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Volume 12

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ISSN 2764-7838

REVISTA CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO - CLEO ASSESSORIA E


EDITORA EM EDUCAÇÃO
DOI

CNPJ 29.288.827/0001-24
ISSN 2764-7838
CLEONILDO DE LIMA CAMPOS
DIRETOR

EDITOR (ES)
JEFFERSON FERNANDO DE PINHO E SILVA
JENNYFER DE PINHO E SILVA

DESIGNER GRÁFICO
WENDER TALLIS LARA

FACULDADE SERRA GERAL – FACULESTE


CNPJ 41.482.531/0001-45

PERIÓDICO – MENSAL VEICULAÇÃO – IMPRESSO


DIGITAL 01/12/2022
PÚBLICO GERAL

VOLUME 12 DIGITAL

CLEO ASSESSORIA E EDITORA EM EDUCAÇÃO


FONE (65) 99325 – 8356
CLEO.ASSESSORIAACADEMICA@HOTMAIL.COM
CUIABÁ – MT

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ISSN 2764-7838

REVISTA CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO


PERIÓDICO MENSAL VOLUME 12 - CUIABÁ – 2022
AUTORES

OS BRINQUEDOS E A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES NA EDUCAÇÃO INFANTIL


LILIANE ALVES PINHEIRO LIMA
RONILDA MARIA DA CRUZ RIBEIRO
ELIZE MARINHO LISBOA

O LETRAMENTO E O LÚDICO NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS


LILIANE ALVES PINHEIRO LIMA
RONILDA MARIA DA CRUZ RIBEIRO
ELIZE MARINHO LISBOA

ADAPTAÇÃO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL


LILIANE ALVES PINHEIRO LIMA
RONILDA MARIA DA CRUZ RIBEIRO

A MÚSICA E A DANÇA COMORECURSOPEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E


NAS SÉRIES INICIAIS
LILIANE ALVES PINHEIRO LIMA
RONILDA MARIA DA CRUZ RIBEIRO

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ISSN 2764-7838

OS BRINQUEDOS E A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES NA


EDUCAÇÃO INFANTIL
LILIANE ALVES PINHEIRO LIMA
RONILDA MARIA DA CRUZ RIBEIRO
ELIZE MARINHO LISBOA

RESUMO
O objetivo deste artigo é discutir as contribuições que o brinquedo pode oferecer à
aprendizagem e ao desenvolvimento infantil. Para tanto foi feita uma pesquisa bibliográfica
sobre as definições, os tipos e como podem ser trabalhados os brinquedos na educação. O
brinquedo é um recurso que pode estimular o desenvolvimento infantil e proporcionar meios
facilitadores para a aprendizagem escolar. Utilizar o brinquedo como recurso escolar é
aproveitar uma motivação própria da criança tornando a aprendizagem mais atraente.
Entretanto, o meio escolar encontra dificuldades como falta de espaços estruturados,
profissionais despreparados, entre outros fatores que impedem a utilização do brinquedo como
recurso facilitador no processo daaprendizagem.
Palavraschave: Brinquedos. Aprendizagem. Prática Pedagógica

INTRODUÇÃO
Este artigo analisa como os brinquedos influenciam a aprendizagem na educação
infantil. Este tipo de aprendizagem inclui o lúdico como instrumento de ensino, dando à
criança objetos reais para que possa manipulá-los. As vantagens de se trabalhar com os
brinquedos no processo de educação é permitir à criança ação, afetividade, construção de
representações mentais, manipulações dos objetos que desenvolvem raciocínio, habilidade
sensório-motor além das trocas nas interações que estimulam múltiplas inteligências,
contribuindo para o desenvolvimento cognitivoinfantil.
O brincar alegra, desperta sentimentos, contribui para o desenvolvimento global e para
a socialização, pois dificilmente brincamos sozinhos. O brinquedo torna- se objeto de
comunicação, meio pelo qual a criança sai de uma relação centralizada em um objeto, para
torná-lo um utensílio mediador entre ela e as outras crianças, entre ela e o mundo. O
brinquedo traduz o mundo para a realidade infantil possibilitando o desenvolvimento da
inteligência, sensibilidade, habilidade e criatividade, proporcionando a socialização entre
crianças e adultos.
Na teoria de Carr, citado por Barros (1988, p.185), “admite-se que o brinquedo tem a
função de descarregar as tendências anti-sociais que são naturais na criança, mas que se
mostram incompatíveis com o estágio atual de nossa civilização. O brinquedo tem, portanto
uma função catártica, isto é purificada”.
O lúdico é uma opção de trabalhar o conhecimento de forma prazerosa, pois é
através do brincar que a criança aprende a lidar com o mundo e contribui para formação de sua
personalidade, recriando situações vivenciadas por elas e por suas experiências. Dentro dessa
compreensão Kishimoto (2003, p.18) afirma:
Admite-se que o brinquedo represente certas realidades. Uma
representação é algo presente no lugar de algo. Representar é

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corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua


ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções:
tudo o que existe no cotidiano, na natureza e as construções humanas.
Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar a criança um
substituto dos objetos reais, para que eles possam manipulá-los.
O lúdico em todas as suas dimensões deve proporcionar à criança situações que
desenvolvam a sua capacidade de deduzir e levantar questões através da tentativa do erro. Ao
serem trabalhados, os brinquedos facilitam a aprendizagem, o desenvolvimento e a
socialização da criança.
Estes pressupostos foram analisados e comprovados através de levantamento
bibliográfico com o qual obtivemos um estudo qualitativo descrevendo a importância do tema
desenvolvido.
A metodologia aplicada para a construção deste artigo científico foi baseada em
pesquisas bibliográficas, especialmente com a leitura das obras de Kishimoto e Oliveira entre
outros autores dereferência para este estudo.
Essa pesquisa tem, portanto, o objetivo de analisar como os brinquedos são trabalhados
na educação infantil e reafirma a necessidade de se trabalhar com os brinquedos para um
melhor desenvolvimento da criança. Diante do exposto, acreditamos que se faz necessário o
uso dos brinquedos como um recurso pedagógico para o desenvolvimento das habilidades
necessárias paralelas ao aprender e brincar num contexto educacional que vise o educando
como um ser integral.
O BRINQUEDOE O DESENVOLVIMENTOCOGNITIVO DA CRIANÇA
Desde os séculos passados até os nossos dias, estudiosos têm se voltado para a
necessidade de explicar o brinquedo, a atividade lúdica, ou simplesmente, os jogos para as
crianças.
Os brinquedos são de vital importância para a aprendizagem e para a educação da
criança por propiciar o desenvolvimento simbólico, estimular sua imaginação a capacidade de
raciocínio e a autoestima.
O brinquedo é o objeto real ou imaginário que antecipa os dados da
realidade. Normalmente visto pelos adultos como sinônimo de
divertimento, de entretenimento ou atividade de descarga de energias,
o brinquedo oferece à criança algo, além disso, pois representa uma
fonte de conhecimento, de satisfação e uma fonte de acesso ao
imaginário (MOREIRA, 1994, p.53).
Com a utilização dos brinquedos, as crianças enriquecem o processo de aprendizagem e
priorizam o desenvolvimento cognitivo. Quando o brinquedo é utilizado de forma divertida,
criativa e estimulante, as crianças se interessam e se envolvem mais nas suas atividades.
A aprendizagem envolve o uso de todos os poderes, capacidades,
potencialidades do homem, tanto físicas, quanto mentais e afetivas.
Isto significa que a aprendizagem não pode ser considerada somente
como um processo de memorização ou que emprega apenas o conjunto
das funções mentais ou unicamente os elementos físicos ou
emocionais, pois todos estes aspectos são necessários. (CAMPOS,
1978, p.27).
Através do brinquedo, a criança exercita as capacidades de representar o mundo e de
distinguir as pessoas. Brincando, a criança passa a compreender as características dos objetos,
seus funcionamentos, os elementos da natureza e os

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acontecimentos sociais. A criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas


habilidades no seu dia- a- dia, buscando cada vez mais desenvolver-se diante das dificuldades
encontradas.
De acordo com as abordagens de Kishimoto (1999) o brinquedo pode assumir duas
funções principais:
Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido
voluntariamente. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não
pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a
aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, sócio-cultural, colabora para uma boa saúde
mental, prepara para um estudo interior fértil, e facilita no processo de socialização,
comunicação, expressão e construção do conhecimento.
Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o individuo em seu
saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. Na função educativa o brinquedo é
utilizado de forma prazerosa, porque as crianças aprendem brincando. Elas descobrem,
inventam, aprendem, desenvolvem inúmeras habilidades, como a criatividade, a autonomia, a
socialização, a linguagem, a curiosidade, a concentração e o raciocínio lógico. É através dele
que são fortalecidososlaços de confiança entre as crianças e o professor.
Para Vygotsky, citado por Kishimoto (1999, p.51), “a imaginação em ação ou o
brinquedo é a primeira possibilidade de ação da criança numa esfera cognitiva que lhe permite
ultrapassar a dimensão perceptiva motora do comportamento.”
Na dimensão sociológica do brinquedo, a criança não é convidada a participar da
concepção e fabricação do brinquedo, que é industrializado, expressando determinações do
modo capitalista da produção, mas, nem por isso, e nem sempre se conforma com seu
significado aparente. A criança reage de maneiras diferentes, recriando seus significados, ela
percebe no brinquedo a oportunidade deinserção no mundo e sua modificação como criança.
Quando a criança chega à idade escolar do ensino fundamental, ela já é capaz de brincar
em grupo, com outros, pois já está apta a obedecer as regras e a esperar sua vez, pois antes
dessa idade, ela já brincou paralelamente com outras crianças ou em grupo de no máximo
três, só que ela ainda não participou de jogos sujeitos à regras, pois, embora possa percebê-las,
mostra-se incapaz de submeter-se a elas. De fato nessa idade a criança está ainda no estágio
egocêntrico, em que ela joga livremente, a seu modo, Entre eles estão a pipa, o pião, a peteca,
o barco e etc.
Os brinquedos com regras tornam-se cruciais para o desenvolvimento de estratégias de
tomada de decisões. Através da brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimenta
formas de comportamento e socializa, descobrindo o mundo à sua volta. Ao brincar com
outras crianças, ela encontra os seus pares e interage socialmente, descobrindo desta forma
que não é o único sujeito da ação e que, para alcançar os seus objetivos, deverá considerar o
fato de que os outros também possuem objetivos próprios que querem satisfazer. Nos jogos
com regras, os processos originados e/ou desenvolvidos são outros, uma vez que nestes o
controle do comportamento impulsivo é diferente e necessário. É a partir das características
específicas de cada jogo que a criança desenvolve as suas competências para adaptar o seu
comportamento, distanciando-o cada vez mais da impulsividade. Nos jogos, como o dominó,
o baralho, o quebra cabeça e o brinquedo pedagógico, os objetivos são dados de forma clara,
devido à sua própria estrutura, o que exige e permite, por parte da criança, um avanço na
capacidade de pensar e refletir sobre as suas ações, o que lhe permite auto-avaliação do seu
comportamento moral, dassuas habilidades e dosseus progressos.
BRINQUEDONA ESCOLA: APRESENÇA DA BRINQUEDOTECA
A brinquedoteca é um espaço que visa a estimular crianças e jovens a brincarem
livremente, pondo em prática a criatividade, a socialização e a imaginação em atividades
lúdicas. Por meio da brinquedoteca avaliamos nas crianças o seu desenvolvimento, através do
acompanhamento, da observação diária, no que se refere à socialização, à iniciativa à
linguagem, ao desenvolvimento motriz estimulando através das atividades lúdicas o
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desenvolvimento das suas potencialidades. Toda atividade que se realiza com prazer é mais
assimilável.
A brinquedoteca deve ser um espaço alegre, colorido, diferente, onde crianças e jovens
soltam a sua imaginação, sem medo deserem punidas e cobradas.
A brinquedoteca pode ter varias funções: pedagógica, social e comunitária, oferecendo
possibilidades deboas brincadeiras e com, brinquedos dequalidade lúdica e pedagógica.
Nas brinquedotecas existem brinquedos variados, novos, usados, brinquedos de
madeira, plástico, metal, pano e até mesmo, os que nossos pais brincavam. Os brinquedos
realizam sonhos, desmitificam fantasias, ou simplesmente estimulam a criança a brincar
livremente. A criança ao entrar na brinquedoteca, deve ser tocada pela expressividade da
decoração, pela alegria e pela magia do espaço.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste artigo foram elencados argumentos que evidenciam o brinquedo
como uma ferramenta para estimular o desenvolvimento infantil e a aprendizagem no
contexto escolar. A pesquisa realizada oferece aos profissionais de educação a oportunidade
de reverem e se, necessário, reestruturarem seus planos de ensino para deixá-los mais atrativos
e eficazes no trabalho com crianças.
Quanto à aprendizagem, utilizar o brinquedo como recurso é aproveitar a motivação
interna que as crianças têm e tornar a aprendizagem de conteúdos escolares mais atraentes.
Entretanto, de acordo com as pesquisas, o meio escolar ainda não está conseguindo utilizar o
brinquedo como facilitador para essa aprendizagem. Muitas dificuldades e barreiras ainda são
encontradas, tais como a falta de espaços adequados, de recursos e principalmente, de
capacitação profissional.
A utilização do brinquedo como uma estratégia a mais para aprendizagem trará
benefícios tanto para as crianças, que terão mais condições facilitadoras para o seu
desenvolvimento, quanto para os professores, que poderão utilizar mais um recurso para
atingir seus objetivos escolares.
O espaço do brinquedo, a Brinquedoteca, é fundamental na escola. Nele, as relações
entre as crianças acontecem (troca, socialização, partilha) evitando atitudes egocêntricas e
promovendo o aprender para a vida, com aproximação entre a realidade, a imaginação, a
criatividade e o saber.
REFERÊNCIAS

BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de psicologia do desenvolvimento. São Paulo:


Ática, 1988.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília:


MEC/SEF, 1998.
BRINQUEDOTECA, o lúdico em diferentes contextos. 1997. Disponível
em:<www.portaleducação.com.br/pedagogia/artigos9238/brinquedoteca a arte de
ensinar.brincando>. Acesso em: 25 deoutubro de 2010.

CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da aprendizagem. 10ª ed. Petrópolis: Vozes,
1978.

CASASSUS, Juan. Fundamentos da educação emocional. Brasília: UNESCO, Líber Livro


Editora, 2009.

KISHIMOTO, Tizuco Morchida. O Jogo ea educação. São Paulo: Pioneira, 2003.

KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo:


Cortez, 1999.

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O LETRAMENTO E O LÚDICO NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
LILIANE ALVES PINHEIRO LIMA
RONILDA MARIA DA CRUZ RIBEIRO
ELIZE MARINHO LISBOA

RESUMO

O letramento vem como proposta de alfabetização por meio da prática social. Enquanto a alfabetização
objetiva o conhecimento e o reconhecimento da escrita e da leitura por meio da codificação e
decodificação, o letramento consiste nas práticas sociais da escrita e da leitura. Hoje, sabe - se que a
aprendizagem da linguagem escrita, assim como as práticas de letramento se iniciam muito antes da
entrada na escola, nas leituras que a criança faz do mundo que a rodeia, nas diferentes formas de
interação que estabelece. Conclui-se o estudo, enfatizando a importância do desenvolvimento das
atividades lúdicas, no contexto da educação infantil, reconhecendo-as como reais desencadeadoras,
mediadoras do letramento.

Palavras-chave: práticassociais, línguaescrita e letramento.1.INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO
Neste artigo queremos relatar que por meio do letramento associado à ludicidade, surge uma
nova perspectiva para o desenvolvimento do ensino escolar, onde os alunos aprendem através de jogos e
brincadeiras. A necessidade de resgatar o valor do brinquedo e das brincadeiras em um ambiente escolar
é essencial e consolida ações de valores e códigos de moral e conduta cidadã. Por se entender que, no
espaço da educação infantil, as atividades lúdicas dão suporte ao protagonismo da criança dentro do
processo de aprendizagem, espera-se salientar sua a importância como mediadoras no processo de
desenvolvimentodosprocessos de letramentodessacriança.
A partir da hipótese de que, pela brincadeira, a criança realiza atividades essenciais para o seu
desenvolvimento e que, por meio desse brincar, ela alcança as formas superiores mentais ao mesmo
tempo se torna participante efetiva de seu meio sociocultural, objetiva-se, dentro deste estudo, entender a
contribuição do ato de brincar para a aquisição das formas superiores de desenvolvimento, como a
apropriação da linguagem escrita e as práticas de letramento nas crianças que integram o espaço da
educação infantil. E por meio da ludicidade as crianças socializam com o mundo atual, tornando a sala
de aula em um ambientemais afetuoso.
Desse modo, o objetivo desse artigo é enfatizando a importância do desenvolvimento das
atividades lúdicas, no contexto da educação infantil, reconhecendo-as como reais desencadeadoras,
mediadoras do letramento.
Assim buscando a dimensão político-estético da aquisição do conhecimento para o bojo da
discussão e a questãodolúdico, do imaginário, da brincadeira e dojogo como elementos capazes de
contribuírem de forma decisiva, noprocesso de construção dalinguagem e do pensamento.
Em sua metodologia, o estudo contou com a pesquisa. Visando oportunizar a discussão sobre a
importância doletramentoe o lúdiconaspráticas pedagógicas.

2. METODOLOGIA
2.1 O Letramento
É a prática social da leitura e da escrita. A palavra letramento surgiu na metade dos anos 80,
nodiscurso de especialistasdessas áreas que desejavamuma educaçãode boa qualidade paratodos.
O termo letramento é um conceito bastante utilizado, tantopor teóricos, quanto por

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Professores que atuam com educação. Sabemos, contudo, que muitos profissionais não sabem ao certo o
significado
desse conceito. Assim, Soares afirma que ‘’[...] letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou
aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como
consequência de ter-seapropriadoda escrita’’
(SOARES, 2012, p. 18).
Um fator importante a ser ressaltado é que ‘[...] no Brasil os conceitos de alfabetização e
letramento se mesclam, se superpõem, frequentemente se confundem (SOARES, 2003, p. 7). No
entanto, mesmo cada um apresentado os seus próprios significados, ‘[...] a discussão do letramento surge
sempre enraizadano conceitode alfabetização [...]’ (SOARES, 2003, p.8).
Percebemos que o letramento inicia muito antes de ocorrer a alfabetização. Mesmo quando as
crianças não identificamo código
Escrito, mas estão inseridas em uma cultura grafocêntrica, elas podem ser consideradas
indivíduosletrados, poisjá estãosabendo fazer uso da leitura e daescrita. Soares (2012) ressalta que:
[...] só recentemente passamos a enfrentar esta nova realidade social em que não basta apenas
saber ler e escrever, é preciso também fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de
leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente-daí o recente surgimento do termo letramento
(que, como já foi dito, vem-setornandode usocorrente, emdetrimentodotermoalfabetismo
(SOARES, 2012, p. 20)
No entendimento de Soares (2012, p. 39-40), ‘’[...] um indivíduo alfabetizado não é
necessariamente um indivíduo letrado’’. E acrescenta que ‘’[...] alfabetizado é aquele indivíduo que sabe
ler e escrever; já o indivíduo letrado , o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aqueles
que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leiturae a escrita [...]’’ (p.39-40).
O nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros textuais que a criança ou adulto
reconhece. Uma criança que vive em um ambiente em que se lêem livros revistas, jornais e outros tipos
de leitura, ou os adultos lêem para as crianças em voz alta enriquecendo com gestos e ilustrações, terá
um nível de letramento superior ao de uma criança cujo os pais são analfabetos e não tenha nenhum
acesso a esse mundoletrado. Onde Paulo Freire afirmaque:
Na verdade, o domínio sobre os signos linguísticos escritos, mesmo pela criança que se
alfabetiza, pressupõe uma experiência social que o procede-a da ‘’leitura’’ do mundo, que aqui
chamamos de letramento. ( Freire, 1990, p.).
A prática do Letramento vai além do mundo da escrita tal qual ele é concebido como a família,
igrejas e até mesmoa ruacomo local de trabalhonos mostram diferenciações de letramento.
Letramento é o resultado de ensinar a ler e a escrever. É o estado ou a condição que adquire
um grupo social ou individuo como consequência de ter-se apropriado da escrita. É usar a leitura e a
escrita para seguir instruções.
A palavra letramento não está dicionarizada porque foi introduzida muito recentemente na
línguaportuguesatantoquequase podemos datar com precisãosua entrada nanossalíngua.
O letramento tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações
da escrita na sociedade e se amplia cotidianamente por toda vida, com a participação nas práticas sociais
que envolvem a língua escrita. Abarca as mais diversas práticas de escrita na sociedade e por ir desde
uma apropriação mínima da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado na medida em
que identifica o valor do dinheiro e o ônibus que tomar, consegue fazer cálculos complexos sabe
distinguir marcas de mercadorias etc..., porém não escreve cartas, não lê jornal etc. Se a criança ler, mas
pede que leiam histórias para ela, ou finge estar lendo um livro, se não sabe escrever, mas faz rabiscos
dizendo que aquilo é uma carta que escreveu para alguém, é letrada, embora analfabeta porque conhece
e tenta exercer no limite de suas possibilidades práticas de leitura e de escrita. Um grave problema
é que há

