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Caderno de Jurisprudencia

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA

JULGADOS RELEVANTES

RETA FINAL – DELEGADO PARANÁ

TURMA 3 - SEMANA 01

CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
SEMANA 01

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O PLANO PERFEITO PF E PRF
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
SEMANA 01/21

COMO UTILIZAR O MATERIAL

O presente material de apoio deve ser lido aos sábados. A ideia é que, por meio da leitura
recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ. Em caso de dúvida sobre o
teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site Dizer o Direito e estude o
informativo na íntegra.

Sumário
Sumário ......................................................................................................................................... 3
SEMANA 01 ................................................................................................................................... 5
DIREITO PENAL .............................................................................................................................. 5
CRIME CONTRA A PESSOA ............................................................................................................. 5
Homicídio (Art. 121) ..................................................................................................................... 5
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ................................................................................................. 8

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O PLANO PERFEITO PF E PRF
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
SEMANA 01/21

SEMANA 01

DIREITO PENAL

CRIME CONTRA A PESSOA

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A qualificadora prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal (deformidade permanente)
abrange somente lesões corporais que resultam em danos físicos.
Nota:
Se a lesão corporal praticada resultou em “deformidade permanente” na vítima, incide a
qualificadora prevista no art. 129, § 2º, IV, do CP.
A “alteração permanente da personalidade” pode ser considerada como uma “deformidade
permanente”? Não.
Quando o art. 129, § 2º, IV, do CP fala em “deformidade permanente” ele está se referindo a
lesões estéticas de grande monta, capazes de causar desconforto a quem a vê ou ao seu
portador. Logo, o art. 129, § 2º, IV, do CP abrange apenas lesões corporais que resultam em
danos físicos.
Veja AINDA: A deformidade permanente apta a caracterizar a qualificadora no inciso IV do §
2º do art. 129 do Código Penal, segundo parte da doutrina, precisa representar lesão estética
de certa monta, capaz de produzir desgosto, desconforto a quem vê ou humilhação ao
portador, não sendo qualquer dano estético ou físico. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp
1895015/TO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 17/08/2021.
STJ. 6ª Turma. HC 689.921-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 08/03/2022 (Info 728).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime de remoção de órgãos qualificado pelo resultado morte, previsto no art. 14, § 4º, da
Lei nº 9.434/97, NÃO é de competência do Júri.
Nota:
O bem jurídico a ser protegido, no caso, é a incolumidade pública, a ética e a moralidade no
contexto da doação de órgãos e tecidos, além da preservação da integridade física das
pessoas e do respeito à memória dos mortos.
Veja: É do juízo criminal singular a competência para julgar o crime de remoção ilegal de
órgãos, praticado em pessoa viva e que resulta morte, previsto no art. 14, § 4º, da Lei nº
9.434/97 (Lei de Transplantes).
STF. Plenário. RE 1313494/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/9/2021 (Info 1030).
STF. Plenário. RE 1313494/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/9/2021 (Info 1030).

Homicídio (Art. 121)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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O PLANO PERFEITO PF E PRF
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
SEMANA 01/21

