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UNIDADE 2

FONTES DE INFORMAÇÃO
– COMO ENCONTRÁ-LAS?

2.1 OBJETIVO GERAL


Apresentar instrumentos que ajudem na identificação e localização de fontes de informação.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Esperamos que, ao final desta Unidade, você seja capaz de:
a) identificar instrumentos para localização de fontes, tais como bibliografias, guias, manuais,
repertórios;
b) compreender que esses instrumentos podem ter variadas finalidades e formas;
c) entender o seu papel na elaboração de instrumentos (guias, bibliografias, bases de dados) que
ajudem na identificação e localização de fontes de informação.
2.3 INTRODUÇÃO

Figura 2 – Livros, porta, entrada

Fonte: Pixabay3

Se considerarmos a enorme quantidade de fontes de informação


hoje existentes e que são produzidas cada vez mais rapidamente, é ne-
cessário perguntar: como fazer para acompanhar esse crescimento e
se manter a par do que está sendo produzido, que seja de interesse da
biblioteca e dos usuários? Como conhecer materiais que foram produ-
zidos há muito tempo?
De fato, no âmbito da Biblioteconomia, sempre houve preocupação
de se produzir mecanismos que facilitassem esses processos. Tais meca-
nismos se concretizaram nas chamadas bibliografias, que começaram
a ser produzidas logo após a invenção da imprensa. A primeira foi a
obra de Joham Tritheim, Liber de Scriptoribus Ecclesiasticis, bibliografia
de teologia e filosofia, publicada em 1494, que deu ao autor o título de
“pai da bibliografia”.
Você deve conhecer o termo bibliografia associado à lista de docu-
mentos (livros, artigos e outros) que um estudante ou pesquisador utili-
zou e/ou citou para realizar um trabalho e que é colocada no final do tex-
to escrito. É bom esclarecer que o título correto dessa lista é referências,
conforme recomendado pela norma da ABNT – NBR 14.724/2011, já que
a palavra bibliografia tem significados bem mais amplos, como veremos
a seguir.

3
CARE, Nino. livros-porta-entrada-itália-cores-1655783. Disponível em: <https://pixabay.com/pt/
livros-porta-entrada-itália-cores-1655783/>. Acesso em: 25 de outubro de 2018.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 25


2.4 CARACTERÍSTICAS
Na área de Biblioteconomia/Documentação, a palavra bibliografia de-
signa:

[...] um ramo da bibliologia – ou ciência do livro – que


consiste na pesquisa de textos impressos ou multigra-
fados para indicá-los, descrevê-los e classificá-los com
a finalidade de estabelecer instrumentos (de busca) e
organizar serviços apropriados a facilitar o trabalho
intelectual. Quatro operações se destacam em uma
ordem lógica: pesquisa, indicação, descrição e clas-
sificação; elas dão origem ao repertório bibliográfico
ou bibliografia. (CUNHA, CAVALCANTI, 2008, p.46).

Esta definição é dada pelo Dicionário de biblioteconomia e arquivolo-


gia, de Murilo Bastos da Cunha e Cordélia Robalinho Cavalcanti (2008),
a partir do Manuel de bibliographie, de autoria de Louise-Noëlle Malclès,
uma grande estudiosa da bibliografia, cuja obra apoiou a formação de
muitos bibliotecários brasileiros.

Multimídia
Em um blog de alunos da Facultad de Biblioteconomia y Do-
cumentación da Universidad de Granada você pode conhecer um
pouco da vida dessa grande estudiosa da bibliografia. Para tanto,
consulte:
<http://http://www.ugr.es/~anamaria/mujeres-doc/biografia_loui-
se_noelle_malcles.htm>.4

Portanto, como um campo de estudo, a bibliografia auxilia no pro-


cesso de identificar variações em um texto impresso, possibilitando con-
firmar ou ratificar escritos originais ou versões definitivas. É a chamada
bibliografia textual, utilizada por historiadores, pesquisadores, bibliófi-
los e pessoas interessadas em obras raras para validar textos de autores
e livros antigos.
O termo também designa o objeto resultante do trabalho bibliográ-
fico. Isso nos leva ao segundo significado do termo: a bibliografia como
instrumento que possibilita a identificação de materiais, e em alguns ca-
sos, a sua localização. É nessa acepção que a bibliografia interessa a esta
disciplina, pois ela é uma fonte que permite identificar outras fontes,
funcionando como um mecanismo organizador, de muita utilidade no
universo informacional caótico em que hoje vivenciamos.

