Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

TCC Enevaldo VF

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 61

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAVIP | WYDEN

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENEVALDO HIPÓLITO DE MOURA JÚNIOR

PRÓTESE FELINA PERSONALIZADA: UM ESTUDO ACERCA DE


SEU PROJETO MECÂNICO E DO POTENCIAL DE SUA
MANUFATURA ADITIVA

Caruaru – PE
2022
ENEVALDO HIPÓLITO DE MOURA JÚNIOR

PRÓTESE FELINA PERSONALIZADA: UM ESTUDO ACERCA DE SEU PROJETO


MECÂNICO E DO POTENCIAL DE SUA MANUFATURA ADITIVA

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Mecânica da Unifavip – Centro
Universitário Unifavip | Wyden como
requisito parcial para a obtenção do grau de
bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientadora: Profa. Msc. Suelene Silva


Araújo

Caruaru – PE
2022
Catalogação na fonte -
Biblioteca do Centro Universitário do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE
J95p Junior, Enevaldo Hipólito de Moura.
Prótese felina personalizada: Um estudo acerca de seu
projeto Mec Nico e do potencial de sua manufatura aditiva.
Enevaldo Hipólito de Moura Junior/. – Caruaru: UNIFAVIP,
2022.
61 f.: il.
Orientador (a): Prof. Suelene Silva Araújo
Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Mecânica) –
Centro Universitário do Vale do Ipojuca.

1. Impressão 3D. 2. Próteses. 3. Prótese Felina. 4. QFD


Título.

CDU 621 [22.2]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de Processamento técnico


ENEVALDO HIPÓLITO DE MOURA JÚNIOR

PRÓTESE FELINA PERSONALIZADA: UM ESTUDO ACERCA DE SEU PROJETO


MECÂNICO E DO POTENCIAL DE SUA MANUFATURA ADITIVA

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Mecânica da Unifavip – Centro
Universitário Unifavip | Wyden como
requisito parcial para a obtenção do grau de
bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientadora: Profa. Msc. Suelene Silva


Araújo

APROVADO EM __30___/ ________11_____________/ ___2022___

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________
Prof.(a) Msc. SUELENE SILVA ARAÚJO
Orientador

___________________________________________________________
Prof. Msc. EVANDRO DE SOUZA QUEIROZ
Examinador

___________________________________________________________
Prof. Esp. CARLOS ALEXANDRE F. DOS SANTOS
Examinador
AGRADECIMENTOS

Ao Armazém da Criatividade de Caruaru, por disponibilizar os equipamentos e


insumos necessários à prototipação da prótese 3D desenvolvida neste trabalho.
Aos meus amigos e familiares que ofereceram total apoio e tornaram mais
leve toda a minha jornada de estudos, possibilitando a culminância neste trabalho de
conclusão.
Ao companheiro animal Mercúrio, que não fez oposição alguma em fazer
parte de um experimento que pode vir a ajudar a vida de outros felinos que
necessitem do uso de próteses.
À professora orientadora Suelene, que possibilitou o desenvolvimento deste
trabalho, orientou com excelência e foi bastante paciente durante todo o processo.
À minha noiva Nadeje, por incentivar-me sempre a investir nos meus estudos
e desenvolvimento profissional e estar ao meu lado nos melhores e piores
momentos dessa jornada.
Outrossim, sem a contribuição única de cada um, este trabalho não teria sido
possível.
RESUMO

O presente trabalho consiste em uma pesquisa aplicada ao desenvolvimento da


impressão 3D no âmbito biomecânico para produção de próteses para felinos, as
quais podem substituir a ausência congênita ou não de um membro. Para tanto,
este estudo configurou-se metodologicamente em cinco etapas: Análise e
sintetização de ideias de autores acerca do assunto estudado mediante revisão
bibliográfica, Desdobramento da Função Qualidade, projeto da prótese através de
software 3D de modelagem, validação da prótese através de análise de engenharia
em software e impressão da prótese. Os resultados obtidos nesta pesquisa
demonstram principalmente que, o material utilizado para esta prótese é resistente
aos esforços verticais de caminhada exercidos pelo gato, bem como que o potencial
da impressão 3D com o polímero termoplástico PLA para a produção de próteses e
órteses sob medida para felinos domésticos apresenta baixo custo, adaptação do
usuário, celeridade na fabricação inicial e de eventuais substituições, resistência
estática, retorno de mobilidade, prevenção de doenças decorrentes da ausência de
membros e promove qualidade de vida. Nesse sentido, conclui-se que é viável o
desenvolvimento e manufatura de dispositivos protéticos personalizados fabricados
com impressão 3D para animais felinos como alternativas para próteses
tradicionais. Os dispositivos protéticos fabricados com a tecnologia de impressão 3D
quando associados a conceitos da engenharia apresentam uma melhor
performance e adaptação do protótipo ao animal.

Palavras-chave: Impressão 3D. Próteses. Prótese felina. QFD.


ABSTRACT

This paper consists of a study applied to the development of 3D printing in the


biomechanical scope for the production of prostheses for cats, which can replace the
congenital or non-congenital absence of a limb. Therefore, this study was
methodologically configured in five stages: Analysis and synthesis of authors' ideas
about the subject studied through bibliographical review, Quality Function
Deployment, prosthesis design through 3D modeling software, validation of the
prosthesis through software engineering analysis and printing of the prosthesis. The
results obtained in this research mainly demonstrate that the material used for this
prosthesis is resistant to the vertical forces involved in walking exerted by the cat, as
well as the potential of 3D printing with the thermoplastic polymer PLA for the
production of prostheses and orthoses tailored for domestic cats presents low cost,
good user adaptation, speed in the initial manufacture and eventual replacements,
static resistance, return of mobility, prevention from diseases which come from the
absence of limbs and promotes quality of life. In this sense, it is concluded that the
development and manufacture of custom prosthetic devices manufactured with 3D
printing for feline animals as alternatives to traditional prostheses is feasible.
Prosthetic devices manufactured with 3D printing technology, when associated with
engineering concepts, present a better performance and adaptation of the prototype
to the animal.

Keywords: 3D printing. Prosthetic and orthotic devices. Prosthetics for cats. QFD.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Felino doméstico com prótese do estilo soquete e perna artificial…. 17

Figura 2 - Felino doméstico com prótese do estilo assistida por rodas………... 17

Figura 3 - Felino doméstico com prótese osseointegrada…………………….…. 18

Figura 4 - Representação dos membros torácicos de um humano (esquerda)


e de um felino (direita). A clavícula (a) é um suporte rígido a escápula (b) e o
esterno (c). Em contrapartida, no felino músculos (d) conectam os membros
torácicos ao esterno…………………………………………………………………. 20

Figura 5 - Esquemática de um diagrama QFD……………………………………..23

Figura 6 - Principais etapas do processo de Manufatura Aditiva………………. 24

Figura 7 - Funcionamento de uma impressora 3D de Fabricação com


Filamento Fundido……………………………………………………...……….…... 25

Figura 8 - Popularidade dos modelos de impressoras 3D ao redor do mundo..26

Figura 9 - Matriz para resolução dos deslocamentos pelo método


de elementos finitos.………………………………………………………………… 27

Figura 10 - Prótese desenvolvida por Van Phillips em 1989.…………………... 28

Figura 11 - Flex-Run (a), prótese em formato de C; Cheetah Xtreme (b),


prótese em formato de J; e 1E90 Sprinter (c), prótese em formato de J………..29

Figura 12 - Aplicação do plástico filme de PVC…………………………………...33

Figura 13 - Aplicação da atadura gessada………………………………..…………..


34

Figura 14 - Moldes negativos obtidos das patas dianteiras esquerda e direita,


respectivamente……………………………………………………………………… 35

Figura 15 -Detalhe interior do molde negativo da pata esquerda do animal……35

Figura 16 - Molde positivo em gesso da pata dianteira direita do animal. À


esquerda, vista do lado externo do membro, e à direita, vista do lado interno.. 36

Figura 17 - Design do Protótipo com Malha de Elementos Finitos no ANSYS. 38

Figura 18 - Aplicação da atadura gessada………………………………..…………..


40

Figura 19 - Força aplicada à prótese no estágio de contato do calcanhar com


o solo, em vermelho………………………………………………………………… 42

Figura 20 - Análise estática do estágio de contato do calcanhar da prótese


com o solo. Respectivamente o deslocamento, a tensão, a deformação e o
fator de segurança…………………………………………………………………... 43
Figura 21 - Força aplicada à prótese na Fase Transitória Intra-Estágio, em
vermelho……………………………………………………………………………… 44

Figura 22 - Análise estática da fase transitória intra-estágio.


Respectivamente o deslocamento, a tensão, a deformação e o fator de
segurança…………………………………………………………………………….. 45

Figura 23 - Força aplicada à prótese no estágio do levantamento dos dedos


da pata do felino do solo, em vermelho…………………………………………… 46

Figura 24 - Análise estática no estágio do levantamento dos dedos da pata


do felino do solo. Respectivamente o Deslocamento, a Tensão, a
Deformação e o Fator de Segurança……………………………………………… 47

Figura 25 - Impressão 3D do protótipo na posição vertical……………………… 48

Figura 26 - Protótipo impresso na posição horizontal……………………………. 49


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Propriedades mecânicas do PLA impresso........................................ 31

Tabela 2 – Resultados da análise estática de elementos finitos para o


momento de contato do calcanhar da prótese com o solo………….................... 41

Tabela 3 – Resultados da análise estática de elementos finitos para a fase


transitória intra-estágio...….…………………………............................................. 44

Tabela 4 – Resultados da análise estática de elementos finitos para o


levantamento dos dedos da pata do felino do solo……………………................. 45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

3D - Tridimensional
ABS - Acrylonitrile Butadiene Styrene
CAD - Computer Aided Design
CAE - Computer Aided Engineering
FDM - Fused Deposition Modeling
FEA - Finite Element Analysis
FFF - Fabricação com Filamento Fundido
PLA - Polylactic Acid
PVC - Polyvinyl Chloride
QFD - Quality Function Deployment
SRD - Sem Raça Definida
STL - Stereolithography
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................13

1.1 Objetivo geral………………………………………………………………….. 14

1.2 Objetivos específicos………………….…………………………………….. 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA………………………………………………………. 15

