Preparo e Resposta
Preparo e Resposta
Preparo e Resposta
Guia de preparação e
resposta à emergência
em saúde pública
por inundação
Brasília / DF • 2017
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental
e Saúde do Trabalhador
Guia de preparação e
resposta à emergência
em saúde pública
por inundação
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Brasília / DF • 2017
2017 Ministério da Saúde.
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parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca
Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.
Ficha Catalográfica
ISBN 978-85-334-2543-9
APRESENTAÇÃO 5
1 INTRODUÇÃO 6
REFERÊNCIAS 53
BIBLIOGRAFIA 55
APRESENTAÇÃO
5
INTRODUÇÃO
O
risco de desastres faz parte do nosso dia a dia e pode ser
relacionado com a própria dinâmica de desenvolvimento das
sociedades. Resulta da combinação de ameaças ou perigos
(eventos naturais ou tecnológicos) e condições de vulnerabilidades
(condições de vida, organização e capacidade de resposta etc.).
Essa combinação é decisiva para a dimensão dos impactos dos
desastres, incluindo aqueles sobre a saúde, que, entre outros efeitos,
podem resultar em óbitos, lesões, doenças e comprometimento da
prestação dos serviços de saúde.
7
1.1 Efeitos das inundações na saúde humana
No Brasil, as inundações podem ocorrer em todas as regiões
onde muitos municípios são atingidos. As inundações têm como
característica relevante a possibilidade de abranger uma grande
área, uma vez que sua ocorrência geralmente ocorre de forma
brusca (enxurrada), apresentando-se entre os desastres que
proporcionam maiores danos à saúde, ocasionando óbitos e
traumas. Já a inundação gradual também é preocupante, uma vez
que pode expor a população por um período mais longo, podendo
ocasionar alteração no comportamento das doenças, bem como de
vetores. Tanto as inundações bruscas quanto as graduais podem
trazer prejuízos ao patrimônio público, ao ambiente e aos bens
materiais individuais e coletivos.
8
Território é considerado um espaço de relações
(sociais, econômicas e políticas), um sistema de
objetos e de ações em permanente interação. Mas,
sobretudo, nesses espaços delimitados de poder é
que os diferentes atores sociais que fazem uso do
território buscam viabilizar seus projetos e dese-
jos para levar a vida (SANTOS, 1999, p. 11).
9
c) Danificar ou destruir a infraestrutura física e funcional dos serviços
de saúde, incluindo os arquivos com consequente perda de dados.
10
l) Aumentar a escassez de alimentos, podendo ocasionar problemas
nutricionais, especialmente nos casos de inundações prolongadas.
11
1.2 A gestão de risco de desastres no âmbito do setor Saúde
Para fortalecer a capacidade de atuação local e reduzir o risco de
exposição da população, dos profissionais e da infraestrutura de
saúde é necessário o desenvolvimento de um trabalho contínuo de
preparação, baseado na gestão do risco, envolvendo a organização
do setor Saúde para atuar com ações de redução do risco, manejo
do desastre e com a recuperação dos seus efeitos. Esse trabalho
deve estar em consonância com a organização institucional local
e com os planos de outros setores para a preparação e a resposta
a desastres. O plano de preparação e resposta do setor Saúde
complementa os demais planos locais e propicia o atendimento
oportuno em uma situação de emergência e, quando pensado com
um olhar preventivo, reduz o risco e os impactos dos desastres,
tornando-os menos graves do que poderiam ser.
12
GESTÃO DE RISCO
Preparação
Fonte: Adaptado de "NARVÁEZ, L.; LAVELL, A.; ORTEGA, G. P. La gestión del riesgo de desastres: un
enfoque basado en procesos. Lima, 2009".
13
Para uma visualização geral da atuação do setor Saúde no processo
de gestão do risco de desastres provocados por inundação, são
exemplificadas as ações a serem desenvolvidas em cada uma dessas
etapas, conforme observado nos quadros a seguir.
Continua
14
Conclusão
Identificar e mapear:
»» Rede de Atenção à Saúde (atenção básica, média e alta
complexidade).
»» Rede laboratorial.
»» Infraestrutura de vigilância em saúde.
»» Medicamentos e insumos estratégicos necessários
em situações de inundações (hipoclorito, vacinas,
medicamentos, kits diagnósticos etc.).
»» Sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água.
15
Para que na etapa de manejo do desastre as ações desenvolvidas
sejam adequadas, é necessária a preparação prévia. É nesse
período que todo o planejamento anterior vai se colocar em prática
e todos os setores desenvolverão as ações de sua responsabilidade.
Tem início a partir do momento que uma inundação se converte
em um desastre. As ações desta etapa são desenvolvidas no intuito
do enfrentamento do desastre visando reduzir ao máximo seus
impactos sobre a saúde por meio de uma atuação oportuna do
setor Saúde. As principais estão listadas a seguir.