4
FACULTAD DE BIBLIOTECONOMIA Y DOCUMENTACIÓN. Mujeres documentalistas. Louise-
Nöelle Malclès (1899-1977). Disponível em: <http://www.ugr.es/~anamaria/mujeres-doc/
biografia_louise_noelle_malcles.htm>. Acesso em: 28 de junho de 2017.

26 Fontes de Informação I
A bibliografia como produto varia, tendo em vista sua funcionalida-
de. Pode ser uma pequena lista de referências de documentos sobre
assunto bem específico, de interesse de um grupo restrito de leitores,
elaborada por uma única pessoa, como, por exemplo, a Bibliografia bra-
sileira sobre aves urbanas, de Martha Argel, ou publicada como artigo
de periódico, como Homossexualidade no Brasil: uma bibliografia ano-
tada, ou até uma obra que inclui a produção bibliográfica de um país,
como a Bibliografia Brasileira, de responsabilidade de uma instituição, a
Biblioteca Nacional (BN).
É importante que o bibliotecário entenda o conceito de bibliografia,
já que alguns dos títulos dessas obras apresentam uma variedade termi-
nológica que dificulta sua caracterização. É o caso do Guia Bibliográfico
Brasileiro de Museologia, do Jovens e músicas: um guia bibliográfico, do
Arquivos universitários: repertório bibliográfico preliminar, do Catálo-
go bibliográfico Brasil, Rússia, Índia, China e África Do Sul – BRICS, que
exemplificam essa variedade terminológica. Assim, palavras como guia,
catálogo, repertório e outras podem denominar bibliografias.
Para o bibliotecário, o importante é conhecer a qualidade e a utilidade
das bibliografias que podem auxiliar sua prática.
Assim, é necessário ler com cuidado o texto introdutório da bibliogra-
fia que deve esclarecer os seguintes aspectos:
a) seu propósito ou objetivo, ou seja, uma explicação do porquê, ou
em que circunstâncias a bibliografia foi ou está sendo elaborada;
b) seu alcance, explicando a abrangência temporal e geográfica;
c) o tipo de material que inclui;
d) seu arranjo (alfabético, sistemático, cronológico, geográfico, etc.);
e) o tipo de informação que fornece para cada documento (referên-
cia, resumo, comentário crítico, url ou biblioteca onde possa ser
localizado, etc.);
f) os critérios para inclusão do material.

2.5 TIPOS DE
BIBLIOGRAFIA
Os diversos termos específicos usados para qualificar uma bibliogra-
fia revelam a diversidade de formas em que elas podem se apresentar.
Algumas delas são:
a) analítica, anotada, crítica ou avaliativa: uma bibliografia analíti-
ca (Ex.: Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa), ou anotada
(Ex.: Homossexualidade no Brasil: uma bibliografia anotada) inclui,
além dos elementos descritivos dos documentos, comentários/re-
sumos sobre eles. A bibliografia crítica ou avaliativa (Ex. Bibliografia
Crítica da Etnologia Brasileira) vai além, pois os comentários fazem
a apreciação sobre a importância ou valor do documento;

