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Bibliografia - Caminhos Da História Contada e Da História Vivida - Alentejo

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Problemática: bibliografia enquanto disciplina negligenciada e limitação do termo ao sentido

do produto. O trabalho do bibliógrafo foi e ainda é um trabalho em constante mudança e


avanços, se engana quem pensa como uma disciplina apenas antiga e não como tão atual
quanto foi desenvolvida e usada nos mais diferentes contextos de produção do
conhecimento, principalmente quando houve a expansão das tecnologias. (ideia minha
inspirado na p. 41 de Alentejo)

Introdução

Trabalho bibliográfico: O termo ‘trabalho bibliográfico’ é empregado para se referir às


práticas de pesquisa e à elaboração de serviços e produtos bibliográficos, cujas
teorias e métodos alicerçam o campo científico da Bibliografia (MALCLÈS, 1950;
BELANGER, 1977).

Alentejo (2015) faz um apanhado de autores renomados da bibliografia, um contexto


histórico onde perpassa múltiplas facetas que a bibliografia teve e ainda possui como
disciplina e ciência. O histórico da bibliografia passou por diferentes evoluções e
interpretações. É preciso conhecer sua função, seu valor para entender seu significado
tornando possível compreender o contexto para que possa ser viável elaborar, consultar e
planejar uma bibliografia, não havendo erros onde recursos de descrição ou referências não
bibliográficas sejam intituladas como tal. (MCCrank, 1979; Serrai, 1994; Beaudiquez, 1989).

Sobre o ensino da bibliografia no Brasil Séc XIX: marcado pelas bibliografias


monumentais, de caráter nacional França publicou: Bibliographie de la France (1811) e La
France littéraire de Quérard (1827-1864) Portugal publicou: Diccionario bibliographico de
Innocencio Francisco da Silva (1858-1923) Brasil, começou em 1883: Diccionario
bibliographico brasileiro, escrito por Sacramento Blake (1883-1902) e com a obra
Bibliographie brésilienne de Garraux de 1898.

Início do Séc XIX: nos países desenvolvidos era ofertado a produção científica nacional
produtos e serviços bibliográficos especializados e com valor para o desenvolvimento
técnico-científico. Enquanto no Brasil, na metade do século, houve disposição para
consultar o exterior em auxílio e atualização para criação do centro bibliográfico, voltado
para a informação científica e com ambição institucional em desenvolver ciência e
tecnologia brasileiras.

Polifonia e vulgarização da bibliografia: Não apenas no Brasil como também em países


como a Itália, Inglaterra e França, têm semelhanças relativas à vulgarização da bibliografia
em seu campo científico. A polifonia acerca do que é a bibliografia dificultou para que a
mesma não fosse levada apenas como uma lista de livros ou limitada a um repertório,
possível de confusão entre a informação bibliográfica e a pesquisa bibliográfica. A
bibliografia essencialmente vai ser caracterizada como sistematização de inventários, com
definições das etapas de trabalho bibliográfico como a verificação, probidade intelectual e
planejamento (Harmon, 1998; Varry, 2011; Fonseca, 1979; Placer, 1955). A bibliografia no
contexto atual da era digital pode ser aplicada em diferentes ramos, aplicada de forma
fluída. Ela avança, abarca, os assuntos conforme o crescimento informacional na Web
cresce, com possibilidade de facilitar e ampliar os produtos e serviços bibliográficos.
Caminhos da bibliografia

Segundo Pensato (1994, p. 35-36) reconhece três visões vigentes sobre Bibliografia: a)
termo banalizado, desprovido de conceito; b) visão instrumental mediana, compartilhada
entre estudiosos de qualquer campo cultural; c) visão erudita e profissional, compartilhada
por aqueles que estudam as técnicas, os procedimentos, a teoria, a história, a
estrutura em seu campo científico e seus resultados. Gabriel Naudé, secretário e
bibliotecário do Cardeal Mazarino, sua obra 'Bibliographia politica' de 1633 designava como
uma relação de livros. Luis Jacob de Saint-Charles, 2 trabalhos "biliographia gallica
universalis y la bibliografia parisina", publicamos em 1645 e 1654.