Há NULIDADE no quesito que não questiona os jurados sobre a ciência dos mandantes do
crime em relação ao modus operandi pelos executores diretos - emboscada -, já que as
qualificadoras objetivas do homicídio só se comunicam entre os coautores desde que
tenham ciência do fato que qualifica o crime.
STJ. REsp 1.973.397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022. (Info 748).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A qualificadora da paga (art. 121, 2º, I, do CP) não é aplicável aos mandantes do homicídio,
porque o pagamento é, para eles, a conduta que os integra no concurso de pessoas, mas
não o motivo do crime.
No mesmo sentido: A qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa
de recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto, incomunicável, por força do
art. 30 do CP. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. HC 403263/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 13/11/2018.
⚠ DIVERGÊNCIA:
O homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar
do tipo qualificado, comunicando-se ao mandante do delito.
STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp 1681816/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/05/2018.
STJ. REsp 1.973.397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio cruel, na
medida em que o dolo do agente, direto ou indireto, não exclui a possibilidade de a prática
delitiva envolver o emprego de meio mais reprovável, como veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º, III, do CP).
Nota:
⚠ DIVERGÊNCIA:
• O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV (traição,
emboscada dissimulação). Para que incida a qualificadora da surpresa é indispensável que
fique provado que o agente teve a vontade de surpreender a vítima, impedindo ou
dificultando que ela se defendesse. Ora, no caso do dolo eventual, o agente não tem essa
intenção, considerando que não quer matar a vítima, mas apenas assume o risco de produzir
esse resultado. Como o agente não deseja a produção do resultado, ele não direcionou sua
vontade para causar surpresa à vítima. Logo, não pode responder por essa circunstância
(surpresa).
STF. 2ª Turma. HC 111442/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2012 (Info 677).
• A qualificadora de natureza objetiva prevista no inciso III do § 2º do art. 121 do Código Penal
não se compatibiliza com a figura do dolo eventual, pois enquanto a qualificadora sugere a
ideia de premeditação, em que se exige do agente um empenho pessoal, por meio da
utilização de meio hábil, como forma de garantia do sucesso da execução, tem-se que o
agente que age movido pelo dolo eventual não atua de forma direcionada à obtenção de
ofensa ao bem jurídico tutelado, embora, com a sua conduta, assuma o risco de produzi-la.

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SEMANA 01/21

STJ. 6ª Turma. EDcl no REsp 1848841/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/2/2021.
OBS.: É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual?
• No caso das qualificadoras do motivo FÚTIL e/ou TORPE (art. 121, § 2º, I e II, do CP): SIM.
Não há dúvidas quanto a isso. Trata-se da posição do STJ e do STF. O fato de o réu ter
assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade
de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou
indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta.
STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017.
STJ. 5ª Turma. REsp 1836556-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/06/2021 (Info 701)
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. REsp 1829601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/02/2020. (Info 665) e STJ. 5ª Turma. AgRg
no REsp 1573829/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/04/2019.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por violar os princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de
gênero.
STF. Plenário. Processo relacionado: ADPF 779, julgado em 26/02/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Deve prevalecer a orientação no sentido de que a tenra idade da vítima (menor de 18 anos
de idade) é elemento concreto e transborda aqueles inerentes ao crime de homicídio, sendo
apto, pois, a justificar o agravamento da pena-base, mediante valoração negativa das
consequências do crime, ressalvada, para evitar bis in idem, a hipótese em que aplicada a
causa de aumento prevista no art. 121, § 4º (parte final), do Código Penal.
STJ. 3ª Seção. AgRg no REsp 1851435-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/08/2020 (Info 679).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência
de álcool, além de fazê-lo na contramão.
Nota: Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a diferença entre a culpa consciente
e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco
de, eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem.
Veja AINDA:
• A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa
bastante para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte. A
embriaguez do agente condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiaridades,
não pode servir como presunção de que houve dolo eventual. STJ. 6ª Turma. REsp 1689173-
SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623).
• Na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado cabe apreciar a existência de dolo
eventual ou culpa consciente do condutor do veículo que, após a ingestão de bebida alcoólica,
ocasiona acidente de trânsito com resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1689173-SC, Rel.
Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623).
STF. 1ª Turma. HC 124687/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2018. (Info 904)
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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência
doméstica e familiar.
STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018. (Info 625)

