Robson Andrade Cardoso
Robson Andrade Cardoso
Robson Andrade Cardoso
INTRODUÇÃO
Portugal ganhou grande destaque, no período das Grandes Navegações, por ser o pioneiro
entre os países europeus a se lançarem no mar, rumo as conquistas político-econômicas e
a expansão do império, se consagrando como uma superpotência. Junto a esse momento
de ascensão, a literatura foi um importante instrumento de autoafirmação desse passado
ultramarino glorioso na mentalidade portuguesa, através d’Os Lusíadas (1572), o grande
poema épico de Luís Vaz de Camões (1524-1580), que narra as inúmeras viagens
ultramarinas dos lusitanos, neste período. Para construir esse imaginário ideal de nação,
Camões coloca a sua disposição, tanto os elementos históricos das Grandes Navegações,
como os elementos poéticos ficcionais.
Por outro lado, quase quatrocentos anos depois, o escritor António Lobo Antunes lança
seu olhar pós-moderno, através de seu romance paródico As Naus (1988), sobre esse
imaginário ultramarino de Portugal, desconstruindo-o. Essa revisitação crítica ao passado
é feita por meio da ironia e do grotesco, satirizando e ironizando os antigos heróis
portugueses que, em sua obra, ganham uma nova roupagem de anti-heróis, sendo
marginalizados e carnavalizados. O que, por sua vez, representa a nova pátria portuguesa,
decadente e sem o império de outrora.
Portanto, o presente trabalho discorre sobre como a literatura foi importante para a
construção do imaginário ultramarino de Portugal, no século XVI e, posteriormente, foi
o instrumento de desconstrução desse ideal de nação, a partir do século XX, até a
contemporaneidade. Atentando-se também, para os elementos poéticos usados por ambos
os autores na composição de suas respectivas obras. Para tanto, utilizamos como
referencial teórico, as ideias de: Linda Hutcheon (2000; 1991), Wolfgang Kaiser (1986),
Tércia Valverde (2017), e Eduardo Lourenço (1992).
REFERÊNCIAS
ANTUNES, António Lobo. As naus. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
HUTCHEON, Linda. Teoria e política da ironia. Tradução Julio Jehe. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2000.