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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE EXCELÊNCIA

CURSO DE PSICOLOGIA

João Paulo Novais Lima

Lana Ranielly Lima da Silva

Vitória Ribeiro Silva

Psicologia Hospitalar

Vitória da Conquista – BA
2024
Os primeiros registros da presença da psicologia no contexto hospitalar
remontam a 1818, quando no Hospital McLean, em Massachusetts, foi formada a
primeira equipe multidisciplinar que incluía psicólogos. Em 1904, neste mesmo
hospital, foi estabelecido um laboratório de Psicologia onde foram realizadas as
primeiras pesquisas sobre Psicologia Hospitalar.
A Psicologia como ciência teve seu surgimento com Wundt na Alemanha em
1879, quando ele fundou o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental na
Universidade de Leipzig.
As interações do psicólogo com a medicina se limitavam às funções de
diagnóstico, porém, inicialmente apenas com o intuito de realizar o psicodiagnóstico
da pessoa que estava presente na condição de enfermidade, tendo uma visão
restrita, observando apenas a parte que estava em desequilíbrio. A psicologia era
uma profissão direcionada principalmente para indivíduos com transtornos mentais.
O papel do psicólogo era predominantemente clínico e conforme suas
funções se expandiram além do diagnóstico, aumentaram as interações entre
médicos e psicólogos. Assim, o psicólogo passou a integrar a equipe hospitalar. O
ingresso também ocorreu através dos hospitais psiquiátricos e, posteriormente, sua
participação foi ampliada para os hospitais gerais e especializados.
No Brasil, em 1930, surgiu a ideia de que fatores psicológicos poderiam
influenciar a saúde e a doença, levando à criação dos primeiros serviços de Higiene
Mental com a participação ativa de psicólogos, como alternativas à hospitalização
psiquiátrica. Assim, a psicologia começou a exercer sua profissão nas instituições
de saúde mental do Brasil, juntamente com a Psiquiatria.
O primeiro relato de atividade em hospital geral remonta a uma pesquisa
realizada em 1950 pelo médico Raul Briquet e pela psicóloga Bety Gastenstay, com
o objetivo de introduzir o alojamento conjunto na maternidade do Hospital de
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Em 2000, a Psicologia Hospitalar passou a ser reconhecida e regulamentada
pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) como uma especialidade, por meio da
Resolução 014/2000, que estabelece que esses profissionais atuam em instituições
de saúde nos pontos secundário ou terciário da atenção à saúde.

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Docente: Deisilane Lima Gil
Disciplina: Psicologia, ciência e profissão
Título: Psicologia Hospitalar
Atua também em instituições de ensino superior e/ou centros de
estudo e de pesquisa, visando o aperfeiçoamento ou a especialização de
profissionais em sua área de competência, ou a complementação da
formação de outros profissionais de saúde de nível médio ou superior,
incluindo pós-graduação lato e stricto sensu. Atende a pacientes,
familiares e/ou responsáveis pelo paciente; membros da comunidade
dentro de sua área de atuação; membros da equipe multiprofissional e
eventualmente administrativa, visando o bem-estar físico e subjetivo do
paciente; e, alunos e pesquisadores, quando estes estejam atuando em
pesquisa e assistência. Oferece e desenvolve atividades em diferentes
níveis de tratamento, tendo como sua principal tarefa a avaliação e
acompanhamento de intercorrências psíquicas dos pacientes que estão
ou serão submetidos a procedimentos médicos, visando basicamente a
promoção e/ou a recuperação da saúde física e mental. Promove
intervenções direcionadas à relação médico/paciente, paciente/família, e
paciente/paciente e do paciente em relação ao processo do adoecer,
hospitalização e repercussões emocionais que emergem neste processo.
O acompanhamento pode ser dirigido a pacientes em atendimento clínico
ou cirúrgico, nas diferentes especialidades médicas. Podem ser
desenvolvidas diferentes modalidades de intervenção, dependendo da
demanda e da formação do profissional específico; dentre elas ressaltam-
-se: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de
psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e Unidade de Terapia
Intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no
contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e
interconsultoria. No trabalho com a equipe multidisciplinar,
preferencialmente interdisciplinar, participa de decisões em relação à
conduta a ser adotada pela equipe, objetivando promover apoio e
segurança ao paciente e família, aportando informações pertinentes à sua
área de atuação, bem como na forma de grupo de reflexão, no qual o
suporte e manejo estão voltados para possíveis dificuldades operacionais
e/ou subjetivas dos membros da equipe (CFP, 2007, p. 21).