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 27


b) sinalética ou enumerativa: a bibliografia chamada de sinalética
ou enumerativa, ao contrário, inclui apenas as referências dos do-
cumentos. Como exemplo, há Fontes de informação em biblioteca
escolar: guia bibliográfico, organizada por Cláudio Marcondes de
Castro Filho e Larissa Bernardes Campos, que é também um exem-
plo de bibliografia que indica a localização do documento, ou seja,
em que biblioteca ele se encontra;
c) seletiva: uma bibliografia seletiva, como por exemplo, Leituras de
direito internacional: bibliografia seletiva, como o próprio nome
diz, inclui apenas documentos selecionados com base em critérios
estabelecidos pelo autor, e não a totalidade de documentos sobre
o tema;
d) exaustiva: já a bibliografia exaustiva busca incluir a totalidade dos
documentos sobre um tema. É claro que nesse caso são temas bem
restritos. Um exemplo é a Bibliografia completa de Henrique Cláu-
dio de Almeida Vaz, conhecido como Padre Vaz, jesuíta brasileiro
falecido em 2002, disponibilizada no site <jesuitasbrasil.com>5;
e) corrente: a bibliografia corrente é disponibilizada em intervalos
regulares: mensal, semestral, etc., em um processo de atualização
contínua. Outra possibilidade de atualização é a inclusão dos do-
cumentos na bibliografia à medida que são publicados. Essa atuali-
zação ágil só é possível quando a bibliografia está automatizada. É
o caso da Bibliografia Nacional Portuguesa, atualizada diariamente
para incluir as publicações recebidas por meio do depósito legal. A
tecnologia facilita, assim, o que se pode chamar de bibliografia
aberta, inacabada, exemplificada pelo projeto bibliográfico da Cá-
tedra Internacional José Saramago, denominado bibliografia ati-
va que, além de informações sobre os livros do escritor e de suas
traduções, visa reunir a totalidade dos textos críticos sobre a figura
e a obra do Prêmio Nobel de Literatura de 1998. No site do projeto
informa-se que “A bibliografia encontra-se em construção e, por
enquanto, está ainda incompleta”;
f) retrospectiva: já a bibliografia retrospectiva relaciona textos de
determinado período, compondo o que se pode chamar de uma
bibliografia fechada. Exemplo disso é o livro Arte brasileira, pu-
blicações de 1943-1953: bibliografia comentada com índice remis-
sivo, publicado em 1955;
g) especial: a chamada bibliografia especial pode ser entendida como
aquela produzida em determinada circunstância, como exemplifi-
cada pela Violência contra a mulher: bibliografias selecionadas,
produzida pela Secretaria de Documentação do Superior Tribunal
de Justiça, por ocasião dos 10 anos da promulgação da Lei Maria
da Penha;
h) especializada, temática ou de assunto: a bibliografia especia-
lizada se caracteriza por abordar um assunto específico. É o tipo
mais comum de bibliografia, podendo abordar um assunto amplo,
como o faz a Bibliografia Brasileira de Odontologia, até um tema
bem restrito como a Bibliografia de Plantas Medicinais, de Tânia
Maura Nora Riccieri;

5
PORTAL Jesuítas Brasil. Bibliografia. Disponível em: <http://www.padrevaz.com.br/index.php/
bibliografia/bibliografia-completa/233-artigos-editoriais-verbetes-e-notas-bibliograficas>. Acesso
em: 26 de outubro de 2018.

28 Fontes de Informação I
Atenção
Na disciplina Fontes de Informação II você vai estudar os serviços
de indexação e resumo, que é como são denominadas as bibliogra-
fias especializadas correntes.

i) geral: a bibliografia geral é aquela que aborda todos os assuntos e


é representada principalmente pelas Bibliografias Nacionais, gran-
des repertórios que pretendem incluir a produção bibliográfica de
um país, geralmente recolhida pela biblioteca nacional por meio do
depósito legal;
j) nacional: vários países se preocupam em produzir sua bibliogra-
fia nacional, apesar de ser esta uma tarefa cada dia mais difícil,
especialmente para países que contam com poucos recursos para
projetos culturais. O Chile, entretanto, tem mantido a Bibliografía
Chilena on-line, que permite o acesso à produção bibliográfica do
país;

Multimídia
Para entender os problemas de produção da bibliografia nacio-
nal brasileira, desde o seu início em 1918, quando foi criada com o
título de Boletim Bibliográfico da Biblioteca Nacional, leia o artigo
A Bibliografia Nacional Brasileira: histórico, reflexões e inflexões.
Para isso, basta acessar o link a seguir: <http://www.revistas.usp.
br/incid/article/view/118769/116240>.6

k) universal: a bibliografia universal pode ser entendida como uma


bibliografia que pretende abranger todo o conhecimento pro-
duzido no mundo, tarefa impossível, mesmo em 1545, quando
Conrad Gesner produziu a Bibliotheca universalis. Observe que
Gesner usou a palavra bibliotheca com o significado de bibliogra-
fia, como também o fez Diogo Barbosa Machado, bibliógrafo por-
tuguês que compilou a Bibliotheca Lusitana, publicada entre1741
e 1758. Atualmente, o termo com esse significado não é pratica-
mente usado;

