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O Suplício de Loki

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O SUPLÍCIO DE LOKI

(Entra Loki, cordas rotas presas aos pulsos e tornozelos, cabelos soltos e
bagunçados, roupas esfarrapadas, e se situa num ponto, restrito a ele)
LOKI (com raiva, bradando) – ASGARD! ASGARD! Amaldiçoo seu destino e
cuspo em seus nomes! Pelo tormento a que me condena, trar-lhes-ei pior, cem
vezes e mil vezes! Pelo sangue de Laufey, pelas vidas ceifadas de meus filhos,
cujas carnes me fizeram de prisão em sátira vil, dia virá em que tudo o que
conhecem tombará!
(Loki cai sobre os joelhos e chora, em agonia física e emocional, antes de o
choro se tornar um riso histérico)
LOKI (gargalhando) – AH! Mas com que alegria suporto meu fardo, quando
através de minha penitência enxergo o desespero de seus olhos e sei que seu
precioso deus dourado jamais pisará sobre a terra dos vivos! Odin, irmão,
como sente essa dor? Seu inatingível rebento jaz para sempre no reino de
Hella! Não era você o todo-sábio senhor dos deuses? Sua expressão jamais
me fugirá enquanto via queimar o filho da luz, ferido pelo inocente visco,
alvejado pelo próprio irmão! Ah, ASGARD! Eu os atingi onde se pensavam
invencíveis! Eu os derrotei mais uma vez! Jamais se esqueçam dessa gloriosa
lição: ninguém pode ser invencível! Regozijo com seu pranto, seu medo me
alimentará em meu exílio!
(Leva as mãos ao rosto, inclinando-se para trás e se retorcendo de agonia,
gritando de dor)
LOKI – MALDIÇÃO DE ASGARD! Serpente incansável, bestial! O veneno
escorre, e corta, e queima! (Joga-se no chão, retorcendo-se, mas brande os
punhos tentando agarrar algo que está além de seu alcance). Aproxime-se,
fera, e com as mãos partirei sua espinha e arrancarei seu couro!
(Estende-se, luta e se contorce, urrando de dor de vez em quando, tentando
alcançar o animal muito acima de si. Exausto, cai sobre os braços e começa a
soluçar, agarrando as cordas em seus pulsos, enterrando dedos nos cabelos.)
LOKI – PROFANAÇÃO! Profanação que o deus das serpentes seja afligido por
uma! Profanação suprema que as vísceras dos filhos sejam as cadeias de seu
pai! (Voz cheia de sofrimento) NARI! NARFI! Sangue do meu sangue, carne de
minha carne, vozes que não se calam no ardor de vingança! A dessacralização
de suas vidas e mortes eu não esquecerei! Nosso tempo chegará! Filhos meus,
não chorem... A hora de nossa revanche virá, e mais doce é a vingança quanto
mais a esperamos.
(Loki senta com os joelhos dobrados ou cruzados, mãos nos lados da cabeça
abafando as vozes de seus filhos)
LOKI (Sussurando, insano) – Nosso dia chegará... As correntes se partirão...
Os lobos devorarão a luz, e de Niflheim eu levarei o Navio da Morte! Yggdrasil
arderá no fogo de Muspellheim, e as águas engolirão tudo. Tudo o que amam,
tudo o que são... Tudo reduzido a nada, como a nada nos reduziram. Mas não
já. Primeiro, deixem que pensem terem vencido. Por ora, deixem que
lamentem, e depois festejem, e então sofram sob o longo inverno... Eu os verei
definhar e se encolher, enquanto o jogo que montei se desenrola.
(Mais gotas do veneno vertem, e novamente cai sobre as costas, retorcendo-
se, antes de se apoiar nas mãos, rosnando e uivando)
LOKI – Podem achar que venceram, mas a cilada está feita. Caminham para o
fim, e nada pode impedir isso. Celebrem a dor do filho de Laufey, indignos
Aesir! Celebrem enquanto é tempo, pois a hora do acerto chegará. (Bradando
com todas as forças) AESIR, EU CLAMO A MINHA VINGANÇA! Sobre meu
corpo alquebrado e os cadáveres de meus filhos, anuncio o futuro inevitável:
RAGNAROK VIRÁ, E TUDO PERECERÁ! OUÇAM A PALAVRA DE FILHO DE
LAUFEY, E SAIBAM QUE O WYRD ESTÁ SELADO!
(Prostra-se e se encolhe novamente, outra vez caindo em pranto, mas
silencioso. Fim do ato)

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