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Doenças Infecciosas e Parasitárias

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Abscesso

Hemograma. Leucocitose com neutrofilia em grau variável, que guarda relação com a pressão interna, o
tamanho e os agentes causais (Schulten). Os eosinófilos desaparecem. Granulações tóxicas são vistas nos
neutrófilos, abundantes nos casos graves, bem como desvio à esquerda proporcional à gravidade. Depois da
incisão de cavidades supuradas, ainda grandes, os valores leucocitários, quase sempre, diminuem rapidamente,
ainda que persista a supuração. Se a leucocitose se sustenta, isso costuma assinalar uma complicação, como,
por exemplo, a retenção (desbridamento insuficiente). A diminuição dos leucócitos, inclusive em valores
leucopênicos, com aumento do desvio à esquerda, assinala agravamento do doente, talvez por generalização
da infecção (septicemia aguda).

Anemia normocítica, somente nos casos crônicos, especialmente se existem febre prolongada e sintomas de
impregnação tóxica.

VHS. Acelerada, freqüentemente em grau acentuado.

Bacteriologia. O esfregaço e a cultura do pus demonstrarão a existência de microrganismos piógenos (estafilo


ou estreptococos etc.).

Química clínica. Proteinúria positiva ("albuminúria febril", sem importância) de pequeno grau. Às vezes,
proteoses também na urina.

Actinomicose
Existem formas cervicofaciais, torácicas, abdominais e disseminadas.

Hemograma. Freqüentemente é normal, porém em numerosos casos existe leucocitose neutrófila,


provavelmente por associação bacteriana. Esta leucocitose pode alcançar 20.000 ou 30.000. Então, desvio à
esquerda.

Nos casos avançados, anemia leve.

Exame do escarro. Nas formas pulmonares: achado de típicos grãos de sêmola ou "enxofre" (presumíveis
"drusas" e, na realidade, granulomas envolvendo o microrganismo Actinomyces israeli) de estrutura radiada.
Acompanha-se de supuração e de outros microrganismos associados: Actinobacillus, E. coli, estreptococos etc.

Cultura em meio anaeróbio, se o exame direto é negativo.

Exame do pus. Nas formas fistulosas, pode ser descoberto, o "micélio" característico em aparentes drusas.

Anginas (amigdalite aguda)


Hemograma. Leucocitose leve ou moderada, com neutrofilia. Há tendência à formação de abscesso
periamigdalino, a leucocitose é intensa e o desvio à esquerda vai se pronunciando. Os eosinófilos diminuem.

VHS. Aumenta moderadamente, ainda sem supuração patente. A aceleração persiste, às vezes, várias semanas
depois (Domarus, Permanyer).

Bacteriologia. O esfregaço amigdalino permite identificar o estreptococo ao microscópio ou cultivá-lo e


reconhecer o grupo e o sorotipo.

Título de antiestreptolisina O-positivo e aumentado na convalescença.

Angina de Plaut-Vicent
Hemograma. Geralmente leucocitose leve. Na fórmula predominam os neutrófilos, porém em outras
observações verificou-se linfomonocitose relativa e, ainda, hemograma parecido com o da mononucleose
infecciosa.

Cultura do exsudato. Somente será realizada nos casos suspeitos, para descartar a difteria, se o esfregaço não
esclareceu as dúvidas.

Esfregaço do exsudato. Associação fusoespiralar (bacilo fusiforme e Borrelia ou espiroqueta de Vincent).

Critério clínico. A associação fusoespiralar, ainda que típica da angina de Plaut-Vincent, pode ser encontrada
também na angina agranulocítica, e por isso é conveniente a realização sistemática de um hemograma.

Bilharziose (esquistossomíase)
Hemograma. Anemia hipocrômica progressiva. Na fórmula leucocitária, chama a atenção a eosinofilia, pela
sua constância.

Parasitologia. Schistosoma haematobium (forma vesical), S. mansoni (intestinal) e S. japonicum


(hepatolienal). Os ovos do parasita e os "miracídeos" nas fezes ou no sedimento urinário constituem o achado
patognomônico. Porém, um resultado negativo deste exame não autoriza a negar o diagnóstico.
Sorologia. A reação de desvio do complemento pode resolver o problema nos casos duvidosos.

Intradermorreação. Com extrato aquoso de bilharzias adultas ou de suas cercárias. Se é positiva, forma-se
uma pápula, que deve ser observada aos 5, 10, 20 e 30 minutos. Deve-se levar em consideração que, em
aproximadamente 25% dos casos comprovados de bilharziose, esta prova foi duvidosa ou negativa.

Botão do Oriente (leishmaniose cutânea)


Intradermorreação com suspensões esterilizadas de Leishmania tropica. É positiva em aproximadamente 97%
dos casos (Mercadal Peyri), sendo negativa nos indivíduos sãos. Outros autores citam reações debilmente
positivas em 10% dos normais.

Exame direto do parasita nos esfregaços das lesões cutâneas. Dentro dos histiócitos, observam-se as formas
típicas com grande freqüência.

Brucelose
Hemograma. Leve anemia hipocrômica, ou hipercromomacrocítica em alguns casos. Nos primeiros dias, às
vezes, pode-se observar leucocitose passageira, mas em seguida instala-se uma leucopenia, que pode alcançar
3.000 ou menos, com linfocitose absoluta e relativa, inclusive linfócitos imaturos ("desvio à esquerda dos
linfócitos" de Calders e cols.) até 60% e monócitos até 20%. Nos neutrófilos, desvio moderado à esquerda,
porém não se observam granulações tóxicas. Diminuição dos eosinófilos.

Nas formas crônicas pode encontrar-se leucopenia ou leucocitose discreta, especialmente esta última nas
complicações.

e As plaquetas diminuem em parte dos casos com síndrome hemorrágica — púrpura, epistaxe — e sua
determinação serve para julgá-la.

VHS. Somente leve aceleração, geralmente 12-15 mm, enquanto não aparecem complicações articulares.

Química do sangue. Entre as imunoglobulinas destaca-se aumento de IgG e IgM na brucelose aguda e nas
exacerbações da crônica. Na alergia a B. abortus, aumenta a IgE em resposta à exposição ao antígeno.

Exame bacteriológico direto. A demonstração microscópica do microrganismo por coloração do esfregaço só


é possível na punção de abscessos ou, excepcionalmente, no sangue, na urina ou em secreções.

Soroaglutinação. Resulta positiva ao término de uma semana da doença, e os títulos máximos são alcançados
rapidamente, com diferenças consideráveis de um doente para outro (Foz). Já tem valor em títulos baixos: 1/80,
1/100, na Espanha, exceto em cuidadores de gado (pastores, açougueiros etc.) que, sem estar doentes —
infecção subclínica —, possuem, freqüentemente, aglutininas antibrucelares. Igualmente em populações
endemicamente atacadas de melitococia terá de exigir um título superior e crescente de aglutininas. Em geral,
entretanto, os títulos são altos (1/640, 1/1.000) e costuma admitir-se que a partir de 1/160 a aglutinação
positiva assegura o diagnóstico. Existem casos crônicos de brucelose, nos quais a aglutinação resulta
repetidamente negativa.
Aglutinações enganosamente positivas podem ser produzidas não somente na vacinação ou na
intradermorreação específica, mas também na vacina colérica, na tifóidea e na tularemia. Nestes casos, a
fixação do complemento é negativa (Foz).

Hemocultura. Positiva em 70-80% dos casos (na febre de Bang por Brucella abortus, somente em 10-20% dos
casos). Melhor retirar o sangue em plena onda febril, porém freqüentemente também resultam positivas as
extrações em apirexia e em fases assintomáticas. A cultura de medula óssea permite aumentar de 1,5 a 2
vezes o número de resultados positivos (Parnas).

Intradermorreação à melitina (Burnet). Examina-se às 24 e 48 horas e considera-se positivo o aparecimento de


uma zona de eritema e edema de 2 cm de diâmetro, ou mais. É imprescindível praticar controle simultâneo
somente com caldo.
Essa prova tem influência sobre a produção de aglutininas, e por isso não deve ser realizada senão após a
extração do sangue para a soroaglutinação.

Prova do rosa-de-Bengala. Modernamente se impõe este teste de screening muito simples, sensível e
específico: uma gota de antígeno corado aglutina com 1 gota de soro de brucelótico aos 3 minutos.

Fixação do complemento. Nos casos crônicos, pode diminuir o título de aglutinação, porém ao mesmo tempo
vão aumentando, então, os anticorpos capazes de fixar complemento; nestes casos, essa reação adquire valor
diagnóstico. Foz lhe concede muito valor.

Anticorpos incompletos. Aparecem tardiamente nos casos de evolução prolongada, podendo colocar-se em
evidência na prova de imunofluorescência, que é "extraordinariamente específica" (Parnas).
Foz observa a seguinte evolução das reações sorológicas de acordo com a fase da doença e comparando-a com
o que acontece normalmente nos vacinados:(Ver quadro 32-1)
Kerr e cols. (1966) insistem no grande valor diagnóstico da prova de Coombs e da fixação do complemento na
brucelose crônica. Títulos nunca inferiores a 1:80 e freqüentemente superiores a 1:1.000 na prova de Coombs,
e títulos menores, porém nunca abaixo de 1:16, na fixação do complemento, permitem detectar as
microglobulinas específicas (IgG = 7 S- -globulina) responsáveis pela atividade do processo.

Sorologia quantitativa. O método "ELISA", uma prova imunoenzimática que detecta anticorpos totais anti-
Brucella e, em separado, os IgG e IgM, é muito seguro para o diagnóstico. Aumenta a IgM nas formas agudas e
a IgG nas crônicas.

Biópsia hepática. Granulomas e culturas positivas podem ser observadas em casos duvidosos, agudos ou
crônicos.

Critério clínico. Têm grande valor para o diagnóstico as provas de aglutinação e, neste caso, as de desvio de
complemento. A hemocultura tem interesse inclusive nas fases crônicas. O hemograma não é naturalmente
específico, mas pode ser orientador. (Saiba-se que a vacina anticolérica produz anticorpos anti-Brucella e o
mesmo ocorre nos doentes de yersinose enterocolítica tipo 9).

Calazar
Hemograma. Anemia geralmente intensa. Leucopenia acentuada — por neutropenia —, que pode chegar a
valores "granulocitóticos" de menos de 1.000 leucócitos. Os neutrófilos que permanecem mostram desvio à
esquerda e granulações tóxicas. Na fórmula, além disso, linfocitose relativa, monocitose e aparecimento de
células endoteliais "monocitóideas".

Exame direto do parasita. As leishmânias podem ser encontradas, excepcionalmente, no esfregaço do sangue
periférico, e com mais constância na punção esplênica, e inclusive na medula óssea. Também podem ser
procuradas na punção ganglionar.

Mielograma. Em geral, celularidade abundante, com predomínio especialmente dos eritroblastos — em sua
maioria normoblastos — e sendo numerosas também as células reticulares. O número de mitoses é normal e os
parasitas encontram-se no interior das células do retículo ou livres entre as células (Guasch).

VHS. Sedimentação alta, acelerando-se progressivamente, enquanto não começar o tratamento específico, até
valores extraordinários. A anemia concomitante, que por si só apenas influencia na VHS, aqui potencializa os
efeitos acelerantes da disproteinemia.

Química do sangue. O proteinograma plasmático caracteriza-se pela hipergamaglobulinemia, com tendência


à hiperproteinemia global e diminuição mais ou menos acentuada da albumina. Na técnica eletroforética,
observa-se que o aumento corresponde preferencialmente a gama-2, porque esta faixa permanece mais
separada da faixa correspondente à globulina beta, dado de caráter diferencial frente à cirrose (Gras).
Essa disproteinemia explica o resultado das provas de labilidade coloidal: a) prova de Brahmachari (precipitação
da globulina ao acrescentar-se água destilada ao soro) positiva; b) reação de formolgelificação (Gaté-
Papacostas, Napier) fortemente positiva, achado típico e constante, exceto nas primeiras semanas (Nauck), e c)
reação do antimônio de Chopra positiva, com resultados fortemente positivos as provas de Hanger, MacLagan,
Kunkel e Wuhrmann.
Observou-se hipocalcemia em casos com hipoalbuminemia.

Cultura do parasita nos meios adequados como o NNN (Nicole, Navy, McNeal), a partir do sangue ou do material
extraído por punção visceral do doente. Pode ajudar em determinados casos, porém costuma ser
desnecessária.

Inoculação animal. Utiliza-se especialmente o "hâmster" e injeta-se com o produto da punção esplênica,
conseguindo-se positividades com grande constância nos doentes de calazar.

Reações sorológicas. A prova de fixação do complemento e as soroaglutinações não costumam ser mais
utilizadas, a não ser nos casos em que não é possível o exame direto do parasita. É interessante a fixação do
complemento utilizando-se o antígeno metílico do bacilo de Koch, que constantemente resulta positiva e em
títulos muito altos (Sanchis Bayarri e Marco Ahuir). Atualmente, considera-se demonstrativa uma reação de
fixação de complemento positiva, unida a uma imunofluorescência positiva quando a IgG é alta (superior a l.999
mg/100 ml).
A reação de Wassermann pode produzir resultados inespecificamente positivos.

Critério clínico. O único procedimento seguro para o diagnóstico é o achado das leishmânias no doente, e para
isso a punção esplênica tem sua indicação máxima, ainda que a esternal certamente seja suficiente. O
hemograma, a VHS e a formolgelificação constituem a tríade de métodos mais sensíveis para afirmar com
bastante probabilidade a hipótese clínica, quando não for possível o exame parasitológico. Na atualidade, o
proteinograma acrescenta maior precisão aos sinais humorais característicos.

Cranco Mole
Exame direto do microrganismo (Haemophylus ducreyi) no pus da lesão.

Intradermorreação (Ito-Reenstierna) mediante a injeção de antígeno morto. A leitura se faz em 24-48 horas, e
se a reação é positiva, provoca um eritema papuloso. A sensibilidade a essa prova persiste mesmo depois de
curado o cancro.

Fixação do complemento. Esta reação praticamente não é usada.

Auto-inoculação. Consiste na injeção do pus do próprio doente, que reproduz o quadro típico.

Reação de inibição da hemoaglutinação. Um título crescente até a convalescença tem um valor diagnóstico
certamente retrospectivo.
Carbúnculo
Hemograma pouco característico: pode existir leucocitose discreta, ou inclusive leve leucopenia.

Hemocultura positiva somente nas formas septicêmicas.

Exame direto do Bacillus anthracis nos esfregaços do pus cutâneo das fezes ou do escarro, corados pelo Gram.
Ou, então, indiretamente, depois do cultivo dessas secreções. É o método de maior interesse clínico.

Inoculação, em cobaia ou rato, das secreções suspeitas, examinando-se, quando morrem ao término de uma
semana, os esfregaços de baço ou de medula óssea, ou semeando-se o sangue do coração.

Reação de Ascoli. Consiste na precipitação em anel que se forma entre o soro fervido e um soro
anticarbuncoso, ao colocá-los em contato.

Critério clínico. Convém realizar, em primeiro lugar, esfregaços dos exsudatos ou das lesões, e, se são
negativos, culturas em todos os casos suspeitos. Diante das dúvidas na identificação do microrganismo, pode
recorrer-se à inoculação em cobaia, animal muito suscetível.

Citomegalovírus (infecção por)


Hemograma. Linfocitose absoluta ou relativa superior a 50%, com 10-55% de linfócitos atípicos, com ou sem
leucocitose ("síndrome de mononucleose por citomegalovírus"). Nos imunodeprimidos, freqüentemente
leucopenia e trombopenia, inclusive acentuadas, sem linfocitose atípica. Anemia hemolítica freqüente.

Química do sangue. IgM aumentada no soro.

Citologia. Células grandes com inclusões intranucleares ("olhos de mocho") e citoplasmáticas na urina, saliva,
liquor, leite materno ou material de biópsia.