2.1 A importância da utilização de próteses e órteses em animais


domésticos…………………………………………..……………………………. 15

2.2 A anatomia felina……………………………………………………….…….. 19

2.3 Quality Function Deployment (QFD)....................................................... 21

2.4 Manufatura aditiva………………………………………………….………… 23

2.5 Análise de elementos finitos (FEA)........................................................ 26

2.6 Próteses esportivas do estilo lâmina de corrida……………….………. 28

2.7 Obtenção de moldes para auxílio no dimensionamento e


modelagem de próteses………………………………………………….…….... 30

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 31

3.1 MATERIAIS…………………………………………………………………….. 31

3.2 METODOLOGIA…………………………………………………….…………. 32

3.2.1 PROJETO DA PRÓTESE DA PATA DO FELINO……………………32

3.2.2 OBTENÇÃO DO MOLDE……………………………………………… 33

3.2.3 AVALIAÇÃO DA PRÓTESE………………………..………………….. 36

3.2.4 ANÁLISE ESTÁTICA……..…………………………………………… 37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 38

4.1 QFD……………………………………………………………………………… 38
4.2 ANÁLISE ESTÁTICA…………………………………………………..……... 41

4.2.1 CONTATO DO CALCANHAR DA PRÓTESE COM


O SOLO………………………………………………………………………... 41

4.2.2 FASE TRANSITÓRIA INTRA-ESTÁGIO…………………..………… 43

4.2.3 LEVANTAMENTO DOS DEDOS DO SOLO………………………… 45

4.3 IMPRESSÃO 3D DO PROTÓTIPO……………………….………………….. 47

4.4 DISCUSSÃO DE RESULTADOS………………………….…………………. 49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 52

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 56


13

1 INTRODUÇÃO

As próteses promovem a mobilidade e restabelecem a qualidade de vida


diante de uma ausência congênita de membro, ou até mesmo de uma amputação.
Nesse sentido, tanto animais humanos, quanto animais não humanos podem ser
beneficiados por este tipo de mecanismo, tendo em vista que de modo geral a
mobilidade, postura e equilíbrio são recuperadas (ARAÚJO, 2010).
Em sendo assim, o processo de manufatura aditiva, ou seja, impressão 3D
pode ser aplicado para o desenvolvimento dessas peças pois verifica-se uma boa
performance, qualidade, e baixo custo se comparado a outros métodos, além de que
a produção é rápida e personalizada, considerando as condições e características
de cada indivíduo (GAWEL, 2020).
Diante das suas diversas aplicações de uso, inclusive no âmbito biomecânico,
a manufatura aditiva é capaz de promover uma vida mais confortável para os
animais de estimação, contudo, é notável que soluções como próteses são recentes
para estes em relação aos humanos.
As próteses para felinos de pequeno porte precisam levar em conta a
amplitude dos movimentos, a flexibilidade e o controle sobre os membros torácicos a
fim promover com excelência o equilíbrio, a possibilidade de saltar, realizar
aterrissagens suaves e desempenhar demais atividades cotidianas (WRIGHT &
WALTERS, 1980).
As próteses comerciais costumam ter um molde universal que atenda a um
grande número de pacientes com um único design, que não possibilita uma perfeita
compatibilidade com a anatomia do paciente, restando ao animal adaptar-se à
prótese, e não o contrário, acarretando problemas de adaptação e mobilidade
posteriormente. Por conseguinte, a fabricação de prótese externa personalizada
através de manufatura aditiva proporciona agilidade e a possibilidade de produção
de peças com geometrias complexas, o que não é viável nos processos
convencionais.
Nesta pesquisa a manufatura aditiva ocorreu através do processo de
fabricação por filamentos fundidos, a partir da deposição por camada, no qual os
filamentos de material foram depositados sobre uma base mediante um bico de
extrusão. Foram aplicadas a metodologia de Quality Function Deployment (QFD),
14

assim como a tecnologia de modelagem computacional, e por conseguinte delineou-


se uma análise de elementos finitos.
Por fim realizou-se a impressão 3D da prótese da pata dianteira de um felino,
buscando um resultado satisfatório principalmente no sentido de baixo custo,
celeridade, adequação, mobilidade, durabilidade e eficiência.

1.1 Objetivo geral


Realizar uma análise bibliográfica e biomecânica acerca do desenvolvimento
de próteses de patas dianteiras para felinos em manufatura aditiva.

1.2 Objetivos específicos

● Projetar um modelo de prótese para animais felinos;

● Estudar os critérios levados em consideração na criação de próteses animais;

● Identificar as solicitações biomecânicas do corpo de um felino doméstico;

● Avaliar as vantagens/potencial da impressão 3D na rápida prototipação e


manufatura de próteses, com ênfase nas próteses felinas;
● Investigar os critérios mecânicos da prótese em uso mediante o uso do
método de elementos finitos no ANSYS;
● Prototipar a prótese com o uso da impressão 3D;
15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A importância da utilização de próteses e órteses em animais domésticos

A amputação de membros em animais domésticos pode ocorrer devido a


enfermidades do sistema apendicular de origem traumática, neurológica, congênita,
neoplásica, crônica ou infecciosa. A presença de amputações aumenta o potencial
para um grande número de complicações de saúde resultantes, como displasia
neoplásica, osteoartrite, hemivértebra, curvatura espinhal, entre outras. A ocorrência
de tais complicações pode ser consideravelmente reduzida através do uso de
equipamentos protéticos e ortóticos (GOLDNER et al., 2015; THRALL, 2007;
ADAMSON et al, 2005).
Na prática veterinária, as amputações de membros pélvicos e torácicos
ocorriam, comumente, no nível do quadril e do ombro, respectivamente. Em
contraste, a amputação cirúrgica em seres humanos ocorre tipicamente em dez
níveis diferentes, a depender do local e da severidade da lesão. Esses locais de
amputação incluem desarticulação do ombro, amputação acima do cotovelo,
desarticulação do cotovelo, amputação abaixo do cotovelo, desarticulação do punho,
desarticulação de quadril, amputação acima do joelho, desarticulação do joelho,
amputação abaixo do joelho, entre outras (SHURR & COOK, 2001).
A vasta gama de locais para amputação de membros em humanos levou, ao
longo do tempo, a um aumento na variedade tecnológica de dispositivos prostéticos
que permitem melhorias no funcionamento dos membros acometidos,
independentemente do local de amputação. No passado, tal tecnologia não estava
igualmente disponível para animais domésticos, e o risco de lesão nos membros
residuais se sobressaia aos ganhos em funcionalidade. Portanto, geralmente os
profissionais do ramo veterinário optavam pela remoção do membro por completo
(FARRELL et al., 2014).
Contudo, com o surgimento de dispositivos protéticos e ortóticos, a frequência
da abordagem tradicional de amputação total do membro tem sido reduzida, e os
níveis de amputação para animais domésticos tem se assimilado cada vez mais aos
níveis de amputação para humanos (ADAMSON et al., 2005).
A utilização de próteses e órteses tem por finalidade melhorar, ou até retornar
ao indivíduo, a capacidade de caminhar e de exercer atividades inerentes ao seu dia
16

a dia diante de deficiências físicas ou após lesões traumáticas, em consonância com


a condição do indivíduo ou da gravidade da lesão (ARAÚJO, 2010).
Dispositivos ortóticos são utilizados quando um membro completo está
presente, mas a presença de um dispositivo é necessária para auxiliar no uso
integral do membro. Esse tipo de dispositivo é feito para envolver o membro, e para
ajustar o alinhamento do mesmo, voltando ao seu estado natural. Dispositivos
protéticos, por sua vez, são utilizados quando apenas um membro residual está
presente no indivíduo, e um dispositivo é necessário para substituir o restante do
membro, restaurando, mesmo que com limitações, a sua função. As próteses são
ligadas diretamente ao membro residual, quer seja através do uso de um encaixe do
tipo soquete, ou através da integração do dispositivo ao osso e à pele do indivíduo
(FARRELL et al., 2014).
Nesse sentido, Korbee et al. (2014) preconizam que a força máxima
registrada de felinos domésticos saltando da altura de 1 metro é de 23N.
Adicionalmente, no estudo de Schnabl-Feichter at al. (2017), que analisou os
padrões de caminhada de gatos com o auxílio de placas de pressão, os autores
afirmam que, durante os ciclos de caminhada, 56% do peso da massa corporal do
animal é distribuído para os membros dianteiros. Sendo assim, levando em
consideração um felino com o peso de 4 kg, durante o contato de uma de suas patas
dianteiras com o solo, a mesma estaria sujeita a uma força de 22N. Em
convergência com a literatura, uma força vertical de 23N foi utilizada para a análise
de tensão neste estudo, visto que a prótese foi desenvolvida tendo como base o uso
na substituição de membros dianteiros.
Os modelos de próteses e órteses que tipicamente se encontram disponíveis
para animais domésticos existem principalmente em duas variações, de acordo com
o nível de amputação do usuário. Essas variações comuns são do tipo das próteses
assistidas por rodas, ou do tipo das próteses compostas por soquete e uma perna
artificial. Quando o profissional veterinário considera o membro residual comprido o
suficiente, o dispositivo de soquete e perna artificial é implementado (FILHO, 2019).
Um exemplo desse tipo de prótese pode ser visto na Figura 1 a seguir.
17

Figura 1 - Felino doméstico com prótese do estilo soquete e perna artificial.

Fonte: Moderncat, 2017.

O tipo de dispositivo supracitado faz uso de um sistema de cinta para fixar a


perna artificial ao usuário, e não promove absorção de energia durante o ciclo de
caminhada. Ademais, no caso de o animal doméstico não possuir múltiplos
membros, ou de os mesmos serem deformados, um dispositivo de prótese assistido
por rodas, conforme aquele visto na Figura 2, é implementado (FILHO, 2019).

Figura 2 - Felino doméstico com prótese do estilo assistida por rodas.

Fonte: Provost, 2017.

Esses dispositivos requerem um sistema de sustentação e proporcionam


mobilidade limitada ao animal. Não obstante, verifica-se que muitas das cadeiras de
rodas utilizadas por animais domésticos com problemas locomotores são feitas a
18

partir de materiais improvisados, como canos, rodinhas de brinquedos e diversos


materiais reciclados, devido, sobretudo, aos seus baixos custos. Porém, esses
aparelhos improvisados podem ter desempenho comprometido e não atenderem às
necessidades do animal, chegando até mesmo a causar lesões por não serem
devidamente adaptados (NISHIMURA, 2018).
Nos últimos anos, grandes esforços têm sido feitos para criar prótese
osseointegráveis para humanos, e animais domésticos vêm sendo utilizados como
um modelo de menor escala para demonstrar eficiência (Figura 3). Embora essa
tecnologia tenha proporcionado resultados promissores, o seu uso prático ainda é
estudado para o futuro, devido aos altos custos envolvidos e o alto risco de infecção
no local de inserção (FARRELL, et al.,2014).

