Pscicologia Aplicada A Enfermagem Ok
Pscicologia Aplicada A Enfermagem Ok
Pscicologia Aplicada A Enfermagem Ok
A psicologia, por se tratar de uma ciência que lida justamente com as questões afetivas
do ser humano e suas relações sociais, está diretamente ligada à área de enfermagem e também
intimamente relacionada a seus profissionais.
É necessário aplicar a psicologia na área de enfermagem para que os futuros
profissionais possam aprender e compreender um novo olhar ao estabelecer seu relacionamento
com o paciente e também com seus familiares, e não deixar essas práticas somente com o
profissional da área de assistência social.
O cuidado com o ser humano através da enfermagem se mostra necessário ao se
associar à outra área, neste caso a área de psicologia, pois é esse conhecimento que vai ajudar
na forma de tratar esse paciente, não apenas nos cuidados básicos como dar banho, realizar a
troca de uma roupa, mas sim no contato que o profissional passa a ter com o outro indivíduo,
como por exemplo, dar um conselho, orientar, ou simplesmente lhe proporcionar um sorriso.
Quando o profissional de enfermagem estabelece essa comunicação com o paciente,
usando todo o conhecimento de psicologia que foi introduzido em seu curso, é então criado
um vínculo de confiança com esse paciente. E muitas vezes através desse relacionamento o
tratamento pode apresentar melhores resultados e uma recuperação mais satisfatória.
CONCEITO DA PSICOLOGIA
O que é Psicologia?
ÁREA DE ATUAÇÃO
Psicologia Clínica: A psicologia clínica tem como fim diagnosticar, tratar e aliviar o
sofrimento e as disfunções psicológicas ou outros problemas das pessoas, intervindo
geralmente ao nível da saúde mental. Esta especialização da Psicologia é, portanto, muito
importante ao promover o bem estar e o desenvolvimento pessoal dos indivíduos.
Psicologia do Esporte- atua especificamente na área esportiva, como sugere o nome. Podendo
ele atuar na área de pesquisa e na prática, diretamente com atletas, técnicos e comissão técnica
esportiva. O objetivo do Psicólogo do Esporte é trabalhar com a saúde mental, comportamento
cognitivo e motor dos envolvidos com esportes de alto rendimento.
abordagem, e eventualmente em mais de uma abordagem, para utilizar clinicamente nas sessões
de psicoterapia. A abordagem, nesse caso, seria o uso clínico do conhecimento obtido pela
psicologia em cada linha de estudo/raciocínio.
A ESTRUTURA DA PERSONALIDADE
Segundo FREUD, a estrutura da personalidade é formada por três instâncias, o id, o ego e o
superego, descritas a seguir.
ID
O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e está presente
na constituição, acima de tudo os instintos que se originam da organização somática e
encontram expressão psíquica sob formas que nos são desconhecidas. O id é o sistema original
da personalidade, a matriz o qual se originam o ego e o superego. O id é o reservatório
inconsciente das pulsões, as quais estão sempre ativas. Ele está diretamente relacionado à
satisfação das necessidades corporais. Para Freud, ele age de acordo com o princípio do
prazer.
O id não tolera aumentos de energia, que são experienciados como estados de tensão
desconfortáveis. Consequentemente, quando o nível de tensão do organismo aumenta, como
resultado ou de estimulação externa ou de excitações internamente produzidas, o id funciona
de maneira a descarregar a tensão imediatamente e fazer o organismo voltar a um nível de
energia confortavelmente constante e baixo. Esse princípio de redução de tensão pelo qual o id
opera é chamado de princípio do prazer. (HALL, LINDZEY, CAMPBELL, 1998, p.53)
O id representa o mundo interno da realidade subjetiva, não tendo conhecimento da
realidade objetiva (função do ego). Para atingir seu objetivo de satisfação, o id tem sob seu
comando as ações reflexas (inatas e automáticas, como piscar e espirrar, por exemplo) e o
processo primário, que envolve uma reação psicológica mais complexa. Outro exemplo é
quando a pessoa está faminta. O processo primário apresenta à pessoa a imagem mental de um
alimento, sendo essa alucinação chamada de realização do desejo. O processo primário
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sozinho não é capaz de reduzir a tensão, pois a pessoa faminta não pode comer as imagens
mentais. Desenvolve-se, então, um processo secundário e começa a tomar forma o ego.
EGO
As características do processo secundário (raciocínios maduros necessários para lidar
racionalmente com o mundo exterior) estão contidas no ego, que é a segunda estrutura da
personalidade freudiana e o mestre racional da personalidade. Enquanto o id obedece ao
princípio do prazer, o ego obedece ao princípio da realidade. “O objetivo do princípio da
realidade é evitar a descarga de tensão até ser descoberto um objeto apropriado, para a
satisfação da necessidade.” (HALL, LINDZEY, CAMPBELL, 1998, p. 54).
O ego controla o acesso à ação e decide que instintos serão satisfeitos e de que maneira.
Ele é a porção organizada do id, e existe para atingir os objetivos do id e não frustrá- los.
SUPEREGO
O último sistema da personalidade a se desenvolver é o superego, força moral da
personalidade, obtida por meio da introjeção dos valores e padrões dos pais e da sociedade.
“Ele é o representante interno dos valores tradicionais e dos ideais da sociedade conforme
interpretados para a criança pelos pais e impostos por um sistema de recompensas e punições”
(HALL, LINDZEY, CAMPBELL, 1998, p. 54).
A principal preocupação do superego é decidir se uma coisa é certa ou errada, para
poder agir de acordo com os padrões morais da sociedade, desenvolvendo-se em respostas às
recompensas e punições dadas pelos pais por volta dos cinco ou seis anos de idade. Para receber
recompensas e evitar punições, a criança passa a orientar seu comportamento de acordo com
os pais. Quando ela é punida, seu comportamento fica incorporado à consciência. Quando ela
é recompensada ou elogiada, esse comportamento fica incorporado no seu ideal de ego. A
consciência pune, fazendo-a se sentir culpada e o ideal de ego recompensa, fazendo-a se sentir
orgulhosa.