Sorologia. Aumentos de anticorpos em títulos quatro vezes maiores são diagnósticos.

Biópsia. Inclusões intranucleares específicas em tecido hepático ou pulmonar.

Virologia. Isolamento do vírus na urina ou em secreções faríngeas. Cultura da camada leucocitária do sangue
ou de amostras biópsicas (fígado, pulmão).

Critério clínico. Uma "mononucleose infecciosa" com reação de Paul-Bunnell negativa é suspeita de infecção
por citomegalovírus.

Cólera
Hemograma. Pseudopoliglobulia por hemoconcentração (desidratação). Leucocitose acentuada com neutrofilia
e desvio à esquerda, linfopenia e eosinopenia.

Exame de fezes. Macroscopicamente: diarréia como água de arroz. Microscopicamente: células epiteliais da
mucosa em grumos ou faixas. Vibrio comma reconhecível.

Cultura de fezes em água peptonada ou ágar-sangue: produz as colônias que permitem identificar o
microrganismo causal.

Inoculação em cobaia. Reproduz a doença por via intraperitoneal.


A prova de Pffeifer, consistindo em seu impedimento ao ser injetado simultaneamente soro anticolérico, pode
corroborar o diagnóstico.

Química do sangue. Se existe desidratação, expressa-se por hiperproteinemia, hipocloremia, uremia ("pré-
renal"), acidose láctica e hiperfosfatemia, com aumento do "ânion gap" sérico.

Aglutinação. Não se usa nesta doença pelo pouco, e em todo caso tardio, aumento do título de aglutininas que
produz. Um título alto de aglutinação tem valor diagnóstico.

Colibacilose
Hemograma. Costuma ser normal ou com pequena leucocitose.

Exame bacteriológico. A urina permite reconhecer a E. coli em grande quantidade. Deve ser recém-emitida e
melhor reconhecida por cateterismo.

Soroaglutinação. Só há interesse em praticá-la quando está presente o bacilo de Eberth, paratipos A e B e


Brucella melitensis, para excluir essas infecções, pois a aglutinação ao colibacilo é inespecífica.

Urina. Chama a atenção seu odor intenso e desagradável de peixe podre, e freqüentemente sua turvação,
ainda que esta possa ser periódica.
Além da colibacilúria, o sedimento demonstra a presença de piúria mais ou menos pronunciada.

Critério clínico. Abusa-se, freqüentemente, do diagnóstico de colibacilose diante de uma infecção de etiologia
incerta. A comprovação de E. coli na urina não é suficiente para afirmar sua patogenicidade, devendo-se exigir
sua presença numerosa e exclusiva na urina recolhida por cateterismo e examinada imediatamente, ou melhor,
por urocultura.

Coriza (resfriado comum)


O diagnóstico costuma ser óbvio, e é desnecessário o recurso a provas de laboratório; por outro lado, são
inexeqüíveis atualmente na prática comum, caso se trate do diagnóstico virológico.

Para o diagnóstico diferencial frente à gripe, nos casos duvidosos, é conveniente saber que o resfriado comum
não modifica o hemograma nem os outros exames habituais no laboratório clínico atual.

Dengue
Hemograma. Leucopenia por neutropenia, com desvio à esquerda e linfocitose e monocitose relativas. Os
eosinófilos desaparecem, porém na convalescença se observa eosinofilia acentuada.

Cultura do vírus. Pode realizar-se na corioalantóide do embrião de frango (Shortt e cols.). Para que resulte
positiva, convém saber que a viremia existe somente na incubação e nos três primeiros dias da doença.

Inoculação. São empregados os macasos e as cobaias, porém sua infecção costuma ser inaparente.

Reação de inibição da hemoaglutinação. Um título crescente até a convalescença tem valor diagnóstico
certamente retrospectivo.

Critério clínico. Deve-se distinguir a "dengue típica primária" da "febre hemorrágica da dengue", muito mais
grave, com anemia, distúrbios da coagulação (trombopenia, hipoprotrombinemia etc.) e choque.

Difteria
Hemograma. Habitualmente leucocitose leve ou moderada com neutrofilia e discreto desvio à esquerda,
porém também são observados casos com contagem e fórmula leucocitária praticamente normais.
Excepcionalmente, formas graves hipertóxicas com leucopenia.
Na série vermelha pode existir certo grau de anemia de tipo hipocrômica.
Em casos muito graves, com diátese hemorrágica, se comprova, às vezes, porém não sempre, trombopenia.

VHS. Normal ou levemente acelerada. Em maior grau, se surgem complicações sépticas.

Exame do exsudato faríngeo. O esfregaço e a coloração do material recolhido nas "membranas" que
envolvem as mucosas comprometidas, orofaríngeas ou nasais, permitem identificar diretamente o
Corynebacterium diphteriae. Deve diferenciar-se dos pseudodiftéricos.

Cultura do exsudato. Semeando-o em meio adequado para isolar o microrganismo e distingui-lo dos bacilos
difteróides. Seu resultado tardio pode atrasar perigosamente o tratamento.

Inoculação em cobaia em casos duvidosos, também para comprovar a virulência do microrganismo e diferenciá-
lo dos pseudodiftéricos não-patogênicos.

Química do sangue. Comprovaram-se hiperpotassemia e hiponatremia com hiperglicemia nos casos tóxicos
com insuficiência supra-renal.

Urina. Proteinúria freqüente, desde o princípio.

Reação de Schick. É uma intradermorreação com toxina diftérica que provoca resultado positivo nos
suscetíveis e negativo nos imunes. Sua leitura definitiva demora quatro ou cinco dias para ser realizada, e
devem ser rejeitadas as reações precoces e passageiras.

Critério clínico. É melhor esperar o diagnóstico de laboratório, nos casos suspeitos, para aplicar o tratamento,
que deve ser precoce.

Disenteria Amebiana
Hemograma. Leucocitose de grau variável, que se acentua extraordinariamente se aparece um abscesso
hepático. Eosinofilia inconstante, considerando-se de mau prognóstico o desaparecimento dos eosinófilos.

VHS. Em geral, levemente acelerada. Os valores muito altos devem fazer suspeitar do aparecimento de um
abscesso hepático metastático.

Exame de fezes. As evacuações são diarréicas e com elas existem muco, sangue e pus. O aspecto do muco é
típico, que é vítreo, está uniformemente corado pelo sangue, como "geléia de fambroesa", por estarem
intimamente misturados. Aqui a quantidade de sangue é maior.
O citodiagnóstico fecal demonstra a presença de leucócitos e glóbulos de pus — além das hemácias —, porém
em número menor do que na disenteria bacilar e com predomínio eosinófilo. Na crônica, encontra-se a ameba
(Entamoeba histolytica) e seus cistos; na fase aguda; a ameba deve ser diferenciada da Entamoeba coli e da
Endolimax nana, que são inofensivas. Também existem cristais de Charcot-Leyden.
Cultura de fezes. Menos prática do que a observação microscópica direta das fezes ou do esfregaço retal, pois
fracassa com freqüência.

Reação de desvio do complemento de Graig. De utilidade em alguns casos para confirmar um diagnóstico
duvidoso. Alguns autores consideram esse método de evidente especificidade e valor diagnóstico (Fulton,
Dolkart). Saudler encontrou essa prova positiva em 20 de 25 casos com abscesso hepático amebiano.

Inoculação no reto do gato. Provoca uma retite disenteriforme, em cujas lesões são vistas amebas.
Tratando-se de outras amebas (E. coli, E. nana), o gato não adoece.

Aglutinação do soro frente às shigelas, negativa.

Critério clínico. O exame das fezes, já em seu aspecto e sobretudo macroscopicamente, permite estabelecer o
diagnóstico em quase todos os casos. As demais técnicas constituem um recurso valioso nos casos duvidosos. O
hemograma e a VHS anunciam as complicações metastáticas, se estas estão presentes.

Disenteria Bacilar (shigelose)


Hemograma. Costuma ser pouco característico: valor leucocitário normal ou discreto e, excepcionalmente,
leucocitose moderada. As complicações sépticas provocam, naturalmente, leucocitose com desvio à esquerda.
Há formas hipertóxicas com leucopenia e linfocitose.
Nos momentos agudos da desidratação com hemoconcentração, produz-se uma falsa poliglobulia com aumento
do volume globular (hematócrito), enquanto pode ser observada anemia nos casos crônicos.

Exame de fezes. Macroscopicamente: muco, pus e sangue nas fezes alcalinas, não fétidas. O muco não é
vítreo, como na disenteria amebiana, e sim opaco, por seu conteúdo em pus, e corado irregularmente por
sangue.
Microscopicamente: leucócitos abundantes e glóbulos de pus, linfócitos, macrófagos, hemácias e células
epiteliais. Pode realizar-se também exame bacteriológico direto do bacilo disentérico o do pseudodisentérico,
porém é difícil, inseguro e só possível nos primeiros dias. Tem valor indireto a ausência de parasitas tipo
Entamoeba e Balantidium.

Hemocultura. Positiva somente em alguns casos graves com bacteriemia importante.

Soroaglutinação. Tem pouco interesse clínico na disenteria aguda, pois, antes que a aglutinação alcance
títulos demonstrativos, o doente já se encontra bem ou a caminho da cura. Somente nas formas crônicas pode
ser usada com objetivos diagnósticos, e ainda com a ressalva de levar em consideração possíveis positividades
inespecíficas. Além do mais, verificam-se, freqüentemente, em casos seguros de disenteria, aglutinações
negativas.

Cultura de fezes. Geralmente, desnecessário para o diagnóstico clínico; tem, sobretudo, interesse
epidemiológico e para detectar portadores. As fezes devem ser as mais recentes possíveis, ou a semeadura
pode ser realizada a partir do exsudato por retoscopia.

Intradermorreação à toxina de Shiga-Kruse. Resulta positiva nos receptivos — universal em sadios — e nos
pacientes com disenteria pelo bacilo de Flexner. É negativa na disenteria verdadeira pelo bacilo de Shiga-Kruse.

Química do sangue. Alterações eletrolíticas de acordo com vômitos e diarréias.

Distomatose (fascíola)
Hemograma. Leucocitose moderada ou intensa com eosinofilia, que pode alcançar mais de 75% dos
leucócitos. Anemia em geral leve.

Parasitologia. Pode proceder-se à busca de ovos nas fezes ou, melhor, no suco duodenal.

Intradermorreação positiva, ainda pouco usada.

Química do sangue. Na distomatose do fígado ("dor do fígado") existe icterícia com hiperbilirrubinemia e
positividade da reação de Van den Bergh direta.

Encefalite Epidêmica. Encefalite Viral Aguda


Hemograma. Freqüentemente sem alteração. As variações registradas em outros casos são contraditórias,
tendo sido descritas leucocitoses e leucopenias, bem como aumentos ou diminuições dos linfócitos e
eosinófilos. Talvez o mais freqüente seja uma leucocitose de polinucleares.
Como seqüela pós-encefalítica podem ser observadas, às vezes, poliglobulias verdadeiras.

Diagnóstico específico. Em laboratórios especializados, pode isolar-se o vírus ou proceder-se à sua identificação
indireta mediante as provas de inibição da hemoaglutinação, de desvio de complemento ou de neutralização.

LCR. É o exame complementar mais importante para o diagnóstico diferencial.


O liquor sai à pressão normal ou levemente aumentada e, é claro, transparente, sem se formar a menor película
ou teia de aranha. A proteinorraquia é normal ou está levemente aumentada; a reação de Pandy é positiva e a
glicorraquia está, em geral, aumentada, porém nunca diminuída, e os cloretos não costumam modificar-se. As
reações coloidais (ouro coloidal, benjoim etc.) ocasionam uma curva de tipo "sifilítico" com floculação na zona II,
na metade dos casos. A reação de Wassermann é negativa. Quanto às células, existe uma pleocitose discreta
(até 100 células) à base de linfócitos e com alguns monócitos e células plasmáticas. Em algumas formas de
encefalite predominam, no início, os polinucleares. Uma pleocitose mononuclear com eritrócitos abundantes no
liquor é característica da encefalite herpética, e, se as células são poucas, somente xantocromia (Miller e cols.;
Rawls e cols., 1966).

Critério clínico. A normo ou a hiperglicorraquia tem grande valor no diagnóstico nas meningites. Também tem
interesse a normalidade dos cloretos. Nas meningites, por outro lado, as células do liquor são muito mais
abundantes. A pressão normal, ou apenas aumentada do liquor acrescenta outro dado diferencial em relação
aos tumores.

Doença de Bang
Hemograma. Na série branca, freqüentemente leucopenia, que pode atingir 3.000 leucócitos, com linfocitose e
monocitose às vezes muito pronunciadas. Nos neutrófilos existe certo desvio à esquerda, porém não costumam
apresentar granulações tóxicas. Os eosinófilos diminuem.
Anemia hipocrômica discreta.
Somente a Hemocultura permite diferenciá-la da brucelose. A soroaglutinação e a intradermorreação
proporcionam resultados idênticos em ambas as afecções.

Doença de Chagas (tripanossomíase americana ou


esquizotripanose)
Hemograma. São semelhantes às alterações hematológicas da doença do sono. O valor das hemácias é
normal ou existe anemia discreta, porém chama mais atenção a diminuição da hemoglobina, com acentuada
hipocromia e diminuição do valor globular.
Existe pequena leucocitose nos casos agudos, sendo excepcional nos crônicos. Na fase aguda, linfocitose
pronunciada, que diminui com a evolução da doença, aumentando então os neutrófilos e eosinófilos (Ezequiel
Díaz). Díaz, Laranja e Nobrega descrevem casos com leucocitoses variáveis entre 12.000 e 20.000 elementos.

Parasitologia. O Schizotrypanum cruzi pode ser identificado na forma de "tripanossoma" ou nos tecidos, em cuja
localização possui a forma "leishmânia" de multiplicação. Díaz, Laranja e Nobrega descrevem os seguintes
métodos.

1. Exame a fresco. Permite visualizar os tripanossomas vivos no sangue e está indicado nas primeiras
semanas da infecção.
2. Gota espessa. É preferível aos simples esfregaços, já que estes, pela raridade e fragilidade do
parasita, resultam negativos com freqüência.

3. Punção ganglionar ou medular. No primeiro caso, trata-se de examinar o material de punção — ou de


biópsia do gânglio-satélite à porta de entrada —. Em ambos os casos observam-se parasitas
leishmanóides.

4. Biópsia cutânea, com o mesmo objetivo e resultado da anterior.

5. Hemocultura, pouco empregada atualmente, apesar da facilidade na obtenção de culturas nos meios
normais de protozoários.

6. Xenodiagnóstico. Consiste na identificação do parasita no conteúdo intestinal ou nas fezes de


"barbeiros" (Triatoma) criados em laboratório e aplicados sobre a pele do doente para que se infecte
com a picada. Requer um ou dois meses.

7. Inoculação em animais, por injeção intraperitoneal, procurando-se o parasita entre os 15 e 30 dias.

Exames sorológicos. A reação de fixação do complemento é positiva durante vários anos. É prova diagnóstica
de grande valor, ainda que os doentes de calazar possam proporcionar resultados falsamente positivos por
reação de grupo.

Intradermorreação. Proporciona resultados contraditórios, negativos ou duvidosos em casos típicos.

Critério clínico. A prova de desvio do complemento e sobretudo a identificação direta do parasita constituem
os métodos diagnósticos de verdadeiro valor clínico.

Doença do Sono (tripanossomíase africana)


Hemograma. Anemia hipocrômica. É típica a tendência que as hemácias apresentam para auto-aglutinação.
O valor leucocitário pode ser normal, porém freqüentemente aparece leucopenia com linfo e monocitose
relativas, leve desvio à esquerda dos neutrófilos e, às vezes, eosinofilia. Se surgem complicações sépticas,
leucocitose neutrófila. Trombopenia moderada freqüente.

