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Aula 2

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PSICOLOGIA HOSPITALAR

SERVIÇO DE PSICOLOGIA AMBULATORIAL


EM HOSPITAL GERAL

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Olá!
Objetivo desta Aula

Ao final desta aula, o aluno será capaz de:

1- Entender o papel do psicólogo diante do serviço ambulatorial;

2- Ressaltar a importância da equipe multidisciplinar no atendimento ambulatorial;

3- Diferenciar a Psicologia da Saúde da Psicologia Hospitalar.

Introdução

A Psicologia Hospitalar ainda é muito confundida como a Psicologia da Saúde. Ainda que a primeira seja uma

ramificação da área da saúde, ela tem olhares e enfoques diferentes. Sua perspectiva é abordar o paciente já com

uma queixa pronta, pois estar no espaço do Hospital já tem um significado neste corpo e nesta mente para estar

ali inserido.

A Psicologia da Saúde é muito ampla: ela visa trazer ao paciente uma atenção primária, secundária e terciária.

Por meio da clínica, é possível prever os problemas que poderão acontecer no futuro e criar medidas para que

eles não existam ou não cresçam. É possível interromper seu sofrimento antes de chegar ao estado de

descontrole.

Já no ambiente hospitalar, esta queixa vem pronta, já instalada, e as únicas medidas cabíveis são a secundária e a

terciária. Pode-se pensar em acabar com o problema existente ou, se este já estiver num grau muito alto de

proliferação, pode-se pensar em medidas que visem combatê-lo.

Já o psicólogo hospitalar, além de atender aos pacientes, dá suporte aos familiares, à equipe de saúde e ao corpo

de funcionários do hospital. É esse assunto que veremos nesta aula. Bons estudos!

1 Psicologia da Saúde X Psicologia Hospitalar


Castro e Bornholdt (2004) retratam que a Psicologia Hospitalar é uma nomenclatura apenas utilizada no Brasil.

Nas suas experiências com o Doutorado no exterior, em nenhum dos outros países visitados percebeu-se o

psicólogo nos hospitais fazendo uso desta denominação.

Apesar de, em muitos hospitais, os nomes Psicologia Hospitalar e Psicologia da Saúde serem interpretados como

únicos, isto não é verdade, como veremos nesta aula.

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1.1 Psicologia da Saúde

Existe um sentido mais amplo de abordar o ser humano, nas suas mais diferentes necessidades relacionadas ao

corpo e à mente. Para que haja esta atenção, utilizam-se as seguintes intervenções:

Primária

Aplica uma série de medidas e instrumentos que evitam a incidência da doença. Os objetivos são a promoção da

saúde e a atenção específica ao problema.

Exemplo: Vacinas contra a febre amarela no Brasil.

Secundária

Cria uma série de medidas, no estágio inicial, que evitam a proliferação da doença.

Exemplo: Em épocas chuvosas, os agentes da saúde visitam as casas para saber onde se encontram os focos do

mosquito da dengue.

Terciária

A doença já está instalada, mas cria-se uma série de medidas para o tratamento e a recuperação daqueles que a

adquiriram.

Exemplo: Vírus HIV. As prefeituras distribuem os medicamentos, sem nenhum custo, para que os infectados

tenham uma vida mais prolongada e com qualidade.

Objetivo da Psicologia da Saúde

Portanto, pode-se dizer que a Psicologia da Saúde “tem como objetivo compreender como os fatores biológicos,

comportamentais e sociais influenciam na saúde e na doença” (APA, 2003, apud Castro e Bornholdt, 2004, p. 49).

Outra definição mais clara e ampla para entender a Psicologia da Saúde foi exposta pelo Colégio Oficial de

Psicólogos da Espanha (2003, apud Castro e Bornholdt, 2004, p. 49):

“Disciplina ou campo de especialização da Psicologia que aplica seus princípios, técnicas e conhecimentos

científicos para avaliar, diagnosticar, tratar, modificar e prevenir os problemas físicos, mentais ou qualquer

outro relevante para os processos de saúde e doença”.

