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Monaise Madalena Oliveira e Silva. Avaliação Da Validade..2015

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1

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS GONÇALO MONIZ

FIOCRUZ

Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina


Investigativa

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DA VALIDADE DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA DA

DENGUE

MONAISE MADALENA OLIVEIRA E SILVA

Salvador - Bahia - Brasil


2015
2

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ


CENTRO DE PESQUISAS GONÇALO MONIZ

Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa

AVALIAÇÃO DA VALIDADE DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA DA


DENGUE.

MONAISE MADALENA OLIVEIRA E SILVA.

Orientador: Professor Dr. Guilherme Sousa Ribeiro

Dissertação apresentada ao Curso de


Pós-Graduação em Biotecnologia em
Saúde e Medicina Investigativa da
Fiocruz-CPqGM para obtenção do grau
de Mestre.

Salvador - Bahia - Brasil


2015
3
4

Dedico aos meus pais,


Alcebiades Oliveira e Gerrízia Madalena.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me conceder a vida, e me manter perseverante para a


realização dos meus sonhos.
Aos meus pais Alcebiades e Gerrízia por impulsionarem e não medirem esforços para que minha
trajetória de estudos se desse de forma contínua, sobretudo nos períodos mais difíceis. A eles
dedico o esforço impresso nestas páginas.
A minha irmã, aos meus familiares e amigos, por todo apoio e admiração ao longo dos anos, pela
presença em minha vida e pelas palavras de incentivo.
Ao meu orientador Professor Doutor Guilherme Ribeiro, pelo incentivo e confiança depositada
desde a graduação e por passar tranquilidade e segurança em todo o processo de orientação.
Ao Doutor Mitermayer e toda a equipe docente da pós-graduação do CPqGM pelo apoio e
contribuição a minha formação.
À equipe de trabalho da Fiocruz: NEB e LPBM em especial ao grupo de dengue que
contribuíram para a realização deste estudo, e conclusão desse trabalho. Cada um à sua maneira
foi fundamental ao longo do meu processo de formação pessoal, intelectual e acadêmica.
À Unidade de Saúde de São Marcos e a população de Pau Da Lima/São Marcos que gentilmente
nos tem recebido para a realização dos estudos.
Ao Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz por me conceder uma bolsa para realização do mestrado.
À comissão examinadora da minha defesa de dissertação por aceitar contribuir com valiosas
sugestões e avaliação do trabalho.
Dedico este trabalho a todos que confiaram em mim, e que colaboraram para a realização de mais
uma etapa importante em minha vida.
Obrigada a todos por sonharmos juntos!
6

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo


o propósito debaixo do céu."
Ec. 3-1
7

SILVA, Monaise Madalena Oliveira. Avaliação da validade do sistema nacional de vigilância da


dengue. 54 f. il. Dissertação (Mestrado) – Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas Gonçalo
Moniz, Salvador, 2015.

RESUMO

Introdução: O sistema de vigilância epidemiológica da dengue tem um papel primordial nas


atividades de prevenção e controle da doença. Em 2014, o Ministério da Saúde do Brasil
atualizou a definição de caso usada pela vigilância para notificação de pacientes suspeitos de
dengue. Entretanto, o desempenho da nova definição de caso ainda não foi avaliado, tão pouco
foi avaliado a validade do sistema nacional de informação no registro de casos de dengue.
Objetivo: Avaliar a validade do registro de casos suspeitos da dengue pelo SINAN e a nova
definição de caso suspeito de dengue. Metodologia: Entre 2009 e 2011, pacientes atendidos em
um centro de emergência de Salvador por uma doença febril aguda (DFA) de duração ≤7 dias
foram entrevistados para coleta de dados sobre a presença das manifestações clínicas usadas na
definição de caso suspeito de dengue. A leucometria foi obtida dos prontuários. Amostras de
sangue foram coletadas no dia do atendimento e após 14 dias, e testes de referência (ELISA-IgM,
ELISA-NS1 e RT-PCR) foram usados para confirmação laboratorial da dengue. A base de dados
do SINAN para 2009-2011 com o registro dos casos notificados de dengue no Distrito Sanitário
para o nosso período de estudo foi obtida diretamente na coordenação de vigilancia
epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. A sensibilidade (SEN), a especificidade (ESP),
os valores preditivos positivo e negativo (VVP e VPN) dos registros de dengue no SINAN bem
como dos sintomas utilizados na definiçao de casos foram estimado. O intervalo de confiança de
95% foi utilizado para todas as análises. O projeto foi aprovado pelo CEP-CPqGM- e CONEP.
Resultados: No período de 2009-2011, 3.864 pacientes com DFA foram incluídos no estudo, 997
(25,8%) foram laboratorialmente confirmados para dengue e 2.867 (74,2%) foram classificados
como não-dengue. Durante o mesmo período, o SINAN registrou 24.382 casos suspeitos de
dengue notificados de Salvador, dos quais 2.029 (8,3%) residiam no distrito sanitário de Pau da
Lima. Dos 997 pacientes com DFA confirmados como dengue 57 foram registrados como um
caso de dengue pelo SINAN (sensibilidade: 5,7%). Dos 2.867 pacientes que foram classificados
como não-dengue pelo nosso estudo, 26 foram registrados como um caso de dengue pelo SINAN
(falsos positivos: 0,9%; especificidade: 99,1% VPP e VPN para notificaçao de dengue no SINAN
foram 68,7 % e 75,1%, respectivamente. De acordo com os calculos do fator multiplicador para
cada paciente de dengue resgistrado no sistema de informação deve existir 12 que nao foram
registrados. Dos 3.850 pacientes incluídos no estudo no período de 2009-2011, 1.113 (28,9%)
foram confirmado laboratorialmente como dengue. A nova definição de caso suspeito de dengue
apresentou SEN de 92,5% (IC 95%: 90,7-94,0%), ESP de 11,5% (IC 95%: 10,4-12,7), VPP de
27,1% (IC 95%: 25,7-28,7%) e VPN 81,9% (IC 95%: 77,0-84,6%). A presença de leucopenia foi
o indicador de melhor desempenho, entretanto, apenas 969 (25,1%) dos pacientes com DFA e
confirmada realizaram leucograma. Conclusao: Conclui-se que a notificação não representa a
real magnitude do problema no Brasil. A baixa especificidade da definição de caso de dengue
influencia na notificação. Portanto o sistema de vigilância epidemiológica deve pensar em
instrumentos que colaborem com um verdadeiro número de casos da doença pois esse achado
será importante para guiar as ações de controle e prevenção da dengue.

Palavras-Chaves: Dengue; Validação; Sistema de informação; Definição de Caso.


8

SILVA, Monaise Madalena Oliveira. Avaliação da validade do sistema nacional de vigilância


da dengue. 54 f. il. Dissertação (Mestrado) – Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas
Gonçalo Moniz, Salvador, 2015.

ABSTRACT
Introduction: The epidemiological surveillance system dengue has a key role in the
prevention and control of disease. In 2014, the Ministry of Health of Brazil updated the case
definition used for surveillance for reporting suspected dengue patients. However, the
performance of the new case definition has not yet been rated, so little was assessed the
validity of the national system of information in the registry of dengue cases. Objective:
Evaluate the validity of the registration of suspected cases of dengue by SINAN and the new
definition of suspect dengue fever. Methods: Between 2009 and 2011, patients from an
emergency center of Salvador by an acute febrile illness (DFA) ≤7 days were interviewed to
collect data on the presence of clinical manifestations used in the definition of suspect dengue
fever. The white blood cell count and the result of the tourniquet test were obtained from
medical records. Blood samples were collected at treatment day and after 14 days, and
reference tests (ELISA-IgM ELISA-NS1 and RT-PCR) were used for laboratory confirmation
of dengue. The base SINAN data for 2009-2011 with registry of reported cases of dengue in
the Sanitary District for our study period was obtained directly by coordinating
epidemiological surveillance of the Municipal Health. The sensitivity (SEN), specificity (
ESP), positive and negative predictive values (PPV and NPV) of dengue records in SINAN
and symptoms used to define cases were estimated. The 95% confidence interval was used for
all analyzes. The project was approved by CEP-CPqGM- and CONEP. Results: In the period
2009-2011, 3,864 patients with DFA were included in the study, 997 (25.8%) were laboratory
confirmed dengue and 2,867 (74.2%) were classified as non-dengue. During the same period,
the SINAN reported 24,382 suspected cases of dengue reported in Salvador, of which 2,029
(8.3%) lived in the health district of Pau da Lima. Of the 997 patients with DFA confirmed as
dengue, 57 were recorded as a case of dengue by SINAN (sensitivity: 5.7% Of the 2,867
patients who were classified as non- Dengue in our study, 26 were recorded as a case of
dengue by SINAN (false positives: 0.9%; specificity: 99.1% PPV and NPV dengue
notification in SINAN were 68.7% and 75.1%, respectively. According to the calculations of
the multiplier factor for each dengue patient recorded in the information system must exist 12
who were not registered. Of the 3,850 patients included in the study in 2009-2011, 1,113
(28.9%) were laboratory confirmed as dengue. The new definition of dengue suspected cases
presented SEN 92.5% (95% CI: 90.7 to 94.0%), ESP 11.5% (95% CI: 10.4 to 12.7), PPV of
27.1% (95% CI: 25.7 to 28.7%) and NPV 81.9% (95% CI: 77.0 to 84.6%). The presence of
leukopenia was the best performance indicator, however, only 969 (25.1%) of patients with
DFA and confirmed performed WBC. Conclusion: It is concluded that the notification of
dengue cases system is flawed and the notification does not represent the real magnitude of
the problem in Brazil. The low specificity of dengue case definition influences the
notification. Therefore, the epidemiological surveillance system should consider tools that
work with a certain number of cases of the disease, this finding will be important to guide the
control and prevention of dengue.