De forma geral, a função do psicoterapeuta hospitalar concentra-se na


angústia e nas consequências resultantes da enfermidade e da hospitalização,
ligando este elemento a outros aspectos, como trajetória de vida, manejo da
enfermidade e perfil psicológico. Desempenhando a sua atividade tanto na esfera
da prevenção quanto no âmbito do tratamento. Além disso, atualmente, há um
reconhecimento por parte da equipe médica da relevância das emoções e seu
impacto na eficácia do tratamento das enfermidades.
Esses elementos estão presentes em todo o contexto da enfermidade, como
um envolvimento com a doença, e dependendo da situação podem surgir como
origem da enfermidade, como desencadeador do processo patológico, como
agravante do quadro clínico. Ao nos depararmos com os aspectos psicológicos
presentes na enfermidade, nos confrontamos com várias manifestações mentais
da subjetividade humana, tais como: emoções, vontades, ideias, comportamentos,

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Disciplina: Psicologia, ciência e profissão
Título: Psicologia Hospitalar
fantasias, memórias, estilos de vida, e o modo de adoecimento que é intrínseco a
cada indivíduo.
Sua atuação ocorre no âmbito da comunicação, fortalecendo o trabalho de
adaptação do paciente e da família ao enfrentamento da crise. Nesse sentido, a
atuação deve ser focada em oferecer apoio, atenção, compreensão, suporte ao
tratamento, esclarecimento das emoções, informações sobre a enfermidade e
fortalecimento dos laços familiares.
A atuação do psicoterapeuta é marcada por uma variedade de demandas
como: preparação do paciente para intervenções cirúrgicas (antes e depois da
operação), exames, auxílio no enfrentamento da enfermidade e seu tratamento,
atenção aos distúrbios mentais associados à patologia, tornando o paciente
participante ativo de seu processo de enfermidade e hospitalização.
O que importa para a psicoterapia hospitalar não é apenas a enfermidade
em si, mas a relação que o paciente estabelece com seu sintoma ou, em outras
palavras, o que nos interessa primordialmente é o desfecho do sintoma, o que o
paciente faz com sua enfermidade, o significado que atribui a ela, e isso só pode
ser compreendido através da linguagem, da palavra.
Ao ficar doente, a pessoa, com toda sua subjetividade, confronta-se com
uma realidade patológica denominada enfermidade, que se manifesta em seu
próprio corpo, gerando diversos aspectos psicológicos que podem se manifestar no
paciente, na família e até mesmo na equipe profissional.
Entender que o paciente doente possui sua própria subjetividade,
singularidade, medos, frustrações e limitações, e que o papel do psicoterapeuta
nesse contexto é auxiliá-lo, considerando o ambiente em que vive e a situação atual
que enfrenta, a fim de proteger a integridade psicológica e emocional. Assim, uma
forma prática pela qual o psicoterapeuta pode intervir é validando esses
sentimentos e levando o paciente e seus familiares a aceitarem situações que a
medicina não consegue reverter, buscando a redução do sofrimento do paciente e
de sua família, decorrente da interação doença-hospitalização.
O cuidado eficaz à pessoa requer atenção tanto às experiências
relacionadas à saúde quanto à enfermidade e suas concepções. Entendendo saúde