Com isso, a criança aprende um conjunto de regras que são aceitas ou rejeitadas por
seus pais, introjetando esses ensinamentos, as recompensas e castigos, tornam-se auto-
administráveis.
O controle dos pais é substituído pelo autocontrole. Nós passamos a nos comportar,
pelo menos em parte, de acordo com as diretrizes morais agora em grande parte inconscientes.
Como resultado dessa introjeção, experimentamos culpa ou vergonha sempre que agimos (ou
pensamos em agir) em desacordo com esse código moral. (SCHULTZ, SCHULTZ, 2002, p.
51)
As principais funções do superego são inibir os impulsos do id (principalmente
sexuais e agressivos); persuadir o ego a substituir objetivos realistas por objetivos moralistas;
buscar a perfeição. Apesar das aparentes diferenças entre o id e o ego, na verdade, o superego
é como o id ao não ser racional e como o ego ao tentar exercer um extremo controle sobre os
instintos.
O superego não busca prazer (como o id), nem a obtenção de metas realistas (como o
ego), mas apenas a perfeição moral. O id pressiona por satisfação, o ego tenta adiá-la e o
superego coloca a moralidade acima de tudo. (SCHULTZ, SCHULTZ, 2002, p. 51)
Id, ego e superego, na verdade, são apenas nomes para vários processos psicológicos. A
personalidade, normalmente, funciona como um todo e esses diferentes princípios trabalham
juntos, sob a liderança do ego. O id seria o componente biológico da personalidade, o ego o
componente psicológico e o superego o componente social. O ego, por ficar no meio, é
pressionado pelo id, pela realidade e pelo superego e o “resultado inevitável desse confronto,
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Traços de Personalidade
1. Aberto
2. Reservado
3. Introvertido
4. Extrovertido
5. Seguro
Em quinto lugar, chega o traço de personalidade “seguro”. Quanto às pessoas com alto
grau de segurança, geralmente são pessoas autoconfiantes e ativas, não duvidam de si mesmas,
falam com confiança.
6. Hesitante
7. Submisso
8. Dominante
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9. Relaxado
10. Excitável
O que é Afetividade:
Afetividade é um termo que deriva da palavra afetivo e afeto. Designa a qualidade que
abrange todos os fenômenos afetivos.
No âmbito da psicologia, afetividade é a capacidade individual de experimentar o
conjunto de fenômenos afetivos (tendências, emoções, paixões, sentimentos). A afetividade
consiste na força exercida por esses fenômenos no caráter de um indivíduo. A afetividade tem
um papel crucial no processo de aprendizagem do ser humano, porque está presente em todas
as áreas da vida, influenciando profundamente o crescimento cognitivo.
Emoções
A emoção é um estado de excitação física e psíquica acompanhadas de breves reações
em resposta a um acontecimento inesperado. Elas podem ser positivas e negativas, dependendo
de como ocorre, o momento em que acontecem e o modo como chegam a ser decodificadas de
acordo com as experiências das pessoas. Algumas emoções podem ser vistas como positivas
e negativas como o choro, riso, etc. Em toda conduta, nunca há uma ação puramente intelectual,
assim como não há atos que sejam puramente afetivos.
Ansiedade
Um dos maiores problemas da mente é encontrar meios para resolver ou amenizar a
ansiedade. A ansiedade é um aumento esperado ou previsto de tensão e pode aparecer em uma
situação real ou imaginária.
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A ansiedade é uma sensação que se manifesta através de vários sintomas, fazem parte
da vida de muitas pessoas, principalmente moradoras os centros urbanos. Sintomas Físicos –
falta de ar, taquicardia, nervosismo, suores, problemas digestivos (prisão de ventre, enjoos,
gases), fome exagerada, falta de apetite, etc. Esses sintomas indicam que seu emocional não
esta bem, portanto não adianta tratar as causas emocionais que geram esta ansiedade.
Sintomas Psicológicos – medos sem sentido, sentimento exagerado de irritação,
ingestão exagerada de bebidas alcoólicas ou calmantes, mania de perfeição, medo de críticas,
medo de errar, sentimentos de inveja, etc.
TEMPERAMENTO E CARÁTER
A teoria de Hipócrates
indivíduo um dos quatro fluidos corporais (humores): sanguíneo (sangue), fleumático (linfa
ou fleuma), colérico (bílis) e melancólico (astrabílis ou bílis negra).
Na antiguidade, os temperamentos, ou o conjunto de fatores constituintes de uma
personalidade, estavam ligados aos humores; a predominância de um ou outro designava um
tipo específico. Distinguiam-se 4:
• Sanguíneo: expansivo, otimista, mas irritável e impulsivo;
• Fleumático: sonhador, pacífico e dócil, preso aos hábitos e distante das paixões;
• Colérico: ambicioso e dominador, tem propensão a reações abruptas e explosivas;
• Melancólico: nervoso e excitável, tendendo ao pessimismo, ao rancor e à solidão.
Sanguíneo
Este temperamento é expansivo, otimista e impulsivo, extrovertidos e sensíveis, os
sanguíneos são indivíduos que não passam desapercebidos, pois são espontâneos e gostam de
interagir. Além disso, costumam fazer gestos largos e falar bem em público.
Pontos fortes: são comunicativos, resiliente, adaptáveis e entusiastas;
Pontos que precisam ser trabalhados: impulsividade, falta de atenção, superficialidade e
exagero.
Fleumático
Este temperamento é sonhador, pacífico, dócil. Os fleumáticos prezam a rotina, o
silêncio e dificilmente perdem o controle, pois costumam avaliar antes de reagir. São pacientes,
observadores, disciplinados, preferem não manifestar suas opiniões em público e não
costumam reagir bem às críticas.
Pontos fortes: são equilibrados e confiáveis;
Pontos que precisam ser trabalhados: lentidão, resistência as mudanças e indecisão.
Colérico
Este temperamento é explosivo, ambicioso e dominador. Indivíduos coléricos são
determinados e possuem grande capacidade de planejamento, além de muita energia e
impulsividade. São líderes natos e explosivos.
Pontos fortes: determinação, habilidade de liderança e praticidade;
Pontos que precisam ser trabalhados: egocentrismo, intolerância e impaciência.