Key Words: Dengue; validation; Information system; Case Definition


9

LISTA DE ABREVIATURAS

SINAN Sistema de informação de agravos de notificação


SIM Sistema de informação de mortalidade
SIH Sistema de informação hospitalar
OMS Organização mundial de saúde
WHO World Health Organization
M.S Ministério da Saúde
VPP Valor preditivo positivo
VPN Valor preditivo negativo
I.C Intervalo de confiança
DENV 1 Vírus Dengue 1
DENV 2 Vírus Dengue 2
DENV 3 Vírus Dengue 3
DENV 4 Vírus Dengue 4
DFA Doença febril aguda
CSSM Centro de Saúde de São Marcos
TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido
CEP Comitê de ética e pesquisa
CONEP Comissão nacional de ética e pesquisa
Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz
CPqGM Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz
SIS Sistema de Informação em Saúde
IGM Imunoglobulina M
IGG Imunoglobulina G
NS1 Proteína não estrutural 1
PCR Reação em Cadeia Polimerase
D.F.A Doença Febril Aguda
Elisa Enzyme Linked Immunoabsorbent Assay
10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 11

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14

2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 14

3 MANUSCRITO 1 - Accuracy of the National Brazilian Surveillance System versus


Enhanced Community-Based Surveillance for Dengue .................................................... 15

4 MANUSCRITO 2 - Avaliação do desempenho da definição de caso suspeito de dengue,


adotada pelo ministério da saúde do Brasil. ..................................................................... 26

5 CONCLUSÃO................................................................................................................... 47

REFERENCIAS ..................................................................................................................... 48

ANEXOS - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................................. 51


11

1 INTRODUÇÃO

A dengue é hoje a principal doença re-emergente, e tem chamado a atenção das


autoridades sanitárias devido aos desafios para o controle. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) considera a dengue como a doença viral de mais rápida propagação no mundo (OMS,
2009).

Segundo a OMS, nos últimos cinquenta anos sua incidência global aumentou cerca de
30 vezes, e estima-se que ocorram 390 milhões de infecções por ano no mundo (BHATT, et
al 2013), destacando-se o agravamento da situação epidemiológica nos continentes, com a
ocorrência de epidemia em diversos países e a dificuldade de controlar a expansão de casos
desta doença.

O sistema de Vigilância Epidemiológica (VE) tem um papel primordial nas atividades


de prevenção e controle das doenças, mas o seu bom funcionamento depende principalmente
do registro e das informações obtidas sobre as doenças e agravos. O principal instrumento de
obtenção de dados da VE é o Sistema de Informação de Doenças de Notificação Compulsória
(SNDC). Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à
saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de
adoção das medidas de intervenção pertinentes. Essa comunicação é destinada primeiramente
aos serviços responsáveis por controlar a ocorrência das doenças. As notificações devem ser
reunidas de forma sistematizadas, possibilitando o acompanhamento, de forma mais ampla,
das características do fenômeno estudado, quanto à sua distribuição e tendências, assim, é
importante que seja preservado e constantemente aprimorado, incorporando-se os avanços
científicos e tecnológicos de cada período, pois, em parte, dele dependem a eficiência e a
efetividade da VE (TEIXEIRA et al, 1998).

O sistema de informação no Brasil que corresponde aos SNDC é o SINAN (Sistema


de Informação de Notificação). É uma base de dados que tem como objetivo organizar os
registros e os dados sobre agravos de notificação compulsória em todo o território nacional,
fornecendo informações para a análise do perfil de morbidade (TOLEDO et al., 2006;
BRASIL, 2010).

No Brasil, as "Normas Gerais Sobre Defesa e Proteção da Saúde", instituídas em 1961


através do Decreto No 49.974, relacionavam 45 doenças que fazem parte da lista de
12

notificação compulsória, dentre elas a dengue (BRASIL, 1961). A partir da criação do SINAN
na década de 90 todo caso suspeito da doença considerada de notificação compulsória deve
ser notificado o mais precocemente possível através do SINAN, desencadeando um fluxo de
informação até a equipe de vigilância epidemiológica local (no distrito sanitário), que tem
como uma de suas atividades o monitoramento da curva de distribuição temporal da doença e
adoção de medidas de combate ao vetor e de avaliação. O objetivo da vigilância
epidemiológica é reduzir o número de casos e a ocorrência de epidemias, sendo de
fundamental importância que a implementação das atividades de controle ocorra em momento
oportuno. Nesse caso, oportunidade é entendida como detecção precoce da circulação viral e
adoção de medidas de bloqueio adequadas para interromper a transmissão. (BRASIL, 2010)

A etapa inicial da notificação se dá através do preenchimento da ficha de notificação


de casos suspeitos de acordo com os critérios da definição de casos de dengue, preconizado
pelo Ministério da Saúde (M.S). No Brasil, entre 2010 e 2013 o M.S, considerava como caso
suspeito, todo paciente que apresentasse uma doença febril aguda com duração máxima de
sete dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaléia, dor
retroorbitária, mialgia, artralgia, prostração ou exantema, associados ou não à presença de
hemorragias. Além desses sintomas, o indivíduo deveria estar nos últimos quinze dias, em
área onde estivesse ocorrendo transmissão de dengue ou onde existisse a presença do Aedes
aegypti (BRASIL, 2010). De acordo com o M.S um caso suspeito deveria ser confirmado
laboratorialmente atraves de sorologia Imunoglobolina M (IGM), Proteína Não Estrutural
1(NS1) teste rápido ou ELISA, isolamento viral, Reação em Cadeia Polimerase (PCR) ou
Imunohistoquimica. Em 2014, o Ministério da Saúde reformulou a definição de caso suspeito
de dengue, seguindo o que é preconizado pela OMS e incluido na definição de caso suspeito
outro manifestaçoes clínicas bem como vômitos/naúseas, leucopenia e a presença de
petéquias ou prova de laço positiva. (BRASIL, 2014)

Apesar da definição de caso preconizada pela OMS e a frequente divulgação de


informações sobre a dengue, desafios são enfrentados para identificação dos casos dessa
doença, pois as manifestações são comuns em outras doenças febris, principalmente durante a
fase inicial (GEORGE; LUM, 1997). Entre as doenças que podem confundir-se com a dengue
estão: leptospirose, sarampo, rubéola, influenza e viroses, dentre outras, (WHO, 1997;
GUBLER; CLARK, 1995), além disso, poucos serviços de saúde dispõem de infraestrutura
laboratorial capaz de fornecer o diagnostico da dengue e muitos casos suspeitos não são
13

registrados em prontuários médicos. Essas dificuldades têm grande impacto nas ações da
vigilância, pois podem levar a um subregistro e subestimação nas estatísticas da doença.
Todos estes fatores contribuem para uma distorção nas estimativas da magnitude do
problema.

Portanto, este trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho do Sistema de


Informação (SINAN) no registro de casos da doença e a validade do critério de casos suspeito
de dengue preconizado pelo Ministério da Saúde. A avaliação da sensibilidade do SINAN em
registrar casos de dengue ajudará a estimar o grau de subregistro e permitirá estimar o real
número de casos auxiliando a guiar decisões políticas para o controle da dengue. Espera-se
também determinar a capacidade da definição de caso em identificar corretamente casos de
dengue entre pacientes com doença febril aguda, contribuindo em uma potencial redefinição
dos critérios de casos suspeito da doença.
14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo avaliar a validade do Sistema de Informação de


Agravos de Notificação (SINAN) no registro de casos da doença e a validade da definição de
caso suspeito de dengue adotada pelo Ministério da Saúde em 2014.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Determinar a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo


negativo do SINAN na identificação de casos de dengue;
 Determinar a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo
negativo do SINAN para subgrupos determinados por: ano, faixa etária e prevalência
da dengue entre pacientes com doença febril aguda;
 Determinar o fator multiplicador que estime o número de casos de dengue que deve
existir para cada caso de dengue notificado ao SINAN.
 Estimar a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e valor
preditivo negativo (VPN) da definição de caso suspeito de dengue adotada pelo
Ministério da Saúde em 2014 e da definição de caso suspeito de dengue utilizada entre
2009 e 2013 e compará-las.
 Estimar a sensibilidade, especificidade, VPP e VPN de cada um dos sinais e sintomas
presentes da definição de caso suspeito de dengue adotada pelo Ministério da Saúde
em 2014.
 Estimar a sensibilidade, especificidade, VVP e VPN da definição de caso suspeito de
dengue adotada pelo Ministério da Saúde em 2014, para subgrupos determinados pelo:
nível de prevalência de dengue entre pacientes com doença febril aguda; pela faixa
etária; pela suspeição clínica do diagnóstico da dengue e pela duração da doença no
momento da busca por atendimento médico.
15

3 MANUSCRITO 1 - Accuracy of the National Brazilian Surveillance System versus


Enhanced Community-Based Surveillance for Dengue
16

Full Title: Accuracy of the National Brazilian Surveillance System versus Enhanced

Community-Based Surveillance for Dengue

Running Title: Accuracy of dengue reporting in Brazil

Monaise M. O. Silva MSc1,2, Moreno S. Rodrigues PhD 1, Igor A. D. Paploski MSc1,2,

Mariana Kikuti MPH1,2, Amelia M. Kasper MD1, Jaqueline S. Cruz MSc1, Tássia L. Queiroz

MSc1,2, Aline S. Tavares MSc1, Perla M. Santana Biol1, Josélio M. G. Araújo PhD3, Albert I.

