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Eneo 2022

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XI Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD - EnEO 2022

On-line - 26 - 27 de mai de 2022


2177-2371

Cartografia e Teoria dos Afetos: Um Caminho para os Estudos Organizacionais

Autoria
Fabiana Florio Domingues - fabianafd@yahoo.com.br
Centro de Pós-Grad e Pesquisas em Admin – CEPEAD / UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

Luiz Alex Silva Saraiva - saraiva@face.ufmg.br


Centro de Pós-Grad e Pesquisas em Admin – CEPEAD / UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

Agradecimentos
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) pela bolsa de doutorado que permitiu a realização da pesquisa.

Resumo
O objetivo deste ensaio é propor o encontro da cartografia e da Teoria dos Afetos como
possibilidade teórico-metodológica para pesquisas qualitativas nos Estudos Organizacionais.
Trazemos a cartografia a partir da filosofia da diferença de Deleuze e Guatarri como o
mapear processos de subjetivação, identificando as linhas que compõem um rizoma.
Discutimos a Teoria dos Afetos sob a ótica de Moriceau ao buscar uma perspectiva afetiva
para fugir do mundo das representações e assumir pesquisadores, pesquisados e leitores
como participantes e coprodutores do território pesquisado em um movimento ético-estético,
a reflexividade. As principais implicações do texto são de ordem ontológica, epistemológica
e teórica, destacando-se a questão das diferenças como central para considerar que ser,
conhecer e explicar as organizações passa por um lugar necessariamente de pluralidade e de
afeto.
XI Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD - EnEO 2022
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Cartografia e Teoria dos Afetos: Um Caminho para os Estudos Organizacionais

Resumo

O objetivo deste ensaio é propor o encontro da cartografia e da Teoria dos Afetos como
possibilidade teórico-metodológica para pesquisas qualitativas nos Estudos Organizacionais.
Trazemos a cartografia a partir da filosofia da diferença de Deleuze e Guatarri como o mapear
processos de subjetivação, identificando as linhas que compõem um rizoma. Discutimos a
Teoria dos Afetos sob a ótica de Moriceau ao buscar uma perspectiva afetiva para fugir do
mundo das representações e assumir pesquisadores, pesquisados e leitores como participantes
e coprodutores do território pesquisado em um movimento ético-estético, a reflexividade. As
principais implicações do texto são de ordem ontológica, epistemológica e teórica,
destacando-se a questão das diferenças como central para considerar que ser, conhecer e
explicar as organizações passa por um lugar necessariamente de pluralidade e de afeto.

Palavras-chave: Estudos Organizacionais. Diferenças. Cartografia. Afeto. Reflexividade.

Introdução

O objetivo deste ensaio é apresentar a cartografia e a Teoria dos Afetos ou abordagem


