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PORTO ALEGRE – RS
2019
DOUGLAS RODRIGUES DE RODRIGUES
PORTO ALEGRE – RS
2019
Trabalho de diplomação de curso apresentado como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Metalúrgica. Qualquer citação atenderá as
normas da ética científica.
___________________________________________
DOUGLAS RODRIGUES DE RODRIGUES
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Orientador Prof. Dr. Alexandre da Silva Rocha
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Prof. Dr. Ing. Antônio Cezar Faria Vilela
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Prof. Dr. Afonso Reguly
“Nada existe de tão difícil que não seja vencível. ”
Júlio César
AGRADECIMENTOS
A meus genitores, Zenir e Luiz Carlos por todo o apoio desde sempre, com seus
exemplos de caráter e educação passados já na tenra idade. A minha estimada
namorada Fabiane Marcilio e seus pais, Adriene e Nilson, pelo acolhimento irrestrito
no seu seio familiar.
Ao Eng. Mozart Fernando Rech que se tornara um sólido exemplo a ser seguido em
relação ao arquétipo clássico de engenheiro com a sua competência, bom senso e
responsabilidade sem igual.
Aos Prof. Dr. Vinicius Karlinski de Barcellos e Prof. Dr. Alexandre da Silva Rocha
pelas valorosas orientações, o primeiro, no início do período de estágio laboratorial
no LAFUN e o segundo, na realização deste estudo e pelo incentivo para a
continuidade da vida acadêmica a um nível futuro de mestrado.
A empresa INPEL, pela oportunidade de fazer parte de seu quadro técnico efetivo e
pela realização dos testes e ensaios descritos neste trabalho. Além de me propiciar
numa intensa imersão na vivência da vida de metalurgista, ao permitir-me enfrentar
os primeiros desafios na prática da profissão.
Por fim, uma calorosa lembrança aos demais familiares, amigos e colegas de
diferentes momentos e ao povo brasileiro que financiou meu ensino público e de
qualidade.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.4 Diagrama de tensão deformação entre aços bainíticos com outras
classes de aços.. .................................................................................... 22
Figura 2.5 Relação de microestrutura e cavaco formado em aço DIN 42CrMo4. (a)
amostra com martensita revenida e cavaco formado; (b) amostra
composta por bainita e cavaco formado.. ............................................... 24
Figura 3.2 Microestrutura dos aços como-recebido (a) aço bainítico DIN
18MnCrSiMo6-4 com a presença de bainita granular e microestrutura
refinada; (b) aço DIN 20MnCr5 com a presença de ferrita pró-eutetoide e
perlita.. ................................................................................................... 31
Figura 3.3 Processo de forjamento das engrenagens ilustrado pelas fotos e pelas
setas, partindo da introdução e aquecimento por indução do blank,
passando para a introdução do blank na matriz de forjamento,
forjamento das pré-formas das engrenagnes, extração e rebarbação.. . 31
Figura 3.4 Peças obtidas após forjamento a quente (a) dimensões do billet; (b)
dimensões do forjado.. ........................................................................... 32
Figura 3.9 Posições de medição (a) Flanco de dente; (b) Topo de dente; (c) Face
oposta .................................................................................................... 37
Figura 4.2 Resultados das formas obtidas pelos dois aços, com base comparativa
dada pela tabela da referência da literatura, utilizando as mesmas
máquinas operatrizes, as mesmas ferramentas e os mesmos
parâmetros de corte na usinagem das engrenagens em aço DIN
20MnCr5 e em aço DIN 18MnCrSiMo6-4.............................................40
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.2 Características das máquinas, com seu ano de fabricação, modelo e
país ....................................................................................................... 33
Tabela 4.2 Resultados das formas obtidas pelos dois aços, com base comparativa
dada pela tabela de referência da literatura, utilizando as mesmas
máquinas operatrizes, as mesmas ferramentas e os mesmos parâmetros
de corte na usinagem das engrenagens em aço DIN 20MnCr5 e em aço
DIN 18MnCrSiMo6-4 ............................................................................. 40