Parasitologia. Na gota espessa de sangue periférico, podem ser visualizados os tripanossomas corados pelo
Giemsa.
O esfregaço do cancro de inoculação (picada da mosca) permite observar os tripanosomas coráveis pelo mesmo
método. Também podem encontrar-se por punção ganglionar dos gânglios comprometidos (na nuca,
especialmente).

Inoculação experimental nos animais de laboratório. Pode ser testada, porém não é absolutamente digna de
confiança (Nauck).

Sorologia. A reação de Wassermann é, com freqüência, positiva.

Química do sangue. As proteínas plasmáticas apresentam, freqüentemente, altera-ções, e as reações de


Takata, gelificação ao formol e outras provas de labilidade coloidal, resultam positivas.

LCR. Excepcionalmente, encontro do parasita, a não ser nas fases finais. Proteínas aumentadas, com
positividade das reações globulínicas (Pandy, Nonne-Apelt). Células aumentadas também extraordinariamente,
ao final. Reações coloidais alteradas. Glicose, normal (Brodeu).

Escarlatina
Hemograma. Leucocitose precoce desde antes de aparecer a erupção, a qual aumenta (até 15.000 ou 20.000,
ou mais) e se prolonga inclusive mais além da efervescência térmica, às vezes (Fanconi).

Neutrofilia com acentuado desvio à esquerda, sobretudo nos primeiros dias. Os neutrófilos podem diminuir em
torno do sexto dia até valores infranormais e voltar a aumentar em poucos dias, repetindo-se, às vezes, essas
"ondas neutrófilas" sucessivamente.

Granulações tóxicas, inclusões de Döhle e corpúsculos de Amato no protoplasma dos neutrófilos.

Eosinofilia. "A escarlatina se distingue, entre todas as doenças infecciosas, por ser a única a apresentar,
durante o auge da febre, valores elevados, às vezes enormes, de eosinófilos" (Naegeli). (Porém, na rubéola e na
incubação do sarampo, pode verificar-se também eosinofilia.) Existe certo paralelismo entre a intensidade do
exantema e o grau de eosinofilia. É sinal de prognóstico favorável.
Linfocitose e monocitose pós-infecciosa.

Células plasmáticas presentes e inclusive aumentadas.

Trombocitose ao surgir a erupção. Trombopenia nos casos graves.

Sinopse hematológica. No conjunto, os exames hemáticos revelam comportamento rítmico do estado


imunitário por períodos de 8-10 dias; alternam fases caracterizadas por queda dos neutrófilos, com aumento
dos eosinófilos, linfócitos, plasmócitos, monócitos e trombócitos, e simultaneamente diminuição da VHS,
inclusive a valores subnormais, com outros de neutrofilia e aceleração da VHS, independentemente se se
apresentam ou não complicações clínicas (Glanzmann).

Anemia discreta, já nos primeiros dias de doença (Schiff, Tileston), que afeta mais a hemoglobina do que o
número de hemácias.

VHS. Aceleração inicial e volta à normalidade ou inclusive a valores subnormais, coincidindo com a eosinofilia
máxima e nova aceleração na última fase da doença, especialmente se estão presentes complicações sépticas.
Às vezes, a curva de VHS segue uma evolução ondulante (Rhodin).

Proteínas plasmáticas. Hiperglobulinemia paralela e proporcional aos aumentos da VHS.

Reação de Wassermann e complementares. Às vezes, inespecificamente positivas (Dennig).

Exame do esfregaço amigdalino. Pode isolar-se o Streptococcus scarlatinae, porém pode confundir-se com o
estreptococo beta-hemolítico presente em muitas amigdalites. Mais do que o exame direto, interessa a cultura
prévia em meios adequados (ágar-sangue).

Esse exame interessa, sobretudo, para excluir, no diagnóstico diferencial, a difteria, a angina de Plaut-Vincent e
outras amigdalites específicas.

Hemocultura. Somente positiva nas formas graves, septicêmicas.

Prova de Dick. É uma intradermorreação que indica suscetibilidade à toxina eritrogenética e, portanto, à
escarlatina. Além de sua utilidade epidemiológica, seu valor clínico baseia-se em que as reações negativas nos
casos suspeitos excluem a escarlatina, pois supõem imunidade.

Prova de extinção (Schultz-Charlton). Intradermorreação com antitoxina em uma zona de exantema


escarlatiniforme, que confirma sua natureza escarlatinosa, se empalidece no lugar injetado.

Urina. Diazorreação positiva. Na convalescença, podem aparecer proteinúria acentuada, eritrocitúria e


cilindrúria (nefrite pós-escarlatinosa).

Critério clínico. O laboratório geralmente não faz falta para o diagnóstico. O hemograma (leucocitose, corpos
de Döhle, eosinofilia) pode representar uma ajuda valiosa nos casos duvidosos, e se interessa especialmente,
pode recorrer-se às provas cutâneas. Tem grande importância para acompanhar a evolução, e para o
prognóstico é importante o exame de urina na convalescença.

Erisipela
Hemograma. Leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda em grau proporcional à intensidade do processo.
Linfocitose na convalescença.

VHS. Acelerada (50 a 120 mm). Este aumento é de aparecimento bastante precoce e se produz qualquer que
seja a localização do processo; guarda, não obstante, certa dependência com a extensão e o desenvolvimento
de novos focos (Permanyer).

Hemocultura. É negativa nos casos não complicados.

Cultura da punção ou biópsia cutânea. Somente excepcionalmente indicada (diferenciação com a


erisipelóide estafilocócica e a produzida por Erysipelothrix rhusiopa-thiae, ou mal vermelho do porco), permite
isolar o estreptococo causal.

Erisipelóide (mal vermelho do porco)


Cultura. No caldo de uma amostra de pele afetada com cerca de 90% de positividade.

Inoculação no rato ou em pombos.

Exame direto, microscópico, da serosidade extraída na lesão inicial, com identificação do bacilo produtor
(Erysipelothrix rhusiopathiae).

Eritema Infeccioso (megaleritema ou quinta doença)


Hemograma. Pouco característico. Às vezes, leucocitose discreta e eosinofilia de caráter alérgico.

Diagnóstico específico. Não se conhecem, na atualidade, métodos práticos de laboratório para confirmar o
diagnóstico dessa doença.

Exantema (eritema) Súbito (febre crítica dos três dias)


Hemograma. Essa doença, absolutamente benigna, se distingue por um quadro hemático muito característico.
Talvez no início exista leve leucocitose, depois leucopenia intensa, a qual no terceiro dia, com a diminuição da
temperatura e o começo do exantema, em geral torna-se especialmente intensa. Freqüentemente 3.000 ou
menos; além disso, forte neutropenia, muitas vezes somente 10, e até algumas vezes somente 1 ou 2% dos
granulócitos e 80-90% dos linfócitos com algumas células plasmáticas. Isto é, quadro hemático como o da
agranulocitose, porém sem seus fenômenos clínicos (Shulten).

Diagnóstico etiológico. Não se conhece na atualidade um procedimento de laboratório para a identificação


do vírus causador da doença.

Febre Amarela
Hemograma. Geralmente, leucopenia, em valores mínimos no quinto ou sexto dia, com diminuição dos
neutrófilos e monocitose. O retorno aos valores leucocitários normais é de bom prognóstico. Possíveis globulias
e Hb alta, pelo espessamento do sangue e hemoconcentração.

Inoculação. No rato ou no macaco por via intracerebral, do sangue do doente, nos três primeiros dias de
doença. Produz-se uma encefalomielite que mata o animal em menos de uma semana.

Reações sorológicas. A prova de desvio do complemento, elogiada por alguns, é insegura aos olhos de outros
investigadores.
A "soroproteção" de Theiler, que consiste na determinação do poder neutralizante do soro em relação ao vírus
inoculado do animal, tem, sobretudo, interesse epidemiológico ou retrospectivo, já que somente resulta positiva
na convalescença.

LCR. Existe uma dissociação albuminocitológica: hiperalbuminorraquia e reações de Pandy e Nonne-Apelt


positivas, com número normal de células (leucócitos), porém pode ser hemorrágico e conter hemácias.

Química do sangue. Hiperbilirrubinemia acentuada.

Distúrbio eletrolítico com hipocalcemia e hiperpotassemia. Além disso, cloropenia e desidratação com uremia.

O complemento do soro está diminuído proporcionalmente à gravidade do caso.

Provas de coagulação. O tempo de coagulação encontra-se prolongado.

Urina. Proteinúria acompanhada de cilindros granulosos. Colúria em grau proporcional à hiperbilirrubinemia.

Biópsia hepática. As lesões histológicas podem servir para o diagnóstico e o prognóstico.

Critério clínico. Para o diagnóstico, serve especialmente a inoculação animal. Para o prognóstico, devem ser
valorizados os achados na urina, o grau de leucopenia e o distúrbio da coagulação, bem como a magnitude dos
distúrbios eletrolíticos.
Febre de Carrion (febre de Oroya, verruga peruana)
Hemograma. Anemia de caráter hemolítico, que pode chegar a ser muito acentuada e cujos achados
hematológicos se assemelham aos da anemia perniciosa pelo seu caráter macrocitário, porém é hipocrômica.
Também são observadas hemácias nucleadas, corpos de Jolly, policromasia e granulações basófilas. Reação
reticulocitária mais ou menos acentuada.

Mieolograma. Hiperplasia eritropoética variável de um caso a outro, que é colocada em evidência sobretudo
ao ceder a infestação.

Provas de coagulação e hemostasia. Os tempos de coagulação e sangramento se prolongam.

Na verruga peruana, podem aparecer hemácias ou hemorragia acentuada na urina, no escarro, nas fezes etc.,
em relação com proliferações das mucosas.

Parasitologia. No interior das hemácias podem ser reconhecidas as Bartonellas. Na forma crônica (verruga
peruana), observam-se corpúsculos de inclusão, intracelulares, nas verrugas.

Química do sangue. Bilirrubinemia aumentada, porém sem alcançar valores altos. A reação de Van den Bergh
é indireta.

Febre Eruptiva Pluriorificial (ectodermose erosiva pluriorificial


de Fiessinger e Rendu,síndrome de Stevens-Johnson, eritema
exsudativo multiforme)
Hemograma. Leucocitose moderada com neutrofilia. Em alguns casos, anemia discreta.

VHS. Aceleração discreta ou moderada.

Exame bacteriológico. Permite excluir no diagnóstico diferencial outras erupções parecidas (difteria etc.)

Critério clínico. Orienta mais o quadro clínico, de manifestação cutânea multiforme e mucosa orificial
(conjuntivite, estomatite, rinite, uretrite, anusite, vaginite), do que o laboratório. Por outro lado, trata-se de uma
síndrome reativa de etiologia muito variada: infecciosa (Mycoplasma, vírus herpético etc.) ou tóxico-
medicamentosa (antibióticos, antipiréticos barbitúricos, hidantoína etc.) Devem-se excluir a glossopeda, a
estomatite aftosa, a síndrome de Behçet, a síndrome de Reiter etc.

Febre Exantemática Mediterrânea


Hemograma. Valor normal de leucócitos ou leve leucocitose. No início, na fórmula, predomínio mononuclear, e
logo existe neutrofilia. Obach Cirera observou valores leucocitários normais na metade dos casos (42) e
leucocitose de até 12.000 leucócitos nas demais, exceto em dois com leucocitose de 17.000 e 18.000
elementos. Monocitose discreta em 50% dos doentes.

Reação de Weil-Félix. É positiva frente a algumas das cepas de Proteus X19, e por isso várias devem ser
testadas. Com freqüência, a aglutinação não se apresenta positiva até a convalescença, sendo aconselhável
realizar as ditas reações sorológicas semanalmente, já que casos negativos no início alcançavam títulos
apreciáveis posteriormente (Obach).

Prova de Neill-Mooser. A inoculação em cobaia, por via intraperitoneal de sangue do doente, produz uma
reação escrotal típica, podendo as rickéttsias ser visualizadas no esfregaço da vagina.

Soroaglutinação e desvio do complemento. São dificilmente realizáveis na atualidade, porém são provas de
especificidade segura.

Febre Papataci
Hemograma. Até ao final do período febril, leucopenia com neutropenia e desvio à esquerda (bastonetes
abundantes), bem como monocitose e linfocitose relativa.
Desaparecimento dos eosinófilos.

Inoculação. Não se encontrou, ainda, uma espécie animal suscetível à doença. Somente o homem é inoculável,
experimentalmente, com sangue do doente no primeiro dia de doença.

Sorologia. Demonstração de anticorpos frente ao arbovírus causal.

Febre Q
Hemograma. Valores normais dos leucócitos, ou leucopenia moderada (em torno de 5.000) com neutrofilia
relativa e desvio acentuado à esquerda em um terço dos casos, linfopenia e diminuição dos eosinófilos.
Excepcionalmente — 10% dos casos —, leve leucocitose.

VHS. Aceleração discreta ou moderada, geralmente não superior a 50 na primeira hora.


Urina. Leve proteinúria em um terço dos casos. Diazorreação, freqüentemente positiva.

Química do sangue. Bilirrubina, transaminases ou fosfatase alcalina aumentadas em três quartos dos casos.

LCR. Normal, apesar do freqüente meningismo clínico. Às vezes, meningite linfocitária.

Sorodiagnóstico. Prova de desvio do complemento. Esta reação deve ser considerada positiva a partir do
título 1/20, especialmente se aumenta em dias sucessivos.
Soroaglutinação. Mais sensível, que a anterior, se se incubam rickéttsias com o soro-problema e logo se
acrescenta o soro antiglobina, próprio da reação de Coombs (Coombs e Stocker). A técnica de microaglutinação
em lâminas frente à Coxiella burnetii é muito prática e específica: títulos  1/32 são demonstrativos.
Prova das crioaglutininas. Costuma ser negativa, diferentemente do que ocorre nas pneumonites víricas.

Provas reagínicas a lues. Falsamente positivas em < 10% de casos.

Inoculação em cobaia ou rato. Permite identificar as rickéttsias no tecido esplênico do animal.

Biópsia hepática ou óssea. Granulomas histiocitários com polinucleares, freqüentemente.

Critério clínico. Além da hepatite granulomatosa, podem observar-se endocardite, pneumonias, meningites,
pericardite, pleurite, síndrome mononucleótica e outras complicações.

Febre Quintana (febre de Wolhynia)


Hemograma. Leucocitose neutrófila que aparece periodicamente junto com as crises febris, acompanhada de
monocitose e diminuição ou desaparecimento dos eosinófilos, alternando com linfocitose e leve eosinofilia nos
intervalos (Schittenhelm e Schlecht).

Reação de Weil-Félix (aglutinação de Proteus X19) negativa, diferentemente de outras rickettsioses.

Demonstração da Rickettsia no piolho que picou experimentalmente o paciente (xenodiagnóstico). Também


pode ser isolada do sangue do doente.

Febre Recorrente (tifo recorrente)


Hemograma. Leucocitose com neutrofilia durante as fases febris, com desaparecimento dos eosinófilos; a
neutrofilia pode ser acentuada, porém com discreto desvio à esquerda. Nos intervalos apiréticos, o valor
leucocitário retorna à normalidade e na fórmula aumentam os linfócitos e monócitos.

Nos casos graves, anemia de caráter hemolítico, porém é freqüente anemia normocítica leve. Às vezes,
trombopenia.

VHS. Acelerada, leve ou moderadamente. O prognóstico é bom quando se encontram valores normais no
espaço de 14 dias depois do último ataque (Höglund).

Bacteriologia. O esfregaço de sangue na lâmina, corada ou em campo escuro, ou o exame a fresco permitem
visualizar o espiroqueta (Borrelia recurruntis). O sangue deve ser extraído durante a febre.

Cultura. Resulta positiva inconstantemente em meios adequados (Noguchi, Ungermann).

Inoculação em cobaia, rata ou rato branco; examinando-se seu sangue diariamente, confirma-se o diagnóstico
nos casos duvidosos. Transmite-se melhor ao macaco.

