inserida na sociedade,
logo, é importante que as suas acções, além de garantirem o cumprimento dos seus
objetivos internos, devem fomentar benefícios para a sociedade em geral. É
importante frisar que a RSE é um conceito em constante evolução e que atualmente não
tem uma definição universalmente aceite.

Cada vez mais as empresas se preocupam com a Responsabilidade Social e


articulam a sua actuação para se comprometerem com os seus stakeholders nas
dimensões económica, social e ambiental, tendo como finalidade a integração destas
dimensões nos seus valores, tomada de decisões, cultura, estratégia e operações de uma
forma transparente e responsável estabelecendo, desta forma, melhores práticas dentro
da organização, para fomentar a criação de riqueza e melhorar a sociedade.

A RSE é também conhecida por uma série de vários outros nomes, que incluem
a responsabilidade corporativa, ética empresarial, responsabilidade empresarial,
cidadania corporativa e “triple bottom line”, responsabilidade social ambiental, para
citar apenas alguns.

A responsabilidade social empresarial começou a ser discutida no início do


século XX, com o filantropismo, que inicialmente assumia caráter pessoal, representado
pelas doações efetuadas por empresários ou pela criação de fundações.

Com a extinção do modelo industrial e em seguida com o surgimento da


sociedade pós-industrial, o conceito evoluiu, passando a estar inserido no plano de
negócios das organizações essas ações sociais. Foi então que Bowen (1953) definiu
RSE como sendo o dever ou a obrigação dos gestores de empresa em alinhar os projetos
sociais e as tomadas de decisões com os valores da sociedade.
Carroll (1979), por sua vez definiu RSE como algo que envolve as expectativas
económicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade tem em determinado
período de tempo. Este conceito evoluiu até aos dias atuas com novas definições que
podem ser encontradas na revisão de literatura apresentada.

A presente investigação terá como base uma metodologia quantitativa assente


nos sistemas de equações estruturais, desenvolvidas com base no software pls. O estudo
de campo aplicou-se a 80 empresas de Angola mais precisamente da província de
Luanda. A investigação teve como base um levantamento bibliográfico de aspetos
históricos, culturais, Ciências Económica, das socioeconômicos e demográficos sobre a
aplicação do impacto de Responsabilidade Social das empresas, que serviram de base ao
enquadramento, contextualização deste conceito num país em desenvolvimento, assim
como ao conjunto de componentes subjacentes ao mesmo.

Algumas pesquisas sobre Responsabilidade Social Empresarial limitam-se


em falar primordialmente sobre práticas voltadas à comunidade e para o meio onde
vivem, procurando dar respostas a sociedade sobre seus comportamentos
principalmente no que tange ao meio ambiente. O tema vem ganhando cada vez
mais espaços nas organizações, pois segundo Ashley (2003), a Responsabilidade
Social está surgindo como uma nova estratégia para aumentar seus lucro e
potencializar seu desenvolvimento diante de uma maior conscientização e exigência
dos consumidores por produtos e práticas que gerem melhoria para a sociedade .

De acordo com o Instituto Ethos (2013), as mudanças no mundo do trabalho


levam as organizações a reforçar o engajamento de seus colaboradores e a planejar com
eles políticas de remuneração e benefícios, pois esta forma de responsabilidade social é
uma maneira eficaz de engajamento, comprometimento e envolvimento dos seus
funcionários com os processos organizacionais. A pesquisa foi realizada na empresa
Unicred, eleita como uma das melhores empresas para se trabalhar, título recebido
em 2013 publicado pela revista Exame.

É cada vez mais evidente que o Estado não tem mais condições de arcar sozinho
com o bem-estar da sociedade em que vivemos. Tal fato gera a necessidade de ação por
parte das empresas e dos cidadãos preocupados com o futuro da nação.
Com o passar dos tempos podemos ver o quanto as empresas vem crescendo e se
inovando. Então, passamos a refletir sobre os desafios globais que têm feito parte da
nossa sociedade nas últimas décadas. Neste contexto, as empresas começaram a se
preocupar mais com seus consumidores, funcionários, meio ambiente e a sociedade em
geral.

Actualmente, a sustentabilidade nas empresas é considerada muito importante,


seu papel é contribuir de alguma forma para o sociedade , com a preservação ao meio
ambiente, projetos para adolescentes, programas de apoio aos seus colaboradores entre
outros projetos. Deste modo abordaremos diversos assuntos e pesquisas que mostram o
grau de responsabilidade das empresas e o quanto isso pode contribuir na valorização da
sua imagem.

A questão a ser estudada é a aceitação das empresas referente a esta criação de


projetos de sustentabilidade, pois como boa parte delas acha isso já fundamental para o
seu crescimento, outras acham algo desnecessário considerando as medidas de
preservação ao meio ambiente uma obrigatoriedade por parte do governo de intervir aos
impactos ambientais que possam estar ocorrendo. Assim, indagamos se, hoje em dia, a
empresa deve priorizar apenas a qualidade de seus produtos ofertados ou se sua
responsabilidade social também valoriza sua imagem na captação de novos clientes e
empreendimentos, visto que o marketing da organização pode ser beneficiado por essas
ações.
1.2 Justificativa

O tema em estudo justifica-se no facto de que muitos desconhecem a


importância da responsabilidade social das empresas no que tange o bem-estar da
sociedade e de que modo as empresas contribuem para a sociedade. Na Lunda-Sul
poucas empresas contribuem para o bem-estar da sociedade. Oque significa a falta de
interesse em contribuir para o desenvolvimento da sociedade.

Normalmente a empresa Catoca tem contribuído para o desenvolvimento da


comunidade no município de saurimo construindo escolas, hospitais, estradas, casas e
investimentos sociais e também têm ajudado bastante na luta contra o desemprego .

1.3 Situação Problemática e Problema de Investigação

De um modo geral a sociedade precisa de um apoio por das empresas , é muito


comum as empresas começarem a se envolverem nos problemas da sociedade. Ao
resolver os problemas da sociedade geralmente as empresas disponibilizam os seus bens
financeiros ou mesmo materias.

Qual é o papel fundamental da responsabilidade social das empresas na Lunda-Sul?

