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Preparo e Resposta

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MINISTÉRIO DA SAÚDE

Guia de preparação e
resposta à emergência
em saúde pública
por inundação

Brasília / DF • 2017
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental
e Saúde do Trabalhador

Guia de preparação e
resposta à emergência
em saúde pública
por inundação

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Brasília / DF • 2017
2017 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative
Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento
pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução
parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca
Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.

Tiragem: 1ª edição – 2017 – 500 exemplares

Elaboração, distribuição e informações: Daniel Cobucci de Oliveira


MINISTÉRIO DA SAÚDE Jackeline Leite Pereira Pavin
Secretaria de Vigilância em Saúde Rodrigo Matias de Sousa Resende
Departamento de Vigilância em Saúde
Colaboração:
Ambiental e Saúde do Trabalhador
Aderita Ricarda Martins de Sena
Coordenação-Geral de Vigilância em
Carla Ribeiro
Saúde Ambiental
Julio Cesar Verneque Lacerda
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Ed. PO700,
Rodrigo Matias de Sousa Resende
6° andar
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Diagramação:
Tel.: (61) 3213-8082 Fred Lobo e Sabrina Lopes – Núcleo de
E-mails: svs@saude.gov.br / Comunicação/SVS
vigidesastres@saude.gov.br Ilustração:
Site: www.saude.gov.br/svs Maylena Clécia Gonçalves e Rodrigo Mafra
Organização: Normalização:
Eliane Lima e Silva Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI
Revisão técnica: Revisão:
Daniela Buosi Khamila Silva e Tamires Alcântara
Eliane Lima e Silva – Editora MS/CGDI

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância


em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador.
Guia de preparação e resposta à emergência em saúde pública por inundação / Ministério
da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental
e Saúde do Trabalhador. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017.
56 p. : il.

ISBN 978-85-334-2543-9

1. Inundações. 2. Desastres naturais. 3. Saúde pública. I. Título.


CDU 614:504.4:556.166

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2017/0084

Título para indexação:


Preparation and response guidelines to public health emergency by flood
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 5

1 INTRODUÇÃO 6

1.1 Efeitos das inundações na saúde humana 8

1.2 A gestão de risco de desastres no âmbito do setor Saúde 12

1.3 Um olhar sobre o território na preparação e resposta do setor


Saúde às inundações 20

1.4 Análise de situação de saúde aplicada nas situações de inundação 21

2 ESTRATÉGIA DE RESPOSTA À EMERGÊNCIA EM SAÚDE PÚBLICA


POR INUNDAÇÃO 24

2.1 Mecanismos para a atuação em emergência em saúde pública 27

2.1.1 Comitê de Saúde em Desastre 28

2.1.2 Matriz de cenários e responsabilidades 30

2.1.3 Plano de Contingência 33

2.1.4 Centro de Operações de Emergência em Saúde 34

3 RESPONSABILIDADES E AÇÕES DO SETOR SAÚDE 38

3.1 As ações de Atenção à Saúde 40

3.2 As ações de Vigilância em Saúde 43

REFERÊNCIAS 53

BIBLIOGRAFIA 55
APRESENTAÇÃO

Desastre é definido como o resultado de eventos adversos, naturais


ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema considerado
vulnerável, causando danos humanos, materiais e/ou ambientais
e consequentes prejuízos econômicos, ambientais e sociais. Na
perspectiva da saúde pública, os desastres definem-se por seu
efeito sobre as pessoas e sobre a infraestrutura dos serviços de
saúde, nos quais as inundações estão entre as ocorrências mais
frequentes, atingindo todas as regiões do País, resultando em
impactos significativos sobre a saúde.

Para atuar de forma oportuna nessas situações, o setor Saúde deve


se organizar para garantir a preparação adequada e a continuidade
dos serviços durante uma inundação. Para tanto, a sistematização
prévia do processo de trabalho, possibilita o estabelecimento da
capacidade de manutenção do desenvolvimento das ações de
vigilância em atenção à saúde.

Nesse sentido, é essencial que, no Sistema Único de Saúde (SUS),


sejam desenvolvidas ações para o fortalecimento da capacidade
de atuação em emergências em saúde pública associadas à
inundações. Este Guia foi elaborado com o objetivo de nortear
a atuação das Secretarias de Saúde no desenvolvimento de
suas ações de preparação e resposta às inundações. Importante
lembrar que muitas das atividades a serem executadas não são de
competência apenas do setor Saúde, por isso, articulação efetiva
com os demais setores, identificando suas responsabilidades e as
ações conjuntas, torna-se imprescindível.

A Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde espera


que, este documento contribua para o fortalecimento da capacidade
de atuação do SUS em emergência em saúde pública por desastres.

Secretaria de Vigilância em Saúde

5
INTRODUÇÃO
O
risco de desastres faz parte do nosso dia a dia e pode ser
relacionado com a própria dinâmica de desenvolvimento das
sociedades. Resulta da combinação de ameaças ou perigos
(eventos naturais ou tecnológicos) e condições de vulnerabilidades
(condições de vida, organização e capacidade de resposta etc.).
Essa combinação é decisiva para a dimensão dos impactos dos
desastres, incluindo aqueles sobre a saúde, que, entre outros efeitos,
podem resultar em óbitos, lesões, doenças e comprometimento da
prestação dos serviços de saúde.

Os desastres de origem natural têm aumentado em intensidade e


frequência, podendo se apresentar em qualquer região do mundo.
Eventos como terremotos, ciclones tropicais, tornados, vendavais,
inundações, alagamentos, secas e erupções vulcânicas tendem a se
constituir numa ameaça ou perigo. Tais eventos podem resultar em
desastre quando houver ruptura do funcionamento normal de um
sistema ou comunidade, uma vez que provocam danos e efeitos
ao bem-estar físico, social, mental, econômico e ambiental de uma
determinada localidade.

Define-se por inundação o transbordamento de água da calha


normal de rios, mares, lagos e açudes, ou acumulação de água
por drenagem deficiente, em áreas não habitualmente submersas.
Em função do padrão evolutivo, são classificadas como enchentes
ou inundações graduais, enxurradas ou inundações bruscas,
alagamentos e inundações litorâneas. A sua ocorrência, na maioria
das vezes, é provocada por precipitações pluviométricas, intensas
e concentradas, pela intensificação do regime de chuvas sazonais,
por saturação do lençol freático ou por degelo.

As inundações estão entre as ocorrências mais frequentes que


atingem todas as regiões do País e têm impactos significativos sobre
a saúde das pessoas e à infraestrutura de saúde. É, portanto, essencial
que sejam desenvolvidas ações para a organização da atuação do
setor Saúde em emergências em saúde pública por inundação.

7
1.1 Efeitos das inundações na saúde humana
No Brasil, as inundações podem ocorrer em todas as regiões
onde muitos municípios são atingidos. As inundações têm como
característica relevante a possibilidade de abranger uma grande
área, uma vez que sua ocorrência geralmente ocorre de forma
brusca (enxurrada), apresentando-se entre os desastres que
proporcionam maiores danos à saúde, ocasionando óbitos e
traumas. Já a inundação gradual também é preocupante, uma vez
que pode expor a população por um período mais longo, podendo
ocasionar alteração no comportamento das doenças, bem como de
vetores. Tanto as inundações bruscas quanto as graduais podem
trazer prejuízos ao patrimônio público, ao ambiente e aos bens
materiais individuais e coletivos.

No que concerne à frequência de ocorrência e à magnitude dos


danos à saúde e à infraestrutura de uma determinada localidade,
dependerão das vulnerabilidades locais associadas às condições
sociais, econômicas, políticas, ambientais, climáticas, geográficas
e sanitárias do território.

8
Território é considerado um espaço de relações
(sociais, econômicas e políticas), um sistema de
objetos e de ações em permanente interação. Mas,
sobretudo, nesses espaços delimitados de poder é
que os diferentes atores sociais que fazem uso do
território buscam viabilizar seus projetos e dese-
jos para levar a vida (SANTOS, 1999, p. 11).

Diversos são os impactos que as inundações podem causar à


saúde, tanto de efeito imediato, quanto de médio e longo prazo.
Entre os principais impactos sobre a saúde, é esperado:

a) Aumentar o número de óbitos.

b) Causar traumatismos, afogamentos e outros agravos à saúde


que podem exceder capacidade de resposta dos serviços locais
de saúde.