A Psicologia da Saúde é uma área muito ampla, que busca promover saúde e bem-estar a todos aqueles que têm

algum problema que atormenta a mente e o corpo. Para isto, utiliza-se das ciências biomédicas, da Psicologia

Clínica e da Psicologia Social Comunitária.

Áreas da Psicologia da Saúde

Conclui-se o entendimento da Psicologia da Saúde em três áreas, que são:

1ª - Clínica: saber receber um paciente, avaliar os sintomas, comparar os sintomas com o histórico de vida e

propor a intervenção mais adequada;

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2ª - Pesquisa: saber produzir conhecimento e investigar mais sobre os assuntos da saúde;

3ª - Programação: saber avaliar o caso e prever de que maneira ele poderá evoluir, de forma que medidas

preventivas sejam aplicadas.

1.2 Psicologia Hospitalar

Para começarmos a entender a definição de Psicologia Hospitalar, primeiro é muito importante que tomemos

como base a definição do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003), para percebermos o quanto é ampla esta

atuação:

O psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar tem sua função centrada nos âmbitos secundário e terciário de

atenção à saúde, atuando em instituições de saúde e realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico;

grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia

intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação

diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria. (Castro e Bornholdt, 2004, p.50).

A literatura internacional é escassa nos materiais que retratem a realidade da Psicologia Hospitalar, pois, como

já foi dito, na maioria dos outros países esta é entendida como Psicologia da Saúde.

Os autores criticam que a Psicologia, quando tratada apenas no hospital e separando-a da saúde, fica muito

restrita em seus conceitos e parece separá-la das outras necessidades.

O indivíduo, quando chega a um hospital, encontra-se com a doença instalada, e não tem mais como prevenir.

Portanto, entende-se que a Psicologia Hospitalar utiliza-se da intervenção secundária e terciária, diferentemente

da Psicologia da Saúde, que acrescenta a este a primária.

Estar internado envolve uma demanda de rotina, de hotelaria, de relação direta como toda a equipe daquele

espaço. Então, não se pode pensar em um trabalho individualizado. Os outros componentes da equipe de saúde,

juntamente com o psicólogo, devem construir um diálogo único, visando à alta e à recuperação do paciente, num

trabalho multidisciplinar.

Pode-se dizer, portanto, que o objetivo do Psicólogo Hospitalar é: melhorar a assistência integral do paciente que

se encontra hospitalizado, com o controle dos sintomas que causam o mal-estar.

De acordo com Rodriguez-Marín (2003 apud Castro e Bornholdt, 2004, p.51), são essas as seis tarefas

básicas do psicólogo hospitalar:

Coordenação - Relativa às atividades com os funcionários do hospital;

Ajuda à adaptação - O psicólogo intervém na qualidade do processo de adaptação e recuperação do paciente

internado;

Interconsulta - Atua como consultor, ajudando outros profissionais a lidarem com o paciente;

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Enlace - Intervenção, através do delineamento e execução de programas junto com outros profissionais, para

modificar ou instalar comportamentos adequados dos pacientes;

Função assistencial direta - Atua diretamente com o paciente;

Gestão de recursos humanos - Para aprimorar os serviços dos profissionais da organização.

Reflexão:

Percebe-se que, embora se afirme que a Psicologia Hospitalar é a área mais restrita da Psicologia da Saúde, ainda

assim, seu campo de atuação e responsabilidades são muito amplos.

O ambulatório e a equipe multidisciplinar

O ambulatório é o espaço dentro do hospital que atende as mais diferentes queixas ali instaladas, tais como crise

renal, problemas de pele, enxaquecas, dor no estômago, entre outras.

Por muito tempo, os hospitais públicos e particulares não contratavam médicos das mais diferentes

especialidades para atenderem no ambulatório. Apenas um médico, geralmente clínico geral, desempenhava o

papel de todos os outros médicos.

Com o passar do tempo, as queixas dos ambulatórios foram aumentando. Consequentemente, a demanda

também, e para atender a essas solicitações foi preciso especificar mais o atendimento.

