Direito Constitucional PT3
Direito Constitucional PT3
Direito Constitucional PT3
[Palestrante 1]
Eu não entendi bem. A gente não entrou ainda na questão. Seu nome é Tá?
[Palestrante 3]
Catione.
[Palestrante 1]
Perfeito até aqui? Sim. Ainda como característica do poder constituinte ordinário.
Ele é um poder ilimitado. O que é dizer ilimitado? Ele pode falar de qualquer assunto
pequeno.
Não tem um limite de conteúdo. Olha a minha fala. Não tem um limite de conteúdo.
Do que quiser falar, a nova Constituição pode. Então, eu posso criar tena de morte na
minha nova Constituição ou não?
[Palestrante 4]
[Palestrante 1]
Imagina que eu estou criando um novo texto, vai reger o país, entendeu, gente? Eu não
estou preso a um texto passado. Se o texto passado e a sociedade passada foram
relegados a um segundo plano, foram colocados de escanteio, agora eu quero criar um
novo texto de Constituição e eu vou colocar o que eu entender como possível.
Lembra quando eu falei dos vices? Vice-prefeito e tal. Se eu estou escrevendo um novo
texto constitucional, eu posso acabar com a ideia que o vice for.
Você pode, já que não é ilimitado? Eu estou escrevendo a minha. Nós estamos
escrevendo a nossa.
Posso ou não? Vou pedir um cuidado para a gente não pensar também. Quando eu falo
em trabalho escravo, as pessoas mais recentemente só imaginam o trabalho escravo
como trabalho étnico de negros, escravidão negra.
Também. Mas eu estou te mostrando. Eu estou falando de uma sociedade dos primeiros
anos da Era Cristã.
Não. Você está me vendo, você vai ser escravizado. Você foi o povo bárbaro derrotado
por mim, eu vou escravizar toda a sua população.
Homens, indérias, crianças, todos serão escravos meus. Compreendeu o que eu disse?
Então, assim, cuidado para a gente não pensar a escravidão sempre historicamente
como um corte de 500 anos para cá.
Compreendeu? A escravidão sempre acompanhou a história humana, viu? Você não tem
momento na história humana em que não tenha havido escravidão da força humana por
outros homens.
Compreendeu o que eu disse? Mas, a que nos chega mais recentemente, por óbvio, até
por uma questão de Brasil, porque o Brasil é um país muito jovem, é um país que tem
500 anos. Imagina que você tem salas na Inglaterra, uma sala de 1.200 anos, pô.
Comparativamente, nosso país ainda é muito jovem. E quando a gente fala de
escravidão sobre os aspectos nacionais brasileiros, aí nós nos voltamos para a questão
da escravidão negra. Compreendeu?
Mas a pergunta seria, eu posso colocar trabalho infantil na minha constituição? Eu posso
colocar trabalho escravo na minha nova constituição? Resposta.
Se você tiver uma interpretação como ilimitada, ilimitada podendo tudo realmente, via
de regra você poderia. Compreendeu? Só que nós temos o justnaturalismo.
É o bom senso coletivo, colegas. Entendeu o que eu falei? O bom senso coletivo nos diz
que estabelecer trabalho escravo é um retrocesso.
Nos diz que estabelecer trabalho infantil é um retrocesso. Inclusive, viu? Trabalho
infantil, uma das primeiras leis trabalhistas do mundo, vem da Inglaterra em 1802, coisa
de 200 anos atrás.
Olha o que dizia a lei. Que crianças, abaixo dos 12 anos, não poderiam mais trabalhar 14
horas. Se você está dizendo que crianças abaixo de 12 não poderiam mais trabalhar 14
horas, é porque se a criança tiver mais de 12, poderá trabalhar.
[Palestrante 3]
O que é isso?
[Palestrante 1]
Não.
[Palestrante 1]
[Palestrante 2]
Não.
[Palestrante 1]
O que é incondicionado?
[Palestrante 3]
[Palestrante 1]
Incondicionado significa que não existem condições, condições prévias. O que é uma
condição? É um procedimento, é uma formalidade.
Tem a mesa, compreenderam? O juiz fica na cabeceira. Quem é que senta do lado
esquerdo do juiz, o autor da ação, normalmente o trabalhador?