9
c) Danificar ou destruir a infraestrutura física e funcional dos serviços
de saúde, incluindo os arquivos com consequente perda de dados.

d) Afetar os recursos humanos do setor Saúde comprometendo o


funcionamento da estrutura local de saúde.

e) Danificar e interromper os sistemas e/ou soluções alternativas


de abastecimento de água, os serviços de drenagem, limpeza
urbana e esgotamento sanitário.

f) Aumentar os riscos de contaminação microbiológica de água para


consumo humano e alimentos em razão de alagamentos de lixões,
aterros sanitários, transbordamento de esgotos e fossas sépticas.

g) Aumentar a ocorrência de doenças infecciosas (respiratórias


e de transmissão hídrica e alimentar) e agravar as doenças
crônicas e de transmissão por vetores, assim como o surgimento
de doenças mentais, acidentes por animais peçonhentos e por
outros animais, e doenças provocadas pela maior exposição às
intempéries (frio, umidade, calor, tempestade etc.).

h) Danificar as instalações de fontes fixas ou móveis de produtos peri-


gosos, gerando o risco de desastre secundário (unidades industriais,
depósitos, comércios, transportes, oleodutos, gasodutos, lagoas de
contenção de rejeitos) e de substâncias radioativas, entre outros,
podendo aumentar o risco de adoecimento e óbitos no território.

i) Aumentar o risco de transtornos psicológicos na população atingida,


principalmente quando ocorrem perdas familiares, econômicas,
materiais ou quando há necessidade de ir para abrigos (podendo
gerar problemas secundários, a exemplo de violência física e sexual).

j) Desagregar comunidades e famílias.

k) Provocar migração populacional (deslocamento) em busca de


fontes alternativas de água, alimentos, moradia, emprego, entre
outros fatores condicionantes.

10
l) Aumentar a escassez de alimentos, podendo ocasionar problemas
nutricionais, especialmente nos casos de inundações prolongadas.

m) Causar agravos aos profissionais envolvidos em alguma etapa do


processo (resgate, atendimento, acolhimento, planejamento etc.)
decorrentes do desastre, como, por exemplo: transtornos mentais,
intoxicações, acidentes com materiais biológicos e outros.

n) Aumentar a ocorrência de doenças de pele, como fungos,


foliculite, melasma, alergia e até mesmo câncer de pele.

Os impactos das inundações podem reduzir, ou até inviabilizar,


a prestação dos serviços de saúde, tanto pelos danos causados à
infraestrutura e aos profissionais que prestam esse serviço quanto
pelo aumento da demanda pelos serviços de saúde, o que pode
superar a capacidade de atendimento local.

Para reduzir a vulnerabilidade dos serviços de saúde frente a


desastres, é necessário que a Secretaria de Saúde esteja preparada
para atuar, conforme a necessidade do território que ela atende,
seja com os próprios recursos ou com a solicitação de apoio
adicional, com base na avaliação de danos e necessidades locais.

Nesse contexto, é essencial ressaltar que quanto mais organizada


no processo de preparação e resposta a desastres for a Secretaria
de Saúde, ou seja, que tiver condições de superar os problemas e
recuperar sua capacidade de atuação, menor é o impacto sobre a
saúde da população, considerando, ainda, sua resiliência.

Resiliência – Capacidade de um sistema, comu-


nidade ou sociedade exposta a um desastre em
resistir, absorver, adaptar e se recuperar de seus
efeitos de modo oportuno e eficaz, o que inclui a
preservação e restauração de suas estruturas e
funções básicas. (ISDR, 2009, p. 28).

11
1.2 A gestão de risco de desastres no âmbito do setor Saúde
Para fortalecer a capacidade de atuação local e reduzir o risco de
exposição da população, dos profissionais e da infraestrutura de
saúde é necessário o desenvolvimento de um trabalho contínuo de
preparação, baseado na gestão do risco, envolvendo a organização
do setor Saúde para atuar com ações de redução do risco, manejo
do desastre e com a recuperação dos seus efeitos. Esse trabalho
deve estar em consonância com a organização institucional local
e com os planos de outros setores para a preparação e a resposta
a desastres. O plano de preparação e resposta do setor Saúde
complementa os demais planos locais e propicia o atendimento
oportuno em uma situação de emergência e, quando pensado com
um olhar preventivo, reduz o risco e os impactos dos desastres,
tornando-os menos graves do que poderiam ser.

Vale lembrar que, para uma atuação adequada em situações


de desastres, é necessário o desenvolvimento de um trabalho
contínuo e permanente de preparação, com planejamento
definido, de forma que as instituições e os diversos setores
dessas instituições sejam envolvidos em todo o processo.
Isso possibilita que cada setor tenha clareza das suas
responsabilidades, tanto nas ações de preparação quanto na
resposta e na recuperação, de acordo com a sua atribuição legal.

A gestão do risco de desastres pensa a atuação desde antes de


um desastre acontecer até depois do período imediato de resposta.
Se divide em três etapas: Redução do Risco, Manejo do Desastres
e Recuperação.

12
GESTÃO DE RISCO

REDUÇÃO DE RISCO MANEJO DO DESASTRE RECUPERAÇÃO

Prevenção Alerta Reabilitação

Mitigação Resposta Reconstrução

Preparação

Fonte: Adaptado de "NARVÁEZ, L.; LAVELL, A.; ORTEGA, G. P. La gestión del riesgo de desastres: un
enfoque basado en procesos. Lima, 2009".

O processo de gestão do risco de desastres, composto por essas três


etapas (redução do risco, manejo do desastre e recuperação), quando
aplicado ao setor Saúde, também tem objetivos bem definidos no
intuito de estabelecer as ações mais adequadas à necessidade local.

Na etapa de redução do risco, as ações desenvolvidas visam eliminar


ou mitigar o risco existente, prevenir os riscos futuros, bem como
preparar para a resposta a um desastre. São atividades a serem
realizadas antes da ocorrência de um desastre. Todas as áreas que
são necessárias na resposta a uma emergência em saúde pública
por inundação devem se envolver no processo de planejamento e
preparação da Secretaria de Saúde para desenvolver suas ações
de forma oportuna, caso um desastre ocorra. Esse planejamento
deve levar em consideração e complementar as ações intersetoriais
(defesa civil, assistência social etc.).

13
Para uma visualização geral da atuação do setor Saúde no processo
de gestão do risco de desastres provocados por inundação, são
exemplificadas as ações a serem desenvolvidas em cada uma dessas
etapas, conforme observado nos quadros a seguir.

QUADRO 1 PRINCIPAIS AÇÕES DA ETAPA DE REDUÇÃO DO RISCO ANTES DA OCORRÊNCIA

Estruturar o Programa de Vigilância em Saúde dos Riscos


ŸŸ
Associados aos Desastres – Vigidesastres.

Identificar e estabelecer normas para subsidiar a atuação.


ŸŸ

Instituir o Comitê de Saúde em Desastres para articular e organizar


ŸŸ
a atuação da Secretaria de Saúde em situações de desastres.

ŸŸIdentificar e mapear atores e responsabilidades das áreas da Secretaria


de Saúde e de outros setores que atuam em situações de inundações.

Promover articulação intra e intersetorial.


ŸŸ

Identificar ameaças, vulnerabilidades e recursos para traçar o


ŸŸ
cenário para situações de inundações.

Identificar, fortalecer e estabelecer políticas e normas para


ŸŸ
redução do risco de desastres no setor Saúde.

Identificar e mapear o perfil epidemiológico local.


ŸŸ

Identificar planos de preparação e resposta a desastres.


ŸŸ

Elaborar o plano de preparação e resposta à emergência em


ŸŸ
saúde pública por inundação.

Estabelecer mecanismos para a gestão da informação.


ŸŸ

Estabelecer estratégia de comunicação (intra e intersetorial).


ŸŸ

Promover capacitações, treinamentos e simulados para a


ŸŸ
atuação do setor Saúde em inundações.

Elaborar e divulgar material de orientação e educação em saúde.


ŸŸ

Continua

14
Conclusão

Identificar e mapear:
ŸŸ
»» Rede de Atenção à Saúde (atenção básica, média e alta
complexidade).
»» Rede laboratorial.
»» Infraestrutura de vigilância em saúde.
»» Medicamentos e insumos estratégicos necessários
em situações de inundações (hipoclorito, vacinas,
medicamentos, kits diagnósticos etc.).
»» Sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água.

Articular as ações da Rede de Atenção à Saúde:


ŸŸ
»» Atenção básica (unidades básicas de saúde, saúde da
família, saúde bucal, saúde mental, agentes comunitários,
entre outros, conforme organização local).
»» Atenção de média complexidade (urgência e emergência,
rede hospitalar, etc.).
»» Hospitais de referência.

Articular as ações da Rede de Vigilância em Saúde:


ŸŸ
»» Vigilância epidemiológica.
»» Vigilância sanitária.
»» Vigilância em saúde ambiental.
»» Rede laboratorial.

Estabelecer e desenvolver ações de promoção e educação em


ŸŸ
saúde com foco em inundações.