Melancólico
Este temperamento é tímido, artístico e solitário. Os melancólicos têm a sensibilidade
muito aflorada, e são pessoas profundas, detalhistas e introvertidas, com tendência a guardar
seus sentimentos. São fiéis, desconfiados e tendem a escolher profissões que possam exercer
sozinhos.
Pontos fortes: lealdade, dedicação e sensibilidade;
Pontos que precisam ser trabalhados: egoísmo, pessimismo e inflexibilidade.
A doença é um aspecto que faz parte da vida do ser humano. Todas as pessoas em algum
momento da vida poderão adoecer ou já adoeceram. Ela é entendida como algo que se
manifesta no corpo biológico do sujeito. Este é o entendimento mais comum na sociedade.
Apesar de ser um aspecto biológico, também pode ser entendida como social pois implicará
nas relações que este sujeito possui. A doença sempre se apresenta de forma negativa na vida
do sujeito. Ela se faz da perda da saúde impedindo o sujeito de dar uma sequencia normal as
suas atividades. O sujeito psíquico munido de sua subjetividade enfrentará o adoecimento de
forma singular.
A DOENÇA
a doença aguda pode se desenvolver rapidamente mas, tem um período curto de duração. Já a
doença crônica se desenvolve lentamente porém, ela poderá ser contínua ou se prorrogar por
longos períodos.
Conhecer essa diferença se torna essencial para o trabalho do psicólogo, pois tais
doenças geram aspectos psicológicos distintos e o seu tratamento implicará em longos ou
breves períodos de hospitalização. Segundo Ávila (1996, p.31), “A doença se caracteriza
fundamentalmente por um estado negativo, de ausência de saúde.” A doença é um mal na vida
do indivíduo, pois afeta o seu bem-estar. Ter o estado de saúde alterado provoca no sujeito
sentimentos diversos. Para a medicina, estar doente é ter seu estado saudável modificado, algo
que para o indivíduo é crucial. Segundo o referido autor “do ponto de vista da medicina, pode-
se caracterizar o indivíduo doente abstraindo completamente as categorias que este próprio
indivíduo considera como definidoras do seu bem-estar.”
A doença pode surgir devido a uma alteração ou variação do ambiente em que o sujeito
vive. Pode aparecer quando ocorre uma mudança repentina no seu estilo de vida. Algo que o
tira de um lugar já definido, onde ele esteja adaptado. Esse fator externo o influencia
diretamente tanto em seu aspecto psíquico como social, podendo então levá-lo à uma
manifestação no estado físico.
O sujeito sofre por ter que passar por essa situação. Apesar de já ter aceito a doença se sente
inconformado com sua situação. Na depressão há um sofrimento profundo. Sentimentos de
tristeza, desolamento, desesperança, culpa e medo são comuns nesta fase.
pode ter consequências além do sofrimento, até mesmo a aquisição de outra doença.
Portanto a questão da subjetividade é outro aspecto importante para pensar o sofrimento
psíquico no processo de hospitalização. O sujeito passa por muitas mudanças e sua
singularidade não é levada em conta. Para Simonetti (2011) “[...] Sua vontade é aplacada, seus
desejos coibidos, sua intimidade invadida, seu trabalho proscrito, seu mundo de relações
rompido. Ele deixa de ser sujeito.” Toda essa angústia provocada no processo de hospitalização
também surge como uma resposta ao medo. Ao ser hospitalizado, a imaginação do sujeito pode
ser um aspecto negativo em muitos casos. Não saber o que vai acontecer nem como vai
acontecer pode levar o sujeito a pensar na solução que mais lhe angustia.
Sofrimento Psíquico
O sofrimento psíquico pode ocorrer devido a vários fatores, com todas as pessoas em
algum momento da vida. Essa situação provoca um sentimento de esgotamento, algo difícil de
suportar. Para Bock (2002) “em muitos momentos de sua vida uma pessoa pode viver situações
difíceis e de sofrimento tão intenso, que pensa que algo vai arrebentar dentro de si mesma...
que vai enlouquecer”. Uma internação repentina ou até mesmo esperada pode provocar este
estado.
Dantas e Tobler (2003), relatam que: De modo geral, o sofrimento psíquico se manifesta
e se expressa, num primeiro momento, no registro do corpo e através de um sintoma. O sintoma
se faz palavra portadora de uma verdade; o sintoma como função simbólica, como metáfora,
mediador entre a subjetividade e o real. Segundo Pimentel (1988), “[…] o sofrimento evidencia
os processos intelectivos e afetivos comportados no corpo. Nessa perspectiva, a dor não se
restringe à dor física, engloba a dor psíquica [...]”. Segundo o
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autor acima citado, a dor também causa sofrimento psíquico, ela vai muito além do biológico.
Não é apenas o corpo que sofre o psíquico também.
O sujeito com dor está vivenciando um processo angustiante. Essa dor física pode ser
aliviada por medicamentos, porém o sofrimento psíquico não, este deve ser trabalhado pois,
segundo Camon (2001) “o paciente sofre por ter medo de ficar com sequelas, incapacitado, de
ter perdas materiais e sociais e principalmente da morte”. Esse sofrimento também surge devido
às inseguranças do sujeito em relação a seu futuro. Muitas fantasias podem ser criadas devido
a sua condição atual e até mesmo por falta de esclarecimentos referentes ao seu estado de saúde.
O sofrimento desencadeia no sujeito uma tensão. Ele é interno mas pode “falar” através
da dor. Quando o sujeito não consegue elaborar suas questões, esse sofrimento fica em algum
lugar esperando sua resolução. Para Clavreul (1983) “o sofrimento, inclui a dor, mas antes de
tudo parece designar um estado de tensão interna, que deve terminar por uma resolução. O
sofrimento está em suspenso, isto é, à espera”. Segundo Roudinesco (2000) o sofrimento
psíquico se apresenta em forma de depressão. Este estado depressivo impede o sujeito de lidar
com as situações que lhe são impostas. O sujeito “cai”. Seu dia a dia passa a não ter mais graça.