Compreenderam o que eu disse, gente? Isso é uma formalidade, é uma condição, é uma
regra. Compreenderam o que eu falei ou não?
Uma outra regra. Dia de quinta-feira eu faço sustentação oral no Tribunal de Justiça, que
é tentar reformar alguma decisão que foi dada aqui em Feira de Santana, que tenha sido
contrária ao cliente. Eu tento reformar, e o julgamento ocorre normalmente dia de
quinta-feira.
Eu tenho dez minutos para falar. Compreenderam o que eu disse? Eu falo a hora que eu
quero?
[Palestrante 4]
Não.
[Palestrante 1]
Existe uma condição, um procedimento, uma regra. Compreenderam? Se eu sou o autor
do recurso, quem fala primeiro sou eu.
Compreenderam? Se é a parte contrária que recorreu, ela fala primeiro, depois eu que
falo. Entendeu o que eu disse, gente?
Você já viu uns vídeos que de vez em quando aparecem na internet de advogados
brigando com o juiz em tribunal? Sim. E advogados, às vezes, querendo interromper a
fala do juiz, dizendo que o juiz está errado, isso ou aquilo.
Infelizmente, tecnicamente, os colegas estão errados. Porque depois que ele fala os dez
minutos dele, compreenderam? Ele não pode, sob qualquer argumento, interromper a
fala do julgador.
[Palestrante 4]
Desculpa, eu perdi.
[Palestrante 1]
São procedimentos. Perfeito? Qual o procedimento para aprovar uma lei ordinária no
Brasil?
Eu preciso de metade mais um dos votos de quem estiver no dia da votação. Metade
mais um. O que é isso?
Tem algum procedimento para escrever essa nova Constituição? Nenhum. Nesse
primeiro momento, o poder constituinte originário é incondicionado.
Não existe uma regra. Compreenderam? É muito comum o aluno confundir ilimitado com
incondicionado.
Ilimitado se refere a conteúdo. O que vai ser escrito? Incondicionado é como seria
escrito.
[Palestrante 6]
[Palestrante 1]
Aprova com maioria de 50% mais um ou 60% dos votos? A gente não tem essa regra
ainda.
[Palestrante 4]
[Palestrante 1]
Não é que tanto faça. Nós não temos ainda a regra. Ela ainda poderá ser criada.
Compreenderam o que eu disse, gente? Então, enquanto a regra não se cria, o poder
constituinte ordinário é incondicionado. Compreenderam o que eu falei?
[Palestrante 3]
Compreendeu, senhor?
[Palestrante 1]
Pois é.
[Palestrante 3]
Mas tem uma coisa que eu estou com uma certa dificuldade. Como não entendi. A
Constituição é formada por normas, certo?
[Palestrante 5]
Não.
[Palestrante 1]
Você vai pensar de forma diferente. Você vai pensar de forma diferente. Olha a
ponderação que iniciou a colega e eu mal e delicadamente cortei.
[Palestrante 3]
Não, mas na Constituição, não está na formação das normas?
[Palestrante 1]
[Palestrante 3]
Não entendi.
[Palestrante 1]
A gente ainda vai escrever. Compreenderam o que eu falei ou não? Por exemplo, vou
fazer uma votação.
Determine as regras da votação, como o senhor falou. 50% ou mais um. Aí eu vou
começar a criar as condições.
[Palestrante 2]
Compreenderam o que eu falei ou não? Tem que estabelecer. Vamos criar a Constituição
nova.
Primeiro a gente revoga a outra ou eu ainda tenho que obedecer aquelas outras regras?
[Palestrante 1]
Beleza? Olha pra cá. Acabei de quebrar o regime monarquista e escrevi a Constituição
republicana.
Eu vou me virar para o passado e dizer mas enquanto não escrevo a minha, eu vou ficar
respeitando a sua. É aí que vem. Vocês já viram algum movimento armado no momento
das batalhas alguém está pensando assim enquanto ele está aqui atirando amanhã a
gente começa a escrever nossa Constituição, ouviu?
[Palestrante 4]
Não.
[Palestrante 1]
Colegas, nós estamos mudando ou alterando o contexto social. Compreendeu? Na
verdade o princípio por que se inicia uma revolução já é pré-estabelecido normalmente.