afetiva como possibilidade teórico-metodológica para pesquisas nos Estudos Organizacionais.
A análise dos dados cartográficos, ou melhor, das situações, nuances, percursos e percalços
relatadas da e na pesquisa são uma preocupação de qualquer pesquisador. Por se tratar de um
trabalho realizado em um território existencial, no qual as subjetividades concorrem entre si o
tempo todo, esta seja a tarefa mais desafiadora da pesquisa cartográfica. Cartografar um
território trata-se, principalmente, de uma forma de ver o mundo, levando em conta a
Filosofia da Diferença conforme Gilles Deleuze e Félix Guattari. A cartografia vem ganhando
terreno nos estudos organizacionais conforme atestam estudos como os de Barreto (2018), que
cartografou modos de ser e trabalho rural de velhos no médio Vale do Jequitinhonha e de
Martins (2020), que cartografou forças imanentes da vida de mulheres que dançam em um
baile popular da terceira idade no centro da cidade de Belo Horizonte.
Para nos aproximarmos do que constitui a cartografia, é necessário resgatar o conceito
de rizoma, peça fundamental para a construção dos mapas que compõe a cartografia. O
rizoma é uma imagem retirada da Botânica que contempla inúmeras possibilidades de ligação.
Sua principal característica é a de não haver hierarquia entre seus elementos, permitindo que
sua constituição possa ser constantemente modificada (Deleuze & Guattari, 2011). Contém
dois tipos de funcionamento: um que opera no plano de organização, associado às linhas
duras, aos estratos, aos segmentos, a reprodução e a homogeneidade, e outro que se realiza no
plano da imanência, onde são possíveis os agenciamentos, as linhas de fuga, o intensivo, o
corpo sem órgãos (afastado da funcionalidade), a criação e a diferença. A imagem do rizoma
contempla então a multiplicidade, a exterioridade em inúmeras possibilidades de conexão,
uma vez que todas estão em linha umas em relação às outras (Deleuze & Guattari, 2011).
Cartografar então é buscar caminhos, reinventar, rastrear um território rizomático que coexiste
com tantos outros, e procurar compreender o que acontece quando eles se tocam.
É desse modo que a cartografia permite uma construção coletiva de conhecimento que
dialoga com as diferenças, potencialidades e subjetividades, intensificando a potência do
“conhecer”. Enquanto abordagem teórico-epistemológica, a cartografia possibilita ao
pesquisador captar os campos de efeitos provocados pelos diferentes agenciamentos atuantes
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nos processos de subjetivação do ser, sustentando a complexidade do real sem reduzi-lo, uma
vez que não ignora a complexidade da própria vida. Em outras palavras, não há dissociação
entre objetividade e subjetividade, entre pesquisa e vida (Romagnoli, 2009).
Trazemos para dialogar com a cartografia a Teoria dos Afetos, que se coloca como
forma de “mergulhar no concreto, no vivido, na porção parcial, local, específica, relacional e
estética da experiência” (Moriceau, 2020, p. 13), ultrapassando assim o mundo das
representações ao se deixar levar pelos afetos presentes na pesquisa. A abordagem afetiva
coaduna com a experiência cartográfica uma vez que ambas utilizam o corpo do pesquisador
(o corpo do cartógrafo) como dispositivo para considerar as impressões, efeitos de prazer,
sensações, incômodos, familiaridades e estranhamentos, os espaços e as relações de poder em
um contato autêntico, marcado pelo encontro com a alteridade. Sugerindo grandes
possibilidades no campo dos estudos organizacionais brasileiros, esta perspectiva já foi
mobilizada como elemento chave em pelo menos dois textos. Na homenagem à Professora
Neusa Cavedon, Fantinel e Figueiredo (2019), o afeto foi o eixo condutor da práxis
acadêmica, estabelecendo relação de produção de conhecimento engajado, atento, sensível e
crítico. Teixeira (2019), por sua vez, refletiu sobre como os afetamentos do seu encontro com
o Professor Alexandre Carrieri foram fundamentais em sua inserção do ponto de vista
identitário no campo dos estudos organizacionais.
Após esta breve introdução, apresentaremos a cartografia e o rizoma. Em seguida
discutiremos a Teoria do Afeto ou abordagem afetiva, propondo o corpo como mediador da e
na pesquisa para, em seguida fazer o imbricamento entre as duas formas de pesquisa teórico-
metodológica, o que precede as considerações finais.

