Trabalho em Rede - Desafios Da Atenção Psicossocial
Trabalho em Rede - Desafios Da Atenção Psicossocial
Trabalho em Rede - Desafios Da Atenção Psicossocial
RIBEIRÃO PRETO
2016
ANDRÉA CRISTINA ALVES
Ribeirão Preto
2016
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a vocês que sempre me fizeram acreditar na realização dos
meus sonhos e trabalharam muito para que eu pudesse realizá-los.... meus pais,
Maria José e Osmar;
A você Fred, companheiro no amor, na vida e nos sonhos, que sempre me apoiou
nas horas difíceis e compartilhou comigo as alegrias;
Ao meu pequeno Arthur, que mesmo não entendendo, colaborou muito para que
este sonho se concretizasse.
AGRADECIMENTOS
À MINHA MÃE e MEU PAI, por me apoiarem e serem à base da minha formação
como pessoa.
À MEU PEQUENO ARTHUR por colaborar tanto para que esse sonho se
concretizasse.
AO IFSULDEMINAS pelo apoio dado neste momento tão importante para minha
qualificação enquanto docente.
À MINHA ORIENTADORA, Profª Drª Silvia, meu agradecimento carinhoso por todos
os momentos de paciência, compreensão e competência.
Enfim, a todos aqueles que de uma maneira ou de outra contribuíram para que este
percurso pudesse ser percorrido.
RESUMO
Trata-se de estudo que teve como objetivo geral analisar o papel dos CAPS e seus
desafios enquanto articulador da rede de atenção psicossocial considerando a
assistência ao portador de sofrimento mental do município de Janaúba/MG, à luz
dos enfermeiros. Foi realizado com seis enfermeiros que atuam nos serviços que
compõe a Rede de Saúde Mental. Em pesquisa com abordagem qualitativa utilizou-
se de entrevista semiestruturada para coleta e análise das informações. A ética
permeou todo processo da pesquisa, conforme a Resolução 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde, com autorização sob nº 1.385.481. Da análise das informações
emergiram sete categorias que puderam desvelar como os enfermeiros que atuam
na Atenção Psicossocial têm lidado com os desafios ao assistir a pessoa com
sofrimento psíquico. Conclui-se, a partir dos resultados encontrados, não existir uma
Rede efetiva no município onde ocorreu a investigação, o que evidencia uma
necessidade de articulação entre gestores, profissionais e usuários buscando
discutir os obstáculos deparados na rede de saúde municipal, nos âmbitos da Saúde
Mental e na Saúde, como um todo. Acredita-se que tais ações permitirão aos atores
sociais visualizarem os nós críticos dessa rede e elaborarem estratégias para
assegurar a continuidade do cuidado dos sujeitos que são atendidos.
It is about a study whose general objective was to analyze the role of CAPS 's and its
challenges as articulator of psychosocial care network considering the assistance to
people with mental distress in the county of Janaúba-MG, in the light of nurses. It
was performed with six nurses that work in the mental Health Network. In a research
with qualitative aproach was used a semi-structured interview for collection and
analysis of information. Ethics permeated throughout all the research process,
according to Resolution 466/12 of the National Council of Health, under authorization
number 1.385.481. From the analysis of health information seven categories could
reveal how nurses who work in Psychosocial Care have dealt with the challenges to
watch people with psychological distress. The study concludes that there is an
effective network in the city where the research took place, which highlights a need
for coordination between managers, professionals and users seeking to discuss the
obstacles encountered in the municipal health network, in the areas of mental health
and health as a whole. It is believed that such actions will allow stakeholders to
visualize the critical nodes of this network and develop strategies to ensure the
continuity of care of individuals who are served .
APRESENTAÇÃO
Com essas experiências foi possível observar que a Rede de Saúde Mental
do município de Janaúba trabalhava pautada na nova forma de atuar em saúde
mental priorizando o resgate do sujeito portador de sofrimento psíquico para ser o
ator principal no processo do seu tratamento.
Na prática do município de Janaúba os militantes de Saúde Mental trabalham
sem medir esforços para a construção de um novo espaço para o sujeito com
transtorno mental e, com isso, outros serviços foram contemplados para fortalecer a
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) como o CAPSi em 2007; o CAPS ad III em
fase de implantação; Consultório na Rua e UAi (Unidade de Acolhimento infanto-
juvenil) desde de 2011; leitos de retaguarda psiquiátricos em Hospital Geral em fase
de implantação, situação que participei ativamente junto à Equipe de Saúde Mental
para consolidação destes dispositivos.
De 2007 até os dias atuais um trabalho inovador tem sido feito pela RAPS,
que é um trabalho em rede enquanto um conjunto de serviços, atravessados por
fluxos de pessoas e informações, onde são propostos, com os diversos segmentos
do município e microrregião da Serra Geral, as discussões de casos clínicos,
construção coletiva de casos clínicos e estudos com Supervisor Clínico Institucional
quanto a nova proposta da Política Nacional de Saúde de Saúde Mental, buscando
consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária, garantindo a livre
circulação do sujeito com transtornos mentais pelos serviços, pela comunidade e
pela cidade.