Não tem. Vamos falar de evolução francesa? O que foi a evolução francesa?
Vocês lembram da tomada da Baxilha? Não foi uma coisa ordenada, pré-pensada.
Compreenderam?
Toda vez que você tem um movimento revolucionário, se você não tiver líderes fortes, o
movimento revolucionário sucumbe. Ele se encerra. É por isso que todo movimento
revolucionário precisa de pessoas fortes para liderar.
Se não tiver, ele vai cair. Quando você fala de revolução francesa, os primeiros nomes
da revolução francesa são os nomes de Robespierre e Danton. Robespierre tinha uma
personalidade tão forte, que quando Danton, que foi um líder revolucionário com ele, se
opôs a ele, ele condenou Danton a lagnatina.
Compreendeu?
[Palestrante 3]
[Palestrante 1]
Ninguém fica pensando muito. Compreendeu? Agora, depois que o movimento toma o
poder, aí eu morri.
Agora nós vamos criar as regras, nós vamos governar o país, vamos organizar a
sociedade. Então os três princípios da revolução francesa, inicialmente, eles não foram
por esse motivo. Deixa eu te falar uma coisa.
Vou te dar um exemplo. No que eu falei de Robespierre e Danton, que eram um dos
líderes da revolução. Porque Danton pensou de forma diferente que Robespierre, um
condenou o outro à guilotina.
[Palestrante 4]
A liberdade, a gente acaba com o poder absoluto, beleza? Tomei o poder. Fiz a tomar do
poder.
Beleza. Agora, vamos brigar pela liberdade, igualdade e fraternidade. Se você pensar de
forma diferente, eu vou te matar.
[Palestrante 3]
[Palestrante 1]
Não existe, e tenha isso como uma clarida, não existe uma sociedade com uma vasta e
ampla relação democrática e libertária. Em algum momento teremos os freios da
organização, senão ela não se mantém. Ela chega a ser caótica.
[Palestrante 5]
[Palestrante 1]
Hã?
[Palestrante 5]
[Palestrante 1]
Totalmente. Agora, por que se criou uma visão romantizada dos movimentos
revolucionários? Para convencer o resto da população.
[Palestrante 2]
Compreende? O populismo.
[Palestrante 1]
[Palestrante 2]
O ideário popular.
[Palestrante 1]
Entendeu? Para você não se perder, observe aqui. Quais são as características do poder
constituinte originário?
Estabelece uma nova ordem jurídica. Ele é ilimitado. Ele pode falar de qualquer
conteúdo.
Ele é incondicionado. Porque não existem regras anteriores. Regras ainda serão criadas.
Independência. Uma boa. Ser autônomo, no sentido de ser independente, é não ser
subserviente a alguém.
Autonomia via de regra no Brasil, está associada a poder financeiro. A capital, meninas.
Está associado a capital.
Compreenderam? Dificilmente você vai ter alguém autônomo sem recurso financeiro.
Tem o que eu falei?
[Palestrante 2]
Depende.
[Palestrante 1]
Agora ele é mal educado, muitas vezes. Ele arrota uma arrogância de que quer fazer, de
que pode fazer, que não sei o que, que eu já tenho 30 anos, faço e aconteço, mas não
quer submeter as regras da casa. Dos pais que o sustentam.
Sem recurso financeiro você sempre será subserviente. Ao contrário, se você tem 16, 17,
18 anos e for automantendedor, você conquista o respeito dos seus pais. É uma questão
pura e simplesmente social.
Vou além. Eu tenho três filhos. Meu filho mais velho tem 14 anos.
Ele não tem qualquer autonomia. Ele é submisso, subserviente às minhas diretrizes e às
minhas regras. Falar assim pode simbolizar talvez que eu não o ame.
E o amo profundamente. Mas ele está submetido às minhas regras e à minha vontade. E
não porque ele só tenha 14 anos.
Se ele tiver 30 anos, sob minha influência financeira, as regras serão as mesmas.
Compreendeu o que eu disse? Imagine, ele há uns dois, três anos atrás, ele é bem forte.
E ele, aos 11, 12 anos, não sei o que foi que eu falei com ele, deu alguma ordem. Aí ele
se chateou. Aí já ficou meio emburrado.