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A competência para o julgamento do crime de estelionato, ainda que se tenha utilizado de
imagens digitais adulteradas de passaporte válido de terceiro e documentos emitidos por
órgão públicos federais, quando inexistente evidência de prejuízo a interesses, bens ou
serviços da União, é da JUSTIÇA ESTADUAL, devendo ser respeitada a regra de foro do
domicílio da vítima no caso de o crime ser praticado mediante depósito, transferência de
valores ou cheque sem provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento
frustrado.
STJ. CC 178.697-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022, DJe 27/06/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para que incida o § 1º do art. 155 do CP as únicas exigências são que o furto ocorra à noite e
em situação de repouso e, por isso, são irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não,
dormindo no momento do crime, ou o local de sua ocorrência, em estabelecimento
comercial, via pública, residência desabitada ou em veículos, bastando que o furto ocorra,
obrigatoriamente, à noite e em situação de repouso.
STJ. 3ª Seção. REsp 1979989-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/06/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1144) (Info 742).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal (prática do crime de furto
no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4º).
Nota: Seguindo a técnica legislativa, para que considerasse aplicável a majorante no furto
qualificado, deveria o legislador colocar o § 1º após a pena atribuída, o que não ocorreu. Se a
qualificação do delito é apresentada em parágrafo posterior ao que trata da majorante, é
porque o legislador afastou a incidência desta em relação aos crimes qualificados previstos
no § 4º do art. 155 do CP. Nesse contexto, aderindo a uma interpretação sistemática sob o
viés topográfico, em que se define a extensão interpretativa de um dispositivo legal levando-
se em conta sua localização no conjunto normativo, a aplicação da referida causa de aumento
limitar-se-ia ao furto simples, não incidindo, pois, no furto qualificado.
É razoável admitir a possibilidade de, diante das circunstâncias fáticas, a prática do furto
durante o período de repouso noturno ser levada em consideração na dosimetria da pena.
Em outras palavras, se a incidência da majorante no furto qualificado mostra-se excessiva,
poderá ser utilizada como circunstância judicial negativa na primeira fase da dosimetria (art.
59 do CP)
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⚠ DIVERGÊNCIA:
A causa de aumento do repouso noturno se coaduna com o furto qualificado quando
compatível com a situação fática.
STF. 1ª Turma. HC 180966 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 04/05/2020.
STJ. REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 25/05/2022 (Tema 1087).
(Info 738).
Mesmo sentido: REsp 1.979.989-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022. (Tema
1144) – Info 742.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Em razão da novatio legis in mellius engendrada pela Lei n. 13.654/2018, o emprego de arma
branca, embora não configure mais causa de aumento do crime de roubo, poderá ser utilizado
como fundamento para a majoração da pena-base, quando as circunstâncias do caso
concreto assim justificarem.
STJ. REsp 1.921.190-MG, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 25/05/2022, DJe 26/05/2022.
(Tema 1110). (Info 738).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