Em 2013 encerrei minhas atividades no município de Janaúba, devido à
aprovação em um concurso público no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia no município de Passos no sul de Minas. Desde então continuo inserida
na militância da Saúde Mental tanto no âmbito nacional como no município que
resido, onde ministro estágios aos alunos do Curso Técnico em Enfermagem do
IFSULDEMINAS - campus Passos e tenho projetos de extensão e pesquisa com
interface na Saúde Mental. Também trabalho como um apoio ao CAPSII na parte de
estudos clínicos e didáticos voltado para os profissionais que atuam neste serviço,
contexto em que discutimos muito as políticas da Saúde Mental no cenário atual e a
importância de um trabalho articulado em Rede.
Dentro desta proposta, a RAPS estabelece pontos de atenção para o
atendimento ao portador de sofrimento mental e sua reinserção social, e a partir
deste movimento de trabalho em rede - que é uma proposta desafiadora para os
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
conferidos um poder estático e sim móvel, como nos discussões de casos clínicos
onde diversos segmentos estão envolvidos com o caso, pois o trabalho em rede
deverá percorrer os diferentes dispositivos que compõem a rede de assistência, para
que ocorra a transformação que a reforma psiquiátrica preconiza e, nesse sentido,
requer que coloquem, em questão, as diretrizes e estruturas já formuladas para a
compreensão da atenção à saúde mental pelo viés da atuação em rede de serviços
e da construção de uma rede social de cuidados.
No estudo aqui proposto houve o momento da análise da estrutura dos
dispositivos que compõem a rede. Contudo, o objetivo maior concentrou-se no
funcionamento concreto destes serviços, e quais os desafios deles nesta nova
política da saúde mental e atenção psicossocial e a inserção do CAPS nesta rede de
cuidados como articulador.
Visou também, constatar que as contradições podem ser um ponto
desestimulador ou de desapontamento para alguns, porém, para outros, pode ser
um movimento para novas práticas. Vivenciar que alguns acontecimentos do
cotidiano não correspondem aos princípios da Reforma Psiquiátrica, e que isso pode
gerar a insatisfação e descrença.
Outro fator preponderante deste estudo foi estimular a rede de assistência à
práticas inovadoras e, para tanto, será preciso apontar as discrepâncias, em busca
de correções. Intenta-se possibilitar a identificação de algumas formas e recursos
indispensáveis para o trabalho em rede, e a inserção do CAPS como articulador
desta rede.
1.2 HIPÓTESE
matriciamento e os leitos em hospital geral podem dar suporte às ações dos CAPS,
direcionando para os outros, ações conjuntas de rede propriamente intersetorial.
Desta forma, a implantação do CAPS no município de Janaúba/MG efetivou-
se no dia 23 de junho de 2003, como local de acolhimento ao portador de sofrimento
mental, e desde sua implantação busca a promoção da rede em saúde mental com
os outros dispositivos do SUS. Confronta incertezas, ao assumir uma posição
delicada entre a desinstitucionalização e a reinserção social, tão complexa em se
tratando da saúde mental.
Nesse caminho, no ano de 2007, o CAPS efetivamente iniciou um trabalho
com os dispositivos da rede, despertando para a importância deste, e trazendo
inúmeras reflexões com relação às questões da rede e aos desdobramentos que a
ação intersetorial pode acarretar para determinado caso, levantando uma reflexão
acerca das possibilidades que cada dispositivo pode oferecer para a comunidade.
Nesta pesquisa busca-se entender se o CAPS representa um determinante
na articulação e na construção do trabalho em rede, como os dispositivos enxergam
este trabalho e se as políticas de saúde mental estão inseridas nesta rede de
assistência, sob a ótica dos profissionais enfermeiros enquanto atores sociais para
este trabalho.
Após essa observação e levantamento, o estudo pretende contribuir para o
processo de aprendizagem no trabalho em rede dentro da proposta de atenção
psicossocial, com o intuito de melhorar a assistência prestada ao sujeito com
sofrimento psíquico.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Geral
1.3.2 Específicos
2 REVISÃO DA LITERATURA
A loucura tem a definição de desrazão, que é entendida como tudo aquilo que
uma sociedade enxerga como sendo seu “outro”: o estranho, o que traz ameaça, o
que é diferente. Essa dimensão pode ser observada em várias épocas e, inclusive,
pode ser compreendida como fundamental nas diversas formações histórico-sociais.
Entretanto, apesar desse lugar de exclusão sempre ter existido, nem sempre coube
ao louco a tarefa de apresentar a desrazão (JÚNIOR, 1987).
Nos primórdios, por mais que soe estranho na atualidade, pode-se afirmar
que experienciar a desrazão não era algo negativo, muito menos uma patologia.
Pelo contrário, o louco gozava de certo privilégio, pois a loucura era na sua essência
algo divino, e inclusive, utilizavam a mesma palavra para designar divinatório como o
delirante. Por meio dos delírios, alguns possuídos pelos dons divinos teriam acesso
as verdades divinas (BRAGA, 2005).