Não há um prazer em fazer as coisas. As soluções tentadas parecem não ser eficazes. O
sujeito não busca entender a origem dessa questão que seria o ideal. O sofrimento psíquico
manifesta-se atualmente sob a forma de depressão. Atingindo no corpo e na alma por essa
estranha síndrome em que se misturam tristeza e a apatia, a busca de identidade e o culto de si
mesmo, o homem deprimido não acredita mais na validade de nenhuma terapia. No entanto,
antes de rejeitar todos os tratamentos, ele busca desesperadamente vencer o vazio de seu desejo.
Por isso passa da psicanálise para a psicofarmacologia e da psicoterapia para a homeopatia,
sem se dar tempo de refletir sobre a origem de sua infelicidade.
(ROUDINESCO, 2000, p.13). Parece haver uma falta no sujeito, um vazio a ser
preenchido. Freud (1930) em “O Mal na Civilização” nos fala desse vazio como a perda do
objeto. E que na depressão a perda é secreta. Em uma hospitalização várias coisas são perdidas
porém não se deve antecipar o motivo. Ele é singular. Freud (1930), quando fala em sofrimento,
aponta que este pode ser um agente ameaçador e que parte de três direções: […] O sofrimento
nos ameaça a partir de três direções: de nosso próprio corpo condenado à decadência e à
dissolução, e que nem mesmo pode dispensar o sofrimento e a ansiedade como sinais de
advertência; do mundo externo, que pode voltar-se contra nós com forças de destruição
esmagadoras e impiedosas; e finalmente, de nossos relacionamentos com os outros homens.[...]
(FREUD, 1930, p.95).
Podemos observar que o sofrimento pode surgir por conta de nosso próprio corpo e que
este nos dá sinais de alerta. Provém também do mundo externo com todos os seus fatores
negativos e pesados. E por último mas não menos importante, podemos sofrer devido a nossos
relacionamentos interpessoais.
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A HOSPITALIZAÇÃO
Quando uma pessoa é hospitalizada ela passa por variadas situações. Uma delas é a
despersonalização (é um tipo de transtorno dissociativo que consiste em sentimentos
recorrentes ou persistentes de distanciamento do próprio corpo ou processos mentais,
geralmente com uma sensação de ser um observador externo da própria vida). Essa pessoa,
muitas vezes, passa a ter “outro nome”. É chamada pela equipe pelo nome de sua doença ou
pelo número de seu leito. Passa também a ser rotulado, estigmatizado de doente. O paciente ao
ser hospitalizado sofre um processo de total despersonalização. Deixa de ter o seu próprio nome
e passa a ser um número de leito ou então alguém portador de uma determinada patologia.
O estigma de doente – paciente até mesmo no sentido de sua própria passividade frente
aos novos fatos e perspectivas existenciais – irá fazer com que exista a necessidade premente
de uma total reformulação até mesmo de seus valores e conceitos de homem, mundo e relação
interpessoal em suas formas conhecidas. Deixa de ter significado próprio para significar a partir
de diagnósticos realizados sobre sua patologia. (CAMON, 1995, p. 2).
O sujeito ao ser hospitalizado, passa a adquirir signos. A partir dessa aquisição, ele
poderá sofrer uma transformação. As pessoas com as quais convive também passarão por uma
mudança devido a esse processo. Esses signos levarão o sujeito a desenvolver uma nova
performance existencial. [...] E pelo simples fato de se tornar “hospitalizado” faz com que a
pessoa adquira signos que irão enquadrá-lo numa nova performance existencial e até mesmo
seus vínculos interpessoais passarão a existir a partir desse novo signo.
Seu espaço vital não é mais algo que dependa de seu processo de escolha. Seus hábitos
anteriores terão de se transformar frente à realidade da hospitalização e da doença. (CAMON,
1995, p. 3). Esse novo lugar fará o sujeito perder sua autonomia. Ele não poderá mais fazer
suas próprias escolhas, pois estas dependerão de seu estado de saúde. Seus hábitos também
deverão ficar suspensos pois devido a sua hospitalização terá que manter uma rotina
estabelecida conforme a doença existente.
A situação de hospitalização passa a ser determinante de muitas situações que irão ser
consideradas invasivas e abusivas na medida em que não se respeita os limites e imposições
dessa pessoa hospitalizada. E, embora esteja vivendo um total processo de despersonalização,
ainda assim determinadas práticas são consideradas ainda mais agressivas pela maneira como
são conduzidas dentro do âmbito hospitalar. (CAMON, 1995, p. 3. O psicólogo no âmbito
hospitalar, ao trabalhar a questão da despersonalização do paciente, estará auxiliando em um
processo de humanização. Neste caso, a humanização seria um relacionamento adequado
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Camon (1995) nos fala que: “Ao trabalhar no sentido de estancar os processos de
despersonalização no âmbito hospitalar, o psicólogo estará ajudando na humanização do
hospital, pois seguramente esse processo é um dos maiores aniquiladores da dignidade
existencial da pessoa hospitalizada”. O psicólogo ao dar um lugar de fala para o paciente,
proporciona condições para ele assumir sua condição de sujeito. Poderá também auxiliar, dando
informações para a família, desfazendo as fantasias que são construídas a partir da falta de
informação.
O objetivo da enfermagem
O objetivo da enfermagem é suprir a ajuda que o paciente requer para satisfazer suas
necessidades. Tendo alcançado o seu objetivo, o enfermeiro contribui simultaneamente para a
saúde física e mental do paciente.
Como destacam alguns autores, "cuidar é a razão de ser da enfermagem e
consequentemente ética da enfermagem, mas a ética do respeito transcende os limites da
enfermagem, para ter aplicações a todos os níveis da sociedade". Seja qual for a área de
trabalho, temos constatado que pedidos formulados pelos doentes situam-se na esfera
relacional.
Faz parte da profissão de enfermagem competência em desenvolver o relacionamento
interpessoal como uma prática diária, embutida em todo cuidado, clínica ou especialidade.
Atender o paciente de maneira mais humana deveria ser prioridade para todos os profissionais
de saúde.
Trabalho em equipe
Como em qualquer empresa, que reúna pessoas de várias disciplinas, haverá queixas de
várias partes. No entanto, as maiores queixas dos profissionais de enfermagem estão
relacionadas à própria equipe de enfermagem, e à equipe médica.
