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Direito Penal

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Princípios

quinta-feira, 7 de julho de 2022 23:10

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE DIREITO PENAL: De acordo com o professor Cleber


Masson: "Princípios são valores fundamentais que inspiram a criação e a
manutenção do sistema jurídico. No Direito Penal, os princípios tem a função
de orientar o legislador ordinário, no intuito de limitar o poder punitivo
estatal mediante a imposição de garantias aos cidadãos"

Legalidade: Somente a lei, em sentido estrito, pode criar tipos penais e


cominar penas
• Art 5, XXXIX, CF/Art 1, CP: "Não há crime sem Lei anterior que o defina,
não há pena sem prévia cominação legal"

Exemplo das drogas: Só é ilícita os princípios ativos prescritos pela Anvisa


• Se vender algo ainda não prescrito, não configura como tráfico

Aqui há o desdobramento de diversos princípios, entre eles: Reserva Legal,


Anterioridade (Para caracterizar como crime, a conduta deve ser posterior à
Lei), Taxatividade, Exigibilidade da Lei escrita (proibição de analogia em
"malum partem")

Analogia em bonam partem difere de Interpretação analógica


• Analogia em bonam partem tem como exemplo o estupro de vulnerável.
Apesar do CP não dizer que estupro de vulnerável pode ter aborto
humanitário, faz-se uma analogia para beneficiar a vítima
• Interpretação analógica é uma forma de interpretar e não uma forma de
integrar a lei.

Deve ser LEI, Medida provisória e Decreto não pode ter como matéria Direito
Penal ou Processual Penal/Civil (Art 62, §1, b, CF)
• Mas o STF entende que se a MP for benéfica ao réu, então pode ser
aplicada

Individualização da pena (Art 5, XLV, CF): A lei regulará a individualização da


pena e adotará, entre outras as seguintes:
I- Privação ou restrição de liberdade
II- Perda de bens
III- Multa
IV- Prestação social alternativa
V- Suspensão ou interdição de direitos

Existe para evitar a padronização da pena para diferentes crimes. Tem vários
planos de aplicação:

Página 1 de Direito Penal


planos de aplicação:
• Plano legislativo: Estabelece a pena máxima e a mínima para cada tipo de
crime
• Plano judicial: Analisa as circunstâncias (agravantes ou atenuantes) do
crime para aplicar uma pena entre a máxima e a mínima
• Plano executório: Analisa as características do cumprimento da pena.

Adequação social: Utilizado no caso de uma conduta criminosa passar a ser


considerada comum. Porém não afasta a punibilidade
• Súmula 502, STJ: Presentes a materialidade e a autoria, configura-se típica
em relação ao crime de venda de CD e DVD pirata (art 184, §2, CP)

Intervenção mínima: O Direito Penal só pode ser utilizado quando for


necessário, utilizando-o de forma mínima (deve ser a "ultima ratio")

ROGÉRIO GRECO:

"Na verdade, se aplicássemos fielmente o princípio da intervenção mínima, que apregoa que
o Direito Penal só deve preocupar-se com os bens e interesses mais importantes e
necessários ao convívio em sociedade, não deveríamos sequer falar em contravenções, cujos
bens por elas tutelados bem poderiam ter sido protegidos satisfatoriamente pelos demais
ramos do Direito."

Insignificância: Quando a conduta não tiver o potencial de lesionar ou expor a


perigo bens penalmente tutelados. Exclui a tipicidade material do crime.

STJ: Aplica-se esse princípio em furto em coisa subtraída com valor de até 10%
do SM
• Outro entendimento do STJ é de que a reincidência não impede na
aplicabilidade do princípio da insignificância
• Não aplicável nos crimes ou contravenções penais praticados contra a
mulher no âmbito das relações domésticas (Súmula 589) e nem contra a
ADM pública (Súmula 599)

Tem 4 requisitos objetivos (STF/STJ):


• Mínima ofensividade da conduta
• Ausência de periculosidade
• Reduzido grau de reprovabilidade da conduta
• Inexpressividade da lesão

Tem requisitos subjetivos (STF E STJ)

Página 2 de Direito Penal


Lei Penal no espaço-tempo
terça-feira, 24 de janeiro de 2023 09:51

IRRETROATIVIDADE: A Lei penal não retroagirá, SALVO


EM benefício do réu (art 5°, XL, CF)

Exceções

Retroatividade: Abre-se exceção à vedação à


irretroatividade quando se trata de lei penal benéfica
• Retroage mesmo se tiver trânsito em julgado (art
2°, parágrafo único)

Ultratividade: Significa a aplicação da lei penal


benéfica, já revogada, a fato ocorrido durante a sua
vigência
• É aplicada a lei vigente na época do fato, SE
BENÉFICA, se for in pejus, aplica a lei vigente.

LEI INCRIMINADORA (NEOCRIMININALIZAÇÃO): Surge


uma lei que cria um NOVO TIPO PENAL.
• Não pode ser aplicada a fato anterior a sua
vigência

Porém, se o agente comete um crime anterior à


vigência da novatio legis in pejus que só cessa após o
início da sua vigência, o agente é julgado pela nova lei
(o tempo rege o ato)

ABOLITIO CRIMINIS: Ninguém pode ser punido por


fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória (art 2°, CP)
• A natureza jurídica do abolitio criminis é ser uma
causa de extinção da punibilidade

Abolitio criminis temporária ou Vacatio legis indireta:


A punibilidade é extinta por um período de tempo
• Exemplo: Posse irregular de arma de fogo
permitida -> Tiveram entre 23/12/2003 até
31/12/2009 para regularizar

Página 3 de Direito Penal


Não é permitido fazer combinação de leis para
benefício do réu: Lei A (1 a 3 anos + multa, mais
antiga) ou Lei B (2 a 6 anos sem multa) = Lei A + Lei B
(1 a 3 anos, sem multa)
• Usurpação do poder legislativo

CONTINUAÇÃO NORMATIVO TÍPICA: O fato subsiste


criminoso, embora disciplinado em tipo penal diverso

TEMPO DO CRIME: Considera-se como tempo do crime


o momento no tempo que se realizou a ação ou
omissão, mesmo que o momento do resultado seja
outro (art 4°, CP)

Quando a análise for do Lugar, adota-se ubiquidade


Quando a análise for do Tempo, adota-se atividade

Importante para definição de prazos, prescrição,


decadência

Exemplos
• Agente de 17 anos e 10 meses esfaqueia o amigo.
O amigo fica internado por 4 meses e falece. O
agente não atingiu a maioridade penal na época
do fato
• Agente de 17 anos e 10 meses realiza um crime
análogo ao de sequestro com conduta prolongada
no tempo por 4 meses. Ao fim da conduta, ele é
imputável.