Na Grécia Antiga a loucura era concebida como uma divindade de Zeus, ou
seja, o homem era um objeto que estaria a serviço dos deuses, e o papel do homem
seria de objeto inerte. A loucura seria então um recurso da divindade para que seus
projetos ou caprichos não fossem contrastados pela vontade dos homens (SILVA,
2010).
Na antiguidade pré-socrática não havia dúvida, pois toda loucura era de Zeus,
de outros deuses ou entidades subordinadas, de diferentes níveis hierárquicos. A
causa da loucura era marcadamente, de ordem mitológica (SILVA, 2010).
Nesse período a loucura teve um lugar para ser expressa, não sendo
necessário fiscalizá-la ou restringi-la, pois ela era convertida pela cultura em um
instrumento necessário para que fossem compreendidas as mensagens divinas, não
acarretava estigma e não havia necessidade de cura, pois não era considerada uma
doença. Aos meros mortais restava apenas rogar aos deuses, quando ainda
restasse consciência para isso (JUNIOR, 1987).
22
A partir desta nomeação orgânica da loucura, esta passou a ser tratada como
uma patologia tendo prescritos tratamentos através de uma dieta balanceada e
mudanças de hábitos, para que ocorresse o equilíbrio dos humores que poderiam
ser incitados ou rebaixados devido aos cuidados realizados. Estes tipos de
tratamentos eram aconselhados por magos, mas neste caso a cura era designada
aos deuses. Uma das grandes complicações encontradas por Hipócrates foi
desmistificar esses tratamentos trazendo-os exclusivamente para área médica, por
serem, até então realizados como rituais sacros (OLIVEIRA, 2002).
Neste contexto, Resende (2002) descreve o caráter agressivo das técnicas
terapêuticas implementadas nesta época, reafirmando que os tratamentos
destinavam-se a livrar os enfermos dos seus maus humores, em alguns casos
sangravam os sujeitos enfermos até o ponto de levá-los a uma síncope ou
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purgando-os várias vezes até que seus intestinos nada mais saíssem senão água
rala e muco.
Já Platão, entendia que a alma superior, racional, o logo, morava na cabeça,
mais precisamente no cérebro. As outras duas almas do homem, inferiores tinham
por sede o coração e as vísceras. O filósofo considerava essas três almas como três
partes da psyche, ou da mente. Qualquer dessaranjo das acomodações específicas
de cada uma dessas partes seria a conturbação mental, a loucura (PESSOTTI,
1994).
Uma teoria que alterou a anatomia de Platão foi defendida por Aristóteles.
Nas ideias aristotélicas as duas partes da alma, a racional e a irracional, residiam no
coração e não o cérebro. E evidenciava que o encéfalo não tem qualquer
participação nas sensações. Para Aristóteles essa alma vive de calor vital, quanto
mais ela esquenta, melhor seu funcionamento. Assim as mudanças na intensidade
do frio e do valor explicariam todas as formas da loucura (PESSOTTI, 1994).
Com exceção de Aristóteles, todos os autores pós-hipocrático entendem que
a loucura resulta do dessaranjo humoral, ainda quando as mudanças nesses fluidos
do organismo ou em sua distribuição possam resultar de fatos traumáticos da vida
emotiva ou de ausência sexual.
No segundo século da era Cristã, o afamado médico Galeno, retoma e
aperfeiçoa a teoria platônica das três almas, ao qual se deve a franca tentativa de
junção num todo consentâneo de diversos sistemas e teorizações a respeito da
doença mental, assim como o desenvolvimento da farmacopeia. Ele fazia uma clara
distinção entre a loucura e os delírios devido a outras afecções, sendo essa uma das
maiores contribuições do seu pensamento. De igual modo, se devem aos romanos
importantes criações nos métodos de tratamento dos doentes mentais, entre as
quais a prescrição de dietas especiais, fisioterapia, ludoterapia e formas diversas de
atividades de grupos (SANTOS, 2001).
Como síntese, podem-se demarcar três modelos de manifestação da loucura
na Antiguidade. Um modelo mitológico, um psicológico e um organicista, que se
diferem conforme as diretrizes epistemológicas adotadas na elaboração das
concepções. Não se estruturam com três ideias diferentes, apenas como três pontos
de partida para o entendimento de um mesmo fenômeno. No desenrolar da história
há teorias diferentes que utilizam esses mesmos requisitos: o sobrenatural, como
nas ciências demonistas da Idade Média, o psiquismo como na psicanálise e o
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Até o século XVII a loucura tinha uma imagem representada como algo
místico, desconhecido, considerada como um lugar imaginário da passagem entre a
vida e a morte. Ao mesmo tempo, convivia-se com o chamado nau dos loucos,
navios que carregavam loucos para outras cidades em busca da razão. Quando
eram acolhidos e mantidos pelas outras cidades, eram levados para a prisão, outros
eram chicoteados publicamente e enxotados. A partir desse século, passou-se a
definir a loucura através de uma separação vertical entre a razão e desrazão: ela
constitui, portanto, não mais como aquela zona indeterminada que daria acesso às
forças do desconhecido, mas como o Outro da razão segundo o discurso da própria
razão (JÚNIOR, 1987).