O Rizoma e a Cartografia

Pensemos na cartografia enquanto um processo movente e aberto, o mapa que conta


um processo, de um reconhecimento de um modo de existência rizomático. No rizoma, a
principal característica é não haver hierarquia entre os elementos que o compõe, pois todos
estão em linha umas em relação às outras (Deleuze & Guattari, 2011). Colocar as três
formas de pensamento e criação de conceitos em linha é o que permite que sua constituição
seja constantemente modificada, a partir de diversos agenciamentos. Os afetamentos são as
linhas flexíveis que transitam no “entre” (os planos da imanência-intensivo e da organização-
extensivo), sendo condutoras das relações, dos encontros, das conexões com o não-eu
(Deleuze & Guattari, 2011). Os autores enumeram ainda seis princípios aproximativos que
caracterizam um rizoma: o primeiro e o segundo são os princípios de conexão e
heterogeneidade – a conexão das linhas deve ser feita a partir das diferenças, podendo uma
linha ser conectada a qualquer outra; a preocupação deve ser centrada em toda uma
micropolítica do campo social.
O terceiro é o princípio da multiplicidade – “uma multiplicidade não tem sujeito nem
objeto, mas somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que
mude de natureza” (Deleuze & Guattari, 2011, p. 23). Esta natureza muda de acordo com as
conexões possíveis de serem realizadas, configurando o quarto princípio, o da ruptura
assignificante – todo rizoma compreende linhas de segmentaridade segundo as quais ele é
estratificado, territorializado, organizado, atribuído etc., mas compreende também linhas pelas
quais ele foge sem parar” (Deleuze & Guattari, 2011, p. 25). “O rizoma é uma antigenealogia”
(Deleuze & Guattari, 2011, p. 28), o que significa que rompe com os significados das
palavras, uma vez que não há um compromisso com o posto, mas com a multiplicidade, com
as mais variadas possibilidades de conexões do pensamento e dos modos de existência.
O quinto e o sexto são o princípio da cartografia e da decalcomania – “um rizoma não
pode ser justificado por nenhum modelo estrutural ou gerativo” (Deleuze & Guattari, 2011, p.
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29). Isso significa que cartografar é identificar as linhas que compõem o rizoma. O decalque
é a repetição, é a cristalização das linhas estruturantes (Deleuze, 2018). Em outras palavras
“se o mapa se opõe ao decalque é por estar inteiramente voltado para uma experimentação
ancorada no real. O mapa não reproduz um inconsciente fechado sobre ele mesmo, ele o
constrói” (Deleuze & Guattari, 2011, p. 30). Nessa perspectiva, o mapa é movimento na
medida em que está em constante mutação.
Haesbaert (2012) explica que o território tomado por Deleuze e Guattari é composto
por uma sobreposição que se inicia com o território etnológico, passa pelo território
psicológico para alcançar o território sociológico e atingir o território geográfico, formando o
território da subjetivação, que culmina em “pragmaticamente, toda uma série de
comportamentos, de investimentos, nos tempos e espaços sociais, culturais, estéticos,
cognitivos” (Guattari & Rolnik, 1996, p. 323). Uma noção de território que “emerge como um
eterno fazer-se e desfazer-se, compondo um rizoma, uma rede de relações, que se autoproduz
por agenciamentos com os mais variados elementos da realidade, aos quais se conecta e
reconecta a todo instante” (Romagnoli, 2014, p. 128) em puro movimento (Haesbaert, 2012).
Em termos deleuzianos, os territórios formados a partir das relações, no sentido da troca, entre
homem e natureza. Este território não é um pedaço de mundo em seu sentido material,
tampouco um espaço próprio no consciente coletivo – partimos da premissa que o consciente
coletivo está baseado na cognição humana do reconhecimento da existência de um outro com
diferenças e aproximações possíveis no plano da imanência que provocam efeitos no plano de
organização. Em suma, trata-se de um território psicossocial, mas ainda territorial, um
território “topológico-relacional” (Rolnik, 2018, p. 49).
O que se faz não é procurar extrair a verdade do real no campo de pesquisa, mas evitar
o reducionismo da complexidade da vida (Deleuze & Parnet, 1998). A cartografia então “é
um desenho que acompanha e se faz ao mesmo tempo em que os movimentos de
transformação da paisagem”, propondo o regresso da experiência, voltar à práxis, às artes de
fazer, uma bricolagem (Rolnik, 2006, p. 23). Para isso se apropria de técnicas amplamente
utilizadas em pesquisas, mas a partir de algo maior que o poder da observação, e superior ao
que a linguagem é capaz de reproduzir. Sua recomendação é sentir utilizando os dispositivos:
o corpo para captar o sentido; o sentimento ponderando e sendo ponderado pela
racionalização; e a pesquisa como instrumento de interpretação. Sugere que o pesquisador se
aventure por territórios desconhecidos, desafiando especialização e especialistas, e que se
permita afetar e ser afetado, experimentando a reflexividade da e na pesquisa.
É nesse sentido que o corpo de cartógrafo se relaciona com os princípios de conexão e
heterogeneidade presentes nos agenciamentos coletivos de enunciação nos quais é possível
“conectar cadeias semióticas, organizações de poder, ocorrências que remetem às artes, às
ciências e às lutas sociais (Deleuze & Guattari, 2011, p. 23). O que se intenciona é conectar
corpos em algo maior que a linguagem e seu regime de signos diferentes, mas sim em
afetamentos que se dão em variados campos de forças constituídos por afetos e
acontecimentos. Nesse jogo, o corpo funciona como condutor destes afetos de modo que a
“violência vivida no encontro entre um corpo e outros desestabiliza-o, colocando a exigência
de invenção de algo que venha a dar sentido e corporificar essa marca: um novo corpo, outro
modo de sentir, pensar, um objeto estético ou conceitual” (Liberman & Lima, 2015, p. 185).
Construir este corpo de pesquisador “implica um dobrar-se sobre si, e envolve a invenção de
dispositivos que apontam para o cuidado de si: dobrar a linha... num movimento de resistência
e luta contra os modos de assujeitamento (Liberman & Lima, 2015, p. 190).
A complexidade dos fenômenos sociais exige ainda uma quantidade maior de
dispositivos articulados entre si. Tedesco, Sade e Caliman (2013) apresentam a entrevista
como uma ferramenta que possibilita o acesso a um plano de compartilhado no campo das
experiências. É no manejo cartográfico da entrevista que a flexibilidade de transformar uma
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“coleta” de dados ou de informações em uma conversa mais aberta se torna uma possibilidade
na pesquisa. Acreditamos ser neste ponto que relações de proximidade são construídas,
fazendo surgir a troca de uma escuta sensível e interessada. As palavras ditas não representam
algo: são experiências vividas e sentidas pelos entrevistados, não havendo “separação entre
modos de dizer e o dito (expressão e conteúdo)”, conforme Tedesco, Sade e Caliman (2013, p.
204): as falas carregam em si afetamentos próprios da experiência relatada.