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pessoas que se preocupam com alfabetização sem se preocupar com o contexto social em que os alunos
estão inseridos. ‘’...de que adianta alfabetizar se os alunos não têm dinheiro para comprar um livro ou
uma revista? A escola, além de alfabetizar, precisa dar as condições necessárias para o letramento. E um
dos pontos importantes para letrar é saber que há distinção entre alfabetização e letramento, entre
aprender o código e ter habilidade de usá-lo. Ao mesmo tempo em que é fundamental entender que eles
são indissociáveis e têm as suas especificidades, sem hierarquia ou cronologia: pode-se letrar antes de
alfabetizar ou o contrário. Essa compreensão é o grande problema das salas de aula. As crianças chegam
ao segundo ciclo sem saber ler e escrever, elas precisam ser alfabetizadas convivendo com material
escrito de qualidade. Assim, a criança se alfabetiza sendo, ao mesmo tempo, letrada. É possível
alfabetizar letramentopor meioda prática daleitura e escrita’’.
Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é a mesma que era quando era
analfabeta ou iletrada; ela passa a ter outra condição social e cultural ao se trata propriamente de mudar
de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo de viver na sociedade,
sua inserção na cultura sua relação com os outros, com o contexto, com os bens culturais, tornar-se
diferente.
Há a hipótese de que se tornar letrado é também se tornar letrado é também se tornar
cognitivamente diferente: a pessoa passa a ter uma forma de pensar diferente da forma de pensar de uma
pessoa analfabeta ou iletrada.
Já as crianças convivem com a língua oral em diferentes situações de interação social e, por
meio desta, aprendem sobre si, sobre os seus pares e sobre a realidade que as cercam. Estão igualmente
cercadas de situações nas quais estão presentes as práticas sociais de leitura e escrita, como por
exemplo: escrita de cartas, bilhetes e avisos, leitura de rótulos de embalagens, placas e outdoors, escuta
de histórias, poemas e parlendas, dentre outros.
‘’...não é novidade que o Brasil ainda enfrenta insistentemente o problema do analfabetismo,
tanto de crianças que saem da escola e de outros que não tiveram a oportunidade de se apropriarem do
saber da leitura e escrita. É fato que o nosso país possui um número significativo de indivíduos que não
adquiramo saber necessário paraatender às exigências de uma sociedadeletrada’’.

Na atividade lúdica o que importa não é apenas o produto da atividade e o que dela resulta,
mas a própria ação e movimentos vividos e possibilitando a vivência de encontros com os outros e com
você mesmo.
É com Froebel que o jogo passa a fazer parte do currículo da educação infantil. A criança ira
brincar na escola manipular brinquedos paraaprender conceitos e desenvolver habilidades.
No mundo lúdico, a criança encontra equilíbrio entre o real e o imaginário, alimenta sua vida
interior, descobre o mundo e torna-se operativa. Pelas das brincadeiras, a criança seleciona e apropria-
se de elementos da cultura adulta, incorporando-os ao seu universo infantil. Brincar, para ela, é meio de
expressão, é forma de integrar-se ao ambiente que a cerca. Por meio das atividades lúdicas, a criança
assimila valores, adquire comportamentos, desenvolvendo diferentes áreas de conhecimento. Vale ainda
salientar que, quanto mais rica for a vivência da criança, mais substanciais serão os seu s jogos. O poder
do jogo, de criar situações imaginárias, permite à criança ir além do real, o que colabora para o seu
desenvolvimento.
No jogo simbólico, a criança é mais do que é na realidade, permitindo-lhe o aproveitamento de
todo o seu potencial. Nele, a criança toma iniciativa, executa, avalia. O poder simbólico do jogo do faz
de conta abre um espaço para a apreensão de signif icados de seu contexto, e oferece alternativas para
novas conquistas no seu mundo imaginário. Assim, a forma pela qual a criança constrói conhecimento,
na faixa etáriaque corresponde à Educação Infantil é pelo jogo, pelabrincadeira.
Por meio do lúdico a criança aprende a conhecer e compreender o mundo que a envolve. A
criança reproduz na brincadeira, no jogo, as impressões que vivencia no seu contexto. Logo, a
brincadeira, que caracteriza, claramente, um domínio de atividade infantil, evidencia também clara

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relação como desenvolvimento.

3. RESULTADOS EDISCUSSÕES
Pode-se ressaltar que, por meiodas observações e estudodo trabalho,
é possível concluir que o uso do lúdico como forma de ensinar é uma prática muito relevante
para alcançar o objetivo de introduzir, no contexto da sala de aula, práticas pedagógicas que visem o
letramento. É importante ressaltar que a realização dessa tarefa torna-se mais prazerosa quando se faz de
forma lúdica, com atividades que estejam no campo de interesse dos alunos, com práticas que os faça
vislumbrar o lado interessante da aprendizagem, tirando a insipidez e a monotonia da sala de aula. Isso
vale para todas as séries, etapas e modalidades de ensino, com as adaptações necessárias à idade e ao
campo de interesse do discente. O fato é que a aprendizagem torna-se muito mais significativa e
prazerosa quando o contato entre o aluno e o conhecimento se dá de formas mais agradável, fugindo da
mera relaçãoteórica,cujaabstração por vezes se torna umobstáculoa afetivaaprendizagem.

4. CONCLUSÃO
Procurou-se destacar, no decorrer deste trabalho, a importância das atividades lúdicas no
contexto do letramento no espaço da educação infantil. Nas leituras que subsidiaram esta pesquisa, ficou
claro que o aprendizado da linguagem escrita envolve a elaboração de todo um sistema de representação
da realidade, evidenciando uma espécie de continuidade entre diversas atividades simbólica como os
gestos, o desenho e o brinquedo. Em outras palavras, essas atividades contribuem para o
desenvolvimento da representação simbólica (em que signos representam significados) e,
consequentemente, para o processodeaquisiçãodalinguagem escrita e introduçãonas práticas deletramento.
Evidenciou-se, no decorrer do trabalho que, pela valorização das atividades lúdicas dentro do
espaço da educação infantil, o educador estará proporcionando às crianças uma via de descoberta e
desenvolvimento de suas potencialidades e capacidades linguísticas, além de uma perfeita interação
sociocultural, que facilitará oprocessode introdução às práticas de letramento.
Pode-se afirmar que, mais do que nunca, faz-se necessário ampliar o conceito de alfabetização
presente na maioria das escolas e escolas de educação infantil, trazendo a dimensão político -estético da
aquisição do conhecimento para o bojo como elementos capazes de contribuírem, de forma decisiva, no
processode construção da linguageme dopensamento.
E o papel da ludicidade, todavia, se torna imensurável porque permite que o aluno construa as
suas próprias relações de aprendizagem, de maneira natural, tendo o professor como mediador
facilitador deste processo. Conclui-se como este trabalho que o letramento é um processo que demanda
de muito estudo, aperfeiçoamento e dedicação, acima de tudo, porque é uma fase fundamental na vida
de todas as pessoas, que além de estarem decifrando o código da escrita, que embasa todo nosso
desenvolvimento social, estão interpretando as relações que constroem em seu dia a dia nas instituições
em que participam, sejana família, naescola ou na rua, com os amigos.

5. REFERÊNCIAS
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetizaçãoe Leitura. São Paulo: Cortez 1994. CAGLIARI, Luiz Carlos.

Alfabetização e linguística. 10 ed. São Paulo: Scipione, 1999.

CONCEIÇÃO, Marivania Lellis; LITTIG, Mayara Wasen; ZEFIRINO, Stefania De Freitas; PEREIRA,
Taimara RuthDo Carmo De Almeida. A Ludicidade no processo de Alfabetização.
https://multivix.edu.br/wp-content/uploads/2018/12/a-ludicidade-no-processo-de-alfabetizacao.pdf.
Acesso: 13/09/2021.

CURTO, LIuís Maruny; MORILLO, Ministral; TEIXIDÓ, Manuel Miralles. Escrever e ler: como as
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2000.
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CURTO, LIuís Maruny; MORILLO, Maribel Ministral; TEIXIDÓ, Manuel Miralles. Escrever e ler:
materiais erecursos para a sala de aula. Vol.II. Porto Alegre: Artmed, 2000.

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogêneseda Língua escrita. Porto Alegre: ArtesMédicas,
1985. KLEIMAN, Angela B (Org). Os significados do Letramento: uma nova perspectiva sobre a
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SANTOS, Isóldi dos. Monografia, A ludicidade no processo de


alfabetização.
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LIMA, Adriana Flavia Santos de. Pré-escola e alfabetização: uma proposta baseadaem Paulo Freeire
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MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogiada animação. São Paulo: Tapirus. 1990.

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ISSN 2764-7838

ADAPTAÇÃODAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL


LILIANE ALVES PINHEIRO LIMA
RONILDA MARIA DA CRUZ RIBEIRO

Resumo:
O objetivo e investigação da problemática foram “Estratégias de inserção da criança na
escola em um processo menos doloroso para o desenvolvimento infantil”. A abordagem da
pesquisa foi qualitativa com a técnica de cunho bibliográfico. Verificaram-se entre os
estudos categorias comuns, em uma análise conceitual concluiu-se que os envolvidos no
processo: criança, pais, professores e instituição precisam ser interagentes. A afetividade e a
formação dos educadores, o ambiente escolar e o adequado planejamento para a inserção
escolar infantil, são algumas estratégias para a adaptação menos dolorosa e bem sucedida.