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Disciplina: Psicologia, ciência e profissão
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como uma percepção ampla, e o que a saúde representa para essas pessoas, por
meio das relações colaborativas: o profissional é especialista em psicologia e a
pessoa atendida é especialista em sua experiência de saúde, de enfermidade e de
sua vida. Logo, torna-se importante considerar as interações existentes entre
paciente, família, equipe e instituição de saúde.
Enfim, o foco da psicoterapia hospitalar é o aspecto psicológico relacionado
à enfermidade.
A Psicologia Hospitalar desempenha um papel crucial no ambiente de saúde,
proporcionando suporte emocional e psicológico aos pacientes, suas famílias e à
equipe médica. Sua importância reside na compreensão e no tratamento dos
aspectos psicológicos relacionados à doença e ao processo de recuperação.
Em primeiro lugar, a Psicologia Hospitalar contribui para o bem-estar
emocional dos pacientes. Enfrentar uma doença grave pode desencadear uma
série de emoções negativas, como medo, ansiedade e depressão. O psicólogo
hospitalar oferece um espaço seguro para que os pacientes expressem seus
sentimentos e preocupações, ajudando-os a lidar com o estresse associado ao
tratamento médico.
Além disso, a Psicologia Hospitalar desempenha um papel fundamental no
suporte às famílias dos pacientes. Ver um ente querido enfrentando uma doença
pode ser extremamente desafiador e angustiante. Os psicólogos hospitalares
fornecem orientação e apoio emocional às famílias, ajudando-as a entender e lidar
com as complexidades da situação.
Outro aspecto importante é o apoio à equipe médica. Os profissionais de
saúde enfrentam situações emocionalmente exigentes diariamente, lidando com
pacientes em estado crítico, prognósticos difíceis e perdas. A Psicologia Hospitalar
oferece suporte aos profissionais de saúde, ajudando-os a lidar com o estresse e
prevenindo o esgotamento profissional.
Além disso, a intervenção psicológica no ambiente hospitalar pode melhorar
significativamente os resultados clínicos. Estudos mostram que pacientes que
recebem apoio psicológico durante o tratamento têm taxas de recuperação mais
rápidas e menores índices de complicações médicas.

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Disciplina: Psicologia, ciência e profissão
Título: Psicologia Hospitalar
Em resumo, a Psicologia Hospitalar desempenha um papel vital no cuidado
holístico do paciente, abordando não apenas as necessidades físicas, mas também
as emocionais e psicológicas. Ao oferecer suporte aos pacientes, suas famílias e à
equipe médica, ela contribui para uma experiência de saúde mais positiva e
resultados clínicos mais favoráveis.
Os psicólogos hospitalares enfrentam uma série de desafios únicos devido
ao ambiente clínico em que trabalham. Alguns desses desafios incluem:
1. Condições de saúde mental complexas: Lidar com pacientes que estão
lidando com condições médicas graves, muitas vezes acompanhadas de
problemas de saúde mental concomitantes, pode ser desafiador. Os psicólogos
hospitalares precisam ser capazes de oferecer suporte adequado e tratamento
psicológico enquanto trabalham em estreita colaboração com a equipe médica.
2. Estresse e trauma: Testemunhar o sofrimento dos pacientes e suas
famílias, bem como lidar com situações de emergência e trauma, pode ser
emocionalmente desgastante para os psicólogos hospitalares. Eles devem ter
habilidades sólidas de autorregulação emocional para enfrentar esses desafios.
3. Integração com equipes multidisciplinares: Trabalhar em um ambiente
hospitalar exige colaboração estreita com uma variedade de profissionais de saúde,
incluindo médicos, enfermeiros, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. Os
psicólogos hospitalares enfrentam o desafio de integrar efetivamente sua prática
dentro da equipe multidisciplinar e garantir que o tratamento seja holístico.
4. Limitações de tempo e recursos: Os psicólogos hospitalares muitas vezes
têm que lidar com altas cargas de trabalho e recursos limitados. Isso pode dificultar
a prestação de cuidados psicológicos abrangentes e individualizados a todos os
pacientes que necessitam.
5. Questões éticas e legais: O trabalho em um ambiente hospitalar pode
apresentar dilemas éticos e legais complexos, como questões de confidencialidade,
consentimento informado e tomada de decisão em situações de emergência. Os
psicólogos hospitalares devem estar familiarizados com as diretrizes éticas e legais
relevantes e ser capazes de tomar decisões éticas em tempo hábil.