6
JUVÊNCIO, C. H.; RODRIGUES, G. M. A Bibliografia Nacional Brasileira: histórico, reflexões
e inflexões. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, Ribeirão Preto,
v. 7, p. 165-182, ago. 2016. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/incid/article/
view/118769/116240>. Acesso em: 26 de junho de 2017.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 29


Multimídia
Para conhecer um exemplar da Bibliotheca universalis, assista a
um pequeno vídeo feito na Universidade de Iowa (Estados Unidos),
que possui na sua coleção de obras raras um exemplar da obra,
publicado em 1583 (o vídeo é em inglês): <https://www.youtube.
com/watch?v=Kj-qL1xAuFo>.7

No final do século XIX, o ideal da bibliografia universal se manifes-


tou no Repertório bibliográfico universal, que começou a ser orga-
nizado por Paul Otlet e Henri La Fontaine, em Bruxelas. O projeto
de Otlet e La Fontaine foi uma iniciativa muito além de uma biblio-
grafia.

Multimídia
Para ter uma idéia do que foi o trabalho bibliográfico empreen-
dido por Otlet e La Fontaine no Instituto Internacional de Bibliogra-
fia, em Bruxelas, Bélgica, assista ao vídeo Présentation du Répertoi-
re bibliographique universel (o vídeo é mudo, e as legendas são em
francês): <https://www.youtube.com/watch?v=3MiUsHQumrU>.8

Atualmente, o ideal da bibliografia universal é representado pelo


conceito de controle bibliográfico universal;
l) internacional: o termo bibliografia internacional é usado para
indicar a abrangência de bibliografias especializadas, que se pro-
põem a incluir material de variadas procedências geográficas e em
diferentes idiomas. Exemplo disso é a Biblioteca digital: bibliografia
internacional anotada;
m) sistemática, metódica, classificada, cronológica: essas cate-
gorias de bibliografias dizem respeito ao seu arranjo, isto é, à
maneira como as referências são organizadas. Os três primei-
ros tipos (sistemática, metódica, classificada) são bibliografias
arranjadas de acordo com determinado sistema de classificação.
É o caso da Brasil: obras de referência 1999-2013, de Ann Hart-
ness, arranjada por grandes assuntos – definidos pela autora
– e subdivididos por tipo de documento, unidade geográfica ou
assuntos mais específicos. Exemplo de bibliografia organizada

7
YOUTUBE. Conrad Gesner, Bibliotheca Universalis (1583). Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=Kj-qL1xAuFo>. Acesso em: 3 de julho de 2017.
8
YOUTUBE. Présentation du Répertoire bibliographique universel. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=3MiUsHQumrU>. Acesso em: 30 de junho de 2017.
cronologicamente é a Bibliografia Machadiana: 1959-2003, que
referencia trabalhos sobre Machado de Assis, separados por
ano. O acesso por autor é feito por meio do índice onomástico
no final da bibliografia;
n) biobibliografia: são repertórios que incluem informações so-
bre a vida de uma pessoa, além de suas obras. Exemplo é Pau-
lo Freire: uma biobibliografia, organizada por Moacir Gadotti
e a Biobibliografia de Anísio Teixeira, publicada pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP), na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. A apre-
sentação das características das bibliografias conforme feita
acima serve apenas para chamar atenção para a variedade de
formas em que elas podem se apresentar e não para estabele-
cer uma tipologia rígida. É bom observar que a tecnologia trou-
xe modificações na produção de bibliografias (elas passaram
a ser entendidas como base de dados) e que, muitas vezes, a
versão eletrônica de uma antiga bibliografia impressa, recebe
um título diferente. Por exemplo, o Engineering index, biblio-
grafia sobre engenharia que teve início em 1884, é conhecida
hoje como Compendex.