INTRODUÇÃO
O devido acolhimento da criança no ambiente escolar modifica sua percepção
social no decorrer do avanço nas séries escolares. A adaptação da criança na Educação
Infantil é um momento muito difícil, sendo esse acontecimento considerado uma transição
do ambiente familiar para outro totalmente desconhecido, que precisa ser explorado,
conhecido, identificado. Conforme Santos (2012), a criança pode ter certa dificuldade de se
adaptar a um ambiente e a uma pessoa que não faça parte do seu convívio familiar, sendo na
escola ou em qualquer outro lugar.
Corroborando com Oliveira (2018), o processo de adaptação escolar precisa do
total envolvimento das famílias, pois a criança necessita do apoio familiar para conseguir se
tornar um membro pertencente à instituição. Sendo os familiares mediadores na
apresentação do novo espaço, pessoas e rotina, a forma em que reagem as famílias que
ressignifica a experiência para a criança.
Justifica-se a escolha e relevância do tema, em virtude da atuação profissional,
fazer parte do processo, experiências e vivências, instigaram a escolha do assunto e
pesquisa
para aprofundar os conhecimentos sobre a adaptação das crianças na creche. Para
isso, elencou-se a problemática do estudo: Quais estratégias de inserção dacriança na
Educação Infantil poderão auxiliar tornando o processo menos doloroso para o
desenvolvimentoinfantil?
Ao investigar o problema, na tentativa de respostas, ideias, soluções,
amenização, foram definidas a metodologia para que isso fosse possível. O estudo teve a
pesquisa teórica, pois esse tipo de pesquisa é aquele cujo questionamento incide sobre um
determinado arcabouço teórico-conceitual. A abordagem da pesquisa foi qualitativa, pois
segundo Lakatos e Marconi (2012) possui a facilidade de poder descrever a complexidade
de um determinado problema, analisar a interação, compreender e classificar processos
dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar essascontribuições no processo de
mudança com a criação ou formação de opiniões,em maior grau de profundidade. A técnica
e instrumentos de coleta de dados foram bibliográficos, que elucidaram a compreensão do
estudo e problema coma pesquisa em uma parte da bibliografia que já se tornou exposta em
relação ao tema de estudo.
O objetivo geral do estudo foi: Estratégias de inserção da criança na escola em
um processo menos doloroso para o desenvolvimento infantil. Para agregar conhecimento e
obter maior compreensão do estudo, elencaram-se objetivos específicos, sendo: identificar
os envolvidos no processo de adaptação; destacar a importância da afetividade no processo;
sugerir estratégias para a melhor inserção dacriança na creche.
Em busca das respostas para a inquietação do problema elencado, foi possível
encontrar em dezessete trabalhos acadêmicos, com pesquisas qualitativas e quantitativas
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que contribuíram para nortear o assunto. Desses estudos, foram selecionados seis autores
que escreveram sobre a temática abordada. Percebeu-se entre as pesquisas, que houve
pontos comuns, determinando-se categorias. Em concordância com esses estudos, obteve-se
oalcance e as contribuições para os objetivos específicos e respostas ao problema da
pesquisa.
O presente estudo foi estruturado em duas partes, a fundamentação teórica e a
discussão de resultados. Na primeira desenvolveu-se umembasamento teórico, de acordo
com a temática, contemplaram-se os trabalhos científicos já publicados. A partir desses
estudos, obtiveram-se mais informações, ampliando o conhecimento sobre o assunto.
Norteou-se por palavras-chave e foi buscado em livros mais informações, com isso ampliou-
se a visão sobreo tema.
Entre os autores pesquisados, reiterou-se Craidy e Kaercher (2007), que
abordaram sobre a importância do processo de adaptação, a acolhida ao novo ambiente, um
olhar inicial nas rotinas diferenciadas, as exigências da capacidade da criança, bem como
dos participantes que compõem todo o processo sistêmico, família e escola. Logo, no
decorrer da pesquisa, corroborou-se com Silva e Bezerra (2019), que contemplaram a
receptividade das professoras, pois faz toda a diferença nesse acolhimento. Também, os
estudos de Oliveira (2018) reverenciaram a afetividade como algo importante na educação,
na acolhida às crianças, memorou que a educadora deve ser afetiva, contribuindo para que
o processo tenha êxito, cumprindo aos objetivos.
Na segunda parte do estudo, foi aprofundada a leitura, realizando comparativos,
analisando as categorias comuns, construindo um alinhamento para amenizar e encontrar
respostas ao problema do estudo, bem como sequenciar os objetivos específicos. Abordou-
se sobre os envolvidos no processo de adaptação da criança na Educação Infantil, também, a
importânciada afetividade com as crianças, bem como, estratégias para a melhor inserção
das crianças, finalizando a discussão de resultados com a apresentação dos fatores ou
categorias que mais se destacaram sobre os estudosdatemática.

• FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A adaptação com pessoas diferentes, novos espaços, convívio com outras crianças,
transforma a rotina iniciando uma nova fase, essa, devetranscorrer damelhor forma possível.
Deacordo com Craidy e Kaercher, (2007):

Adaptação: ao entrar na creche ou pré-escola a criança se


depara com um novo ambiente, composto de adultos e
crianças com os quais ela nunca interagiu. O distanciamento
da família por longas horas do dia e a inserção em um novo
ambiente, com rotinas específicas, exigirão da criança uma
grande capacidade de adaptação. No entanto, este aspecto
não diz respeito apenas à criança, mas exige de sua família e
também dos/as profissionais que atuam na escola infantil um
processo deadaptação. (p.33)

Ainda, de acordo com Craidy e Kaercher (2007), verifica-se a importância do


processo de adaptação, esse novo ambiente, rotinas diferenciadas, exigem muito da
capacidade da criança, bem como dos participantes que compõem esse processo sistêmico,
família e escola. Noentanto, corroborando com as autoras, elas definem que cabe à creche
ou pré- escola estabelecer, se possível, um sistema gradativo de adaptação para cada
criança, em que nos primeiros dias ela possa ficar apenas algumas horas e aospoucos vá se
acostumando àquele novo ambiente, até que permaneça em tempo integral, se for o caso.
Silva (2016) sustenta que
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A vida de qualquer criança, geralmente, tem início no
ambiente familiar, sendo os próprios familiares, as pessoas
mais importantes nas suas vidas. Portanto, ao sair de sua zona
de conforto, a criança experimenta um sentimento de
ansiedade. Esse sentimento pode gerar agressividade ou
sofrimento na criança, despertando atitudes incompatíveis
com o interesse coletivo. Para mediar esse conflito, o
educador deve acolher a criança, ajudando-a a superar esse
momento e contribuindo para o seu desenvolvimento. Assim,
as atitudes dos próprios professores são exemplos para os
alunos, gerando regras de convivência em sociedade que são
de vital importância para o aprendizado e equilíbrio deles.
(p.19)

Pode-se dizer que a comunidade, tem um papel especial e fundamental, com


responsabilidades, segundo Zini (2013, p.29), “entende-se que a comunidade é o papel
central dos três protagonistas do sistema social escolar: crianças, professores e pais como
os geradores do projeto educacional”. A escola como um ambiente coletivo, baseado na
participação e na gestão social, no trabalho coletivo, na sociabilidade e nos objetivos
e
valores compartilhados. Silva e Bezerra (2019) salientam que a adaptação é um processo de
mudanças, sejam elas às novas professoras, aos colegas de sala ou ao ambiente escolar. É
um período difícil, onde os pais e as crianças seseparam, muitas vezes pela p rimeira vez, o
que faz gerar sentimentos de tensões, medo e insegurança por parte da criança, dos
familiares e também dos profissionais que compõem a escola, todos saem da sua zona de
conforto, para vivenciar novas experiências em umambiente coletivo.
Esse processo compreende a inserção da criança na fase educacional, também
sanar uma necessidade da família, que precisa deixar a criança na escola ou creche para
trabalhar.

Já os sentimentos das famílias variam entre alívio


porconseguir uma vaga para suas crianças e poderem,
principalmente, participar do mercado de trabalho, e culpa,
sensação de abandono das crianças, insegurança com relação
aos cuidados oferecidos à criança, na instituição, que deixam
de ser individualizados em casa, para o cuidado o coletivo das
instituições (OLIVEIRA apud MARANHÃO e SARTI,
2008).

Quando chega o momento, a necessidade da família deixar a criança na escola


e/ou às mesmas, estar com a idade necessária para frequentar a creche, compete à educadora
perceber quais são as características daquela criança, seu jeito de ser e de se relacionar com
o novo ambiente que agora passará a frequentar, bem como a maneira como interage com
os/as colegas e com as pessoas que dela cuidam/educam. Craidy e Kaercher (2007)
salientam que é preciso respeitar o ritmo de cada criança, bemcomo suas manifestações de
medo e ansiedade. Também, os pais e as mães, ou seja, a família da criança deve ter o
direito de circular nas dependências da escola, recebendo todas as informações necessárias
sobre a rotina desenvolvida naquela instituição.
As educadoras têm um papel fundamental na acolhida das crianças, por serem
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profissionais preparadas, consideradas, os principais elos nessa adaptação das crianças no
âmbito escolar. Silva e Bezerra (2019) afirmam que a receptividade das professoras também
faz toda a diferença nesse acolhimento, sendo interessante que nesse período as crianças se
deparem com professoras que se permitam participar de todas as atividades de forma
conjunta, visto que o contato afetivo nesse momento é fundamental.

As principais estratégias promotoras da adaptação infantil à


creche, defendidas pelas educadoras e as professoras, são a
afetividade e a ludicidade, sendo o objetivo dessas
profissionais a conquista da confiança das crianças, assim
como levá-las a se sentirem seguras, no espaço creche;
entretanto, constatou-se a inexistência de uma
propostapedagógica, coletiva ou individual, de um trabalho
sistematizado visando à adaptação infantil. (OLIVEIRA,
2018, p.85)

Corroborando com Oliveira (2018), a afetividade é algo importante na


educação, nessa acolhida às crianças, a educadora sendo afetiva, pode contribuir para que
o processo tenha êxito, cumprindo aos objetivos. A afetividade pode ser considerada como
uma capacidade pode ser a disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e
interno, é o que acontece com as crianças, por meio de sensações ligadas á tonalidades
agradáveis ou desagradáveis.
Barreto (1998) define afetividade como:

[...] o conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam


sob as formas de emoções, sentimentos e paixões,
acompanhados sempre de impressão de dor ou de prazer, de
satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria
ou tristeza (p. 71).

La Taille et al (1992) ressaltam a teoria de Henri Wallon, sobre a afetividade,


em
quediz:

A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das


dimensões da pessoa: ela é também uma fase do
desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo
que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da
afetividade diferenciou-se lentamente, a vida racional.
Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão
sincreticamente misturados, com o predomínio da primeira.
(p.90)

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As educadoras precisam de formação suficiente, vivências e reciprocidade, para


tornar-se um ser afetivo, bem como de conduzir esseprocesso com firmeza e neutralidade.
De acordo com Oliveira (2018), é preciso investimento na formação docente, tanto inicial
como continuada, para que esses profissionais tenham a oportunidade de auxiliar ou
promover um desenvolvimento infantil saudável.

“O desenvolvimento da criança está diretamente


relacionadoao papel que a família/responsáveis e os
educadores desempenham na primeira infância, uma vez que
estão muito próximos. Pode- se dizer que a família é o
primeiro transmissor de conhecimento à criança, pois são os
pais ou responsáveis que transmitem os valores com os quais
desejam formar o filho para a vida. Já a escola amplia esses
ensinamentos iniciados pela família”. (Silva et al, 2016, p.43)

Cada criança tem um desenvolvimento diferenciado, em relação ao tempo de


aprendizagem, nesse contexto pode-se dizer que cada criança se adapta também de uma
forma diferente. De acordo com Lillard (2017, p. 25) “...as filosofias educacionais do
passado não enfatizavam a existência da infância como uma entidade por si mesma,
essencial à completude da vida humana, nem discutiam a autoconstrução incomum da
criança...” que Montessori tinha observado em suas salas de aula. O papel da família e dos
educadores, nesse processo torna-se fundamental. O ensino/aprendizagem começa pela
família e continua sua moldagem na escola. Lillard (2017) acreditava que a infância não é
meramente um estágio a ser completado a caminho da idade adulta, mas é “o outro polo da
humanidade”.

“O aumento do número de creches e a intensa disputa por


vagas, no Brasil, são fatores que refletem mudanças na família,
a qual hoje precisa compartilhar a educação de suas crianças
com instituições de qualidade, para que geralmente os
responsáveis pelas crianças possam trabalhar fora (do lar) e
auxiliar no sustento familiar”. (Oliveira, 2018, p.62)

No momento em que a criança, deve iniciar sua rotina escolar, começa uma fase
diferenciada em sua vida. A rotina, hábitos e costumes, vivências e muito mais, irão
agregar ou modificar o que já havia aprendido em casa com os pais, sendo esse fator
positivo ou até inicialmente negativo em relação como a criança irá compreender,
absorver aquilo que não eracostumeiro em seu cotidiano.