Ko MD1,4, Mitermayer Galvão Reis MD PhD1,4,5, Guilherme S. Ribeiro MD PhD1,2,4

1
Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, Bahia, Brazil
2
Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brazil
3
Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brazil


4
Department of Epidemiology of Microbial Diseases, School of Public Health, Yale

University, New Haven, Connecticut, United States of America


5
Faculdade de Medicina, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brazil

Address for correspondence: Guilherme Sousa Ribeiro. Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz,

Fundação Oswaldo Cruz.

Rua Waldemar Falcão, 121, Candeal, 40296-710 Salvador, BA, Brasil.

Phone: 55 71 3176-2350.

email: guilherme.ribeiro@bahia.fiocruz.br (GSR)


17

Abstract

We evaluated the accuracy of the official dengue surveillance system in Salvador, Brazil and

found high levels of misclassification (sensitivity: 5.7%, specificity: 99.1%, positive

predictive value: 68.7%, negative predictive value: 75.1%). Novel dengue surveillance

methods that provide high quality data to guide dengue control and prevention policies are

urgently needed.

Keywords

Dengue, dimensional measurement accuracy, disease notification, mandatory reporting,

infectious disease reporting


18

The true burden of dengue disease is underestimated by the number of reported cases

(1). In 2010, the World Health Organization (WHO) recorded 2.2 million dengue cases (2);

however, recent models projected that the actual number of symptomatic cases in 2010 may

have been as high as 96 million (3).

Brazil reports more cases of dengue than any other country in the world (2); in 2013,

1.46 million suspected cases were reported (4). However, the degree of underreporting in the

country is not known. We therefore conducted enhanced surveillance in an urban community

in Salvador, Brazil to assess the accuracy and the degree of dengue underreporting by the

Brazilian Notifiable Diseases Information System (SINAN).

The study

During 01/01/2009–12/31/2011, we conducted enhanced surveillance for acute febrile

illness (AFI) in a public emergency unit situated in Pau da Lima, a slum community in

Salvador, Brazil. The surveillance team enrolled residents ≥5 years of age with a history of

fever or measured axillary temperature ≥37.8oC. Patients or their legal guardians provided

written consent before study inclusion. The study was approved by the Research Ethics

Committees at the Gonçalo Moniz Research Center, Oswaldo Cruz Foundation, the Brazilian

National Council for Ethics in Research, and the Institutional Review Board of Yale

University.

We collected acute-phase serum samples at the time of enrollment and convalescent-

phase serum samples ≥15 days later. Acute-phase serum samples were evaluated using

dengue NS1 and IgM ELISA (Panbio Diagnostics, Brisbane, Australia). Convalescent-phase

samples were also tested by IgM ELISA. In concordance with the definition of laboratory-

confirmed dengue cases proposed by the Brazilian Ministry of Health (5), we defined dengue

cases as a positive result in one of the following: acute NS1 ELISA, acute-phase IgM ELISA,
19

or convalescent-phase IgM ELISA. All others were classified as having non-dengue AFI. We

reported patients who we diagnosed with dengue and who were not previously reported to

SINAN to the Health District Epidemiological Office.

We then identified which study patients with laboratory-confirmed dengue or with

non-dengue AFI were officially reported to SINAN. We used the Link Plus software (CDC-

Link Plus Production Version 2.0) to perform probabilistic linkage of records from our study

database with official reports in the SINAN database. The records were matched based on

patients’ first names, last names, and dates of birth. We manually reviewed the matches to

confirm similarities in the matched variables and compared the date of case reporting to

SINAN with the date of study enrollment. When necessary, middle names were used to

confirm matches. We defined matches as patients who had exact variable matching (or with

only minor typographical errors in one of the variables) and a <30 day difference between the

reporting and enrollment dates.

Based on the matching results, we calculated the sensitivity, specificity, positive

predictive value (PPV), and negative predictive value (NPV) of the SINAN surveillance

system to detect dengue cases, per the Centers for Disease Control and Prevention guidelines

for surveillance system evaluation (6). Accuracy measurements with Wilson confidence

intervals of 95% (95% CI) were calculated for the overall study period and stratified by study

year, age group (5–14 versus ≥15 years), and the seasonal prevalence of dengue among the

studied AFI patients (months when dengue was responsible for <20% versus ≥20% of AFI

events as measured by our study). We estimated multiplication factors by dividing the number

of laboratory-confirmed dengue case-patients in our study by the number of study patients

who had been officially reported as a dengue case to SINAN.

Of the 3,864 AFI patients included in the study, 997 (25.8%) had laboratory-

confirmed dengue and 2,867 (74.2%) were classified as non-dengue AFI. During the same
20

period, SINAN recorded 24,382 dengue cases in Salvador. Of the 997 laboratory-confirmed

dengue case-patients in our study, 57 were reported to SINAN (sensitivity: 5.7%) (Table). Of

the 2,867 non-dengue AFI patients, 26 were reported to SINAN as dengue cases (false

positive ratio: 0.9%; specificity: 99.1%). None of the 26 patients was listed as having

laboratory confirmation of dengue in the SINAN database. The PPV and NPV for reporting to

SINAN were 68.7% and 75.1%, respectively.

The accuracy of SINAN varied by study year, mainly due to differences in dengue

prevalence (Table). SINAN reporting had a higher sensitivity and PPV, and lower NPV in

months that ≥20% of AFI patients had laboratory-confirmed dengue. The overall

multiplication factor for the three-year period was 12.0, but in low-transmission months, the

multiplication factor was 17.2. Age also influenced the PPV; the PPV for children 5–14 years

of age was 60.5%, while for patients ≥15 years of age it was 75.6%.

Conclusions

Our results confirm that dengue incidence in Brazil is much higher than reported by its

official surveillance system. We found that one out of every four patients seen at a public

emergency unit for AFI had laboratory-confirmed dengue during the study period. However,

for each of the 18 laboratory-confirmed dengue patients seeking health care, only one was

reported as dengue to the national surveillance system. During periods of low transmission,

only one in 40 laboratory-confirmed dengue patients was officially reported.

Conversely, 31.2% of patients who were reported as dengue cases did not have the

disease. In low transmission periods, 61.5% were incorrectly reported as dengue case-patients.

Among the reported patients, those ≥15 years of age had a higher likelihood of having

dengue. The improved performance of the surveillance system in older adolescents and adults

may be due to the often atypical presentation of dengue in children (7, 8).
21

Few studies have previously computed multiplication factors to adjust reported case

counts. In our study, we calculated an estimated 12 dengue patients for each recorded case.

Comparable results have been seen in studies in other countries. In Nicaragua, a study

comparing data from a pediatric cohort study to a Ministry of Health surveillance program

identified multiplication factors ranging from 14 to 28 (9). Similar studies in Thailand and

Cambodia identified average multiplication factors of 8.4 and 9.3, respectively (10). Another

study in Cambodia found multiplication factors ranging from 3.9 to 29.3 (11).

According to SINAN, the mean annual incidence of reported dengue in Salvador

during the study period was 303.8 cases per 100,000 inhabitants (12). By applying the

multiplication factor, we estimated that the actual mean annual dengue incidence for Salvador

was 3,645.7 cases per 100,000 inhabitants. Dengue underreporting has been attributed to the

use of passive case detection, which fails to identify diseased people who do not present to

health care facilities (1). In our study, we showed that the official surveillance system also

failed to detect dengue cases among symptomatic patients seeking health care, suggesting that

the Ministry of Health dengue case definition is inaccurate or improperly employed. Data

from a prior dengue outbreak in Rio de Janeiro, Brazil also questioned the accuracy of the

official case definition, where it had a sensitivity of 64% and specificity of 89% (13). Novel

surveillance tools, such as active syndromic surveillance and point-of-care testing, should be

applied to provide better estimates of dengue incidence. Furthermore, given the recent

emergence of chikungunya in Brazil (14), improved surveillance and laboratory diagnostics

are critically needed to avert misclassification and mismanagement of both diseases.

Acknowledgments

We thank those who participated in study data collection and in sample processing, especially

Helena Cristina Lima, Juan Calcagno, and André Henrique Gonçalves; Nivison Nery Junior,
22

Renan Rosa, and Delsuc Evangelista Filho for their assistance with data management;

Monique Silva for her assistance with administrative matters; and Federico Costa and Jose

Hagan for their advice during study conduction. We also want to thank the contributions from

the São Marcos Emergency Center staff; of the Pau da Lima Health District, Salvador

Secretariat of Health; and of Pau da Lima community leaders and resident associations.

Biographical sketch

Monaise M. O. Silva has an undergraduate degree in public health and a master’s

degree in epidemiology. Her research interests include epidemiology and biostatistics

focusing on health informatics. Currently, she is a member of the dengue research group at the

Oswaldo Cruz Foundation, Brazilian Ministry of Health, in Salvador, Brazil.


23

References

1. Runge-Ranzinger S, McCall P, Kroeger A, Horstick O. Dengue disease surveillance:

an updated systematic literature review. Tropical Medicine and International Health.