O século XVII foi marcado pelo surgimento dos primeiros movimentos que
sugeriam um novo propósito político que reduzisse o absolutismo dos reis e a
implantação de um novo modelo econômico: o mercantilismo. Nesse século
começaram a serem encarcerados todos os improdutivos, assim a repressão
predominantemente religiosa, passou a ter caráter econômico.
A exclusão se dá à ordem da burguesia em edificação, à relação do homem
com o trabalho, ao comércio e à necessidade de um novo controle social. São
criadas em toda a Europa, instituições de internação denominados hospitais gerais,
sendo levados todos aqueles que comprometiam esta nova ordem, como: os
marginais, pervertidos, miseráveis e dentre eles os loucos (FOUCAULT, 1978).
Nessa época inicia uma marcha para abordagem científica da alienação e do
descontrole emocional. Como afirma Foucault (1978):
A experiência clássica da loucura nasce. A grande ameaça surgida
no horizonte do século XV se atenua, os poderes inquietantes que
habitavam a pintura de Bosch perderam sua violência. Algumas
formas subsistem agora transparentes e dóceis, formando um cortejo
da razão. A loucura deixou de ser, nos confins do mundo, do homem
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modelo epistemológico das ciências naturais, ainda não havia sido possível construir
(AMARANTE, 2007).
Outros acontecimentos importantes aconteceram nesta época e repercutiram
na Europa Ocidental, principalmente na França, onde as ideias liberais e libertadoras
passaram a se estabelecer como discurso. A Revolução Francesa tornou-se um
símbolo de transformação profunda na humanidade, e significou a derrubada do
Estado Absolutista e do poder do clero, o advento da burguesia e inaugurou os
ideais de liberdade, igualdade e fraternidade (AMARANTE, 2003).
As casas de internação passaram a ser colocadas em questão, posto a
averiguação de que elas não tinham resolutividade quanto aos problemas de
desemprego e pobreza. O internamento foi julgado, principalmente no âmbito
econômico, pois não cobria a mão de obra necessária para o processo de
industrialização. Dessa forma o desemprego vai se separando das sanções morais e
a carência passa a ser visualizada como fenômeno econômico: o pobre como força
de trabalho torna-se importante para a riqueza do Estado (JÚNIOR, 1987).
Esse movimento amotinador trouxe a necessidade de transformar as
fundações sociais e aqueles pacientes que podiam produzir seriam inseridos no
mercado de trabalho. É nesse contexto que o jovem médico Philippe Pinel é
indicado para reformar um hospital em Paris, o Hospital de Bicêtre. Assim, se inicia o
processo da reforma do espaço hospitalar: o surgimento do hospital psiquiátrico
(AMARANTE, 2003).
Com isso, institui como designação para alienação que é a vivência daquele
sujeito que está fora de si e do real. O alienado é o que tem alterada a sua
casualidade de juízo. Através do conceito alienação o modo de contato da
sociedade para com a loucura passa a ser profundamente intercalado por uma
ciência que, num primeiro momento, Philippe Pinel conceitua como alienismo.
No contexto posterior a Revolução Francesa, em que Pinel dá início à
mudança no Hospital de Bicêtre em 1793, a construção do conceito alienismo
propicia a conservação do internamento do louco. Isso ocorre na medida em que a
internação deixa de ter natureza humanitária ou jurídico-política, tal qual o
absolutismo, e passa a ter traço de tratamento (AMARANTE, 2001).
Para Pinel, o sujeito alienado seria o que se deixa ver por paixões artificiais,
afastado da verdade materializada. Os impulsos subjetivos decidiriam o
comportamento do sujeito e ele tornaria-se cercado pela fantasia, pelas ilusões,
pelas idéias alteradas, ora agressivos e perigosos, ora indiferentes e irresponsáveis.
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Nesses locais, os doentes mentais eram deixados nos porões deletérios e, aqueles
inquietos e em surtos agudos, eram amarrados em troncos e surrados pelos guardas
(BASTOS, 2007).
Em 1808, quando a corte portuguesa chegou ao Rio de Janeiro, o Brasil
passou a ser um reino unido, o que representou um marco na história do Brasil. Em
decorrência da urbanização das grandes cidades os problemas sanitários ficaram
comprovados. Um deles estava relacionado aos doentes mentais, que por serem
considerados inúteis na zona rural, tornavam-se perceptíveis e perturbadores do
meio urbano (MIRANDA-SÁ, 2007).
Com esse cenário o Brasil é o primeiro país da América Latina a fundar um
grandioso manicômio com bases nos pilares do alienismo francês. Em 18/07/1841,
foi promulgado o decreto nº82, que dizia que o Hospício Dom Pedro II seria
inaugurado para tratamento de pessoas com alienismo mental. Essa instituição foi
criada em1852, no Rio de Janeiro como nome de Hospício Dom Pedro II e,
renomeado mais tarde, Hospício Nacional dos Alienados. Ele manteve os moldes do
modelo asilar e abrigava pessoas consideradas desviantes, regidos sob a proteção
das mais diversas intervenções e arbitrariedades. Essa instituição por anos foi
dirigida por uma instituição religiosa e, em 1887 passou a ser uma instituição médica
(STOCKINGER, 2007).