Figura 3 - Felino doméstico com prótese osseointegrada

Fonte: Popular Mechanics, 2020.

As técnicas utilizadas por profissionais do ramo veterinário são inspiradas


naquelas utilizadas por profissionais certificados que desenvolvem próteses para
humanos, e incluem a moldagem do membro residual para criar um molde negativo
do coto, que será então utilizado para a criação de um molde positivo, criando assim
um modelo quase idêntico do membro residual do indivíduo. O dispositivo protético
ou ortótico é então criado por um protesista, se utilizando desse modelo para
19

desenvolver um dispositivo customizado e específico para o indivíduo (LAGE;


LAMOUNIER & PERTENCE, 2018).
Com a introdução das técnicas de Prototipagem Rápida, e mais
especificamente da impressão 3D, os meios de fabricar modelos únicos, sob
medida, e em escala individual foram melhorados de forma considerável.
Atualmente, conceitos de soluções protéticas e ortóticas propostos podem ser
modelados e transformados, de forma ágil, em protótipos tangíveis em questão de
horas, ao invés de dias; o mesmo pode-se dizer de técnicas de fabricação de
próteses e órteses. As propriedades aditivas e técnicas de impressão 3D permitem
modelos geométricos de fabricação inconcebível através de técnicas tradicionais
(GIBSON; ROSEN & STUCKER, 2015; CAMPBELL, 2012).
A Prototipagem Rápida é uma tecnologia em avanço constante, contudo,
muito embora promova muitos benefícios aos seres humanos e a animais não
humanos, na Medicina Veterinária, está pouco desenvolvida se comparada com os
estudos na saúde humana, ademais, os sistemas de próteses para humanos são
mais complexos e os usuários finais possuem uma seleção muito mais ampla de
tecnologias dentre as quais escolher do que os usuários animais, evidenciando a
necessidade de mais estudos específicos voltados para o mercado de próteses
veterinárias, levando em consideração as suas particularidades (NISHIMURA,
2018).

2.2 A anatomia felina

A anatomia felina é otimizada para velocidade, força e agilidade. Sendo um


mamífero digitígrado típico, os pequenos membros distais de design exclusivo dos
gatos domésticos suportam de duas a três vezes o seu peso corporal durante os
movimentos diários, e o design especializado de seus membros posteriores
contribuem para esses atributos. Na parte mais extrema do membro, as patas são
orientadas de tal forma que apenas os dedos fazem contato com o solo durante uma
corrida em total desenvolvimento. A configuração mencionada é referida como
postura digitígrada, em contrapartida à postura plantígrada dos humanos, e é
considerada a forma mais eficiente de movimento para um predador quadrúpede
(Figura 4) (WRIGHT & WALTERS, 1980).
20

Figura 4 - Representação dos membros torácicos de um humano (esquerda) e de um felino (direita).


A clavícula (a) é um suporte rígido que liga a escápula (b) e o esterno (c). Em contrapartida, no felino,
músculos (d) conectam os membros torácicos ao esterno.

Fonte: Wright & Walters,1980.

A locomoção com essa técnica combina velocidade e estabilidade. Já que


apenas uma pequena área superficial da pata entra em contato com o solo, esta
pode ser rapidamente movida para participar do próximo passo.
Complementarmente, ao se utilizar da parte mais extrema do membro para exercer
forças sobre o solo, o comprimento total do membro aumenta, e, portanto, o
comprimento do passo também é aumentado. Essa técnica é assimilada e
reproduzida por corredores humanos para maximizar o comprimento e a velocidade
do passo, ao mesmo tempo que minimiza o tempo de contato com o solo (WRIGHT
& WALTERS, 1980; GILLINOV et al., 2015).
Ademais, outro aspecto da anatomia felina que significantemente contribui
para a locomoção é a divisão de papéis entre os membros torácicos e pélvicos. Os
membros torácicos de um felino doméstico se assemelham aos de um humano, com
algumas diferenças, dentre elas está a presença e a funcionalidade da clavícula. Em
humanos, a clavícula serve como uma estrutura rígida conectando a escápula e o
esterno, e proporciona a habilidade de exercer quantidades significantes de força.
Em contrapartida, em felinos, como visto na Figura 4, os ossos da clavícula não
estão presentes ou são vestigiais. Por consequência, os membros são conectados
ao esterno unicamente por músculos (WRIGHT & WALTERS, 1980).
Em compensação, os membros pélvicos dos felinos sacrificam mobilidade por
potência, pois a área superficial mais ampla da pélvis permite maior ligação e
21

sustentação muscular. Em outras palavras, isso quer dizer que há uma quantidade
maior de massa muscular, em um volume menor, e assim, criando uma alta
concentração, e resultando, portanto, em uma potência maior localizada. Os
impulsos para frente são, desse modo, produzidos pelos membros pélvicos, e a
função de controlar tais impulsos em uma direção escolhida é realizada pelos
membros torácicos. A amplitude dos movimentos, a flexibilidade e o controle sobre
os membros torácicos são, por conseguinte, essenciais para permitir ao felino se
equilibrar, saltar, realizar aterrissagens suaves sob diversas circunstâncias e
desempenhar uma miríade outras atividades inerentes de seu cotidiano (WRIGHT &
WALTERS, 1980).

2.3 Quality Function Deployment (QFD)

O QFD (do inglês Quality Function Deployment), ou Desdobramento da


Função Qualidade, se trata de uma técnica sistemática que permite a um time de
desenvolvimento de produto identificar de forma clara e concisa as necessidades e
preferências do cliente e designar um nível de prioridade para cada aspecto do
design identificado como parte do processo de análise do QFD (COHEN, 1995).
Dentre os maiores propósitos da utilização QFD, podemos mencionar a
promoção de redução no custo da produção, a priorização de necessidades do
cliente, o aumento do retorno financeiro, e a redução do tempo necessário para o
planejamento, a produção e a venda de um produto. Adicionalmente, a utilização do
QFD tipicamente confere uma vantagem à empresa que o utiliza em relação aos
seus concorrentes, derivada dos ganhos nos aspectos supracitados (UJIHARA;
CARDOSO & CHAVES, 2006).
O desenvolvimento de um produto, quando feito de forma apressada e sem
cautela, geralmente resulta em obstáculos que não foram previstos, tais quais pouco
entendimento das necessidades reais do cliente e a falha em priorizar
estrategicamente os objetivos do produto. O processo de QFD lida com esses
obstáculos de forma preventiva, permitindo ao time de design do produto a produção
de um produto que é eficaz, e, ao mesmo tempo, eficiente (UJIHARA; CARDOSO &
CHAVES, 2006).
22

Se faz necessário notar que utilizar o QFD requer dedicação de tempo, além
de proatividade, e graças a isso muitos projetos são levados adiante sem a
realização de um processo de QFD apropriado. Contudo, o tempo salvo evitando
complicações que seriam resultado de pouco planejamento justifica o tempo gasto
na realização do processo (COHEN, 1995).
Ademais, o QFD, consiste em um conjunto de múltiplas matrizes
discriminando as necessidades e preferências do cliente, além das interpretações
dessas demandas realizadas pelo time de design de produto (MOREIRA; FILHO &
JUNIOR, 2018).
Tais matrizes são relacionadas entre si para determinar qual o nível de
prioridade que será atribuído a cada aspecto discriminado. Usualmente as
necessidades do cliente, exibidas na Seção A (Figura 5), são determinadas através
da realização de pesquisas de mercado, de natureza qualitativa, como aquelas feitas
em grupos de foco, ou em entrevistas diretas com os clientes.
A Seção B (Figura 5) contém dados do mercado, de natureza quantitativa, e
cálculos com a finalidade de determinar uma ordem de prioridade das necessidades
e preferências do cliente. A Seção C (Figura 5), por sua vez, armazena a resposta
técnica, que corresponde a uma descrição que, embora de alto nível, utiliza
linguagem técnica apropriada do produto em desenvolvimento. Essa resposta é
elaborada utilizando as necessidades e preferências do cliente contidas na Seção A.
A Seção D (Figura 5) discrimina o peso das interações entre a resposta
técnica e as necessidades e preferências do cliente. A Seção E (Figura 5),
caracterizada como Correlações Técnicas, se refere à avaliação do time de design
de produto das relações que se encontram na Seção C. A Seção F (Figura 5)
consiste na Matriz Técnica, e contém a ordenação do ranking calculado das
respostas técnicas baseadas nas necessidades e preferências do cliente advindas
da Seção B, e nas relações exibidas na Seção D. A Seção F provê ainda
informações comparativas na performance técnica da competição, assim como
objetivos técnicos de performance.
23

Figura 5 - Esquemática de um diagrama QFD

Fonte: Adaptado de Cohen (1995).

2.4 Manufatura aditiva

Os processos de fabricação presentes na indústria são baseados no princípio


de moldar um determinado material até obter uma forma final desejada. Tais
processos variam consideravelmente em sua natureza. Dentre eles podemos citar
processos que se baseiam na fusão do material, como a fundição de metal ou a
injeção plástica, além de outros processos que, em contrapartida, fazem a remoção
do material até atingir-se a forma desejada, como o caso do fresamento, do
torneamento, da furação e demais processos de usinagem (VOLPATO, 2017).
Esses métodos produzem tanto o objeto desejado quanto grandes
quantidades de material desperdiçado. Há ainda vários outros tipos de processo de
fabricação onde não ocorre desperdício significativo de material, ou o material
desperdiçado é completamente reciclável, como o caso da manufatura aditiva
(WONG, 2012; GIBSON; ROSEN & STUCKER, 2015).
Desenvolvida no final da década de 1980 por Charles Hull, a tecnologia de
fabricação baseada na adição de material, conhecida hoje como Additive
Manufacturing ou Impressão 3D tem como princípio a deposição de material,
24

camada por camada, baseada em um modelo digital. No caso das impressoras 3D,
seu funcionamento lembra o de uma impressora tradicional de cartuchos de tinta,
mas ao invés da tinta, um filamento de material plástico, geralmente armazenado na
forma de uma bobina, é aquecido antes de passar pelo sistema injetor do material,
para então ser depositado precisamente em várias camadas (WONG, 2012).
Dentre as maiores vantagens trazidas pela manufatura aditiva para o
desenvolvimento de produtos estão a redução no tempo e nos custos do projeto,
além da possibilidade de criar qualquer formato desejado, o que antes seria inviável
com as técnicas tradicionais. Não obstante, mesmo com as vantagens, os autores
relatam que atualmente a manufatura aditiva ainda não é utilizada para fins de
produção industrial de forma ampla, mas é vastamente usufruída por cientistas,
estudantes, médicos, projetistas e demais profissionais que se beneficiam do uso de
técnicas de prototipagem rápida (GAWEL, 2020).
Cinco etapas básicas compõem o processo de impressão 3D (VOLPATO,
2017), as quais podem ser visualizadas na Figura 6 a seguir.