Queixas em relação à equipe de enfermagem:
▪ Ausência de trabalho em equipe – resulta em um trabalho fragmentado, onde cada
profissional faz a sua parte, não se importando com o todo;
▪ Falta de ética profissional – competição entre pares, egoísmo e individualismo. Tudo
isso deve ser substituído pela verdadeira ética profissional, que não deve ser interpretada
como conivência e ou corporativismo;
▪ Maledicência – criticar o chefe ou os colegas na presença de outros funcionários ou
pacientes. Inconveniência e desrespeito desequilibram as relações. É necessário cultivar
as virtudes, tais como, respeito, cooperação e convivência saudável, para obtermos
dignidade.
Talvez isso ocorra porque o enfermeiro realmente não mostra o seu conhecimento e a
importância do que faz.
Acredito que uma forma de melhorar o conflito enfermeiro x médico seja investir na obtenção
de comunicação clara e eficaz, e compreensão de cada um acerca do seu papel no atendimento
ao paciente, além da importância da boa relação para a qualidade da assistência.
A insatisfação no trabalho também interfere nas relações e pode ser decorrente de vários
fatores, entre eles a estrutura física inadequada, recursos materiais insuficientes, falta de
autonomia, sobrecarga de trabalho, baixa remuneração, falta de reconhecimento profissional e
recursos humanos mal dimensionados.
O dimensionamento de pessoal inadequado prejudica o bom andamento do serviço. No
contexto citado, ele provoca insatisfação que, consequentemente, prejudica as relações
interpessoais.
Além desses fatores, relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem está
intimamente ligado ao tipo de liderança do seu supervisor ou gestor.
Acredito que a liderança democrática seja a mais apropriada, pois busca atingir seus objetivos
por meio de atitudes que se aproximam do modelo participativo, valorizando as relações
interpessoais e o desenvolvimento profissional.
Entretanto, nem todas as lideranças são democráticas e, às vezes, os enfermeiros têm que lidar
com chefes autoritários, centralizadores, coercitivos, tornando a relação um sofrimento
psíquico.
Portanto, adote atitudes que neutralizem essa situação, como:
▪ Tenha boa comunicação – aperfeiçoe sua comunicação para que o seu superior note que
você é bom naquilo que faz;
▪ Tenha autoconfiança – não deixe que o supervisor duvide das suas capacidades e
habilidades. Dê o seu melhor, trabalhe da melhor maneira possível. Assim, será capaz de
vencer os obstáculos do dia-a-dia;
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▪ Seja um bom ouvinte – demonstre ao seu superior que está ouvindo atentamente o que
lhe foi solicitado, pois isso revela preocupação em desempenhar bem as suas funções,
revelando responsabilidade;
▪ Construa relações – tenha boas relações com os colegas de trabalho, com os pacientes e
familiares. Isso contribuirá para uma imagem positiva sobre você;
▪ Conheça bem seu superior – descubra as atitudes que ele não gosta e tente evitá-las;
▪ Antecipe-se – com o decorrer do tempo você conhecerá bem o seu superior, o que ele tem
hábito de pedir, ou como aprecia a execução de uma atividade. Isso lhe permitirá antecipar
as necessidades e surpreendê-lo com eficiência;
▪ Aceite novas formas de trabalho – se lhe for solicitado alguma atividade nova, não
rejeite. Aperfeiçoe seus conhecimentos para poder realizá-la. Isso vai fazer muita
diferença, pois mostra o quanto você está aberto a novas opções;
▪ Seja flexível – esteja aberto a mudanças e reconheça seus erros. A flexibilidade é vista
como competência e, atualmente, exigida nos ambientes de trabalho;
▪ Empenhe-se – demonstre sua opinião a respeito do que lhe é proposto. Não concorde com
tudo. Dedique-se ao que está fazendo e faça com esmero. Siga seus objetivos até concluí-
los.
O paciente é uma pessoa, um ser humano único que no momento requer nossa ajuda.
O enfermeiro é uma pessoa, um ser humano único, que adquiriu conhecimentos e habilidades
específicas para cuidar dos outros e dispõe-se a isso. Através da comunicação interpessoal,
ambos poderão atingir seus objetivos.
Sadala & Stefanelli (1996) citam que a comunicação é vista na enfermagem como instrumento
básico, como uma competência e uma habilidade que precisam ser desenvolvidas, praticadas
após terem passado por um aprendizado teórico do relacionamento. Observa-se as dificuldades
de ensino e aprendizagem nesta técnica no nível médio de enfermagem, cujo ensino é mais
elementar que o da graduação nesta profissão (Simpósio, 1990). Acreditamos também que
exista dificuldade em abordar este tema, o que entendemos que possa impedir a valorização
dessa temática. Há de se consider a comunicação como parte integrante do cuidar, portanto é
um instrumento de trabalho do enfermeiro e de sua equipe, que precisa ser pesquisado para que
seus resultados possam contribuir para os avanços esperados no campo da assistência à saúde.
A família é um ponto importante no CTI, por este motivo devemos perceber em que
momento a família necessita de cuidados e esclarecimentos, suprindo-lhes suas necessidades e
proporcionando-lhes à atenção necessária.
Os pesquisadores atuam e acreditam que é de extrema importância do enfoque familiar
e assistência intensiva por experiências vivenciadas por elas com o aspecto mecanicista, devido
à errônea utilização de monitores e máquinas, que deveriam ser utilizadas para complementar
a assistência, pertinente ao olhar clínico, e atenção junto do cliente. A enfermagem tem que
perceber que as máquinas isoladas não têm tanto valor quanto o toque e a escuta, que na maioria
das vezes, principalmente, para o familiar é de extrema ajuda para o indivíduo superar
separação momentânea ou não de seu ente querido.
Toda essa impessoalidade massacra os conceitos de humanização, que acarretará em
prejuízos para o paciente e seus familiares, que nesse momento foram exonerados de suas
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responsabilidades e de sua essência, que é individual, mas, porém é imprescindível a todo ser
humano.