1.4 Definição do Tema

O estudo do impacto da responsabilidade social das empresas na Lunda-Sul é


um instrumento utilizado pela empresa para contribuir no desempenho do bem-estar da
comunidade.
1.5 Delimitação do tema

O presente trabalho restringe-se apenas no que tange o papel da


Responsabilidade Social das empresas na Lunda-Sul.

1.6 Objecto do estudo

O estudo do da Responsabilidade Social das empresas na Lunda-Sul.

1.7 Campo de Acção e Delimitação Temporal do Estudo

Temos como o nosso campo de acção e no Município do Saurimo

1.8 Objetivo Geral

 Conhecer o papel fundamental da responsabilidade social das empresas na


Província da Lunda-Sul.

1.9 Objetivo Específico

 Ilustrar a posição da Responsabilidade Social das empresas no Município do


Saurimo.
 Avaliar a importância da responsabilidade social das empresas no Município
do Saurimo .

2. Hipóteses

A Responsabilidade Social das empresas contribuem para o bem-estar da


sociedade ganhando mais credibilidade, confiança com os seus trabalhadores, clientes,
fornecedores e a própria comunidade.

A responsabilidade social das empresas quando não se importa com o bem-estar


dos funcionários e da comunidade em si perde a credibilidade e a reputação na
sociedade.
3. Metodologia

Segundo Bruyne (1991), a metodologia é a lógica dos procedimentos


científicos em sua gênese e em seu desenvolvimento, não se reduz, portanto, a
uma“metrologia” ou tecnologia da medida dos fatos científicos. A metodologia deve
ajudar a explicar não apenas os produtos da investigação científica, mas
principalmente seu próprio processo, pois suas exigências não são de submissão
estrita a procedimentos rígidos, mas antes da fecundidade na produção dos
resultados.(BRUYNE, 1991 p. 29)

Quanto aos meios de investigação, pode ser:

Pesquisa de Campo

 Pesquisa Bibliográfica

3.1 População e Amostra

População: quanto a nossa população em estudo é de 10 empresas

Amostra: quanto a nossa amostra em estudo é de 5 empresas


Capítulo 1 – fundamentação teórico

Responsabilidade é um substantivo feminino derivado da palavra “responder”


com origem no Latim mais precisamente do verbo “respondere”, que significa
responder, produzir efeito, satisfazer, justificar, comprometer-se da sua parte e
prometer, ou seja, que demonstra a qualidade do que é responsável, ou obrigação de
responder por atos próprios ou alheios, entre outras aceções. Em termos gerais e,
entrando mais afundo no nosso tema, que é o de Responsabilidade Social Empresarial
(RSE), verificamos que responsabilidade de um agente, neste caso individual ou
coletivo, é a obrigação de responder pelas consequências previsíveis das suas ações em
virtude de leis, contratos, normas de grupos sociais ou de sua convicção íntima. É
através da proteção do capitalismo, na sociedade de produção, que surge a RSE. Surge a
partir de um determinado estágio da gestão empresarial, onde se verifica que essa
nova forma apresenta valores éticos como guia de negócios e exige o pensamento em
estratégias e políticas que abracem uma relação socialmente responsável por parte das
empresas, tornando-as agentes e parceiras de uma sociedade mais sustentável. Além
disso, deve haver aqui uma interligação entre as empresas e os grupos com o qual elas
se relacionam, os famosos stakeholders.

Como muitas empresas no passado estiveram envolvidas em ações


socialmente irresponsáveis, onde estiveram envolvidas em experiências negativas e
desastrosas, hoje, optam por ações de cunho social. Verificamos que a Nike foi
associada ao uso de mão-de-obra infantil na Ásia e teve grande rejeição por parte dos
consumidores. Algo parecido aconteceu com a Shell nos anos 90, quando foi acusada de
prejudicar o meio ambiente e desrespeitar os direitos humanos na Nigéria. Logo, para
evitar imagens negativas, as empresas sabem que têm de investir em aspetos
sociais porque isto é o caminho para que tenham uma relação de confiança e respeito
entre os stakeholders, gerando, neste caso, benefícios a longo prazo, melhoria da
reputação da empresa e fortalecendo, ainda, a marca junto do consumidor, que por sua
vez se reflete na mudança de atitudes de compra (Mendes, 2017).

Segundo Fischer (2002), no século XX, existiram várias correntes de


pensamento que procuraram estreitar a relação da empresa com o ambiente social,
destacando a importância da relação entre as organizações com a envolvente social do
qual integravam. Conforme a autora, “Desta reflexão provém o conceito de
responsabilidade social empresarial, que é cunhado, no âmbito da teoria das
organizações, como uma das funções organizacionais a serem administradas, no fluxo
das relações e interações, que se estabelecem entre os sistemas empresariais
específicos e o sistema social mais amplo.” Fischer (2002, p.74-75).
De início, segundo Fischer (2002), o conceito não foi acatado. As empresas, em
termos teóricos, mostravam interesse em fazer cumprir as suas obrigações sociais,
mas na prática limitavam a ações pontuais e esporádicas. Seria, pois, o cenário
complexo da mundialização económica que tornaria conveniente o ressurgimento do
exercício da RSE.

Em síntese, as empresas competem entre si de forma acirrada e pressões como a


citada mundialização económica, a intensificação da inovação tecnológica,
consumidores cada vez mais exigentes, fazem parte de um cenário em que apenas a
qualidade e o preço não são mais tão atrativos como outrora. A sobrevivência e o
sucesso das empresas passaram também a requerer a adoção de práticas que tragam
valor acrescentado e que conquistem a preferência dos consumidores.

Segundo Grayson e Hodges (2012, p.74, citado por Milani & Aguiar, 2017, p.
829), “numa economia global interconectada, os consumidores (que hoje são em geral
mais bem informados e mais afluentes do que nunca) serão fiéis a marcas e
organizações que lhes deem razões para confiar”. De acordo com os mesmos autores,
para garantir contratos e negócios, também é importante que as companhias
demonstrem determinado envolvimento com o meio ambiente e com a comunidade. De
facto, Paes (2003) sustenta que:

“Diante dessa nova organização empresarial global, as organizações


privadas possuem uma nova diretriz nos rumos da obtenção do lucro, pois simplesmente
as vantagens oferecidas em relação a valores (preços) não estão sendo suficientes para a
obtenção de um mercado consumidor. Cada vez mais a qualidade do produto está
relacionada à relação da empresa com a sociedade e seu comportamento ético e esses
fatores determinam o comportamento dos consumidores.” (Paes, 2003, p. 25)

Segundo Milani e Aguiar (2017), a responsabilidade social empresarial


surge no momento em que o papel das empresas também é questionado e sofre
transformações. É interessante acrescentar que as atividades que resultam da intensa
fabricação de novos produtos começaram a gerar insatisfação por parte da sociedade e
reconheceu-se, desde então, que o consumo possuía implicações sociais. Do exposto,
pode-se afirmar que a notoriedade da responsabilidade social se deu também devido
à degradação dos ecossistemas na sociedade industrial .