Identificar e estabelecer rede de referência para atendimento


ŸŸ
ambulatorial e hospitalar em locais seguros.

Fonte: Elaborado pelo Vigidesastres – CGVAM/DSAST/SVS/MS, 2016.

15
Para que na etapa de manejo do desastre as ações desenvolvidas
sejam adequadas, é necessária a preparação prévia. É nesse
período que todo o planejamento anterior vai se colocar em prática
e todos os setores desenvolverão as ações de sua responsabilidade.
Tem início a partir do momento que uma inundação se converte
em um desastre. As ações desta etapa são desenvolvidas no intuito
do enfrentamento do desastre visando reduzir ao máximo seus
impactos sobre a saúde por meio de uma atuação oportuna do
setor Saúde. As principais estão listadas a seguir.

Em situações de desastres, a atuação oportuna de uma Secretaria de


Saúde envolve o desenvolvimento de ações adequadas, no momento
e com recursos apropriados, conforme as necessidades identificadas,
no intuito de reduzir ou eliminar o risco de impacto à saúde.

QUADRO 2 PRINCIPAIS AÇÕES DA ETAPA DE MANEJO DO DESASTRE DURANTE A OCORRÊNCIA

Solicitar informações à Defesa Civil ou órgão equivalente.


ŸŸ
Definir ponto focal da saúde na sala de situação interinstitucional,
ŸŸ
quando for ativada.
Avaliar o cenário de risco para a saúde.
ŸŸ
Emitir alerta para as demais áreas da Secretaria de Saúde para
ŸŸ
intensificar o monitoramento.
Notificar o desastre, dependendo da dimensão da ocorrência, para
ŸŸ
<notifica@saude.gov.br>.
Acionar e ativar o Centro de Operações de Emergência em Saúde
ŸŸ
(Coes ou COE-Saúde).

Realizar avaliação de danos e necessidades de saúde


ŸŸ
(preliminar, até 24h; e complementar – até 72h).
Avaliar capacidade de atendimento local disponível.
ŸŸ

Continua

16
Conclusão

Solicitar recursos adicionais, se for necessário.


ŸŸ
Realizar ações de saúde prioritárias:
ŸŸ
»» Ações de socorro.
»» Ações de vigilância em saúde.
»» Ações de atenção à saúde.
»» Ações de assistência farmacêutica.
»» Ações de orientação à população, incluindo abrigos.

Executar estratégia de atendimento nos abrigos.


ŸŸ
Estabelecer doenças e agravos de interesse para intensificação
ŸŸ
do atendimento e monitoramento, incluindo vigilância ativa.
Elaborar informe técnico periódico sobre a situação (diário,
ŸŸ
dependendo da dimensão do evento, pode reduzir ou ampliar
o período de divulgação).
Elaborar informe para divulgação das informações aos meios
ŸŸ
de comunicação, à comunidade e às instituições parceiras.
Acompanhar e divulgar os alertas da Defesa Civil e outros órgãos.
ŸŸ

Fonte: Elaborado pelo Vigidesastres – CGVAM/DSAST/SVS/MS, 2016.

A etapa de recuperação compreende a reabilitação das atividades


e programas para restituir à sociedade a prestação dos serviços de
saúde. Envolve também a reconstrução da infraestrutura danificada
ou destruída. O processo de recuperação após a ocorrência de um
desastre traz a oportunidade para desenvolver e aplicar medidas de
redução do risco para ocorrências futuras. As principais ações a serem
desenvolvidas nessa etapa são apresentadas no quadro a seguir.

17
QUADRO 3 PRINCIPAIS AÇÕES DA ETAPA DE RECUPERAÇÃO DEPOIS DA OCORRÊNCIA

Realizar avaliação complementar dos danos e impactos à saúde


ŸŸ
(infraestrutura; doenças e agravos etc.).
Avaliar a situação para desmobilização do Coes.
ŸŸ
Intensificar a vigilância epidemiológica de doenças de interesse
ŸŸ
(sentinela).
Reorganizar os serviços de atenção e vigilância em saúde,
ŸŸ
conforme necessidade.
Intensificar as ações de vigilância em saúde para a detecção
ŸŸ
precoce de surtos e intervenção oportuna.
Reestabelecer a rede de serviços e os programas de saúde.
ŸŸ
Reconstruir ou recuperar a infraestrutura de saúde danificada
ŸŸ
ou destruída.
Avaliar a atuação na preparação e resposta a desastres –
ŸŸ
lições aprendidas.
Revisar e adequar o plano de preparação e resposta e os
ŸŸ
protocolos e procedimentos.

Fonte: Elaborado pelo Vigidesastres – CGVAM/DSAST/SVS/MS, 2016.

Depois de apresentar as principais ações a serem desenvolvidas pela


Secretaria de Saúde nas três etapas de gestão do risco, vale relembrar
que esse é um processo em constante transformação. A cada atuação
deve ser avaliado o desempenho, discutindo com transparência os
problemas enfrentados, os desafios e os pontos positivos encontrados
para subsidiar a revisão do Plano e novamente as ações de preparação
para a resposta a um evento futuro.

18
DEFINIÇÃO
DO FOCO

ESTABELECIMENTO
ATUALIZAÇÃO
DO CENÁRIO

DEFINIÇÃO
AVALIAÇÃO
DAS AÇÕES

IDENTIFICAÇÃO
PREPARAÇÃO DOS ATORES E
RESPONSABILIDADES

ELABORAR
O PLANO

Fonte: Elaborado pelo Vigidesastres – CGVAM/DSAST/SVS/MS, 2016.

O processo de gestão remete à importância de a Secretaria de


Saúde planejar as ações adequando à realidade do município,
mediante o conhecimento das características locais e das ameaças
ou perigos e vulnerabilidades presente no território. Deve, ainda,
conhecer a estrutura organizacional do governo local, incluindo as
áreas técnicas da própria Secretaria de Saúde, suas competências
e atribuições, para articular e coordenar a preparação de forma
adequada e com a participação de todos os atores que serão
envolvidos na ocorrência de um desastre.

Vale ressaltar que a organização para atuar em situações de


desastres é um processo contínuo, dinâmico e, sobretudo,
participativo, visando ao fortalecimento da capacidade instalada, de
modo a garantir a implementação efetiva de ações de prevenção,
preparação e recuperação no intuito de dotar a Secretaria de Saúde
da capacidade necessária para o desenvolvimento de suas ações.
19
Por ser um processo contínuo e dinâmico, deve ser atualizado sempre
que necessário para se adequar às possíveis mudanças no território.

Para isso, é importante observar as estratégias e os mecanismos


que são utilizados para a organização da atuação em desastres.
A primeira estratégia é conhecer a dinâmica do território.

1.3 Um olhar sobre o território na preparação e resposta


do setor Saúde às inundações
A organização para atuar em situações de desastres envolve uma
multiplicidade de ações e a necessidade de articulação intersetorial
e multidisciplinar. Nesse contexto, vale ressaltar que o desastre
ocorre no território, na localidade, logo, quanto mais preparada
estiver a área que for atingida, menores serão os impactos.

A preparação do setor Saúde para atuar em inundações deve


considerar o perfil do território em que ela ocorre. Conhecer a
dinâmica das relações sociais, econômicas e políticas daquela
localidade onde pode ocorrer um desastre, propiciará o subsídio
para uma análise da situação, no intuito de apontar as medidas
mais adequadas à redução do risco de descontinuidade de
prestação de serviços e à saúde da população.

Conhecer a realidade local é o primeiro passo para a preparação


e resposta a uma situação de inundação. É importante observar
alguns aspectos para traçar o perfil da ocorrência das inundações
na localidade:
ŸŸ Quando e onde acontece a inundação?
ŸŸ Qual o perfil socioeconômico da localidade?
ŸŸ Qual o perfil epidemiológico?
ŸŸ Qual a estrutura de saúde?
ŸŸ Qual a organização local para atuar em situações de desastres?

20
As respostas às perguntas apontadas no quadro possibilitam
conhecer as condições presentes no território que podem
influenciar o efeito da inundação sobre a saúde. No contexto
do perfil epidemiológico, é importante analisar: pessoa (quem
pode ser/foi afetado?), tempo (quando ocorreu/quanto durou/é
recorrente?) e lugar (onde?). Esse olhar deve ser adotado tanto
em uma análise de situação prévia à ocorrência de um desastre
quanto para avaliar os impactos após o seu acontecimento.
Subsidia, ainda, o conhecimento sobre a dinâmica da área
atingida, possibilitando a preparação e a resposta oportuna.