Teoria dos Afetos ou Abordagem Afetiva

A “virada afetiva” instaura novas possibilidades epistemológicas e novas práticas


metodológicas, transformando o modo de fazer pesquisa ao permitir que o pesquisador se guie
pelos afetos, movendo-se por situações que se apresentam no território pesquisado, tendo
ponto de partida a reflexividade. Diferentemente de procurar uma representação no “fora” o
que se busca é o mergulho no vivido, na porção mais parcial, local, específica e relacional dos
acontecimentos experienciados (Moriceau, 2020). De acordo com Moriceau (2020, p. 8), a
importância de uma abordagem afetiva se encontra na percepção “da consistente, ampla e
intrincada rede de conexões que se expande sobre os territórios da vida ordinária” colocando-
se em “relação com” e “em relação a”. Por afeto, Spinoza (2018, p. 98) compreende “as
afecções do corpo, pelas quais sua potência de agir é aumentada ou diminuída, estimulada ou
refreada, e, ao mesmo tempo, as ideias dessas afecções”. Moriceau (2020, P. 25) retoma a
questão do afeto colocando-a como algo que

[...] não tem uma dimensão apenas, um sentido certo, ele toma forma, todas às
vezes, numa dinâmica plural. Nós não sabemos qual é a significação, pois o afeto
escapa à captura por uma palavra, não se pode dizer “os afetos são isso”, senão,
vamos perder o poder de mudar, a potência de transformar. Se tem uma definição
possível, uma definição muito velha, é aquela oferecida por Spinosa: “o poder de ser
afetado e de afetar”. [...] nós não sabemos o que é o afeto, mas ele vai se manifestar
por intensidades, velocidades, desejos, abatimentos, de muitas variadas maneiras.