Continua
16
Conclusão
17
QUADRO 3 PRINCIPAIS AÇÕES DA ETAPA DE RECUPERAÇÃO DEPOIS DA OCORRÊNCIA
18
DEFINIÇÃO
DO FOCO
ESTABELECIMENTO
ATUALIZAÇÃO
DO CENÁRIO
DEFINIÇÃO
AVALIAÇÃO
DAS AÇÕES
IDENTIFICAÇÃO
PREPARAÇÃO DOS ATORES E
RESPONSABILIDADES
ELABORAR
O PLANO
20
As respostas às perguntas apontadas no quadro possibilitam
conhecer as condições presentes no território que podem
influenciar o efeito da inundação sobre a saúde. No contexto
do perfil epidemiológico, é importante analisar: pessoa (quem
pode ser/foi afetado?), tempo (quando ocorreu/quanto durou/é
recorrente?) e lugar (onde?). Esse olhar deve ser adotado tanto
em uma análise de situação prévia à ocorrência de um desastre
quanto para avaliar os impactos após o seu acontecimento.
Subsidia, ainda, o conhecimento sobre a dinâmica da área
atingida, possibilitando a preparação e a resposta oportuna.
21
A análise de situação de saúde contribui para conhecer a realidade
presente no território e predizer os potenciais impactos de uma
inundação sobre os serviços de saúde. Quanto mais conhecimento
sobre as ameaças e as vulnerabilidades do território, mais
condições de apontar as medidas necessárias para a redução do
risco à saúde da população.
22
Para resumir o contexto da análise de situação, reflita sobre
as perguntas a seguir, que devem ser feitas no processo de
preparação local para uma situação de desastre por inundação:
Quando, onde e qual a duração de uma inundação?
23
ESTRATÉGIA DE
RESPOSTA À
EMERGÊNCIA EM
SAÚDE PÚBLICA
POR INUNDAÇÃO
O
Sistema Único de Saúde (SUS) é, por definição constitucional,
um sistema público, nacional e de caráter universal, baseado
na concepção de saúde como direito de cidadania e nas dire-
trizes organizacionais de descentralização, com comando único em
cada esfera de governo, integralidade do atendimento e participação
da comunidade.
25
territorialização; epidemiologia; processo saúde-doença; condições
de vida e situação de saúde das populações; ambiente e saúde; e
processo de trabalho.
26
Os mecanismos de gestão foram apontados no Plano de Resposta
à Emergência em Saúde Pública. Ele define a instituição de um
Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE-Saúde ou
Coes) como mecanismo de coordenação da emergência e o Sistema
de Comando de Operações (SCO) como ferramenta para a sua
organização. As principais ações são apresentadas nos Planos de
Contingência específicos, entre eles o Plano de Contingência para
Emergência em Saúde Pública por Inundação.
27
por meio do levantamento dos cenários (ameaças ou perigos e
vulnerabilidades). Com isso, é possível se conhecer os riscos e
elaborar o Plano de Contingência específico para o local.
28
FIGURA 1 COMPOSIÇÃO DO COMITÊ DE SAÚDE EM DESASTRE
COORDENAÇÃO
Secretário Municipal de Saúde
Vigilância em Saúde
Atenção Primária à Saúde.
Ambiental. Atenção Psicossocial
Vigilância Epidemiológica.
(Centros de Atenção
Vigilância Sanitária.
Psicossocial – Caps).
Saúde do Trabalhador.
Laboratórios Públicos
Staff de Comunicação
de Referência.
Setor de Informação
e Análise de Situação Assessoria de Comunicação
em Saúde. em Saúde.
Centro de Informações
Educação em Saúde.
Estratégicas e Resposta Setor de Planejamento.
em Vigilância em Saúde Setor de Financeiro
(Cievs) ou equivalente. e Compras.
Centro de Controle de
Setor Administrativo.
Zoonoses (CCZ).
Setor de Saneamento.
Setor de Imunização.
Setor de Logística
Assistência Pré-Hospitalar
e Transporte.
e Hospitalar e Central de
Setor de Recursos Humanos.
Regulação.
Conselho Municipal de Saúde.
Assistência Farmacêutica.
Outros.
Representação do SUS
Grupos interinstitucionais
Fonte: Elaborado pelo Vigidesastres – CGVAM/DSAST/SVS/MS, 2016.
29
A Secretaria de Saúde poderá optar, também, por fazer um comitê
geral com os gestores das áreas técnicas (superintendente/
diretor/coordenador) e essas áreas trabalharem em subcomitês,
subsidiando o comitê geral. No caso de já existir um grupo
com esse objetivo no âmbito da Saúde, pode-se incluir o tema
“desastres” nesse grupo. Sugere-se que o comitê trabalhe em
articulação com outras instituições afins ao processo de gestão do
risco de desastre, considerando ações intra e interinstitucionais.
30
QUADRO 4 CAMPOS DA MATRIZ
31
Para o preenchimento da Matriz de Cenários e Responsabilidades,
a Secretaria de Saúde deve se pautar na legislação que estabelece
a estrutura e as competências do governo local e nela identificar os
atores e suas respectivas atribuições, relacionando-as com as ações
necessárias para a preparação e a resposta a uma inundação.