Sorologia. A prova de desvio do complemento pode tornar-se positiva depois do segundo ciclo febril. Esta
reação e a soroaglutinação são pouco usadas pela inconstância de seus resultados, porém, na maioria dos
casos, aglutininas frente a l Proteus OX-K.
Sorologia "sifilítica" positiva somente em 5% dos doentes.

Química do sangue. Bilirrubinemia aumentada nos casos prolongados com SGOT aumentada.

Urina. Proteinúria às vezes acompanhada de cilindrúria e inclusive hematúria nas fases febris. No sedimento,
as Spirochaeta podem excepcionalmente ser observadas.

LCR. Há casos graves com sintomas meningoencefalíticos, nos quais a punção lombar demonstra leve
hiperalbuminorraquia com reação das globulinas positivas e aumento das células à base de linfócitos.

Critério clínico. Nessa doença, o diagnóstico complementado pelo laboratório consiste na demonstração direta
ou indireta do agente causal. As provas sorológicas não oferecem confiança. Os demais exames servem para
objetivar o curso clínico, prognóstico e complicações.

Febre Reumática (reumatismo poliarticular agudo)


Hemograma. Discreta leucocitose neutrófila. Eosinofilia leve ou inconstante, que evolui com oscilações
periódicas na forma ondulante como outras eosinofilias alérgicas e que, às vezes, somente aparece ao repetir-
se o hemograma em dias sucessivos (Schlecht).

Anemia hipocrômica leve ou moderada nos casos muito prolongados.


VHS. Acentuadamente acelerada: com freqüência superior a 70 mm na primeira hora. Sua determinação
repetida permite seguir a evolução do processo e constitui um dos índices mais práticos para o prognóstico e a
avaliação da eficácia do tratamento.

Química do sangue e sorologia. Proteínas plasmáticas modificadas, caracterizando-se o proteinograma pela


hipoalbuminemia e pelo aumento da alfa-2-globulina nos primeiros dias e da gama na evolução posterior.
Inversão freqüente do quociente albumina:globulina. Além disso, aumento extraordinário do fibrinogênio, o que
explica a acentuada aceleração da VHS.
O aparecimento da "proteína C reativa", fração anormal de filiação discutida, é outra das características da
disproteinemia reumática, porém trata-se de um achado totalmente inespecífico. Ela é assim denominada por
sua capacidade de precipitação frente ao polissacarídeo C do soma do pneumococo, e sua determinação mais
simples consiste em incubar em um tubo capilar a mistura de soro com um anti-soro específico em relação à
proteína C e observar a formação do precipitado.

As mucoproteínas aumentam proporcionalmente nas fases de agudização dos processos reumáticos.

Título de antiestreptolisina aumentado, freqüente e extraordinariamente. Consideram-se significativos os títulos


superiores a 1/200. Também estão aumentados os títulos dos anticorpos frente à hialuronidase,
estreptoquinase, desoxirribonuclease B, nicotina-adenina dinucleotidase e fibrinolisina do estreptococo do
grupo A. Se é negativa a ASL, pode recorrer-se à anti-DNase (ou ao teste rápido múltiplo do tipo Streptozyme
Wimpole).

O conteúdo no complemento do soro aumenta.

A prova de Waaler-Rose é negativa — título inferior a 1:16 —, diferentemente do que acontece na artrite
reumatóide (poliartrite crônica primária). Somente nos casos muito crônicos podem encontrar-se títulos
debilmente positivos.

Predomínio da alfaglobulina indica atividade inicial do processo, enquanto a hipergamaglobulinemia exclusiva


ou proeminente é própria da evolução subaguda ou subcrônica.

Hemocultura. Negativa.

Urina. Às vezes, leve proteinúria e inclusive cilindrúria.

Cultura do esfregaço faríngeo para isolar estreptococos do grupo A em pacientes com infecção suspeita, porém
pode ser negativa na fase "reumática".

Febre Tifóidea
1. Hemograma.

Incubação. Valor leucocitário normal, neutrofilia.

Pródromos (1º e 2º). Leve leucocitose neutrófila, inicial rápida, que costuma passar inadvertida.

Linfopenia absoluta e relativa.

Período de estado:

Leucopenia progressiva (5.000-2.000, ou menos), cujo grau constitui índice de gravidade, porém não
contra-indica o tratamento com cloranfenicol (Soriano).

Fórmula. Neutrófilos diminuídos com acentuado desvio à esquerda (as formas jovens, em bastonete,
chegam a dobrar ou triplicar a proporção de segmentados), que constituem um dos dados mais
característicos do hemograma na tifóide, até o ponto de que sua inexistência nos 10 primeiros dias
torna muito duvidoso aquele diagnóstico. Os polinucleares mostram granulações tóxicas, ainda que
não muito abundantes. Linfocitose relativa e às vezes absoluta, que é mais tardia. Desaparecimento
dos eosinófilos nas duas primeiras semanas. (De acordo com Naegeli, basta encontrar algum
eosinófilo para que o diagnóstico seja duvidoso.)

Entretanto, a aneosinofilia pode estar ausente nas crianças e inclusive em adultos, algumas vezes.

Anemia discreta ou moderada que vai acentuando-se conforme avança a doença.

Trombopenia em muitos casos.

Convalescença. Retorno a valores leucocitários normais ou maiores (freqüentemente duradouros).

Eosinofilia.

Recaídas. Repetição do hemograma na mesma ordem (leucocitose inicial seguida de leucopenia,


desaparecimento dos eosinófilos etc.).

Complicações. Anemia nas hemorragias. Leucocitose rápida, neutrofilia e desvio à esquerda evidente
(por exemplo, na peritonite por perfuração, "pneumonite", parotidite, flebite, colecistite etc.).
Prognóstico. São sinais de gravidade: a intensidade da leucopenia, a duração da aneosinofilia, a
apresentação de linfopenia, além de neutropenia, e a ausência de leucocitose acentuada diante de
uma complicação.

2. VHS discretamente acelerada: 15-30 mm se não existem complicações. Nos primeiros dias pode ser
completamente normal e costuma acelerar-se no final da doença.

3. Hemocultura positiva precocemente e em geral durante os 10 primeiros dias. Mais exatamente: em


93% dos casos na primeira semana, em 79% na segunda e a metade de doentes na terceira
(Coleman). A cultura demora 24 horas para crescer, geralmente 48.

Neste momento se realiza ressemeadura no ágar, que pode ser comprovada em poucas horas.

4. Soroaglutinação (reação de Gruber-Widal) positiva a partir da segunda semana. Tem valor clínico
indubitável um título igual ou superior a 1/100, mas mesmo valores de 1/60 podem existir nos
vacinados. Interessa, sobretudo, o aumento sucessivo do título de aglutinação que, nos vacinados,
cresce pouco por causa de um processo febril. Somente tem valor comparativo os exames repetidos
no mesmo laboratório. Em todos os casos, convém examinar separadamente o título de aglutinação
do antígeno O (somático) e do antígeno H (flagelar).

As aglutininas H podem ser encontradas inclusive em títulos altos, durante meses, em vacinados ou
antigos tifóideos por causa de doenças febris intercorrentes. As aglutininas O têm, em troca, um valor
decisivo ainda em títulos baixos (Foz). Geralmente se admite como demonstrativa da infecção uma
aglutinação a 1:100 com antígeno O e a 1:500 com antígeno H, porém não podem ser fixados valores
seguros, pois eles variam em cada caso. Para Foz, os títulos em 1:40 frente a O e em 1:100 frente a H
são tão decisivos, nos vacinados, como uma hemocultura. Nas crianças, os O às vezes estão ausentes.

A aglutinação do antígeno Vi (positiva a partir da diluição 1:10) tem, quase exclusivamente, interesse
epidemiológico (portadores). Atualmente se empregam técnicas de ELISA ou então anticorpos
monoclonais para detectar antígenos de Salmonella typhi.

5. Fezes. A partir da segunda semana, sangue oculto e leucócitos mononucleares abundantes.

6. Coprocultura. Serve especialmente para acompanhar a eliminação de microrganismos nos


convalescentes e para isolar ou tratar os "portadores".

Na segunda e sobretudo na terceira semana, costumam ser positivos com mais freqüência do que a
hemocultura.

7. A mielocultura (medula óssea por punção esternal) proporciona maior número de resultados positivos
do que a hemocultura, e pode ser usada sem dificuldade nem perigo quando esta não é possível
(Wells).

8. A cultura da urina, recomendada por alguns, não interessa para o diagnóstico clínico, mas somente
para detectar portadores de microrganismos entre convalescentes. É positiva a partir da segunda
semana em 30% dos casos.

9. A fixação do complemento tem valor diagnóstico, porém costuma ser usada poucas vezes. Tem,
sobretudo, interesse epidemiológico, para o reconhecimento de portadores.

10. Química do sangue:

Fibrinogênio normal ou levemente diminuído, achado excepcional nas infecções e que explica a
ausência de aceleração da VHS.

Hipocloremia e hiponatremia em casos graves.

11. Urina. Proteinúria discreta de tipo "febril", sem importância.

Aminoacidúria aumentada.

Diazorreação na urina (cor vermelha ao acrescentar-se o reagente de Ehrlich, devido à presença de


fenol ou derivados), atualmente menos usada. A negatividade repetida entre o quinto e o 20º dia de
doença torna inverossímel a suspeita de tifóidea.

Critério clínico. Nessa infecção, como em poucas, o simples hemograma é extremamente orientador. Para o
diagnóstico bacteriológico direto, pode recorrer-se à hemocultura na primeira semana e à soroaglutinação a
partir da segunda, porém é recomendável realizar simultaneamente ambas as técnicas em todos os casos.

Filariose
Hemograma. Eosinofilia acentuada, às vezes até 60% ou mais.
Parasitologia. As microfilárias podem ser encontradas no sangue extraído entre as 22 e as 2 horas da
madrugada nos casos de periodicidade noturna (Filaria bancrofti). Nas adenopatias, podem encontrar-se
microfilárias. A Filaria loa é encontrada durante o dia. São realizados esfregaços simples "gota grossa" ou
exame recente.

Intradermorreação. Sua negatividade tem maior valor do que sua positividade.


Essa prova pode indicar infestação por qualquer parasita do grupo.

Sorologia. A reação de desvio de complemento, realizada com extrato do coração de cão infectado,
fortaleceria o diagnóstico clínico.

Gastroenterites Específicas
Hemocultura. Excepcionalmente positiva.

Coprocultura. É o procedimento de escolha, sobretudo para fins epidemiológicos. Podem ser isolados
microrganismos do gênero Salmonella (cholerae suis, typhi murium ou enteridite), estafilococos, um tipo
específico de coli, Clostridium, Campylobacter etc.

Glossepeda (febre aftosa)


Inoculação experimental. Permite identificar o vírus nas lesões cutâneas e mucosas do doente, inoculando-se
o conteúdo das aftas em cobaia, que reproduz a zoonose típica.

Sorologia. O soro do convalescente tem poder neutralizante e protetor no animal frente à inoculação
experiemental. Existem provas de fixação do complemento que usam como antígeno o líquido das vesículas.
Também técnicas de inibição da hemoaglutinação, para evidenciar os anticorpos, e cultura de tecidos.

Gonorréia (gonococia, blenorragia)


Hemograma. Leucocitose neutrófila variável (discreta ou moderada), às vezes com eosinofilia. A leucocitose é
acentuada se aparecem complicações (artrite supurada etc.).

VHS. Aumentada em grau paralelo à leucocitose.

Urina. Tem certo interesse a prova de Thompson, ou dos vasos. Se a urina do primeiro dia apresenta-se
purulenta, é dado a favor de uretrite anterior, enquanto nas uretrites posteriores costuma haver turvação de
ambos os vasos.

Bacteriologia. É de praxe, para assegurar o diagnóstico, a coloração (método de Gram) e o conseqüente


exame bacteriológico dos exsudatos uretrais ou sedimento urinário. Nos casos crônicos é conveniente uma
massagem prévia da próstata e vesículas seminais que favorecem a expulsão de exsudatos.

É interessante também investigar gonococos nas formas disseminadas da doença, atualmente tão raras.

Cultura de exsudatos. Em ágar, chocolate e outro meio apropriado, tendo cuidado de realizar a semeadura
diretamente, já que o frio prejudica muito o gonococo. Pode ser utilizada nos casos duvidosos, quando o exame
bacteriológico do esfregaço é negativo.

Sorologia. Tem valor diagnóstico e epidemiológico a prova do desvio do complemento nas formas septicêmicas
ou disseminadas (artrite etc.).

Gripe Epidêmica
Hemograma. Leucocitose inicial de duração muito breve e freqüentemente inadvertida, que cede a vez a uma
leucopenia rápida, alcançando os valores mais baixos até o sexto dia, com valores que podem atingir 2.000
leucócitos. Essa leucopenia acompanha-se de granulações tóxicas e vacuolização do protoplasma, desvio à
esquerda e linfocitose relativa ou absoluta. Outros autores registram linfopenia. Os eosinófilos diminuem ou
desaparecem. Trata-se, em resumo, de uma fórmula parecida com a da tifóide.

VHS. Pouca ou nenhuma aceleração no início. Logo aumenta levemente, porém sempre em grau moderado. Se
a sedimentação é superior aos 30 mm, deve suspeitar-se de sobreinfecção.

Diagnóstico específico. Pode recorrer-se à inoculação do embrião de frango com a secreção nasal. Também
pode determinar-se o poder protetor do soro do doente frente ao vírus gripal no furão.

A única prova simples de interesse clínico consiste na capacidade que possui o soro dos doentes com gripe de
inibir a aglutinação das hemácias de frango pelo vírus gripal.

Critério clínico. A leucopenia e a pouca modificação da VHS têm valor nos casos não complicados. Geralmente
não é necessário recorrer aos exames virológicos e sorológicos para o diagnóstico clínico.

Hepatite Viral Aguda


Hemograma. No início, pode ser comprovada uma falsa poliglobulia, com aumento da concentração de
hemoglobina (Gutzeit) por hemoconcentração. Então, quer dizer, na fase pré-ictérica, a série branca mostra
leucocitose leve com neutrofilia e desvio à esquerda dos neutrófilos, e às vezes, monocitose. Mais tarde, em
plena icterícia, desenvolve-se leucopenia com linfocitose relativa e eosinofilia. (Sherlock verifica leucopenia,
linfopenia e neutropenia na fase pré-ictérica.) Aparecem, às vezes, linfócitos atípicos ("virócitos") parecidos com
os da mononucleose infecciosa. Pode aparecer também ligeira anemia, e ainda trombopenia.

VHS. Normal ou retardada nos primeiros dias. Logo, acelera-se em maior ou menor grau (20-40 mm) e persiste
assim, inclusive já superada a convalescença clínica.

Bioquímica clínica. As primeiras manifestações aparecem na Urina: aumento de urobilinogênio (urobilinúria


acentuada) e aparecimento de colúria (bilirrubinúria).

Bilirrubinemia e índice ictérico altos na fase ictérica, com reação de Van den Bergh direta. É de notar-se que
esta pode tornar-se positiva já na fase pré-ictérica com bilirrubinemia ainda normal (Grav).

As provas funcionais hepáticas proporcionam resultados patológicos: as unidades de transaminase glutâmico-


oxalacética (SGOT) e de transaminase glutâmico-pirúvica (SGTP) aumentam precoce e rapidamente no soro até
valores particularmente altos. O aumento da SGTP é mais acentuado e duradouro do que o da SGOT (quociente
de De Ritis inferior a 1). A atividade da fosfatase alcalina difere segundo se trate de forma puramente
hepatocelular — na qual esta enzima apenas aumenta — ou se corresponde a uma hepatite com a obstrução
intra-hepática, que pode ser reconhecida pelo aumento extraordinário da fosfatase.

Também aumentam os valores de aldolase, fosfohexosa-isomerase, desidrogenase láctica, sorbitol-


desidrogenase, isocítrico-desidrogenase, glutâmico-desidrogenase, leucina-aminopeptidase, gama-GT e outras.