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25

Table 1 Accuracy of the Brazilian Notifiable Disease Information System (SINAN) for recording cases of
suspected dengue among patients assisted due to an acute febrile illness in an emergency health unit of
Salvador, Brazil - January 1, 2009 to December 31, 2011

Notification Laboratory status of Dengue SENS‡ SPEC‡ PPV‡ NPV‡ MF§


status of AFI AFI patients† prevalence¶
patients*
Dengue Non-dengue
AFI
Overall Reported 57 26 25.8% 5.7 99.1 68.7 75.1 12.0
(4.4-7.3) (98.7-99.4) (58.1-77.6) (73.7-76.5)
Not reported 940 2841
Study year 2009 Reported 4 4 10.3% 3.3 99.6 50.0 90.0 15.0
(1.3-8.3) (99.0-99.9) (21.5-78.5) (88.1- 91.6)
Not reported 116 1039
2010 Reported 27 8 33.8% 6.0 99.1 77.1 67.4 12.9
(4.1-8.6) (98.2-99.5) (61.0-87.9) (64.8- 69.9)
Not reported 423 873
2011 Reported 26 14 31.2% 6.1 98.5 65.0 69.9 10.7
(4.2-8.8) (97.5-99.1) (49.5-77.9) (67.3- 72.3)
Not reported 401 929
Age group 5-14 years Reported 23 15 25.5% 5.8 98.7 60.5 75.4 10.4
(3.9-8.6) (97.9-99.2) (44.7-74.4) (73.2-77.5)
Not reported 372 1139
≥15 years Reported 34 11 26.0% 5.6 99.4 75.6 75.0 13.8
(4.0-7.8) (98.9-99.6) (61.3-85.8) (73.2-76.7)
Not reported 568 1702
Monthly ≥20% Reported 52 18 38.1% 6.7 98.6 74.3 63.1 11.1
dengue (5.2-8.7) (97.7-99.1) (63.0-83.1) (61.0-65.2)
prevalence Not reported 722 1235
among AFI <20% Reported 5 8 12.1% 2.2 99.5 38.5 88.0 17.2
patients ¶ (1.0-5.2) (99.0-99.8) (17.7-64.5) (86.5-89.5)
Not reported 218 1606
AFI=Acute febrile illness; SENS= Sensitivity; ESP=Especificity; PPV=Positive predictive value; NPV=Negative predictive

value; MF=multiplication factor.

*Notification status of the AFI patients was ascertained from the SINAN database on reported dengue cases for the city of

Salvador. SINAN database was obtained from the Salvador Secretary of Health in January 2013.

† Acute-phase sera samples from AFI patients were systematically tested to dengue by NS1 enzymatic immunoassay

(ELISA) and IgM ELISA; convalescent-phase sera samples were also tested by IgM ELISA.

‡ Expressed as % (95% confidence interval).

§ Multiplication factor = laboratory-confirmed dengue patients/AFI patients reported as suspected dengue.

¶ Dengue prevalence among AFI patients assisted at the sentinel surveillance emergency unit.
26

4 MANUSCRITO 2 - Avaliação do desempenho da definição de caso suspeito de dengue,


adotada pelo ministério da saúde do Brasil.
27

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO DE DENGUE,


ADOTADA PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL.

Monaise Madalena Oliveira e Silva1,2, Amelia Maria Kasper1, Mariana Kikuti1,2, Igor Adolfo

Dexheimer Paploski 2, Tássia Lacerda de Queiroz2, Aline da Silva Tavares1, Jaqueline Silva

da Cruz1, Albert Icksang Ko 1,3, Mitermayer Galvão Reis1, Guilherme Sousa Ribeiro1,2*

1
Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, Bahia, Brasil
2
Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil
3
Department of Epidemiology of Microbial Diseases, School of Public Health, Yale

University, New Haven, Connecticut, United States of America

*Endereço para correspondência: Guilherme Sousa Ribeiro. Centro de Pesquisas Gonçalo

Moniz, Fundação Oswaldo Cruz.

Rua Waldemar Falcão, 121, Candeal, 40296-710 Salvador, BA, Brasil.

Phone: 55 71 3176-2350.

email: guilherme.ribeiro@bahia.fiocruz.br (GSR)


28

Resumo

Em 2014 o Ministério da Saúde atualizou a definição de caso suspeito de dengue usada pela
vigilância epidemiológica. Entretanto, o desempenho da nova definição de caso e das
manifestações clínicas ainda é desconhecido. O objetivo deste estudo foi avaliar a validade da
definição de caso suspeito de dengue. Entre 2009- 2011, pacientes atendidos em uma unidade
de emergência de saúde com relato de doença febril aguda (DFA) de duração ≤7 dias foram
entrevistados sobre a presença das manifestações clínicas usadas na definição de caso suspeito
de dengue. A leucometria e a prova de laço foram obtidas dos prontuários. Amostras de
sangue foram coletadas no dia do atendimento e após 14 dias e testes laboratoriais (ELISA-
IgM, ELISA-NS1 e RT-PCR) foram usados para confirmação laboratorial. A sensibilidade
(SEN), a especificidade (ESP), os valores preditivos positivo e negativo (VVP e VPN) da
definição de caso e de cada manifestação clínica foram estimados. Dos 3995 pacientes
incluídos no estudo, 3.850 (95,8%) preencheram a definição de caso suspeito de dengue e
1.113 (28,9%) foram confirmados laboratorialmente como dengue. A definição de caso
suspeito de dengue preconizada a partir de 2014 apresentou SEN de 92,5% (IC 95%: 90,7-
94,0%), ESP de 11,5% (IC 95%: 10,4-12,7), VPP de 27,1% (IC 95%: 25,7-28,7%) e VPN
81,9% (IC 95%: 77,0-84,6%). A presença de leucopenia foi o indicador de melhor
desempenho, entretanto, apenas 969 (25,1%) dos pacientes com DFA e confirmada realizaram
leucograma. Nenhum dos pacientes com suspeita médica registrada em prontuário havia
realizado prova de laço. Nossos achados indicam que apesar da recente revisão, a definição
de caso suspeito de dengue adotada no Brasil apresenta baixa especificidade e baixa
capacidade de predizer a dengue em pacientes com DFA.

Palavra-chave: Dengue, Vigilância, Definição de caso.


29

INTRODUÇÃO

A dengue é uma doença febril aguda, causada por um Flavivírus e são conhecidos
atualmente quatro sorotipos, distintos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 (KUMAR et al.,
2010). A dengue reemergiu como um agravo de relevância mundial no final do século XX
(RIGAU-PEREZ et al., 1998) e sua incidência global aumentou cerca de 30 vezes nos
últimos 50 anos em todo o mundo (WHO, 2009).

Estima-se que ocorra 390 milhões de infecções por dengue no mundo, (BHATT et al,
2013), entretanto a identificação dos casos de dengue enfrenta diversos desafios. A própria
definição de caso suspeito de dengue influencia na dificuldade de identificação dos casos de
dengue, já que os sinais clínicos se confundem com de outras doenças febris agudas,
principalmente durante a fase inicial da doença (RIGAU-PEREZ et al., 1998). Para que seja
feito um diagnóstico definitivo da dengue é necessária à realização de testes laboratoriais
(VAUGHN et al., 1997; HALSTEAD et al., 2007), mas nem todos os serviços de saúde
dispõem de infraestrutura e pessoas qualificadas, e em alguns casos não são registrados em
prontuários a suspeita clínica (OOI et al., 2007

Os desafios para identificação dos casos de dengue têm influenciado na real magnitude
do problema, repercutindo nas ações do sistema de vigilância que tem como objetivos:
identificar operativamente áreas e grupos de maior risco de ocorrência da doença; identificar
fatores associados à transmissão; monitorar as tendências na distribuição e disseminação da
doença ao longo do tempo e guiar e implementar ações de prevenções e controle. Portanto, a
identificação dos casos da dengue pelo sistema de vigilância deve ser acurada, e os dados
produzidos devem ser representativos da realidade para que as ações de prevenção e controle
sejam efetivas.

Em 2014 o Ministério da Saúde (MS) do Brasil atualizou a definição de caso suspeito


de dengue utilizando a definição preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e
atualmente um caso suspeito de dengue é definido por um paciente que apresente febre de ate
7 dias de duração, acompanhada de pelo menos dois das seguintes manifestações clínicas:
cefaléia, dor retro-orbitária, mialgia, artralgia, prostração, exatema, náusea/vomito, petéquias
ou prova de laço positiva e leucopenia, e o paciente tem que ter estado nos últimos 15 dias em
área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou onde haja presença de Aedes aegypti
(BRASIL, 2014). A notificação dos casos de dengue é realizada através do Sistema de
30

Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e todo paciente que preencha os critérios de


definição de casos suspeito de dengue, devem ser notificados (BRASIL, 1994).

Devido os sinais e sintomas da definição de caso da dengue serem comuns em outras


doenças febris, contribuindo para embasar a hipótese de que a definição é inespecífica e esse
aspecto pode influenciar no sub-registro e portanto os sistemas oficiais de vigilâncias
mostram parcialmente a realidade da magnitude do problema, o presente estudo tem como
finalidade avaliar o desempenho da definição de caso e de cada manifestação clinica usada na
definição.
31

METODOLOGIA

Desenho e população do estudo

Dados de um estudo de vigilância de base populacional para atendimento médico por


doenças febris agudas (DFAs) foram utilizados para estimar a validade da definição de caso
suspeito de dengue do Ministério da Saúde (M.S) em predizer a ocorrência de doença. A
vigilância para atendimento médico por DFAs foi realizada entre janeiro de 2009 e dezembro
de 2010 na única unidade pública de pronto-atendimento, aberta 24 horas, da comunidade de
Pau da Lima, Salvador-BA. De segunda a sexta-feira, das 7h30min às 16h, a equipe de
pesquisadores identificou, através dos registros médicos, e convidou a participar do estudo
todos os residentes da comunidade, com idade ≥5 anos, que foram atendidos neste serviço
com temperatura aferida ≥37,8ºC ou com relato de febre de duração igual ou menor que 7
dias.