Figura 6 - Principais etapas do processo de Manufatura Aditiva

Fonte: Volpato, 2017.

Na primeira etapa, a peça é modelada em com o auxílio de softwares de


desenho assistido por computador (CAD) em um modelo tridimensional. Este
modelo precisa ser disponibilizado em um formato compatível com a maioria dos
sistemas de manufatura aditiva, como o STL, formato mais utilizado na indústria.
Posteriormente, se faz necessário o planejamento dos critérios de fabricação, como
a estrutura de suportes, o número de camadas utilizadas, os fatores que influenciam
25

na deposição do material, como a temperatura e a velocidade de injeção, dentre


outros. A quarta etapa consiste na fabricação da peça por parte do equipamento, e a
quinta, por sua vez, se trata do pós-processamento, que pode envolver técnicas
químicas e abrasivas para acabamento da peça fabricada ou técnicas de limpeza,
de acordo com a necessidade (VOLPATO, 2017).

Figura 7 - Funcionamento de uma impressora 3D de Fabricação com Filamento Fundido

Fonte: Jimenez et al. (2018)

O método FFF (Fabricação com Filamento Fundido), cujo processo é visto na


Figura 7, se trata de um tipo de manufatura aditiva que se utiliza dos mesmos
princípios anteriormente mencionados, imprimindo nos materiais biodegradáveis
ABS e PLA, com a vantagem de possuir equipamentos de custos acessíveis
(VOLPATO, 2017). Tal característica garantiu ao método grande popularidade nos
últimos anos juntamente com outras técnicas semelhantes de FDM (Fused
Deposition Modeling, ou Modelagem por Deposição Fundida), conforme evidenciado
26

pela pesquisa realizada pela Sculpteo (Figura 8), empresa francesa especializada
em impressão 3D, disposta a abaixo.

Figura 8 - Popularidade dos modelos de impressoras 3D ao redor do mundo

Fonte: Sculpteo, 2018.

No estudo, Sculpteo (2018) verifica-se que em 2017, 85% das empresas


participantes na pesquisa possuíam impressoras do tipo FDM, e em 2018, esse
número ainda era de 75%.

2.5 Análise de elementos finitos (FEA)

Análise de elementos finitos, de abreviatura FEA (do inglês, Finite Element


Analysis) é uma ferramenta computacional que possibilita o cálculo de tensões e
deslocamentos em formas geométricas complexas. Essa técnica cria um elemento
finito, ou uma malha, onde os elementos individuais podem variar em tamanho e
forma (BRAUER, 1993).
Um modelo FEA contém informações referentes à geometria da forma
complexa, propriedades do material designadas para aquela forma, magnitude e
27

direção das forças sendo aplicadas à forma, e restrições ou elementos fixos da


forma complexa. Essas informações se fazem necessárias para determinar o
deslocamento e as tensões que ocorrem quando forças externas são aplicadas à
forma complexa (NOGUEIRA, 2022).
Os nós dos elementos localizados dentro da malha representam os cantos
dos elementos finitos. Cada um desses nós em um problema estrutural exibe seis
graus de liberdade, translações em três direções e rotações ao redor dessas três
direções. A maioria dos nós na malha estão livres, com a maioria dos pontos fixos
da forma sendo os únicos elementos que estão restringidos. Esses pontos fixos são
conhecidos como condições de contorno. Os softwares de análise de elementos
finitos são então utilizados para calcular todos os nós de propriedades
desconhecidas (NOGUEIRA, 2022).
Uma mola pode servir como uma representação simplificada do modelo
desse método. Dois nós podem ser vistos como sendo as duas extremidades da
mola, e as propriedades do material estariam relacionadas à rigidez da mola. Uma
força agindo em qualquer um dos dois nós cria um deslocamento, o qual está
relacionado a uma tensão e uma deformação no elemento em questão. Esse
processo gera duas equações e duas incógnitas. A matriz para essa equação é
mostrada abaixo na Figura 9, onde o "k" se refere à rigidez da mola, o "u" é a
variável representando o deslocamento, e o "f" é a força conhecida (SILVA, 2018).

Figura 9 - Matriz para resolução dos deslocamentos pelo método de elementos finitos.

Fonte: Adaptado de Brauer (1993).

Uma vez que as condições de contorno são definidas, o sistema pode então
ser resolvido. A resposta resultante desse sistema se torna a reação que é aplicada
ao próximo grupo de molhas, e esse processo continua até que seja resolvido o
sistema para todas as incógnitas. Quando esses conceitos gerais são adaptados
para análises tridimensionais, o método permanece o mesmo, mas aumenta em
28

complexidade. Já que os projetos criados por engenheiros geralmente são


tridimensionais, elementos finitos tridimensionais são utilizados (SILVA, 2018).
Um elemento finito tridimensional consiste de pelo menos quatro nós, os
quais não estão localizados no mesmo plano. Quando centenas ou milhares desses
elementos são necessários para representar formas complexas, centenas ou
milhares dessas incógnitas e equações são criadas. Softwares de análise de
elementos finitos, como o ANSYS, arranjam essas incógnitas e equações em uma
matriz, e realizam um processo de iterações para resolver o sistema e determinar
essas incógnitas, a fim de determinar os deslocamentos em cada nó da figura
complexa. As relações entre deslocamentos, tensões e deformações podem ser
utilizadas para determinar tensão e deformação nos vários nós (NOGUEIRA, 2022).

2.6 Próteses esportivas do estilo lâmina de corrida

Atualmente, existem diversos modelos diferentes de próteses esportivas do


tipo "lâmina de corrida" (do inglês, running blades) sendo comercializadas e usadas
desde que o primeiro modelo foi inventado por Van Phillips em 1989 (Figura 10). Ele
utilizou "lâminas encapsuladas e impregnadas de polímero, incluindo lâminas como
fibra de carbono e/ou fibra de vidro, além de fibras sintéticas, como o Kevlar"
(GONÇALVES, 2019).

Figura 10 - Prótese desenvolvida por Van Phillips em 1989.

Fonte: V. L. Phillips, 1991.


29

Um tipo recente, e ainda familiar ao design de uma das próteses de Phillips é


chamada de 'pé em forma de C'. O exemplo de uma dessas lâminas de corrida é
mostrado na Figura 10a, no modelo chamado de Flex-Run. Produzidas pela
empresa Ossur, são mais comumente utilizadas em corridas leves e corridas com
foco em distância. O outro design amplamente conhecido é chamado de 'pé em
forma de J', como o Cheetah Xtreme, também produzido pela empresa Ossur
(Figura 10b) e o 1E90 Sprinter, fabricado pela empresa Ottobock (Figura 10c). Estas
são feitas para corrida e uma "rápida resposta de energia", mas nem todos os
indivíduos podem ser capazes de utilizá-las efetivamente (GONÇALVES, 2019).

Figura 11 - Flex-Run (a), prótese em formato de C; Cheetah Xtreme (b), prótese em formato de J; e
1E90 Sprinter (c), prótese em formato de J.

A B C

Fonte: Alizadeh, 2020.

Independente do formato, as lâminas de corrida simulam a forma de corrida


no estilo "ponta dos pés", ou seja, minimizando a superfície de contato com o solo.
Os primeiros modelos foram inspirados na observação das patas traseiras do
guepardo, animal terrestre com maior velocidade de corrida. Algumas lâminas de
corrida possuem ainda em seu design uma superfície rugosa, atuando como a sola
de um tênis de corrida, que promove atrito em sua região inferior, e alguns desses
modelos empregam tecnologias de empresas de classe mundial como a Nike
(NOLAN, 2008).
30

2.7 Obtenção de moldes para auxílio no dimensionamento e modelagem de


próteses

A moldagem por gesso consiste em um processo relativamente


simples para obtenção da geometria da prótese, que é amplamente utilizado tanto
na medicina humana quanto na veterinária. O processo de desenvolvimento de
próteses e órteses utilizando a moldagem por gesso pode ser dividido em algumas
etapas, sendo a primeira delas a obtenção do molde negativo, onde é feita uma
cópia negativa do membro residual do animal, preservando suas dimensões e sua
topologia. A fim de evitar o contato do gesso com a pele do animal e proteger o
membro, este pode ser enrolado em plástico filme ou fibra de vidro (LAGE,
LAMOUNIER E PERTENCE, 2016).

Após envolver o membro residual na proteção, a atadura gessada é


umedecida e utilizada para envolver o membro. O molde negativo obtido deste
processo pode então ser preenchido com uma mistura de água e gesso em pó, em
proporções de 50% de cada material, para obtenção do molde positivo (LAGE,
LAMOUNIER E PERTENCE, 2016).

Durante o processo de obtenção do molde, o animal pode estar acordado


e/ou sob o efeito de sedativos, e a prótese pode ser baseada no molde de gesso
obtido, ou ainda em uma renderização tridimensional do membro, que por sua vez
pode ser obtida através de um scanner portátil, ou de tomografia computadorizada.
A renderização computacional tende a copiar com maior precisão a geometria do
membro residual em comparação com o molde de gesso, principalmente em animais
de pequeno porte (MARCELLIN-LITTLE et al, 2015).