CENÁRIO SETORES/INSTITUIÇÕES
(Tipo de evento ou
ameaça/perigo) SETOR SAÚDE OUTROS SETORES
Ator 1
Ator 2
Ator 3
Ator 4
Ator 5
Ator 1
Ator 2
Ator 3
Ator 4
AÇÕES
1. Ação 1 C R R R A R R R A
1.1 Subação 1
1.2 Subação 2
2. Ação 2 R C R R R A R R A
2.1 Subação 1
2.2 Subação 2
Função:
C = Coordenação (Instituição ou ator com atribuição legal para coordenar a sua realização).
R = Responsável (Instituição ou ator com alguma responsabilidade na sua realização).
A = Apoio (Instituição ou ator que pode apoiar a realização da ação).
32
Com o preenchimento da Matriz de Cenários e Reponsabilidades,
o Comitê de Saúde em Desastre terá identificado todas as ações
necessárias para a preparação e a resposta à inundação e também
aos setores envolvidos nesse processo, tanto no setor Saúde quanto
nos demais setores. A partir disso, poderá iniciar a elaboração do
Plano de Contingência ou do Plano de Preparação e Reposta local à
emergência em Saúde Pública por inundação. Os pontos principais
da organização e do conteúdo do Plano serão apontados a seguir.
33
Identificação dos atores e das responsabilidades (Quem faz?) –
Considerar a estrutura e as competências locais para definir isso.
34
ocorrência e as ações necessárias para a resposta à emergência.
O COE-Saúde é coordenado pela área ou setor que tem a
competência legal para desenvolver as ações para a tipologia de
emergência para o qual foi acionado (ex.: epidemia de dengue –
Vigilância Epidemiológica; inundação – Saúde Ambiental; acidente
com múltiplas vítimas – Urgência e Emergência).
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FIGURA 2 SISTEMA DE COMANDO DE OPERAÇÕES (SCO)
COMANDO
ADMINISTRAÇÃO
OPERAÇÕES LOGÍSTICA PLANEJAMENTO
E FINANÇAS
36
RESPONSABILIDADES
E AÇÕES DO
SETOR SAÚDE
R
essalta-se que o setor Saúde, em situações de inundações,
tem responsabilidades em todas as etapas da gestão do
risco, que contribui para caracterizar o cenário de atuação e
promover ações de proteção da saúde da população, tanto em uma
perspectiva de gestão corretiva quanto prospectiva. Entre essas
responsabilidades, vale destacar:
39
3.1 As ações de Atenção à Saúde
São todas as estratégias que envolvem o cuidado com a saúde
do ser humano, incluindo as ações e os serviços de promoção,
prevenção, tratamento de doenças e reabilitação. A rede de serviços
de saúde deve promover, de forma articulada, o desenvolvimento
de ações com a finalidade de garantir a integralidade do cuidado,
incluindo em situações de desastres, quando a demanda pelos
serviços de saúde pode aumentar e as unidades de saúde podem
ter seu funcionamento comprometido.
Tema Ações
Continua
40
Continuação
Tema Ações
Continua
41
Continuação
Tema Ações
Continua
42
Conclusão
Tema Ações
Fonte: Vigidesastres/CGVAM/DSAST/SVS/MS.
1
Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
2
Sistema de informação da Atenção Básica.
3
Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional.
4
Força Nacional do SUS.
5
Sistema de Informações Hospitalares do SUS.
6
Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos.
7
Sistema de Informação sobre Mortalidade.
43
territórios, garantindo-se a integralidade da atenção, o que inclui
tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de
saúde. Em casos de inundação, a situação de saúde pode ser direta
ou indiretamente afetada e os serviços de saúde devem estar
sensíveis para detectar mudanças no comportamento das doenças
e dos agravos e prover as medidas-controle, bem como estabelecer
rotinas de redução do risco de exposição da população.
Tema Ações
Continua
44
Continuação
Tema Ações
Continua
45
Continuação
Tema Ações
Continua
46
Continuação
Tema Ações
Continua
47
Continuação
Tema Ações
Medicamentos, Gestão:
insumos e
Realizar o diagnóstico de perdas de
equipamentos
medicamentos e danos aos equipamentos.
Identificar as necessidades.
Controlar a entrada de novos equipamentos.
Gerenciar a quantidade de medicamentos
e insumos existentes e recebidos.
Controlar o estoque disponível.
Estabelecer a logística de controle
e distribuição.
Continua
48
Continuação
Tema Ações
Continua
49
Continuação
Tema Ações
Continua
50
Continuação
Tema Ações
Continua
51
Conclusão
Tema Ações
Fonte: Vigidesastres/CGVAM/DSAST/SVS/MS.
52
REFERÊNCIAS
53
BIBLIOGRAFIA
55
ISBN 978-85-334-2543-9
9 788533 425439