Portanto, a continuidade das empresas também depende de satisfação de toda a sua


envolvente, neste caso, os stakeholders. Entendemos que as relações entre a sociedade e
as empresas são dialéticas, o que significa dizer que a sociedade interfere na existência
da empresa e que, como as empresas fazem parte da sociedade, elas também sofrem
alterações.
Para Oliveira e Moura-Leite (2014), a responsabilidade social está cada
vez mais presente nos genes das organizações, pois cada vez mais se observa a
pressão das partes interessadas para que as empresas assumam e diminuam os
impactos gerados pelas suas ações na sociedade como um todo. Segundo Savitz e
Weber (2007), a gestão de forma responsável do negócio auxilia na proteção da
organização por meio da identificação de falhas na gestão, na redução dos riscos de
prejudicar os clientes, proporciona a redução de custos, melhora a produtividade,
elimina desperdícios, e, por fim, promove o crescimento da empresa através de
conquistas de novos mercados e lançamento de novos bens e serviços.

Ainda de acordo com Savitz e Weber (2007), as organizações socialmente


responsáveis gerem o negócio com o intuito de gerar benefícios para todas as partes
envolvidas com a organização. Logo, estas não realizam ações socialmente responsáveis
de forma abstrata, estes projetos e programas buscam sempre beneficiar de forma
simultânea os interesses da organização e os da comunidade em que atuam, ou seja, ter
uma natureza estratégica.

Segundo Porter e Kramer (2006), a RSE estratégica procura avançar em relação


aos aspetos abrangidos pela responsiva. Essas ações de caráter estratégico procuram
investir em fatores que fomentem a competitividade da organização do contexto
no qual está inserida. Sendo assim, quanto mais próxima do negócio da empresa
estiver a questão social, melhor será o crescimento da capacidade e dos recursos da
organização, além de trazer benefícios efetivos para a comunidade. Ou seja, as
organizações devem tomar providências nas questões de responsabilidade social,
desde que estas estejam ligadas ao ramo de atuação e os benefícios obtidos sejam para
as comunidades no entorno das organizações, pois quando isso se verifica, dá-se uma
relação benéfica para todos os envolvidos que também podemos designar de “ganho-
ganha”.

De acordo com Pontes (2011, citado por Oliveira & Moura-Leite, 2014), a
utilização da responsabilidade social estratégica ou responsiva pelas organizações
direciona os investimentos para questões sociais que afetam o meio em que estão
incorporadas. Em função do problema social abordado, adota-se uma das duas RSE
designadas anteriormente. E para isso é necessário verificar as características dos
projetos implementados. Além disso, é importante considerar o setor de atuação, as
necessidades da comunidade e o que for melhor para o negócio da organização.

É importante frisar que não existem parâmetros rígidos na classificação de


projetos e iniciativas das organizações, em questões sociais genéricas, cadeia de
valor e contexto competitivo, pois as organizações são distintas e possuem diferentes
objetos e preocupações sociais e negócios diversos. Como exemplo temos a situação de
uma redução de emissão de CO 2 . Para uma organização do setor financeiro, a
relevância é baixa, mas, é um aspeto importante para a cadeia de valor de uma
empresa de transporte e estratégico para uma montadora de automóveis (Porter &
Kramer, 2006).
Segundo Pereira et al., (2009, citado por Oliveira & Moura-Leite, 2014), a
escolha da área em que a ação será estabelecida dependerá do negócio da organização,
da localização e do seu propósito. Portanto, para classificar uma ação desenvolvida pela
empresa como estratégica será necessário que os impactos causados aos stakeholders
afetados pela atividade operacional sejam transformados em métodos para atingir os
resultados.

De acordo com Nascimento, Lemos e Mello (2008), a Responsabilidade


Social Empresarial representa um conjunto de medidas socioambientais
desenvolvidas por uma organização. Ainda segundo estes autores, essas medidas visam
diminuir os impactos negativos que as empresas provocam no ecossistema, bem como
desenvolver ações que provocam uma imagem positiva para a organização, com intuito
de favorecer os seus negócios.

Ainda segundo Melo Neto e Froes (1999), a RSE está dividida em duas
dimensões: anterna, que foca no público interno da empresa, seus empregados e
dependentes; a e a externa, cujo foco é a comunidade mais próxima da empresa ou
local onde ela está inserida. Já a organização que atua em ambas as dimensões
exerce a sua cidadania empresarial e é reconhecida como “empresa-cidadã.

A empresa que deixa de cumprir os seus deveres sociais com os seus grupos de
interesse, perde o seu capital de responsabilidade social, ou seja, a imagem da empresa é
prejudicada e sua reputação torna-se ameaçada. Os riscos da falta ou perda da
responsabilidade social externa são mais prejudiciais à empresa do que os riscos da falta
de responsabilidade social interna, e eles são: acusações de injustiça social, perda
de clientes, reclamações dos fornecedores e revendedores, boicote de consumidores,
queda nas vendas, gastos extras com passivos ambientais, ações na justiça, risco de
invasões e até mesmo risco de falência. (Melo Neto e Froes, 1999).

De acordo com os mesmos autores é importante, no longo prazo, a


responsabilidade das empresas com as questões socioambientais uma vez que os
clientes potenciais poderão vir a comprar produtos de uma organização que demonstre
preocupação com o meio ambiente e o bem-estar social. Assim, potenciais clientes, que
tem dificuldades em escolher bens e serviços entre vários concorrentes, poderão
decidir comprar de uma organização com maior apelo socioambiental e com mais
respeitabilidade no mercado.
1.1 Evolução histórica da RSE

Já nos séculos XVIII e XIX era possível encontrar acções colectivas de carácter
criativo que envolviam o Estado e o empresariado e que visavam sobretudo reduzir
situações de pobreza e antagonismo dela decorrentes. Nesta época, a intervenção
social empresarial expressava-se através da caridade pontual de beneméritos como
forma de governar a miséria.

