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Aula 03

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PROFESSOR ISIDORO ORGE


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EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL ESTRANGEIRA.

Homologar uma sentença criminal estrangeira significa tornar


válida e com efeito essa decisão no território brasileiro. Sem este
processo, e sem a devida homologação pelo Superior Tribunal de
Justiça – STJ, órgão responsável por processar este pedido, a
decisão estrangeira não poderá ser executada no Brasil.
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Uma sentença estrangeira não pode produzir efeitos no Brasil, sem antes haver
a homologação por um tribunal nacional. Caso acontecesse isso, a legislação
internacional estaria sendo aplicada em território nacional como regra. Nucci
explica que (2020, p. 199) “um povo só é efetivamente soberano quando faz
suas próprias normas, não se submetendo a outros ordenamentos jurídicos”. O
objetivo é nacionalizar a lei penal estrangeira que deu fundamento à
sentença a ser homologada.
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Competência para a homologação.

A competência para a homologação das sentenças estrangerias é originalmente do STJ, a


teor do que dispõe o artigo 105, I, “i” da CF/88.

CF/88. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I – Processar e julgar, originariamente:

(…)

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas


rogatórias;
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Hipóteses para a homologação.

Reparação civil do dano causado à vítima: art. 9º, I do CP. Nesta hipótese, o
ofendido deve requerer a homologação.

Eficácia de sentença estrangeira

CP. Art. 9º – A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na


espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

I – Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;

(…)

Parágrafo único. A homologação depende:

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;


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Aplicação de medida de segurança: artigo 9º, II do CP.

CP. Artigo 9º (…) II – sujeitá-lo a medida de segurança.

Parágrafo único – A homologação depende:

(…)

b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de


cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de
requisição do Ministro da Justiça.
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Efeitos da sentença condenatória estrangeira que independe de


homologação.

Existem certos casos em que a “sentença estrangeria produz efeitos no Brasil,


sem a necessidade de homologação pelo STJ. São situações particulares, nas
quais não existe execução da sentença, mas somente a consideração da
mesma com fatos jurídicos”.

São as seguintes hipóteses:

a) gerar reincidência: artigo 63 do CP.

CP. Art. 63 – Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime,


depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior.
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Servir de pressuposto da extraterritorialidade condicionada: artigo 7º, II, §2º “d” e “e” do
CP.

CP. Art. 7º – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

(…)

II – Os crimes:

(…)

§ 2º – Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:

(…)

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
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Impedir o SURSIS: art. 77, I, do CP.

CP. Art. 77 – A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)


anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

I – O condenado não seja reincidente em crime doloso;


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Prorrogar o prazo para o livramento condicional: art. 83, II do CP.

CP. Art. 83 – O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a


pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

(…)

II – Cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;


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Gerar maus antecedentes: art. 59 do CP.

CP. Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta


social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:

I – As penas aplicáveis dentre as cominadas;

II – A quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;

III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

IV – A substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de


pena, se cabível
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

“A parte da ciência do direito penal que se ocupa de explicar o que é o


delito em geral, quer dizer, quais são as características que devem ter
qualquer delito. Esta explicação não é um mero discorrer sobre o
delito com interesse puramente especulativo, senão que atende à
função essencialmente prática, consistente na facilitação da
averiguação da presença ou ausência de delito em cada caso concreto.”
(ZAFFARONI, 2017, p. 317)
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

Conforme o entendimento de zaffarone define o que é crime significa


compreender quais fatos serão objetos do direito penal.

No ordenamento jurídico há três conceitos de crime: analítico, formal e


material.

sob o enfoque formal, infração penal é aquilo que assim está rotulado sob
ameaça de penal. Num conceito material, infração penal é o
acomportamento humano causador de relevante e intolerável lesão ou perigo
de lesão ao bem jurídico tutelado passível de sanção penal. O conceito
analítico leva em consideração os elementos estruturais que compõem a
infração penal prevalecendo fato típico Ilícito e culpável (CUNHA, 2017 p.
160) (grifo no original)
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

O conceito analítico previsto no Código Penal Brasileiro adota a teoria


tripartite, ou seja, determinado acontecimento só será relevante para o
direito penal quando ele for típico ilícito e culpável. Doravante será estudado
cada elemento do conceito analítico.

A tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade são três elementos que


convertem uma ação em um delito. A culpabilidade – a responsabilidade
pessoal por um fato antijurídico – pressupõe a antijuridicidade do fato, do
mesmo modo que a antijuridicidade, por sua vez, tem de estar concretizada
em tipos legais. A tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade estão
relacionadas logicamente de tal modo que cada elemento posterior do delito
pressupõe o anterior.” (WEZEL, 2017, p. 57).
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

O conceito formal diz que é crime aquilo que está previsto em lei, já o
material crime é aquilo que a sociedade reprova. Pelo exposto, percebe-se
que determinado acontecimento pode ser formalmente crime, no entanto,
atípico materialmente, por exemplo, a aplicação do princípio da
insignificância.

Segundo o princípio da insignificância, que se revela por inteiro pela sua


própria denominação, o direito penal, por sua natureza fragmentária, só vai
aonde seja necessário para a proteção do bem jurídico. Não deve ocupar-se
de bagatelas. (TOLEDO, 2002, p. 133)
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

No mesmo sentido:

Duas concepções opostas se embatem entre si com a finalidade de conceituar


o crime: uma de caráter formal, outra de caráter substancial. A primeira
atém-se ao crime sub especie iuris, no sentido de considerar o crime ‘todo o
fato humano, proibido pela lei penal’. A segunda, por sua vez, supera este
formalismo considerando o crime ‘todo o fato humano lesivo de um interesse
capaz de comprometer as condições de existência, de conservação e de
desenvolvimento da sociedade (BITIOU, 2016, p. 209)
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

ESPÉCIES DE INFRAÇÃO PENAL

No ordenamento jurídico, infração penal é o gênero (sistema binário) da qual


decorre duas espécies: Crime ou delito e contravenção penal, esta também é
denominada pela doutrina penalista de crime anão, delito liliputiano ou
crime vagabundo.

Segundo a Lei de Introdução ao Código Penal:

Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de


detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente. (BRASIL, 1945)
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

A contravenção penal difere do crime em relação à pena, pois, conforme o


conceito supracitado, verifica-se que no delito a pena é detenção ou reclusão.
Na primeira o condenado não poderá iniciar o cumprimento da reprimenda
em regime fechado; a segunda o sentenciado poderá iniciar no regime
fechado, semiaberto ou aberto. Noutro giro, o delito liliputiano a pena é de
prisão simples, acumulada ou não, com multa.

Outrossim, ambas espécies de infração admite tentativa, todavia só é punível


quando tratar-se de delito.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

A ação penal, na contravenção, sempre será pública, ou seja, cabe ao


Ministério Público promovê-la (art. 129, inciso I da Carta Magna); no crime,
em regra, a ação é pública incondicionada, podendo ser privada ou
condicionada à representação.

Determinados fatos praticados no estrangeiro poderão — preenchendo


alguns requisitos legais — ser julgados no Brasil, no entanto a Lei de
Introdução ao Código Penal só pune a contravenção praticada em território
nacional.

Outra diferença é que no delito anão a pena máxima é de 5 anos, já para os


crimes são de 30 anos.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

▪ Quanto à competência as contravenções penais serão julgadas pela Justiça


Estadual, já os delitos, pela Justiça Estadual ou Federal. O art. 109 da
Constituição elenca em um rol taxativo (numerus clausus) as hipóteses de
competência da Justiça Federal.

▪ As prisões processuais (temporária e preventiva) só podem ser decretadas


quando o ato a ser julgado é considerado crime, isto é, tratando de
contravenção penal, jamais admite-se a decretação de cautelar.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME.

▪ Quanto à competência as contravenções penais serão julgadas pela Justiça


Estadual, já os delitos, pela Justiça Estadual ou Federal. O art. 109 da
Constituição elenca em um rol taxativo (numerus clausus) as hipóteses de
competência da Justiça Federal.

▪ As prisões processuais (temporária e preventiva) só podem ser decretadas


quando o ato a ser julgado é considerado crime, isto é, tratando de
contravenção penal, jamais admite-se a decretação de cautelar.
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