A família deve ser preparada para a sua experiência no CTI. A condição, o estado de
alerta e o aspecto do paciente devem ser descritos em termos adequados para o seu nível de
compreensão. Qualquer equipamento deve ser explicado antes que a família veja o paciente; O
enfermeiro deve acompanhar a família junto ao leito para fornecer explicações. As intervenções
do enfermeiro devem estar direcionadas a prestar suporte ao familiar para enfrentar estes
momentos. O enfermeiro passa a ser um elo indispensável entre o paciente e a família.
Levando então em consideração o cuidado, e em contrapartida o, cuidado com o ser
humano, devemos fazer o possível para que essa assistência seja feita de forma humanizada.
A escuta do profissional de enfermagem vai além do cuidado do cliente, envolve também a
família que sofre pela doença de seu ente, é importante sim, para dar o ponto de partida, para
diagnóstico e tratamento do processo saúde - doença. Mas não é único, não é só isso. O
enfermeiro deve atuar, também, no sentido de reforçar os mecanismos de enfrentamento
desses familiares, com o objetivo de fornecer apoio emocional e mobilizar sentimentos
positivos. A enfermagem, sendo uma profissão que enfatiza o cuidado personalizado e
holístico, deve se preocupar em atender, não apenas as necessidades dos pacientes, mas
também de seus familiares.
O fato de ver seu familiar apenas nos horários de visitas e restrito, é um fator que gera certa
insegurança por não poder estar a todo o momento com seu ente querido. O fato da visita curta
e rápida gera sentimentos questionadores sobre o fato de o seu ente estar bem atendido e bem
cuidado, deixando então na maioria das vezes os familiares tensos, cheios de questionamentos
e em busca de informação. Existe a necessidade das famílias de se comunicar com a equipe de
Enfermagem durante os horários de visita, receber orientações e esclarecer dúvidas, assim
como, ter satisfeita sua necessidade de conforto, receber palavras carinhosas e atenção.
Ora, esses que exercem as funções paternas e maternas para um novo sujeito e que
sustentam e se sustentam frente a novos modos de subjetivação, somente o fazem a partir de
um discurso que se institui no social e em determinado movimento histórico, em seus saberes
e em suas ignorâncias, seus gozos e seus sofrimentos. É uma construção sempre a mercê do
previsível.
Para pensar nessa proposta de noção de sujeito na atualidade, Pinheiro e Herzog (2003)
afirmam o que vários estudiosos corroboram: estamos em tempos de ritmo alucinante, a partir
do qual se produzem verdades que se tornam mentiras, certezas que não se sustentam. Não se
tem tempo sequer para acreditar seja nos avanços tecnológicos, seja nos rumos que seguem a
humanidade em sua globalização, exploração, consumo, comunicação, alívio de sofrimento e
novas patologias. Na construção desse sujeito contemporâneo, constatamos uma pulverização
na pluralidade de modos de subjetivação.
A partir disto, podemos nos perguntar sobre os efeitos desses fatores presentes na não
rara construção de lugares vazios em que o sujeito se depara na sua construção contemporânea
e, em decorrência, seu aprisionamento na melancolia e na busca de um gozo tão rápido que não
há lugar nem para o prazer e muito menos para o desprazer. É verdade que temos aí a construção
de um narcisismo frágil, mas com potências, possibilidades e dificuldades para serem levadas
em conta nas reflexões sobre a noção de sujeito em nosso tempo. Porém, somos sabedores que
essa é apenas uma das possibilidades de se pensar nos modos de subjetivação na
contemporaneidade.
Ressaltamos aqui outro elemento para pensar essa noção de subjetividade ampliada, ou
seja, que entrelaça o sujeito ao discurso social, e que é pontualmente trabalhado por Foucault,
quando ele teoriza sobre as relações de poder. Para tanto recorremos a Peixoto Júnior (2004),
que, nesta perspectiva, aponta que podemos considerar que o poder não atua simplesmente
oprimindo ou dominando as subjetividades, mas operando na sua própria construção, o que nos
permite investigar de forma detalhada aquilo que se encontra na base de sua formação.
Salientamos que a função materna e as interdições paternas têm lugar primordial. Destacamos
fortemente a possibilidade de realizar um paralelo com o pensamento psicanalítico ao
tomarmos em análise o viés da proibição. Embora estejamos em domínios teóricos diferentes,
ousamos sugerir que as noções de subjetividade e sujeito se enlaçam.
Como diz Peixoto Junior (2004), a subjetividade procura o signo de sua existência fora
de si mesma, num discurso ao mesmo tempo dominante e indiferente. Como estas categorias
sociais são as que supostamente garantem a existência subjetiva, a submissão parece ser o preço
a pagar. À medida que uma verdadeira escolha é aparentemente impossível, tendemos a nos
subordinar como única possibilidade de existência, pois essa somente é possível através dos
cuidados do outro. Somos absurdamente vulneráveis diante do outro e, ao mesmo tempo,
mesmo que paradoxalmente, carregamos a sua potência para o desenlace, mesmo que ilusório,
deste enredamento.
Todo processo de construção deste sujeito é realizado no coletivo e, por ser uma obra
de autoria coletiva, em maior ou em menor medida, a história pode lhe escapar. Assim,
26
inserido neste cenário de múltiplas singularidades que se entrecruzam, ele realiza a sua história
e a dos outros, na mesma medida em que é realizado por ela, sendo, por isso, produto e produtor,
simultaneamente. Ele não a realiza como bem entende, mas também não se constitui como um
objeto dela, podendo realizá-la de uma forma mais ou menos alienada, sempre em função de
um projeto.
Simultaneamente fuga e salto para frente, recusa e realização, o projeto retém e revela
a realidade superada, recusada pelo movimento mesmo que a supera (Sartre, 1984, p. 152).
por intensas vivências afetivas de medo, pena, culpa e impotência, assim como frequências
elevadas de estresse, distúrbios do humor e ansiedade. Na busca de favorecer o melhor
enfrentamento e respostas a essas experiências, o apoio de outros membros da família, amigos,
vizinhos, representantes religiosos que tendem a ajudar o paciente a enfrentar o dia a dia
angustiante é importante. Ao atravessar esses momentos de crise juntos, o paciente, a família
e os grupos de apoio tendem a se aproximar e fortalecer os vínculos já existentes. Isso pode
operar para tornar a crise um momento de recuperação e até mesmo de crescimento pessoal
(SANTOS et al., 2013; LUSTOSA, 2007).