Parte do dia, no final de semana. Quando foi um pouco mais tarde, ele me pediu alguma
coisa e eu tornei a negar. Da negativa, ele botou o queixo, começou a querer discutir e
tal.
Eu não sou de elevar o tom de voz. Ele começou a elevar o tom de voz. É isso.
Aí ele dá uma engrossada, fala um pouco mais forte. Seu Luizinho, o que é isso, rapaz?
Você tá doido, né?
Fala um pouco mais forte com ele. Ele começa a querer chorar, mas segurando o choro.
Tem uma experiência individual.
Depois a gente chega com os desabafos. E aí ele começou a querer chorar e tal, daquele
murmuro. Eu falei bem intenso com ele.
Ele não aguentou, chorou, chorou, chorou, chorou. Estávamos na sala. Ele vai para o
quarto.
No caminho do quarto, ele entra no corredor dos quartos. Chega na porta do quarto dele,
para fechá-lo e dá-lhe uma batida. Você vai arrebentar, cara.
Quando ele fez isso, rapidinho. Quando ele fez isso, pela primeira e única vez na vida, eu
fumacei. Fui ao quarto.
Você está ficando louco? Dei um sabão, deixei de castigo. Ficou lá chorando e tal.
Eu tenho câmera em toda a casa. Aí ele se tranca lá. Eu venho para a sala.
Aí eu vou ficar ouvindo os murmúrios dele. Aí os murmúrios do cara. A colega quer
desabafar de algum jeito.
Eu não quero.
[Palestrante 2]
[Palestrante 1]
Aí ele começa. Esse bicho vai ver. Eu não amo mais ele.
[Palestrante 4]
[Palestrante 1]
[Palestrante 4]
[Palestrante 1]
Quando foi lá, para umas 5, 6 horas, o quarto dele é o primeiro quarto da casa. Aí tem
uma janela que dá para a varanda. Como é a casa do condomínio, tem os coleguinhas
dele, os meninos lá que andam com ele.
Da casa da frente, Rafa. Chegou lá na frente do quarto. Vamos bater um baba e tal.
Ele doido para o futebol. Esse bicho me deixou em casa. Estava falando.
[Palestrante 4]
É pior.
[Palestrante 1]
Rapaz, é mesmo. Ele me desobedece porque eu tinha colocado de castigo. Pula a janela,
vai para a quadra e vai lá se acabar.
Bater um baba e tal. No condomínio, eu não sabia onde ele estava. Aí eu interfonei para
a portaria.
Falei, Darlan, beleza, beleza. O Darlan, o Luizinho está onde aí? Peraí, seu Paulo, vou
olhar aqui nas câmeras.
Olhou nas câmeras do nosso condomínio. Aí ele tirou o print da imagem, mandou para
mim, estava na quadra.
[Palestrante 3]
Negócio é rápido.
[Palestrante 1]
Rapaz, que ódio. Ele não tem autonomia e se picou mesmo de casa. Ele vai ter que
voltar.
Primeira coisa que ele vai sentir. Eu disse que ele era fortinho, não disse? Ele é forte,
todo musculosinho.
Portanto, ele vai sentir fome. E a fome vai chegar logo. Quando foram as oito horas, o
menino eu vejo passando na frente lá de casa para as suas respectivas residências.
E ele vem se escorando por dentro de casa. Quando eu vi ele chegar na varanda, eu
disse, porra, chegou. Vou ver se ele vai me pedir desculpa, o que ele vai fazer.
Ele é orgulhoso. Pera aí, rapidinho, uma pausa. Parece que vocês estão prestando mais
atenção a esse parte.
[Palestrante 2]
Negócio é gravado.
[Palestrante 1]
Ele é indignado. É o pior. Aí estava em algum momento a menina ali e eu de lá, nada.
[Palestrante 2]
[Palestrante 1]
Bem, só para concluir esse primeiro momento e você até mais rápido, ele chorou,
chorou, chorou, chorou. Entrou em casa. Me pediu meio que desculpa, meio sonso e tal.
Aí eu não deixei ele comer. Ele foi com fome. Aí se lançou para dentro de casa e tal.
Falei, você não vai jantar agora de noite. Meu pai, eu estou morrendo de fome, não sei o
que. Isso é injusto.