O problema da representação é que ela implica distanciamento. Tanto para Deleuze


(2018) como para Moriceau (2020), a representação é algo que impede o movimento: é pura
repetição. Enquanto a diferença experimenta, a repetição controla a experiência definindo-a.
“Representar seria crer possuir um poder mágico sobre as aparências, ser capaz de domá-los e
controlá-los” (Moriceau, 2017, p. 207). A representação configura uma forma de se recriar o
território de pesquisa sem levar em conta que o “solo é movente” e que pesquisa e
pesquisador se constroem mutuamente, um modo de pensar que nega a existência de um
estado de coisas estabelecido de antemão por “um observador neutro” que se impõe contra
uma ontologia da multiplicidade.
Para Deleuze (2018), pensar na diferença é pensar na multiplicidade. A diferença é o
movimento, mas não em seu sentido negativo, uma vez que contrapõe a dialética no intento de
romper com o dualismo e a simplificação do binário causa e efeito. Ao criticar o pensamento
filosófico clássico da representação, Deleuze (2018, p. 62) centra sua ideia na proposição do
Ser Uno que tem sua essência na diferença, enquanto o fenômeno se reporta a outra essência,
de forma que “o Ser é o mesmo para todas estas modalidades, mas estas modalidades não são
as mesmas”, isto é, trata-se de uma diferença ontológica. Negar a repetição significa dizer que
a complexidade da vida não pode ser aprisionada em uma representação de um modelo do
tipo árvore – estático, sendo o tronco sua estrutura central e a copa sua resultante – ao
contrário: reforça-se a ideia que a árvore tende à multiplicidade de um rizoma.
Na busca por desenvolver as análises de situações e narrativas captadas na pesquisa,
uma possibilidade é a Teoria dos Afetos, deixando-se guiar pelos afetos, pelas situações, e
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tendo como ponto de partida a reflexividade. Para tanto, Moriceau (2020, p. 16) descreve a
criação desta metodologia como uma arte em três gestos, comunicacionais, políticos e éticos:
o primeiro é se expor, uma vez que o contato e a surpresa permitem ao pesquisador captar as
experiências realizadas, afastando-se da necessidade de comprovação de hipóteses ou de
controle. O segundo é caminhar, estar aberto a mudanças de percurso teórico-metodológico,
mantendo o questionamento acionado. O terceiro gesto é pensar e refletir, pois fugir das
pesquisas tradicionais tem de vir acompanhado de questionamento contínuo sobre a escolha
de teorias e autores. “Assim, ‘ser em pesquisa’ envolve aprender, mover-se, pensar, entender
o contexto, refazer, individuar-se e não apenas posicionar-se, modelar, representar”
(Moriceau, 2020, p. 17).
A escrita performativa e plural também faz parte da pesquisa acionada pelos afetos,
uma vez que é importante que o texto escrito “converse” com o leitor, convertendo-o em parte
importante do texto, afastando-se da “mimesis para se aproximar de uma poiesis” associando
estilo e teoria (Moriceau, 2017, p. 208). Nesta escrita há um imperativo ético na origem da
escrita, no qual podemos identificar, de forma indissociável, pesquisador, sujeitos de pesquisa
e leitores. Quando se escreve, é relatado um encontro que suscitou perguntas e respostas; o
leitor aparece como quem questiona e julga o que foi escrito de modo que escrita é realizada
dentro dessas três relações umas com as outra, em três relações éticas, caracterizada por uma
forma de descrever e de desencadear a reflexividade (Letiche & Moriceau, 2018).
Além do que é dito e do que não é dito, o texto, uma vez escrito recruta mais recursos
performativos: imagens, música, ritmos, entonações, vestimentas, gritos, respirações;
transforma-se em presença viva. É assim que faz nascer algo novo em uma pesquisa que não
se explica, nem julga, mas que convoca à reflexão implicando o leitor para que seja possível a
construção de interlocuções assimétricas, mas não hierárquicas, atravessadas por afetos e
afetações. “A escrita não é resultado, a escrita é ação performática, feita no momento em que
aquilo que eu sei conversa com o que o outro me diz e essa fricção produz o texto. É nesse
lugar que o texto se faz [...] A escrita não é um relatório do vivido, mas sua fabricação, sua
fabulação” (Moriceau, 2020, p. 51-55), de modo que estaria mais próxima dos agenciamentos
de enunciação que vão se reterritorializar a partir das narrativas refeitas no texto.
Reduzidas a uma forma de comunicar o resultado de pesquisas, as escritas tendem a
representações e, por isso, “afastam a experiência vivida, cristalizam as dinâmicas, fixam os
lugares, impõem um ângulo de visão ou uma narrativa, atribuem o papel central a seu autor”
(Moriceau, 2017, p. 205). Reconstruir o texto a partir do afeto leva a uma direção que
privilegia elementos da vida comum, narrando como aspectos próprios de uma vida ordinária
formam e transformam os sujeitos ao revelar suas capacidades de afetar e serem afetados.
Conforme Pessoa, Marques e Mendonça (2019, p. 8), são estudos dirigidos às “intensidades e
banalidades das experiências comuns; que olham atentamente para as experiências íntimas,
aquelas que estão carregadas de emoção, que são percebidas no corpo e nas relações
interpessoais e, portanto, que se inscrevem em um tempo e um lugar específico”.
A análise baseada nos afetos passa pela possiblidade de criação de vínculos nos
atravessamentos da empiria com o território pesquisado em diferentes contextos com os
leitores e a própria experiência do pesquisador (Moriceau, 2017). Nesse sentido, cabe ao
pesquisador expor certas situações vividas como quem aceita um desafio e se aventura num
contar-se, tal qual as mulheres de Margareth Rago (2013), de uma forma que se assemelha a
narrativas de histórias transmitidas sem preconceitos ou modulações, um contar que se coloca
mais próximo da oralidade que da escrita.
A partir do afeto, pesquisador e “pesquisados” são dispostos lado a lado, em uma
posição vulnerável de abertura e de recepção, dando passagem à sensibilidade, transformando
em conhecimento singular a estética do conhecimento, momentos de intensidade repletos de
significado, de algo que se possa descobrir ou compreender. Contudo, por “sua dupla
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característica, experiencial e estética, desafia nossos procedimentos, mais recorrentes para


interpretar os significados de experiência e sensibilidade” (Guidi, Moriceau & Paes, 2019, p.
11). Como desafio inicial está superar uma dimensão objetificada da apreensão de mundo ou
ainda a redução das experiências em produção de signos e significados.