2.6 LOCALIZAÇÃO DE
FONTES NA INTERNET
As bibliografias foram, portanto, bastante úteis para auxiliar na
localização de informações no universo do impresso, e continuam
necessárias no ambiente virtual, funcionando como instrumentos es-
truturantes no processo de recuperação de informação, em razão
da clareza de seus objetivos e dos critérios de seleção dos documen-
tos que incluem. Nesse sentido, pode-se ver a bibliografia como um
mecanismo de mediação entre o usuário e a informação, já que o
material ali incluído representa uma filtragem, geralmente feita por
especialistas.
Já na internet, a lógica da localização de informações é diferente.
A natureza da web encoraja a independência do usuário, eliminando
a necessidade de mediação proporcionada pelas bibliografias. Aqui o
usuário “navega” ou “surfa” – verbos que caracterizam bem as prá-
ticas de utilização da internet – localizando ele próprio o que deseja
ver/ler. Mas, o desenvolvimento de instrumentos sofisticados permite
atualmente uma busca mais estruturada. Há diversos mecanismos de
busca (também conhecidos como “motores de busca” – em inglês,
search engine –, ou simplesmente “buscadores”) à disposição dos
usuários.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 31


Curiosidade
No primeiro volume de sua obra Diccionario bibliographico bra-
zileiro9, dedicada ao Imperador Dom Pedro II, o bibliógrafo, Au-
gusto Victorino Alves Sacramento Blake, faz uma introdução (p.
v – xxiii) onde descreve as dificuldades que encontrou em todo o
processo de elaboração da bibliografia, desde a identificação do
material até a publicação. O texto, em português arcaico, revela
as agruras do trabalho bibliográfico realizado por um indivíduo no
final do século XIX, mas esclarece com precisão os aspectos que
devem ser levados em consideração na apresentação de uma bi-
bliografia: seu objetivo, abrangência temporal e geográfica, tipo de
material que inclui, arranjo, tipo de informação que fornece para
cada documento e os critérios de inclusão. Leia, você vai gostar.

2.6.1 Atividade
A introdução de qualquer bibliografia deve servir para revelar
o seu conteúdo e suas condições de produção, dando ao usuário
clareza sobre o que ela pode oferecer como fonte de informação.
Estude os textos introdutórios da Bibliografia brasileira de Antô-
nio Carlos Gomes e da Bibliografia sobre financiamento da educa-
ção no Brasil e verifique se eles apresentam com clareza os aspectos
acima citados, e outros que esclareçam as peculiaridades da obra.
Para orientar sua tarefa você pode fazer as seguintes perguntas:
a) O objetivo da bibliografia está claro? Com que finalidade ela
foi elaborada?
b) Qual a sua abrangência temporal: que período de tempo
abarca?
c) Qual a abrangência geográfica? O material só foi publicado
no Brasil? Só em português?
d) Que tipo de material inclui? Livros, artigos, trabalhos acadê-
micos, outros?
e) Há explicação sobre o arranjo (alfabético, sistemático, crono-
lógico, geográfico, etc.)? E sobre a existência de índices que
forneçam outros pontos de acesso?
f) Há explicação sobre que tipo de informação fornece para
cada documento incluído?
g) Que critérios foram usados para a inclusão do material?

9
BLAKE, A. V. A. S. Diccionario bibliographico brazileiro. Rio de Janeiro: Typographia Nacional,
1883-1902. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/221681>. Acesso em: 26
de junho de 2017.

32 Fontes de Informação I
Você pode organizar os dados em um quadro, conforme exemplifi-
cado abaixo. O primeiro item (Objetivo) está preenchido. Preencha os
outros e veja como esse recurso facilitará sua análise.