Tabela 4.5 Comparativo entre as rugosidades médias gerais de Ra e Rz, com seus
respectivos desvios estatísticos, em relação a posição de medição e aos
aços utilizados. ....................................................................................... 46
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15
5 CONCLUSÕES ........................................................................................... 46
7 CUSTOS......................................................................................................48
8 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 49
RESUMO
Os aços bainíticos de resfriamento controlado têm se mostrado excelentes materiais
de escolha em projetos de componentes automotivos e agrícolas por reunirem
propriedades mecânicas ideais de resistência mecânica, tenacidade, ductilidade,
forjabilidade e usinabilidade. Diferentes pesquisadores têm demonstrado através de
seus trabalhos acadêmicos as vantagens existentes ao se utilizar esta classe de
aço, muito embora sejam materiais considerados novos para o contexto mundial,
possuem um futuro promissor como alternativa de matéria-prima. O foco para este
trabalho é a caracterização de engrenagens cônicas espirais pelo método Gleason
de produção com o aço bainítico DIN 18MnCrSiMo6-4, comparativamente ao aço
ferrítico-perlítico DIN 20MnCr5, através do forjamento a quente, resfriamento ao ar e
usinagem até geometria final. Para o estudo realizado neste trabalho, foram
utilizados os métodos de caracterização metalúrgica que permitissem extrair
parâmetros de comparação com engrenagens fabricadas com o aço DIN 20MnCr5
por metalografia, dureza, formato dos cavacos formados após cada operação de
usinagem realizada e medição da rugosidade superficial final obtida. Os resultados
apresentam grande similaridade entre os dois aços utilizados, com o aço DIN
18MnCrSiMo6-4 equiparando-se ao DIN 20MnCr5 em todas as relações feitas. Para
os mesmos parâmetros de usinagem nas operações propostas, teve-se
praticamente a mesma morfologia de cavacos e grau de acabamento superficial sem
variações que pudessem desqualificar a usinabilidade do aço bainítico testado.
Ratifica-se o aço DIN 18MnCrSiMo6-4 como um material de igual ou melhor
usinabilidade para a fabricação de engrenagens com o aço DIN 20MnCr5, com base
na metodologia empregada. Ainda, o aço bainítico pode conferir propriedades
mecânicas significativamente melhores, maior tenacidade e resistência mecânica e
os tratamentos térmicos convencionais de têmpera e revenido podem ser evitados.
2.1 Engrenagens
2.1.2 Matéria-prima
Muitos estudos têm sido feitos com novos materiais com o objetivo de se
reduzir a energia, os custos e a eliminação de etapas produtivas na fabricação de
peças automotivas. Através do controle do resfriamento diretamente após o
forjamento a quente com a presença de elementos de liga que retardem a formação
de ferrita alotriomorfica e de perlita, a cinética de formação da bainita apresenta-se
tendo possibilidade de ocorrer. Esta microestrutura possui propriedades mecânicas
tais que em projetos de componentes, permitem atingir resistência mecânica
desejada, alongamento e tenacidade adequados (BHADESHIA, 2001).
2.2.1 Microestrutura
Figura 2.2 Diagrama TTT representativo dos aços bainíticos avançados e as diferentes
morfologias de bainita possíveis de serem formadas.
Martensita Ferrita Bainítica
MA
Ferrita
BII, Bainita Superior
Degenerada
Bainita Ferrita Martensita (M)/
Bainítica Austenita (A) / MA
Empresa /
Nome YS Rm Alongamento
%C %Mn %Si %Cr Centro de
Comercial [Mpa] [Mpa] [%]
Pesquisa
Solam
<0,2 <1,9 - <1,5 >700 >1100 >15 Arcelor
B1100
HSX 130HD 0,17 1,5 1,2 1,2 1030 1170 16,2 Swiss Steel
LUT-1
0,20 1,3 0,5 1,1 850 1100 15 Uni Leoben
20MnCr5
ROELOFS (2014), demonstrou que para o aço HSX Z12, uma fina e
homogênea microestrutura pode ser obtida em diâmetros de 22mm (Fig. 2.3 1a), já
em barras de diâmetros maiores (Fig. 2.3 1b e 1c) encontra-se a presença de bainita
de grãos grosseiros com frações microestruturais de ferrita e martensita com
dependência direta do tratamento termomecânico aplicado. Denotando uma clara
combinação de fatores na obtenção da microestrutura final desejada em um
processo de atingimento de taxas de resfriamento controlado, aliado à composição
química e a seção do material.