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Disciplina: Psicologia, ciência e profissão
Título: Psicologia Hospitalar
6. Autocuidado: Devido à natureza exigente e emocionalmente desafiadora
do trabalho hospitalar, os psicólogos hospitalares precisam priorizar o autocuidado
e o apoio emocional para si mesmos, a fim de evitar o esgotamento e manter sua
própria saúde mental. Isso pode incluir supervisão clínica regular, participação em
grupos de apoio e práticas de autocuidado pessoal.
Um psicólogo hospitalar poderá atuar dentro das instituições de saúde,
podendo ser crucial em diferentes circunstâncias, como por exemplo:
- Quadros delicados de doenças;
- Cirurgias de alto risco;
- Diagnósticos inesperados;
- Perdas de entes queridos.
Ademais, a sua atuação se estende em muitos campos, como ambulatórios,
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e semi-intensiva, UTI pediátrica, neonatal,
enfermarias, pronto-socorro, centros cirúrgicos, entre outros. O trabalho dentro do
âmbito hospitalar é feito geralmente em colaboração com uma equipe
multidisciplinar que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e
outros profissionais da saúde, a fim de oferecer um tratamento integrado que
atenda a todas as necessidades do paciente.
O mercado de trabalho é estável e apresenta um grande potencial constante
e gradual de crescimento, pois existem tendências de melhorias e maiores
profissionalizações das instituições de saúde do país, que estão passando a se
preocupar em investir em um atendimento humanizado e eficaz, se sensibilizando
com a situação e o emocional dos indivíduos que estão enfrentando algum tipo de
patologia. Além disso, esse mercado de trabalho conta com vagas tanto no nicho
privado quanto público, assegurando maiores chances de empregos aos
profissionais. Vale ressaltar que, é possível atuar com o registro na carteira de
trabalho e como PJ (pessoa jurídica). Nesse último caso, existem maiores chances
que o psicólogo consiga conciliar essa função com outra ou atuar em mais de uma
instituição.

Atualmente, um Psicólogo Hospitalar ganha em média R$ 3.809,38 atuando


em uma jornada de trabalho de 35 horas semanais de acordo com uma pesquisa

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Disciplina: Psicologia, ciência e profissão
Título: Psicologia Hospitalar
realizada pelo Portal Salario, junto a dados de 2.953 profissionais admitidos e
desligados em regime CLT nos últimos 12 meses divulgados pelo Novo CAGED.
Em 2024 a remuneração para Psicólogo Hospitalar pode variar entre o piso salarial
mínimo de R$ 3.705,34 e o teto salarial de R$ 7.122,08, dependendo do segmento
da empresa, localidade, formação, experiência na função e política de cargos e
salários da empresa.

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Título: Psicologia Hospitalar
REFERÊNCIAS

ACADEMIA DO PSICÓLOGO. Desafios e Dilemas Éticos na Psicologia


Hospitalar. Disponível em: <https://academiadopsicologo.com.br/areas-de-
atuacao/desafios-e-dilemas-eticos-na-psicologia-hospitalar/>. Acesso em: 1 maio.
2024.

Artigo: A importância da psicologia hospitalar na atualidade. Disponível em:


<https://www.anahp.com.br/noticias/artigo-a-importancia-da-psicologia-hospitalar-
na-atualidade/>. Acesso em: 1 maio. 2024.

DA CARREIRA, G. Guia da Carreira - Descubra como é a carreira em Psicologia


Hospitalar. Disponível em: <https://www.guiadacarreira.com.br/blog/psicologia-
hospitalar>. Acesso em: 1 maio. 2024.

DA SILVA COSTA, L. H. O PAPEL DO PSICOLOGO NO CONTEXTO


HOSPITALAR. Disponível em: <https://cedigma.com.br/o-papel-do-psicologo-no-
contexto-hospitalar/>. Acesso em: 1 maio. 2024.

Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-


content/uploads/2019/11/ServHosp_web1.pdf>. Acesso em: 1 maio. 2024.

GUSMÃO, R. Psicologia da saúde e hospitalar: desafios profissionais. Disponível


em: <https://www.sinopsyseditora.com.br/blog/psicologia-da-saude-e-hospitalar-
desafios-profissionais-524>. Acesso em: 1 maio. 2024.

HOSPITAL SOS CÁRDIO. Psicologia Hospitalar: atenção à família e paciente.


Disponível em: <https://www.google.com/amp/s/soscardio.com.br/psicologia-
hospitalar/amp/>. Acesso em: 1 maio. 2024.

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