Coleta de dados

Em virtude da baixa qualidade dos registros sobre sinais e sintomas associados à


doença nos prontuários médicos, os dados sobre manifestações clínicas foram coletados
diretamente com os pacientes por meio de entrevistas, usando um questionário padronizado e
previamente testado. Foram coletados dados demográficos e sobre a presença de seis sintomas
(vômitos/náuseas, cefaléia, dor retro-orbital, mialgia, dor muscular e dor articular, cansaço e
necessidade de repouso como indicador de prostação.) e dois sinais clínicos (febre e presença
de manchas no corpo, como indicador de exantema (BRASIL, 2014). A leucometria e a prova
do laço foram obtidas através dos resultados registrados nos prontuários. Foram considerados
leucopenicos os pacientes que tinham realizado hemograma (registrado em prontuário) e
apresentavam o leucócitos ≤4.000 mm³. (M.S, 2014).

Analises laboratorial

Após a entrevista, foi coletada uma amostra de sangue na fase aguda. Todos
participantes foram convidados a retornar a unidade após duas semanas para coleta de amostra
de sangue na fase convalescente. Uma equipe de pesquisa visitou os domicílios dos
participantes que não retornaram a unidade de saúde e coletou a amostra de sangue de fase
convalescente. As amostras de sangue foram mantidas refrigeradas entre 2 oC e 8oC e
32

transportadas em caixas térmicas, no mesmo dia da coleta para o Centro de Pesquisas Gonçalo
Moniz (CPqGM), Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde, onde foram centrifugadas
para separação do soro, aliquotado e armazenado a -20oC e a -70oC até a realização dos
experimentos diagnósticos, conforme as recomendações do fabricante.

As amostras de soro de fase aguda foram testadas por ELISA de captura de anticorpos
IgM (ELISA-IGM) contra a dengue (Panbio® Dengue IgM Capture ELISA) e por
ELISA(ELISA-NS1) de captura para detecção do antígeno viral NS1 (Dengue Early
ELISA,PANBIO). As amostras de soro de fase convalescente também foram testadas por
ELISA-IgM contra a dengue (Panbio® Dengue IgM Capture ELISA). Os pacientes que
apresentaram resultados positivos no ELISA-IgM contra dengue na amostra de fase aguda ou
na amostra de fase convalescente, ou que apresentaram resultados positivos no ELISA-NS1
tiveram, adicionalmente, suas amostra de soro de fase aguda submetidas à extração de RNA e
o produto da extração foi amplificado por RT-PCR (reverse transcriptase-polimerase chain
reaction) para deteção de RNA sorotipo-específico do vírus da dengue.

Definiçoes usadas no estudo

Seguindo as recomendações da OMS (WHO, 2009) utilizou-se a presença de pelo


menos um dos seguintes resultados laboratoriais para definir um caso de dengue confirmado:
1) detecção do antígeno NS1 por ELISA; ou 2) detecção de seroconversão por IgM entre as
amostras de sangue de fase aguda e de fase convalescente; ou 3) RT-PCR positivo para
dengue. Os pacientes que não preencheram a definição de caso confirmado, mas que
apresentaram ELISA IgM positivo na amostra de fase aguda ou na amostra de fase
convalescente foram definidos como prováveis casos de dengue. Os pacientes que não
preencheram a definição de caso confirmado ou de caso provável foram definidos como
pacientes negativos para dengue.

Para as análises de validade da definição de caso suspeito de dengue do M.S, os


grupos de pacientes com dengue laboratorialmente confirmada e dengue laboratorialmente
provável foram combinadas em um único grupo de pacientes intitulados de casos de D.F.A
positivos para dengue. A combinação dos pacientes confirmados e prováveis compondo o
grupo de casos positivos para dengue se justifica porque, diferentemente da OMS (WHO,
2009), o M.S utiliza a positividade no ELISA-IgM como um dos critérios para confirmação
do diagnóstico da dengue (BRASIL, 2010).
33

As definições de caso suspeito de dengue preconizada pela Secretaria de Vigilância


em Saúde-M.S, avaliadas neste estudo foram aquelas usadas no período entre 2009 e 2013 e a
vigente a partir de 2014. A definição de caso vigente entre 2009-2013 considerava como caso
suspeito de dengue, todo paciente que apresentasse uma doença febril aguda com duração
máxima de sete dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaléia, dor
retroorbitária, mialgia, artralgia, prostração ou exantema (BRASIL, 2010). Em 2014, o M.S
reformulou a definição de caso suspeito de dengue, incluindo como um dos sinais/sintomas a
presença de: vomitos/nauseas, leucopenia e petéquias ou prova de laço positiva (BRASIL,
2014). Todos pacientes incluídos no estudo residiam nos últimos trinta dias na comunidade de
Pau da Lima-São Marcos, área da cidade de Salvador com presença do Aedes aegypti e onde
ocorre transmissão da dengue durante todo o ano.

Análises estatísticas

Os dados foram analisados através dos programas Epi-Info versão 3.5.2 e OpenEpi
versão 3.2.1. As características demográficas e clínicas dos pacientes confirmados, prováveis
e negativos para dengue foram descritas por meio de frequências absolutas e relativas ou por
medianas e intervalos interquartis.

A sensibilidade, especificidade, VPP e VPN das definições (2009-2013 e 2014) de


caso suspeito de dengue foram mensuradas, baseado na analise dos pacientes que foram
confirmados ou negativos para dengue e aqueles que preenchiam ou não o critério de
definição de caso suspeito.

Calculamos a sensibilidade, especificidade, VPP e VPN de cada sinal e sintoma


preconizado pelo M.S na nova definição de caso suspeito de dengue.

Por fim, a validade da definição de caso suspeito de dengue preconizada pelo MS em


2014 foi avaliada para subgrupos em situações específicas: para as faixas etárias 5-9 anos, 10-
14 anos, 15-24 anos e ≥25 anos; para os pacientes incluídos no estudo em meses de alta e
baixa frequência de ocorrência de dengue; para os pacientes com suspeita clínica de dengue,
com suspeita clínica de outra doença e sem qualquer suspeita clínica registrada no prontuário;
e para pacientes com duração de sintomas ≤1 dia, 2-4 dias, 5-7 dias. Para definir os meses de
alta e baixa frequência de ocorrência de dengue, a mediana das frequências mensais de
pacientes positivos para dengue foi calculada (20%) e usada como ponto de corte para
34

identificar os meses de alta e baixa frequência de dengue. Os meses com frequência de


ocorrência de dengue superior a mediana obtidas de 20% de positividade para dengue foram
considerados como meses de alta frequência de dengue (janeiro e fevereiro de 2009 e
fevereiro a agosto de 2010) e os meses com frequência de ocorrência de dengue igual ou
menor que a mediana obtida foi considerada como meses de baixa frequência de dengue
(março de 2009 a janeiro de 2010 e setembro a dezembro de 2010).

Intervalo de confiança de 95% foi calculado para todas as medidas de sensibilidade,


especificidade, VPP e VPN.

Consideraçoes éticas

Os pacientes identificados e os seus responsáveis legais em caso de indivíduos menos


de 18 anos foram convidados a participar do estudo mediante a assinatura de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo segue os preceitos éticos determinados pela
Resolução 466/2012 que define as Diretrizes e Normas Regulamentadoras da Pesquisa
envolvendo Seres Humanos no Brasil. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) do Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz- Fundação Oswaldo Cruz e pela
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

RESULTADOS

Durante os três anos de vigilância, foram incluídos no estudo 3995 participantes,


sendo que 3.850 deles tiveram dados referentes aos sinais e sintomas clínicos que compõe a
definição de caso do M.S coletados de forma completa e tiveram pelo menos uma amostra de
sangue disponível para investigação do diagnóstico dengue. Coleta de duas amostras de
sangue (uma de fase aguda e uma durante a convalescença) foi realizada para 3.314 (86,0%)
dos 3.915. Destes 3.850 participantes, 530 (14,5%) e 483 (12,5%) preencheram os critérios
laboratoriais para caso de dengue confirmado ou provável, respectivamente. Dos 530
participantes com dengue laboratorialmente confirmada, 401 (75,6%) tiveram resultado do
RT-PCR positivo, 305 (57,5%) apresentaram soroconversão de IgM entre as amostras de fase
aguda e de fase convalescente e 194 (36,6%) tiveram o ELISA para detecção do antígeno NS1
positivo. Mais de um critério para a confirmação do diagnóstico de dengue foi observado em
278 (52,5%) dos casos confirmados de dengue e presença de anticorpos IgM específicos
35

contra dengue em pelo menos uma das amostras de sangue foi detectada em 461 (86,9%) dos
casos confirmados de dengue. O sorotipo viral associado à infecção foi identificado para os
401 casos de dengue confirmados por RT-PCR, sendo eles: DENV1 (43; 10,7%), DENV2
(222; 55,4%),DENV3 (5; 1,2%) e DENV4 (131; 32,7%).