Figura 2.3 Comparativo microestrutural de diferentes diâmetros de barras de aços bainiticos.
Figura 2.4 Diagrama de tensão deformação entre aços bainíticos com outras classes de aços.
Alongamento [%]
Aços Bainíticos
Avançados
Martensíticos
2.2.2 Forjabilidade
2.2.3 Usinabilidade
Figura 2.5 Relação de microestrutura e cavaco formado em aço DIN 42CrMo4. (a) amostra com
martensita revenida e cavaco formado; (b) amostra composta por bainita e cavaco
formado.
DIN 10MnB13
1068 180
(Aço com Bainita Inferior)
2.3.2 Rugosidade
Fonte: O autor.
3.1 Materiais
Tabela 3.1 Composições químicas e algumas propriedades mecânicas dos aços DIN 20MnCr5 e
DIN 18MnCrSiMo6-4 utilizados nos experimentos (% em massa).
Fonte: LdTM
3.1.2 Caracterização metalúrgica como recebido
Figura 3.2 Microestrutura dos aços como-recebido (a) DIN 18MnCrSiMo6-4 com a presença de
bainita granular e microestrutura refinada; (b) DIN 20MnCr5 com a presença de ferrita
pró-eutetoide e perlita.
a) b)
Fonte: O autor.
3.2 Métodos
As barras laminadas dos aços, após terem sido cortadas igualmente até as
dimensões do billet para o forjamento, passaram por aquecimento em forno de
indução até a temperatura de forjamento de 1030ºC, com temperatura capturada por
termo-câmera da marca FLUKE, calibrada com emissividade ajustada para valores
entre 0,80 e 0,88. Os procedimentos de forjamento são mostrados na figura 3.3.
Figura 3.3 Processo de forjamento das engrenagens ilustrado pelas setas, partindo da
introdução e aquecimento por indução do blank, passando para a introdução do blank
na matriz de forjamento, forjamento das pré-formas das engrenagens, extração e
rebarbação.
Fonte: O Autor
Fonte: O Autor
Fonte: O Autor
Para a fabricação das engrenagens foi utilizado uma célula composta por dois
tornos CNC para torneamento interno, externo e furação, brochadeira vertical para
produção do estriado interno e máquina geradora de dentes para fabricação das
engrenagens espirais pelo método Gleason, conforme tabela 3.2.
Tabela 3.2 Características das máquinas, com seu ano de fabricação, modelo e pais.
Geradora de
Máquina Torno CNC Brochadeira Torno CNC
Dentes
INDEX – Tornos INDEX – Tornos
Automáticos BÉSTLE Automáticos
Marca GLEASON
Ind. Com. Ltda. INDÚSTRIA Ind. Com. Ltda.
Sorocaba Sorocaba
Número de
GU 60.32.903.2 8167 GU 60.32.904.2 965004
Série
República República República
País de Estados Unidos
Federativa do Federativa do Federativa do
Fabricação da América
Brasil Brasil Brasil
Ano de
2007 1987 2007 2004
Fabricação
Fonte: O Autor
Figura 3.6 Macrografia de um dos forjados utilizados no estudo com a região da caracterização
metalúrgica.
Fonte: O Autor
Figura 3.7 Operações de usinagem na fabricação das engrenagens (a) Torno 1; (b) Brochadeira;
(c) Torno 2; (d) Geradora de dentes.
(a) Torno 1
(b) Brochadeira
(c) Torno 2
(d) Geradora de
Dentes
Fonte: O Autor.
Fonte: O Autor.