O proteinograma eletroforético mostra discreta diminuição da albumina, com aumento da globulina beta, que
imediatamente cessa e cede lugar a aumento da globulina gama, especialmente nos casos evolutivos (Gray). O
complemento em sua fração C’3, freqüementemente aumenta. Nas formas graves diminui a protrombina,
indicador, junto com a albuminemia, do grau de insuficiência hepática.

Biópsia hepática. Podem-se administrar, por punção, achados histopatológicos demonstrativos da lesão
parenquimatosa e da reação angiomesenquimatosa, porém não costuma ser necessária para o diagnóstico.

Imunologia. As provas de aglutinação heterófila são, às vezes, debilmente positivas. Na hepatite por vírus A
detectam-se, precocemente, anticorpos IgM frente àquele; desaparecem na convalescença e são substituídos
pelos IgG que permanecem e deixam imunidade. Antígeno Australia (HBsAg) ou de superfície nas formas por
vírus B (ver "Antígeno Australia"). Anticorpos frente ao "core" (anti-HBc) persistentes e em títulos altos os IgM-
anti-"core" na fase aguda, com grande infecciosidade do sangue; além do mais, curando-se a hepatite,
negativiza-se o HBsAg e aparecem anticorpos anti-HBs. Um terceiro antígeno e anticorpo, o "e", é um indicador
de infecciosidade nas hepatites B: se desaparece o antígeno e aparece o anti-HBe, pode concluir-se que deteve-
se a infecciosidade e o progresso da doença. Títulos altos de anticorpos a endotoxinas indicam insuficiência
renal ou necrose tubular.

Atualmente dispõe-se de um marcador sorológico da hepatite C (anti-VCH).

Suco duodenal. Mostra hipocolia mais ou menos patente.

Critério clínico. Uma leucocitose acentuada depõe contra a hepatite epidêmica. Decisivo é o estudo do
comportamento das transaminases do soro e outras enzimas, bem como das trocas imunológicas. Além das
hepatites por vírus A e por vírus B, deve-se levar em consideração as "não-A não-B" — atualmente na maioria
hepatite C — e as relacionadas com o "agente delta" que pode acompanhar o vírus B.

Hidatidose (equinococose)
Hemograma. Eosinofilia freqüentemente moderada, porém está ausente em numerosos casos. Quando o cisto
se infecciona, a eosinofilia pode persistir, porém desaparece se a leucocitose é acentuada. Ao esvaziar-se o
cisto, a eosinofilia pode aumentar.

VHS. Normal se o cisto está fechado e não infeccionado.

Parasitologia. Deve-se detectar a presença de ganchos nos escarros na suspeita de abertura espontânea de
um cisto pulmonar (vômica). O mesmo em outros humores ou secreções, de acordo com a localização do cisto.

Intradermorreação de Cassoni. Sua positividade manifesta-se pelo aparecimento de uma pápula vermelha
com pseudópodos, às vezes já aos 10 minutos (reação inespecífica, segundo alguns), e sobretudo em 24 ou 48
horas.

Reação de Weinberg. É uma prova de desvio de complemento.

É positiva em 50-95% dos casos e deve ser realizada antes da intradermorreação.

Precipitinorreação. Consiste na floculação do soro com líquido hidatídico. É bastante inespecífica e, por isso,
pouco usada.

Imunoeletroforese cruzada (crossed over electrophoresis ou "COE") ou eletrossinerese. Com antígeno hidatídico,
é um método, ao que parece, de grande segurança, sem falsos positivos (Brandao), é mais rápido e requer
menos antígeno, porém é menos específico e menos sensível do que a imunoeletroforese (Torres).

Outras técnicas. A hemoaglutinação passiva é muito sensível, a aglutinação de partículas de látex tem
interesse epidemiológico e a imunofluorescência (IF) é simples e tem grande especificidade e sensibilidade.

Técnicas ELISA e RIA para a detecção de IgG específicas. São provas de alta sensibilidade (95% positivas)
e especificidade (60,6%, Garcia Rodríguez). É maior a especificidade nos cistos hepáticos do que nos
pulmonares.

Química do sangue. Na hidatidose hepática, aumento significativo da IgE sérica.

Critério clínico. Ainda que o diagnóstico imunológico tenha um papel limitado, a hemoaglutinação indireta, por
sua sensibilidade, e as provas de precipitação em gel ou de aglutinação do látex, por sua especificidade, podem
ser demonstrativas.

Histoplasmose
Hemograma. Caracteriza-se pelo aparecimento de anemia e leucopenia. Nos monócitos podem ser
reconhecidos, às vezes, os histoplasmas fagocitados.

Intradermorreação. A "histoplasmina" é positiva nos pacientes com essa doença, porém os sul-americanos
sadios mostram positividades freqüentemente falsas.

Punção esternal. Costuma proporcionar achados patognomônicos do fungo produtor da afecção (Histoplasma
capsulatum) nos macrófagos e elementos do retículo endotelial.

Cultura da medula óssea ou de biópsia ganglionar em meios adequados (Sabouraud, ágar-sangue). Ou pode
proceder-se à inoculação intraperitoneal da cobaia.

Sorologia. No sangue, aparecem anticorpos fixadores.

Impaludismo (malária)
Hemograma. Durante o acesso, a leucocitose neutrófila com desvio à esquerda alcança até os metamielócitos.
No intervalo entre os acessos, costuma haver leucopenia com neutropenia e monocitose relativa e absoluta. Os
eosinófilos estão ausentes em plena crise e reaparecem depois de superá-la, inclusive aumentados.

Anemia hipocrômica, crescente se o impaludismo se torna crônico, com anisocitose e poiquilocitose, aumento
dos reticulócitos e, às vezes, formas imaturas no sangue periférico. A forma tropical pode provocar anemias
macrocitárias que têm sido atribuídas à lesão hepática (Denecke e Malamos). Acrescenta-se um componente
hemolítico da anemia nos casos de complicação hemoglobinúrica (febre biliosa).

Trombopenia: moderada freqüente.

VHS. Alta desde o início e continua aumentando à medida que as crises se repetem.

Química do sangue. Aumento de alfa-1-glicoproteínas com diminuição de alfa-2-glicoproteínas (que


compreendem a haptoglobina). IgM aumentada nas formas crônicas.

Parasitologia. Demonstração direta do Plasmodium pelo exame do sangue periférico, especialmente em "gota
espessa". É conveniente realizar a extração de sangue depois dos calafrios, durante as seis horas seguintes,
porém, no caso do Plasmodium vivax, o parasita pode ser observado no sangue a qualquer momento. Se a
preparação é negativa e o caso, suspeito, o exame pode ser repetido depois de esplenoconcentração por
adrenalina (1 ml de solução a 1%o, subcutaneamente). Para determinar o tipo de Plasmodium é melhor a
extensão simples do que a "gota espessa".

Também pode encontrar-se o parasita na medula óssea extraída por punção esternal.

Na terçã, o Plasmodium vivax aparece dentro das hemácias na sua forma juvenil como "anéis de selo", na sua
forma amadurecida como "corpos amebóides" e na sua fase de divisão como "mórula" ou roseta de 15-20
elementos. Todas elas costumam acompanhar-se da granulação de Schüffner. As formas sexuadas aparecem
depois de três ou quatro crises; são arredondadas e quase preenchem a hemácia.

Na quartã (Plasmodium malariae), os esquizontes amadurecidos têm forma de faixa larga que quase preenche a
hemácia, e a mórula é uma forma de "margarita" (roseta de 10 elementos). Na tropical (Plasmodium
falciparum), o típico são as formas sexuadas, semilunares e em "foice", de grande tamanho.

Sorologia. Não existe uma prova específica de soroaglutinação.

A sorofloculação de Henry é uma reação inespecífica apresentada pelos maláricos crônicos frente a suspensões
coloidais de metilarseniato de ferro de pigmento melânico. Também utiliza-se a imunofluorescência nos
viajantes, suspeitos de malária, em zonas endêmicas.

Freqüentemente, a reação de Wassermann e complementares proporcionam resultados inespecificamente


positivos, se bem que transitória e debilmente.

Urina. A urobilina está aumentada, às vezes, extraordinariamente. Hemoglobinúria durante as crises,


geralmente depois de ingerir quinina, por hemólise intravascular, especialmente no impaludismo tropical,
porém possível também na terçã e na quartã (blackwater fever ou febre hemoglobinúrica).
Legionelose. Doença dos Legionários
VHS. Extraordinariamente acelerada já no início.

Hemocultura. Pode ser positiva à Legionella pneumophila, porém é inconstante. Culturas bacterianas
rotineiras negativas.

Escarro. Ausência de bactérias na coloração pelo Gram. Alguns neutrófilos e histiócitos.

Bacteriologia. Por imunofluorescência direta positiva em secreções respiratórias ou líquido pleural (utilizar
anti-soros polivalentes).

Sorologia. Anticorpos — a partir do quinto ao sexto dia — frente à Legionella, detectáveis por
imunofluorescência indireta. Títulos superiores a 1:256 têm valor diagnóstico, porém é suficiente um aumento
em  128 na infecção recente (Cordes, Pasculle).

Hemograma. Linfopenia absoluta < 1.000/mm3 (50% dos casos), porém freqüentemente fórmula leucocitária
normal ou leve leucocitose, entre 10.000 e 15.000 (60 a 74%), com discreto desvio à esquerda.

Química do sangue. Hiponatremia ou hipofosforemia, freqüentemente. Uréia e creatinina, às vezes altas. CPK
aumentada.

Urina. Hematúria freqüente. Proteinúria, freqüentemente. Às vezes, mioglobinúria.


Teste da imunoabsorvência ligada às enzimas na urina positivo.
Testes hepáticos. Podem estar alterados. Transaminases, fosfatase alcalina. LDH e bilirrubina discretamente
aumentados.

Gasometria. Hipoxia e hipocapnia com alcalose respiratória, freqüente.

Critério clínico. Uma "pneumonia atípica", epidêmica ou não, pode ser viral, por Mycoplasma ou por
Legionella, entre outras causas. A "febre de Pontiac" é uma forma não pneumônica de legionelose — com
soroconversão — muito aguda, porém breve e benigna.

Lepra
Hemograma. Pouco característico. Leucócitos normais ou leve leucocitose.
Às vezes, eosinofilia discreta. A presença de linfocitose deve ser considerada um sinal favorável. Anemia em
pequeno grau em alguns casos.

VHS. Acelera-se extraordinariamente na lepra tuberculosa e somente ligeiramente na nervosa.

Bacteriologia. Demonstração de bacilos acidorresistentes (Mycobacterium leprae) no esfregaço de exsudato


nasal corado pelo método de Ziehl. (A inoculação em cobaia serve para distingui-la da tuberculose nos casos de
dúvida, pois aquela é imune frente à lepra.)
A punção e a biópsia permitem, freqüentemente, isolar o microrganismo — por simples esfregaço ou por cultura
— a partir dos nódulos e das lesões cutâneas.

Sorologia. Não se conseguiu uma prova sorológica específica da lepra. Por outro lado, empresta uma certa
utilidade a prova de Rubino: aglutinação das hemácias de carneiro com o soro de leprosos. Convém levar em
consideração a possibilidade de falsas positividades da reação de Wassermann nos casos de "tipo
lepromatoso", enquanto costuma ser negativa na "forma tuberculosa". Também pode resultar positiva a prova
do látex quando existe uma disproteinemia acentuada.

Química do sangue. Observa-se, com bastante freqüência, uma hiperproteinemia mais ou menos acentuada,
com aumento das globulinas alfa e, sobretudo, gama, e diminuição correlativa da albumina.

Cutirreação. Com extrato de leproma ou com tuberculina, não proporcionou resultados claros e tem valor
muito problemático (Nauck).
Mitsuda elaborou uma reação intracutânea com lepromina para averiguar a situação alérgica do leproso:
positividade "precoce" nos casos de evolução tuberculóide, porém geralmente negativa na forma lepromatosa.
Muitos duvidam do valor diagnóstico dessa prova.

Biópsia e eletromiografia. Na polineuropatia da hanseníase, a biópsia de nervos periféricos e o EMG


permitem comprová-la.

Lepstospirose (doença de Weil etc.)


Bacteriologia:

1. Exame direto de Leptospira no esfregaço de sangue periférico ou no sedimento urinário observado no


campo escuro.
2. Hemocultura e isolamento do microrganismo.

3. Inoculação em cobaia do sangue ou urina do doente, produz icterícia, hemorragias e lesões viscerais
típicas no animal.
Sorologia. Aglutinação em título crescente de Leptospira icterohemorragiae a partir do quinto ou oitavo dia de
doença. Considera-se como positivo um título superior a 1:2.000, porém geralmente alcança valores muito
maiores, às vezes enormes (1:100.000, ou mais). Em outras leptospiroses, resulta muito maior o título frente à
espécie causal (Leptospira pomona, L. canicola, L. grippotyphosa etc.), pois trata-se de uma reação altamente
específica. A soroaglutinação conserva sua positividade dois ou três meses depois da cura. Uma maior precisão
acrescenta a observação da lise, além da aglutinação das leptospiras.

A fixação do complemento também é positiva, considerando-se suspeito já o título 1:10 e alcançando valores de
até 1:1.000. Tem a vantagem de o antígeno ser muito mais estável (Foz).

A prova de proteção do rato (Pumarola e outros) é menos empregada.

Química clínica. Bilirrubinemia alta com reação de Van den Bergh direta imediata e valores que podem
alcançar as 91 U Van den Bergh (Pedro Pons), porém não existe correlação entre a magnitude da bilirrubinemia
e a gravidade. As transaminases, diferentemente da hepatite viral, apenas aumentam, em geral, o que tem
valor diagnóstico diferencial.

A uréia do sangue aumenta, tanto pela lesão renal como por fatores extra-renais, às vezes até valores
extraordinários (6 g/l ou mais).

Freqüentemente, comprova-se hipercolesterolemia (Eppinger).

Biópsia hepática. Ainda que existam pequenos focos de necrose, não alcançam o grau nem o predomínio
centrolobular próprios das hepatites virais e, em troca, evidencia a exagerada regeneração hepatocítica. Além
disso, infiltração peritoneal e hiperplasia kupfferiana.

Urina. Proteinúria tipicamente positiva, e às vezes micro-hematúria e cilindrúria.

A reação de Pagniez (coloração verde ao acrescentar ácido acético à urina aquecida) é freqüentemente
positiva, o que seria devido à presença de nitritos na urina (Permanyer).

Hemograma. Leucocitose com neutrofilia e linfopenia relativa e absoluta. Nos casos muito graves aparecem
mielócitos e normoblastos no sangue periférico ou se apresenta uma pan-mieloptise (Pedro-Pons). A passagem
à cura é marcada por linfocitose.

Anemia leve ou moderada, progressiva e freqüentemente macrocitária.


Trombopenia freqüente.

VHS. Extraordinariamente acelerada, já a partir do terceiro dia. Este dado tem um valor diferencial importante
no diagnóstico frente a outras icterícias infecciosas, até o ponto em que a sedimentação normal é suficiente
para excluir o diagnóstico de doença de Weil (Hegler).

Provas de coagulação e hemostasia. A síndrome hemorrágica que freqüentemente, porém não constantemente,
acompanha a icterícia da doença de Weil ocasiona sinal do "braço positivo", prolongando-se o tempo de
sangramento nos casos com trombopenia.

LCR. Apresenta modificações com bastante freqüência: globulinas aumentadas, pleocitose e, às vezes,
leptospiras visíveis no ultramicroscópio. A aglutinação também é positiva.

Critério clínico. O hemograma, junto com a VHS e a síndrome urinária, constitui uma firme sustentação da
suspeita diagnóstica diante de uma infecção ictérica. A demonstração de leptospiras no sangue durante a
primeira semana e, em seguida, a soroaglutinação ou fixação do complemento permitem confirmar a
especificidade do diagnóstico clínico.