ESPAÇO DO CRIME: Considera-se praticado o crime no


lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado. (Art 6°, CP)

Territorialidade da lei penal

Princípio da territorialidade: Aplica-se a lei penal do


local em que o crime foi cometido

Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa:


Aplica-se a lei penal do país que pertence o agente,
Página 4 de Direito Penal
Aplica-se a lei penal do país que pertence o agente,
pouco importando o local do crime

Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva:


Aplica-se a lei penal da nacionalidade do ofendido

Princípio da defesa ou real: Aplica-se a lei penal da


nacionalidade do bem jurídico lesado, ou colocado
sobre perigo de lesão

Princípio da justiça penal universal: É aplicada a lei


penal do local onde o agente for encontrado.

Hungria:

“O Código criou um temperamento à impenetrabilidade do


direito interno ou à exclusividade da ordem jurídica do Estado
sobre o seu território, permitindo e reconhecendo, em
determinados casos, a validez da lei de outro Estado. É
obséquio à boa convivência internacional, e quase sempre sob
a condição de reciprocidade, que o território do Estado se
torna penetrável pelo exercício de alheia soberania.”

Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de


convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.

• § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como


extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.

• § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos


crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.

Extraterritorialidade incondicionada (art 7, I, CP): É

Página 5 de Direito Penal


Extraterritorialidade incondicionada (art 7, I, CP): É
aplicada a lei penal Brasileira aos crimes:
• Contra a vida ou a liberdade do PR (fere o
princípio da proteção)
• Contra o patrimônio ou a fé pública de qualquer
ente da adm pública, direta ou indireta (fere o
princípio da proteção)
• Contra a adm pública, por quem está a seu serviço
(fere o princípio da proteção)
• De genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil (Princípio da justiça
universal)

Esses crimes são punidos no brasil mesmo que


absolvidos ou condenados no estrangeiro (Art 7, §1°,
CP)

Extraterritorialidade condicionada (art 7, II, CP): É


aplicada a lei penal Brasileira aos crimes
• Que, por tratado ou convenção, o Brasil se
obrigou a reprimir (Princípio da Justiça Universal)
• Praticados por brasileiros (Princípio da
nacionalidade ativa)
• Praticados em aeronaves ou embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados (Princípio da
bandeira/representação/pavilhão)

Art 7, §2°, CP: As condições para se aplicar a lei penal


brasileira nos casos do inciso II (extraterritorialidade
condicionada) são:
• Entrar o agente no território nacional
• Ser o fato punível também no país em que foi
praticado (dupla tipicidade)
• Estar o crime incluído naqueles que a lei brasileira
autoriza a extradição
• Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
não ter cumprido a pena
• Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro
ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade segundo a lei mais benéfica

Hipercondicionada (art 7, §3°): A lei brasileira também


se aplica ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro, se reunidas as condições do art 7, §2° e:
Página 6 de Direito Penal
brasileiro, se reunidas as condições do art 7, §2° e:
• Não foi pedida ou negada a extradição
• Houve requisição do Ministro do Justiça

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO (art 8, CP): A pena


cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
computada, quando idênticas
• Diversas: Se no estrangeiro pagou multa, aqui só
vai pegar reclusão
• Idênticas: Se no estrangeiro ficou recluso, aqui vai
diminuir o tempo de reclusão

Rogério Greco

Em qualquer das hipóteses do inciso I do art. 7º do Código


Penal, o agente será punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro. Em caso de
condenação, terá aplicação a regra insculpida no art. 8º do
Código Penal, que diz que “a pena cumprida no estrangeiro
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas”, evitando-
se, dessa forma, o bis in idem, ou seja, ser o agente punido
duas vezes pelo mesmo fato.

Eficácia de sentença estrangeira (art 9, CP): A


sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie, as mesmas
consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I- Obrigar o condenado à reparação do dano, a
restituições e a outros efeitos civis
II- Sujeitá-lo a medida de segurança

§Único: A homologação depende:


I- Do pedido da parte interessada, para os efeitos
previstos no inciso I
II- Para outros efeitos, da existência de tratado de
extradição com o país de cuja autoridade
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de
tratado, de requisição no Min.Justiça

Alberto Silva Franco:

“Para combater com maior eficiência, dentro de suas


fronteiras, a prática de fatos criminosos, o Estado se vale, por
exceção, de atos de soberania de outros Estados, aos quais

Página 7 de Direito Penal


exceção, de atos de soberania de outros Estados, aos quais
atribui certos e determinados efeitos. Para tanto, homologa a
sentença penal estrangeira, de modo a torná-la um verdadeiro
título executivo nacional, ou independentemente de prévia
homologação, dá-lhe o caráter de fato jurídico relevante.”

Página 8 de Direito Penal


Conflito Aparente de Normas
domingo, 19 de março de 2023 14:50

GUILHERME DE SOUZA NUCCI: "É a situação que


ocorre quando ao mesmo fato parecem ser
aplicáveis duas ou mais normas, formando um
conflito apenas aparente entre elas"

Pressupostos do conflito
• Unidade de fato
• Pluralidade de normas simultaneamente
vigentes

Finalidade
• Assegurar a harmonia e a coerência do
sistema
• Evitar a possibilidade do "bis in idem" que
poderia ocorrer caso duas normas incidissem
sobre o mesmo fato

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS - CASE

Especialidade: Duas normas podem ser,


aparentemente, simultaneamente aplicáveis,
porém uma norma traz um especificador

Exemplo: Homicídio (Art 121, CP) e Homicídio por


motivo fútil (Qualificado, Art 121, §2°, II)
• Ambos houve homicídio, porém as normas
contém diferentes circunstâncias

Subsidiariedade: Uma norma principal pode


acompanhar uma norma secundária

Exemplo: Constranger alguém, mediante


violência ou grave ameaça, a fazer algo que a lei
não obriga (Art 146, CP - Constrangimento ilegal)