No crime de estelionato, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP, a
competência deve ser fixada no local onde o agente delituoso obteve, mediante fraude, em
benefício próprio e de terceiros, os serviços custeados pela vítima.
Nota: Lei n. 14.155/2021, que acrescentou o § 4º do art. 70 do Código de Processo Penal -
CPP com o seguinte teor: "nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão
de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento
frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do
domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela
prevenção".
Todavia, a inovação legislativa disciplinou a competência do delito de estelionato em
situações específicas descritas pelo legislador, as quais não ocorrem no caso concreto,
porquanto os autos não noticiam a ocorrência transferências bancárias ou depósitos
efetuados pela empresa vítima e tampouco de cheque emitido sem suficiente provisão de
fundos.
STJ. CC 185.983-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022, DJe 13/05/2022.
(Info 736).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O fiel depositário de penhora judicial sobre o faturamento está sujeito às penas previstas no
art. 168, § 1º, II, do Código Penal.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.871.947/PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 26/04/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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Em regra, é necessária perícia para comprovar a escalada no caso de furto qualificado (art.
155, § 4º, II, do CP). Excepcionalmente, a prova pericial será prescindível (dispensável) se
houver nos autos elementos aptos a comprovar a escalada de forma inconteste.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1895487-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 26/04/2022 (Info 735).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque fraudado compete ao Juízo
do local da agência bancária da vítima.
Nota: a hipótese em análise não foi expressamente prevista na nova legislação, visto que não
se trata de cheque emitido sem provisão de fundos ou com pagamento frustrado, mas de
tentativa de saque de cártula falsa, em prejuízo de correntista. Sobre o tema, destaque-se
que: (...) 3. Há que se diferenciar a situação em que o estelionato ocorre por meio do saque
(ou compensação) de cheque clonado, adulterado ou falsificado, da hipótese em que a
própria vítima, iludida por um ardil, voluntariamente, efetua depósitos e/ou transferências
de valores para a conta corrente de estelionatário. Quando se está diante de estelionato
cometido por meio de cheques adulterados ou falsificados, a obtenção da vantagem ilícita
ocorre no momento em que o cheque é sacado, pois é nesse momento que o dinheiro sai
efetivamente da disponibilidade da entidade financeira sacada para, em seguida, entrar na
esfera de disposição do estelionatário. Em tais casos, entende-se que o local da obtenção da
vantagem ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque
adulterado, seja dizer, onde a vítima possui conta bancária. (....) (AgRg no CC 171.632/SC, Rel.
Ministro Reynaldo Sores da Fonseca, Terceira Seção, DJe 16/06/2020).
Assim, aplica-se o entendimento pela competência do Juízo do local do eventual prejuízo, que
ocorre com a autorização para o saque do numerário no local da agência bancária da vítima.
STJ. 3ª Seção. CC 182.977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022 (Info 728).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de fechadura
da porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de fogo, efetuar subtração
patrimonial da residência, configuram meros atos preparatórios que impedem a condenação
por tentativa de roubo circunstanciado.
Nota: Existem algumas teorias que buscam definir em que momento se dá a passagem dos
atos preparatórios para os atos executórios.
Veja como o tema é tratado por Jamil Chaim Alves (Manual de Direito Penal. Salvador:
Juspodivm, 2020, p. 370-371):
a) Teoria subjetiva: Leva em consideração a vontade criminosa, o plano interno do autor.
Logo, não há distinção entre atos preparatórios e atos executórias. Uma vez detectada a
vontade de praticar a infração, é possível a punição.
b) Teoria da hostilidade ao bem jurídico: Atos executórios são aqueles que atacam o bem
jurídico, retirando-o do “estado de paz”. Era defendida por Nelson Hungria.
c) Teoria objetivo-formal ou lógico-formal: Atos executórios são aqueles que iniciam a
realização do núcleo do tipo penal (denomina-se “formal” porque parâmetro é a lei, ou seja,
a prática do verbo nuclear descrito no tipo). Era defendida por Frederico Marques.
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d) Teoria objetivo-material: Atos executórias são aqueles que iniciam a realização do núcleo
do tipo penal e também os imediatamente anteriores, de acordo com a visão de um terceiro
observador.
e) Teoria objetivo-individual: A tentativa começa com a atividade do autor que, segundo o
seu plano concretamente delitivo, se aproxima da realização. A origem dessa teoria remonta
a Hans Welzel.
⇾ Em que momento se consuma o crime de roubo?
Existem quatro teorias sobre o tema:
1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples contato entre o
agente e a coisa alheia. Se tocou, já consumou.
2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa subtraída passa
para o poder do agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja logo
perseguido pela polícia ou pela vítima. Quando se diz que a coisa passou para o poder do
agente, isso significa que houve a inversão da posse. Por isso, ela é também conhecida como
teoria da inversão da posse. Vale ressaltar que, para esta corrente, o crime se consuma
mesmo que o agente não fique com a posse mansa e pacífica. A coisa é retirada da esfera de
disponibilidade da vítima (inversão da posse), mas não é necessário que saia da esfera de
vigilância da vítima (não se exige que o agente tenha posse desvigiada do bem).
3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um
lugar para outro.
4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo ladrão para
tê-la a salvo.
• Súmula nº 582, STJ. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida
à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada.
STJ. 5ª Turma. AREsp 974.254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021 (Info 711).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de cheques
sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou por
meio da transferência de valores, a competência será definida pelo LOCAL DO DOMICÍLIO DA
VÍTIMA, em razão da superveniência de Lei nº 14.155/2021, ainda que os fatos tenham sido
anteriores à nova lei.
Nota: O novo § 4º do art. 70 do CPP, que trata sobre a competência para julgar o crime de
estelionato, aplica-se imediatamente aos inquéritos policiais que estavam em curso quando
entrou em vigor a Lei nº 14.155/2021.
STJ. 3ª Seção. CC 180.832-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A reincidência específica tratada no art. 44, § 3º, do Código Penal somente se aplica quando
forem idênticos, e não apenas de mesma espécie, os crimes praticados.