Para a avaliação da forma dos cavacos foi utilizada uma câmera fotográfica
digital, marca CANON, modelo SX170. Com um registro fotográfico por cavaco em
vista topo, a 200mm de distância em superfície horizontal plana e sob luz ambiente,
sem magnificação. Todas as amostras foram comparadas com base na figura para
que melhor pudessem ser caracterizadas. É possível se observar como foi feita
avaliação comparativa através da figura 3.8.
Figura 3.9 Posições de medição (a) Flanco de dente; (b) Topo de dente; (c) Face oposta.
a) b) c)
Fonte: O Autor.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: O Autor.
A dureza de cada peça forjada foi realizada e registrada conforme pode ser
observado na tabela 4.1. Sendo relacionado às situações como recebido e após o
resfriamento contínuo do aço DIN 18MnCrSiMo6-4 e após a normalização do aço
DIN 20MnCr5 com sua condição de como recebido antes do forjamento. Observa-se
a maior dureza obtida pelo resfriamento controlado com o aço bainítico em relação
ao aço ferrítico-perlítico, devido à formação de bainita e a maior complexidade
microestrutural de diferentes frações de microconstituintes obtidos.
Tabela 4.1 Durezas obtidas nas amostras antes do forjamento e após os tratamentos térmicos
aplicados aos dois materias.
Fonte: O autor.
Pode-se perceber pelas durezas, que a amostra de DIN 18MnCrSiMo6-4
mostrou ter tido um aumento de dureza de 330HV para 350HV na região de análise
escolhida no forjado. O mesmo foi observado para a amostra de DIN 20MnCr5 com
relação ao aumento de dureza observada, passando de 180HV na condição anterior
ao forjamento para 210HV após o tratamento térmico de normalização aplicado.
Tabela 4.2 Resultados das formas obtidas pelos dois aços, com base comparativa dada pela
tabela da referência da literatura, utilizando as mesmas máquinas operatrizes, as
mesmas ferramentas e os mesmos parâmetros de corte na usinagem das
engrenagens em aço DIN 20MnCr5 e em aço DIN 18MnCrSiMo6-4.
Torno 1 -
Furação
3 Cavaco em hélice plano 4 Cavaco angular em hélice
Torno 1 –
Torneamento
Externo de
Desbaste
3 Cavaco em hélice plano
Torno 1 –
Torneamento
Externo de
Acabamento
Torno 1 –
Torneamento
Interno de
Acabamento
3 Cavaco em hélice plano
3 Cavaco em hélice plano
Brochadeira
Vertical –
Brochamento
Interno
Fonte: O Autor.
Tabela 4.3 Valores de rugosidade Ra e Rz e seus desvios estatísticos obtidos pelas medições
das engrenagens fabricadas com o aço DIN 20MnCr5 (a) Medição Paralela ao Flanco
do Dente; (b) Medição Perpendicular ao Topo do Dente; (c) Medição Tangente à Face
Inferior da Engrenagem.
Fonte: O Autor.
Máteria-prima R$ 800,00
Equipamentos R$ 1900,00
Serviço R$ 1200,00
Total R$ 5.700,00
Fonte: O Autor.
8 REFERÊNCIAS
RAKHIT, A. K., “Heat Treatment of Gears – A Practical Guide for Engineers”, ASM
Interncional, dezembro de 2000.
HASLER, S.; ROELOFS, H.; LEMBKE, M.; CABALLERO, F. G. New air cooled steels
with outstanding impact toughness, 3nd Int Conf. On Steels in Cars and Trucks,
Salzburg, 5-9 June 2011.
ROELOFS, H.; URLAU, U.; LEMBKE, M.; OLSCHEWSKI, G. New bright bar
multiphase steels with excellent machinability, 2nd Int Conf. On Steels in Cars and
Trucks, Wiesbaden, Germany, 1-5 june 2008.
COSTA E SILVA A. L. V.; Mei P. R., Aços e Ligas Especiais, Editora Edgard
Blücher, 2ª edição, 2006, p. 399 – 411.
BIERMANN, D.; HARTMANN, H.; TERWEY, I.; MERKEL, C.; KEHL, D. Turning of
High-Strenght Bainitic and Quenched and Tempered Steels. Procedia CIRP, 7, p.
276-281, 2013.