Dizer que vai causar mau injusto ou grave ameaça


(Art 147, CP - Ameaça)
• Não obrigou ninguém a fazer nada, mas teve
ameaça

Subsidiariedade expressa: Está expresso na lei


• Normalmente vem algo escrito como "se o

Página 9 de Direito Penal


• Normalmente vem algo escrito como "se o
fato não constituir crime mais grave"

Subsidiariedade implícita: Faz-se a análise das


normas para entender qual a norma aplicável

PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO:

Crime progressivo: Para praticar o crime final,


que é mais grave, o agente vai cometendo outros
crimes menos graves

• O crime menos grave é absorvido

Progressão criminosa: O crime intencionado é


menos grave, porém, ao final, o agente acaba
cometendo um crime mais grave

• Exemplo: A intenção era lesionar, mas acaba


matando dolosamente

• Aplica-se o crime mais grave

Crime complexo ou composto: Dois crimes que se


tornam um

• Exemplo: Art 155 (Furto) + Art 146


(Constrangimento ilegal) = Art 157 (Roubo)

"Antefactum" impunível: O crime de porte ilegal


de uma arma para matar alguém é absorvido pelo
crime de homicídio
• O crime fim absorve o crime meio

"Postfactum" impunível: Sempre que o fato


posterior afetar o mesmo bem/mesma vítima

PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE: Boa parte da


doutrina não entende como um "princípio do
conflito de normas" pois é aplicável quando um
mesmo crime tem várias condutas (Crime de
tráfico)
• Responde por apenas um crime
Página 10 de Direito Penal
• Responde por apenas um crime

Página 11 de Direito Penal


Classificação do crime 1
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023 11:00

CRIMES COMUNS: São aqueles crimes que não


precisam de uma condição especial para serem
realizados
• Homicídio (art 121): Matar alguém
• Furto (art 155): Subtrair algo de outrem
• Roubo (art 157): Tomar algo de alguém
mediante coação ou grave ameaça
• Estelionato (art 171)

CRIME PRÓPRIO: Não pode ser cometido por


qualquer pessoa.

• Infanticídio (art 123): A mãe que comete


um crime contra a vida do filho recém-
nascido ou durante o parto, sob efeito do
período puerperal

• Peculato (art 312), Concussão (art 316) e


Corrupção (art 317): Cometidos por um
agente público

Cabe coautoria ou participação aos CRIMES


PRÓPRIOS quando forem elementares ao crime

CRIME DE MÃO PRÓPRIA ou DE CONDUTA


INFUNGÍVEL: Uma pessoa comete um crime
contra si.
• Autoaborto
• Falso testemunho

Não cabe coautoria porém cabe participação.


• No exemplo do autoaborto, a gestante
ingere um comprimido abortivo que foi
dado pelo namorado. A gestante é autora
e o namorado é participante

CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS

Simples: Não precisa de 2 ou mais crimes para


ser tipificado
• Homicídio

Página 12 de Direito Penal


Complexo: Fusão de 2 ou mais crimes para
formar um crime (Pode ser puro ou impuro)
• Roubo = Furto + Constrangimento ilegal

CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA


CONDUTA

Material: O crime depende de um resultado


naturalístico
• Roubo/Furto e Homicídio

Formais: São crimes de consumação antecipada


• Concussão: Agente público exigir
vantagem indevida (o crime se consuma
com a exigência e não com a vantagem)

Mera conduta: Basta fazer a conduta e já


configura crime
• Tráfico

Página 13 de Direito Penal


Classificação dos crimes 2
sexta-feira, 7 de abril de 2023 18:23

CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES, DE EFEITOS


PERMANENTES E A PRAZO

Crimes instantâneos: O crime se consuma de imediato

• Furto: O agente subtrai o bem e a vítima perde o


bem. Já tá consumado.

Crimes continuados: Crimes que a conduta do agente


se prolongam no tempo.

• Sequestro ou Extorsão mediante sequestro: O


crime só acaba após a liberação da vítima de
sequestro.

Crimes de efeito permanente: A conduta não se


prolonga no tempo, porém os efeitos são permanentes

• Homicídio

Crimes a prazo: O crime ocorre quando se exaure o


tempo estabelecido na Lei
• Estatuto do desarmamento

CRIMES UNISSUBSISTENTES E PLURISSUBSISTENTES:


Classificação quanto ao crimes cujos atos podem ser
fracionados (Plurissubsistentes, cabe a modalidade
TENTADA) ou não (Unissubsistentes, não tem
modalidade TENTADA)

Página 14 de Direito Penal


Iter Criminis
terça-feira, 25 de abril de 2023 09:57

ITER CRIMINIS: É o "caminho do crime". É


composto por uma fase interna e uma fase externa

Fase interna: É o momento em que a pessoa


começa a idealizar o crime.
• Cogitação -> Pensei
• Deliberação -> Prós e contras
• Resolução -> Resolvi fazer

Jamais há penalidade pela fase interna pois a


conduta é atípica

Fase externa: Composta por

Atos preparatórios -> Em regra não é punível


(exceto no crime de terrorismo)

Atos executórios -> Há uma discussão sobre que


momento inicia os atos executórios

Consumação -> Constituído todos os elementos


que o definem são reunidos (Art 14, CP)

Exaurimento -> Não é parte do iter criminis, pois é


o simples exaurimento do objeto do crime

Página 15 de Direito Penal


Tentativa e consumação
terça-feira, 25 de abril de 2023 10:16

CONSUMAÇÃO: Quando ocorre o


preenchimento dos elementos objetivos e
subjetivos do delito (Art 14, CP)

Não tem relação com o resultado do crime,


isso está relacionado a crime material, crime
formal ou crime de mera conduta

TENTATIVA: Quando não ocorre o


preenchimento integral dos elementos
objetivos do delito. (Tipicidade incompleta)

Na tentativa sempre ocorre o preenchimento


dos elementos subjetivos, nesse caso,
sempre com dolo.

Art 14, II. Diz-se o crime tentado, quando,


iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

Parúnico. Salvo disposição em contrário,


pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços.

