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0800117-96 2024 8 12 0004

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Este documento é copia do original assinado digitalmente por RENATO GASS e tjms.jus.br. Protocolado em 29/01/2024 às 12:40, sob o número 08001179620248120004, e liberado nos autos
AO JUÍZO DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE AMAMBAI-MS

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Processo nº

Gabrielly Mariano Lhopis Rodrigues, brasileira, solteira, estudante, Identidade


nº 2.348.054 SEJUSP/MS, CPF n.º 028.139.261-75, residente e domiciliada à
Rua José Pereira Machado, nº 1303, vila Cristina, Amambai/MS, CEP 79.990-
000, por intermédio de procuradores, vem à presença de Vossa Excelência
propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E DANOS MATERIAIS COM


RESTITUIÇÃO EM DOBRO, em face de

123 MILHAS VIAGENS E TURISMO LTDA., inscrita no CNPJ de


n.04.279.556/0001-10, sito na Rua dos Aimorés, 1017, Boa Viagem, CEP 30140-
071, Belo Horizonte/MG, pelas razões de fato e de direito que seguem:
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1 - DOS FATOS:

Este documento é copia do original assinado digitalmente por RENATO GASS e tjms.jus.br. Protocolado em 29/01/2024 às 12:40, sob o número 08001179620248120004, e liberado nos autos
A Requerente em julho/2023 efetuou a compra de um pacote de viajem
ida e volta, “data não flexível”, cujo o destino era a cidade de Aracaju no Estado
do Sergipe, acontece que a viajem foi programada com seus amigos, os quais
também adquiriram passagens junto à empresa Requerida.

Pelo pacote contratado, a parte Requerente pagou em 10.7.2023, via PIX,


o valor de R$ 1.818,93 (um mil, oitocentos e dezoito reais e noventa e três
centavos), no qual incluía apenas os serviços de passagens.

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A viajem estava prevista para o dia 28.12.2023 com retorno em 5.1.2024,
por tanto, a Requerente fez as reservas do hotel para os respectivos dias,

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podendo ter alterações de um a dois dias nas datas.

Ocorre que, faltando pouco mais de um mês para a viagem, a Requerida


unilateralmente cancelou o pedido da Requerente, deixando-a totalmente
desamparada quanto à viagem planejada com antecedência com os amigos.
Importante ressaltar que somente o pedido da Requerente foi cancelado,
enquanto os pedidos dos amigos desta foram mantidos pela Requerida.

Como estava muito em cima da data da viajem, a Autora precisou refazer


a compra das novas passagens, uma vez que os hotéis já estavam reservados
há meses. Para sua surpresa, os valores que antes eram de R$ 1.818,93 (um
mil, oitocentos e dezoito reais e noventa e três centavos), passou a ser de R$
3.311,68 (três mil, trezentos e onze reais e sessenta e oito centavos), pelo novo
pacote adquirido.

Assim, a Requerente teve que fazer uso de suas economias a fim de


poder pagar as passagens e realizar a tão sonhada viajem com os amigos. A
Requerida, não efetuou o ressarcimento das passagens.
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Posto isto, diante de tal descaso por parte da empresa Ré, uma vez que

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sequer recebeu até a presente data, nenhum valor pago e, muito menos alguma
resposta, a Autora busca junto ao poder judiciário que a presente ação a
reembolse atualizado dos valores pagos, bem como a indenização por danos
morais sofridos pela parte.

2 - DO DIREITO

2.1. DA CARACTERIZAÇÃO DA RELAÇÃO DE CONSUMO -

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LEGITIMIDADE PASSIVA:

A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, trouxe o conceito de


consumidor nos seguintes termos:

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Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.

Ainda, aduz o artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor que:

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública a privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços.
(..)
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira,
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

Assim, uma vez reconhecido a Autora como consumidora e a empresa


Ré como fornecedora (requisitos subjetivos), a prestação de serviços de pacote
de viagens (requisitos objetivos), bem com a hipossuficiência da parte Autora
tem-se configurada uma relação de consumo entre as partes.
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Desta forma, “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência

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de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por efeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”
(Art. 14, CDC).

Neste caso específico, a responsabilidade civil da Ré é considerada


objetiva com base nos fatos narrados em inicial. Isso ocorre porque os serviços
de viagem pelos quais a Autora pagou não foram devidamente prestados.
Consequentemente, a Ré é responsável pelos danos resultantes, mesmo na
ausência de culpa direta, uma vez que deve assumir os riscos associados à sua

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atividade empresarial.

O CDC de fato incorporou a noção da Teoria do Risco-Proveito, que


implica que aquele que obtém vantagens ou benefícios, diretos ou indiretos, à

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custa da exposição de outras pessoas a riscos, se torna responsável pelos
desdobramentos desses riscos.

Isso significa que, quando alguém coloca outras pessoas em situações


de risco em busca de algum ganho, direto ou indireto, essa pessoa deve assumir
as consequências, incluindo a possibilidade de ser responsabilizada sem a
necessidade de provar culpa. Isso leva à responsabilidade objetiva e
compartilhada dos indivíduos ou entidades envolvidas na prestação ou
fornecimento de produtos ou serviços.