O termo bibliografia é definido em sua base etimológica pelo agrupamento dos vocábulos
em grego Biblion, livro; graphé, descrição; descrição dos livros. Junção das palavras do
grego Biblion (livro) e Graphein (escrever) resultando no termo Bibliographos para significar
copistas de manuscritos (Harmon, 2998, p. 2) VER Segundo Alentejo (2015) o exame
historiográfico da bibliografia "explorado por vários teóricos da área em distintas épocas,
tanto para estabelecer as relações bibliográficas produzidas de acordo com as
contingências históricas em que cada época as revelou quanto para as analisar em
termos conceituais" p. 32

Segundo Condit (1937, p. 564) VER talvez pela primeira vez o termo bibliografia foi
empregado sob o especto profissional, o bibliógrafo, na obra "Bibliographie Instructive" de
1763 do bibliotecário francês DeBure. Ainda segundo o autor, mesmo considerando a
existência do trabalho bibliográfico desde a antiguidade, explica que o conceito de
bibliografia foi compreendido praticamente quatro séculos antes de Conrad Gesner, sendo
batizado durante o Séc. XVIII pelo DeBure. No início do Séc XX, com a possível nova
denominação de "nova bibliografia", campo de estudos explorado que a literatura
denominou como ramos da bibliografia analítica com as pesquisas de Sir Walter Wilson
Greg (1914), Alfred William Pollard, and Ronald Brunlees Mckerrow (HARMON, 1981, 1998)
VER

Considerada recentemente no campo da investigação científica, a bibliografia resultante da


necessidade essencial de colocar ordem e fornecer acesso a grande massa documental,
surgiu como elemento primordial nesse processo de ordenamento e transmissão
bibliográfica. (Harmon, 1998, p. 13) VER

Correntes e ramos da bibliografia

"estudo envolve a análise detalhada destes materiais como recursos primários,com foco
na produção física, aspectos materiais e estruturais, publicação e divulgação de
informações úteis para determinadas comunidades de leitores e a longevidade de um livro
ou outros materiais" (MCCRANK, 1979, p. 175).

Objetivo: localizar materiais gráficos, facilitar o acesso aos conteúdos e ao conhecimento


sobre os livros e outros suportes.
Três tipos de análises: Análise física: estudos de livros e outros materiais como objetos
físicos, situada nas bibliografias denominadas descritivas, históricas, textuais e críticas,
científicas ou materiais. De assunto: tem como objetivo localizar cada item em relação aos
outros itens sobre o mesmo ou outros assuntos, como os cabeçalhos de assunto ou a
classificação de assuntos. Por autor e/ou título: localizar cada item em relação aos outros
itens com o mesmo ou outro autor ou título, produto arranjado por autor ou por título dos
itens ou por listas de itens (PLACER, 1955; MALCLÈS, 1963; GASKELL, 1972;
HARMON,1998; REYES-GÓMEZ, 2010).

Início do Séc. XX, Harmon (1998) fala que a bibliografia era percebida na literatura
especializada por 2 formas de escopos: foco no conteúdo e nas propriedades físicas.
Reuben (1937, p. 67) divide a bibliografia sob 2 aspectos: 'bibliografia intelectual',
caracterizada por favorecer acesso aos conteúdos registrados, 'bibliografia material' visa
proporcionar estudos em torno das características extrínsecas do livro, como a produção,
preços, edições, etc. Alentejo (2015) fez uma análise de modos diferentes de se
dimensionar o trabalho bibliográfico, uma pela análise das correntes da bibliografia segundo
Reyes-Gómez (2010) e o outro pela sua classificação em ramos de Harmon (1981, 1998).
A primeira dividida por duas grandes correntes: a tradicional ou continental e a anglo-
saxônica. A segunda são classificados como: o enumerativo ou sistemática, enfatiza a
função secular das bibliografias, e o analítico, contempla aspectos que superam a limitação
estritamente bibliográfica de transmissão de ideias.

Ramos da bibliografia da corrente inglesa:

Harmon (1998, p. 4) buscou apresentar a classificação que melhor permitisse a visualização


dos escopos de interesse dos bibliógrafos, por ramos. Sendo as bibliografias classificadas
como analíticas ou críticas, com aspectos essencialmente materiais dos itens analisados e
bibliografias enumerativas ou sistemáticas, com arranjos ordenados com o foco nos
conteúdos. Ramo analítico ou crítico decorre da corrente anglo-saxônica, da 'nova
bibliografia', referente ao estudo de materiais informativos em relação a como são feitos,
sendo esse o estudo da arte dos livros e outros itens como objetos físicos. Sendo inteligível
à materialidade do suporte.