Na dosimetria da pena, é considerado o quão


longe o agente ficou da consumação do
crime

Elementos da tentativa
1. Início da execução
2. Não consumação por circunstâncias
independentes
3. Dolo em relação ao crime total

Teorias sobre a punibilidade da tentativa

Teoria subjetiva: O sujeito é punido por sua


intenção, pois o que importa é o desvalor da
ação, sendo irrelevante o desvalor do
resultado

Página 16 de Direito Penal


resultado

Teoria sintomática: Sustenta a punição em


razão da periculosidade subjetiva, isto é, do
perigo revelado pelo agente

Teoria objetiva, realística ou dualística: A


tentativa é punida em face do perigo
proporcionado ao bem jurídico tutelado pela
lei penal

Crimes que não cabem tentativa


• Crimes culposos

• Crimes habituais

• Crimes unissubsistentes

• Crimes preterdolosos
○ São os crimes qualificados pelo
resultado, no qual o agente
responde pelo resultado mais grave
se o causar pelo menos
culposamente.

• Crimes de atentado (Mesma pena para


doloso e culposo)

• Crimes omissivos

Tipos de tentativas

Tentativa branca ou incruenta → Não


acerta o alvo

Tentativa vermelha ou cruenta → Acerta o


alvo

Tentativa perfeita, acabada ou crime falho


→ Esgota todos os meios

Tentativa imperfeita ou inacabada → Não


utiliza todos os meios

Tentativa abandonada ou qualificada


Página 17 de Direito Penal
Tentativa abandonada ou qualificada
→ Desistência Voluntária e Arrependimento
Eficaz

Tentativa inidônea, inadequada, impossível


ou quase Crime → Crime Impossível

Página 18 de Direito Penal


Arrependimento posterior e eficaz
terça-feira, 25 de abril de 2023 14:06

ART 16, CP. Nos crimes cometidos sem violência ou


grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia
ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a 2 terços.

Natureza jurídica -> Causa geral de diminuição de


pena

Requisitos
• Crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa
• Reparação do dano ou restituir a coisa até o
recebimento da denúncia ou queixa
• Ato voluntário

Após o recebimento da denúncia, a restituição da


coisa não é mais causa de diminuição da pena e sim
atenuante da pena

Critério para a redução da pena: Celeridade. Quanto


mais rápido o agente reparar o dano ou restituir a
coisa, maior vai ser a redução da pena.

Recusa do ofendido em aceitar a reparação do dano


ou restituição da coisa: O agente pode fazer o
depósito em juízo.

ARREPENDIMENTO EFICAZ: Esgotamento de todos


os meios executórios do delito e se arrepende da
conduta logo após

Uma tentativa de homicídio seguida de


arrependimento do agente, porém a vítima morre, o
arrependimento não foi eficaz

Requisitos
• Entrou nos atos executórios
• Conduta dolosa
• Esgota todos os meios executórios

Página 19 de Direito Penal


Desistência voluntária
terça-feira, 25 de abril de 2023 15:06

ART 15, CP. O agente que, voluntariamente,


desiste de prosseguir na execução ou impede
que o resultado se produza, só responde pelos
atos já praticados

Natureza jurídica

1° corrente: Causa extintiva de punibilidade (não


prevista no rol do art 107, CP)

2° corrente: Causa de exclusão de tipicidade


• O fato não é típico pois não se consumou e
nem é tentado pois não foi impedido por
forças alheias a sua vontade (não cumpre os
requisitos subjetivos)

3° corrente: Causa de exclusão da punibilidade

Exemplo
• Dou vários disparos em alguém
• Ela implora pela vida
• Eu me arrependo e ajudo ela a ir pro
hospital
• Eu respondo por lesão grave (pois não há o
que se falar em tentativa de homicídio pois
não há dolo)

Requisitos
• Início da execução
• Conduta dolosa
• Não esgota todos os meios executórios
• Não há consumação do crime

Página 20 de Direito Penal


Teoria do Crime
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023 15:25

ROGÉRIO GRECO:

"É a teoria do crime, portanto, um roteiro obrigatório a ser seguido pelos intérpretes que
compõem a Justiça Penal, principalmente pelos aplicadores da lei, trazendo, outrossim, o
máximo de segurança jurídica possível, reconhecendo ou não a prática de uma determinada
infração penal."

Justamente o Direito Penal, por ser o instrumento mais repressivo com que
conta o Estado, requer um grau superior de sistematização, ou seja, de
critérios lógicos para formular uma interpretação coerente, ordenada e
fundamentalmente uniforme da Lei Penal.

CONCEITOS DE CRIME

Conceito formal: O crime é a conduta proibida pela lei penal

Conceito material: Crime é a conduta que lesiona os bens jurídicos mais


relevantes

Conceito analítico: Crime é o fato típico, ilícito e culpável (adotado)


• A punibilidade não entra mais no conceito de crime, ela é mera
consequência da conduta

Welzel:
“A tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade são três elementos que convertem uma
ação em um delito. A culpabilidade – a responsabilidade pessoal por um fato antijurídico –
pressupõe a antijuridicidade do fato, do mesmo modo que a antijuridicidade, por sua vez,
tem de estar concretizada em tipos legais. A tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade
estão relacionadas logicamente de tal modo que cada elemento posterior do delito
pressupõe o anterior.”

MODELO CLÁSSICO DE CRIME: Modelo tripartite


• Tipo (Elemento objetivo)
• Antijuridicidade (Elemento objetivo)
• Culpabilidade (Elemento subjetivo)
○ Aqui está inserido DOLO e CULPA
○ Não considera a imputabilidade

MODELO NEOCLÁSSICO OU NEOKANTISTA


• Fato típico
• Ilicitude
• Culpabilidade
Página 21 de Direito Penal
• Culpabilidade
○ IMPUTABILIDADE,
○ DOLO E CULPA
○ EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

MODELO FINALISTA OU ANALÍTICA DE DELITO: Adotada pelo ordenamento


jurídico brasileiro
• Não carrega elementos subjetivos, apenas normativos
• Alguns doutrinadores entendem que a culpabilidade não é característica
do crime e sim um pressuposto do crime

• Fato típico
○ Conduta
○ Resultado
○ Nexo causal
○ Tipicidade

• Ilicitude
○ Deve ir contra o ordenamento jurídico como um todo. Se a conduta
encontrar amparo em outra lei, ela pode ser típica, culpável porém
não vai ser ilícita