Os casos confirmados e prováveis de dengue foram mais frequentemente no sexo


masculino (50,6% e 50,1%, respectivamente) que os pacientes negativos para dengue (46,1%)
(Tabela 1). A mediana de idade para os casos confirmados, prováveis e negativos para
dengue foi de 19, 20 e 10 anos, respectivamente. Cefaléia e prostração foram referidas por
mais de 70% dos participantes do estudo e juntamente com vomito/náusea estiveram
presentes em frequências semelhantes entres os casos confirmados, prováveis e negativos para
dengue. Já dor retro-orbital e artralgia foram mais frequentes nos casos confirmados para
dengue quando comparado aos casos e negativos para dengue. A frequência de exantema e
mialgia foi semelhante entre os casos confirmados e provável e menor para os casos negativos
para dengue. A detecção de leucopenia foi mais frequente nos casos confirmados (39,1%),
seguido pelos casos prováveis, (17,2%) e menores nos casos negativos para dengue (4,9%). O
registro no prontuário da suspeita clínica do diagnóstico de dengue ocorreu para 17,3% dos
casos confirmados para dengue, para 9,3% dos casos prováveis para dengue e de 2,1% para os
casos negativos para dengue (Tabela 1).

A sensibilidade e especificidade dos achados clínicos utilizados na nova definição de


caso de dengue do MS foram, respectivamente, de: 87,0% e 17,9% para cefaleia; 80,4% e
20,7% para prostração; 73,5% e 31,4% para mialgia; 54,0% e 61,5% para dor retro-orbitária;
43,3% e 66,7% para artralgia; 22,6% e 87,9% para exantema; 27,4% e 72,9% para
vômitos/náuseas e 31,2% e 95,0% para leucopenia (Figura 1A e 1B). Já os valores preditivos
positivos e negativos foram, respectivamente, de: 27,4% e 79,5% para cefaléia; 26,6% e
74,8% para prostração; 27,7% e 76,8% para mialgia; 33,9% e 78,9% para dor retro-orbitária;
31,7% e 76,7% para artralgia; 40,0% e 76,0% para exantema; 26,5% e 73,7% para
vômitos/náuseas e 80,7 e 67,5% para leucopenia (Figura 1C e 1D).

A sensibilidade e a especificidade da definição de caso suspeito de dengue adotada


pelo Ministério da Saúde em 2014 foram de 92,5% (IC 95%: 90,7-94,0%) e 11,5% (IC 95%:
10,4-12,7), respectivamente. Enquanto que o valor preditivo positivo e o valor preditivo
negativo desta definição foram de 27,1% (IC 95%: 25,7-28,7%) e 81,9% (IC 95%: 77,0-
36

84,6%). A definição de caso de dengue preconizado pelo Ministério da Saúde no período


entre 2009 e 2013 apresentava uma sensibilidade e especificidade de 90,2% (IC 95% 88,2-
91,9%) e 14,0% (IC 95% 12,8-15,4%), respectivamente. E o valor preditivo positivo e o valor
preditivo negativo foram de 27,3% (IC 95% 25,8-28,8%) e 80,1% (IC 95% 76,4-83,4%).
(Figura 2)

A análise da validade da definição de caso suspeito de dengue adotada em 2014 por


faixa etária mostrou que a sensibilidade do critério de definição de caso de dengue
preconizado pelo M.S aumenta com o aumento da faixa etária, a custo que reduz a
especificidade (Tabela 2). Embora a estratificação por faixa etária não tenha demonstrado
uma grande variabilidade no VPP, o valor preditivo negativo foi substancialmente maior no
grupo ≥25, se comparadas aos grupos mais jovens (Tabela 2). Períodos de alta e baixa
freqüência de dengue foram analisados para determinar se a intensidade da transmissão da
dengue influencia o desempenho do critério adotado pelo MS para definir casos suspeitos de
dengue. Independente da frequencia de dengue entre os pacientes com D.F.A foi observador
que, a sensibilidade foi alta e a especificidade foi baixa, entretanto já o período de alta
freqüência o valor preditivo positivo apresentou um melhor desempenho (41,1%), comparado
ao período de baixa ocorrência de dengue (12,5), já o valor preditivo negativo teve uma baixa
performance (73,2%) no período de alta frequência e um melhor desempenho (88,5%) no
período de baixa transmissão da doença (Tabela 2). Analisamos o critério de definição de
caso do M.S estratificado com a suspeita médica registrada em prontuários, pode-se concluir
que em participante que tiveram a suspeita para dengue, a sensibilidade e o valor preditivo
positivo da definição de caso apresentaram um bom desempenho (97,8%; 69,3%,
respectivamente), mas a especificidade e valor preditivo negativo foram ruins (1,7%; 20%,
respectivamente). Por fim, avaliamos a acurácia da definição estratificado por dias de
sintomas e concluímos que a sensibilidade, VPP, e VPN apresentam discretas melhoras
quanto mais dias de sintomas apresentar o paciente.

DISCUSSÃO

Neste estudo, observamos que a dengue é uma etiologia freqüente entre as doenças
febris agudas, correspondendo cerca de ¼ dos atendimentos, evidenciando o elevado impacto
da doença em pacientes atendidos em pronto-atendimento por DFA. Nesta unidade de pronto-
atendimento, de cada 100 pacientes atendidos por uma DFA, 26 foram confirmadas como
37

dengue, mas somente 17,3% dos casos de dengue tiveram registro de suspeita da doença no
prontuário.

Em nosso estudo, exantema e detecção de leucopenia estavam associadas ao


diagnóstico de dengue, esse achado é similar ao de outros estudos realizados com crianças
(ENDY, 2002; RODRIGUES et al., 2005) e com pacientes hospitalizados de todas as faixas
etárias (NUNES et al., 2003) que também encontraram exantema como manifestação clínica
associada. Outro estudo que avaliou a definição de caso de dengue da OMS em pacientes ≥12
anos identificou leucopenia e exantema associado à confirmação do diagnóstico da doença
(DAUMAS et al., 2013). Entretanto, nós também identificamos artralgia, mialgia e dor
retroorbital associadas a dengue, embora tais manifestações sejam reconhecidas como típicas
de dengue, elas não têm sido identificadas como associadas a dengue em outros estudos. Esta
diferença pode ser devido à distinção nas amostras estudadas nos outros trabalhos que
restringiram a faixa etária (ENDY, 2002; RODRIGUES et al., 2005; DAUMAS et al., 2013),
e a pacientes hospitalizados (NUNES et al., 2003). Por outro lado sintomas como cefaleia,
prostração, vomito/náusea não foram associados a dengue, corroborando outros estudos
(DAUMAS et al, 2013). Isso traduz a limitação da definição de caso, que inclui sinais que não
estão associados à doença, além dos mesmos serem sendo frequentes também em outras
doenças febris.

Ao analisarmos a validade do critério do MS para dengue, percebemos que tanto a


definição usada em 2009-2013 quanto à definição adotada em 2014 apresentam uma alta
sensibilidade e uma baixa especificidade (Figura 1). Esse achado é semelhante ao relatado em
uma coorte de pacientes ≥12 anos com síndrome febril aguda (MARTÍNEZ et al., 2005).
Nesse estudo a definição apresentou uma alta sensibilidade a custa de uma baixa
especificidade (99%, e 1% respectivamente).

Em relação aos valores preditivos da definição de caso de dengue de 2009-2013 e


2014, observamos baixo valor preditivo positivo e alto valor preditivo negativo. As duas
definições tiveram uma taxa de 73% de falsos positivos, trazendo fortes implicações para a
vigilância epidemiológica, pois baseado na definição de caso, existe uma grande proporção de
pacientes que estão sendo diagnosticado incorretamente, esse achado corrobora um estudo
realizado no Rio de Janeiro na primeira epidemia de dengue que ocorreu em 1986. O estudo
avaliou a definição de caso de dengue, identificando 57% de falsos positivos no período do
38

estudo (DIETZ et al, 1990), e mesmo com revisões recentes da definição de caso, observa-se
que os esforços não tem sido suficiente para auxiliar no diagnostico mais preciso.

Em nosso estudo realizamos uma avaliação entre os períodos (de baixa e alta
transmissão) e observamos que em ambos os períodos a definição de caso apresenta uma alta
sensibilidade à custa de uma baixa especificidade. Entretanto devido a influencia da
prevalência, no período de alta freqüência o valor preditivo positivo apresentou um melhor
desempenho, como em um estudo realizado em Porto Rico em períodos interepidemicos que
relata a dificuldade de diagnóstico da doença em período não epidêmico (RIGAU-PEREZ et
al., 1998).

Com o mesmo objetivo realizamos uma análise por faixa etária. A sensibilidade da
definição na faixa etária de 35-44 anos é maior, porem a especificidade é maior entre os
participantes mais jovens (5-14 anos), contrariando os achados de outro estudo que apesar de
ser realizada com crianças a sensibilidade da definição foi melhor entre aqueles no período
escolar (RODRIGUES et al., 2005). Nossos achados sugerem que a sensibilidade da definição
de caso é maior na faixa etária de jovens adultos, o que pode ser justificado pela maior
facilidade desses pacientes relatar o seu real quadro clínico para o profissional de saúde, o que
difere de crianças que na maioria das situações é o acompanhante que relata o quadro clínico
para o profissional. Outros estudos que avaliaram as manifestações clinicas de pacientes com
dengue comprovaram que algumas manifestações foram mais comuns em adultos do que em
crianças (KITTIGUL L et al, 2007; WANG CC et al, 2009).

Realizamos as analises para Sensibilidade, Especificidade, VPP e VPN da definição


por dias de sintomas, e pudemos concluir que quanto mais dias de sintomas apresentados pelo
paciente no momento do atendimento a definição de caso apresenta uma melhor sensibilidade,
especificidade, VPP e VPN. Esse resultado pode ser devido a melhor clareza das
manifestações clínica da doença em pacientes com mais dias de sintomas antes do momento
da procura ao atendimento clínico.