Ramo enumerativo ou sistemático decorre da corrente tradicional do estudo da bibliografia,


caracterizada pela elaboração de lista de materiais com alguma reconhecida relação com
outro material, possível ser definida como o estudo de livros ou outros materiais gráficos
como meio para transmitir ideias (Harmon, 1998, p. 4-6) VER Sendo inteligível ao conteúdo
do livro e de outros suportes multimeios.

O estudo da bibliografia percebido em ramos permite uma análise da dimensão do trabalho


bibliográfico e a pesquisa, através dos métodos de investigação e técnicas, possibilitando a
amplitude conceitual da bibliografia, podendo conter múltiplos significados de acordo com
as várias adjetivações ou qualificações que podem assumir, como por exemplo:
enumerativa, sistemática, analítica, crítica (HARMON, 1998), descritiva (WILLIAMSON,
1967; BELANGER, 1977), histórica (MCCRANK, 1979), textual (BELANGER, 1977, p. 99), e
estatística (FONSECA, 1979). VER

Fundamento teórico da bibliografia: [...] a informação disponível na literatura para


produzir efeitos de repertório em termos de controle bibliográfico, favorecendo a elaboração
de recursos para o avanço do conhecimento e o próprio aspecto físico do suporte como
objeto de conhecimentos sobre a História dos Livros, das Bibliotecas, da Tipografia, do
Sistema Editorial e outros aspectos que se interessa a Bibliologia, a Bibliofilia e a
Comunicação Científica, entre outras áreas." (ALENTEJO, 2015, p. 36-37)
Segundo Reyes-Gómez (2010, p. 56-60) explica que os objetivos que se destinam a 'nova
bibliografia' também é conhecida por bibliografia material, derivada da 'bibliografia
tipográfica', criada pelos ingleses na metade do Séc. XVII, e de acordo com McKerrow
(1998) era destinado a análise material dos documentos impressos tal como ocorria com
determinados catálogos e repertórios ingleses.

Bibliografia material: "[...] envolve o conhecimento da arte de publicação – não de fato como
processo mecânico, mas sua história e desdobramentos, e, na verdade, de todas as partes
constituintes dos livros, como meio de identificar produções específicas." (ALVARES
JUNIOR, SALDANHA, 2017, p. 1992) Podemos perceber que a bibliografia enquanto
atividade é uma das mais antigas profissões exercidas desde a invenção da escrita, por
bibliotecários e bibliógrafos, uma ciência persistente e que moldou por séculos a sua
formação enquanto ciência.

Modos de apresentação da história da bibliografia

Malclès (1956) fez uma importante análise sobre a evolução e história da bibliografia,
apresenta "um conceito operacional sobre Bibliografia que a enuncia como sendo o
conhecimento de todos os textos impressos ou multigrafados que se fundamenta na
pesquisa, na transcrição, na descrição e no arranjo desses textos visando à organização de
serviços ou à elaboração de repertórios destinados a facilitar o trabalho intelectual".
(MALCLÈS, 1956, p. 16 apud ALENTEJO, 2015, p.39)

Ainda discorre sobre o olhar epistemológico, considerando como parte da bibliologia e da


ciência do livro, propondo a buscar, identificar, descrever e classificar os documentos
impressos com o objetivo de criar repertório que facilite o trabalho intelectual.

Alentejo (2015) cita Placer (1955) referente a advertir que a bibliografia vai muito além de
apenas uma categoria de simples técnica de catalogação e classificação, pois depende-se
da análise dos princípios técnicos da verificação, probidade intelectual e planejamento.

Sobre o exame historiográfico Alentejo cita autores como Placer (1955), Cruz e Beckmann
(1995), que fizeram o uso desse exame para analisar as bibliográficas; Shera e Egan (1952)
sobre as perspectivas desses autores puderam analisar a bibliografia sob o ponto de vista
social de acesso a informação como também a identificação e avaliação das diferentes
bibliográficas de acordo com âmbitos de sua aplicação; Harmon (1998) parte do que
produziu foi sobre o que foi concebido sobre as épocas evolutivas da bibliografia, podem
teve avanço ao incluir em suas análises, a partir da tradição inglesa, o exame da bibliografia
do ramo analítico ou científico; Reyes-Gómez (2010) concebeu a evolução como semântico-
cronológica, com o uso do termo ordenação temporal, determinando a bibliografia como
"[...] lista de livros, estudo dos manuscritos, ciência dos livros, ciência das bibliotecas,
ciência dos repertórios, parte da Documentação que se ocupa dos registros impressos."
(Tradução do autor, p.35); Gaskell (1972) descreve a bibliografia como ciência da
transmissão de documentos e de seus conteúdos e a evolução está ligada a história da
tecnologia de produção dos livros e outros materiais e explica a história da produção de
livros sob dois grupos históricos relacionados a tecnologia: "a) período artesanal, de 1500
a 1800; b) período mecanização em larga escala, de 1800 a 1950." (p. 40)