Após a obtenção da geometria da superfície do coto pelo método de


escaneamento tridimensional escolhido, esta deve ser trabalhada em softwares
específicos, para que seja realizado o modelamento necessário e assim obtido o
formato ideal da prótese, para posterior conversão dos arquivos em formatos
compatíveis com a impressão 3D, como o STL (JIN et al, 2015).
31

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Dentre os principais materiais utilizados para a impressão 3D, os


termoplásticos, como o PLA, ou ácido polilático, e o ABS, acrilonitrila butadieno
estireno, se destacam, pela sua capacidade de serem derretidos, e posteriormente
solidificados, além de apresentar ótima relação de custo-benefício (VOLPATO,
2017). Esses materiais são amplamente distribuídos na forma de filamentos, uma
espécie de tira de plástico, geralmente acondicionada em rolos.
O material escolhido para utilização neste estudo foi o PLA, levando em
consideração que além de ser um material de fácil acesso, possui propriedades
mecânicas significativas, fácil trabalhabilidade com técnicas de impressão 3D, e o
benefício de ser um plástico biodegradável, característica que se torna cada vez
mais relevante como uma alternativa a plásticos tradicionais produzidos à base de
óleo, à medida que se aumenta a preocupação à respeito do acúmulo de resíduos
sólidos não-dragráveis (NAMPOOTHIRI; NAIR & JOHN, 2010).
As propriedades mecânicas do PLA impresso utilizadas neste estudo foram
obtidas através de ensaios de tração realizados por Corso (2019), onde o mesmo
utilizou em seu estudo a estrutura interna triangular, visando obter a maior
resistência, e preenchimento interno de 60%, visando reduzir o peso da prótese.

Tabela 1 - Propriedades mecânicas do PLA impresso

Fonte: Corso, 2019.


32

3.2 Metodologia

O presente trabalho desenvolve-se a partir da metodologia de pesquisa


aplicada, a qual conforme Zanella (2013) objetiva gerar soluções de questões
inerentes ao cotidiano, além de compreender como lidar com um problema,
contribuindo assim com novos fatos para o planejamento de novas pesquisas ou
compreensão teórica de certos setores do conhecimento. O trabalho se dividiu nas
etapas de projeto da prótese, obtenção do molde das patas do felino e análise
estática da prótese.

3.2.1 Projeto da prótese da pata do felino

A prótese da pata do felino foi projetada com o auxílio do software de


desenho assistido por computador Autodesk Inventor. O conceito inicial foi pensado
com base no design de próteses humanas de alta performance, como aquelas no
formato de lâmina de corrida, utilizada por atletas, tendo em vista que as
características de uso de um felino doméstico se assemelham mais às de um
humano com maiores níveis de atividade física.
Os modelos utilizados como maior referência foram aqueles que possuem o
formato de "C", pois são aqueles especificamente projetados para atividades de
caminhada, e não de corrida. Houve a intenção de manter o centro de gravidade
sobre o centro do pé, e a interface de contato com o chão foi feita em um formato
curvado, de forma a facilitar a transição entre as fases da caminhada de contato do
calcanhar com o chão e de levantamento dos dedos do chão.
A prótese da pata foi desenvolvida como um elemento separado do soquete
com a intenção de permitir que diferentes modelos de prótese da pata pudessem ser
testados e validados no futuro sem que fosse necessário o redesign do soquete,
mantendo apenas o método de encaixe. Também há o benefício agregado de poder
ser realizada a troca de uma das duas partes em caso de falha sem a necessidade
da troca da outra parte. O método escolhido para a fixação foi o de um elemento
piramidal, pois além de promover fixação satisfatória derivada apenas do formato,
33

ainda há a possibilidade da adição de parafusos nas quatro direções, fornecendo um


nível ainda maior de fixação.

3.2.2 Obtenção do molde da pata do animal

O felino doméstico participante do presente trabalho para obtenção do molde


através da técnica de moldagem em gesso pesava 4 kg e não apresentava ausência
de nenhum de seus membros. Foram obtidos a geometria e medidas de suas patas
dianteiras a fim de exemplificar o processo de desenvolvimento de próteses e
órteses em felinos, além de servir como guia para o projeto do pé da prótese que foi
alvo de estudo deste trabalho. O procedimento contou com a participação de quatro
pessoas em uma equipe multidisciplinar.

Inicialmente o animal foi posicionado sobre uma bancada, e, devido à sua


docilidade, não precisou ser sedado para realização do processo. Inicialmente,
envolveu-se a pata dianteira do animal com plástico filme de PVC (Figura 12),
produto comumente encontrado em cozinhas domésticas, com a finalidade de
proteger o pelo do mesmo do contato com o gesso, além de permitir uma interface
de superfície mais lisa para futura deposição do gesso na geração do molde
positivo.

Figura 12 - Aplicação do plástico filme de PVC

Fonte: O Autor, 2022.


34

Após envolvida no plástico protetor, a pata do animal foi enrolada com a


atadura gessada previamente umedecida. Seguindo as orientações da embalagem,
a atadura gessada foi submersa em água por apenas 3 segundos, pois tempos
maiores levam ao aumento no tempo de secagem. Após retirado o excesso de água
da atadura apertando as suas extremidades, a mesma foi envolta na pata do animal,
massageando com força moderada a superfície para garantir a aderência da atadura
e a precisão na obtenção da geometria e topografia da pata do animal. O processo
de enfaixamento pode ser visto na Figura 13.

Figura 13 - Aplicação da atadura gessada

Fonte: O Autor, 2022.

Foram utilizados por volta de 1,80 m de comprimento de atadura gessada por


pata dianteira do animal, e o tempo médio de secagem foi de 2 minutos e meio.
Após esse período, os moldes negativos (Figura 14) foram retirados da pata do
animal sem a necessidade de corte, devido ao deslizamento entre o pelo do animal
e o plástico filme. O procedimento foi então repetido para a outra pata dianteira. O
molde conservou as dimensões e o formato do membro do felino, conforme visto na
Figura 15.
35

Figura 14 - Moldes negativos obtidos das patas dianteiras esquerda e direita, respectivamente

Fonte: O Autor, 2022.

Figura 15 - Detalhe interior do molde negativo da pata esquerda do animal

Fonte: O Autor, 2022.

Por fim, foi preparada uma mistura de pó de gesso e água pura, nas
proporções de 50% de cada um dos materiais, e depositado na cavidade do molde
negativo para geração do molde positivo. Após um tempo de secagem de duas
horas, a superfície externa do conjunto foi cortada com o auxílio de um estilete para
retirada do molde positivo. Devido a cavidades internas não preenchidas pelo gesso
no molde da pata dianteira esquerda, somente foi gerado o molde do membro direito
36

(Figura 16), evidenciando a necessidade da produção de moldes adicionais reservas


em trabalhos futuros. O processo de separação do conjunto é destrutivo para o
molde negativo, resultando apenas na produção do molde positivo a ser escaneado
e posteriormente trabalhado em softwares específicos de modelagem.

Figura 16 - Molde positivo em gesso da pata dianteira direita do animal. À esquerda, vista do lado
externo do membro, e à direita, vista do lado interno.

Fonte: O Autor, 2022.

3.2.3 Avaliação da Prótese

Para análise das solicitações aplicadas pelo usuário sobre o dispositivo


durante o seu uso proposto, foi utilizado o software de engenharia assistida por
computador ANSYS, que é capaz de realizar estudos através do método de Análise
de Elementos Finitos. Uma análise estática foi realizada através do uso do software
em questão.
Com o intuito de replicar as forças de reação do solo durante o movimento de
caminhada, a parte superior da pirâmide de fixação da prótese foi tratada como um
suporte fixo, e forças perpendiculares foram aplicadas à parte inferior, ou sola da
prótese representam as forças de reação do solo.
37

Para garantir melhores resultados do dispositivo, caso as tensões calculadas


durante a simulação se aproximem da tensão de ruptura do material, o design deve
ser alterado de forma a mitigar o risco de falha durante o uso, e então deve ser
testado novamente até que seja atingido um design resistente o suficiente para o
uso no cotidiano, com uma durabilidade razoável (NOGUEIRA, 2022).
Foram realizados benchmarks para a durabilidade do dispositivo na indústria
de próteses humanas, no entanto, nenhuma normalização conclusiva pôde ser
obtida levando em consideração que a indústria de próteses não está limitada às
técnicas de impressão 3D e incorpora uma vasta gama de materiais com tecnologia
de ponta e alto custo. Em contrapartida, presente estudo foca em aplicações menos
exploradas, como no ramo da veterinária, e propõe a utilização de materiais e
técnicas em estágio experimental.
Sendo assim, o fator de segurança estático, amplamente utilizado na
engenharia, foi utilizado nesse estudo como critério de avaliação da durabilidade do
dispositivo, tendo em vista que o mesmo precisa ser acima de 1, de forma a garantir
o requisito mínimo para o seu funcionamento, e um valor muito elevado não é
desejado, já que representa maior uso de material, maior custo de fabricação e
maior peso a ser movido pelo usuário final.

3.2.4 Análise Estática

A análise estática foi realizada com o intuito de determinar as máximas


tensões, deformações, deslocamento e fator de segurança para o design da prótese
sob uma carga especificada. Análise de Elementos Finitos (FEA) foi utilizada para
analisar estaticamente três cenários utilizando o software ANSYS. Uma malha
padrão, com tamanho de elemento padrão e resolução 4 foi utilizada, e um total de
38392 nós e 23242 elementos foram utilizados.
As propriedades do material aplicadas neste estudo foram aquelas descritas
na Seção 3.1, que são propriedades do PLA impresso obtidas através de ensaios de
tração e incluídas manualmente no ANSYS, visto que o mesmo não possui o
material em sua biblioteca.

Todas essas simulações realizadas no ANSYS mantiveram as mesmas


condições de malha, condições de contorno de apoio fixo e valor nominal da carga,
38

sendo apenas variado o ângulo de ação da força, de forma a emular os diferentes


estágios no ciclo de caminhada a medida que diferentes áreas da parte inferior da
pata entram em contato com o solo. Desses testes foram derivados as tensões,
deformações e deslocamentos máximos, além do fator de segurança mínimo.

Figura 17 - Design do Protótipo com Malha de Elementos Finitos no ANSYS

Fonte: O Autor, 2022.