Linfocitose Infecciosa Aguda


Hemograma. Leucocitose intensa e, às vezes, valores leucemóides (120.000) com uma linfocitose relativa —
60 a 90% dos leucócitos na fórmula — e absoluta. Os linfócitos estão amadurecidos. A linfocitose dura cinco
semanas e se acompanha de uma certa eosinofilia.
Não existem anemia nem trombopenia.

Mielograma. Linfócitos abundantes.

VHS. Normal.

Reação de Paul-Bunnell, negativa.

Listeriose
Hemograma. Leucocitose moderada com aumento inconstante de monócitos na fórmula leucocitária. Pode
existir neutrofilia.

LCR. Nas formas meningíticas: aumento do conteúdo em proteínas. Diminuição da glicorraquia. Células
aumentadas no sedimento, principalmente monócitos, porém às vezes neutrófilos. Bacilos gram-positivos
dentro dos monócitos e, em parte, extracelulares (Listeria monocytogenes).

Hemocultura. Positiva, excepcionalmente. Pode tentar-se também cultura de escarro, de esfregaço faríngeo,
de urina e de medula óssea.
Inoculação em coelho. Se o produto injetado contém Listeria, aparece uma ceratoconjuntivite típica.

Critério clínico. A diferenciação com a mononucleose infecciosa é realizada por isolamento e identificação do
microrganismo — às vezes confundido com "difteróides"! — e pela negatividade da prova de Paul-Bunnell.

Meningite Epidêmica (infecção meníngea por meningococos)


Hemograma. Leucocitose, às vezes muito aumentada, com neutrofilia e desvio à esquerda. O reaparecimento
dos eosinófilos ou uma acentuada eosinofilia assinala a cura do processo; também deve ser considerada de
bom prognóstico a mudança da fórmula leucocitária até a linfocitose.

LCR. Sai sob pressão e é opalescente, turvo ou acentuadamente purulento. Proteínas muito aumentadas, acima
de 1,3 ou mais de 1.000 ml. Células em grande quantidade, até vários milhares à base de polinucleares, que
freqüentemente contêm o meningococo (diplococos em grão de café). O contéudo em glicose e cloretos
diminui.

Bacteriologia. A demonstração do microrganismo pode realizar-se pelo exame do sedimento do liquor ou por
sua cultura. Nos esfregaços do primeiro, o meningococo aparece no início extracelular e logo intracelular.

Critério clínico. Dada a rápida destruição dos meningococos, meningite purulenta sem microrganismos
provavelmente é meningocócica.

Meningite Purulenta
Hemograma. Leucocitose e neutrofilia, geralmente acentuadas.

Liquor. A punção lombar provoca a saída de um liquor turvo ou acentuadamente purulento, sob pressão, e na
qual o exame microscópico demonstra aumento do número de células, quase todas polinucleares. O exame
químico põe em evidência aumento paralelo do conteúdo protéico a valores superiores, com freqüência, aos
100 mg/100 ml, bem como uma diminuição na concentração de cloretos e glicose. LDH e ácido láctico, altos.

Diagnóstico bacteriológico. Pode ser realizado mediante alguns procedimentos:

1. Isolamento do microrganismo por Hemocultura, porém somente resulta positivo nas meningites
"secundárias" — por exemplo, pneumônicas — ou nas que se acompanham de manifestações
septicêmicas, como na meningococemia. É pouco prático.
2. Isolamento do microrganismo por cultura do liquor, técnica que, utilizando meios aeróbios e
anaeróbios, em condições adequadas, pode resultar em 100% de positividade. É o procedimento ideal
mas, ainda realizado em condições reprováveis, falha em uma boa proporção de casos (Foz).

3. Identificação do microrganismo no esfregaço corado do sedimento do líquido cefalorraquidiano.


Geralmente, esse exame é suficiente, simples e rápido, para o diagnóstico etiológico das meningites
bacterianas, tornando as culturas desnecessárias.

4. Identificação do microrganismo no esfregaço do exsudato, colhido por punção, e expressão dos


elementos eruptivos cutâneos nos casos acompanhados de petéquias.

5. Por imunoeletroforese dos antígenos.

Sensibilidade aos antibióticos. Pode realizar-se in vitro depois de isolar o microrganismo por cultura, testando
sua suscetibilidade aos diferentes antibióticos e quimioterápicos.

Meningites Virais (urliana, zosteriana etc.)


Do mesmo tipo são as "meningites linfocitárias benignas". O exame do líquido cefalorraquidiano produz os
seguintes dados:

Aspecto. Claro.

Pressão. Levemente aumentada.

Proteínas. Estão aumentadas discretamente.

Reação de globulinas (Pandy etc.). Positiva.

Células no sedimento. Aumentadas, às vezes, até várias centenas. Trata-se de linfócitos quase exclusivamente.

Cloretos. Levemente diminuídos.

Glicose. Normal ou apenas diminuída.

Bacteriologia. Não se observam microrganismos no esfregaço.


Critério clínico. Além das proteínas, glicose e células no LCR, servem também para o diagnóstico diferencial
com as meningites bacterianas duvidosas a presença nestas de lactato, ácido láctico e LDH aumentados
(especialmente iso-LDH4 e iso-LDH5) e o achado de aminoácidos e positividade da PCR no liquor.

Meningococemia (síndrome de Waterhouse- Friderichsen)


Hemograma. Leucocitose neutrófila comum (ver Meningite epidêmica). Plaquetas diminuídas: às vezes,
trombopenia intensa.

Hemocultura. Positiva inconstantemente.

Exame bacteriológico do microrganismo no esfregaço do sangue periférico, do liquor ou, às vezes, do muco
faríngeo: o meningococo preferencialmente é intracelular.

Mialgia Epidêmica (doença de Bornholm ou pleurodinia


aguda)
Hemograma. Leve leucocitose com eosinofilia.

Prova de desvio do complemento, positiva frente ao antígeno de Coxsackie, em um bom número de casos.

Micoses Sistêmicas (Candidíase etc.)


Exame direto (esfregaços, exsudatos, escarros etc.), com coloração apropriada ou substâncias fluorescentes ao
microscópio. Falso-negativos freqüentes.

Biópsia. Permite, em determinados casos, a coloração e a identificação do fungo nos tecidos (histoplasmose,
blastomicose).

Cultura. Em meios adequados, especiais para cada classe de fungo, sendo conveniente assinalar a suspeita ao
laboratório. O crescimento é lento e a interpretação, às vezes, muito difícil, muito mais se não se evita com
segurança a contaminação e se crescem várias espécies. Podem ser observados leveduras, hifas ou micélios, de
acordo com o tipo.

Imunologia. Nas candidíases, a antigenemia pode ser detectada pelo teste de aglutinação do látex e serve
para monitorar o tratamento antifúngico. Os anticorpos são mais demorados e inconstantes. As IgG frente a
Candida albicans são detectadas na prova Elisa.

Química do sangue. Na candidíase invasiva detecta-se enolase circulante (antígeno de

Candida) por imunoanálise.


Manose sérica aumentada, por detecção enzimática, na candidíase invasiva.

Cutirreação. Não-confiável por falso-positivos e negativos.

Monocleose Infecciosa
Hemograma. Nos primeiros dias, leucopenia mais ou menos acentuada, que pode simular agranulocitose. Logo
o valor leucocitário aumenta progressivamente, alcançando-se hiperleucocitose: 20.000, 30.000 ou mais
elementos. Existem neutropenia relativa e absoluta e uma proporção de mais de 60% de células mononucleares
(células linfomonocíticas de Pfeiffer), linfócitos e monócitos. Além disso, são vistas algumas células de tipo
plasmatiforme. Atualmente, sabe-se que os "linfomonócitos" são linfócitos T atípicos (virócitos). Fosfatase
alcalina leucocitária normal ou baixa em 95% dos casos iniciais.
Excepcionalmente, trombopenia. Às vezes, anemia hemolítica.

VHS. É tipicamente normal.

Sorologia. A prova de Paul-Bunnell (ou de Hanganatziu e Deicher) consiste na aglutinação heterófila, quer
dizer, a aglutinação de hemácias de carneiro pelo soro do doente resulta positiva a títulos superiores a 1:32 e
crescentes com a evolução da doença. Essas aglutininas, diferentemente do que acontece na doença do soro,
não são do tipo Forssman e não são absorvíveis pela suspensão de rim de cobaia (prova de adsorção diferencial
de Davidson e Walker). Além disso, há casos de mononucleose em que esta prova é negativa. Verificaram-se
reações sorológicas da sífilis, inespecificamente positivas na quinta parte dos casos (Bernstein).

A determinação da IgM anti-VCA (antígeno da cápsula viral) é a prova mais específica e com 100% de
positividade.

Atualmente usa-se muito como prova de screening o monoteste, que utiliza eritrócitos fixados com formol e
uma gota de sangue, e, ainda que qualitativo (spot test), é suficientemente específico e rápido, sem realizar a
absorção diferencial (Ravel).

Química do sangue. Freqüentemente, enzimas "hepáticas" aumentadas, especialmente LDH, mais do que as
transaminases; também, inclusive, a fosfatase alcalina. Às vezes é acompanhada de retenção patológica de
BSP.

LCR. Às vezes existe leve aumento das proteínas com positividade das reações de Pandy e similares. No
sedimento, as células podem estar aumentadas em número, à base de linfócitos (Ziegler).

Critério clínico. O hemograma resolve o diagnóstico e é o que deu o nome à doença. A prova de Paul-Bunnell,
ainda que não seja específica, é característica e pode ser realizada nos casos duvidosos.

Mormo
Hemograma. Leucocitose mais ou menos acentuada com neutrofilia, desvio à esquerda e granulações tóxicas
intensas nos casos graves. Nestes pode existir leve anemia.

A aglutinação não possui interesse clínico por pouco e tardio aumento no título de anticorpos.

Hemocultura. Positiva somente em alguns casos nas formas agudas.

O desvio de complemento pode confirmar o diagnóstico, e a soroaglutinação proporciona resultados superiores


(López-Vallejo), porém raramente é utilizada.

Cultura e isolamento do microrganismo (Pseudomonas mallei) a partir do exsudato nasal ou das pústulas.

Inoculação em cobaia por via intraperitoneal, que morre em duas semanas com disseminação visceral, mas que
já nos primeiros dias apresenta uma orquite específica (reação de Strauss).

Se a injeção é subcutânea, produzem-se uma úlcera local, adenite satélite e artrite supurada múltipla.

Intradermorreação, com "maleína" de interesse na veterinária, porém pouco estudada no homem. A leitura é
feita em 24 horas. Em seu lugar pode realizar-se cutirreação. Em todo caso, deverão ser realizadas,
posteriormente, as provas sorológicas, para não influenciá-las.

Exame direto microscópico do microrganismo nas lesões, realizando esfregaços de exsudatos. Entretanto,
freqüentemente é negativo.

VHS. Alta, às vezes muito alta (111-141 em um caso de Soriano).

Critério clínico. O método mais recomendável, pela sua segurança, é a inoculação em cobaia.

Nocardiose
Hemograma. Inalterado nas formas localizadas, se não coexistir infecção bacteriana secundária. Neutrofilia
nas formas generalizadas.

VHS. Comportamento idêntico ao do leucograma: acelera-se caso a nocardiose seja generalizada ou as lesões
estejam sobreinfectadas.

Bacteriologia. Isolamento de Nocardia asteroides, actinomiceto gram-positivo e parcialmente acidorresistente,


no escarro, no pus ou no líquido orgânico. A forma cocobacilar pode ser confundida com o bacilo K.
A cultura do escarro ou do material de punção ou de biópsia nos meios aeróbios corrrentes, ou melhor, em
meios usados para micobactérias ou fungos, já que naqueles a contaminação costuma mascarar o resultado e é
necessário observar seu crescimento do terceiro ao sétimo dia.

Paratifo Abdominal (salmoneloses paratíficas)


Hemograma. Nas formas gastroenteríticas, o hemograma é pouco característico, geralmente com valor normal
ou discretamente aumentado de leucócitos. Leucopenia com linfocitose nas pseudotifóideas. Se surgem
complicações sépticas locais, o hemograma demonstra leucocitose neutrófila.

Hemocultura. Pode ser positiva na primeira semana na forma tifóidea.

Soroaglutinação. Habitualmente são solicitadas ao laboratório aglutinações comparadas ao Eberth, paratifo A


e B, e B. melitensis; conseqüentemente, um título superior em uma delas tem valor diagnóstico diferencial e
permite distingui-lo do paraespecífico que freqüentemente o acompanha.
Nos vacinados, somente tem valor um título crescente de aglutinação durante a evolução da doença.
Por tudo isso, e sobretudo pela demora em surgirem títulos significativos e porque em determinados casos
seguros de salmonelose não aparecem aglutininas demonstráveis nesta prova, a soroaglutinação tem pouco
valor para o diagnóstico positivo na prática clínica.

Cultura de fezes. Permite isolar o microrganismo, geralmente uma Salmonella, a partir dos primeiros dias nas
formas gastroenteríticas e da segunda semana nas pseudotíficas. Freqüentemente é necessário repetir a
cultura várias vezes. Esta prova tem mais valor sanitário do que clínico, já que pode tratar-se de simples
portadores.

Parotidite Epidêmica
Hemograma. Leucopenia inicial seguida de leve leucocitose com linfocitose. Os monócitos aumentam na fase
intermediária. Os eosinófilos não desaparecem e, às vezes, se apresenta uma discreta e crescente eosinofilia.

VHS. Geralmente normal, diferentemente do que ocorre na parotidite, secundária a vários processos sépticos,
que provoca grandes acelerações.

Bioquímica clínica. A amilase encontra-se aumentada no sangue e na urina, ainda que nunca alcance os
valores da pancreatite aguda. Se o comprometimento desta glândula ("pancreatite urliana") está presente
como complicação, então aumentam muito mais os valores de amilasemia e amilasúria.

Diagnóstico específico. Pode ser realizada a reação de desvio do complemento, porém não costuma ser
utilizada pela evidência clínica, ou a comprovação do poder inibidor que possui o soro dos doentes frente à
aglutinação das hemácias de frango pelo vírus específico.

Peste
Esfregaço do bubão. Permite o exame direto do microrganismo.

Exame do escarro nas formas pulmonares, com demonstração da Pasteurella pestis (Yersinia pestis).

Inoculação em cobaia. Permite isolar o microrganismo na semeadura miliar.

Hemocultura. Pode ser negativa, apesar da evidência diagnóstica, por tratar-se de fases ou formas não
bacteriêmicas.

Soroaglutinação. Não tem, neste caso, grande valor diagnóstico, por tratar-se de títulos habitualmente baixos
(1:40), e ainda freqüentemente negativos em pestosos típicos.

Cultura da punção ou biópsia ganglionar.

Hemograma. Costuma encontrar-se leucocitose acentuada de 20.000 a 50.000 elementos. Na fórmula, pode
observar-se linfocitose de 50%. Em casos graves da forma septicêmica aparece, ao contrário, leucopenia.

Critério clínico. Para confirmação do diagnóstico, pode apelar-se para o exame bacteriológico direto nos
esfregaços do bubão ou do escarro — de acordo com a forma clínica — ou à inoculação em cobaia.

PIAN (framboesia)
Hemograma. Anemia mais ou menos acentuada no período secundário, que se acompanha freqüentemente de
leucocitose.

Sorologia. Não se conhece uma reação sorológica específica da doença.


A reação de Wassermann é positiva em 80% dos casos, o que dificulta o diagnóstico diferencial com a sífilis.

Parasitologia. As lesões cutâneas permitem a demonstração direta do Treponema pertenue em microscopia


sobre fundo escuro.

Pinta
Parasitologia. Ainda que supostamente tenha relação com o Treponema carateum, não é possível demonstrá-
lo nas lesões cutâneas (pseudovitiligo).

Sorologia. A reação de Wassermann e outras provas sorológicas da sífilis resultam positivas nesta doença e
ainda mais intensamente do que na lues.