• Culpabilidade
○ Imputabilidade
○ Potencial consciência de ilicitude
○ Exigibilidade de conduta diversa

Página 22 de Direito Penal


Fato típico
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023 15:48

FATO TÍPICO: É a conduta (positiva ou negativa) que


provoca um resultado que se amolda perfeitamente
aos elementos constantes do modelo previsto na lei
penal. É composto por:

• Conduta
• Resultado naturalístico
• Nexo de causalidade
• Tipicidade

Conduta: Toda conduta é dirigida com um fim

• Tem um movimento corporal (comissivo ou


omissivo)

• Deve ser voluntário (a involuntariedade não


caracteriza crime culposo, e sim, atipicidade do
fato)

Requisitos da conduta omissiva própria


• Situação de perigo do bem jurídico
• Dever de realizar a conduta
• Poder concreto de agir

Conduta omissiva imprópria ou comissiva por


omissão: Aqui se encaixa a conduta omissiva que
configura um crime comissivo
• Deixar o filho morrer de fome

Ausência de conduta
• Coação física irresistível
• Estados de inconsciência
• Atos de reflexo

Resultado: Complemento do fato típico, é um dos


efeitos da conduta. Há, no entanto, delitos sem
resultado, nos quais o legislador procurou antecipar a
punição, recaindo esta, unicamente, sobre a prática da
conduta

Página 23 de Direito Penal


Crime material: Crimes de ação e resultado (resultado
naturalístico)

Crime formal: Existe um resultado possível e desejado


pelo agente, mas o tipo penal não exige a sua
ocorrência, punindo a simples prática da conduta

• Corrupção ativa
• Concussão
• Extorsão

Crime de mera conduta: O tipo descreve apenas a


conduta, sem se referir a qualquer resultado

• Invasão de domicílio
• Porte ilegal de arma de fogo
• Tráfico

NEXO CAUSAL: É a relação de causa e efeito entre a


conduta e o resultado.

Art 13. O resultado, de que depende a existência do


crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.

• Só tem nexo causal os crimes materiais

Método de eliminação de Thyren: Se a conduta for


eliminada e não influenciar no resultado, não há nexo
causal
• Causa é tudo aquilo que influencia no resultado

Superveniência do Nexo Causal: Não extrapolar


limites do nexo causal (limites ao regresso ad
infinitum)

• A mãe de um homicida não é partícipe do crime


simplesmente por ter gerado o filho

Página 24 de Direito Penal


Causas absolutamente independentes: São causas
que, de forma independente, realizam o resultado.
Não há nexo entre elas

1) Causa preexistente absolutamente independente


em relação à conduta do agente: João esfaqueia
Marcos, porém Marcos já estava morto por
envenenamento

• João não pode ser responsabilizado

2) Causa concomitante absolutamente independente


em relação à conduta do agente: João esfaqueia
Marcos. Marcos reage e não morre por
esfaqueamento e sim por envenenamento anterior
causado por Luís

• João -> Tentativa


• Luís -> Consumado

3) Causa superveniente absolutamente independente


em relação a conduta do agente: João esfaqueia
Marcos. Marcos morre por esfaqueamento, apesar de
ter sido anteriormente envenenado por Luís.

• João -> Consumado


• Luís -> Tentado

Causas relativamente independentes: Concausas que,


de forma independente, não realizam o resultado da
conduta

Causa preexistente relativamente independente em


relação a conduta do agente: João, sabendo que
Marcos tem uma cardiopatia, dá um susto nele para
que Marcos faleça.

• O susto ou a cardiopatia, por si só, não


produzem resultado

• João -> Consumado


Página 25 de Direito Penal
• João -> Consumado

2) Causa concomitante relativamente independente


em relação a conduta do agente: João assalta Marcos.
Marcos corre e é atropelado

• João -> Latrocínio consumado

3) Causa superveniente relativamente independente


que, por si só, não causa o resultado: Ocorre uma
situação normal na linha de desdobramento da
conduta.

João dispara contra Marcos com a intenção de matar.


Marcos vai para o hospital e morre por erro médico
durante uma cirurgia para parar a hemorragia

• João -> Homicídio consumado


• Médico -> Homicídio culposo

4) Causa superveniente relativamente independente


que causa, por si só, o resultado: Ocorre uma situação
anormal na linha de desdobramento da conduta.

João esfaqueia Marcos com intenção de lesionar.


Marcos na ambulância leva uma picada de cobra e
então morre por envenenamento

João -> Lesão seguida de morte


Cobra -> Nada né oxe

TIPICIDADE: Enquadramento da conduta do agente a


um tipo penal

Para se enquadrar em um tipo penal basta se


enquadrar nos elementos objetivos

Tipicidade stricto sensu

Tipicidade formal: A conduta se enquadra em um tipo


penal

Página 26 de Direito Penal


Tipicidade material: A conduta do agente lesa ou
expõe a perigo um bem juridicamente tutelado

• Exemplo: O furto de uma caneta bic não lesou o


patrimônio da vítima pois aplica-se o princípio da
insignificância -> Exclui a tipicidade material

Adequação típica: É sobre uma conduta se encaixar


perfeitamente com a descrição do tipo penal

Adequação típica imediata: Não é preciso fazer


nenhuma combinação de leis para que a conduta se
adeque ao tipo penal

Adequação típica mediata: É preciso combinar 2 tipos


penais para que a conduta se adeque aos tipo penais

• Exemplo: Tentativa de homicídio -> Art 121 + Art


14, II

CRIME CULPOSO
• Conduta humana voluntária
• Inobservância do dever de cuidado
• Resultado involuntário
• Nexo causal
• Previsibilidade objetiva
• Tipicidade

Modalidades de culpa

• Negligência -> Não cuidar

• Imprudência -> Não se tocar do perigo da


conduta

• Imperícia -> Falta de habilidade técnica

Exemplo
Página 27 de Direito Penal
Exemplo
• O agente saiu com o carro com freios ruins
(negligência)
• Dirigiu acima da velocidade permitida
(imprudência)
• Subiu na calçada e atropelou pessoas (imperícia)

Espécies de culpa
• Culpa inconsciente -> Não previsto pelo agente

• Culpa consciente -> Previsto pelo agente

• Culpa própria

• Culpa imprópria -> Agiu achando que sua


conduta estava amparada pela lei

CRIME DOLOSO: O agente praticou a conduta com a


intenção de produzir o resultado

Muñoz Conde:

“Para agir dolosamente, o sujeito ativo deve saber o que faz e conhecer os
elementos que caracterizam sua ação como ação típica. Quer dizer, deve
saber, no homicídio, por exemplo, que mata outra pessoa; no furto, que se
apodera de uma coisa alheia móvel.”