O médico generalista era responsável por toda gestão e prescrição
terapêutica. Os modos de coerção e repressão poderiam ser usados quando
considerados necessários, indispensáveis ou convenientes para impor aos doentes
mentais à obediência. Dentre eles ressaltavam-se: privação de visitas, passeios e
outros recreios; redução de alimentos; isolamento; camisas de força; banhos e
emborcação. Esses meios só seriam usados na presença do médico, todavia,
quando não estavam presentes se houvesse a necessidade o enfermeiro poderia
empregá-los. Quanto à alta hospitalar, o Decreto nº1077/52 dizia que ela só seria
destinada aos sujeitos admitidos gratuitamente somente quando houvesse a cura
completa. Entretanto os pensionistas, qualquer que fosse o seu estado mental,
poderiam receber alta após a quitação do tratamento (GUIMARÃES, 2011).
Dessa maneira, essa diretriz legal comprovou que, conforme os improdutivos
sociais, a discrepância no tratamento predominava dentro do espaço psiquiátrico. No
entanto nada certifica que está diferenciação se manifestasse no ato terapêutico.
Distintos, os alienados eram igualados no que se diz respeito à forma de tratamento,
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mas a equidade ia muito, além disso, pois na situação em que o paciente recebia
alta, existia idiossincrasia para cada classe. O gratuito era mantido no hospício até
não apresentar risco algum para a sociedade e isso significou na história da
psiquiatria que o paciente permaneceria pelo resto de sua vida internado (MESSIAS,
2008).
Posteriormente, com fundamentos pautados no tratamento moral destinado
aos alienados, no qual as atividades laborais tinham um destaque, foram instituídas
no Brasil e no mundo várias instituições psiquiátricas, conhecidas como hospitais
colônias. As primeiras colônias brasileiras surgiram em 1890, após a proclamação
da república.
Com isso a prática psiquiátrica adota à aptidão laboral como fator de
separação entre os que eram normais e os que tinham uma doença mental. Isso é
muito característico no modelo proposto por Pinel onde os pacientes trabalhavam
para pagar os custos de seu tratamento. Em outros, hospitais, estas atividades
serviam como lazer e os pacientes pareciam mais tranquilos, levando-o a concluir o
valor terapêutico do trabalho (RESENDE, 2000).
Assim, no campo da assistência, Amarante (1994), refere que nesta época
são inauguradas as duas primeiras colônias de alienados no Brasil, que são também
as primeiras da América Latina. Elas destinavam-se ao tratamento dos alienados
carentes do sexo masculino. O trabalho passou a estar em uma função terapêutica,
já que o que caracterizava o modelo das colônias era fazer a comunidade e os
“loucos” se relacionarem de uma forma harmoniosa, em caso ou no trabalho.
Porém, um dos maiores obstáculos ao êxito do modelo das colônias se referia
ao fato de que sua localização tinha uma distância considerável daqueles que
procuravam, a muitos quilômetros, os hospitais colônias não tinham condições de
intervir na seleção das pessoas, sendo assim, a comunidade das colônias eram
encontradas, além dos pacientes que tinham histórico de internações psiquiátricas,
mulheres que perderam a virgindade, crianças órfãs, indigentes, que chegavam por
meio um político local ou delegado de polícia (RESENDE, 2000).
Além disso, a superlotação, os recursos humanos insuficientes, os maus
tratos e as condições físicas precárias, onde incriminações apontavam que as
colônias tinham as mesmas particularidades dos hospícios, reforçando a sua
característica social de exclusão do doente mental.
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2.2.1 A Reforma Psiquiátrica no conceito atual: por uma sociedade sem manicômios
frequentam, não pensando apenas nos que tem formação na área psiquiátrica, pois
nos CAPS encontram-se profissionais ligados a música, artistas plásticos, artesãos,
dentre outras, para trabalhar as habilidades do paciente-dia fazendo com que o
mesmo estabilize a partir da escuta, oficinas terapêuticas, atendimento
individualizado, e tantas outras atividades que estes serviços possam oferecer, não
pautando sua estabilização apenas nos psicofármacos administrados (AMARANTE,
2007).
De acordo com Brasil (2004) os serviços de Atenção Psicossocial são
definidos como:
Serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde
(SUS). O CAPS é um lugar de referência e tratamento para as
pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses
graves e demais quadros, cuja severidade ou persistência num
dispositivo de cuidados intensivo, comunitário, personalizado e
promotor de vida (p.13).
Dentro de sua área adscrita, os CAPS têm por objetivo oferecer o cuidado à
comunidade, realizando o acompanhamento clínico, reabilitação psicossocial e
reinserção social dos sujeitos pelo acesso ao trabalho, lazer, exercícios dos seus
direitos civis e o resgate dos laços afetivos que, em alguns casos, encontram-se
fragilizados pelo processo do adoecimento mental. Foi criado para substituir as
internações psiquiátricas (AMANCIO, 2012).