Organizar os serviços locais e torná-los resilientes, para retornar ao


seu funcionamento normal, no menor tempo possível, garante que
o impacto das inundações sobre a saúde da população será menor.
Propiciar uma avaliação de danos e necessidades, de forma opor-
tuna, possibilita que a Secretaria de Saúde local possa identificar
aquele que tem capacidade instalada para responder com seus pró-
prios recursos e o que precisa ser solicitado como apoio adicional.

1.4 Análise de situação de saúde aplicada situações


de inundação
Em situações de desastres, o processo de análise de situação de
saúde é essencial, tanto aquele que é realizado antes da ocorrência
de um evento, no intuito de conhecer as dinâmicas do território,
quanto o realizado quando um desastre acontece, a fim de avaliar
os danos e as necessidades.

Análise de situação de saúde compreende um processo de levanta-


mento e análise de dados e informações para a compreensão dos pro-
blemas de saúde, identificar necessidades e subsidiar a priorização de
ações. Nesse contexto, é importante observar algumas variáveis que
possibilitam conhecer as características da população, suas condições
de vida e seu perfil epidemiológico. Faz-se necessário ainda conhecer
os recursos que a Secretaria de Saúde tem disponível para responder
a uma eventual emergência.

21
A análise de situação de saúde contribui para conhecer a realidade
presente no território e predizer os potenciais impactos de uma
inundação sobre os serviços de saúde. Quanto mais conhecimento
sobre as ameaças e as vulnerabilidades do território, mais
condições de apontar as medidas necessárias para a redução do
risco à saúde da população.

Para exemplificar, observe algumas variáveis para caracterizar o


perfil do território e subsidiar essa análise de situação. Entre elas
estão aquelas que caracterizam a população, como as demográficas
(faixa etária de idade, sexo, local de residência), as socioeconômicas
(renda, inserção no mercado de trabalho, ocupação), as culturais
(grau de instrução, hábitos, comportamentos) e as políticas
(interesses, necessidades e demandas). Faz parte desse processo
também o conhecimento sobre as condições de vida da população,
a exemplo de como são as condições ambientais a que ela está
exposta (saneamento, habitação, transporte, segurança e lazer),
bem como o perfil epidemiológico, principalmente identificando as
características de morbidade e mortalidade.

Outro ponto a ser considerado é o contexto das ocorrências de


desastres no local (o que, onde e quando eles acontecem). Deve-se
buscar o histórico das ocorrências para identificar os tipos mais
frequentes, assim como a sua dimensão. No caso das inundações,
deve-se identificar as principais localidades atingidas e o período
que as chuvas ocorrem para subsidiar o desenvolvimento de ações
preventivas de preparação da Secretaria de Saúde.

No âmbito da organização governamental, é necessário conhecer


como está organizada a estrutura local (tem defesa civil?; qual é
a cobertura da saúde da família?; etc.). Conhecer os atores e as
responsabilidades do governo local permite a identificação das
áreas que devem ser acionadas para se envolver no processo de
preparação, possibilitando uma resposta oportuna quando da
ocorrência de um desastre.

22
Para resumir o contexto da análise de situação, reflita sobre
as perguntas a seguir, que devem ser feitas no processo de
preparação local para uma situação de desastre por inundação:
ŸŸ Quando, onde e qual a duração de uma inundação?

ŸŸ Qual a organização governamental local para atender à demanda?

ŸŸ Qual a estrutura dos serviços de saúde?

ŸŸ Qual o perfil de atendimento de saúde?

ŸŸ Os recursos disponíveis são suficientes para a atuação da


Secretaria de Saúde no atendimento à população atingida pela
inundação? Caso não, o que é necessário?

As respostas a essas perguntas possibilitarão identificar ameaças


ou perigos, vulnerabilidades, recursos disponíveis e necessários
para atuar em uma emergência em saúde pública por inundação.

Considerando esse contexto, a Secretaria de Saúde conhecerá


os potenciais condicionantes e determinantes de saúde locais,
o cenário de ocorrência de desastre, a capacidade instalada no
território, as instituições e os setores envolvidos na preparação e na
resposta a uma inundação, bem como as potenciais necessidades.
Essa contextualização propiciará dados e informações para a
elaboração do plano local de preparação e resposta à emergência
em saúde pública por inundação.

23
ESTRATÉGIA DE
RESPOSTA À
EMERGÊNCIA EM
SAÚDE PÚBLICA
POR INUNDAÇÃO
O
Sistema Único de Saúde (SUS) é, por definição constitucional,
um sistema público, nacional e de caráter universal, baseado
na concepção de saúde como direito de cidadania e nas dire-
trizes organizacionais de descentralização, com comando único em
cada esfera de governo, integralidade do atendimento e participação
da comunidade.

As estratégias e as ações definidas no planejamento prévio para co-


nhecimento e gestão do risco no âmbito do SUS devem ser baseadas
nos seus princípios básicos, especialmente na integralidade e na
equidade, compreendendo a atenção integral no cuidado. Deve-se
ressaltar, ainda, que a atuação do setor Saúde em desastres engloba
ações de promoção, vigilância e atenção à saúde da população e dos
profissionais envolvidos no processo.

Assim, na ocorrência de um desastre, o setor Saúde deve assumir


suas responsabilidades e atribuições, respeitando as especificidades
de cada componente do processo, e articular-se com os demais
entes e instituições que também atuam nessas situações.

Nesse contexto, um dos desafios para o setor Saúde é organizar sua


atuação baseada na lógica do processo de gestão do risco, devendo
envolver tanto as ações de redução do risco, manejo do desastre e
recuperação dos seus efeitos. Para isso, é necessária uma ampla
articulação intrassetorial e interinstitucional da Secretaria de Saúde
com outros atores, a exemplo da própria vigilância, bem como da
área de Atenção à Saúde.

A Vigilância em Saúde compreende o desenvolvimento de ações


articuladas e integradas das seguintes áreas: Vigilância Epide-
miológica, Vigilância em Saúde Ambiental, Saúde do Trabalhador,
Vigilância Sanitária e Saúde Indígena, incluindo seus aspectos de
gestão. É entendida como um campo que integra diversas áreas de
conhecimento e práticas e tem como objetivo a promoção da saúde
e a melhoria da qualidade de vida da população. Nesse sentido, a
Vigilância em Saúde aborda temas como política e planejamento;

25
territorialização; epidemiologia; processo saúde-doença; condições
de vida e situação de saúde das populações; ambiente e saúde; e
processo de trabalho.

O setor de Atenção à Saúde é a organização estratégica do


sistema e das práticas de saúde em resposta às necessidades da
população. É expressa em políticas, programas e serviços de saúde
consoante os princípios e as diretrizes que estruturam o SUS,
englobando as ações que envolvem o cuidado com a saúde do ser
humano, incluindo as ações e os serviços de promoção, prevenção,
reabilitação e tratamento de doenças.

Para promover a vigilância e a atenção à saúde da população, diver-


sas são as iniciativas necessárias para uma atuação oportuna. Em
situações de emergência em saúde pública, essa organização deve
estar em consonância com as necessidades que se apresentam no
território para que se reduza o risco de exposição da população.

Emergência em saúde pública (ESP) é definida por evento ou situações


que apresentem risco de propagação de doenças que exigem uma
resposta coordenada. Podem representar a reintrodução de doença,
apresentar gravidade elevada ou extrapolar a capacidade de resposta
local, demandando o emprego urgente de medidas de prevenção, con-
trole e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública.

A estratégia de atuação do SUS em ESP foi estabelecida por meio do


Decreto Presidencial nº 7.616, de 17 de novembro de 2011, que dispõe
sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância
Nacional (Espin) e a criação da Força Nacional do SUS, lei regulamen-
tada pela Portaria Ministerial nº 2.952, de 14 de dezembro de 2011.

Para a implementação dessa estratégia, o Ministério da Saúde


estabeleceu diretrizes e documentos norteadores que apontam
mecanismos e ferramentas para a gestão de emergências e as
principais ações a serem desenvolvidas, conforme a tipologia do
evento que deu origem à emergência.

26
Os mecanismos de gestão foram apontados no Plano de Resposta
à Emergência em Saúde Pública. Ele define a instituição de um
Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE-Saúde ou
Coes) como mecanismo de coordenação da emergência e o Sistema
de Comando de Operações (SCO) como ferramenta para a sua
organização. As principais ações são apresentadas nos Planos de
Contingência específicos, entre eles o Plano de Contingência para
Emergência em Saúde Pública por Inundação.

Para saber os detalhes sobre a estratégia de resposta à


emergência em saúde pública, acesse os planos. Eles estão
disponíveis em <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-
ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/197-secretaria-
svs/12109-planos-vigilancia-ambiental>.