Esse estudo possui algumas limitações, não recrutamos crianças ≤5 anos, entretanto
não é um dado comprometedor para nosso estudo, pois o objetivo estava relacionado as
manifestações clínicas da dengue, e crianças ≤5 anos tem apresentação clínica da dengue
semelhante as crianças das demais faixa-etárias (KITTIGUL L et al, 2007) , além disso
nossos achados estão limitados a uma única unidade de pronto-atendimento, portanto entende-
39

se a limitação de extrapolar essas análises para todo o contexto dos sistema de informação em
saúde no Brasil e no mundo. Nossa avaliação da definição de caso de dengue foi baseada no
relato dos participantes em relação as suas manifestações, não realizamos exames físicos e
nem acompanhamento medico, exceto leucopenia que foi baseado na realização do exame.
Por fim, utilizamos diferentes abordagens de laboratório para identificar os casos de dengue,
utilizando esses critérios como o padrão ouro para nossas análises de validade, e devido as
limitações dos diagnósticos laboratórios podemos ter alguma caso erradamente diagnosticado,
porem, são técnicas utilizadas pelo M.S e reconhecidas na literatura como referencia para o
diagnóstico laboratorial da dengue. Apesar dessas limitações, a metodologia do estudo e os
nossos achados são precisos e relevantes para obter conclusões pertinentes e de grande
importância para a saúde publica.

Portanto, conclui-se que ainda que a definição de caso tenha sido recentemente
revisada pelo MS, ainda existe uma fragilidade para identificação dos casos suspeitos, uma
vez que a atualização na definição de caso suspeito de dengue não alterou substancialmente o
seu desempenho. Embora algumas manifestações clínicas sejam mais frequentes em pacientes
com dengue, elas contribuem pouco para distinguir casos de dengue de outras DFAs. O
leucograma apresentou melhor capacidade para predizer o diagnóstico de dengue, mas foi
realizado apenas por 26,4% dos pacientes.

Estes achados sugerem que a definição de caso suspeito de dengue não tem favorecido
a identificação da maior parte dos casos de dengue, e se ela fosse aplicada em todos pacientes
com DFA, a maior parte seriam falso-positivos. Além de uma identificação correta do
diagnóstico, é importante que seja registrado nos prontuários a suspeita diagnóstica,
contribuindo para as ações da vigilância epidemiológica, permitindo conhecer a real
magnitude da doença. A baixa suspeição de dengue entre os casos confirmados da doença
justifica a realização de estudos para estimar o impacto da subnotificação da dengue para as
ações da vigilância.

CONFLITOS DE INTERESSES:
Os autores declaram que não existe um possível conflito de interesse nesse
manuscrito.
40

AGRADECIMENTOS:
Agradecemos ao Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz/Fiocruz, a emergência de Saúde
de São Marcos e a comunidade de Pau da Lima/ São Marcos-Salvador-Ba.

FINANCIAMENTO:

CNPQ e FAPESB
Editais: MCT/CNPq Nº 073/2009 – PRONEX – Rede Dengue
FAPESB/CNPq Nº 025/2010 – Pronex/FAPESB/CNPq
41

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43

TABELAS

Tabela 1 Característica clínica dos pacientes com doença febril aguda de acordo com o
resultado laboratorial. (N 3.850)

Dengue confirmado Dengue provável Negativo

Características (n=530) (n=483) (n=2.837)

Numero (% )ou Mediana [IIQ]

Sexo masculino1 268 (50,6) 242 (50,1) 1390 (46,1)

Mediana idade [IIQ] 19 [10-32] 20 [10-29] 19 [9-30]

Sintomas

Cafaleia 466 (87,9) 416 (86,1) 2.328 (82,0)

Prostração 433 (81,7) 382(79,1) 2.249 (79,3)

Mialgia1 403 (76,0) 342 (70,8) 1.946 (68,6)

Dor retro-orbitária1, 2 322 (60,7) 227 (46,1) 1.091(38,4)

Artralgia1,2 257 (48,5) 182 (37,7) 945 (33,3)

Vômito / Nausea 149(28,1) 129 (26,7) 770 (27,1)

Rash1 126 (23,8) 103 (21,3) 343 (12,1)

Realização de hemograma1,2 248 (46,8) 139 (28,8) 582 (20,5)

Leucopenia1,2,3 97 (39,1) 24 (17,2) 29 (4,9)

Suspeição de dengue1,2,4 92 (17,3) 45 (9,3) 60 (2,1)


1
Diferença estatisticamente significante entre os pacientes confirmados para dengue e os negativos. Teste X2.
(P<0.05).
2
Diferença estatisticamente significante entre os pacientes confirmados e prováveis para dengue. Teste X2.
(P<0.05).
3
Calculo realizado apenas entre os pacientes que foram submetidos ao exame (N: 969)
4
Os dados da suspeita clínica incluíram todos os pacientes. Aquele que não tiveram nenhuma suspeita clínica
registrada em prontuário foram considerados como pacientes sem suspeita para dengue.
44

Tabela 2 Sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo da definição de caso suspeito de dengue preconizada
pelo Ministério da Saúde estratificada por idade, período de prevalência, suspeição clínica e dias de sintomas.

Sensibilidade Especificidade VPP VPN

% (95% IC)
Prevalência de dengue n/N (%)

1013/3850 (26,3) 93,5% (90,7-94,0) 11,5 (10,4-12,7) 27,2 (25,7-28,7) 81,1 (77,0-84,7)
Total
Faixa etária *
5-9
199/885 (22,5) 82,4% (76,5-87,0) 20,5% (17,7-23,7) 23,1% (20,1-26,4) 80,1% (73,6-85,3)
10-14
201/620 (32,4) 90,0% (85,1-93,5) 12,9% (10,0-16,4) 33,1% (29,3-37,2) 72,9% (61,9-81,7)
15-24
208/825 (25,2) 94,7% (90,8-97,0) 6,1% (4,5-8,3) 25,4% (22,4-28,6) 77,5% (64,1-87,0)
≥25
383/1438 (26,6) 97,9% (95,9-98,9) 7,7% (6,2-9,5) 27,8% (25,5-30,3) 91,0% (83,2-95,4)
Período de prevalencia
Alto (>20%)
778/1959 (40,2) 93,3% (91,3-94,9) 12,0% (10,3-14,0) 41,1% (38,9-43,4) 73,2% (66,5-78,9)
Baixo (≤20%)
235/1891 (12,4) 89,8% (85,2-93,0) 11,1% (9,7-12,8) 12,6% (11,0-14,2) 88.5 (83.5-92,1)
Suspeição Clínica
Dengue
137/197 (69,5) 97,1% (92,7-98,9) 1,6% (0,3-8,8) 69,3% (64,4-75,4) 20% (3,6-62,4)
Outras doenças
221/1209 (18,3) 90,9% (86,4-94,1) 11,5% (9,7-13,7) 18,7% (16,5-21,1) 85,0% (78,0-90,1)
Nenhuma
625/2252 (27,7) 92,8% (90,5-94,6) 10,9% (9,5-12,5) 85,0% (78,0-90,1) 79,8% (74,0-84,6)
Dias de sintomas
≤1 232/995 (23,3) 88,8% (84,1-92,4) 11,9% (9,8-14,4) 23,5% (20,8-26,4) 77,8% (69,4-84,5)
≥2 e ≤ 4 629/2323 (27,0) 93,3% (91,1-95,0) 10,9% (9,5-12,5) 28,0% (26,1-29,9) 81,5% (75,9-86,0)
≥5 e ≤ 7 152/532 (28,6) 94,7% (90,0-97,3) 13,4% (10,4-17,2) 30,4% (26,5-34,7) 86,4% (75,5-93,0)
VPP= valor preditivo positivo; VPN=valor preditivo negativo. * N=3.764
45

.]FIGURAS
100
100

80
Sensibilidade (%)

80

Especificidade (%)
60
60

40
40

20 20

0 0

Sintomas Sintomas

100
100
Valor preditivo negativo (%)
Valor preditivo positivo (%)

80 80

60 60

40 40

20 20

0 0

Sintomas Sintomas

Figura 1 Sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo dos sinais e sintomas
da nova definição de caso suspeito de dengue preconizado pelo Ministério da saúde (2014)
46

Figura 2 Sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo da definição de caso


suspeito de dengue preconizado pelo Ministério da saúde (2009-2013;2014)
47

5 CONCLUSÃO

Os resultados apresentados nessa dissertação sugerem que o sistema de notificação da


dengue tem uma baixa sensibilidade e os registros não representam a real carga da doença no
Brasil. Devido à definição de caso de dengue ser pouco específica é provável que os profissionais
de saúde não a utilizem em suas rotinas para a suspeição da doença, e alem disso a suspeição de
dengue nos prontuários não é registrada, influenciado na baixa sensibilidade do sistema em
capturar os casos. Portanto, o sistema de vigilância epidemiológica deve pensar em instrumentos
que ajudem a melhor estimar o verdadeiro número de casos da doença, incluindo o uso de
sistemas de vigilância sentinela para a doença e a aplicação de métodos que permitam o
diagnóstico laboratorial a ser realizado de forma rápida e simples nas unidades de pronto-
atendimento. É importante projetar um número de casos da doença mais próximo do real, pois
será útil para o melhor monitoramento da ocorrência de dengue e para guiar as ações de controle
e prevenção.
48

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WICHMANN, O. et al. Dengue in Thailland and Cambodia: an assement of the degree of


underrecognized disease burden based on repported cases, Plos Neglected Tropical Disease,
v. 5, n. 3, p. e996, 2011. Disponível em: http://dx.doi. org/10.1371/journal.pntd.0000996.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global strategy for dengue prevention and control
2012-2020. 2012. Cited 2015 Mar 02.
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/75303/1/9789241504034_eng.pdf?ua=1
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ANEXOS - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde


Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para uso na Vigilância para Síndrome Febril
Aguda

Título do Projeto: Estudo de Coorte de Dengue


Nome do Participante:
|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__
No. da casa do participante: |__|__|__|__| No. de identificação do participante: |__|__|__|__|__|__|__|

Para ser lido a todos os participantes e responsáveis legais pelos participantes menores de idade: As
informações a seguir descrevem a pesquisa e o seu papel (ou o papel de seu filho) como participante.
Por favor, ouça com atenção e sinta-se à vontade para tirar qualquer dúvida com o entrevistador.