Analisando a evolução da bibliografia enquanto ciência, é possível compreender o seu


desenvolvimento refletir os sistemas de produção, transmissão e uso da informação.
Percorreu do trabalho simples de inventariar livros, para ocupar-se do controle bibliográfico,
sendo elaborados independente de suas estruturas e mudanças sociais e andando lado a
lado com o avanço tecnológico. Segundo Alentejo (2015) com o advento da tipografia no
Séc. XV e as recentes tecnologias da informação e da comunicação dos séculos XX e XXI,
o trabalho bibliográfico ampliou incansavelmente por conta da produção do conhecimento,
das tecnologias de produção e divulgação da informação. Houve expansão do volume de
publicações, variações dos suportes de registros, unidades do pensamento registrado, de
modo a mudar as perspectivas de estudos da bibliografia.

Historiografia da bibliografia

Salvaguarda o pensamento humano registrado, se esgotando no infinito. A observação


entra como fator para a análise dos fatos que poderiam explicar a bibliografia como campo
de interesse científico contínuo. Alentejo (2015) faz um apanhado dos estudos sobre a
bibliografia de acordo com as épocas que os trabalhos bibliográficos fazem projeção a
categorização histórica. Segundo cita, Harmon (1998) o autor fala que "as funções de
bibliografia foram determinadas ao longo do tempo por contextos históricos, por tecnologias
de reprodução e disseminação e pelo desenvolvimento do conhecimento” (p.43)

Besterman (1935) e Malclès (1956) aplicam o método historiográfico para analisar a


Bibliografia como área científica. A partir destas abordagens, o trabalho bibliográfico pode
ser analisado por natureza e utilidade em diferentes fases históricas." Harmon (1998) e
Malclès (1956) apresentam uma divisão de tempo da bibliografia.

O primeiro apresenta como "Começos’ que corresponde ao período Pré-tipográfico, Período


Médio que corresponde à fase imediata da tipografia e logo, artesanal da bibliografia,
Período Moderno, fase tipográfica da mecanização intelectual, e Período contemporâneo."
O segundo como "Pré-história - antes do tipo móvel e da Imprensa; Era Erudita - séculos
XV e XVI; Era Histórico - do século XVII; Era histórica e científica - do século XVIII para o
ano de 1789; Era Literária e Bibliofilia - 1790-1810; Era Artesanal - 1810-1914; Era Técnica
- de 1914 a meados do século XX (Malclès 1956)" (p.44).

No começo do período pré-histórico: a maioria das bibliotecas eram compostas por listas de
obras de um autor em uma bibliografia. No período moderno: trabalho bibliográfico mudou
seu foco, sendo ele as coleções em bibliotecas monásticas, tendo os instrumentos de
guarda submetidos a algum tipo de padrão, como: "Catálogo",
"Bibliotheca','Index','Registrum 'ou' Repertorium" quadro p. 45

No período contemporâneo: marcados pela era artesanal e a era técnica, a primeira


recorrente do início do séc. XIX permanecia a produção comercial da bibliografia de forma
artesanal. A segunda com início do séc. XX foi a era da nova bibliografia, marcada pelos
aspectos físicos do livro. É perceptível que a história da bibliografia seguiu o
desenvolvimento do conhecimento conforme foi sendo aliada ao desenvolvimento de
tecnologias de produção intelectual. Com a mudança tecnológica e alterações da forma
que eram produzidas as bibliografias, deixando a parte manual para trás e dando início com
as impressões de forma rápida, trouxe enfrentamentos como a sobrecarga informacional e o
acesso à informação. Com esse aumento descontrolado, as bibliografias também passaram
a ser produzidas eletronicamente e dentro do ambiente eletrônico tem a possibilidades de
amplas aplicações e de uso em diferentes contextos de aplicações. É importante analisar a
ampliação do trabalho bibliográfico dentro do desenvolvimento tecnológico. Ver o
aproveitamento dos fundamentos da bibliografia em cada contexto histórico.

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