Poliomielite (paralisia infantil)


Hemograma. Não característico por sua variabilidade. Geralmente linfocitose, inclusive em adultos (Morawitz),
dentro de um valor normal ou apenas modificado de leucócitos, seja até a leucopenia ou a leucocitose. As
leucocitoses ou leucopenias depõem contra a poliomielite.

VHS. Acelerada inconstantemente.

LCR. Pressão normal ou levemente aumentada. Incolor ou "esmerilado", formando, às vezes, um coágulo fino.
No início, o conteúdo protéico é normal e as células estão aumentadas em número de 20 a 500/mm 3, à base de
polinucleares; a glicorraquia é normal ou levemente alta.

Logo, em poucos dias, aumenta a concentração de proteínas — até alcançar valores em geral não superiores
aos 300 mg por 100 ml — e as células passam a ser linfócitos, continuando a glicose aumentada ou normal,
diferentemente do que acontece nas meningites. O valor dos cloretos é normal. Em alguns casos, ao aumentar
a albuminorraquia, a proporção de células diminui a normalidade, simulando uma síndrome de Guillain-Barré.

As reações das globulinas (Pandy, Nonne-Apelt) resultam positivas.


As provas coloidais (ouro, benjoim) provocam uma curva "sifilítica" — primeiros tubos — ou "meningítica", quer
dizer, nos tubos da zona média.

Identificação do vírus nas secreções bucofaríngeas, sangue ou fezes, previamente isolado mediante cultura em
tecidos animais. Comprova-se sua patogenicidade pelas lesões celulares que provoca em tecido canceroso
humano. Também pode utilizar-se a inoculação no macaco.
Provas de fixação do complemento, empregando como antígeno cepas dos diferentes tipos de vírus, permitem
comprovar a presença de anticorpos específicos e classificar o microrganismo de uma epidemia.

Anticorpos neutralizantes aparecem tardiamente, e sua titulação no soro tem interesse retrospectivo e
epidemiológico.

Critério clínico. Não existem métodos práticos de laboratório para o diagnóstico microbiológico individual.
Tem grande valor clínico a análise do liquor, que permite excluir com grande probabilidade a poliomielite, se é
completamente normal, e diferenciá-la da polirradiculoneurite (dissociação albuminocitológica). A reação do
desvio do complemento tem muito interesse clínico, pois resulta positiva precocemente em 90% dos casos das
formas paralíticas.

Psitacose (ornitose)
Hemograma. Leucopenia inicial pronunciada, com desvio à esquerda dos neutrófilos e granulações tóxicas.
Este aumento brusco das formas em bastonete é característico na primeira semana (Adany). Ao surgir a
localização pneumônica, leucocitose neutrófila moderada ou intensa (até 25.000 ou mais).

Bacteriologia. O microrganismo, uma bactéria do grupo Chlamydia, pode ser cultivada a partir do escarro ou
melhor, do baço do animal inoculado.

Reação de desvio do complemento, positiva frente ao cocoantígeno na segunda semana de doença. Títulos
superiores a 1/20 são diagnósticos, porém interessam sobretudo seu aumento e diminuição rápidos em poucas
semanas.

VHS. Aceleração média ou extraordinária desde o início da doença.

Urina. Proteinúria leve, às vezes, e sem importância.

Diazorreação positiva.

Inoculação em rato do escarro ou do sangue na primeira semana, por via intraperitoneal. Permite observar uma
peritonite típica e visualizar ao microscópio os corpúsculos específicos (LCL), considerados antes como vírus.

Exame do escarro. Geralmente está ausente. Se o doente expectora, é mucoso ou purulento. Não existem
hemácias como na pneumonia crupal.

Critério clínico. Os antecedentes epidemiológicos (papagaios ou periquitos em casa, trabalhadores em


pombais etc.) e os sintomas clínicos permitem a suspeita e a proposta das provas de laboratório.

Raiva
Hemograma. Leucocitose, às vezes intensa (até 20.000 ou 30.000 elementos), com neutrofilia. Em outros
casos verificou-se leucopenia.

Diagnóstico etiológico. Pode recorrer-se à inoculação experimental em coelhos, cujo período de observação
pode ser de duas ou três semanas, cobaias ou ratos que morrem ao término de uma semana. E deve realizar-se
o exame histopatológico do cérebro do cão transmissor, que tende a morrer em quatro ou cinco dias, se está
raivoso, procurando-se os corpúsculos de Negri na haste de Ammon.

Rubéola
Hemograma. Leucócitos em número normal no início, ou inclusive aumentados às vezes. Logo, leucopenia
progressiva até 3.000 ou 4.000. Os eosinófilos não desaparecem, podendo, ao contrário, apresentar franca
eosinofilia.

Linfocitose relativa (40-50%), com "desvio à esquerda na série linfocítica" (Glanzmann), quer dizer,
aparecimento de formas jovens em todos os graus até os linfoblastos e, por outro lado, linfócitos alterados e
formas de transição às células plasmáticas, predominando as "em roda de carro"; em conjunto, o quadro
leucocitário tem sido qualificado de "matizado" e, por Glanzmann, de "linfoblastose infecciosa benigna", comum
com a mononucleose infecciosa.

Para outros autores (Bernard e Grenet) seria a plasmocitose o único dado quase constante e típico dessa
doença; se apresenta subitamente, coincide com o aparecimento do exantema e persiste comumente umas
duas semanas, para logo desaparecer.

O aumento das células plasmáticas costuma ser evidenciado nos casos que apresentam adenopatias intensas.
Não existe correlação com outros sintomas nem com a gravidade.

Diagnóstico etiológico. Um título aumentado de anticorpos pelos métodos da hemoaglutinação-inibição e


fixação do complemento, bem como a existência de IgM e de seus anticorpos específicos são achados
demonstráveis (Banatvala e cols.). É interessante saber que os anticorpos fixadores do complemento aparecem
tardiamente e continuam aumentando, quando os anticorpos inibidores de hemaglutininas — que, ao contrário,
são precoces, com o exantema — não apresentam aumentos significativos em seu título.

A aglutinação passiva com látex, sensibilizado com antígenos de rubéola em lâmina, é método muito exato
(Plotkin).
Critério clínico. Além da sintomatologia típica, pode contribuir para o diagnóstico o hemograma característico
com a linfo e a plasmocitose, acompanhadas freqüentemente de eosinofilia.

Salmoneloses Gastroentéricas
Hemocultura. Negativa, exceto em algum caso.

Coprocultura. Positiva na primeira semana. Podem isolar-se Salmonella cholerae suis — ainda que costume
provocar septicemia mais do que gastroenterite — e sobretudo S. thyphi murium ou S. enteriditis.

Soroaglutinação. Positividade em títulos baixos.

Critério clínico. A coprocultura permite isolar o microrganismo causal nas gastroenterites agudas bacterianas
e diferenciar a produzida por salmonelas da devida à Shigella, estafilococos — aqui, freqüentemente,
enterotoxina e cultura negativa —, Clostridium perfringens, Campylobacter e outros.

Sarampo
Hemograma. Leucocitose inicial rápida (no período de incubação). Leucopenia ao surgir o exantema, máxima
no segundo ou terceiro dia (3.000 a 4.000), diminuindo a partir do quarto ou quinto dia, até alcançar valores
normais ou supranormais no sexto ou sétimo.
Leucocitose tardia, se se apresentam complicações sépticas.
Fórmula leucocitária: neutrofilia no período prodrômico e novamente ao surgir o exantema (excepcionalmente
linfocitose, em vez de neutrofilia, se a reação ganglionar é intensa).
Desvio à esquerda (10 a 15% de formas em bastonete), coincidindo com os momentos de neutrofilia máxima.
Os eosinófilos aumentam ligeiramente durante a leucocitose inicial, e diminuem até desaparecer ao surgir o
exantema. Se existe uma eosinofilia prévia (crianças alérgicas ou infectadas), não chegam a desaparecer.
Linfocitose moderada e eosinofilia pós-infecciosa.
Monócitos aumentados no início e no final da doença.

VHS. Acelerada moderadamente, máxima durante o exantema e mais acentuada se aparecem complicações
sépticas.

Reação à tuberculina. As provas cutâneas à tuberculina se tornam negativas freqüentemente durante o


sarampo (doença anergizante).

Urina. Proteinúria febril. Os incômodos à micção que às vezes ocorrem no período prodrômico, não se
acompanham de outros achados no sedimento, mais do que de alguns leucócitos e células epiteliais
(Glanzmann). Urobilinogênio e urobilinúria positivos, freqüentemente.
A diazorreação é quase sempre positiva, diferentemente do que ocorre na rubéola, onde é constantemente
negativa.

Critério clínico. O hemograma mais freqüente no sarampo é a leucopenia com neutrofilia, a qual tem valor na
rubéola e no exantema súbito que apresentam leucopenia com linfoplasmocitose e contrasta com a leucocitose
neutrófila e a eosinofilia da escarlatina.

Sepse (septicemia)
Hemograma. Geralmente, leucocitose com neutrofilia, desvio à esquerda dos neutrófilos com granulações
tóxicas. A formação de abscessos e a necrose tecidual com passagem ao sangue dos produtos tóxicos são
acompanhadas de maior desvio à esquerda, surgindo no sangue periférico não somente numerosas formas "em
bastonete", mas também metamielócitos e inclusive mielócitos (excepcionalmente mieloblastos!). Em
determinadas septicemias, a leucocitose alcança valores "leucemóides", especialmente nas causadas por B.
perfringens.
As septicemias com leucopenia, desde o início, bem como as que apresentam diminuição da leucocitose inicial,
são acompanhadas de desvio à esquerda dos neutrófilos progressivos, com diminuição dos neutrófilos
amadurecidos e aparecimento progressivo de formas mais imaturas, têm mau prognóstico.
Ao curar-se o processo, desaparece primeiro o desvio à esquerda, e em seguida normaliza-se o valor
leucocitário, surgindo, na convalescença, uma relativa linfocitose e eosinofilia.
Anemia hipocrômica, especialmente nos casos prolongados e na endocardite lenta. Existem septicemias
hemolisantes com hemoglobinemia e hemoglobinúria.
Trombopenia em algumas septicemias hemorragíparas (meningococemia etc.).

VHS. Aceleração, em geral, muito acentuada, especialmente na endocardite séptica e septicemia puerperal.

Hemocultura. É positiva em um bom número de casos, permitindo identificar o microrganismo causal e testar
in vitro sua sensibilidade ou resistência aos antibióticos. A negatividade da hemocultura obriga a sua repetição
em melhores condições: punção venosa ao iniciar a crise febril (muitos autores consideram-na desnecessária:
Foz, na septicemia lenta), meios adequados (aeróbios e anaeróbios em todos os casos), cultura e transporte
imediato ao laboratório do sangue extraído. Apesar disso, há septicemias com cultura reiteradamente negativa.

Mielocultura do material recolhido por punção esternal; nos casos de hemocultura negativa pode resolver, às
vezes, o diagnóstico etiológico.

Química do sangue. Hipofosfatemia inconstante. Hipoglicemia, às vezes, nas formas graves, maciças.
Sífilis
Hemograma. Geralmente normal. No período secundário podem existir leucocitose leve e anemia discreta.
Na sífilis congênita há, muitas vezes, acentuada pobreza de sangue sob o quadro de "anemia
pseudoleucêmica", com leucocitose intensa e imaturidade leucocitária extrema, com anemia extremamente
grave e eritroblastose (Schulten).

Bacteriologia. O exame em fundo escuro permite visualizar o treponema nos esfregaços do cancro primário.

Sorologia:

1. Prova de Wassermann e complementares (Meinicke, Kahn, Hecht, Weichbrodt etc.), positivas a partir
dos 10-15 dias seguintes ao contágio. Levem-se em consideração as falsas reações positivas na
hanseníase, endocardite lenta, impaludismo crônico, lúpus eritematoso etc.

A sífilis congênita pode diferenciar-se sorologicamente da positividade devido à transmissão materna


de anticorpos mediante o estudo quantitativo do título sorológico; este é maior e vai aumentando no
recém-nascido, se é sifilítico ativo.

2. A prova de fixação do complemento, utilizando um extrato não líquido de treponemas, em vez do


anticorpo inespecífico (extrato de tecidos infectados), que se emprega na reação de Wassermann, tem
mais garantia para evitar falsas positividades.

3. A prova de imunoaderência baseia-se na aderência do treponema às hemácias do doente, in vitro.


Utilizam-se microrganismos mortos. Os resultados não têm garantia absoluta.

4. A prova da aglutinação do treponema, com separação prévia de todas as demais aglutininas presentes
no soro, também não é confiável.

5. Prova de floculação não treponêmica. A mais usada é o VDRL, por sua simplicidade, confiabilidade e
baixo custo. O antígeno é a cardiolipina-lecitina-colesterol.

6. Prova de imunofluorescência com absorção de anticorpos treponêmicos (FTA-ABS). É a mais sensível e


muito específica entre as provas sorológicas.

Prova de Nelson. Com base na imobilização do treponema mediante anticorpos específicos presentes no soro de
sifilíticos. Sua positividade demora mais a aparecer do que na reação de Wassermann, pelo qual a prova serve
especialmente para descartar falsas sorologias. É útil também no diagnóstico da sífilis tardia com sorologia
negativa.

LCR. Na sífilis nervosa (metassífilis) apresenta modificações.

1. Aumento do número de células, à base de linfócitos.

2. Globulinas aumentadas, provocando positividade nas reações de Pandy e Nonne-Apelt.

3. Reações coloidais (benjoim, ouro coloidal), com curva típica nos tubos da esquerda na tabes, e já
desde o primeiro tubo, na PGP.

4. Reações sorológicas (Wassermann) positivas no liquor.

Química do sangue. A proteinemia total constuma ser normal, exceto nas lues primária e terciária, onde pode
estar levemente aumentada (Pérez Sandoval). Muito mais freqüente é a diminuição do quociente A/G, por
hipoalbuminemia e hiperglobulinemia por sua vez. No proteinograma eletroforético destaca-se o aumento das
frações alfa e gama, sem comprometimento da betaglobulina.

Sodoku
Hemograma. Durante as fases febris comprova-se leucocitose moderada com neutrofilia e desvio à esquerda.
Entre elas, e na convalescença, surgem os eosinófilos, freqüentemente aumentados em número. Anemia leve
nos casos graves.

VHS. Costuma ser moderadamente acelerada.

Sorologia. É interessante levar em consideração que, em 50% dos casos, a reação de Wassermann ocasiona
reações inespecificamente positivas.

Exame direto do microrganismo. Pode tentar-se a partir da lesão local (local da mordida) ou no sangue
durante as crises de febre.

Inoculação em cobaia. Seu resultado demora 15 dias, com o achado dos espirilos no sangue do animal.
Tétanos
Hemograma. Não apresenta características típicas e, freqüentemente, não está modificado. Às vezes,
leucocitose polinuclear que não tem relação com a infecção tetânica, e sim com a contaminação piógena da
ferida. Arneth descreveu leve linfocitose e eosinofilia, que estão ausentes em muitos casos.

VHS. Não se altera pela infecção tetânica simples. Aceleração mais ou menos acentuada, deve ser atribuída à
infecção da ferida ou a uma complicação séptica secundária.

Exame bacteriológico. Raramente eficiente. Pode realizar-se o exame direto nos microrganismos presentes
na ferida, porém a associação microbiana e a escassez do tetânico dificultam sua identificação. A inoculação em
cobaia ou em rato, ou a cultura em meios anaeróbios do pus tetanígeno ou de tecido da ferida podem
evidenciar a etiologia do quadro.

Provas de aglutinação. Não são realizáveis nessa doença pela sua freqüente negatividade em casos
confirmados.

Critério clínico. O laboratório auxilia pouco nessa infecção, que é evidente em seus sinais clínicos. Somente a
cultura ou a inoculação pode confirmar objetivamente o diagnóstico etiológico.