É a partir do século XIX que começamos a encontrar ações, pontuais, que


envolvem o Estado e as empresas com o objetivo de reduzir a pobreza e todas as
diferenças que daí decorriam. Os empresários da altura preocupavam-se,
pontualmente, com os seus colaboradores e como torná-los mais competitivos. Não
se sabendo se as motivações seriam económicas ou sociais.

Nesta época, e conforme o discurso da Igreja Católica,

O problema da pobreza era encarado como algo degradante, conduzindo a


atitudes de piedade e caridade. Neste período, a filantropia fundamentava-se na
beneficência individual e no pressuposto de que a ajuda aos pobres deveria advir
da iniciativa particular, inspirada por motivações mais elevadas do que as que movem
a assistência estatal.

Entre 1918 e 1929 começa-se a verificar uma maior sensibilização no que


diz respeito à missão das empresas relativamente à sociedade. Surgindo assim novas
formas de interação entre os empresários e os trabalhadores.

A partir dos anos 30 do século XX começamos a entrar numa nova era


do conceito de responsabilidade social da empresa, doravante designado por RSE,
derivado de mutações tanto na vida económica como social. No plano económico,
estávamos perante novos desafios concorrenciais, que consequentemente exigiam
maior competitividade, tanto a nível tecnológico como em termos de eficiência
organizacional, de exigência de recursos humanos qualificados e consequentemente
uma maior sensibilização corporativa.

Após a 2ª Guerra Mundial as empresas passam a ter como missão não só o lucro
mas também a preocupação com o bem-estar.

Ainda assim, a década de 50 e 60, foi marcada como uma década de


desejos mas não de aplicação prática.

A partir da década dos anos 80, preocupações ambientais, laborais, direitos do


consumidor e a saúde começam a fazer parte da ordem do dia nas empresas. É
neste década que se desenvolvem as teses dos stakeholders e a ética empresarial.
A partir dos anos 90 emerge a boa reputação das empresas associada à RSE.

Atualmente, as empresas vêm a sua missão para lá da obtenção do lucro,


cada vez mais impelidas de fazer mais e melhor pela sociedade, sentindo-se como
verdadeiras responsáveis pela sustentabilidade social e ambiental.

No dias de hoje, Tem predominado a concepção de que a vocação das


empresas é gerar dividendos para investidores e accionistas, contribuir para o
desenvolvimento económico, criar empregos e fornecer bens e serviços ao
mercado. Nesta fórmula clássica, espera-se que as empresas, na consecução de suas
actividades, cumpram com as exigências legais de pagamento de impostos e
contribuições aos trabalhadores, evitem práticas de corrupção, suborno e
mantenham uma conduta transparente e responsável pelos seus lucros.

Do ponto de vista dos consumidores e cidadãos, este aumento de


responsabilidade social por parte das empresas é um caminho para um mundo
mais justo e sustentável sendo que, as empresas serão sempre as primeiras
responsáveis.

Este novo olhar possibilitou a tomada em consideração da empresa como um


facto social, com dimensão própria que ultrapassa a ideia de locus central do
capitalismo e, portanto, de conflito social e de exploração do trabalhador. A nova
proposta procura explicar também a empresa

Stakeholders: Ou partes interessadas, designa todas as entidades que


afetam a atividade de uma empresa ou são afetados por ela (investidores,
trabalhadores, parceiros comerciais, fornecedores, clientes, credores, comunidade
local, associações de cidadãos, entidades reguladoras e o Governo);

Na década de 1980 o mundo passou por mudanças radicais e singulares, não


apenas pela velocidade da informação presente na sociedade, mas também pela
integração do mercado financeiro e o crescimento do comércio internacional o que
gerou a globalização.

Embora este tema seja bem discutido no Brasil, ainda é considerado novo. As
primeiras manifestações envolvendo empresários e a sociedade em geral ocorreu
em 1966, através de Herbet de Souza, que lançou uma campanha convocando os
empresários para uma ideia de tornar se empresa de perfil sustentável, e apresentou a
ideia da elaboração e da publicação do Balanço Social Brasileiro.

O Balanço Social se constitui de uma consequência das pressões sociais


realizadas pela sociedade às empresas materializando a transparência das ações
socioambientais e econômicas realizadas por essas instituições, isto é, um
instrumento que evidencia a responsabilidade social corporativa, isso contribuiu para
severas mudanças de empresas que só visavam apenas seus lucros. Se por um lado o
setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza, por outro
lado ele passa a ter maior responsabilidade no meio em que está inserido.
É neste mesmo contexto, onde esta inserida a sociedade, que o homem
começa a perceber a sua responsabilidade, começa a ter conscientização que tem de se
preocupar com o bem estar da própria sociedade nos dias atuais em que vivemos
e de suas futuras gerações, incluindo a preservação ao meio ambiente e mais ainda a
preservação dos recursos naturais não renováveis, como: alumínio, o ferro, o petróleo,
o ouro, o estanho, o níquel e muitos outros. Isso quer dizer que quanto mais se
extrai, mais as reservas diminuem, diante desse fato é importante adotar medidas de
consumo comedido, poupando recursos para o futuro.

Com a incapacidade do estado de encontrar soluções, foi necessário que o setor


empresarial, as Organizações não Governamentais, o governo e a sociedade,
assumissem sua parcela de culpa e fossem em busca de mudanças significativas.

Devido a esses fatores deu se o surgimento de um ―terceiro setor‖ onde foi


surgindo algumas organizações sem fins lucrativos, que ajudariam a administrar
seus recursos financeiros, fazendo com que esses recursos se voltassem como
ações sociais, como: investimento em educação através da concessão de bolsas de
estudos ou a fundação de escolas; patrocínio de atletas e outras modalidades
esportivas; criação e manutenção de clubes com finalidades diversas; combate à
fome e a exclusão social; defesa do meio ambiente; proteção aos indígenas;
instalação e manutenção de creches, orfanatos, asilos, sanatórios e hospitais.