Objetivo da Pesquisa: Estamos realizando uma pesquisa sobre a dengue. Esta pesquisa está sendo
realizada e financiada por uma colaboração entre as seguintes instituições: Fundação Oswaldo Cruz,
Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia e Escola de Saúde Pública da
Universidade de Yale. A dengue é um grande problema de saúde pública em Salvador e no Brasil.
Nós estamos convidando você a participar desta pesquisa porque você procurou este centro de saúde
com sintomas que podem ser de dengue. Normalmente a infecção pelo vírus da dengue causa uma
doença leve caracterizada por febre, dor de cabeça, dor no corpo e manchas na pele. No entanto,
algumas pessoas podem desenvolver uma forma grave da doença, com desidratação, sangramento e
diminuição da pressão arterial, necessitando de hospitalização. O diagnóstico da dengue na sua fase
inicial é difícil, pois os sintomas como febre e dor no corpo são comuns a muitas doenças. O objetivo
desta pesquisa é determinar quais pessoas com esses sintomas realmente tem dengue e com isso
medir a frequência em que a dengue ocorre na comunidade. Você pode ou não estar com dengue, e
para investigar nós iremos realizar exames de sangue como parte desta pesquisa. Os resultados dos
exames podem não ajudar no seu tratamento imediato porque alguns desses exames envolvem
técnicas complexas, podendo demorar 3 a 4 meses para ficarem prontos. Porém quando finalizados,
os resultados dos exames serão encaminhados ao seu prontuário no posto de saúde para o benefício de
seus cuidados médicos futuros e também poderão ser retirados por você aqui no posto. As
informações que nós obtivermos poderão ajudar no diagnóstico, tratamento e controle da doença no
futuro. Talvez você não seja beneficiado diretamente pela sua participação nesta pesquisa.

Procedimentos a serem seguidos: Se você aceitar participar desta pesquisa, após ter ouvido e
entendido os termos do consentimento, o entrevistador fará perguntas a respeito de como você se
sente, sobre a história da sua doença e fará um pequeno exame físico. Além disso, precisaremos
coletar uma amostra de 2 mililitros (1 colher de café) de sangue nos participantes com idade entre 6
meses e menores que 2 anos, 5 mililitros (1 colher de chá) de sangue nos participantes com idade
entre 2 e 4 anos, e 10 mililitros (1 colher de sobremesa) de sangue nos participantes com idade maior
ou igual a 5 anos. Você pode sentir um pouco de dor no local onde o sangue for coletado e mais
raramente pode aparecer uma mancha roxa ou uma infecção no local, mas este risco será reduzido ao
mínimo porque um profissional treinado irá realizar a coleta. O sangue coletado será utilizado para
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saber se você tem dengue. Se os testes forem negativos para dengue o sangue poderá ser testado para
outras doenças. Você precisará retornar a este centro de saúde daqui a duas semanas para que
possamos realizar uma nova entrevista e coletar uma segunda amostra de sangue. Caso você não
retorne, agendaremos uma visita de nossa equipe à sua casa. Isso é importante porque nem sempre é
possível confirmar o diagnóstico de dengue com apenas uma amostra de sangue e também porque
poderemos coletar informações sobre a evolução de sua doença.

Confidencialidade: Suas respostas durante a entrevista serão confidenciais. Apenas você, os


responsáveis pelos seus cuidados médicos no posto de saúde, os investigadores do grupo de pesquisa
e os Comitês de Ética em Pesquisas terão acesso a estas informações. Você não será identificado em
nenhum relatório ou publicação resultante da pesquisa.

No. da casa do participante: |__|__|__|__| No. de identificação do participante: |__|__|__|__|__|__|__|

Participação Voluntária: Sua participação nesta pesquisa é voluntária. Você pode se recusar a
participar ou interromper sua participação em qualquer momento. Também, a equipe de estudo pode
optar por encerrar sua participação durante ou no fim da pesquisa. Neste caso, você será avisado.
Durante a entrevista, se houver alguma pergunta que você ache que não é própria e não queira
responder, você tem o direito de não respondê-la. A recusa em participar de todo ou de parte desta
pesquisa não afetará seus cuidados médicos e nem haverá prejuízo em suas relações presentes ou
futuras com o posto de saúde ou com as instituições envolvidas na pesquisa. Você não será
responsável por nenhuma despesa associada com esta pesquisa, incluindo as análises laboratoriais de
suas amostras de sangue. Não haverá pagamento pela sua inclusão na pesquisa, mas você será
ressarcido pela despesa relativa ao seu deslocamento ao centro de saúde no dia em que for necessário
que você retorne para coletarmos uma segunda amostra do seu sangue. Você receberá uma cópia
deste termo de consentimento.

Grupo de Contato: Se no futuro você tiver qualquer questão sobre sua participação ou sobre seus
direitos como participante na pesquisa, por favor, entre em contato com o Dr. Guilherme Ribeiro,
Pesquisador do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Rua Waldemar Falcão 121, Brotas, Salvador,
telefone (71) 3176-2302, ou com o Comitê de Ética em Pesquisas, Centro de Pesquisas Gonçalo
Moniz, Rua Waldemar Falcão 121, Brotas, Salvador, telefone (71) 3176-2285, e-mail:
cep@bahia.fiocruz.br.

Autorização para Banco de Amostras de Sangue: Eu autorizo que o sangue que sobrar desta pesquisa
seja congelado e armazenado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para uso em futuros projetos de
pesquisa. A utilização dessas amostras de sangue só deverá ocorrer após a aprovação dos Comitês de
Ética em Pesquisas, e mediante um novo convite para obtenção de consentimento específico para a
nova pesquisa. A minha identidade deverá ser mantida em sigilo.

( ) Eu autorizo que o sangue que sobrar desta pesquisa seja congelado e armazenado na Fiocruz.
( ) Eu não autorizo, o sangue que sobrar desta pesquisa deverá ser descartado.

Consentimento: Eu ouvi e entendi este termo de consentimento. Minhas perguntas foram


devidamente respondidas. Sendo assim, eu voluntariamente concordo em participar do estudo:

____________________________________ ______________ ________


Assinatura do participante do estudo Data Hora
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Impressão Digital do Participante do Estudo

Eu ouvi e entendi este termo de consentimento. Minhas perguntas foram respondidas. Eu,
voluntariamente, concordo que o paciente do qual sou responsável legal participe deste estudo:

Impressão Digital dos Pais ou Responsável

_________________________________ _____________ ________


Assinatura dos Pais ou Responsável Legal Data Hora

__________________________________ _____________ ________


Assinatura do Investigador Data Hora
54

Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde


Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Menores para uso na Vigilância para
Síndrome Febril Aguda
Título do Projeto: Estudo de Coorte de Dengue
Nome do Participante:
|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__
No. da casa do participante: |__|__|__|__| No. de identificação do participante:
|__|__|__|__|__|__|__|

Para ser lido a todos os participantes menores de idade: As informações a seguir são referentes a uma
pesquisa sobre a dengue que estamos realizando nesta unidade de saúde. Por favor, escute
cuidadosamente e fique a vontade para fazer perguntas e tirar dúvidas com o entrevistador.

Nós estamos pedindo sua ajuda porque você tem uma doença que pode ser dengue. Nós gostaríamos
de conversar com você sobre sua doença e fazer exames no seu sangue para que possamos descobrir
se você está ou não com dengue. Estas informações poderão ajudar no diagnóstico, tratamento e
controle da doença no futuro.

Se você concordar em ajudar, nós faremos a você e a seus pais algumas perguntas sobre o que você
está sentindo. Também gostaríamos de coletar uma pequena quantidade de sangue do seu braço com
uma agulha e isso pode causar um pouco de dor no local onde o sangue for coletado e mais raramente
pode aparecer uma mancha roxa ou uma infecção no local, porém este risco será muito pequeno
porque um profissional treinado vai realizar a coleta. Daqui a duas semanas você terá que retornar ao
posto de saúde ou então nós iremos visitar você em sua casa para fazer novas perguntas e mais uma
coleta de sangue. Seu sangue será examinado e esses dois exames de sangue em dias diferentes vão
poder dizer se você teve ou não contato com o vírus que causa dengue. Só faremos isso se você e seus
pais estiverem de acordo.

Consentimento: Eu ouvi e entendi este termo de consentimento. Minhas perguntas foram respondidas.
Eu, voluntariamente, concordo em participar:

________________________________ _____________ _____________


Assinatura do Participante do Estudo Data Hora

Impressão Digital do Participante do Estudo

________________________________ ______________ ___________


Assinatura do Investigador Data Hora
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