Quando ocorre um desastre, os mecanismos de coordenação


da resposta são aplicados da mesma forma, considerando os
potenciais impactos, os danos e as necessidades inerentes ao
tipo de ocorrência e à sua magnitude. Em situação de inundações,
vários setores são impactados ou demandados, por isso, o processo
de preparação e resposta envolve ações articuladas no setor Saúde
e com outras instituições que atuam no território atingido.

2.1 Mecanismos para a atuação em emergência em


saúde pública
A primeira etapa para uma Secretaria de Saúde atuar de forma
oportuna em situações de inundação está em um processo de
preparação adequado, transversal, multidisciplinar, participativo
e coordenado. Para tanto, é recomendado que seja estabelecido
um comitê, uma comissão ou uma organização equivalente,
no âmbito da Secretaria de Saúde, cujo objetivo se baseie no
conhecimento das características e vulnerabilidades do território,

27
por meio do levantamento dos cenários (ameaças ou perigos e
vulnerabilidades). Com isso, é possível se conhecer os riscos e
elaborar o Plano de Contingência específico para o local.

Nesse contexto, apresentam-se a seguir alguns mecanismos


que auxiliam na organização do setor Saúde para a gestão de
risco de desastre.

2.1.1 Comitê de Saúde em Desastre


Observe que, nas etapas de gestão do risco de desastres (redução
do risco, manejo do desastre e recuperação), são preconizadas
ações a serem desenvolvidas antes de um desastre ocorrer, ações
de resposta ao evento e de recuperação dos seus efeitos.

Para organizar e preparar o setor Saúde para atuar em um desastre,


é recomendado que a Secretaria de Saúde institua um grupo que
atue de forma contínua e permanente tendo como base os cenários
de risco, identificando os atores e as ações necessárias para cada
um desses cenários identificados no território (inundação, seca,
acidentes químicos etc.), mapeando os recursos disponíveis e
necessários no setor para o atendimento de saúde, bem como
promover a articulação entre as diversas áreas da Saúde e de outros
setores (defesa civil, assistência social, ambiental, entre outros).

A composição do Comitê depende da organização estrutural da


Secretaria de Saúde; no entanto, é importante que seja garantida
a participação das áreas envolvidas na resposta visando a uma
vigilância e assistência oportuna, conforme exemplificado a seguir.

28
FIGURA 1 COMPOSIÇÃO DO COMITÊ DE SAÚDE EM DESASTRE

COORDENAÇÃO
Secretário Municipal de Saúde

Vigilância em Saúde
ŸŸ Atenção Primária à Saúde.
ŸŸ
Ambiental. Atenção Psicossocial
ŸŸ
Vigilância Epidemiológica.
ŸŸ (Centros de Atenção
Vigilância Sanitária.
ŸŸ Psicossocial – Caps).

Saúde do Trabalhador.
ŸŸ Laboratórios Públicos
ŸŸ

Staff de Comunicação
de Referência.
Setor de Informação
ŸŸ
e Análise de Situação Assessoria de Comunicação
ŸŸ
em Saúde. em Saúde.

Centro de Informações
ŸŸ Educação em Saúde.
ŸŸ
Estratégicas e Resposta Setor de Planejamento.
ŸŸ
em Vigilância em Saúde Setor de Financeiro
ŸŸ
(Cievs) ou equivalente. e Compras.
Centro de Controle de
ŸŸ Setor Administrativo.
ŸŸ
Zoonoses (CCZ).
Setor de Saneamento.
ŸŸ
Setor de Imunização.
ŸŸ
Setor de Logística
ŸŸ
Assistência Pré-Hospitalar
ŸŸ e Transporte.
e Hospitalar e Central de
Setor de Recursos Humanos.
ŸŸ
Regulação.
Conselho Municipal de Saúde.
ŸŸ
Assistência Farmacêutica.
ŸŸ
Outros.
ŸŸ

Representação do SUS

Grupos interinstitucionais
Fonte: Elaborado pelo Vigidesastres – CGVAM/DSAST/SVS/MS, 2016.

29
A Secretaria de Saúde poderá optar, também, por fazer um comitê
geral com os gestores das áreas técnicas (superintendente/
diretor/coordenador) e essas áreas trabalharem em subcomitês,
subsidiando o comitê geral. No caso de já existir um grupo
com esse objetivo no âmbito da Saúde, pode-se incluir o tema
“desastres” nesse grupo. Sugere-se que o comitê trabalhe em
articulação com outras instituições afins ao processo de gestão do
risco de desastre, considerando ações intra e interinstitucionais.

No Comitê é importante identificar quais as áreas do setor Saúde


estarão envolvidas e definir de forma clara o papel de cada uma delas,
bem como as articulações com demais setores, como Defesa Civil,
Corpo de Bombeiros, Assistência Social, entre outras, na formação de
um grupo interinstitucional. Para isso, uma ferramenta essencial é o
estabelecimento da matriz de cenários e responsabilidades.

2.1.2 Matriz de cenários e responsabilidades


As responsabilidades do setor Saúde em uma ESP são inerentes
ao que é de sua competência para proteger a saúde das pessoas e
garantir a prestação dos serviços de saúde, reduzindo ao máximo
os impactos e a exposição aos fatores de risco. Para isso, quando
se trata de desastre, é imprescindível a preparação prévia e o
conhecimento dos atores envolvidos e suas funções na preparação
e na reposta à emergência e aos desastres.

A matriz de cenários e responsabilidades está organizada para pro-


porcionar a visualização do cenário, dos órgãos e setores envolvidos
na atuação, das ações a serem desenvolvidas na respectiva etapa
da gestão do risco (preparação e resposta), bem como qual é a atri-
buição de cada ator envolvido no desenvolvimento da ação. Ele tem
a competência legal de coordenar a ação (C = coordenador), possui
alguma responsabilidade legal na sua execução (R = responsável) ou
pode apoiar o seu desenvolvimento (A = apoio). A seguir é descrito o
que deve ser considerado nos campos da matriz.

30
QUADRO 4 CAMPOS DA MATRIZ

Cenário Setores/Instituições Ações Responsabilidades

O cenário é estabelecido Neste campo da matriz, Deve-se preencher neste As responsabilidades


de acordo com a tipologia são identificados os atores campo um rol de ações a pelo desenvolvimento das
da emergência ou do que desenvolvem ações na serem desenvolvidas para ações são distribuídas em
desastre. Nesse caso, preparação e na resposta a preparação e para a coordenação, responsável
o cenário apresentado a uma inundação, tanto da reposta a uma inundação. e apoio. A coordenação
é ocorrências de Secretaria de Saúde quanto Essa descrição subsidia normalmente é do
inundações. de outros órgãos que os atores envolvidos ator (setor) que tem a
apoiem ou complementem no desenvolvimento atribuição legal para
a atuação do setor Saúde das suas atribuições isso. O responsável pode
(Defesa Civil, Assistência e responsabilidades compartilhar/comple-
Social etc.). e permite ao comitê mentar a ação que é
sistematizar as ações de atribuição de outro
desenvolvidas e seus setor, mas que a ele
respectivos responsáveis. cabe, naquela etapa, o
seu desenvolvimento.
Além disso, alguns atores
têm a função de apoio
ao desenvolvimento das
ações, seja de apoiar o
coordenador ou um dos
responsáveis.

Fonte: Elaborado pelo Vigidesastres – CGVAM/DSAST/SVS/MS, 2016.

31
Para o preenchimento da Matriz de Cenários e Responsabilidades,
a Secretaria de Saúde deve se pautar na legislação que estabelece
a estrutura e as competências do governo local e nela identificar os
atores e suas respectivas atribuições, relacionando-as com as ações
necessárias para a preparação e a resposta a uma inundação.

O formulário da Matriz de Cenários e Responsabilidades é apresen-


tado a seguir. Ele pode ser ampliado conforme a necessidade da
Secretaria de Saúde, tanto nas ações quanto no número de setores
e instituições presentes na estrutura local.

QUADRO 5 MATRIZ DE CENÁRIOS E RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS

CENÁRIO SETORES/INSTITUIÇÕES
(Tipo de evento ou
ameaça/perigo) SETOR SAÚDE OUTROS SETORES
Ator 1

Ator 2

Ator 3

Ator 4

Ator 5

Ator 1

Ator 2

Ator 3

Ator 4
AÇÕES

1. Ação 1 C R R R A R R R A

1.1 Subação 1

1.2 Subação 2

2. Ação 2 R C R R R A R R A

2.1 Subação 1

2.2 Subação 2

Função:
C = Coordenação (Instituição ou ator com atribuição legal para coordenar a sua realização).
R = Responsável (Instituição ou ator com alguma responsabilidade na sua realização).
A = Apoio (Instituição ou ator que pode apoiar a realização da ação).

Fonte: (BRASIL, 2014b, adaptado).