“As rotinas podem tornar-se uma tecnologia de alienação


quando não consideram o ritmo, a participação, a relação
como mundo, a realização, a fruição, a liberdade, a
consciência, a imaginação e as diversas formas de
sociabilidade dos sujeitos nela envolvidos; quando se tornam
apenas uma sucessão de eventos, de pequenas ações, prescritas
de maneira precisa, levando as pessoas a agir e a repetir
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gestos e atos em uma sequencia de procedimentos que não
lhes pertence nem está sob seu domínio”. (Barbosa, 2008,
p.39)

Essa rotina poderá ser facilmente adaptada se o ambiente físico for atrativo,
interessante, em acordo com Barbosa (2008) o espaço físico é o lugardo desenvolvimento
de múltiplas habilidades e sensações e, a partir da sua riqueza e diversidade, ele desafia
permanentemente aqueles que o ocupam. Esse desafio constrói-se pelos símbolos e pelas
linguagens que o transformam e o recriam continuamente.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

• Educação Infantil

Existem muitos estudos, que relacionam a evolução da sociedadeem virtude da


industrialização. Com essa evolução, as mulheres começaram a trabalhar “fora” de casa e
com isso, as crianças ficavam com cuidadoras. De acordo com Haddad (1993), citado por
Oliveira (2018), os movimentos feministas ressignificaram o atendimento às crianças, nas
instituições de Educação Infantil, defendendo que tais instituições deveriam atender todas as
mulheres, independentemente de sua classe social ou necessidade de trabalhar fora do lar, o
que contribuiu no aumento de instituições de Educação Infantil mantidas pelo poder
público.
A “educação” que a família desenvolve, desde o nascimento da criança, com a
inserção da mesma na escola terá o complemento por parte da escola, além da interação
social entre outros, que de acordo com a Base Nacional Comum Curricular reitera que
“Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o início e o fundamento
do processo educacional.A entrada na creche ou na pré-escola significa, na maioria das
vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se
incorporarem a uma situação desocialização estruturada” BNCC (2016).
Com a evolução dos tempos, as creches foram acompanhando todo o cenário
evolutivo, mesmo que ainda há a necessidade de melhorias em muitas das realidades em
nosso País, podemos compreender um grande avanço. Desde os ambientes, como o
pedagógico, com as oportunidades de qualificação das educadoras e maiores investimentos
em virtude daspolíticas públicas, transformam a Educação Infantil.

• Envolvidosno Processo deadaptação

A base estrutural para o ser humano encontra-se na família, essapor sua


vez, é a primeira que entra no processo, onde está a criança. Logo,
podemos destacar a creche como um todo, com suas educadoras. A mãe (ou parente mais
próximo) e a educadora são as pessoas que estão em maior proximidade com a criança
dentro do processo de adaptação dela, podendo ser as principais med iadoras desse início,
desenvolvimento e total adaptabilidade acreche.
Oliveira (2018) em seus estudos corrobora que o processo de adaptação das
crianças na Educação Infantil pode ser muito doloroso, não só para a criança, como para
seus familiares, principalmente para a mãe, que tem um vínculo muito forte com a criança,
pois inicia aprimeira separação dacriança desua família, por umperíodo do dia.
Com a evolução dos tempos, a necessidade da família trabalhar, principalmente
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a mulher como figura de mãe, indo para o mercado de trabalho, é preciso da segurança na
escolha da creche, confiar nas educadoras e contribuir para que a criança tenha confiança no
decorrer desseprocesso, ficar na escola, gostar daprofessora, do ambiente e do pedagógico.
Reiterando Rodrigues (2017, p. 53) “[...] a família e a escola têm uma
participação íntima, pois é um meio favorável à aprendizagem de sentimentos que marcam a
vida da criança. Por isso, já nos primeiros anos escolares, o professor deve ser competente
em preparar a criança para viver em coletividade”.
A tríade, família, criança e escola, seu equilíbrio, são as peçasfundamentais para
que o processo tenha sucesso.

• Formação das educadoras e competências

As educadoras precisam de uma formação inicial, pode-se iniciar com


magistério, logo a graduação em pedagogia e/ou as formações pedagógicas existentes. Essa
formação de acordo com Chalot (2007, p.90) a ideia de formação implica ao indivíduo que
se deve dotar de certas habilidades para conseguir desenvolver as competências, que irão se
desenvolver no decorrer de suas vivências práticas, com a realidade das crianças nesse
processo deadaptação.
Reiterando Garcia (1999), a formação inicial do professor cumpretrês
funções: a primeira é uma formação e treinamento do professor ligado com a função que irá
desempenhar. A segunda, voltada ao controle de certificação, que permite ao indivíduo
exercer a profissão. A terceira é o diálogo entre duas incumbências, a de ser um agente
transformador do sistema educativo e a de “contribuir para a socialização e reprodução da
cultura dominante.
Os professores (educadores) devem ser capazes de cumprir as exigências das
novas tarefas educacionais, terem a competência de saber trabalhar em conjunto com as
famílias. Michels (2006) afirma que:

“[..] dizem respeito ao que o professor deve saber: trabalhar


em parceria com a comunidade escolar, resolver problemas da
escola, achar soluções criativas a problemas concernentes ao
processo ensino-aprendizagem de seus alunos, até mesmo às
situações da comunidade em que a escola está inserida”.
(MICHELS, 2006 apud OLIVEIRA, 2018,p.98).

Sobre as contribuições de Chalot (2007), não basta definir as competências


docentes, interessa a capacidade de se relacionar com as famílias, como também é digno de
preocupação o fato de esses profissionais possuírem ou não as competências que devem
formar nas crianças, como valores éticos, morais, respeito ao próximo, aceitação das
diferenças entre as pessoas.

• Acolhimen to afetivo

O adequado acolhimento poderá ser o primeiro passo que deixará a criança mais
calma, o primeiro início do entrelaçamento das relações, que vão se intensificando na
jornada diária, vão revelando as diferentes formas de compreensão que as crianças
constroem acerca de tempos e espaços até então desconhecidos e intensificados com a
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ampliação dos laços sociais e as trocas relacionais entre pares, revelando hipóteses e modos
diversos de ir compreendendo o processo vivido na inserção.
Conforme Oliveira (2018)

“Este período de transição do ambiente familiar, que se


caracteriza por ser intimista, exclusivo e acolhedor, para um
ambiente novo, coletivo, disciplinar e social, que é o ambiente
institucionalizado, gera um desequilíbrio cognitivo e
emocional, propício ao desenvolvimento individual, com a
elaboração de

estruturas necessárias a resolução das novas demandas do


meio. Na Educação Infantil este processo pode ser atraente
para a criança se amparada por um adulto de referência, no
entanto, altamente aterrorizante se a criança se sentir sozinha
e desamparada, já que os sentimentos de confiança, autonomia
e iniciativa estão em formação, e a criança em intensa relação
dedependência com o adulto”. (p. 11)

As contribuições do autor condizem com a realidade dessa fase de adaptação,


especialmente quando ele aborda sobre a questão do adulto de referência, com o
acolhimento sentindo-se amparada, segura em uma nova realidade.
As relações familiares e o carinho dos pais têm uma enorme influência sobre a
evolução dos filhos, essa afetividade inicial é muito importante. Essa ideia vem dos
estudos de Chalita (2004, p. 23), que a reforça, quando diz que “[..] a família tem como
função primordial a de proteção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio
emocional para a resolução deproblemas e conflitos[..]”.
A referência inicial será a mãe ou aquela pessoa que cuidou desde onascimento
da criança, na escola, o acolhimento da educadora, os cuidados, o afeto começam a fazer
parte desse mundo diferenciado da criança, que por sua vez será a nova realidade, a
frequência em uma creche que surtirá efeito nainserção escolar, deforma psíquica e social.
Reiterando alguns autores, como Rossetti-Ferreira & Vitória (1993) apud
Oliveira (2011 p.68), o período de adaptação deveria ocorrer nos primeiros contatos dos
pais com a creche, pois através deum primeiro contato bem estruturado pela

instituição, onde os pais possam esclarecer dúvidas e conhecer o ambiente que


irá abrigar seus filhos, e a escola possa obter informações preliminares sobre a criança,
minimizam-se angústias que possam influenciar no ingresso da criança na instituição. Para
outros, o período de adaptação ocorreria a partir do momento de ingresso da criança na
instituição atéo final do primeiro mês.
Nas creches ou instituições de Educação Infantil, no período de adaptação, e
muito além dele, precisa de boa proposta pedagógica aberta também às famílias,
compreender que elas têm sua cultura diferenciada, hábitos e costumes, que de imediato os
bebês e/ou crianças maiores acostumaram-se com eles.

Nesta perspectiva, fica evidente que as crianças pequenas e


suas famílias devem encontrar nos centros de Educação
Infantil, um ambiente físico e humano, através de estruturas e
funcionamento adequados que propiciem experiências e
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situações planejadas intencionalmente, de modo a
democratizar o acesso de todos, aos bens culturais e
educacionais que proporcionam uma qualidade de vida mais
justa e feliz. (COSTA; LIMA, 2017, p.2 apud OLIVEIRA,
2018, p.232).

A família, precisa estar inserida nesse processo para compreender também que a
partir daquele momento a criança receberá, melhorará e/ou agregará hábitos, costumes e
uma nova vivência.
Em uma visão geral, a conclusão equilibrada entre os estudos analisados, através
das pesquisas realizadas pelos mesmos, reitera que a adaptação das crianças que iniciam sua
vida escolar na creche/EducaçãoInfantil pode ser um processo muito doloroso, para a
criança e complexo para todos os outros envolvidos: pais e professores. Contribuem que a
maneira como é realizada o acolhimento, deve ser interagente, com um bom planejamento
por parte da instituição educadora e professores, priorizarem um ambiente organizado para
recepcionar e acolher as crianças. Os envoltos categóricos dos estudos, em suas perspectivas
constituem-se como os fatores responsáveis para planejar, sua ação detalhada poderá
amenizar o processo doloroso vivido pelas crianças, durante sua adaptação escolar,
tornando o mais natural possível.