O Código Penal adotou as teorias da vontade e do


assentimento. Para a nossa lei penal, portanto, age
dolosamente aquele que, diretamente, quer a
produção do resultado, bem como aquele que,
mesmo não o desejando de forma direta, assume o
risco de produzi-lo.

Dolo direto: Conduta com intenção de resultado

Dolo eventual: O agente antevê o resultado, porém


não se importa com a lesão ou exposição a perigo do
bem jurídico

Se diferencia da culpa consciente pois neste o agente


prevê o resultado mas acha que ele não vai acontecer

Página 28 de Direito Penal


Ilicitude
terça-feira, 14 de fevereiro de 2023 15:44

ILICITUDE: Contraria o ordenamento jurídico como


um todo

Relação entre Tipicidade e Ilicitude: A tipicidade


da conduta gera a presunção da ilicitude da
conduta

• Porém, se a conduta do indivíduo for


amparada por algum dispositivo, há a
exclusão da ilicitude

• O fato pode ser típico, porém não ilícito

EXCLUDENTES DE ILICITUDE
• São causas justificantes da conduta
• Podem ser chamadas também de tipos
permissivos ou Descriminantes Putativas

Causas legais (Parte Geral)

• Estado de necessidade (Art 24, CP)

• Legítima defesa (Art 25, CP)

• Estrito cumprimento do dever legal (Conceito


doutrinário)

• Exercício regular de direito (Conceito


doutrinário)

Causas legais específicas (Parte Especial)

• Aborto legal (Art 128, I e II, CP)

• Abater um animal para saciar a fome (Art 37, I


da Lei dos Crimes Ambientais - 9605/98)

• Legítima defesa civil (Art 1210, §1, CC)

Causas supralegais

• Consentimento do ofendido (Convidei alguém

Página 29 de Direito Penal


• Consentimento do ofendido (Convidei alguém
pra ir até minha casa, ela entra e eu alego
invasão de domicílio)
○ Exclui a Tipicidade (que presume a
Ilicitude)

ESTADO DE NECESSIDADE (Art 24): Considera-se


em estado de necessidade quem pratica o fato
para salvar de perigo atual, que não provocou por
sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se

• Pode ser agressivo (Sacrifica um bem jurídico


de quem não provocou a situação de perigo)

• Ou Defensivo (Sacrifica um bem jurídico de


quem ocasionou a situação de perigo)

§1°: Não pode alegar estado de necessidade


quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo

§2°: Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do


direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços

• Se o bem sacrificado for de maior valor que o


protegido, não há incidência de estado de
necessidade

Ferré Olivé, Miguel Ángel Nuñez Paz,


William Terra de Oliveira e Alexis Couto de Brito:
“O embasamento da legítima defesa é duplo. Por um
lado, encontramos um fundamento individual, já que
todos os seres humanos têm um direito básico que lhes
permite se autoproteger diante de situações de perigo
provocadas por agressões injustas. Neste caso, autoriza-
se a lesão de um bem jurídico do agressor para
salvaguardar o bem jurídico da vítima. Por outro,
também existe um fundamento coletivo, que consiste na
prevalência do Direito. Assim, outorga-se validez ao
princípio que estabelece que o Direito não tem por que
ceder diante do injusto, neste caso representado pela
agressão injusta. Ao se produzir tal agressão, a proteção
jurídica deve recair sobre o agredido.

Página 30 de Direito Penal


Tipos de estados de necessidade

Agressivo: Quando para salvar seu bem jurídico, o


agente sacrifica bem de um terceiro que não
provocou a situação de perigo

Defensivo: Quando o agente sacrifica um bem


jurídico de quem ocasionou a situação de perigo

Real: Causa excludente de ilicitude

Putativo: Erro de tipo permissivo

Requisitos objetivos

Perigo atual: Esse perigo é Atual e não atual e


iminente

Pode ser causado por Uma coisa, um animal ou


uma pessoa

O exemplo do animal feroz é curioso, pois se ele


ataca e você mata ele, há duas possibilidades:

• Atacou por instinto próprio: Estado de


necessidade

• Alguém atiçou o animal para atacar: Legítima


Defesa (O animal é instrumento do crime)

Que não tenha provocado a situação de perigo


por vontade: Se a pessoa provocou a situação de
perigo, porém a título de culpa, fica caracterizado
o Estado de necessidade

Direito próprio ou alheio: Posso salvar a vida de


uma pessoa em estado de necessidade

Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo:


Página 31 de Direito Penal
Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo:
Abrange o dever jurídico

Inevitabilidade do comportamento: Não havia


outro comportamento mais adequado (commodus
discessus)

Inexigibilidade do sacrifício do direito ameaçado:


Aqui é considerado o §2° do artigo do estado de
necessidade

Requisito subjetivo: Conhecimento da situação


justificante
• O agente deve saber que ele está amparado
pela excludente de ilicitude

LEGÍTIMA DEFESA (Art 25, CP): Entende-se em


legítima defesa quem, usando moderadamente os
meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem

Parúnico: Observados os requisitos previstos no


caput desse artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública
que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes

Espécies de legítima defesa

Real: Realmente configura legítima defesa

Putativa: Erro de tipo permissivo

Requisitos objetivos

Agressão injusta: Conduta Humana Ilícita

Atual ou iminente: Não existe legítima defesa de


agressão futura ou passada
Não existe legítima defesa de agressão futura
Página 32 de Direito Penal
• Não existe legítima defesa de agressão futura
ou defesa

Uso moderado dos meios necessários: É o meio


menos gravoso utilizado

• Excesso intensivo: Uso de meio despropor

Proteção do direito próprio ou alheio

Requisito subjetivo: Conhecimento da situação de


fato justificante

Legítima defesa e erro na execução (Art 73):


Quando o agente, ao invés de atingir a pessoa que
pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela

Legítima defesa recíproca

Real x Real -> Inadmissível

Real x Putativa -> Cabível

Legítima defesa preordenada: É caracterizada pela


utilização de ofendículos, que são aparelhos
predispostos para a defesa da propriedade.
• Arame farpado, cacos de vidro, cerca elétrica

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: O


agente por esta excludente aquele que pratica fato
típico, mas o faz em cumprimento a um dever
previsto em lei.