A necessidade atendimento psicológico torna-se mais evidente quando o processo de
adoecimento mobiliza vivência, frustrações, arrependimentos, preocupações e culpabilidade
nos familiares e cuidadores da doença. Nessas circunstâncias, a atuação do psicólogo no
contexto hospitalar também se refere à mediação na comunicação da tríade paciente-família-
equipe. Quando o psicólogo pode exercer de forma plena as suas funções, a escuta, assim como
a fala do psicólogo e outros profissionais de saúde, tende a mobilizar no paciente e em seus
familiares o sentimento de acolhimento e conforto diante da situação vivenciada (VOLLES;
BUSSOLETTO; RODACOSKI, 2012).
Oferecer apoio psicológico ao familiar faz parte do tratamento e é elemento
fundamental para conseguir lidar com essas necessidades. Sendo assim, Ismael (apud Moreira
et al., 2012) enfatiza a importância de o psicólogo trabalhar com a possibilidade do familiar
acompanhante permanecer próximo ao paciente estando ciente dos fatos que acontecem quanto
aos procedimentos que envolvem a internação, além de o familiar ser coadjuvante na interação
com os outros familiares.
Nesse sentido, Soares (2007, p. 482) ressalta que o familiar acompanhante necessita
[…] estar próximo ao paciente; sentir-se útil para o paciente;
ter ciência das modificações do quadro clínico; compreender o que está
sendo feito no cuidado e porque; ter garantias do controle do sofrimento
e da dor; estar seguro de que a decisão quanto a limitação do tratamento
curativo foi apropriada; poder expressar os seus sentimentos e
angústias; ser confortado e consolado […].
facilitando a comunicação entre eles , para que contribuam para o tratamento do membro
necessitado.
Como o Psicólogo Hospitalar funciona aqui como ponto de referência entre Saúde e
Doença, sua presença se faz de importante valia para o apoio psicológico necessário aos
parentes do enfermo internado.
integral das crianças. Visa também à promoção das competências da família para cuidar,
proteger e educar suas crianças, impactando na autoestima e saúde emocional intrafamiliar.
A ciência tem comprovado a importância dos vínculos saudáveis no ambiente familiar
como elemento crucial para a saúde psicoemocional da criança e, por extensão, das relações
desta com o mundo. A qualidade das relações iniciais tem um impacto vital de longo prazo no
modo como as pessoas desenvolvem suas habilidades para aprender e regular emoções.
Vínculos afetivos adequados têm um valor adaptativo para o bebê, garantindo que suas
necessidades socioemocionais e físicas sejam satisfeitas, ao mesmo tempo que permanecem
em parâmetros de dinâmica de funcionamento saudável.
Famílias afetivas, cuidadosas e coerentes constituem referência segura para o
desenvolvimento integral de suas crianças. Sabe-se que um forte e seguro apego têm a função
biológica protetiva de “imunizar” o bebê em algum nível de proteção contra as adversidades
causadas por futuros estresses ou traumas. A ausência desta proteção faz surgir na criança
vulnerabilidades que lhe dificultarão o desenvolvimento socioemocional e até mesmo físico. O
impacto da indisponibilidade dos adultos para cuidar e proteger o bebê, afeta toda a estrutura
psíquica e cerebral, suas emoções e sentimentos para o resto da vida.
Embora os resultados dos estudos sejam por vezes contraditórios e ainda insuficientes
do ponto de vista epidemiológico, há sugestões documentadas de que fatores psicológicos
podem acarretar complicações durante a gestação, o parto e o puerpério, bem como para o
concepto. Particularmente, esses fatores podem ser o estresse vivencial e ansiedade, atuando
principalmente durante a gravidez.
Zucchi, em revisão sobre a depressão na gestação nos últimos 10 anos, encontrou dois
grandes grupos de estudos. Aqueles que pesquisaram os fatores de risco para depressão na
gravidez, como as dificuldades econômicas e a falta de parceiro ou de suporte familiar e social;
e os que buscaram associar a depressão como fator de risco para certos desfechos obstétricos,
como prematuridade, o baixo peso ao nascer, a irritabilidade do bebê, ou mesmo a mortalidade
neonatal.
É sabido que prejuízos na saúde mental da gestante podem também alterar a relação
mãe-feto e futuramente o desenvolvimento da criança, que inicialmente pode se expressar no
recém-nascido em forma de choro, irritabilidade ou apatia e futuramente provocar distúrbios
afetivos na idade adulta.
Os profissionais que atuam com gestantes devem vê-las com uma "concepção de pessoa
humana", procurar estabelecer mecanismos de interação que desvelem as verdadeiras
necessidades e seus significados. Não devem assumir uma posição superior, vendo as gestantes
como pessoas indefesas, fracas e submissas. Se o serviço e os profissionais assumirem essa
posição de igualdade, respeito e confiança em relação às suas experiências e aprendizagens
adquiridas, a relação será de desenvolvimento emocional e de crescimento mútuo. Portanto, o
aspecto fundamental da assistência pré-natal eficiente, deve incluir o cuidar da mulher grávida
considerando as suas necessidades biopsicossociais e culturais.
Logo, qualquer das situações referidas acarreta prejuízo sob a ótica funcional, assim
como para a qualidade de vida. Vale salientar que parte considerável desses transtornos
apresenta significativa melhora através de tratamento medicamentoso, somente, ou em
35
conjunto com outras formas de terapia. A depressão é uma das doenças que atingem
frequentemente os idosos, potencializando a probabilidade do desenvolvimento de
incapacidade funcional. É uma patologia que demanda atenção, particularmente quando se dá
pela primeira vez na terceira idade. Além de que, há casos em que os estados depressivos não
são percebidos e, consequentemente, não tratados. E isso, compromete a saúde do idoso em
intensidade relevante, a ponto de acarretar aumento da mortalidade por essa causa nessa faixa
etária.
Como é que podemos saber como vamos nós, enquanto “instrumentos de trabalho”?