Em vista disso, estabelece a reabilitação psicossocial que pauta o cuidado na
singularidade a subjetividade do sujeito em sofrimento mental. A interdisciplinaridade
é primordial neste modo de atenção visando não mais à fragmentação, mas o
cuidado na perspectiva da atenção biopsicossocial, cultural, espiritual. Dessa forma,
novos olhares, novas práticas e saberes precisam estar conduzidos à pessoa em
sofrimento psíquico fora do ambiente hospitalar. A “loucura” passa a ser
argumentada fora dos muros e grades, ou seja, no seu espaço territorial, dentro do
seu festim social; o “louco” passa a ser visto como cidadão, sendo este o maior
objetivo da luta antimanicomial (COSTA-ROSA, 2000).
O atendimento em serviços pautados na atenção psicossocial, como o CAPS,
é importante para que os usuários não necessitem de internações em hospitais
psiquiátricos, já que este recurso hospitalização deve aparecer como o último
recurso terapêutico na abordagem ao sujeito, privilegiando-se a atenção em serviços
ambulatoriais, inseridos na comunidade dos usuários. Outro ponto importantíssimo
neste novo modelo de atendimento em Saúde Mental é a importância do convívio
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esses aspectos dentro do projeto terapêutico singular de cada sujeito inserido com
paciente-dia dentro do CAPS, respeitando o ritmo e a decisão do sujeito (MINAS
GERAIS, 2007).
Todo trabalho desempenhado no CAPS é pautado no Projeto Terapêutico
Singular (PTS) que pode ser definido como uma proposta de cuidado que articula
um conjunto de ações resultantes da discussão e da construção coletiva de uma
equipe multidisciplinar e leva e conta as necessidades, as expectativas, as crenças e
o contexto social da pessoa ou do coletivo para o qual está dirigido. A noção de
singularidade advém da especificidade irreprodutível da situação sobre a qual o PTS
atua, relacionada ao problema de uma determinada pessoa, uma família, um grupo
ou um coletivo (BRASIL, 2013).
Como tal este projeto terapêutico não se constrói com objetivos pré-
estabelecidos, pois é necessária uma reconstrução diária o enpoderamento
constante da história de vida de cada um. É centrado no sujeito, e traz a tona as
diferentes facetas de cada sujeito, de suas relações com os entes, sociais com a
vizinhança onde reside, sua subjetividade, a questão do trabalho, habitação. Enfim
trato de um movimento, que não se limita apenas ao espaço físico da instituição,
mas deve acontecer também, e, sobretudo, nos espaços de vida, de circulação e de
sociabilidade dos sujeitos (AMARANTE, 2005).
Neste sentido, os serviços voltados para Atenção Psicossocial deverão
trabalhar dentro da proposta que hoje rege as políticas de saúde mental. Devem
assumir uma função social que vai além do fazer meramente técnico do tratar, o que
inclui ações como acolher, escutar, cuidar, possibilitar ações emancipatórias,
encarar os estigmas e determinismos e melhorar a qualidade de vida das pessoas,
tendo-as como seres integrais com direito à plena participação e inclusão em sua
comunidade, partindo de uma rede de cuidados que leve em conta as singularidades
de cada um e as construções que cada sujeito faz a partir de suas condições
(BRASIL, 2014).
Um ponto importante que é fundamental para o desenrolar do trabalho na
atenção psicossocial, trata-se do trabalho em rede e da intersetorialidade, pois o
conceito de rede não se delimita apenas à rede, regionalizada e hierarquizada, do
sistema de saúde. Remete às redes intersetoriais que oferecem contingência de
atuação com diversos atores e setores, tanto das políticas públicas como da
sociedade em geral. Essa realidade foi possível devido à discussão com o advento
49
mais ativo na articulação da atenção básica com a saúde mental, atuando como
ordenador da rede de cuidados (BEZERRA, 2008).
A proposta da rede de atenção aos sujeitos com sofrimento mental é que ela
seja constituída de dispositivos que ultrapassem a organização dos serviços de
saúde e contemplem uma articulação de recursos afetivos, sociais, econômicos,
culturais e entre outros. Sendo assim uma rede de atenção constituída neste modelo
deve ser organizada a partir de um conjunto de pessoas que se interliguem,
possibilitando assim um cuidado integral, de forma a abarcar toda a complexidade
que a demanda apresentar (FARIA, 2009).
Dentro desta mesma proposta a efetividade do processo de cuidado se dá a
partir da corresponsabilização entre equipe e usuário, incorporando também a
família, a comunidade e as ações intersetoriais articuladas no contexto
sociocomunitário. O distinto deste dispositivo terapêutico se pauta no
compartilhamento de situações vividas e na pactuação integrada das resoluções
(PINTO, 2012).