CONCLUSÕES
A inserção das crianças na Educação Infantil, com a devida adaptação, é um
assunto comprovado em termos de importância para o desenvolvimento social. Considera-
se todo o conjunto envolvido nesse primeiro acolhimento infantil, englobando o processo de
adaptar como interagente, pois todos envolvidos buscam a participação e um entendimento
integral do que se vivência.
O objetivo é que a inserção na educação formal tenha êxito e seja correto, com
foco na criança, ela gostar, se adaptar, socializar com o novo ambiente e pessoas que ali
compartilham e seguem as novas rotinas, aprendendo ou agregando uma nova cultura.
Corroborando com os autores estudados, os trabalhos acadêmicos já
desenvolvidos trouxeram uma visão contingente sobre o assunto, pois em
cada situação de adaptação, as crianças carregam os preceitos familiares, umarotina e
valores que são a sua essência.
Considera-se a afetividade uma grande aliada nesse processo, bem como a
experiência e formação contínua das educadoras. Também, o correto planejamento da
instituição escolar, a organização para a recepção da família,e o apoio em sua participação
na adaptação dos seus filhos. A responsabilidade de todos os envolvidos, principalmente da
equipe escolar, com a competência de mediar possíveis conflitos, sendo um momento muito
delicado por se tratar de crianças, que em seu elo familiar, nunca saíram de perto de pessoas
conhecidas, tornando-se um momento deconstrução social.
Foram evidenciados os objetivos específicos do estudo, em que se alinharam
com o problema elencado. Reitera-se que a afetividade entre as educadoras e as crianças é
fundamental para uma adaptação bem-sucedida, todos os envolvidos no processo precisam
de estratégias para que a inserção da criança seja a mais acolhedora possível. A família deve
preparar a criança para essa socialização, a escola precisa ter um planejamento adequado e
as professoras uma formação suficiente comhabilidades técnicas e humanas paraa acolhida.
Estudar esse tema foi de extrema relevância, pois profissionalmente houve
aprendizagem significativa, um novo olhar em virtude do processo de inserção de uma
criança na escola. Também, a amplitude de pesquisar no meio acadêmico, possibilitou
contribuir um pouco com a temática escolhida, que ainda é pouco abordada pelos
profissionais, estudantese demais interessados no assunto.
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Sugere-se a continuidadedo estudo, desenvolver pesquisas quantitativas adequando o qualitativo, criar
categorias comestudos de caso, avaliando a culturado local, ambiente escolar e a maneira que as
famílias preparam seus filhos para iniciar sua vida escolar. Também, complementariam estudos
psicossociais com o acompanhamento das famílias, em conjunto com os demais envolvidos no
processo.

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Sociedade, v.21, nº 73, 2000. Disponível em:
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22
ISSN 2764-7838

ago, 2003.

A MÚSICA E A DANÇA COMORECURSOPEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO


INFANTIL E NAS SÉRIES INICIAIS
LILIANE ALVES PINHEIRO LIMA
RONILDA MARIA DA CRUZ RIBEIRO
RESUMO
O presente artigo tem como tema a música e a dança como instrumento pedagógico
na educação básica, com a abordagem de subsídios dessas artes para a construção do
conhecimento, resultando em diversos benefícios para o mundo infantil e das séries iniciais.
Logo, o objetivo geral do tema supracitado é a análise da música e da dança, e suas
contribuições para o desenvolvimento global dacriança. Na sequência, o objetivo específico:
I) Realizar a abordagem da relevância da música e da dança na educação; II) Apresentar
como se deu sua inserção nas escolas brasileiras, demostrando o como ela é um subsídio
pedagógico para o docente, tornando as aulas mais atrativas e prazerosas e possibilitando que
as crianças, aprendam de forma divertida; III) Demostrar como trabalhar a música e a dança
na escola de modo coerente, planejado e criativo, proporcionando para as crianças o prazer
de ouvir, cantar, tocar e improvisar, implicando, assim, em uma aprendizagem significativa.
A abordagem metodológica deste trabalho é qualitativa, com a finalidade de compreender e
interpretar a realidade. Portanto, escolhemos uma pesquisa teórica, de natureza bibliográfica,
respaldada no estudo de vários autores, dentre eles: Vera Lúcia Pessagno Brescia (2003),
Teca Alencar de Brito (2003) e Nicole Jeandot (1993). Os resultados apresentam a
importância damúsica para a formação dosalunos.

Palavras-chave: Música, Dança, Séries Iniciais, Educação infantil.

1. INTRODUÇÃO
A música, por exemplo, era utilizada em situações como casamentos, nascimentos,
fertilizações, morte e até mesmo em curas de doenças. Por estar presente em todos os
lugares, não seria diferente que a natureza estivesse repleta de sons, entre eles o canto dos
pássaros, a chuva, as árvores quando movimentadas pelos ventos, dentre muitos outros
oriundos da natureza, que nos proporcionam o prazer da música. Sendo assim, a dança “foi
muito marcante na vida do homem primitivo, elas eram desenvolvidas de acordo com as
sociedadese homens existentes e pelo seu significado” (GUSSO, 1997, p. 11).
Como visto, a música e a dança são um grande recurso para a construção do
aprendizado infantil, e por seu caráter lúdico torna o aprendizado muito mais
significativo e atraente, fazendo com que as crianças aprendam, de uma maneiradivertida,
descontraída e prazerosa, sem medo de errar.
Sendo assim, quando a música e a dança são introduzidas na educação infantil e nas
séries iniciais, tem-se a possibilidade de trabalhar as diversas características de nossa
cultura nacional, que é tão ampla e rica, sendo uma forma de a criança ter a compreensão do
seu contexto cultural, levando ao entendimento das pluralidades culturais, bem como já
desdea tenra idade, ter empatia e respeito por estas diversidades culturais.
Acrescido a esta ideia, entende-se que a música é uma maravilhosa aliada. Bréscia
(2003) afirma que ela é um subsídio no incentivo à leitura, pois ajuda o aluno a ter percepção
das palavras, que estão presentes na letra, e ainda proporciona habilidades por meio dos
ritmos, sendo possível ter a percepção e memorização das divisões silábicas. Além disso, a
música e dança contribuem para o desenvolvimento motor da criança, como Jeandot (1993)
explica sobre a expressão corporal, pois a realização de ações como bater palmas, dançar,
escutar sons e movimentar no ritmo ditado pela canção, confecção do seu instrumento
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musical e aprender a tocar algum tipo de instrumento são ótimas oportunidades para
estimular e exercitar atividades motoras.
Dentre as justificativas supracitadas, não podemos esquecer de mencionar a
importância da música e da dança no tocante à sociabilização, tornando as crianças mais
participativas, com as comunicações ocorrendo, de fato, de maneira bem harmoniosa. I sso
trará a capacidade de realizar integração e interação das crianças, o que resultará na
ampliação do seu conhecimento de mundo, além de ajudar na expressão de sentimentos,
emoções e cooperação, que é um fator que contribui para intensificar o conceito d e respeito
mútuo.
Assim, mediante as questões supracitadas, o foco da investigação está ligado ao
seguinte problema: até que ponto o ensino da música e da dança podem favorecer a formação
decidadãoscríticos e conscientes?
A metodologia de pesquisa utilizada será uma abordagem qualitativa, com a
finalidade de compreender e interpretar a realidade. Portanto, escolhemos uma pesquisa
teórica, de natureza bibliográfica, respaldada no estudo de vários autores, dentre eles:
Vera Lúcia Pessagno Brescia, Teca Alencar de Brito e Nicole Jeandot, entre outros teóricos
pertinentes.

2. A ARTE DA MÚSICA E DA DANÇA


Tanto a música quanto a dança atuam em vários âmbitos de nossa sociedade. Como
prova disso não se tem conhecimento de nenhuma civilização que não faça uso de
manifestações das próprias músicas e danças. Elas são utilizadas para diversos fins, nos
meios tecnológicos, elas estão na televisão em comerciais, nas introduções das
novelas, nos cinemas, nas trilhas sonoras de filmes, assim como a dança aparece como
expressão corporal de alguns personagens. É perceptível ao vermos que na maioria das
comemorações ambas estão presentes, assim como nas manifestações. Barbosa (2004) nos
explica que em períodos ditatoriais a arte conseguia burlar as restrições ideológicas, como
nos afirma, “as artes eram aparentemente a única matéria que poderia mostrar abertura em
relação às humanidades e ao trabalho criativo, porque mesmo a filosofia e história foram
eliminadas do currículo”.
Também não se pode deixar de mencionar que na educação a função da música e da
dança é de proporcionar uma aprendizagem integral ao aluno, levando-o a obter o
conhecimento cantando, sendo a voz um grandioso instrumento para que o discente possa
exteriorizar seus sentimentos e ideias, o que contribui para o desenvolvimento de habilidades
dos educandos que serão necessários não só para sua jornada acadêmica, mas para o
decorrer desuas vidas (SOUZA, 2014).
Dentro do universo das artes encontramos diversos tipos, dentre eles o teatro, a
dança, a música e as artes visuais. A arte musical se relaciona com os mais diversos
tipos de artes, tais como dança, teatro, ópera dentre outras. Uma boa forma de compreender
essa ideia é pela arte de performance, onde o artista, por meio de movimentos corporais e da

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sua voz, comunica uma mensagem ao público. Logo, é perceptível como a arte musical está
interligada com as demais artes. Na dança, que é definida como movimento corporal,
percebe-se que na maioria dos casos ela está acompanhada de música. Na arte teatral, que
consiste na combinação de diversos fatores como gestos e discursos, a música está sempre
em atuação, acompanhando coreografias, gestos e declamações, colaborando para abrilhantar
o espetáculo e tornando-o cada vez mais atrativo e interessante para o público (SALES,
2018).
Música é um termo que vem do grego musiké téchne, a arte das musas, sendo
constituída por sons contínuos e interpostos por curtos períodos de silêncio, sistematizados
ao decorrer de um determinado tempo (SALES, 2018). Mas vale lembrar que a definição
de música varia de acordo com o contexto social e cultura de cada povo, pelo fato de cada
cultura possuir concepções e abordagens distintas do que é a música. A música tem sofrido
evolução no decorrer do tempo, resultando em inúmeros gêneros e subgêneros, tais como a
música clássica ou erudita, a folclórica, popular e a tradicional, a sacra ou religiosa (TELES,
2008). Para a dança, por sua vez, como Gusso (1997) nos explica, existem controvérsias no
que diz respeito ao seu primeiro registro, visto que alguns pesquisadores, como Boucier
(1987), acreditam que já existiam cerimônias de dança na pré-história, uma vez que as
mulheres se valiam da dança para obter maior fecundidade. Portinari (1989) corrobora com a
ideia de Boucier quando nos explica que a mais antiga imagem de dança foi descoberta na
caverna de Cogul, no período Mesolítico. Por outro lado, Mendes (1987) não contribui com
essa tese, visto que para ele a dança teve seu primeiro registro no Período Paleolítico
Superior. O que podemos observar é que, independentemente de suas origens, tanto a música
quanto a dança estão entranhadas no desenvolvimento cultural do ser humano.