Clientes estão ficando cada vez mais exigentes, devido à globalização e as


mudanças causadas no meio ambiente. Assim as empresas perceberam a obrigação
de se tornar mais responsáveis para assim criar uma imagem de maior valor perante a
sociedade, beneficiando a sua organização e a sociedade geral ali inserida.

Fleta (1995, p.14), define Responsabilidade Social empresarial como:

Entende-se por responsabilidade social o conjunto de obrigações inerentes à


evolução de um estado ou condição com força ainda não reconhecida pelo
ordenamento jurídico positivo ou desconhecidas parcialmente, mas cuja força que
se vincula e sua prévia tipificação procedem da íntima convicção social de que não
segui-la constitui uma transgressão da norma da cultura.

Responsabilidade social corporativa beneficia tanto a sociedade quanto as


corporações que são ali tomadas pela empresa, é uma pratica voluntaria sem a
intervenção do governo.

Empresas se unem para contribuir para uma sociedade mais justa e um ambiente
mais limpo, onde também pode ser compreendido por dois níveis, interno e externo.
Reis (2007, p.41) definem Responsabilidade Social empresarial:

Responsabilidade social empresarial é o comprometimento permanente dos


empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o
desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de
seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como
um todo.

Quando uma empresa começa a se preocupar mais com o bem estar da


sociedade e com uma maior preservação ao meio ambiente, podemos dizer que ela é
uma empresa sustentável. A responsabilidade social tem como objetivo o
desenvolvimento sustentável, integrando fatores como tecnologia, recursos,
processos, produtos, pessoas e sistemas de gestão. (ASHLEY 2002, p.34)

Desta forma podemos reafirmar que a responsabilidade social agrega valores


organizacionais importantes como sustentabilidade e valorização dos recursos
humanos fora e dentro das empresas.

É natural que o objetivo de toda empresa seja a maximização dos lucros, mas
para garantir a sua permanência no mercado é necessário que este conceito seja
diretamente ligado ao desempenho social e ambiental.

De um ponto de vista estritamente econômico podemos até verificar que a


maximização da riqueza da empresa e de seus proprietários vai conduzir o bem
estar social geral.

Sociedades democráticas liberais já se pautam por valores que extravasam o


mero exercício da autodeterminação individual ou a aquisição e transferência de
bens materiais. Assim se compreende se e justifica a preocupação social e
ambiental de muitos investidores, já não exclusivamente interessados em maximizar os
seus lucros, mas também em respeitar os valores e princípios fundamentais de uma
economia cada vez mais global.

A responsabilidade social tem sido fonte de inspiração de estudos em diversas


áreas do conhecimento, tais como administração, marketing, direito, psicologia, entre
outras.

A preocupação com os problemas sociais e ambientais, decorrentes


principalmente pelo fenômeno da globalização dos mercados, está cada vez mais
em evidência, gerando debates entre as organizações, governos e a sociedade
como um todo.
No meio empresarial, esse tema vem ganhando destaque, principalmente no que
se refere às propagandas veiculadas em diversas mídias, com o objetivo de
melhorar a imagem da empresa perante o mercado e atrair os consumidores.

No Brasil a responsabilidade social passou a figurar na pauta dos


empresários, somente da década de 1990.

A responsabilidade social não poderia passar mais despercebida aos olhos


tanto do consumidor quanto dos empresários, ambas as partes tinham que tomar
medidas que pudessem contribuir diretamente para os impactos que estavam sendo
causado no meio ambiente, Alessio (2004, p.101):

Trouxeram á tona as peculiaridades da responsabilidade social num país


como o Brasil, cuja gravidade dos problemas sociais e a responsabilidade das empresas,
seja no agravamento dos problemas sociais, seja na contribuição para o seu
enfrentamento, já não podiam mais passar despercebidos no contexto brasileiro

Podemos reafirmar, de tal forma, que a questão de uma preocupação social está
inserida em contextos nacionais e internacionais mais amplos que exigiram das
empresas uma postura mais ética.

Com o agravamento dos problemas sociais e ambientais que o mundo vem


sofrendo e a dificuldade do governo de solucioná-los, a sociedade de uma forma
geral esta passando por uma fase de reorganização. É nisso que as empresas
sentem a pressão de que precisam adotar estratégias de uma postura social na
condução de seus negócios.

No Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade social empresarial


ganhou forte impulso na década de 1990, mediante a ação de entidades não
governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão.

As primeiras manifestações em prol de empresas com maior responsabilidade


social ocorreu em 1996, através de Herbet José de Souza, sociólogo e ativista dos
direitos humano brasileiro, é conhecido como Betinho então fundador da IBASE
(Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), contando com o apoio da
Gazeta Mercantil, que lançou uma campanha convocando todos os empresários a um
maior engajamento social e apresentou a ideia do Balanço Social que nada mais é do
que um mecanismo utilizado pelas empresas para tornarem públicas as suas intenções e
compromissos, visando à transparência de suas ações no exercício da responsabilidade
social corporativa.

A partir dai o tema se firmou com mais destaque no âmbito empresarial,


principalmente após a criação do Instituto Ethos, que elaborou material para ajudar as
empresas a compreenderem e incorporarem o conceito da responsabilidade social
no cotidiano de sua gestão.
1.2 Os três objectivos da SER

1.3 A Responsabilidade Social das empresas tem como principais objetivos:

O objetivo da empresa perante a sociedade

Integrar-se de forma adequado com a comunidade, na perspectiva de um


envolvimento ético e transparente é o que as empresas socialmente responsáveis vêm
fazendo para contribuir com a vida das comunidades locais e estabelecer-se como um
agente local.

Uma empresa no mercado, a maneira como o público a enxerga. Apresentar


uma postura de responsabilidade social faz com que essa imagem se torne
extremamente positiva, afinal de contas isso é demonstrar uma preocupação com a
sociedade na qual este negócio se insere. Como apresentamos no tópico sobre
responsabilidade ambiental, o público está se tornando cada vez mais atento às boas e
más práticas das empresas, escolhendo aquelas que se preocupam de verdade com o
bem-estar social.

Exemplo:

Sobrevivendo por meio de doações e da solidariedade da população, essas


instituições carentes precisam não apenas de apoio financeiro, mas também de cuidado
humanitário. Promover visitas para as crianças e idosos que vivem nessas casas de apoio
e que enfrentam o abandono e a falta de amor e carinho pode fazer uma enorme
diferença para elas. Fazer o bem para essas pessoas é mais do que agir estrategicamente
dentro da empresa, é demonstrar um lado humano extremamente necessário nos dias de
hoje.