32
Com o preenchimento da Matriz de Cenários e Reponsabilidades,
o Comitê de Saúde em Desastre terá identificado todas as ações
necessárias para a preparação e a resposta à inundação e também
aos setores envolvidos nesse processo, tanto no setor Saúde quanto
nos demais setores. A partir disso, poderá iniciar a elaboração do
Plano de Contingência ou do Plano de Preparação e Reposta local à
emergência em Saúde Pública por inundação. Os pontos principais
da organização e do conteúdo do Plano serão apontados a seguir.

2.1.3 Plano de Contingência


O Plano de Contingência é um documento que descreve de forma
clara e concisa os riscos, os atores e suas responsabilidades para
fazer frente a uma emergência ou desastre e tem como premissa a
simplicidade e a objetividade, além de ser flexível e adaptável. Ele é
específico, ou seja, para um tipo de ameaça ou perigo, há um plano;
por exemplo, para resposta à inundação, para resposta à seca etc.
Para cada tipologia de emergência deve ser elaborado um Plano
de Contingência e seu processo de construção segue uma lógica,
conforme pontuado a seguir.

Seu processo de elaboração passa por diversas etapas e o Plano de


Contingência pode ser atualizado sempre que identificada a neces­
sidade; uma vez que o processo no território é dinâmico, a mudança
de cenário pode requerer a alteração do documento. Nesse contexto,
para a elaboração do Plano de Contingência, são necessários:

Definição do foco (Qual o problema/perigo?) – O Plano de


ŸŸ
Contingência é específico.

Estabelecimento do cenário (Qual o risco?) – Identificar as


ŸŸ
vulnerabilidades e os recursos presentes no território.

Definição das ações (O que faz?) – Para o cenário identificado


ŸŸ
e o risco que se apresenta no território, elencar as ações são
necessárias para uma resposta oportuna.

33
Identificação dos atores e das responsabilidades (Quem faz?) –
ŸŸ
Considerar a estrutura e as competências locais para definir isso.

Elaborar o Plano (Quando? Como? Com o quê?) – Consideram-se,


ŸŸ
na elaboração do documento, todas as informação levantadas
previamente à elaboração do documento e aponta-se quando se
inicia o processo de preparação e resposta à emergência, como
essas ações serão executadas e quais os recursos disponíveis
e necessários.

Preparação – Avalia se a Secretaria de Saúde possui todos os


ŸŸ
recursos necessários para a resposta à emergência (humanos,
financeiros, materiais etc.). Desenvolvem-se ações de capacitação,
aquisição de bens e insumos estratégicos e demais recursos
necessários para a atuação.

Avaliação – A avaliação do Plano é periódica ou após a resposta a


ŸŸ
uma emergência.

Atualização – O documento deve ser reformulado ou atualizado


ŸŸ
sempre que identificada a necessidade.

A elaboração de protocolo que inclua as ações macros que


envolvem mais de um setor/instituição e seus procedimentos
a serem adotados (o detalhamento de cada uma dessas ações)
garante que as ações previstas no Plano de Contingência sejam
desenvolvidas de forma articulada e coordenada.

2.1.4 Centro de Operações de Emergência em Saúde


O COE-Saúde ou Coes é uma sala de situação ou sala de crise
que é acionada quando ocorre uma emergência ou desastres que
necessitam de uma resposta coordenada do setor Saúde. Tem por
objetivo promover a resposta coordenada por meio da articulação
e da integração dos atores envolvidos, e as áreas ou setores da
Saúde que o compõem são definidas de acordo com o tipo de

34
ocorrência e as ações necessárias para a resposta à emergência.
O COE-Saúde é coordenado pela área ou setor que tem a
competência legal para desenvolver as ações para a tipologia de
emergência para o qual foi acionado (ex.: epidemia de dengue –
Vigilância Epidemiológica; inundação – Saúde Ambiental; acidente
com múltiplas vítimas – Urgência e Emergência).

A sua estruturação permite a análise dos dados e das informações


para subsidiar a tomada de decisão dos gestores e técnicos, na
definição de estratégias e ações adequadas e oportunas para o
enfrentamento de emergências em saúde pública. Ele é constituído
por representantes das áreas técnicas com competência para atuar
na tipologia de emergência identificada.

No Coes realiza-se o planejamento, a organização, a coordenação,


a avaliação e o controle das atividades de resposta a um evento.
A sua estruturação utiliza como mecanismo de coordenação
o Sistema de Comando de Operações (SCO) que permite a
organização da atuação sob um comando unificado a partir de
um esforço sistemático, para a unificação de grupos heterogêneos
e desenvolvimento de ações multissetoriais, necessárias para a
gestão de uma situação de emergência.

A utilização de um sistema de coordenação predefinido permite


uma articulação adequada das ações e o melhor aproveitamento
dos recursos, otimizando, assim, os resultados.

A estruturação do Coes em um SCO possibilita a unificação dos


diversos grupos necessários para a resposta a uma emergência em
saúde pública, estabelecendo a unificação desta resposta, por meio
da elaboração de planos consolidados de ação.

35
FIGURA 2 SISTEMA DE COMANDO DE OPERAÇÕES (SCO)

COMANDO

RELAÇÕES PÚBLICAS PORTA-VOZ

ADMINISTRAÇÃO
OPERAÇÕES LOGÍSTICA PLANEJAMENTO
E FINANÇAS

Fonte: (BRASIL, 2014b, adaptado).

Para saber mais sobre as funções de cada posto no Sistema de


Comando de Operações estabelecido na estratégia de resposta
à emergência em saúde pública, acesse o Plano de Resposta à
Emergência em Saúde Pública: <http://portalsaude.saude.gov.br/
images/pdf/2014/outubro/07/plano-de-resposta-emergencias-
saude-publica-2014.pdf>.

O Coes é desmobilizado assim que cessa a emergência e o Comitê


de Saúde em Desastre reassume atividades de avaliação da
resposta e readequação dos planos (com base na avaliação das
lições aprendidas na resposta à emergência ou ao desastre).

36
RESPONSABILIDADES
E AÇÕES DO
SETOR SAÚDE
R
essalta-se que o setor Saúde, em situações de inundações,
tem responsabilidades em todas as etapas da gestão do
risco, que contribui para caracterizar o cenário de atuação e
promover ações de proteção da saúde da população, tanto em uma
perspectiva de gestão corretiva quanto prospectiva. Entre essas
responsabilidades, vale destacar:

Levantamento e avaliação do comportamento das inundações


ŸŸ
local e regional.

Levantamento e avaliação dos recursos disponíveis.


ŸŸ

Identificação das necessidades.


ŸŸ

Identificação das áreas/atores envolvidos na atuação.


ŸŸ

Articulação intersetorial e interinstitucional.


ŸŸ

Elaboração do Plano de Contingência local.


ŸŸ

Promoção de ações de capacitação e treinamento das equipes de


ŸŸ
saúde, envolvendo instituições parceiras.

Definição de estratégia de educação em saúde (profissionais e


ŸŸ
população vulnerável).

Essas atividades são transversais e envolvem diversos setores


no âmbito do SUS para dotar os serviços de saúde da capacidade
necessária para o desenvolvimento de ações oportunas em uma
inundação. No intuito de organizar o processo de planejamento
e resposta, as ações podem ser consolidadas em grandes grupos
ou macroações de Atenção e Vigilância em Saúde; Laboratórios;
Medicamentos, Insumos e Equipamentos; Comunicação em Saúde;
Orientação e Educação em Saúde e Identificação de Recursos.

39
3.1 As ações de Atenção à Saúde
São todas as estratégias que envolvem o cuidado com a saúde
do ser humano, incluindo as ações e os serviços de promoção,
prevenção, tratamento de doenças e reabilitação. A rede de serviços
de saúde deve promover, de forma articulada, o desenvolvimento
de ações com a finalidade de garantir a integralidade do cuidado,
incluindo em situações de desastres, quando a demanda pelos
serviços de saúde pode aumentar e as unidades de saúde podem
ter seu funcionamento comprometido.

Buscar a organização dos serviços para a continuidade do seu


funcionamento é primordial para a redução do risco à saúde da
população. Para isso, serão apontadas, a seguir, as principais
ações de atenção à saúde que devem ser observadas em uma
situação de desastre.

QUADRO 6 PRINCIPAIS AÇÕES E RESPONSABILIDADES DA ATENÇÃO À SAÚDE EM


SITUAÇÕES DE INUNDAÇÕES

Tema Ações

Atenção Básica Participar da avaliação dos danos


ŸŸ
e necessidades.

Incentivar a retomada dos serviços de rotina.


ŸŸ

Fomentar a integração com a Vigilância em


ŸŸ
saúde e rede especializada.