O Corpo como Mediador na/da Pesquisa

Tanto na cartografia quanto na abordagem afetiva se pressupõe a necessidade de


avanço e continuidade, em um devir que tensiona a investigação acadêmica e envolvimento
corpóreo do pesquisador. Rolnik (2000) vai chamar de corpo vibrátil o dispositivo capaz de
acessar os agenciamentos que se colocam para o pesquisador. Usar este corpo rompe com o
ciclo contínuo de leituras de mundo engendradas em representações supostamente completas,
mas descoladas do mundo das experiências. A cartografia insufla uma bricolage de temas na
construção de um trabalho coletivo, compreende o consenso como respeito às diferenças, mas,
sobretudo, permite a coexistência de diferenças localmente vizinhas. Usar o corpo vibrátil é se
deixar capturar por agenciamentos maiores que o comportamento e se abrir aos afetamentos.
O afetamento está relacionado ao que toca o pesquisador no território de pesquisa, a resposta
do corpo vibrátil ao sensível no plano da experiência. A noção de afetação rompe com uma
ideia pré-estabelecida de neutralidade da e na pesquisa (Passos & Barros, 2015). Em Deleuze,
a dimensão da experiência é amplificada por meio do conceito de experimentação, no qual se
busca sair de si e dar passagem ao intensivo de forças que se dão entre os corpos.
Usar o corpo para a mediação parte da construção “corpo de cartógrafo”, para o qual
Liberman e Lima (2015) propõem cinco guias. A primeira, “o que pode um corpo?” remete à
provocação de Espinosa citada por Deleuze (2017, p. 240), e assim respondida: “a estrutura de
um corpo é a composição da sua relação. O que pode um corpo é a natureza e os limites do
seu poder de ser afetado”. Para as autoras, isso está relacionado a processos de subjetivação e
de alteridade “a partir da permeabilidade, disponibilidade e da possibilidade de suportar as
turbulências produzidas, de engendrar novos modos que pedem passagem, expressão e
invenção” (Liberman & Lima, 2015, p. 185). A segunda guia, “o corpo como pulso”, parte da
premissa que “todo o viver é um ato corporal. Os corpos se constroem e reconstroem
refinadamente em cada experiência” (Liberman & Lima, 2015, p. 186). Isso se refere às
experiências construídas nas interações entre os sujeitos no território de pesquisa. A
possibilidade de afetamentos enfatiza diferenças que estimulam o desejo de conhecer o outro.
A terceira guia, “afirmar a potência da materialidade dos corpos”, percebe que a
“materialidade do corpo é cada vez mais necessária num mundo onde saberes hegemônicos,
como a tecnociência, apresentam o corpo como um obstáculo a ser ultrapassado na busca de
um ideal ascético, artificial, virtual, imortal” (Liberman & Lima, 2015, p. 186). Vemos um
profundo imbricamento entre a terceira e a quarta guia no sentido de centrar a atenção nos
afetamentos, isto é, “colocar-se à espreita de acontecimentos que abram o corpo para que
possamos exercitar a arte dos encontros; fazer como os animais sabem, relaciona-se à
construção de um estado de presença” (Liberman & Lima, 2015, p. 187). Por fim, a quinta
guia concerne à “invenção de práticas e dispositivos de produção de um corpo de cartógrafo”,
permitindo a inventividade na construção do próprio corpo de quem cartografa, de maneira
que a diferenciação não permite a assimilação pelo cotidiano observado.
O corpo se torna, portanto, um dispositivo a serviço da pesquisa – também nas
organizações. Sentir o que nos afeta é o ponto de partida para compreender como também
afeta os outros. Daí a necessidade de aceitar ser tocado pelos afetos, deixando que o objeto
fale com o pesquisador e por meio dele. Uma pesquisa afetiva, assim, possibilita uma
perspectiva “de dentro” e sustenta uma escuta atenta ao “de fora” do ponto de vista
metodológico.
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Cartografia e Abordagem Afetiva, uma Possibilidade Analítica