4 Resultados e discussão

4.1 QFD

A equipe do multidisciplinar participante do projeto contou com profissionais


da área de engenharia mecânica e da medicina veterinária, os quais foram
responsáveis pela determinação da importância de cada necessidade do cliente
através da ponderação e atribuição de peso de cada necessidade utilizando uma
escala de 1 a 5, onde 1 indica a maior prioridade, e 5 indica a menor. Conforme visto
na Figura 18, o desdobramento da importância é traduzido em prioridade técnica da
inclusão no design.
39

Na parte central do conjunto de matrizes, podemos ver a força das relações


entre as necessidades de projeto, conforme descritas pelo cliente, vistas à esquerda,
e as interpretações técnicas de requisitos do produto, conforme descritas pelo time,
vistas na parte superior, à direita da legenda. A legenda, por sua vez, indica o peso,
em termos de força da relação, dos símbolos utilizados para representar as
relações.
Na matriz inferior do conjunto de matrizes que compõem o QFD, podemos
ver, em termos de porcentagem, quanto por cento do total foi atribuído a cada
critério. As cinco categorias de maior prioridade incluem absorção de impacto (15%
do total), material do dispositivo (13% do total), redução na pressão exercida sobre o
membro residual, retenção do dispositivo durante o uso (11% do total), e custo
(9,9% do total). Esses fatores foram levados em consideração em caráter prioritário
durante o desenvolvimento deste dispositivo.

Figura 18 - Resultados da análise QFD


40

Fonte: O Autor, 2022.


41

4.2 Análise estática

4.2.1 Contato do calcanhar da prótese com o solo

A simulação para o primeiro estágio do ciclo de caminhada, que consiste no


momento de contato do calcanhar do dispositivo com o solo, foi realizada no design
da prótese utilizando o ANSYS. O resultados obtidos para deslocamento máximo,
tensão máxima, deformação máxima e fator de segurança mínimo são exibidos na
tabela a seguir:

Tabela 2 - Resultados da análise estática de elementos finitos para o momento de contato do


calcanhar da prótese com o solo

Resultado Valor
Deslocamento máximo 3,77 mm
Tensão Máxima 3,53 MPa
Deformação máxima 0,0038
Fator de segurança mínimo 7,65

Podemos ver, na Figura 19 a seguir, a direção da força aplicada à prótese, formando


um ângulo de 45 graus em relação ao solo.

Figura 19 - Força aplicada à prótese no estágio de contato do calcanhar com o solo, em vermelho
42

Fonte: O Autor, 2022.

Na Figura 20 à seguir vemos uma representação gráfica da intensidade dos


deslocamentos gerados na simulação, das tensões aplicadas, das deformações
resultantes e do fator de segurança, respectivamente, ao longo de toda a geometria
da prótese. A representação utiliza a escala de cores arco-íris, onde uma menor
intensidade da propriedade representada aparece em cor azul escuro, passando por
tons mais claros de azul, verde, amarelo e posteriormente vermelho à medida que a
propriedade aumenta em magnitude, conforme visto pela legenda.
43

Figura 20 - Análise estática do estágio de contato do calcanhar da prótese com o solo.


Respectivamente o deslocamento, a tensão, a deformação e o fator de segurança.

Fonte: O Autor, 2022.

4.2.2 Fase Transitória Intra-Estágio

A simulação para o segundo estágio do ciclo de caminhada, que consiste no


momento de transição entre as etapas de contato do calcanhar do dispositivo com o
solo e de levantamento dos dedos da pata do solo, foi realizada no design da
prótese utilizando o ANSYS. O resultados obtidos para deslocamento máximo,
tensão máxima, deformação máxima e fator de segurança mínimo são exibidos na
tabela a seguir:
44

Tabela 3 - Resultados da análise estática de elementos finitos para a fase transitória intra-estágio

Resultado Valor
Deslocamento máximo 3,22 mm
Tensão Máxima 2,63 MPa
Deformação máxima 0,0021
Fator de segurança mínimo 10,30

Podemos ver, na Figura 21 a seguir, a direção da força aplicada à prótese, que é


perpendicular ao solo.

Figura 21 - Força aplicada à prótese na Fase Transitória Intra-Estágio, em vermelho

Fonte: O Autor, 2022.

Na Figura 22 a seguir vemos uma representação gráfica da intensidade dos


deslocamentos gerados na simulação, das tensões aplicadas, das deformações
resultantes e do fator de segurança, respectivamente, ao longo de toda a geometria
da prótese. Utiliza–se a escala de cores arco-íris, de forma análoga ao estágio
anterior.
45

Figura 22 - Análise estática da fase transitória intra-estágio. Respectivamente o deslocamento, a


tensão, a deformação e o fator de segurança

Fonte: O Autor, 2022.

4.2.3 Levantamento dos Dedos do Solo

A simulação para terceiro estágio do ciclo de caminhada, que consiste no


momento de levantamento da ponta do pé do dispositivo do solo, foi realizada no
design da prótese utilizando o ANSYS. O resultados obtidos para deslocamento
máximo, tensão máxima, deformação máxima e fator de segurança mínimo são
exibidos na tabela a seguir:

- Resultados da análise estática de elementos finitos para o levantamento dos dedos


da pata do felino do solo

Resultado Valor
Deslocamento máximo 1,05 mm
Tensão Máxima 2,39 MPa
Deformação máxima 0,0023
Fator de segurança mínimo 11,32
46

Podemos ver, na Figura 23 a seguir, a direção da força aplicada à prótese, formando


um ângulo de 45 graus em relação ao solo.

Figura 23 - Força aplicada à prótese no estágio do levantamento dos dedos da pata do felino do solo,
em vermelho

Fonte: O Autor, 2022.

Na Figura 24 a seguir vemos uma representação gráfica da intensidade dos


deslocamentos gerados na simulação, das tensões aplicadas, das deformações
resultantes e do fator de segurança, respectivamente, ao longo de toda a geometria
da prótese. Utiliza–se a escala de cores arco-íris, de forma análoga aos estágios
anteriores.
47

Figura 24 - Análise estática no estágio do levantamento dos dedos da pata do felino do solo.
Respectivamente o Deslocamento, a Tensão, a Deformação e o Fator de Segurança

Fonte: O Autor, 2022.

4.3 Impressão 3D do protótipo

A impressão do protótipo da prótese foi realizada com o uso da impressora


3D da marca 3DCloner no laboratório de criação e prototipagem do Armazém da
Criatividade, braço do Porto Digital de Recife localizado na cidade de Caruaru. Para
o processo de divisão em camadas e definição dos parâmetros de impressão foi
utilizado o software gratuito de código-aberto MatterControl.

Ademais, a impressão foi realizada com densidade de preenchimento de 60%


e estrutura interna triangular, de acordo com a literatura de Corso (2019), e se fez
necessário a geração de suportes de impressão, tendo em vista a geometria da
prótese. Como material foi utilizado o filamento de PLA de 1,75 mm de diâmetro da
marca Voolt3D, a temperatura de impressão foi de 220 °C e o processo de
impressão durou por volta de uma hora e quarenta minutos.
48

Diferentes posições de impressão foram experimentadas, sendo elas com a


prótese de lado, ou horizontal, e em pé, ou vertical (Figura 23). Tendo em vista que
o processo de impressão do PLA por camadas resulta na apresentação da textura
de ranhuras horizontais no objeto impresso, e levando em consideração que a maior
parte das forças é aplicada em direção perpendicular ao solo, optou-se pela
impressão da prótese deitada a fim de evitar esforços cisalhantes, ou seja, o
protótipo foi impresso de forma que a textura de ranhuras corra na mesma direção
que as forças aplicadas, e não perpendicular às mesmas, como aconteceria no caso
da impressão do protótipo em pé.

Figura 25 - Impressão 3D do protótipo na posição vertical

Fonte: O Autor, 2022.

Por fim, o filamento utilizado na impressão foi comprado direto do site do


fabricante (Voolt3D) na quantidade de 1kg pelo preço de R$ 94,50. Sabendo-se que
o protótipo resultou em um peso de 10 gramas, verifica-se que o custo total em
49

material para a produção de uma prótese é de pouco mais de R$ 1,00, levando-se


em consideração o material utilizado para a geração dos suportes removidos após a
impressão.

Figura 26 - Protótipo impresso na posição horizontal

8 cm

Fonte: O Autor, 2022.

4.4 Discussão de resultados

No presente trabalho, foi desenvolvido um estudo acerca do histórico das


técnicas de desenvolvimento de próteses e órteses, especialmente aquelas
destinadas a felinos domésticos, dos critérios biomecânicos levados em
consideração em seu projeto e fabricação, e do potencial da manufatura aditiva,
especificamente a impressão 3D, para produção de próteses sob medida e de rápida
prototipagem.
50

Diversas etapas que promoveram interdisciplinaridade entre a Engenharia


Mecânica e a Medicina Veterinária e que reuniram conhecimentos de ambas foram
necessárias, desde o levantamento dos requisitos através do QFD, até à obtenção
do formato do membro apendial dianteiro de um felino doméstico para posterior
escaneamento e à impressão 3D do protótipo da prótese a ser testada em animais
com a ausência de membros.

Verificamos então, através da análise estática e do coeficiente de segurança,


que o estágio mais crítico dentre os três estudados é o de contato do calcanhar com
o solo, que apresenta o menor coeficiente de segurança. As maiores tensões e
deformações verificadas para esse estágio ocorrem na região interna da curva da
prótese e na região superior da curva da prótese, enquanto o maior deslocamento
ocorre na região extrema da prótese, que seria o equivalente à extremidade dos
dedos da pata do animal. Também verifica-se essa ocorrência nos demais estágios.
Adicionalmente, verifica-se ainda que toda a prótese apresenta valores
consideráveis para o fator de segurança, em todos os estágios do ciclo de
caminhada que foram testados, atingindo em sua região de maior fragilidade 7,65.
Tal condição ocorre no primeiro estágio e ainda assim não atinge valores próximos
ao de ruptura. Espera-se assim que o dispositivo não falharia sob essas condições
de uso, mesmo apresentando algumas regiões de concentração de tensão. Para
iterações futuras além do escopo desse projeto, ficam evidentes os locais a serem
otimizados, quer seja através da concentração de maiores quantidades de material,
ou da melhora no design, evitando cantos vivos.
Faz-se necessário também o estudo dos esforços que são gerados ao redor
da base do elemento de fixação piramidal nos momentos em que o ângulo de
atuação das forças faz surgir um componente horizontal. Verifica-se que nesses
casos há maior concentração de tensão no local, o que pode torná-lo um ponto de
fragilidade, sendo possivelmente necessário redimensioná-lo ou até mesmo
substituí-lo ou acompanhá-lo com um outro método de fixação, como o uso de
parafusos.
O maior deslocamento na região anterior é esperado e desejável, visto que,
nas próteses de formato laminar, a intenção é de que haja a deformação do material,
de forma a permitir que a energia armazenada mediante a deformação seja
devolvida ao membro do usuário, promovendo mais performance no movimento, e
51