No ambiente interno da empresa, podemos citar o incentivo às práticas culturais,


como a criação de uma biblioteca própria com um espaço exclusivo voltado para os
funcionários. Dependendo do porte da empresa, isso pode ser feito até mesmo
externamente, com o apoio a bibliotecas públicas, por exemplo.

Aumento da produtividade

Colaboradores que valorizam as acções da empresa onde trabalham e se sentem


motivados só podem significar uma coisa: aumento da produtividade. Um bom
ambiente de trabalho, que valoriza o bem-estar interno e externo é a chave para que seja
possível produzir muito mais, gerando um aumento indireito nos lucros.

Diferencial competitivo
Todo esse cenário positivista faz com que a empresa consiga se portar de maneira muito
mais forte no mercado, principalmente frente aos seus principais concorrentes. Em um
mundo no qual todos os detalhes se tornam armas na guerra competitiva, apresentar uma
postura socialmente responsável faz toda a diferença perante um público engajado e
antenado. E isso é ter inteligência competitiva.
1. 3 Desempenho social empresarial

O conceito de Desempenho Social Corporativo, do inglês Corporate Social


Performance ou CSP, é uma extensão dos conceitos de Responsabilidade Social
Empresarial (RSE), que coloca mais ênfase sobre os resultados alcançados. O foco de
atuação em CSP pretende sugerir que o que realmente importa é o que as empresas são
capazes de realizar, os resultados ou efeitos de suas iniciativas de responsabilidade
social e a adoção de uma postura ou estratégia de resposta (KOBB, 2010).

O CSP é uma forma de fazer com que a RSE seja aplicável e que se possa
colocá-la em prática (MAROM, 2006). A RSE não é uma variável e, portanto, é
impossível de medir. O CSP, por outro lado, embora difícil de medir, pode ser
transformado em variáveis mensuráveis. O CSP se constitui em uma medida que avalia
o desempenho de uma organização no atendimento dos interesses de seus
stakeholders, consequentemente, CSP é uma medida agregada de observação
indireta (BOAVENTURA; SILVA; BANDEIRA-DE-MELLO, 2012).

Para os autores os stakeholders mais considerados para mensurar o desempenho


social envolvem o meio ambiente, funcionários, comunidade, clientes, fornecedores
e acionistas. (BOAVENTURA; SILVA; BANDEIRA-DE-MELLO, 2012). Ambos,
CSP e CFP são grandes meta-construtos, cujas diferenças de definição tornam difícil a
sua categorização. Embora existam diversas abordagens para medir os dois, os
diferentes resultados das pesquisas podem ser comparados se a comparação leva
em consideração as diferenças de medição (GRIFFIN; MAHON, 1997). Nesse
sentido, grande parte da pesquisa existente sofre de limitações empíricas e
teóricas importantes (MCWILLIAMS; SIEGEL, 2000). Em pesquisa e consultoria no
campo existem diferentes abordagens.

O que todas essas abordagens têm em comum é que eles são construtos
multidimensionais que medem o comportamento organizacional em uma ampla
gama de dimensões, tais como investimentos em equipamentos de controle de poluição,
o investimento sustentável e comportamento interno, ou uma ampla gama de processos,
tais como o tratamento de mulheres e as minorias, as relações com os clientes, e os
resultados, tais como relações comunitárias e programas filantrópicos (WADDOCK;
GRAVES, 1997).

O CSP avalia a postura geral de uma empresa em relação a uma gama


complexa de questões relevantes para a área social (GRAVES; WADDOCK, 1999). A
literatura sobre CSP considera abordagens distintas para a definição de CSP, contudo,
os temas recorrentes incluem o envolvimento de todos os públicos interessados, o foco
sobre os problemas sociais e humanos, em vez de decisões puramente econômicas, e
a criação global de riqueza e melhoria da sociedade (DAHLSRUD, 2008). o
envolvimento de todos os públicos interessados, o foco sobre os problemas sociais e
humanos, em vez de decisões puramente econômicas, e a criação global de
riqueza e melhoria da sociedade (DAHLSRUD, 2008).
Desempenho Social Corporativo: Modelos

Como base para descrição do CSP, o presente estudo apresenta os modelos de


maior destaque da literatura, considerando um recorte desde 1979 até 2015 e
englobando uma seleção de oito modelos. Não se pretende esgotar a literatura de
todos os modelos que podem representar CSP, mas apresentar um apanhado geral,
representativo dessa literatura. A seguir são abordados os modelos de Carrol (1979),
Sethi (1975), Wartick e Cochran (1985), Wood (1991), Orlitzky e Benjamin (2001),
Beurden e Gössling (2008), Fauzi (2009) e Wang, Dou e Jia (2015).

O modelo de Caroll (1979)

Carroll (1979) descreveu a RSE, indo além das preocupações econômicas e


jurídicas, e considerou essa responsabilidade adicional como um aspecto do CSP. Além
disso, outros dois aspectos do CSP foram objeto de definição do seu estudo. O primeiro
é a enumeração das questões a que a responsabilidade social está ligada, as quais
estão sujeitas a alterações e diferem entre as indústrias. O segundo aspecto é uma
especificação da filosofia de resposta, que pode ser descrito como a capacidade de
resposta social. Estes aspectos são importantes, pois estão inter-relacionados e
permitem construir a ligação entre responsabilidade social e desempenho social.
Cada um destes aspectos necessita de elaboração. Para Carroll (1979), a corporação tem
como finalidade alcançar resultados econômicos positivos, mas ao realizar o seu
negócio a companhia deve ter responsabilidade para com a sociedade e assumir
seu compromisso.

O primeiro aspecto, que trata das questões associadas a RSE


envolvem três pontos distintos do desempenho social corporativo, que devem ser
articulados e inter-relacionados:

 Uma definição básica de responsabilidade ( erá que nossa responsabilidade vai


além dos aspectos econômicos?);

 Uma listagem das questões pelas quais a responsabilidade social existe ( quais
são as áreas sociais – meio ambiente, produto, segurança, discriminação em
qual nós temos responsabilidade?);

 O terceiro componente trata da responsividade social que é o aspecto do modelo


que aborda a filosofia, modo ou estratégia por trás de negócios e da
gestão que dá respostas à responsabilidade social e às questões sociais.
O impacto da RSE na sociedade

Atualmente "é preciso que a empresa privada seja contextualizada na


realidade social do país" e que a sua participação na sociedade se verifique quando
assume responsabilidades.