Enquanto abordagem teórico-metodológica, a cartografia permite reformular questões


assumindo que as forças que compõem pesquisador e pesquisa são partes do mesmo conjunto
heterogêneo de forças que produzem desejo, isto é, um não existe sem o outro uma vez que o
pesquisador busca “conhecer o seu pretenso objeto, este já está sendo inserido em novos
processos que o transformam e o descaracterizam de sua forma original e isto se dando na
duplicidade e no desdobramento da experiência que se vive do e no tempo e das formas que
são esculpidas por este” (Mairesse, 2003, p. 259). Contudo, o desafio maior na cartografia é
responder como compreender sem interpretar, como apreender o sentido do que emerge no
território. É necessário então assumir que o que se faz é a análise da e análise na pesquisa, o
tempo todo, uma espécie de ir e vir nos encontros do território pesquisado, isto é construir
toda a pesquisaCOM (Barros & Barros, 2013).
O problema de pesquisa também é uma construção, bem como a abertura conseguida
junto aos habitantes do território pesquisado. Todo o processo de construir a pesquisa com
muitas entradas diferentes amplia o embate entre objetividade e subjetividade, considerando-
as partes fundamentais e inseparáveis. “Portanto, para a cartografia há um paradoxo da análise
em pesquisa, que é o de acessar uma objetividade que tende à proliferação de sentidos, em vez
de restringir um sentido único. A experiência que está na base da pesquisa – e, portanto, da
análise – é criadora” (Barros & Barros, 2013, p. 386). É justamente este ponto que sustenta a
coexistência de diferentes planos de força concorrendo entre si, como o rizoma. O rizoma
opera de forma que “toda vez que uma multiplicidade se encontra presa numa estrutura, seu
crescimento é compensado por uma redução das leis de combinação” (Deleuze & Guattari,
2011, p. 21). A cartografia opera nos encontros possíveis, isto é, a atenção se volta para as
conexões estabelecidas, para a possibilidade de troca, para a reflexividade da e na pesquisa,
perdendo o sentido análise separada da construção dos dados.
No campo de pesquisa, as afetações e as intervenções são mútuas entre pesquisador e
pesquisados em “uma dinâmica transductiva a partir da qual as existências se atualizam, as
instituições se organizam e as formas de resistência se impõem contra os regimes de
assujeitamento e as paralisias sintomáticas” (Passos & Barros, 2015, p. 21), assumindo um
posicionamento de implicações políticas. A Teoria dos Afetos possibilita que os afetos
emerjam das experiências vividas na e da pesquisa contrariando a neutralidade que se espera
em trabalhos acadêmicos. Nesse sentido corroboramos Guimarães (2019) que a assepsia da
ciência enxerga como menor o olhar que vem de “dentro”. Para Moriceau (2017, p. 209)
significa dizer que o “pensamento por representações, como forma canônica de conhecimento,
é historicamente datado e o homem está ausente dele”.
Privilegiar os afetos significa não apenas conceder aos pesquisados liberdade e
autonomia de recriarem suas histórias de forma ativa, mas também confere ao pesquisador a
capacidade de acolher os afetos e as nuances da alteridade de uma postura ética na pesquisa
(Martino & Marques, 2018). Isso se manifesta em um trabalho reflexivo no qual há sempre
uma dupla troca entre os participantes que buscam refletir dialogicamente em sua construção.
Ao invés de traduzir ou interpretar para reterritorializar na representação as falas dos sujeitos
de pesquisa, o que se busca em uma perspectiva afetiva é coloca-los em um mesmo grau de
importância, fazendo-os corresponsáveis na elaboração do texto final sem buscar esgotar seu
sentido. Não se busca uma “boa representação”, mas uma obra aberta a várias interpretações,
uma poética: “trata-se de conduzir o espectador a partilhar o trabalho de compreensão, a
multiplicar e entrelaçar as representações, a fazer seu próprio ‘poema’” (Moriceau, 2020, p.
57). Nesse contexto, é importante destacar que “nós não sabemos o que é o afeto, mas ele vai
se manifestar por intensidades, velocidades, desejos, abatimentos, de muitas variadas
maneiras” (Moriceau, 2020, p. 25). Sustentar que a cartografia faz suas leituras de mundo por
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afetamentos, significa aceitar que cada pensamento conduz a uma nova criação, a outro
rizoma e seus agenciamentos, e que somente podemos tentar identificá-los e mapeá-los.