Aspectos a serem Bibliografia brasileira de Antônio Bibliografia sobre financiamento


observados Carlos Gomes da educação no Brasil
Objetivo O objetivo não está claro. Pare- O objetivo está claro no texto.
ce que a bibliografia foi elabo- “Um dos objetivos do trabalho
rada para comemorar o cente- foi reunir o maior número pos-
nário de Carlos Gomes sível de informações bibliográ-
ficas num único documento, de
modo a facilitar a pesquisa aos
interessados, que quase sem-
pre se deparam com a disper-
são das informações, um dos
maiores obstáculos à pesquisa
no Brasil.”
Abrangência
temporal
Abrangência
geográfica
Tipo de material
incluído
Arranjo
Critérios de seleção

O quadro é apenas uma parte do trabalho e servirá para orga-


nizar suas ideias, a fim de fazer a análise crítica dos textos intro-
dutórios. Apresente sua análise comparativa em um texto claro de
uma página.
A Bibliografia brasileira de Antônio Carlos Gomes está dispo-
nível em <https://ufpadoispontozero.wordpress.com/2014/08/12/
bibliografia-brasileira-de-antonio-carlos-gomes/>, e a Bibliografia
sobre financiamento da Educação no Brasil, em <http://www.rede-
financiamento.ufpr.br/antigo/nic02.pdf>.

Resposta comentada
Lembre-se de que você não vai estudar as bibliografias propria-
mente ditas, mas a qualidade dos seus textos introdutórios. Em
ambas as bibliografias analisadas, os aspectos que você procura
podem não estar presentes, ou estarão pouco claros ao longo do
texto. Comparando, você vai perceber a diferença entre a quan-
tidade e a qualidade de informações que cada uma oferece para
esclarecer seu conteúdo e apoiar sua utilização. Sua tarefa é fazer
um comentário crítico sobre a qualidade dos textos introdutórios,
isto é, se eles explicam com clareza o que as bibliografias podem
oferecer como fonte de informação. Então você estará preparado
para fazer um bom trabalho quando for preparar bibliografias para
seus usuários.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 33


2.7 O PAPEL DO
BIBLIOTECÁRIO NA
ELABORAÇÃO DE
BIBLIOGRAFIAS
Até aqui você viu a utilidade da bibliografia como instrumento para
identificar e localizar materiais, possibilitando ao bibliotecário ampliar as
possibilidades de atendimento às necessidades do usuário. Mas o biblio-
tecário deve também se colocar na posição de elaborador de tais fon-
tes. Na verdade, alguns desses profissionais se destacaram, longo tempo
atrás, em seu trabalho como elaboradores de bibliografias e foram reco-
nhecidos pela comunidade a que serviram.
Poderíamos, por exemplo, citar a bibliotecária Dolores Iglesias, que fa-
leceu em 1984. Dolores foi chefe da biblioteca do Departamento Nacional
de Produção Mineral (DNPM) durante 35 anos, de 1930 a 1965. Enquanto
bibliotecária dessa instituição, Dolores foi a responsável pela elaboração
da Bibliografia e Índice da Geologia do Brasil, juntamente com Maria de
Lourdes Meneghezzi. Na homenagem prestada a Dolores pela Revista Bra-
sileira de Geociências, pode-se perceber a importância do trabalho desta
bibliotecária exemplar. Descrevendo resumidamente a carreira de Dolores
no DNPM, os editores enfatizam sua função de bibliógrafa:

Dando início a uma preciosa fonte de informações so-


bre a geologia brasileira, Dolores recebeu em 1938 a
incumbência de completar e atualizar a bibliografia
geológica e mineralógica que havia sido publicada em
1928 pelo antigo Serviço Geológico e Mineralógico.
Concluiu essa tarefa em 1943, em coautoria com Ma-
ria de Lourdes Meneghezzi, reunindo trabalhos pu-
blicados de 1641 até 1940. A publicação, intitulada
“Bibliografia e Índice da Geologia do Brasil”, foi a se-
mente de uma seqüência de bibliografias, com perio-
dicidade de dois anos, e um volume decenal cumula-
tivo. São obras de referência, cuja importância para o
avanço do conhecimento geológico no país foi reco-
nhecida pelo DNPM, que durante mais de meio século
tem dado constante apoio à edição de suas sucessi-
vas fases. A coleção marca hoje presença obrigatória
nas estantes das nossas bibliotecas de geociências e
constitui fonte de permanente consulta (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE GEOLOGIA, 1984, p. 2).10

Outra bibliotecária reconhecida pelo seu trabalho bibliográfico foi Luiza


Keffer, chefe da Biblioteca do Departamento de Profilaxia da Lepra, de São
Paulo, responsável pela elaboração do Índice Bibliográfico de Lepra: 1500-
1943, em três volumes, obra reconhecida pela comunidade científica da
área como de consulta obrigatória para todos os estudiosos da leprologia.