As empresas, hoje em dia, são organismos de múltiplo objetivo, ou seja, têm um


desempenho económico, social e ambiental. A obtenção do lucro cada vez tem menos
espaço na missão da empresa, ganhando espaço no mundo empresarial a atuação
socialmente responsável. Como refere Carlos Reis e Luiz Medeiros (Reis e Medeiros,
2009),

A existência de uma consciência empresarial responsável é fundamental


para que haja possibilidade de ajuste de todos no processo de desenvolvimento,
objetivando a preservação do meio ambiente, do património cultural, a promoção dos
direitos humanos e a construção de uma sociedade economicamente próspera e
socialmente justa

A partir da década de 80 e, em particular, após Portugal ter integrado na


Comunidade Europeia, a ação social da empresa passou a ser incentivada pelo Decreto-
Lei n.º 258/86 que direcionava um conjunto de benefícios fiscais para as empresas
que contribuíssem para atividades de interesse social.

Em 1999 a mesma Lei foi ampliada (Lei n.º 74/99, de 16 de março) para
outros setores passando a integrar como incentivos fiscais às empresas que efetuassem
donativos a entidades privadas ou públicas que tivessem como sua atividade áreas
sociais, culturais, ambientais, desportivas.

Percebendo-se, desta forma, que a relevância da questão da RSE é relativamente


recente em Portugal, só se verificando agora maior organização e participação do
voluntariado empresarial.

São vários os motivos que levam as empresas a adotarem práticas de


RSE, entre elas,

podemos referir algumas que também estão presente no livro verde (2011):

 Novas preocupações e expectativas dos cidadãos, consumidores,


autoridades públicas e investidores num contexto de globalização e de
mutação industrial em larga escala,

 Critérios sociais que possuem uma influência crescente sobre as decisões


individuais ou institucionais de investimento, tanto na qualidade de
consumidores como de investidores,
 A preocupação crescente face aos danos provocados no meio ambiente
pelas atividades económicas,

 A transparência gerada nas atividades empresariais pelos meios de comunicação


social e pelas modernas tecnologias da informação e da comunicação.

Conforme podemos verificar no livro verde, as sociedades confrontadas com os


desafios “de um meio em mutação no âmbito da globalização e, em particular, do
mercado interno, as próprias empresas vão também tomando consciência de que a sua
responsabilidade social é passível de se revestir de um valor económico direto.”

Ainda que a primeira preocupação seja a obtenção de lucro, as empresas


podem, paralelamente, contribuir para, O cumprimento de objetivos sociais e
ambientais mediante a integração da responsabilidade social, enquanto investimento
estratégico, no núcleo da sua estratégia empresarial, nos seus instrumentos de
gestão e nas suas operações. Dado que a responsabilidade social é um processo pelo
qual as empresas gerem as suas relações com uma série de partes interessadas que
podem influenciar efectivamente o seu livre funcionamento, a motivação comercial
torna-se evidente.

Assim, à semelhança da gestão da qualidade, a responsabilidade social de uma


empresa deve ser considerada como um investimento, e não como um encargo. Através
dela, é possível adoptar uma abordagem inclusiva do ponto de vista financeiro,
comercial e social, conducente a uma estratégia a longo prazo que minimize os riscos
decorrentes de incógnitas. As empresas deverão assumir uma responsabilidade social
tanto na Europa como fora dela, aplicando o princípio ao longo de toda a sua cadeia de
produção.

Em termos de impacto a nível europeu, o desafio reside em identificar de que


forma é que a RSE pode contribuir para uma Economia dinâmica, competitiva, coesiva
e baseada no conhecimento. O Conselho Europeu de Lisboa formulou um apelo especial
ao sentido de responsabilidade social das empresas no que toca às melhores práticas
em matéria de aprendizagem ao longo da vida, organização do trabalho, igualdade
de oportunidades, inclusão social e desenvolvimento sustentável.

Em termos internacionais, Através das políticas comerciais e de cooperação


para o desenvolvimento, a União Europeia participa directamente em questões
relacionadas com o comportamento dos mercados. Uma abordagem europeia da
responsabilidade social das empresas deverá reflectir, bem como integrar, o contexto
mais lato de diversas iniciativas, tais como a UN Global Compact (2000), a Tripartite
Declaration on Multinational Enterprises and Social Policy (Declaração Tripartida
sobre as Empresas Multinacionais e a Política Social) da OIT - 1998), as
Guidelines for Multinational Enterprises (Orientações para as Empresas
Multinacionais - 2000) da OCDE.
Ainda que estejamos a falar de iniciativas não vinculativas do ponto de vista
jurídico, as orientações da OCDE, como se encontra referido no Livro Verde,
beneficiam do compromisso por parte dos governos que as subscreveram. “O
cumprimento das normas fundamentais da OIT (liberdade de associação,
igualdade, abolição do trabalho forçado e erradicação do trabalho infantil) é um
aspeto nuclear da responsabilidade social das empresas, pelo que se deverá reforçar o
acompanhamento da aplicação dessas normas.”

1.5 A ética empresarial


Desde que surgiu a controversa da relação entre ética, empresas e sociedade que
a produção de doutrina nessa mesma área apareceu em três tipos de abordagens
distintas: a Business Ethics; a Business & Society; e a Social Issues Management.

De acordo com Kreitlon (2004) estas três formas de pensar indicadas


supra, partem de princípios bem diferentes, A escola da Ética Empresarial (Business
Ethics), enquanto ramo da ética aplicada, propõe um tratamento de cunho filosófico,
normativo, centrado em valores e em julgamentos morais, ao passo que a corrente
que poderíamos chamar de Mercado e Sociedade (Business & Society)

adota uma perspectiva sociopolítica, e sugere uma abordagem contratual aos


problemas entre empresas e sociedade. Por fim, a escola da Gestão de Questões
Sociais (Social Issues Management) é de natureza nitidamente utilitária, e trata os
problemas sociais como variáveis a serem consideradas no âmbito da gestão estratégica.