À medida que todos se envolvem a responsabilidade para a melhoria das
condições de vida, seja individual ou coletiva, os resultados são alcançados de
modo mais resolutivo. Os familiares e usuários dispõem de iniciativas mútuas
juntamente com a equipe que favorecem ao cuidado integral e o acesso ao serviço
de saúde. No entanto, o envolvimento partilhado exige a efetiva participação do
usuário em seu processo de restabelecimento do equilíbrio (PINTO, 2012).
Desta forma, os serviços de atenção psicossocial devem sair de sua área
física delimitada e buscar na sociedade e serviços parcerias para ampliação dos
recursos existentes. Buscar articulação com todos os dispositivos e métodos de
atenção psicossocial, isto é, com a Rede de Atenção Psicossocial tanto os inseridos
na Saúde Mental, quanto os inseridos na rede básica de saúde e também os
serviços do âmbito das políticas públicas em geral. As políticas da Atenção
Psicossocial devem se estruturar dentro de uma proposta que haja vários locais de
encontro, de trajetórias de cooperação, de simultaneidade de atividades e atores
sociais engajados (AMARANTE, 2007).
Ademais, as estratégias de reabilitação psicossocial buscam promover ações
para fortalecimento do protagonismo de usuários e familiares da RAPS e outras
iniciativas fundamentais para a garantia de efetiva participação social e de acesso
aos direitos, como o acesso à cultura e à educação.
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doença e a entender que existem formas complementares de lidar com ela que,
associadas aos medicamentos, podem propiciar mais qualidade de vida e
autonomia, e o resgate da cidadania destes sujeitos.
Os enfermeiros que atuam nos serviços substitutivos da Saúde Mental
precisam estar inseridos dentro das propostas que rege as diretrizes da Rede de
Atenção Psicossocial, que é a conjunção de diversos segmentos no território na
direção da inclusão econômica, social e civil dos sujeitos com sofrimento mental;
orientada tanto para o tratamento, quanto para promoção e prevenção.
mesmo período foi realizada a reforma do espaço físico, onde funcionava a Unidade
Básica de Saúde Mental (Centro de Saúde de Janaúba).
Em 14 de junho de 2003, já instalado o Centro de Atenção Psicossocial,
iniciaram-se os primeiros atendimentos como CAPS I, sendo sua equipe
interdisciplinar composta por: 01 médico psiquiatra, 01 psicólogo, 01 assistente
social, 02 técnicos de enfermagem, 02 monitores de oficina, 01 recepcionista, 01
auxiliar administrativa, 02 serviçais, 01 farmacêutica e três meses depois, 01
enfermeira. Era uma equipe reduzida, mas trabalhava unida, não medindo esforços
no sentido de garantir melhorias da assistência e construir a nova rede de atenção
ao portador de sofrimento psíquico. Toda a equipe engajada nesta perspectiva
atendia em média de 10 a 15 usuários intensivos / mês (JANAÚBA, 2006).
Em 2004 a equipe foi ampliada com a contratação de mais 01 psicólogo, 02
monitores de oficina e mais 01 cozinheira. Até o final do ano haviam 1000 usuários
inscritos, uma média de 25 usuários intensivos. Normalizou também o faturamento
das APAC. Quanto à medicação do usuário, parte dela é enviada da GRS/MOC,
parte da farmácia popular e outros convênios com a Secretaria Municipal de Saúde,
que atende grande parte da demanda (JANAÚBA, 2006).
À medida do possível a equipe é capacitada, participando de cursos,
seminários e congressos, procurando estar inserida na rede, buscando parcerias,
inclusive procurando orientar e capacitar seus principais parceiros, as Unidades de
Saúde do PSF (JANAÚBA, 2006).
O CAPS sendo um serviço substitutivo aos hospitais psiquiátricos, aberto à
comunidade do Sistema Único de Saúde – SUS é um lugar de referência e
tratamento para as pessoas portadoras de Transtorno Mental Grave e Persistente
(psicose, neurose grave) que justifiquem cuidados especializados. Atende 25
usuários intensivos, 50 semi-intensivos e 90 não intensivos, através de atendimentos
individuais, grupos oficinas terapêuticas, terapia, medicamentosa, visitas
domiciliares, inserindo-os em atividades comunitárias e atendimento à família,
parceira importante no tratamento do usuário.
Atualmente existem aproximadamente 2388 usuários cadastrados,
sendo atendidos em média mensais, 28 usuários intensivos, 65 semi-intensivos e 90
ou mais usuários não intensivos. Os usuários que procuram o CAPS são atendidos
pelos técnicos de plantão, que fazem os acolhimentos e encaminhamentos
necessários de acordo com cada caso.
64
3 CASUÍSTICA E MÉTODO
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
trabalho variam de seis, oito e doze por trinta e seis horas, ou ainda, jornadas de
quatro dias de seis horas e um dia de doze horas, conforme o contrato de trabalho.
Ao serem questionados quanto à participação de algum treinamento
introdutório para estarem atuando nos dispositivos da Atenção Psicossocial, 04
(80%) disseram não ter participado e 20% (2) que tiveram capacitação para iniciar
suas atividades. Um dos entrevistados cita: “A enfermeira do serviço ministrou um
treinamento e capacitação”(Sujeito 1) e o outro aponta o seguinte: “estudo
introdutório para atuação no Consultório na Rua” (Sujeito 6).