10
SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA. In Memorian. Revista Brasileira de Geociências, v. 14,
p. 2, 1984. Disponível em: <http://bjg.siteoficial.ws/1984/n1/inmemorian.pdf>. Acesso em: 24 de
outubro de 2017.

34 Fontes de Informação I
Multimídia
Leia a ata em que a Sociedade Paulista de Leprologia homena-
geia Luiza Keffer, concedendo-lhe o título de Sócia Benemérita e
descrevendo a carreira desta bibliotecária, que é um modelo a ser
seguido.
Disponível em: <http://hansen.bvs.ilsl.br/textoc/revistas/brasleprol/1962/PDF/v30n1-2/
v30n1-2splepro.pdf>.11

Atualmente repertórios bibliográficos, na forma de bases de dados,


são produzidos de forma institucional por algumas bibliotecas, oferecen-
do contribuição inestimável para o acesso organizado a informações dis-
persas. Exemplo disso são as bases PERI e Literatura Brasileira em Biblio-
teca Escolar (LIBES), ambas produzidas pela Biblioteca Etelvina Lima, da
Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).

Multimídia
A base PERI está disponível em <http://bases.eci.ufmg.br/peri.
htm>, e a LIBES, em <http://libes.eci.ufmg.br/>.

Outro tipo de produção que deve ser assumida pelo bibliotecário são
guias que ajudam o usuário novato a conhecer de forma ampla a literatu-
ra de determinada área. Em bibliotecas universitárias esses guias auxiliam,
por exemplo, os calouros, a se familiarizarem com as fontes de informa-
ção de sua área, apresentando uma gama de recursos informacionais e
funcionando como um roteiro para seus estudos e pesquisas.

Multimídia
A Biblioteca Albert B. Alkek, da Universidade Estadual do Texas,
disponibiliza uma lista de mais de cem desses research guides, que
estão disponíveis em: <http://guides.library.txstate.edu/research>.

11
BARROS, J. M. de. Sociedade Paulista de Leprologia. Ata da Assembleia Geral Ordinária realizada
em 12 de fevereiro de 1962. Revista Brasileira de Leprologia. Disponível em: <http://hansen.
bvs.ilsl.br/textoc/revistas/brasleprol/1962/PDF/v30n1-2/v30n1-2splepro.pdf>. Acesso em: 24 de
outubro de 2017.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 35


2.8 CONCLUSÃO
Em um universo de informações abundantes, há necessidade de ins-
trumentos organizadores que ajudem a encontrar fontes numa perspec-
tiva seletiva. As bibliografias cumprem esse papel há muito tempo e, em-
bora a etimologia da palavra bibliografia remeta ao livro impresso, ela
ainda nomeia de forma significativa os instrumentos para localização de
informações. Na verdade, o termo bibliografia na internet se refere à or-
ganização da informação, no caso, os conteúdos disponíveis, por exem-
plo, em sítios, páginas web, documentos em formatos diversos (em PDF,
por exemplo), vídeos, fotografias, etc.
O bibliotecário usa e produz esses instrumentos, colaborando para a
organização da informação e aperfeiçoando as possibilidades de acesso
a materiais dispersos.

RESUMO
O conceito de bibliografia como instrumento que possibilita a identi-
ficação de materiais e, em alguns casos, a sua localização é importante
para o bibliotecário, que precisa desses mecanismos organizadores para
orientar sua prática de mediador entre o universo informacional e o usuá-
rio, mesmo com as mudanças nas maneiras de localizar informações tra-
zidas pela internet.
As fontes bibliográficas se apresentam de variadas formas e, nas in-
troduções dessas fontes, é possível verificar o escopo, a abrangência e os
critérios que orientaram a seleção dos materiais incluídos.

INFORMAÇÕES SOBRE A
PRÓXIMA UNIDADE
Na próxima unidade você vai estudar uma fonte que a maioria das
pessoas conhece e que provavelmente você já utilizou tanto na escola
quanto em casa: o dicionário.

36 Fontes de Informação I

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