A ética empresarial pode ser entendida como um elemento que, de certa forma,
assegura a reputação e, consequentemente, um fator importante de sobrevivência das
empresas.

Não adianta uma empresa, por um lado, pagar mal aos seus funcionários,
corromper a área de compras dos seus clientes, pagar a fiscais do Governo e, por outro
lado, desenvolver programas junto de entidades sociais da comunidade. Essa postura
não condiz com uma empresa que quer seguir um caminho de responsabilidade social. É
importante seguir uma linha de coerência entre a acção e o discurso.

Atualmente, as empresas têm um poder nas sociedades em que se inserem


no sentido de influenciar na qualidade de vida dos cidadãos, no desenvolvimento
tecnológico, costumes, etc. Tendo, consequentemente, como responsabilidades: o
lucro, a aplicação das leis, preocupação com o meu ambiente, entre outros.

Com a globalização dos mercados, ampliou-se o contato entre as nações e seus


respectivos povos e culturas. Com isso o entendimento antropológico, como
ciência da conduta humana, ganhou força nas relações empresariais devido à diferença
de padrões éticos e morais dos países. Tal conhecimento, atualmente, é usado
como uma força em negócios bem-sucedidos. Segundo Whitaker (2006), a ética tem
sido encarada pelos administradores como diferencial competitivo, o que gera a procura
pelo estabelecimento e adoção de padrões éticos pelos mesmos.

Outros autores afirmam que Ética a ciência da conduta humana, segundo o bem
e o mal, com vistas à felicidade. É a ciência que estuda a vida do ser humano, sob o
ponto de vista da qualidade da sua conduta. Disto precisamente trata a ética, da boa e
má conduta e da correlação entre boa conduta e felicidade, na interioridade do ser
humano. A ética não é uma ciência teórica ou especulativa, mas uma ciência prática, no
sentido de que se preocupa com a ação, com o ato humano (ALONSO; LÓPEZ;
CASTRUCCI, 2012).
Segundo o entendimento de Sá (2004), a ética encontra-se em todos os aspectos
da sociedade, principalmente no contexto profissional. Hoje toda organização exige de
seus funcionários atitudes condizentes com a ética, com os valores morais da
sociedade, e se comportem de acordo com as normas legais, com o Código de
Ética da sua profissão, e simultaneamente, com o Código de Ética proposto pela
organização. O profissional ético demonstra uma conduta repleta de
responsabilidade, lealdade, cidadania, integridade, transparência e respeito ao
próximo.

Por outro lado, nem sempre os princípios éticos são observados, por exemplo, no
Brasil evidenciaram, nos últimos anos, escândalos de corrupção envolvendo as
grandes empresas públicas e privadas tendo como principal fator a falta de gestão
ética dos profissionais da administração.

A RSE e o desempenho económica-financeiro


Na literatura são referidos vários estudos sobre desempenho económico,
financeiro e social das empresas. Borba (2005) analisou a relação entre desempenho
social corporativo e desempenho financeiro de empresas brasileiras. O período de
análise compreendeu os anos de 2000 a 2002, com variáveis de desempenho
económico, financeiro e social. Os resultados

demonstraram que os indicadores financeiros de desempenho apresentaram,


em alguns períodos de análise, relação positiva com os indicadores sociais, porém os
resultados não foram conclusivos em relação ao objetivo de estudo.

Por sua vez, Lin, Yang e Liou (2009) mediram o impacto da responsabilidade
social sobre o desempenho financeiro de empresas com sede em Taiwan, no período de
2002 a 2004. Constataram uma relação positiva entre a responsabilidade social e o
desempenho financeiro, verificando que quando a responsabilidade social não tem
impacto positivo no desempenho financeiro de curto prazo contribui para o desempenho
de longo prazo.

Os autores Machado e Machado (2011) verificaram se a responsabilidade


social (indicadores sociais e ambientais) causa impacto no desempenho financeiro das
empresas. O estudo foi realizado em 237 empresas de 15 sectores diferentes da
economia, no período de 2003 a 2007. Evidenciaram um impacto positivo da
responsabilidade social no desempenho das organizações, tanto nos indicadores
externos como internos.

Os investigadores Mustafa, Othman e Perumal (2012) analisaram a relação


entre a responsabilidade social corporativa e o desempenho financeiro das empresas de
capital aberto listadas na Bolsa de Valores da Malásia. Para o efeito, foi aplicado
um questionário cuja amostra final correspondeu a 200 empresas. Os resultados
demonstraram uma relação significativa entre a responsabilidade social e o
desempenho financeiro das empresas, revelando ainda a necessidade de aprimorar o
efeito da responsabilidade social sobre o desempenho financeiro.

Num outro estudo, Lee, Seo e Sharma (2013) analisaram a relação da


responsabilidade social com o desempenho financeiro em 17 empresas aéreas norte-
americanas. Verificaram que a responsabilidade social influencia positivamente o
desempenho das empresas e ainda evidenciaram um efeito moderador nos preços do
petróleo.

O desempenho organizacional das empresas é afetado pelas suas


estratégias e operações, quer nos mercados em que atuam ou fora destes. Segundo
Orlitzky, Schmidt e Rynes (2003), a crescente importância dos grupos de pressão tem
forçado as empresas a empreender estratégias para o mercado em concreto.

Verifica-se como tendência global, a busca pela melhor medida para


mensuração e avaliação do desempenho de empresas. De acordo com Siqueira, Rosa e
Oliveira (2003), por meio de um conjunto de indicadores económico-financeiros, pode-
se verificar o desempenho das empresas. A avaliação de desempenho, por meio de
indicadores económico-financeiros, é considerada também uma escolha de gestão
racional, a qual permite medir previamente ou concluir como se encontra o desempenho
organizacional, auxiliando nas decisões estratégicas de gestores.

A identificação de fatores e conhecimento de determinado contexto, bem


com o cenário no qual a empresa está inserida, faz com que a avaliação de desempenho
financeiro ou não-financeiro se torne necessária para a consecução das atividades
empresariais.

De acordo com Drucker (1993), o desempenho económico de uma empresa é a


primeira responsabilidade desta, visto que se não obtiver lucros, para no mínimo cobrir
os seus gastos, é socialmente irresponsável. No entanto, esta não é a única
responsabilidade de uma empresa, devendo-se também atentar aos impactos que pode
causar à sociedade.

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