redução na sensação de "calcanhar morto", frequente motivo de queixa advinda de


próteses tradicionais que não incorporam mecanismos de simulação do impulso
fornecido pela anatomia do membro quando presente (NOLAN, 2008; SHURR &
COOK, 2001).
Complementarmente, verifica-se que o processo de moldagem em gesso se
faz eficaz em representar, com precisão satisfatória, a geometria e os detalhes do
membro do animal, característica bastante desejável no momento de promover a
acomodação do coto no soquete da prótese, e conforto para o animal durante o uso,
evitando pontos de concentração de tensão na região interna do soquete, que
tendem a ocorrer quando o mesmo não é devidamente adaptado às características
superficiais do membro do usuário.
No que tange o potencial da impressão 3D com o polímero termoplástico PLA
para a produção de próteses e órteses sob medida para felinos domésticos,
observa-se vantagens em potencial no aspecto financeiro, sendo evidenciado pelo
baixo custo em material (pouco mais de R$ 1,00 por prótese de pata produzida), no
aspecto do conforto do usuário, tendo em vista o leve peso final da pata protética
produzida (10 gramas), na rapidez de fabricação inicial e de eventuais substituições
(tempo inferior a duas horas) e no aspecto da resistência estática, tendo em vista
que a prótese foi capaz de suportar, mediante simulação, os maiores esforços
experienciados pelas patas dianteiras de um felino durante o seu caminhar e a sua
aterrissagem em pulos de até 1 metro de altura (evidenciado pelo fator de segurança
mínimo 7,65).
No tocante ao método da análise de elementos finitos (FEA) para avaliação
do projeto em seus estágios iniciais, nota-se uma considerável eficiência em
apontar, tanto matematicamente, como visualmente, conforme exposto na Seção
4.3, possíveis pontos de falha ou fragilidade, a fim de permitir que o projetista adapte
o projeto de forma preventiva, focando nos pontos críticos discriminados.
Por fim, podemos concluir que é possível, seguindo as etapas descritas nesse
trabalho, e juntamente com o projeto do soquete para acomodar o membro residual
e fixar a prótese da pata do felino, produzir próteses de baixo custo, fabricação
simplificada e altamente personalizadas para atender a demandas específicas de
felinos domésticos que nasceram com deformações em membros anteriores, ou que
sofreram amputações em tais membros, visando oferecer aos mesmos a
possibilidade de levar vidas mais saudáveis com o retorno de funções outrora
52

perdidas, evitar doenças decorrentes da ausência de membros e promover


qualidade de vida.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre os principais conceitos da Engenharia Mecânica desenvolvidos neste


trabalho, podemos citar a manipulação de softwares de desenho e de engenharia
assistidos computador (CAD e CAE, respectivamente), o estudo da ciência e
engenharia dos materiais empregados na fabricação da prótese através da
impressão 3D, e de suas propriedades e fabricabilidade, as metodologias de projeto
como levantamento de requisitos, planejamento e execução do projeto, o estudo dos
principais esforços envolvidos nas atividades de locomoção do felino doméstico e a
validação dos critérios de engenharia através da simulação computacional pelo
método de elementos finitos.
Sendo assim, evidencia-se o dinamismo do papel de atuação do profissional
de Engenharia Mecânica em áreas que estão mais distantes das aplicações mais
recorrentes, como a sua atuação na indústria. Foi possível através deste trabalho
cumprir com os objetivos propostos através do projeto da prótese da pata dianteira
do felino, provando o potencial da impressão 3D e da prototipagem rápida no ramo
de próteses e órteses para animais domésticos, que ainda necessita de mais
esforços em termos de pesquisa e desenvolvimento para acompanhar o ramo de
próteses humanas, desenvolvido a mais tempo e em maiores proporções.
Não foi possível, através deste trabalho, constatar a eficiência da prótese sob
outras condições de uso típicas de felinos domésticos em plena capacidade de
locomoção, como saltos de alturas, escalada e corrida, sendo necessários estudos
adicionais levando em consideração os esforços específicos envolvidos em cada
uma dessas situações.
Também não foi possível constatar sobre a adaptação do felino à prótese em
termos de ergonomia e conforto, visto que não foi abrangido por este trabalho um
estudo da prótese em uso. Tendo em vista que este trabalho também não teve em
seu escopo o modelo do soquete que comportaria a prótese da pata, seriam
desejáveis estudos posteriores utilizando as técnicas de moldagem em gesso e
escaneamento 3D para o projeto do soquete, que pode se conectar à prótese da
53

pata por um modelo negativo da pirâmide de fixação empregada no topo do modelo


atual para esta finalidade.
Em conclusão, os resultados desse estudo provam a viabilidade do projeto,
desenvolvimento e manufatura de dispositivos protéticos personalizados fabricados
com impressão 3D para animais felinos como alternativas para próteses tradicionais
que apenas sustentam o peso do animal durante o uso. Estudos futuros podem se
utilizar dos métodos replicáveis e resultados deste estudo e aplicar ideias e
conceitos similares àqueles da indústria de próteses humanas para criar modelos de
próteses funcionais para animais domésticos. Com materiais e projeto apropriados,
dispositivos protéticos fabricados com a tecnologia de impressão 3D podem ser
viáveis tanto para humanos quanto para animais domésticos com amputação ou
malformação de membros.
54

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para futuras iterações deste trabalho, ou novos estudos que promovam


o uso da impressão 3D para o projeto de próteses para animais domésticos, sugere-
se alguns pontos de estudo que se fazem interessantes tendo em vista os
resultados do estudo atual. A primeira delas seria o projeto do soquete que fixará a
prótese desenvolvida no projeto atual ao membro residual do felino. Para o projeto
do mesmo, pode-se realizar o escaneamento tridimensional do molde positivo
gerado através da moldagem em gesso, inclusive empregando sensores com a
tecnologia LiDAR. Em ferramentas de CAD, é possível gerar uma cavidade com
formato negativo exato ao do molde, que servirá como base para o soquete.

Dando continuidade, sugere-se também a realização de estudos


comparativos com o uso de outros materiais empregados na impressão 3D para o
projeto de outras próteses, ou até mesmo a avaliação da performance de uma
mesma prótese, mediante a utilização de diferentes materiais, como o ABS ou
resinas utilizadas na impressão 3D. Por conseguinte, também se faz desejável o
estudo de como variáveis de impressão, tais quais a temperatura de impressão, a
direção de impressão e a densidade de preenchimento afetam o desempenho da
prótese.

Adicionalmente, propõe-se também o estudo do caminhar de animais


que estejam utilizando próteses fabricadas através da impressão 3D, através de
análise da marcha e comparação com felinos que não apresentam amputação ou
deformação. Além de fatores de alinhamento e resistência, podem ser avaliados
quesitos de ergonomia e usabilidade, como permanência da prótese no animal,
facilidade de desafixar e afixar, escorregamento durante a caminhada, adaptação do
animal à prótese e durabilidade.

Propõe-se ainda o estudo de próteses em diferentes formatos, afixados


a um mesmo soquete, como forma de validar a performance de uma forma sobre a
outra, o estudo do projeto de próteses traseiras, e como os critérios levados em
consideração no projeto das mesmas se difere daqueles utilizados no projeto de
próteses dianteiras.
55

No que tange os métodos de engenharia utilizados para validação da


prótese, propõe-se que futuros estudos promovam também análises de fadiga, além
de estáticas, para determinar a vida útil do material e da prótese e o número de
ciclos estimados até que haja a falha mediante esforços repetitivos. Propõe-se
também a realização de ensaios mecânicos destrutivos para determinação dos
limites máximos de resistência reais do protótipo e como estes se comparam com os
limites determinados teoricamente através das simulações computacionais.

Finalmente, faz-se desejáveis estudos acerca de como outros


conceitos de engenharia podem ser empregados na melhoria do design da prótese
desenvolvida neste trabalho, quer sejam alterações em seu formato, o emprego de
componentes de absorção de impacto como molas, o emprego de materiais de alta
absorção como fibra de carbono e metais, a utilização de componentes eletrônicos,
a padronização de processos e desenvolvimento de frameworks detalhados
abrangendo do início ao final do projeto de uma prótese a ser fabricada por
impressão 3D, além da automação de processos já envolvidos no projeto de
próteses, como automação do processo de escaneamento 3D, não sendo mais
necessário a operação manual do dispositivo de escaneamento.
56

REFERÊNCIAS

ADAMSON, C.; KAUFMANN, M.; LEVINE, D.; MILLIS, D. Assistive devices,


orthotics, and prosthetics. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal
Practice. 2005. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/7507355_Assistive_Devices_Orthotics_and
_Prosthetics. Acesso em: 30 ago. 2022.

ALIZADEH, Yasser. Design and Structural Analysis of Composite Prosthetic


Running Blades for Athletes: A case of dynamic explicit analysis using Abaqus.
2020. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/342336561_Design_and_Structural_Analys
is_of_Composite_Prosthetic_Running_Blades_for_Athletes_A_case_of_dynamic_ex
plicit_analysis_using_Abaqus_CAE/citation/download. Acesso em 01 out. 2022.

ARAÚJO, Márcio Valério. Desenvolvimento de uma órtese ativa para os


membros inferiores com sistema eletrônico embarcado. Dissertação (Mestrado)
- Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2010. 84 p. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/15313/1/MarcioVA_DISSERT.pdf.
Acesso em: 05 set. 2022.

BRAUER, J.. What Every Engineer Should Know About Finite Element Analysis.
1993. J. Indion Insr. Sci., Nov-Dec. 1996. Disponível em:
http://journal.iisc.ernet.in/index.php/iisc/article/viewFile/685/705. Acesso em 01 out.
2022.

CAMPBELL, I., BOURELL, D., GIBSON, I. Additive Manufacturing: Rapid


Prototpying Comes of Age. Rapid Prototyping Journal. v, 18. n, 4. 2012. Disponível
em: https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/13552541211231563/full/
html. Acesso em 25 out. 2022.

COHEN, L. Quality function deployment: how to make QFD work for you. 1. ed.
Addison-Wesley.1995. Disponível em:
https://archive.org/details/qualityfunctiond0000cohe/mode/2up. Acesso em: 07 set.
2022.