Estando atentos para nós mesmos e para o retorno que outras pessoas nos dão. Estando atentos
para a maneira como nos sentimos com cada pessoa, não achando sempre, por exemplo, que se
nos sentimos irritados com tal paciente é porque ele é que é difícil ou chato, mas tentar perceber
o que se passa conosco. Nesse sentido, as reuniões com a equipe podem ser um bom momento
de auto-avaliação, se for criado o “clima” adequado para isso (com o objetivo voltado para a
integração da equipe e para a qualidade do atendimento, e não para a competitividade e
comparações improdutivas).
Esse ir-e-vir emocional causa aos enfermeiros desgastes emocionais e estresse que
precisam ser gerenciados. Por isso, é importante considerar a dimensão emocional do cuidado,
sem se esquecer de cuidar das próprias emoções.
Apesar do manejo de emoções não ser uma atitude bem-vista socialmente, o trabalho
emocional precisa ser considerado uma realidade necessária ao bom andamento dos serviços
de enfermagem. Pois o lidar diário com pacientes, acompanhantes e colegas de trabalho aflora
emoções diversas no profissional, que muitas vezes são contraditórias e prejudicam o clima
organizacional.
Talvez algumas “DICAS” possam fazer com que você reflita e consiga algumas
mudanças que podem reduzir o nível de estresse a que você se expõe. Embora sejam para seu
uso pessoal, podem colaborar para o seu desempenho profissional:
Procure ser cooperativo - Perceber que trabalhamos (e vivemos!) junto de outras pessoas e
que elas são tão importantes quanto nós, ajuda a estabelecer um clima de cooperação.
Ouça as razões do outro e expresse as suas - Evitar acumular mágoas e mal entendidos
diminui em muito a carga de tensão que temos que carregar.
Não “empaque” diante dos problemas - Ao invés de ficar se queixando da vida (ainda que
seja só em pensamento), tome uma atitude, mude algo que esteja ao seu alcance. Pode não
resolver todo o problema, mas uma mudança sempre nos dá uma nova visão do problema.
Reconheça e aceite os seus limites - Você não pode resolver tudo, sempre. Diante de algo que
está fora do seu alcance, aprenda a aguardar. Diante de uma tarefa muito grande, aprenda a
dividir e a pedir ajuda.
Fale de você, compartilhe seu estresse - Falar sobre o problema nos ajuda a pensar melhor
sobre ele, alivia e acalma. Procure alguém de sua confiança ou um profissional, se você achar
que seu problema é muito grave.
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Cuide de você mesmo - Reserve um tempo para fazer o que você gosta. Pode ser que nem
sempre você consiga fazer tudo o que gosta, mas sempre poderá descobrir alguma coisa. Faça
exercícios físicos (caminhar é grátis e é ótimo), melhore sua alimentação, evite álcool, cigarros,
meios inadequados de baixar a ansiedade. Medicações psicoativas? Só depois de uma boa
avaliação médica.
Comemore cada vitória - Não fique esperando o ideal de sua vida para ser feliz. Procure
perceber as pequenas vitórias e alegrar-se com elas. Com isso você se dá pequenas “folgas” no
estresse diário.
É comum que a grande maioria dos enfermeiros reconheça como ações dentro de um
tratamento de saúde mental apenas a administração de remédios e o encaminhamento do
paciente para serviços especializados. No entanto, o atendimento da enfermagem deve ir muito
além, acolhendo e escutando o paciente com atenção e cuidado.
O enfermeiro que está tendo o primeiro contato com um paciente que sofre de
transtornos mentais deve aprender a direcionar a sua atenção em primeiro lugar no paciente e
nas suas necessidades. Como esse primeiro contato pode ser estressante, uma assistência
humanizada e diferenciada será de grande valia para o sucesso do tratamento.
Para o enfermeiro que nunca teve nenhum contato com a área de saúde mental, a falta
de procedimentos invasivos parece incoerente. No entanto, a comunicação é um poderoso
instrumento transformador nas relações entre profissionais e pacientes.
Todos esses pontos, juntamente com uma relação terapêutica, trazem muitos benefícios
ao tratamento, como a redução da ansiedade e do estresse, o aumento do bem- estar, a melhora
da memória, da qualidade de vida e das funções psíquicas e a reintegração social do paciente.
Nestes casos, as ações de enfermagem devem começar com uma entrevista, com o
profissional ouvindo atentamente a queixa do paciente, mas também a sua história de vida, o
seu processo de adoecimento e os seus problemas emocionais. É preciso conversar com o
paciente e com a família para orientá-los sobre as ações mais eficazes para o tratamento
terapêutico.
Diante de uma situação como essa, é possível que apareça a dúvida de como atuar em
uma área que pode causar estresse e desgaste emocional, dificultando o desempenho no
trabalho e até a vida pessoal do enfermeiro.
O cuidado precisa ir além da assistência ao doente ou à doença, mas ter em foco a saúde
sob uma perspectiva holística. Por isso, torna-se impensável prestar-lhe cuidado humano e
integral sem considerar os aspectos subjetivos de sua humanidade. Durante o processo de
adoecimento, quando surgem fragilidades, medos, ansiedades e desconfortos, a atenção à
dimensão emocional do ser humano se faz mais necessária.
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Não há um modelo fixo para compor uma equipe multidisciplinar, pois cada caso irá
exigir a atuação de profissionais específicos de acordo com as necessidades do paciente. Em
uma mesma equipe podem atuar nutricionistas, fonoaudiólogos, dentistas, psicólogos ou até
mesmo assistentes sociais, além dos médicos especialistas.
Um paciente que teve um derrame, por exemplo, e precisa recuperar a fala pode ser
atendido por uma equipe composta por um enfermeiro, dentista, terapeuta ocupacional, médico
e um fonoaudiólogo. Nesse caso, os profissionais vão atuar juntos para que o paciente volte a
falar de um modo menos traumático e no menor tempo possível.
Esse é o caso de pacientes com transtornos respiratórios graves ou desnutridos que necessitam
de aporte fisioterapêutico e nutricional específico para melhorar o prognóstico de sua condição
clínica.
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