Identificar e recadastrar as famílias atingidas.


ŸŸ

Intensificar ações nos abrigos e nas


ŸŸ
comunidades.

Distribuir e orientar sobre uso do hipoclorito


ŸŸ
de sódio a 2,5%.

Continua

40
Continuação

Tema Ações

Atenção Básica Desenvolver ações de busca ativa de casos


ŸŸ
agudos e crônicos.
Notificar os casos suspeitos e confirmados
ŸŸ
de cada agravo no Sinan1.
Manter atualizado o Siab2 e o Sisvan3 ou
ŸŸ
outros sistemas utilizados na Atenção Básica.
Atender e acompanhar os casos notificados.
ŸŸ
Atender e acompanhar pacientes egressos
ŸŸ
de outros níveis de atenção.
Realizar avaliação da situação da saúde em
ŸŸ
conjunto com as outras equipes.
Reorganizar o atendimento da Rede Básica
ŸŸ
de Saúde.

Urgência e Estabelecer ações com outros níveis de


ŸŸ
emergência cobertura de assistência e complexidade.
Restabelecer os serviços de urgência.
ŸŸ
Realizar ações integradas com a equipe
ŸŸ
de resgate.
Identificar a necessidade da presença de
ŸŸ
equipes da FN-SUS4.

Atenção Fazer diagnóstico da situação do hospital.


ŸŸ
hospitalar
Estabelecer plano de remanejamento de
ŸŸ
equipamentos, insumos e serviços.

Implementar o plano de evacuação de


ŸŸ
pacientes.

Continua

41
Continuação

Tema Ações

Atenção Monitorar o fornecimento de energia e água


ŸŸ
hospitalar para o funcionamento das unidades de saúde.
Estabelecer fluxo de atendimento.
ŸŸ
Estabelecer fluxo diário de notificação das
ŸŸ
doenças relacionadas ao evento.
Manter atualizado os sistemas de
ŸŸ
informação (SIH5, Sinan, Sinasc6, SIM7).

Sangue e Identificar serviços de hemoterapia para


ŸŸ
hemoderivados servir como alternativa.
Definir e estabelecer as funções para as
ŸŸ
diferentes áreas de trabalho.
Avaliar os danos nos serviços de hemoterapia.
ŸŸ
Verificar o número de unidades de
ŸŸ
hemocomponentes disponíveis.
Avaliar a demanda, perdas e estoque de
ŸŸ
hemocomponentes.
Racionalizar o uso dos hemocomponentes/
ŸŸ
hemoderivados existentes.

Atenção Diagnóstico da situação prévia.


ŸŸ
psicossocial
Avaliação de danos psicológicos.
ŸŸ
Garantir o atendimento das pessoas afetadas.
ŸŸ
Estruturar a coordenação das ações de
ŸŸ
saúde mental.
Integração permanente com as equipes de
ŸŸ
Atenção Básica.

Continua

42
Conclusão

Tema Ações

Assistência Diagnóstico das necessidades.


ŸŸ
farmacêutica
Garantir o fornecimento dos medicamentos
ŸŸ
e insumos.
Manter fluxo de informação entre a assistência
ŸŸ
farmacêutica e os serviços de saúde.
Estabelecer parcerias com outros níveis de
ŸŸ
cobertura de assistência farmacêutica.
Elaborar mapa de distribuição de
ŸŸ
medicamentos prioritários para doenças
crônicas.

Identificar os serviços de saúde em


ŸŸ
Regulação funcionamento.
Reorganizar o fluxo de atendimento em saúde.
ŸŸ
Estabelecer parcerias com outros níveis de
ŸŸ
cobertura de assistência à saúde.

Fonte: Vigidesastres/CGVAM/DSAST/SVS/MS.
1
Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
2
Sistema de informação da Atenção Básica.
3
Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional.
4
Força Nacional do SUS.
5
Sistema de Informações Hospitalares do SUS.
6
Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos.
7
Sistema de Informação sobre Mortalidade.

3.2 As ações de Vigilância em Saúde


A Vigilância em Saúde tem por objetivo a observação e a análise
permanentes da situação de saúde da população, articulando-se
em um conjunto de ações destinadas a controlar determinantes,
riscos e danos à saúde de populações que vivem em determinados

43
territórios, garantindo-se a integralidade da atenção, o que inclui
tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de
saúde. Em casos de inundação, a situação de saúde pode ser direta
ou indiretamente afetada e os serviços de saúde devem estar
sensíveis para detectar mudanças no comportamento das doenças
e dos agravos e prover as medidas-controle, bem como estabelecer
rotinas de redução do risco de exposição da população.

Algumas dessas ações estão pontuadas no quadro a seguir.

QUADRO 7 PRINCIPAIS AÇÕES E RESPONSABILIDADES DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE


EM SITUAÇÕES DE INUNDAÇÕES

Tema Ações

Vigilância Vigilância, monitoramento e controle de:


ŸŸ
e controle »» Doenças diarreicas agudas.
de doenças
transmissíveis »» Leptospirose.
»» Hepatite A.
»» Doenças de transmissão respiratória.
»» Tétano acidental.
»» Doenças transmitidas por vetores.

Vigilância e Vigilância, monitoramento e controle de:


ŸŸ
controle de »» Transtornos psicossociais.
doenças não
transmissíveis »» Doenças crônicas descompensadas.
e agravos »» Acidentes com animais peçonhentos
e não peçonhentos.
»» Desnutrição.
»» Acidentes (afogamento, choque
elétrico, quedas, soterramento etc.).
»» Vigilância da violência nos abrigos
(física e/ou sexual).

Continua
44
Continuação

Tema Ações

Detecção Monitoramento de doenças e agravos.


ŸŸ
de surtos e
Notificação ao Cievs.
ŸŸ
epidemias
Investigação e ações de controle.
ŸŸ

Monitoramento Notificação de morbimortalidades nos


ŸŸ
e notificação de Sistemas de Informação (Sinan, SIM).
morbimortalidade
Monitorar dados de outros sistemas
ŸŸ
de informação.
Acompanhamento do perfil epidemiológico.
ŸŸ

Imunização Identificar necessidade de


ŸŸ
remanejamento de imunobiológicos.
Avaliação de perda de insumos e
ŸŸ
imunobiológicos.
Manutenção da rede de frio
ŸŸ
(infraestrutura e equipamentos).
Garantir distribuição das vacinas e dos
ŸŸ
insumos.
Controle do registro de perda e reposição
ŸŸ
do estoque.
Identificar os casos especiais e definir
ŸŸ
intensificação de imunização.

Vigilância da Avaliar os danos nos Sistemas de Abasteci-


ŸŸ
qualidade mento de Água (SAA) e Soluções Alternati-
da água para vas Coletivas e Individuais (SAC e SAI).
consumo humano
Avaliar a quantidade e a qualidade da
ŸŸ
água nos abrigos temporários.

Continua

45
Continuação

Tema Ações

Vigilância da Assegurar a qualidade da água para


ŸŸ
qualidade consumo humano.
da água para
consumo humano Identificar a necessidade e a disponibili-
ŸŸ
zação do hipoclorito de sódio 2,5%.
Participar do planejamento das ações emer-
ŸŸ
genciais voltadas para os recursos hídricos.
Sistematizar e monitorar o acesso à
ŸŸ
informação sobre a qualidade da água
para consumo humano.
Identificar, em articulação com o
ŸŸ
responsável pelo abastecimento de água
para consumo humano, outras fontes
seguras de abastecimento.

Controle sanitário Identificar os estabelecimentos


ŸŸ
de alimentos comerciais atingidos.
Inspecionar e avaliar as condições
ŸŸ
higiênico-sanitárias de armazenamento,
preparação e conservação dos produtos
comerciais, doados e nos serviços de saúde.
Articulação entre os serviços de
ŸŸ
vigilância sanitária e outros setores nas
investigações de surtos.

Controle Avaliar as instalações físicas e a


ŸŸ
higiênico-sanitário capacidade instalada dos abrigos.
de abrigos
ŸŸInspecionar a cozinha e as condições de
armazenamento e preparação dos alimentos.

Continua

46
Continuação

Tema Ações

Manejo de Promover educação em saúde para


ŸŸ
resíduos promoção da segurança alimentar.

Articular a coleta dos resíduos sólidos.


ŸŸ

Orientar e promover o manejo e descarte


ŸŸ
adequado de resíduos sólidos normais,
biocontaminados e perigosos.

Gerenciamento de resíduos perigosos


ŸŸ
nos serviços de saúde.

Intensificar a Vigilância de Acidentes com


ŸŸ
Produtos Perigosos.

Laboratórios Rede de referência e colaboradores:

Avaliar possíveis danos na infraestrutura e


ŸŸ
nos equipamentos.