Considerações Finais

O objetivo deste ensaio foi apresentar a cartografia e a Teoria dos Afetos ou


abordagem afetiva como possibilidade teórico-metodológica para pesquisas nos Estudos
Organizacionais. Para tanto, fizemos um apanhado teórico sobre alguns conceitos do fazer
cartográfico partindo da filosofia da diferença em Deleuze e Guattari, e em seguida
apresentamos a Teoria dos Afetos baseada nas ideias de Moriceau, teorizações que
dialogaram com a ideia do corpo como mediador na composição do território de pesquisa. Por
meio da apresentação das duas perspectivas, a contribuição deste trabalho reside na
sustentação deste encontro como possibilidade nos Estudos Organizacionais.
A cartografia está a serviço da complexidade já que não se limita a priori. Ela
possibilita compreender os fenômenos sociais enquanto processos de subjetivação,
convocando o pesquisador a deslocar seus interesses para as singularidades e
circunstancialidades em uma ciência que se reconhece como prática social imersa,
historicamente situada e atravessada por relações políticas e sociais. Coloca-se ainda a serviço
da pesquisa na forma de um dispositivo voltado a resgatar outros tipos de saberes para além
dos reconhecidos pela ciência e, por isso, tidos como “superiores”. Nesse sentido, a
cartografia se transforma em um agenciamento capaz de produzir novas realidades
associando, neutralizando e remontando processos. A abordagem afetiva, por sua vez, permite
a construção reflexiva na qual o rigor ultrapassa a objetividade ao trilhar caminhos outros,
capazes de capturar não apenas o visível, mas aquilo que só pode ser sentido. O afeto é, antes
de tudo, uma exposição, uma capacidade de se deixar levar por aquilo que se manifesta, e
“nos coloca em uma posição vulnerável de abertura e de recepção. Ele é a sensibilidade que
nos abre ao outro, a outros sentidos” (Guidi, Moriceau & Paes, 2019, p. 11).
Tomar a cartografia tendo o afeto como lente analítica possibilita a construção de uma
rede ampla e intrincada de conexões que se expandem sobre os rizomas formados nos
territórios da vida ordinária. Não se trata apenas de desnaturalizar interpretações
institucionalizadas de mundo, ou produzir novas interpretações sobre velhos enunciados, mas
inventar novos termos, outro vocabulário. É nesse sentido que a escrita aparece como
elemento fundamental uma vez que convoca leitor, pesquisador e pesquisados enquanto
constituintes ético-estéticos, e por que não dizer, políticos do fazer pesquisa para os Estudos
Organizacionais. Longe de prescrições de como este caminho pode acontecer, a junção dessas
duas perspectivas sugere uma humanização radical do que se toma por real, que só existe
porque o humano lhe confere sentido. E este sentido sempre é plural, o que nem por isso
significa distante da perspectiva.
As principais implicações deste ensaio se estendem a vários níveis dos estudos
organizacionais, mas vamos procurar tratar de elementos ontológicos, epistemológicos e
teóricos. Do ponto de vista ontológico, considerar que as diferenças são o ponto de partida
para iniciativas cartográficas sugere que o ser não é homogêneo, com limites bem definidos, e
isso se estende às organizações. Elas são, por conseguinte, plurais, fluidas, mutantes porque
os seres humanos que as constituem assim o são, sendo seres de afeto, tanto no sentido de
afetividade quanto no de afetamento. Isso leva a que conhecer o real se pluraliza na mesma
medida em que as diferenças implicam afetos e possibilidades epistêmicas assentadas sobre
fluxos de existência e de experiência. Pensar em uma epistemologia das organizações, assim,
passa necessariamente pelo reconhecimento de que o organizacional se baseia em uma ficção
de ordem e controle que não se verifica entre as pessoas que o constituem. As epistemes na

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organização, assim, são bem mais complexas do que a racionalidade econômica alcança, o
que demanda novos lastros para a análise organizacional.
Do ponto de vista teórico, se faz sentido pensar que a cartografia e a teoria dos afetos
desafiam perspectivas estáveis e ordenadas de ontologia e epistemologia, as formas pelas
quais as organizações e sua dinâmica podem ser explicadas se multiplicam na proporção em
que as diferenças permitem olhares plurais baseados em vivências. Isso justifica teóricos
explicando as organizações a partir de referências raciais, sexuais, de gênero, de aparência, de
idade, de classe social e assim por diante. Bem sabemos que teorizações desse tipo já existem,
mas podem ser potencializadas quando se assume a centralidade das diferenças, isto é, como
elementos constitutivos de todos os seres humanos, o que impede que qualquer perspectiva
seja tomada como “referência” e outra como “alternativa” para o que quer que seja. As
diferenças enfatizam as existências, problematizando, por exemplo, pensar no econômico de
forma reificada, pois não há economia sem uma sociedade que a crie, mantenha e desenvolva.

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