2.1 A MÚSICA E A DANÇA NA ESCOLA


Dificilmente vamos encontrar alguém que não se identifique com a música. Sempre
quando a ouvimos, nosso corpo naturalmente tem a tendência a, de alguma forma,
acompanhá-la, seja com a voz, movimento corporal etc. Com a dança, o sentimento também
não é diferente, pois se uma pessoa estiver em algum concerto de música ela possivelmente
cantará e dançará para manifestar os seus sentimentos. Ambas as artes se fazem presente no
cotidiano de todas as pessoas, inclusive das crianças que, desde a mais tenra idade, já
demonstram afeição à arte musical, influenciando suas emoções e sentimentos e colaborando
para seu desenvolvimento. Por este e tantos outros motivos que essas artes devem ser
estudadas dentro da escola, conforme nos demonstra a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, LDBN número 9394/96 no seu artigo 26, parágrafo 6. A música e a dança foram
postas como um conteúdo obrigatório, inseridas no componente curricular de Artes, estando
claramente evidenciado que elas devem ser entendidas e abordadas como uma área do
conhecimento, mas mesmo ciente disso, muitas escolas não têm a música e nem a dança
inseridas no cotidiano escolar dos alunos. Dentre os vários motivos está o fato de não
darem a elas sua devida relevância. Outro motivo é a ausência de materiais para realização
de atividades musicais, que pode ser sanado com a confecção de materiais recicláveis. Há
também a concepção de um mito de que, para executar atividades musical e de dança,
necessariamente deve-se ter formação musical.
No que se refere à música, o trabalho com atividades musicais na escola não deve ser
algo mecânico repetitivo, como averiguamos na citação de Silva (1992, p. 88):
A música deve ser considerada uma verdadeira ‘linguagem de expressão’, parte
integrante da formação global da criança. Deverá ela estar colaborando no
desenvolvimento dos processos de aquisição do conhecimento, sensibilidade, criatividade,
sociabilidade e gosto artístico. Caso contrário perder-se-á na forma de simples atividade
mecânica, com a mera reprodução de cantos, sem a interação da criança com o verdadeiro
momento decriação musical.
As crianças por si só já são criativas, almejam experimentar e conhecer coisas

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diferentes. Embora atividades como bandinhas, músicas para as refeições e filas de


trenzinho, dentre outras, resultem em algum tipo de benefício para as crianças, restringir-se
somente a isso é limitar as potencialidades de cada criança, em outras palavras é torná -las
somente meros reprodutores dentro de uma atividade engessada e sem dinamismo, o que
acaba impedindo uma das coisas que a música mais provoca no indivíduo, que é a ação
espontânea (AMATO, 2006).
Portanto, a escola deve proporcionar às discentes atividades musicais e de dança com
amplitude, sendo utilizadas as mais diversas maneiras e possibilidades, de acordo com cada
situação. Uma forma de entender essa valorização das músicas que os alunos gostam é o
trabalho com músicas contextualizadas com a realidade social e cultural, por exemplo o rap,
que tem a afeição de muitos adolescentes e jovens, sejam adeptos deste gênero musical ou
que possuam vontade dedançar alguma música que está em evidência (DAYRELL, 2002).
Mas para que assim ocorra, a escola deve propor atividades artísticas, sistematizadas,
contextualizadas e planejadas, pois ela possui metodologias e conteúdos próprios. Se
utilizada de forma inteligente, podem-se extrair dessa arte as diversas riquezas que ela
oferece para as crianças. Logo, seu uso não deve ser feito de maneira errônea, ou seja, não se
deve usá-la apenas como “tapa-buraco” para quando as crianças estão agitadas, esquecendo
seu propósito pedagógico e reproduzindo práticas e pensamentos arcaicos sobre a música,
deixando assim de garantir aos alunos algo que lhes proporcionaria um desenvolvimento
global (AMATO, 2006).
Portanto, a aquisição do conhecimento e aprendizado das músicas de outras
culturas resulta em reflexões que promovem a compreensão e o respeito ao outro, bem como
o entendimento dos significados que uma prática musical possui para um determinado povo.
Assim desde a mais tenra idade os discentes serão estimulados a valorizar e a apreciar a
música de diferentes culturas. Porém, para que os alunos tenham acesso às variedades
musicais espalhadas pelos continentes, a escola deve proporcionar- lhes um acervo musical
para que tenham como usufruir destapluralidade musical.
Muitas vezes quando um conteúdo é abordado de modo isolado, acaba não se
tornando uma aprendizagem significativa para o discente, resultando em muitos casos em
que o aluno não consegue nem aprender o que lhe foi ensinado, prejudicando o seu
desenvolvimento e progresso educacional. Dessa forma, é essencial trabalhar o movimento
corporal pela dança junto com a música. Assim por meio de rimas infantis, paródias em
vídeos, músicas convencionais que falam de números, os discentes passam a ter mais
afeição por matemática, por exemplo. Logo equações, gráficos, geometria dentre outras
podem virar música. Dessa forma entende-se que a interdisciplinaridade, além de contribuir
para a evolução do educando, também contribui para o compartilhamento de saberes entre os
docentes. Não é uma missão fácil, pois tem que se pensar nas adaptações curriculares, mas
em contrapartida não é algo impossível. Com a dedicação, esforço, comprometimento dos
educadores que sempre trazem novas propostas para o ambiente escolar, temos a certeza e a
garantia deum trabalho em que todosserão beneficiados.

3. A MÚSICA E A DANÇA NA EDUCAÇÃOINFANTIL


Para compreendermos como se deu a inserção da música na educação infantil, é
importante entendermos como se iniciou a educação infantil no Brasil. Ela originou-se

em 1899, concomitantemente com o Instituto de Proteção e Assistência a Infância no Brasil,


para o atendimento com crianças de faixa etária de até seis anos de idade. Por um longo
tempo o cuidado com a criança tinha um viés bem elementar voltado para o assistencialismo,
a proposta de cuidar de crianças perante a sociedade daquela época era entendida como
quase irrelevante. De fato, essa mentalidade equivocada foi mudando paulatinamente com o
decorrer do tempo, chegando na atualidade, onde a concepção de cuidar de criança é
extremamente importante tendo em vista que eles também são sujeitos de direitos.
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O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa ainda antes do


nascimento, pois na fase intrauterina os bebês já convivem com um ambiente de sons
provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a respiração e a
movimentação dos intestinos. A voz materna também constitui material sonoro especial e
referência afetiva para eles.
Assim, mediante a declaração de autora supramencionada, o ambiente da educação
infantil deve aproveitar esta forte ligação preexistente entre a criança e a música. Isso
significa dizer que este elo já existe antes do contato da criança com a escola, cabendo a esta
então potencializar essa harmonia entre música e criança na educação infantil.
Portanto, para que o trabalho com música seja algo mais efetivo temos como norte o
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI, que compreende a música
como linguagem e área do conhecimento, com estruturas e características próprias e
produtora deconhecimento.
Assim o RCNEI propõe várias instruções e metodologias para a educação infantil,
com objetivos e conteúdos a serem analisados e explorados, ressaltando as atividades
musicais e abrangendo elementos de composição, interpretação, assimilação de silêncio e
sons, bem como a improvisação. Ele ainda se encontra organizado em dois blocos: “O fazer
musical” ‒ compreendido como improvisação (RCNEI, 1998, p. 57), interpretação e
composição ‒ e “Apreciação musical”, fazendo as duas referências às questões da
reflexão musical. Portanto segundo o RCNEI (1998, p. 48):
O trabalho com a música proposto por este documento se fundamenta em estudos de
modo a garantir à criança possibilidades de vivenciar e refletir sobre questões musicais,
num exercício sensível e expressivo que também oferece condições para o desenvolvimento
dehabilidades.
Desse modo, quando se oportuniza às crianças acesso à musicalização, é permitir que
elas progridam em vários aspectos da vida, principalmente no tocante à socialização. Por
meio da música a criança se comunica, relaciona, dança e canta junto, pois a música tem esse
poder de conectar. Isso também leva a um melhor convívio com outras crianças, aprendendo
a se ouvir e reforçando o conhecimento de si mesmo, bem como a ouvir ao próximo, levando
à compreensão de que todos nós precisamos não só sermos ouvidos, mas também saber
ouvir.
Portanto, o trabalho com musicalização na educação infantil é relevante pelo fato de
as crianças aprenderem brincando, e isso colabora para que o aprendizado de conteúdos
ocorra de modo prazeroso e descontraído, resultando em um modo prático e divertido de
assimilar determinadosmateriais que são consideradas difíceis decompreender.
Também vale ressaltar que a criança é um ser que interage o tempo todo. Isso
significa dizer que ela é dinâmica, logo as propostas de trabalho musicais devem suprir e
abranger essas demandas, com a busca de propostas musicais não estáticas e engessadas,
mas sempre inovadoras.
Logo vemos que a música é tão grandiosa e abrangente que podemos utilizá-la no
trabalho com crianças especiais, proporcionando a elas o respeito às suas limitações, de
modo a tratá-las com igualdade sem infringir seus direitos, que lhes são asseguradas por lei.
Assim para Bréscia (2003, p. 50):
crianças mentalmente deficientes e autistas geralmente reagem à música, quando tudo
o mais falhou. A música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional,
superando dificuldades de fala e de linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a
coordenação motora nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada
para ensinar controle derespiração e dadicção nos casos emque existe distúrbio dafala.
Vemos então que a música é um valioso instrumento para o trabalho com crianças
portadoras de necessidades especiais, viabilizando condições de interagir com as demais
crianças, de se expressar e participar das atividades propostas, sendo assim a música um
canal para inclusão dacriança especial.
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Jeandot (1993) nos demonstra a relação da criança com a música nas diversas fases
de desenvolvimento infantil. Com dois anos a criança tem muita afeição por movimentos
rítmicos, consegue cantar alguns fragmentos de músicas e versos soltos. Já com três anos de
idade, ela tem o conhecimento de várias melodias, e é capaz de reproduzir uma canção
inteira. Em alguns casos estas músicas ocorrem fora de tom, mas posteriormente ela começa
a coincidir o seu tom de voz com as músicas mais elementares. Aos quatro anos ela já cria
pequenas canções durante as brincadeiras, gosta muito de dramatizar as músicas e consegue
controlar melhor a voz. Com cinco anos a criança percebe as distinções de timbre, bem como
a intensidade sonora, se o som é fraco ou forte, e se o som é agudo ou grave. Além disso, já
possui condições de sincronizar os movimentos das mãos e pés com a rítmica da canção. Aos
seis anos ela já realiza adaptações de palavras à música, tendo a percepção de andamento e
variação sonora. Com sete anos a criança já consegue fazer a distinção dos diversos ritmos
musicais, canta acentuando a tônica das palavras, e expressa e defende suas ideias. Já com
oito anos ela é capaz de diferenciar e perceber os elementos rítmicos, resultando na criação
de frases rítmicas. Aos nove a criança gosta muito de conversar, já possui o domínio da
harmonia, melodia e ritmo, respondendo, lendo e interpretando fórmulas rítmicas. Já com
dez anos ela canta duas a três vozes, tem afeição por músicas tocadas nos rádios e televisão,
criando trilhas sonoras para novelas e histórias. E por fim a partir dos onze anos a criança
gosta muito de atividades coletivas. Esse período serve como um momento oportuno para
realizações de atividades que visem obras musicais em conjunto. Além de terem uma enorme
atração por músicas americanas, o que acaba sendo uma ótima ferramenta para o trabalho
com interdisciplinaridade.
Dessa forma, pode se afirmar que o trabalho com música e com a dança deve ser
realizado respeitando as fases do desenvolvimento infantil, com propostas que venham a
colaborar com êxito, pois indubitavelmente quem realiza o trabalho com atividades musicais
na educação infantil tem a certeza de um trabalho que resultará em crianças plenamente
desenvolvidas em suas diversas habilidades.