CORBEE, R.; MAAS, H.; DOORNENBAL, A., HAZEWINKEL, H. Forelimb and


hindlimb ground reaction forces of walking cats: Assessment and comparison
with walking dogs. The Veterniary Journal. 2014. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/263812141_Forelimb_and_hindlimb_groun
d_reaction_forces_of_walking_cats_Assessment_and_comparison_with_walking_do
gs. Acesso em 25 out. 2022.

CORSO, M. S. D. Desenvolvimento de prótese para membro anterior de um


canino por meio de impressão 3D. (Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Universidade de Caxias do Sul) - Engenharia Mecânica. Caxias do Sul, 2019.
Disponível em: https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/5743/TCC
%20Marcelo%20dos%20Santos%20Dal%20Corso.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
Acesso em 04 nov. 2022.
57

CZERNIECKI, J. M.; GITTER, A.; MUNRO, C.. Joint moment and muscle power
output characteristics of below knee amputees during running: the influence of
energy storing prosthetic feet. Journal of biomechanics v. 24, n. 1. 1993. Disponível
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/002192909190327J.
Acesso em 20 out. 2022.

FARRELL, B. J.; PRILUTSKY, B. I.; KISTENBERG, R. S.; DALTON, J. F.; PITKIN,


M. An animal model to evaluate skin-implant-bone integration and gait with a
prosthesis directly attached to the residual limb. Clinical biomechanics, v. 29, n.
3, p. 336–349. 2014. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24405567/.
Acesso em 05 set. 2022.

FILHO, Eduardo Henrique Reis Amorim. Construção de prótese 3d do membro


pélvico direito para gato doméstico (felis silvestris catus) – relato de caso.
(Trabalho de Conclusão de Curso) - Universidade Federal Rural de Pernambuco.
2019. Disponível em:
https://repository.ufrpe.br/bitstream/123456789/1964/1/tcc_eso_eduardohenriquereis
amorimfilho.pdf. Acesso em 05 set. 2022.

GAWEL, T. Review of Additive Manufacturing Methods. Solid State Phenomena.


2020. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/343202870_Review_of_Additive_Manufact
uring_Methods. Acesso em 01 out. 2022.

GIBSON, I. ROSEN, D. STUCKER, B. 2. ed. Additivue Manufacturing


Technologies. New York: Springer. 2015. Disponível em:
https://link.springer.com/book/10.1007/978-1-4939-2113-3. Acesso em 07 set. 2022.

GILLINOV, S.; LAUX, S.; KUIVILA, T.; HASS, D.; SUSAN M.. Effect of minimalist
footwear on running efficiency: A randomized crossover trial. Sports health: A
Multidisciplinary Approach. 2015. v.7. n. 10. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/272362744_Effect_of_Minimalist_Footwear
_on_Running_Efficiency_A_Randomized_Crossover_Trial. Acesso em 07 set. 2022.

GOLDNER, B.; FUCHS, A.; NOLTE, I.; SCHILLING, N. Kinematic adaptations to


tripedal locomotion in dogs. Veterinary journal, v. 204, n. 2, p. 192–200. 2015.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25862392/#:~:text=Overall%2C
%20tripedal%20locomotion%20requires%20concerted,involve%20the%20whole
%20musculoskeletal%20apparatus. Acesso em 05 set. 2022.

GONÇALVES, A. B. A.. Tecnologias Assistivas no contexto paradesportivo e


nas atividades físicas adaptadas. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura -
Educação Física) - Universidade Estadual Paulista (Unesp). Rio Claro, 2019.

HERNANDEZ, Daisy. This Hero Cat Is Surviving and Thriving With 3D-Printed
Titanium Limbs. 2020. Disponível em:
https://www.popularmechanics.com/science/animals/a31022925/cat-prosthetic-
limbs/. Acesso em 01 out. 2022.
58

JIMENEZ, F. M. R. et al. Fabricação de prótese personalizada para um cão


utilizando a tecnologia de manufatura aditiva FDM. VIII Congresso Brasileiro de
Engenharia de Produção. Ponta Grossa, Brasil, p. 4-5, 2018. Disponível em:
https://docplayer.com.br/130396419-Fabricacao-de-protese-personalizada-para-um-
cao-utilizando-a-tecnologia-de-manufatura-aditiva-fdm.html. Acesso em 25 out.
2022.

JIN, Y. et al. Additive manufacturing of custom orthoses and prostheses – A


review. Additive Manufacturing 12, p. 77-89, 2016. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2212827115004370. Acesso em
23 out. 2022.

JOANA SILVA, V. D. Análise de malhas de aterramento através de simulação


numérica. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópilis. 2018. Disponível
em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/192683. Acesso em 01 out. 2022.

LAGE, M.; LAMOUNIER, A. R.; PERTENCE, A. E. M. Desenvolvimento de uma


metodologia de fabricação de próteses e órteses para cães. XXV Congresso
Brasileiro de Engenharia Biomédica – CBEB. 2018. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/330015456_DESENVOLVIMENTO_DE_U
MA_METODOLOGIA_DE_FABRICACAO_DE_PROTESES_E_ORTESES_PARA_C
AES#:~:text=As%20etapas%20para%20fabrica%C3%A7%C3%A3o%20da,confec
%C3%A7%C3%A3o%20do%20dispositivo%20e%20reabilita%C3%A7%C3%A3o.
Acesso em 05 set. 2022.

MARCELLIN-LITTLE, D.J. et al. Orthoses and exoprostheses for companion


animals. Vet Clin Small Anim 45, p. 167-183, 2015. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/269115739_Orthoses_and_Exoprostheses
_for_Companion_Animals. Acesso em 01 out. 2022.

MOREIRA, L. C.; FILHO, G.W. L.; JUNIOR, C. C. M. F.. Utilização do


desdobramento da função da qualidade no planejamento e no
desenvolvimento de novo produto. Revista Tecnologia e Tendências. v. 8. n.2.
2009. Disponível em:
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistatecnologiaetendencias/article/
view/1450. Acesso em 07 set. 2022.

NAMPOOTHIRI, K. M.; NAIR, N. R.; JOHN, R. P.. An overview of the recent


developments in polylactide (PLA) research. Bioresour. Technol. 2010. Disponível
em:
https://www.researchgate.net/publication/45187976_An_overview_of_the_recent_de
velopments_in_polylactide_PLA_research. Acesso em 01 out. 2022.

NISHIMURA, Paula Lumi Goulart. Diretrizes para o design de dispositivo para


animais com problemas de locomoção com uso da prototipagem rápida. 2018
128 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/154153/nishimura_plg_me_bauru
.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em 05 set. 2022.
59

NOLAN L. Carbon fibre prostheses and running in amputees: a review. Foot


Ankle Surg. 2008. v. 14, n. 3. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19083629/. Acesso em 20 out. 2022.

NOGUEIRA, Erik Siqueira. Análise da tensão de passo com origem em uma


descarga atmosférica através do método dos elementos finitos. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará,
Curso de Engenharia Elétrica, Marabá, 2022. Disponível em:
http://repositorio.unifesspa.edu.br/handle/123456789/1953. Acesso em: 01 out.
2022.

RODRIGUES JÚNIOR, J., CRUZ, L., & SARMANHO, A. Impressora 3D no


desenvolvimento das pesquisas com próteses. Revista Interinstitucional
Brasileira de Terapia Ocupacional - REVISBRATO, 2018. v. 2, n. 2, 398-413.
Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ribto/article/view/15022. Acesso em
25 out. 2022.

SCHNABL-FEICHTER E.; TICHY A.; BOCKSTAHLER B. Coefficients of variation


of ground reaction force measurement in cats. PLoS One. 2017. v. 12, n. 3.
Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/315884836_Coefficients_of_variation_of_gr
ound_reaction_force_measurement_in_cats. Acesso em 25 out. 2022.

SCULPTEO. The state of 3D printing. 2018. [online]. Disponível em:


https://www.sculpteo.com/media/ebook/State_of_3DP_2018.pdf. Acesso em 01 out.
2022.

SHURR, D.; COOK, T.. Prosthetics & Orthotics. 2. ed. Norwalk: Appleton & Lange.
2001.

THRALL, D. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 6. ed. St. Louis:


Saunders Elsevier. 2007. Disponível em: https://www.vet-ebooks.com/textbook-of-
veterinary-diagnostic-radiology-6th-edition-pdf/. Acesso em 05 set. 2022.

TONG, Tracey. O Dr. Dolittle das próteses para animais de estimação. 2017.
Disponível em: https://moderncat.com/articles/dr-dolittle-pet-prosthetics/. Acesso em
01 out. 2022.

UJIHARA, H. M.; CARDOSO, A. A; CHAVES, C. A. Quality Function Deployment:


um método para desenvolvimento e melhoria de produtos, serviços e processos. XIII
SIMPEP - Bauru, SP. 2006. Disponível em:
https://simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/888.pdf. Acesso em 07 set. 2022.

VOLPATO, N. Manufatura aditiva tecnologias e aplicações da impressão 3D.


Editora Blucher. 2017. [recurso online]. Disponível em:
https://docplayer.com.br/206316768-Manufatura-aditiva-neri-volpato-tecnologias-e-
aplicacoes-da-impressao-3d-conteudo-volpato-manufatura-aditiva-organizador-neri-
volpato.html. Acesso em: 01 out. 2022.
60

VOLSTAD, Steve. CVM staff member gives cat one more life. 2017. Disponível
em: https://provost.ncsu.edu/news/2017/07/cvm-staff-member-gives-cat-one-more-
life/. Acesso em 01 out. 2022.

WONG, K. V. H. A Review of Additive Manufacturing. 2012. International Scholarly


Research Network. v. 2012. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/246722237_KV_Wong_AHernandez_A_Re
view_of_Additive_Manufacturing_ISRN_Mechanical_Engineering_Vol_2012_2012_A
rticle_ID_208760_10_pages. Acesso em 01 out. 2022.

WRIGHT, M; WALTERS, S. The Book of the Cat. 1. ed. New York: Michigan. 1980.
Disponível em: https://archive.org/details/bookofcat00wrig_0. Acesso em 07 set.
2022.

ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de pesquisa. 2. ed. Florianópolis:


Departamento de Ciências da Administração - UFSC. 2013.

Você também pode gostar