Aí ele chora, chora, chora. Eu disse, eu vou pedir uma pizza. A pizza chegou.
Aí quando a pizza chegou, eu não deixei também ele comer. Maldade não, tem que
demonstrar força. Nessa relação, ele deve ser subserviente.
Compreendeu o que eu disse? Sim. Teve uma pressão no juízo, não comeu a pizza.
Ele também gosta muito de cuscuz. E ele sabe cozinhar, né? Mesmo pequenininho, ele já
sabia fazer cuscuz e essas coisas.
Não deixei ele fazer o cuscuz, ele queria voltar para a casa, descansar. Não deixei. Ele
foi com fome.
Pronto. Aí você pode dizer, maldade. Você pode dizer, você foi perverso.
Não devia ter feito isso, coitadinho. Era uma criança, não sei o que, não sei o que. Mas
ele percebeu, rapidamente, nos anos seguintes, que eu não voltava a minha palavra.
Percebeu também que ele é submisso. Que ele não tem autonomia. Que a ideia de fuga
se limitou à quadra do condomínio.
[Palestrante 2]
[Palestrante 1]
Sem carro. Colegas, isso se dará em qualquer momento da vida de vocês. Eu sou muito
respeitador de meus pais.
Meu pai já falecido, minha mãe já é uma senhorinha octogenária. Minha mãe sempre foi
muito autoritária. E, às vezes, muito rude.
Quando eu estava com meus 28 para 29 anos, eu só saí de casa quando eu casei, viu?
Antes disso, fiquei o tempão dentro da casa de maninha. Comprei uma casa, ficava no
primeiro condomínio que eu comprei.
Eu ia, às vezes, para casa para estudar, para trabalhar e tal, pelo silêncio, porque minha
mãe acorda cedo e fala muito alto e tal. Mas eu passava o dia todo dentro da casa de
maninha. Dormia lá, tomava café, roupa lavada, comia tudo dentro da casa de maninha.
Quando eu estava com, mais ou menos, 29 para 30 anos, eu tive uma discussão um
pouco mais severa com ela. E minha irmã é mais velha do que eu no ano, viu? E também
morava em casa.
E aí, na discussão que a gente teve mais severa, minha mãe quis dar uma humilhada no
meu ego, e aí ela falou algumas coisas e tal, me chateei. Eu não chorei não, viu? Eu
seguro que chorei.
Não tem nada a dar. Eu vou embora. Eu também não volto mais, viu?
Aí, meu irmão, teve a discussão. Isso devia ser, mais ou menos, acho que devia ser
umas 4h30 para 5h da tarde. Aí eu comecei a pegar as coisas do guarda-roupa para
arrumar.
Eu saí, tirei o carro da garagem, botei de ré para abrir a tampa da mala. Só que eu não
queria ir embora, pô. Eu gostava de ficar naquela irmãinha.
Só que eu também eu não podia ficar humilhado e me manter ali, pô. Eu tinha que dar
uma resposta. Aí eu pensei, não, pô.
Eu já ganho meu dinheiro, eu sou independente. Eu não vou ficar nessa humilhação,
não, pô. Vamos embora.
[Palestrante 2]
[Palestrante 1]
Em vez de pegar, como eu não queria mesmo ir, eu não peguei um do saco, um do
chifre, eu fui botando tudo. Eu fui pegando de peça em peça. E aí vai dando tempo que
ela fica com pena.
Sabe como é? Aí eu pegava assim, ó. Vinha com umas 4, 5 camisas, uns shorts assim.
Aí meu irmão ficava. Pô, bicho. Ele falando algo, eu não ia ouvir.
Pô, bicho, vai sair com a maminha, porra. É, eu não sei como é. Aí eu dizia, meu Deus,
não dá pra ficar aqui com essa mulher não.
Ela não respeita o filho, bicho. Aí eu ia picatando as coisas, catando, catando. Aí eu disse
pro meu irmão, se você quer sair mesmo, 20 minutos você arruma tudo e fica.
[Palestrante 4]
[Palestrante 1]
Ficou na varanda. E manha foi pra janela. Aí eu acho que no coração de mãe dela, ela
deve ter pensado, porra, se ele sair, talvez ele não volte mais.