Tifo Exantemático
Hemograma. Leucopenia discreta na primeira semana, seguida de leve leucocitose na segunda semana. A
fórmula leucocitária costuma ser normal, ainda que freqüentemente exista neutrofilia relativa ou absoluta,
diferentemente da tifóidea. São encontrados corpos de Döhle e de Prowazeck nos neutrófilos. Em casos graves
podem surgir alguns mielócitos, células de Rieder e grandes mononucleares. Os eosinófilos diminuem, porém
não chegam a desaparecer como na tifóidea.

VHS. Aceleração progressiva com a evolução da doença até alcançar valores altos, porém geralmente inferiores
aos 100 mm na primeira hora.

Química clínica. Se ocorrem complicações renais, a uréia do sangue aumenta e na urina comprova-se a
presença de proteínas e cilindrúria. Em outros casos, a uremia é extra-renal, e então existe hipocloremia.

Diagnóstico biológico. A reação de Weil-Félix, ainda que inespecífica, cumpre, pela sua rapidez e
simplicidade, a exigência de um laboratório clínico. Consiste na aglutinação de Proteus X-19 pelo soro dos
doentes tíficos. Consideram-se demonstrativos os títulos superiores a 1:50, e somente tem valor frente ao
antígeno O.
Também pode ser útil a realização da prova do desvio do complemento, cuja positividade persiste depois de
superada a infecção.
A demonstração direta das rickéttsias no piolho colocado previamente para picar a pele do doente
(xenodiagnóstico) é embaraçosa e pouco usada na prática.
A inoculação experimental em cobaia, por via peritoneal, demora cerca de duas semanas para ser verificada e
não resulta útil para a clínica.
A Soroaglutinação específica (Weilg) possui a dificuldade da conservação de rickettsias adequadas para a
reação.

Critério clínico. A prova de Weil-Félix e a reação de fixação do complemento contribuem eficazmente para a
confirmação do diagnóstico clínico.

Tosse Ferina (pertussis/coqueluche)


Diagnóstico bacteriológico. Isolamento do microrganismo (Haemophylus pertussis) mediante cultura em meio
Bordet-Gengou: a) em cápsula de Petri, diante da tosse da criança ("semeadora da tosse"), e b) método
indireto: recolher secreção de rinofaringe mediante toque com cotonete. Com a técnica da microcultura em
lâmina pode realizar-se o diagnóstico bacteriológico em oito horas (González Fusté).

Hemocultura. Não tem sentido, pois o Haemophilus não circula pelo sangue.

Aglutinação. Tardia e inconstante.

Fixação de complemento. Positiva somente em 50% dos casos (Paton).

Intradermorreação. Não é suficientemente precoce nem específica.

Hemograma. No início, no período catarral, pode existir linfocitose simples relativa. Logo, leucocitose em 60%
dos casos, crescente à medida que a doença avança, até alcançar valores de 30.000 ou 40.000 leucócitos, e
inclusive mais altas, leucemóides. Linfocitose relativa de 60% e imediatamente de 80% na fórmula, podendo
simular uma leucemia linfática, porém, na tosse ferina, os linfócitos estão amadurecidos. Esta linfocitose pode
prolongar-se mais além da convalescença.
O diagnóstico diferencial com a "linfocitose infecciosa" não se coloca na clínica, pois esta é inteiramente
assintomática (a tosse está ausente) e outros dados de laboratório estão ausentes.
Se complicações supurativas são apresentadas (broncopneumonia), aparece uma leucocitose neutrófila, porém
inclusive nestes casos pode persistir a linfocitose.

VHS. Normal ou retardada: freqüentemente inferior a três, dado típico dessa doença, excepcional nas
infecções. Acelera-se, se ocorrem complicações sépticas.

Torulose (criptococose)
Diagnóstico micológico. Demonstração da Torula histolytica (Torulopsis ou Cryptococcus neformans) na
saliva, escarros, líquido cefalorraquidiano ou fezes — de acordo com a forma clínica — por cultura em meio
Sabouraud e coloração com tinta da China.

Inoculação. Em macacos ou ratas, por via intraperitoneal, reproduz experimentalmente o processo.

Toxoplasmose
Hemograma. Linfomonocitose com linfócitos atípicos — que lembra a mononucleose infecciosa —, com
eosinofilia moderada (de 3 a 10%) inconstante.

Química do sangue. Aumento de IgM.

Sorologia:

1. Prova de desvio do complemento (Sabin), utilizando como antígeno uma suspensão de cérebro de
coelho infectado. Esta reação é pouco sensível.

2. Reação de neutralização (Sabin) dos toxoplasmas no coelho inoculado mediante a injeção simultânea
do soro do doente portador de anticorpos toxoplásmicos. Às vezes, esta reação é positiva, e ainda
título superior, no soro da mãe, o qual demonstra que há formas latentes ou subclínicas da doença.

3. Reação de inibição tintorial (Sabin), ou dye-test, com base na propriedade que os anticorpos
toxoplásmicos têm de impedir a coloração dos parasitos pelo azul-de-metileno. Alcançam-se títulos de
1:1.000 a 1:16.000.

4. Técnica de imunofluorescência indireta. Mais simples e tão segura quanto as anteriores. Consideram-
se positivos títulos superiores a 1/1.000, ou pelo menos ascendentes. Distinguem-se dois: frente a IgG
e frente a IgM, esta última mais adequada para a toxoplasmose aguda: sua negatividade, ainda que o
dye-test e a IgG-IFAT sejam positivos, exclui uma infecção recente.

Intradermorreação com toxoplasmina (Frenkel) a 1/1.000. Cumpre levar em consideração que


aproximadamente 19% da população sadia têm resultados "positivos", interpretados como falsos por alguns e
como manifestação de universalidade relativa de contágio e portadores, por outros.

LCR. Nos casos de encefalite congênita: xantocromia nos primeiros meses, com pleocitose linfomonocitária leve
ou moderada e aumento considerável de albumina (Zellweger).

Critério clínico. Títulos sorológicos baixos podem ser iniciais ou residuais: são diagnósticos se aumentam
sucessivamente. A etiologia toxoplasmática de uma retinocoroidite pode ser descartada, se as provas
sorológicas são negativas, mas não se pode assegurar se os títulos são baixos — nem excluí-la, dada a
cronicidade do processo —, porém são demonstrativos os títulos superiores no líquido da câmara anterior do
olho em relação aos do soro. O anticorpo específico IgM é mais seguro para o diagnóstico.

Triquinose
Hemograma. Chama a atenção, sobretudo, a eosinofilia acentuada que pode alcançar 60 ou 70% dos
leucócitos e que, freqüentemente, persiste semanas e até meses depois da fase aguda da doença. Os valores
máximos são alcançados até a terceira semana do início clínico. Há casos gravíssimos em que a eosinofilia está
ausente, o que é atribuído a uma ação tóxica sobre a medula óssea que inibiria a formação e migração dos
eosinófilos. Está também ausente ou diminui nos casos complicados com infecções bacterianas, bem como na
fase pré-agônica.

Existe, além disso, leucocitose moderada ou intensa com neutrofilia mais ou menos aparente. Na
convalescença, linfocitose relativa extraordinária.

Pode acrescentar-se anemia moderada, sobretudo nos casos graves.

VHS. Leve aceleração, geralmente.

Parasitologia. O exame do sangue permite, às vezes, encontrar as triquinas (Trichinella spiralis) nos primeiros
15 dias nos esfregaços realizados de acordo com o método Stäubli.

Biópisa muscular. Permite realizar a triquinoscopia direta nos bíceps do braço ou no reto maior do abdômen.

Intradermorreação com partícula de triquina, positiva. Seu resultado é demorado, geralmente.

Sorodiagnóstico. A comprovação de precipitinas ou a reação de desvio do complemento servem também para


o diagnóstico, mas trata-se de provas demoradas (a partir do 15º dia de doença e até o 25º em mais de 90% de
casos).
Tuberculose
Hemograma. Anemia hipocrômica, discreta a princípio, acentuada nas formas consumitivas crônicas. A
hemoglobina diminui rapidamente na tuberculose intestinal (Naegeli), porém é conveniente recordar que o
câncer cecal também é acompanhado de anemias hipocrômicas (Jiménez-Díaz).

O quadro da série branca é pouco característico. Em geral, exceto complicações inespecíficas, o valor total de
leucócitos é normal ou pouco modificado.
Sinal de atividade do processo é a presença de leucocitose discreta ou moderada com neutrofilia e leve desvio
à esquerda. Se persiste um certo desvio à esquerda, apesar de normalizar-se a VHS, não pode considerar-se
extinta a atividade do surto (Schulte-Tigges).

As granulações tóxicas nos leucócitos, tão freqüentes em todas as infecções sépticas, estão freqüentemente
ausentes na tuberculose (Siebeck).

É de bom prognóstico a comprovação de uma linfocitose relativa e eosinofilia na fórmula leucocitária, ainda que
este sinal seja muito inseguro (Siebeck) e não permita afirmações categóricas. Também os casos de evolução
crônica se apresentam com linfocitose (tuberculose ganglionar simples, escrofulose etc.). Se aparece uma
complicação supurada, a linfocitose se converte em neutrofilia com leucocitose.
Na tuberculose miliar é freqüente a leucopenia com linfopenia progressiva.

VHS. Permite acompanhar a atividade do processo: seu valor é apenas prognóstico e não é diagnóstico. E ainda
deve-se levar em consideração que uma aceleração acentuada existe indistintamente em formas hiperérgicas
com boas defesas, como em formas anérgicas negativas com grande destruição tecidual (Siebeck). Por isso, a
VHS, que constitui um bom índice, melhor, às vezes, que a curva febril, para acompanhar a evolução do caso,
somente é útil e fiel quando colocada em relação com os demais achados clínicos.

A tuberculose hematógena não costuma influenciar na VHS nem tampouco o infiltrado precoce, enquanto não
se ulcere. Em troca, a aceleram as ulcerações de certa magnitude e a disseminação brônquica. A tuberculose
ganglionar modifica a sedimentação, se o número de gânglios comprometidos é grande ou se há reação
perifocal. Nas serosas (pleura, pericárdio, peritônio etc.), a tuberculose sempre acelera a sedimentação.
Também a aceleram as formas exsudativas caseosas, muito mais do que as fibrosas. Os recursos terapêuticos
(pneumotórax, frenicoexérese etc.), se são traumatizantes, provocam aumentos da VHS (Soriano, Permanyer).

Reação à tuberculina (intradermorreação de Mantoux, cutirreação de V. Pirquet). Não tem valor diagnóstico
algum nem sequer prognóstico em adultos, pois é positiva tanto na tuberculose ativa como na latente, e
somente indica contágio e infecção tuberculosa — ainda que tenha sido subclínica — em algum momento de
sua vida anterior. E ainda nestes casos pode tornar-se negativa em desnutridos nas três primeiras semanas da
primoinfecção (fase pré-alérgica) e nos estágios finais de uma tuberculose grave com anergia ou por motivo de
infecções intercorrentes agudas anergizantes (varicela, sarampo etc.).
Nas crianças, com menos de 5 anos, esta prova tem valor verdadeiro, e sua negatividade exclui a natureza
tuberculosa de um quadro suspeitado.
A prova deve ser lida em 48 horas e sua positividade, expressar-se em uma ou várias cruzes, de acordo com a
intensidade e a extensão da reação local (eritema, pápula e até necrose). Atualmente, em vez de tuberculina
antiga de Koch, costuma ser utilizado um derivado protéico purificado ("PPD"), porém, neste caso, a leitura
deve ser feita em 72 horas e é melhor expressá-la em milímetros.

Reação de Middlebrook Dubos. Consiste na aglutinação das hemácias de carneiro sensibilizadas com
tuberculina, pelo soro de doentes tuberculosos. A opinião geral atribui pouca especificidade a esta prova e uma
grande variabilidade de observações seriadas (Soriano, Trujols, Vintró).

Hemocultura. Requer meios especiais e sua repetição uma e outra vez. Ainda assim, resulta positiva em
menos de 10% dos casos. Não costuma ser realizada na atualidade.

Tuberculose Miliar
Hemograma. É pouco característico, já que pode surgir leucocitose neutrófila em alguns casos e em outros
leucopenia. Nestes últimos, a fórmula leucocitária mostra, no início, linfocitose relativa e, logo, uma linfopenia
cada vez mais acentuada. Os eosinófilos diminuem, porém não costumam desaparecer (diferentemente da
tifóidea).

Anemia discreta, geralmente.

Tularemia
Hemograma. Nos primeiros dias costuma existir leucopenia; logo aparece leucocitose moderada.

Cultura. Do exsudato de úlceras ou da punção ganglionar com isolamento da Francisella (antes Pasteurella)
tularensis.

Hemocultura, geralmente de resultado tardio, pelo crescimento lento, e que deve ser repetida antes de
assegurar-se sua negatividade.

Intradermorreação, que demora até quatro dias em surgir; as reações inespecíficas e as devidas a infecção
superada são abundantes.
Soroaglutinação. Constitui o método auxiliar de maior valor diagnóstico. É positiva a partir da primeira
semana, porém deve ser levada em consideração a "aglutinação cruzada" existente entre os soros de
brucelosos e tularenses, porque ambas devem ser realizadas nos casos duvidosos, para saber diante de qual se
verifica título maior.
A vantagem dessa técnica é a precocidade — já na primeira semana — de seus resultados.

Índice opsônico positivo ao microrganismo específico.

Inoculação em cobaia do exsudato lesional, para realizar imediatamente culturas.

Critério clínico. A soroaglutinação é o recurso mais seguro pela constância e precocidade de seus resultados
para confirmar o diagnóstico clínico nessa doença.

Varicela
Hemograma. Variável nos diferentes casos. Geralmente, valor normal de leucócitos ou leve leucopenia relativa
com linfócitos, e freqüentemente monocitose e presença de células plasmáticas. Então lembra o "hemograma
matizado" (Schilling), próprio da mononucleose infecciosa.

Reação de Paul (lesões específicas na córnea do coelho). Resulta negativa na varicela, diferentemente do que
sucede na varíola.

Inoculação no testículo do coelho com exsudato das vesículas. Provoca uma lesão que contém os "corpúsculos
elementares".

Critério clínico. Não costuma ser necessário recorrer ao laboratório para o diagnóstico da doença.

Varíola
Hemograma. Variável, porém em geral inicialmente leucopenia, que se acompanha de leucocitose intensa,
com neutrofilia e desvio à esquerda acentuado no período supurativo. Logo, ao romperem-se as pústulas,
monócitos e aparecimento de células plasmáticas reticulares, bem como algum mielócito.

Mielograma. Medula rica em mielócitos e células plasmáticas e do retículo.

Prova de Paul. Consiste na inoculação da córnea do coelho com pus do doente. Nas 48 horas aparecem
pequenos nódulos característicos. Além disso, neles pode investigar-se a presença dos corpúsculos típicos de
Guarnieri.

Reação de desvio do complemento. Realiza-se com soro do doente varioloso, utilizando como antígeno o
exsudato da erupção suspeitada, e permite o diagnóstico precoce.

Cultura do vírus na corioalantóide do embrião de frango. Não tem interesse clínico prático.

Urina. Proteinúria febril simples, porém podem ocorrer complicaçõs nefríticas com hematúria.

Critério clínico. Não se deve confiar no laboratório para um diagnóstico clínico, já que geralmente a
sintomatologia e a anamnese são suficientes. Em caso necessário pode recorrer-se à reação de Paul.

Yersinose Pseudotuberculosa e Enterocolítica (adenite


mesentérica, "enterite")
Sorologia. Reações de aglutinação hemoaglutinação positivas em títulos altos (não são significativos os
inferiores a 1:160).

Fezes. Leucocitose fecal em formas enteríticas ulceradas.

Histologia de adenite mesentérica. Infiltração reticulogranulocítica, com ou sem abscessos.

Critério clínico. Diferenciar de apendicite, síndrome de Reiter, febre reumática (pelo eritema nodoso com ou
sem poliartrite que pode simulá-la), salmonelose ou brucelose (aglutinações positivas falsas em yersiniose).

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