3.1 MÚSICA E DANÇA NAS SÉRIES INICIAIS


A presença da música nas séries iniciais é de extrema relevância tendo em vista que a
mesma contribui para que os alunos possam desenvolver sua afetividade, sociabilidade,
autodisciplina e criatividade. Ainda vale salientar que a música nas séries iniciais deve ter o
uso de atividades diversas que tendem a proporcionar a formação musical do aluno. Logo
atividades de criação, improvisação, execução e apreciação são fatores que potencializam
ainda mais o ensino e aprendizagem.
Portanto, entende-se que a música não tem por finalidade criar guitarristas, tecladistas
e vocalistas profissionais, mas pode sim influenciar para que algumas crianças nas séries
iniciais venham ter seu gosto musical aflorado de modo tal que possam posteriormente
serem músicos incríveis. Porém, a proposta é que as crianças venham a apreciar a música,
para que nelas sejam desenvolvidas diversas habilidades que lhes ajudem a enxergar o
mundo, a si mesmas e ao próximo.
Assim percebe-se que a música não está somente ligada a questão de bandas musicais
ou gosto musical como o entendimento popular pensa, mas está literalmente ligada ao
desenvolvimento e capacitação de outras áreas do cérebro que as demais linguagens não
podem realizar, levando em consideração que ela trabalha os dois lados do cérebro.
Vivemos em um mundo com constantes mudanças, que ocorrem de modo rápido e a
escola não pode ficar alienada a essa realidade. Isso significa dizer que está também deve
sempre se aprimorar para dar conta destas novas demandas que acontecem na sociedade,
pois as crianças já vêm para o espaço escolar com uma série de experiências proporcionadas
pelas mídias, como os jogos interativos (BARBOSA, 2004).
Sendo assim, partindo do pressuposto acima, faz-se necessário que o professor das
sereis iniciais faça uso dos mais variados tipos de metodologia, para que seja um subsídio
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que leve a crianças a aquisição do processo do ensino aprendizagem. Mas quando se refere a
metodologia, não é lançar mão de qualquer metodologia somente para dizer que faz uso de
uma, mas sim uma metodologia adequada, respeitando as fases do desenvolvimento das
mesmas, de modo a alcançar o maior objetivo de todos que é conseguir fazer a aluno
aprender (BARBOSA, 2004). Por exemplo, quando se pensa em geografia, algumas
propostas educacionais são direcionadas somente a decorar nomes de cidades, lugares e
dentre outros, mas quando associamos a geografia a música, é perceptível que o campo de
aprendizado é muito mais amplo. Para se compreender melhor essa ideia nos demonstra o
educador Freire (2001, p. 33) que:
Porque não aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade
descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos
córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à
saúdedas gentes.
Quando o professor usa a música ou a dança para realizar abordar de temas como o
supracitado pode ser um caminho alternativo de tornar o conhecimento mais lúdico. Essas
discussões são necessárias para mostrar que o docente pode levar o conhecimento aos seus
discentes não ficando restrito somente ao papel.
Assim, percebe-se que a música e a dança abrem um leque de possibilidade para o
trabalho de diversas disciplinas nas series iniciais, bem como de distintos temas que fazem
parte de nossa sociedade contemporânea. Demostrando a existência de outros recursos
didáticos, que não se resume aos livros.

4. SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Assim, verifica-se que nem a música e nem a dança deve ser trabalhada somente em
situações isoladas como em momentos de ensaios, datas comemorativas, dentre outras, pois
existem diversas ocasiões em que ela pode ser aplicada na sala de aula. Logo, o professor
que além de realizar o papel de ser unidocente[3] efetuando o ensino de vários conteúdos, a
música e a dança podem ser aliadas do professor. Quando se trata do objetivo com atividade
musical seja alcançado, sempre é necessário pesquisar e planejar com um t rabalho consciente
como nos afirma Bréscia (2003, p. 15):
O trabalho de musicalização deve ser encarado sob dois aspectos: os aspectos
intrínsecos à atividade musical, isto é, inerentes à vivência musical: alfabetização musical e
estética e domínio cognitivo das estruturas musicais; e os aspectos extrínsecos à atividade
musical, isto é, decorrentes de uma vivencia musical orientada por profissionais conscientes,
de maneira a favorecer a sensibilidade, a criatividade, o senso rítmico, o ouvido musical, o
prazer de ouvir música, a imaginação, a memória, a concentração, a atenção, a
autodisciplina, o respeito ao próximo, o desenvolvimento psicológico, a socialização e a
afetividade, além deoriginar a uma efetiva consciência corporal e de movimentação.
No que tange à dança, Ida Freire (2001, p. 35) nos apresenta a argumentação de
composição em dança, visto que:
As crianças precisam desenvolver as habilidades e conhecimentos necessários para
criar, modelar e estruturar movimentos em forma de dança expressiva. A criança, muitas
vezes, usa os movimentos espontaneamente, variando seus gestos e dinâmicas para expressa r
seus sentimentos e idéias. Com um pouco de encorajamento e assistência, elas brincarão e
improvisarão com esses padrões básicos de movimento. Este é um dos objetivos da Dança-
Educação nos anos iniciais para promover e desenvolver todas as suas habilidades naturais,
ou seja, oferecer oportunidades para as crianças criarem simples seqüências, através da
improvisação, interagindo uma com a outra, orientadas por um professor sensível. Com suas
habilidades e conhecimentos desenvolvidos, elas poderão ser capazes de criar danças mais
complexas, as quais terão uma estrutura clara, incluindo aspectos interessantes de
composição, tal como desenvolvimento detema e repetição.
A música e a dança, como apontam os estudos até aqui, despertam o gosto pelo
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aprendizado, cabendo ao docente, aproveitar dessa afeição natural que a criança tem, para ser
um grande incentivador com propostas que visam desenvolver o censo criativo, bem como
propor aos alunos distintas experiências, sempre criando uma aproximação afetiva entre
docente ediscente, ondeo professor canta, dança e brinca com eles.
Assim o trabalho com música e com a dança devem conter uma intencionalidade
pedagógica, isso significa dizer o que se espera desenvolver no aluno com essa determinada
atividade, qual o objetivo, estando sempre em constantes reflexões, pesquisas e análises
sobre sua prática docente, constatando se a proposta foi efetiva, se gerou resultados, mas
para que isso suceda o professor não deve realizar suas aulas sem planejamento como se
verifica em Brasil (1998, p.100-101).
o professor é articulador das aulas, umas com relação às outras, de acordo com o
propósito que fundamenta seu trabalho, podendo desenvolver formas pessoais de articulação
entre o que veio antes e o que vem depois; o professor é avaliador de cada aula particular
(contando com instrumentos de avaliação que podem ocorrer também durante o momento
da aula, realizados por ele e pelos alunos) e do conjunto de aulas que forma o processo de
ensino e aprendizagem; tal avaliação deve integrar-se no projeto curricular da sua unidade
escolar; o professor é imaginador do que está por acontecer na continuidade do trabalho, com
base no conjunto de dados adquiridos na experiência das aulas anteriores e da sequência de
aprendizagens planejadas.
Segundo Parâmetro Curricular Nacional, citado acima fica evidenciado que para se
realizar uma proposta musical e de dança com sucesso, deve-se muito a postura de iniciativa
do professor. Portanto, várias maneiras de se realizar o trabalho com a música na escola, que
pode ser aplicada de forma lúdica e coletiva, utilizando brincadeiras de roda, confecção de
instrumentos dentreoutros.
Assim, podemos propor para educação infantil, algumas sugestões de atividades
dentre elas o bingo sonoro como demostrado na figura 1, que consiste em colocarmos as
crianças sentadas na mesa divididas em grupos, onde é concedida para cada grupo uma
cartela contendo imagens sobre diferentes sons tais como de animais, chuva, carro, pessoas e
etc. Dessa forma, com o auxílio de reprodutor de som que venha emitir esses barulhos pode-
se para que as crianças assinalem o som correspondente a cada imagem. Essa atividade,
ajudará as crianças a terem percepção sobre os diferentes sons emitidos pela natureza bem
como os que são produzidospelo homem, trabalhando a atenção, percepção e o coletivo.

5. CONCLUSÃO
A escola se configura como um local de trocas de saberes e deve-se sempre valorizar
o conhecimento prévio dos alunos e suas vontades. A música e a dança são exemplos de
conhecimentos externos que precisam ser valorizados constantemente dentro dos muros da
escola, visto que quando as crianças começam a frequentar esse espaço já possuem
familiaridade com a música e com a dança, cabendo a escola ser uma incentivadora e
estimuladora.
A música e a dança fazem parte do cotidiano do aluno e quando a escola tenta incluir
essas experiências também na vida acadêmica discente é necessário e importante pensar
formas para que isso seja feito de forma proveitosa, por isso que o ideal é sempre pensar na
formação de professores. Deve-se, então, pensar sempre em estratégias que ajudem na
formação do professor para que o mesmo possa trabalhar a música e a dança na escola, por
exemplo, trocas interdisciplinares. Ressalta-se a importância das trocas interdisciplinares
visto que nem sempre o professor tem acesso as formações complementares. O importante é
que mesmo que o professor não tenha essa formação inicial, não existe o impedimento de
trabalhar com essas artes, fazer o uso dos pequenos recursos que os discentes já possuam,
tais como alguns documentos norteadores e suporte de livros de diversos autores que
abordam o tema música e da dança.
Ainda é importante lembrar que por mais que o trabalho com música e com a dança
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seja divertido, e que a criança aprenda brincando, isso não significa que não seja um
trabalho sério, pois o ato de brincar proporcionado pelas atividades lúdicas
desenvolvem diversas habilidades. Deste modo, conclui-se que a música e a dança
são ótimas ferramentas pedagógicas, que auxiliam corroborando para que as práticas
educacionais do professor venham contribuir para o processo de ensino
aprendizagem do aluno, cooperando para que este venha ser desenvolvido em todas
as suas partes, seja esta social, psicológica, emocional, visando sempre um indivíduo
reflexivo, crítico e pleno com a perspectiva d e um cidadão ativo, um ator social que
atua em prol deum mundo melhor.

REFERÊNCIAS

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na educação básica brasileira. Revista Eletrônica da ANPPOM. V, 12, n, 1, 2006.
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BARBOSA, M. S. S. O papel da escola: obstáculos e desafios para uma educação


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MEC/SEF, Vol.1,3. 1998.
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BRESCIA, V. L. P. Educação Musical: base psicológica e ação preventiva. São


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BRITO, T. A. Música na educação infantil – propostas para a formação integral


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BOUCIER, P. História da Dança no Ocidente. Trad. Marina Appenzeller. São


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FREIRE, I. M. Dança-Educação: o corpo e o movimento no


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