2.2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

Diante da hipossuficiência dos consumidores, o legislador antecipou, no


art. 6º, inciso VIII, a facilitação ao acesso da justiça, garantindo, dentre outros
direitos, a inversão do ônus da prova

Assim é aplicável na espécie a disposição do Código de Defesa do


Consumidor relativa à inversão do ônus da prova pela qual, requer desde já, seja
deferida de plano por Vossa Excelência.
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2.3. DA INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL COM RESTITUIÇÃO

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EM DOBRO:

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e provas do processo, fica


claramente estabelecida a relação causal entre o dano sofrido e as ações da Ré.
Isso é evidenciado pelo fato de que a Autora comprou um pacote de viagens e
não pôde desfrutá-lo, o que justifica o dever de indenização de acordo com as
disposições do Código Civil:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

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imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim

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econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.

Além disso, é importante destacar que o artigo 39 do Código de Defesa


do Consumidor proíbe que o fornecedor demande vantagens excessivas do
consumidor, como claramente previsto na legislação:

“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:
(...)
V - Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva”.

Na relação de consumo, deve existir um respeito mútuo para evitar


prejudicar a integridade moral do consumidor ou submetê-lo ao ridículo.

Negar o direito reivindicado neste caso implica em conceder um


benefício injustificado à Ré, levando a um enriquecimento indevido às custas da
Autora. Portanto, a autora deve ser ressarcida de acordo com as disposições do
Código Civil.
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“Art. 884 Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem,

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será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos
valores”.

Motivos pelos quais requer a parte autora que seja restituída pelos
valores pagos de R$ 1.818,93 (um mil, oitocentos e dezoito reais e noventa e
três centavos) e, por fim, mais R$ 3.311,68 (três mil, trezentos e onze reais e
sessenta e oito centavos), devido à necessidade de adquirir novas passagens a
um custo superior, a Ré deve ser condenada a reembolsar em dobro o valor
efetivamente pago de R$ 1.818,93 para R$ 3.637,86 (valor em dobro) + R$

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3.311,68 (valor da nova passagem), devidamente atualizado pelo IGPM-FGV,
acrescido de juros de mora a 1% ao mês ambos desde o desembolso. Isso evita
o enriquecimento ilícito da Ré.

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2.3. DOS DANOS MORAIS:

O Código Civil brasileiro dispõe no art. 186, que “aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Além disso, o art. 927, do mesmo
diploma legal estabelece que “aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo”.

É evidente que a Ré agiu de má fé e infringiu o contrato ao cancelar as


passagens aéreas de forma unilateral, deixando a Autora completamente sem
alternativa para realiza-la. Isso causou tristeza, inquietação e perturbações
significativas em seu plano financeiros, profissional e pessoal.

Portanto, é incontestável a ocorrência do dano moral, dadas todas as


circunstâncias narradas. A Autora teve sua honra, dignidade e moral
profundamente afetadas, sendo submetido a uma situação vexatória e
humilhante devido à conduta ilícita da Ré.

Portanto, tendo em vista a falha na prestação dos serviços outrora


contratados, requer que seja a requerida condenada a pagar o correspondente
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), devido aos inconvenientes ocasionados.
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III. DO PEDIDO E DOS REQUERIMENTOS:

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1) A citação do réu para responder à presente Ação, sob pena de revelia
e confissão;

2) A concessão da gratuidade da justiça, com fulcro no art. 98, do CPC;

3) Determinar a inversão do ônus da prova, conforme determina o artigo


6°, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor;

4) A produção de provas pelos meios admitidos em direito, inclusive


prova testemunhal, perícias de todo gênero (se necessário), juntada ulterior de

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documentos, e tudo mais que se fizer necessário para a perfeita resolução da
lide, o que fica, desde logo requerido;

5) Reconhecer o dano material supra elencados, devendo a Ré restituir

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em dobro o valor com a devida atualização monetária de R$ 1.818,93, para R$
3.637,86 (valor em dobro sobre as passagens não reembolsadas) + R$ 3.311,68
(valor das novas passagens), totalizando um total de R$ 6.949,54 (seis mil,
novecentos e quarenta e nove reais e cinquenta e quatro centavos);

6) No mérito, julgar procedente a presente demanda e acolher os


pedidos condenando a Demandada ao pagamento no valor mínimo de R$
10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por danos morais, ou então, em
valor que esse Juízo fixar pelos seus próprios critérios analíticos e jurídicos,
levando em consideração os fatos explanados acima, tudo devidamente
corrigido e com juros de mora, ainda, condená-los no pagamento de custas,
despesas processuais e honorários advocatícios, este último conforme o art. 85,
§ 2º, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ 16.949,54 (dezesseis mil, novecentos e


quarenta e nove reais e cinquenta e quatro centavos).

Nestes termos, pede deferimento.


Amambai-MS, 29 de janeiro de 2.024.

Rafael Henrique Wegner Renato Gass


OAB/MS 28.506 OAB/MS 26.481

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