Com este propósito é que hospitais começaram a oferecer concursos e vagas para as especialidades médicas. Se

isto tem funcionado ou não em alguns espaços, isto cai em outro tipo de reflexão. A nossa, aqui, é saber o objetivo

dessas contratações mais específicas e o trabalho da equipe multidisciplinar.

Contratar médicos especialistas ainda não foi suficiente para atender as demandas das queixas desses pacientes.

Muitos chegavam com dores aparentes, mas sem um diagnóstico preciso pela Medicina. Outros apresentavam

problemas psiquiátricos, ou queixas psíquicas, entre outros problemas. Viu-se então a necessidade de implantar

o psicólogo nos plantões dos laboratórios.

Eles seriam responsáveis por fazer as avaliações psicológicas e encaminhar esses pacientes aos serviços

adequados, tais como: psicodiagnóstico, clínica psiquiátrica, psicoterapia, ente outros.

Atenção!

Sobre a avaliação psicológica no hospital, falaremos mais na aula 3.

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2 Interdisciplinaridade
De acordo com o que foi relatado até agora sobre o atendimento em Ambulatório no hospital geral e por meio do

entendimento das conceituações sobre trans, inter e multidisciplinar, percebe-se que a proposta da inserção do

psicólogo nos ambulatórios teve o enfoque neste último tipo de trabalho. Notou-se a necessidade de haver mais

profissionais atendendo um mesmo caso, e não necessariamente o compartilhamento das ideias entre eles.

A interdisciplinaridade também é muito comum entre os hospitais, pois um paciente que foi acidentado e

atendido por um ortopedista e que precisa de fisioterapia no leito precisa de um trabalho que esteja em comum

acordo entre as profissões.

Existem também aqueles casos em que os livros apontam várias condutas diante um caso de saúde. Para que o

profissional tenha certeza sobre o melhor trabalho a ser realizado, é preciso debater com seus colegas.

Atenção:

Segundo Bucher (2003; LoBianco, Bastos, Nunes & Silva, 1994 apud Tonetto e Gomes, 2007, pp. 89-90), a

interação na saúde:

É interdisciplinar quando alguns especialistas discutem entre si a situação de um paciente sobre aspectos

comuns a mais de uma especialidade. É multidisciplinar quando existem vários profissionais atendendo o

mesmo paciente de maneira independente. É transdisciplinar quando as ações são definidas e planejadas em

conjunto.

Exemplo:

Por exemplo, em um caso de autismo, num primeiro momento, é necessário o uso da Psicoterapia ou apenas da

Terapia Ocupacional? Isto deve ser resolvido entre os profissionais que entendem do caso.

Apesar de se saber sobre a importância da equipe multidisciplinar no tratamento dos pacientes em Hospital e

Ambulatório, muitos preconceitos ainda são debatidos. Vários profissionais da saúde veem o psicólogo sem

muita contribuição e sem muito valor, sendo ainda depositado todo e qualquer tipo de confiança ao tratamento

nas mãos dos médicos.

Barreiras a serem vencidas

Ainda são muitas as barreiras a serem vencidas pelo psicólogo hospitalar. Podemos citar algumas:

· Sua diferenciação da Psicologia da Saúde;

· Seu papel no espaço hospitalar como de grande importância;

· Sua inserção na equipe multidisciplinar.

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O mais importante é debater o assunto e oferecer ao mundo científico trabalhos que possam comprovar as

diferenças na melhora do paciente quando este é atendido também pelo psicólogo.

Saiba mais
Saiba mais
Leia o livro: ROMANO, Bellkiss Wilma. Princípios para a prática da Psicologia Clínica em
hospitais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. No capítulo V, você poderá aprender mais sobre
a equipe multiprofissional. Disponível aqui.
Acesso em 9 nov. 2012

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:

· A importância da avaliação psicológica no hospital;

· As diferentes técnicas utilizadas para a avaliação psicológica no hospital;

· Ética no preenchimento do prontuário.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu os diferentes significados de Psicologia da Saúde e Psicologia Hospitalar;
• Aprendeu sobre o atendimento do Psicólogo em ambulatórios de hospitais gerais;
• Analisou a importância do trabalho multidisciplinar no hospital.

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