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Nota: MUDANÇA DE ENTENDIMENTO


O que se entende por reincidente específico para os fins do § 3º do art. 44? É o indivíduo que
cometeu um novo crime doloso idêntico.
• se o condenado tiver praticado um novo crime doloso idêntico: não terá direito à
substituição.
Ex: João foi condenado por furto simples. Depois, foi novamente condenado por furto
simples. Não terá direito à substituição porque a reincidência se operou em virtude da prática
do mesmo crime.
• se o condenado tiver praticado um novo crime doloso da mesma espécie (mas que não seja
idêntico): pode ter direito à substituição.
Ex: Pedro foi condenado por furto simples (art. 155, caput). Depois, foi novamente
condenado, mas agora por furto qualificado (art. 155, § 4º).
Em tese, o juiz poderia conceder a substituição porque o furto simples e o furto qualificado
são crimes da “mesma espécie”, mas não são o “mesmo crime”.
STJ. 3ª Seção. AREsp 1.716.664-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2021 (Info 706).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Retroatividade da representação no crime de estelionato:
Nota:
• Em 09.06.2020 - O STJ entendeu que a retroatividade da representação do crime de
estelionato deve se restringir à fase policial, já que a representação tem natureza de
CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE e não condição de prosseguibilidade (HC 573.093).
• 04.08.2020 - A decisão do STJ foi no sentido de que, por ser lei mais benéfica e de conteúdo
normativo penal, deve retroagir atingindo também as ações penais (HC 583.837-SC). “A
retroatividade da representação prevista § 5º do art. 171 alcança todos os processos em
curso.” STJ. 6ª Turma. HC 583.837/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/08/2020
(Info 677).
• 14.09.2020 - Entretanto, a 5a Turma do STJ decidiu no sentido anterior, posicionamento
REITERADO no dia 21.09.20: pela irretroatividade.
• 14.10.2020 - No mesmo sentido, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação
retroativa do parágrafo 5º do artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento
da denúncia a ação era incondicionada e não se exigia representação (HC 187.341/SP).
• Em 24.03.2021, a 3a Seção do STJ decidiu: A retroatividade da representação no crime de
estelionato não alcança aqueles processos cuja denúncia já foi oferecida.
Ocorre que, em 22.06.2021, a 2ª Turma do STF decidiu que a alteração promovida pela Lei nº
13.964/2019, que introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da
pretensão punitiva do Estado à representação da pessoa ofendida, DEVE SER APLICADA DE
FORMA RETROATIVA A ABRANGER TANTO AS AÇÕES PENAIS NÃO INICIADAS QUANTO AS
AÇÕES PENAIS EM CURSO ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO.
STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/6/2021 (Info 1023).
Divergência: STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/6/2021 (Info 1023) X STJ. 3ª Seção. HC
610.201/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021. (Info 691)

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O PLANO PERFEITO PF E PRF
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS
SEMANA 01/21

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O art. 4º da Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do CP, não possui
vício de inconstitucionalidade formal.
Nota: não é possível o controle jurisdicional em relação à interpretação de normas
regimentais das Casas Legislativas, sendo vedado ao Poder Judiciário, substituindo-se ao
próprio Legislativo, dizer qual o verdadeiro significado da previsão regimental, por tratar-se
de assunto interna corporis, sob pena de ostensivo desrespeito à Separação de Poderes, por
intromissão política do Judiciário no Legislativo.
⚠ Tese fixada pelo STF: “Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art.
2º da Constituição Federal, quando não caracterizado o desrespeito às normas
constitucionais pertinentes ao processo legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o
controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do alcance de normas
meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria interna corporis.”
STF. Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1120) (Info 1021).

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