O abrangido por essa excludente, em regra, é o


funcionário público. Porém, outros podem
incorrer nessa excludente.

Não cabe para crimes culposos: A lei não obriga


ninguém a ser imperito, imprudente ou negligente.
Página 33 de Direito Penal
ninguém a ser imperito, imprudente ou negligente.

EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO: O médico,


ao realizar uma cirurgia consentida no paciente,
incorre em lesão, porém com uma excludente de
ilicitude.

Página 34 de Direito Penal


Culpabilidade
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023 14:34

CULPABILIDADE: Juízo de reprovabilidade acerca da


conduta do agente, considerando-se suas
circunstâncias pessoais
• Imputabilidade
• Potencial Consciência de ilicitude
• Exigibilidade de conduta diversa

Modelo finalista de delito: A culpabilidade não


carrega mais elementos subjetivos

Dolo ou culpa, elementos subjetivos, estão na


Tipicidade, um dos elementos do fato típico

IMPUTABILIDADE: O CP não conceitua o que é


imputabilidade. Entende-se que imputabilidade é a
capacidade mental de entender o caráter ilícito da
conduta e de comportar-se conforme o Direito

Critérios

Critério biológico: Leva em consideração apenas o


desenvolvimento do agente (doença mental ou
idade), independente se tinha, ao tempo da conduta,
capacidade de entendimento e autodeterminação

• Os menores são inimputáveis sempre (Art 27, CP)

Critério psicológico: Considera apenas se o agente, ao


tempo da conduta, tinha capacidade de entendimento
e autodeterminação, independente de sua condição
mental

Critério biopsicológico: Considera-se inimputável


aquele que, em razão de sua condição mental, era ao
tempo da conduta, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
• Adotado pelo CP, conforme art 26

Página 35 de Direito Penal


Causas de análise da imputabilidade

Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica (Art


26): É isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou determinar-se de acordo com esse
entendimento

Inimputabilidade em razão da idade (Art 27): Os


menores de 18 anos são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
especial.

Inimputabilidade em razão da embriaguez: A


embriaguez voluntária não exclui a imputabilidade do
agente, mesmo que no momento do ato ele estava
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da
ação

• Aplica-se a "teoria da actio libera in causa" para


voltar no tempo e pegar o agente quando ele
tinha plena capacidade de entendimento

Art 28, §1°: É isento de pena o agente que, por


embriaguez completa proveniente de caso fortuito
ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato

Paixão ou Emoção: Não excluem a imputabilidade


penal

• Paixão: O sentimento crônico ou duradouro


(salvo se a paixão for patológica)

• Emoção: É o estado súbito e passageiro

POTENCIAL CONSCIÊNCIA DE ILICITUDE: É o agente


ter capacidade de entendimento da reprovabilidade
de sua conduta

Página 36 de Direito Penal


Art 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço

Parúnico: Considera-se evitável o erro se o agente


atua ou se omite sem consciência da ilicitude do fato,
quando lhe era possível, nas circunstâncias ter ou
atingir essa consciência

• A ignorância não se confunde com o erro sobre a


ilicitude

Erro de proibição/de ilicitude

Indireto: No erro de proibição indireto, o agente sabe


que a conduta é típica, mas supõe uma norma que
autoriza sua conduta, tendo em vista uma excludente
de ilicitude

Exemplo: O agente se depara com o adultério da


esposa e a mata por pensar que está amparado pela
legítima defesa da honra ferida

Direto: O agente se equivoca sobre a proibição de


uma norma, tendo em vista o conteúdo, ou porque
ignora a existência de um tipo penal incriminador

Exemplo: Holandês vem para o Brasil portando


maconha, achando que aqui também é permitido

Erro de tipo: O erro de proibição recai sobre a ilicitude


do fato, já o erro de tipo incide sobre a falsa
percepção da realidade em cima das circunstâncias
fáticas ou sobre os elementos do tipo penal

• Alguém percebe algo se debatendo na água, e


não salva por imaginar que era um animal, mas
na verdade era uma pessoa. Essa omissão não é
punível pois recai em erro de tipo

Página 37 de Direito Penal


EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: Exige-se que
nas circunstâncias, o autor do fato, tivesse a
possibilidade de atuar de acordo com o ordenamento
jurídico

Excludentes da exigibilidade de conduta diversa

Coação moral irresistível (Vis compulsiva): É o ato no


qual uma pessoa coage outra a praticar determinado
crime, sob a ameaça de lhe fazer algum mal grave
• A coação física irresistível é excludente de
tipicidade (vis absoluta)
• Só é punível o autor da coação ou da ordem (art
22, CP)

Obediência hierárquica: Só é aplicada para servidores


públicos. NÃO vai ser aplicada quando a ordem for
manifestamente ilegal.

Página 38 de Direito Penal


Extinção de punibilidade
sexta-feira, 19 de maio de 2023 17:40

PUNIBILIDADE: Não é um componente do crime, e sim uma


mera consequência do crime

Extinção de punibilidade

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

I- pela morte do agente;

II- pela anistia, graça ou indulto;

III- pela retroatividade de lei que não mais considera o


fato como criminoso; (abolitio criminis)

IV- pela prescrição, decadência ou perempção;

V- pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão


aceito, nos crimes de ação privada;

VI- pela retratação do agente, nos casos em que a lei a


admite;

VII- Revogado

VIII- Revogado

IX- pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

A doutrina entende esse rol como exemplificativo apenas

Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é


pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância
agravante de outro não se estende a este. Nos crimes
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não
impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante
da conexão.

Página 39 de Direito Penal


Concurso de pessoas
quarta-feira, 24 de maio de 2023 12:45

CONCEITO: O concurso de pessoas pode ser


conceituado como a colaboração de 2 ou mais
agentes para a prática de um delito ou
contravenção penal

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para


o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.