Identificar e promover articulação com


ŸŸ
laboratórios colaboradores (incluindo os
laboratórios móveis).

Elaborar fluxograma de atendimento


ŸŸ
imediato.

Realizar a gestão de pessoas.


ŸŸ

Solicitar apoio da instância estadual


ŸŸ
quando exceder a capacidade de viabilizar
a execução das atividades.

Articular com as áreas técnicas para


ŸŸ
elaborar fluxo de informação com a
Rede de Gerenciamento de Ambiente
Laboratorial (GAL).

Continua

47
Continuação

Tema Ações

Laboratórios Fluxo de amostras e resultados oportunos:


Organizar as atividades dos laboratórios
ŸŸ
para não prejudicar as atividades de rotina.
Estabelecer o fluxo de envio e
ŸŸ
recebimento de amostras.
Organizar o fluxo do envio de resultados
ŸŸ
em tempo oportuno.
Insumos e equipamentos:
Identificar as necessidades de
ŸŸ
substituição ou suplementação de
equipamentos e insumos.
Controlar a entrada de novos
ŸŸ
equipamentos.
Gerenciar a quantidade de insumos
ŸŸ
existentes e recebidos.
Gestão dos profissionais capacitados
ŸŸ
para manusear os novos equipamentos.

Medicamentos, Gestão:
insumos e
Realizar o diagnóstico de perdas de
ŸŸ
equipamentos
medicamentos e danos aos equipamentos.
Identificar as necessidades.
ŸŸ
Controlar a entrada de novos equipamentos.
ŸŸ
Gerenciar a quantidade de medicamentos
ŸŸ
e insumos existentes e recebidos.
Controlar o estoque disponível.
ŸŸ
Estabelecer a logística de controle
ŸŸ
e distribuição.

Continua

48
Continuação

Tema Ações

Medicamentos, Recebimento no local de consumo:


insumos e Definir o coordenador para a gestão
ŸŸ
equipamentos
do recebimento.
Estabelecer a logística de controle
ŸŸ
e entrega na rede de saúde.

Comunicação Definir atores envolvidos em:


e educação Diagnóstico da situação e definição
ŸŸ
em saúde
dos objetivos.
Identificação das pessoas a serem
ŸŸ
informadas prioritariamente.
Identificação dos atores sociais.
ŸŸ
ŸŸIdentificação das áreas envolvidas na resposta.

Estabelecer fluxo de informações:


Definir as ferramentas a serem utilizadas.
ŸŸ
Desenvolvimento de cronograma
ŸŸ
de ações com prazos e indicação
de responsáveis.
Definição da estratégia do fluxo
ŸŸ
da informação.

Definir meios de comunicação para:


Diagnosticar a situação da área.
ŸŸ
Definir os meios de comunicação mais
ŸŸ
eficazes para a situação.
Estabelecer as ações de comunicação de
ŸŸ
acordo com os meios disponíveis.
Definir o porta-voz responsável pela
ŸŸ
divulgação das informações.

Continua

49
Continuação

Tema Ações

Comunicação Elaboração de relatórios, informes, boletins


e educação e outros:
em saúde
Definir o tipo de documento de acordo
ŸŸ
com o destinatário (gestor, profissionais
e população).
Estabelecer a frequência de envio.
ŸŸ
Estabelecer sistema de retroalimentação.
ŸŸ
Avaliar as informações divulgadas,
ŸŸ
conforme
a reação da população.

Estabelecer ações educativas


(abrigos e comunidades):
Diagnosticar a situação para definir
ŸŸ
as ações.
Definir os meios (palestras, fôlderes,
ŸŸ
cartazes, spots etc.).
Definir os profissionais responsáveis.
ŸŸ
Identificar e montar os materiais
ŸŸ
necessários.
Organizar a logística.
ŸŸ
Definir os temas (cuidados com os
ŸŸ
alimentos, limpeza domiciliar, acidentes,
água domiciliar, violência, doenças
relacionadas etc.).

Continua

50
Continuação

Tema Ações

Comunicação Criar parcerias com outros setores


e educação relativos à educação em saúde:
em saúde
Identificar os setores envolvidos na ação.
ŸŸ
Promover a articulação intra e intersetorial.
ŸŸ
Estabelecer cooperação técnica.
ŸŸ

Identificação Medicamentos, insumos e equipamentos:


de recursos
Identificar e avaliar os recursos disponíveis.
ŸŸ
adicionais
Identificar as necessidades.
ŸŸ
Avaliar e estabelecer os meios de atendi-
ŸŸ
mento às necessidades identificadas.
Articular com os colaboradores.
ŸŸ
Estabelecer um fluxo de recebimento,
ŸŸ
triagem e entrega.
Estabelecer o controle de armazena­
ŸŸ
mento e estoque.
Gestão de pessoas:

ŸŸIdentificar os profissionais dos serviços


de saúde disponíveis.
Remanejar os profissionais para as áreas
ŸŸ
afetadas, de acordo com a necessidade.
Estabelecer a jornada de trabalho (rotina,
ŸŸ
plantões etc.).
Identificar e cadastrar os voluntários e
ŸŸ
integrá-los nas ações.
Identificar a necessidade da presença da
ŸŸ
FN-SUS.

Continua

51
Conclusão

Tema Ações

Identificação Recursos financeiros:


de recursos
Identificar a disponibilidade de recursos
ŸŸ
adicionais
para atendimento emergencial.
Busca de recursos complementares.
ŸŸ
Estabelecer o processo administrativo
ŸŸ
para a aquisição de recursos
complementares.

Logística (transporte, alimento, hospedagem


e serviços diversos):

Diagnosticar a situação e identificar


ŸŸ
as necessidades.
Definir responsável pela coordenação.
ŸŸ
Articular com os setores diversos.
ŸŸ
Estabelecer fluxo de informação e
ŸŸ
entrega de insumos, medicamentos etc.
Definir meios de transporte e local
ŸŸ
de entrega.
Articular a disponibilidade de
ŸŸ
hospedagem com o coordenador.
Diagnosticar e mapear os recursos
ŸŸ
estruturais (Rede de Saúde, Rede de
Laboratório, Rede de Frio, sangue e
hemoderivados, farmácias) e capacidade
de resposta.
Articular com os responsáveis de cada
ŸŸ
área-fim, para implementar a resposta.

Fonte: Vigidesastres/CGVAM/DSAST/SVS/MS.

52
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de contingência para


emergência em saúde pública por inundação. Brasília, 2014a. 36 p.,
il. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/
outubro/07/plano-de-contingencia-por-inundacao-out2014.pdf>.
Acesso em: 20 out. 2015.

______. Ministério da Saúde. Plano de resposta às emergências


em saúde pública. Brasília, 2014b. 44 p., il. Disponível em: <http://
portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/outubro/07/plano-de-
resposta-emergencias-saude-publica-2014.pdf>. Acesso em: 20
out. 2015.

INTERNATIONAL STRATEGY FOR DISASTER REDUCTION (ISDR).


Terminología sobre reducción del riesgo de desastres. Geneva,
2009. Disponível em: <http://www.unisdr.org/files/7817_
UNISDRTerminologySpanish.pdf>. Acesso em: 17 out. 2015.

NARVÁEZ, L.; LAVELL, A.; ORTEGA, G. P. La gestión del riesgo de


desastres: un enfoque basado en procesos. Lima, 2009.

SANTOS, M. A Natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção.


3. ed. São Paulo: Hucitec, 1999. 384 p.

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BIBLIOGRAFIA

FREITAS, C. M.; XIMENES, E. F. Enchentes e saúde pública: uma


questão na literatura científica recente das causas, consequências e
respostas para prevenção e mitigação. Ciência & Saúde Coletiva, Rio
de Janeiro, v. 17, n. 6, p. 1601-1616, 2012.

OLIVEIRA, M. de. Manual gerenciamento de desastres: sistema de


comando em operações. Florianópolis: Ministério da Integração
Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil; Universidade Federal
de Santa Catarina, Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre
Desastres, 2010.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA


SAÚDE. Desastres naturais e saúde no Brasil. Brasília: OPAS; Ministério
da Saúde, 2015. 56 p., il. (Série Desenvolvimento Sustentável e Saúde,
2). Disponível em: <http://www.paho.org/BRA/images/stories/GCC/
desastresesaudebrasil_2edicao.pdf>. Acesso em: 20 out. 2015.

ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Los desastres naturales y


la protección de la salud. Washington, D.C: OPAS; OMS, 2000. Disponível
em: <http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/167773/1/9275315752.
pdf>. Acesso em: 20 out. 2015.

55
ISBN 978-85-334-2543-9

9 788533 425439

Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde


www.saude.gov.br/bvs

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