§ 1º - Se a participação for de menor importância,


a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço.

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar


de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave.

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as


condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

• Não existe coautoria de peculato, já que a


condição de servidor público é elementar
desse crime

Casos de impunibilidade

Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e


o auxílio, salvo disposição expressa em contrário,
não são puníveis, se o crime não chega, pelo
menos, a ser tentado.

REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS: De


acordo com a doutrina, para que ocorra é
indispensável o preenchimento dos requisitos
abaixo

Pluralidade de agentes e condutas: 2 ou mais

Página 40 de Direito Penal


Pluralidade de agentes e condutas: 2 ou mais
pessoas agindo

Relevância causal das condutas: João empresta


uma arma de fogo a José para que esse mate
Maria. Nos momentos de execução, José mata
Maria com facadas.

• João não teve participação alguma

Liame subjetivo entre os agentes: Houve


interesse dos 2 ou mais agentes

Identidade de infração penal

TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS

Teoria monista: Segue o raciocínio de que caso o


fato delituoso venha a ser praticado em concurso
de pessoas, a pluralidade de agentes serão
responsabilizados pelo mesmo crime, na medida
de sua culpabilidade

• Adotada pelo art 29, CP.

Exemplos de exceções
• Gestante que autoriza alguém a praticar
aborto nela (Abortar e provocar aborto)

• Pessoa casada que contrai mais um


matrimônio com pessoa não casada, porém
sabe que a outra é casada. (Bigamia e
contrair casamento com alguém casado)

Teoria pluralista: Cada um dos agentes


responderá por uma conduta, elemento
psicológico e resultados específicos.

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar


de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave.

Página 41 de Direito Penal


Teoria dualista: Aplica-se uma pena para o autor e
outra para o partícipe (induziu, instigou, auxiliou)

FORMAS DE PRATICAR O CRIME QUANTO AO


SUJEITO

Autoria

Teoria subjetiva ou unitária: Não impõe distinção


entre autor e partícipe, considerando-se autor
todo aquele que de alguma forma contribui para a
produção do resultado

Teoria extensiva: Igualmente não distingue autor


e partícipe, mas permite estabelecimento de
graus diversos de autoria.

Teoria objetiva ou dualista: Estabelece clara


distinção entre autor e partícipe

Objetivo formal: Autor é quem realiza a ação


nuclear típica e partícipe quem concorre de
qualquer forma para o crime

Objetivo material: Autor é quem contribui


objetivamente de forma mais efetiva para a
ocorrência do resultado, não necessariamente
praticando a ação nuclear típica. Partícipe é o
concorrente menos relevante para o
desdobramento causal.

Teoria do domínio do fato: O autor é quem


controla finalisticamente o fato, ou seja, que
decide a sua forma de execução, seu início,
cessação e demais condições.

• Aplicada para os crimes dolosos

Nessa teoria podem existir 2 tipos de autores

Página 42 de Direito Penal


• Autor imediato: Aquele que realiza a conduta
propriamente dita.

• Autor mediato: Aquele que tem o controle


sobre a vontade de realização do fatp.

Em alguns casos, ambos se encontram no mesmo


agente.

Autoria colateral: 2 ou mais agentes, um


ignorando a contribuição de outro concentram
suas condutas para o cometimento da mesma
infração penal.

• Não há vínculo subjetivo, então não há


concurso de pessoas

Exemplo: André e Bruno querem matar Carlos,


porém ambos não sabem dessa intenção mútua.
Em determinado dia, André e Bruno, sem acordo
prévio, decidem efetuar disparos contra Carlos,
que morre logo em seguida

• Se descobrir quem deu o tiro fatal, este


responderá por homicídio consumado e o
outro por tentado

• Se não descobrir quem deu o tiro fatal,


aplica-se o in dubio pro réu e responderão,
ambos, por tentativa

Exemplo: Luís, cafajeste, tem 2 mulheres, Amanda


e Marisa. Ambas decidem matar Luís, porém sem
que uma saiba da intenção da outra.

Determinado dia, Luís faz o desjejum na casa de


ambas as mulheres, porém só uma delas
envenena a comida, apesar do animus necandi de
ambas.

Como uma das mulheres envenenou e a outra só


serviu o prato e não se encontrou a autora do
crime, aplica-se, em benefício das mulheres, o in
dubio pro réu.
Página 43 de Direito Penal
dubio pro réu.

Coautoria: Quando duas pessoas concorrem como


autoras. Pode ser aplicado aos crimes próprios,
porém não é aplicado aos crime de mão própria
(crime de conduta infungível)

Exemplo: Infanticídio. A mãe, sob efeito do


puerpério, mata a criança com auxílio do pai

Exemplo: Mulher pratica o autoaborto (crime de


mão própria) com pílula adquirida pelo namorado
• Mulher -> Autora
• Namorado -> Partícipe

PARTICIPAÇÃO: Partícipe é o indivíduo que auxilia


moral (induzir, instigar, motivar) ou
materialmente (instrumentos ou objetos).

Quando o tipo penal trouxer como núcleo as


ações INDUZIR, INSTIGAR, MOTIVAR quem
cometer elas não vai ser partícipe e sim autor.

Acessoriedade mínima: É suficiente a prática, pelo


autor, de fato típico para que a participação seja
punível

Acessoriedade limitada ou média: A punição do


partícipe pressupõe a tipicidade e a ilicitude

• Adotada para fins de concurso

Acessoriedade máxima: Para punir o partícipe, o


fato deve ser típico, ilícito e culpável

• Vem sendo mais adotada

CONCURSO NOS CRIMES OMISSIVOS

Crimes omissivos próprios: Se duas pessoas


deixarem de prestar socorro a uma pessoa
gravemente ferida, praticarão, individualmente, o
crime de omissão de socorro.

Porém, se duas pessoas, de comum acordo,


Página 44 de Direito Penal
Porém, se duas pessoas, de comum acordo,
deixarem de prestar socorro, nas mesmas
circunstâncias, serão coautoras do crime de
omissão

Crimes omissivos impróprios

Coautoria: É perfeitamente possível a coautoria


nos crimes omissivos impróprios, desde que
garantidores, com o dever jurídico de evitar o
resultado, de comum acordo deixam de agir

Participação: É possível

Página 45 de Direito Penal

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