Este dado se faz relevante, pois o conhecimento que o enfermeiro adquire
para sua prática profissional, em grande parte, diz respeito à reprodução dos
saberes vigentes no cotidiano manicomial com muitos poderes disciplinares e
amparados pelo discurso hegemônico do médico. Sabe-se que esse saber necessita
ser ampliado no novo contexto, pois o relacionamento terapêutico e a escuta
ampliada foram incluídos no cenário de suas atividades e o enfermeiro passa a ter
um papel reconhecido como agente terapêutico. Essa nova atribui condição é
resultante, especialmente, de sua possibilidade de interferir nas relações
interpessoais, de mudar favoravelmente o ambiente e de aconselhar as interações
em grupo (SILVEIRA, 2013).
No tocante à área de saúde mental, 5 (90%) dos enfermeiros referiram já
terem participado de encontros, simpósios, oficinas, entre outros, sobre a questão da
saúde mental. Em contrapartida, 1 (10%) mencionou nunca ter participado de evento
ou capacitação na área.
Ressalta-se a importância de qualificar os profissionais da Saúde Mental
continuamente, colocando em prática a educação permanente no âmbito das
políticas de Saúde Mental e a atuação do profissional enfermeiro dentro destes
dispositivos, com base na atenção psicossocial. Assim, é possível acompanharem a
mudança de paradigma da atenção à saúde mental, e possibilitar uma
aprendizagem significativa, aproximando da prática destes profissionais as
discussões e embasamento necessários para o cuidado à saúde mental.
No novo modelo do fazer em saúde mental, a estratégia de educação
permanente tem como desafio firmar a reforma psiquiátrica. Para o alcance deste
desafio, os clássicos programas de educação continuada, designados apenas a
informar os profissionais sobre recentes avanços em seu campo de conhecimento,
devem ser trocado por programas mais amplos de educação permanente que visem
80
A análise dos dados permitiu evidenciar que trabalhar na saúde mental, sob a
ótica do enfermeiro, classifica-se como um trabalho gratificante, e que todos têm um
carinho e um cuidado significativo pelos usuários que são atendidos nos dispositivos
da Atenção Psicossocial, como seguem nos trechos dos discursos dos participantes.
“Ué significa trabalhar na Saúde Mental é uma satisfação imensa estar
cuidando e tratando das pessoas que tem um transtorno mental.”(EV).
“Ué a gente vai fazer a escuta e vai ver quais as necessidades adequadas
para o seu tratamento adequado”. (E V).
“A gente vai fazer a escuta , vai reunir a equipe, discutir o caso, para a
melhor conduta”.(E V).
Desta forma, precisamos agir de forma contrária a esta que tanto se faz
presente nos serviços de Saúde Mental, onde consideramos e elegemos um
profissional apto a atender as manifestações apresentadas pelo sujeito. É
necessário refletirmos quanto à nova forma de fazer em Saúde Mental que é a
construção de um caso clínico, que vem para romper a lógica das discussões
clínicas, colocando o sujeito como principal responsável na direção de seu
tratamento (ANDRADE, 2005).
A construção do caso clínico implica em construir a história do sujeito,
partindo da vertente de que a equipe que o acompanha nada sabe a seu respeito. O
lugar que cada profissional se estabelece na relação com o sujeito é interpretado
pela própria equipe. A decisão de uma conduta não é tomada pela maioria; não se
trata de uma decisão democrática; a soberania da clínica passa a ser o saber do
sujeito - este é o saber focado na construção do caso clínico (ANDRADE, 2005).
86
“Me sensibilizo com muitos casos, mas percebo que com o cuidado
oferecido, o acolhimento da equipe, junto ao paciente, a satisfação de ver o
paciente evoluindo para uma melhora é muito gratificante”.(E I).
“Uma vez ao mês o supervisor clínico institucional vem fazer este estudo
com a gente o dia inteiro, co dezesseis municípios que é o estudo da
microrregião, e também tem os estudos de casos pra dar um
direcionamento a cada cliente.” (E VI).
REFERÊNCIAS
Janeiro. Revista da Escola de Saúde Mental, Rio de Janeiro, v. 1, n.1, p 63-69, dez
2008.
GOMES, P. J. F. Brincando com fogo: acervo do Santo Ofício como fonte (só) para
historiadores. In: MALERBA, J. (org.). A velha história: teoria e, método e
historiografia. Campinas: Papirus, 1996. p.153-169.
RESENDE, H. Política de Saúde Mental no Brasil: uma visão histórica. In: TUNDIS,
S. A.; COSTA, N. S. Cidadania e loucura. Política de Saúde Mental no Brasil. 6. ed.
Petrópolis: Vozes, 2000.
99
TAVARES, R. C. et. al. Olhares experiências de CAPS. Goiânia: Kelps, 2009. 29p.
APÊNDICE A
Eu,_________________________________RG.:________________________
Residente à Rua/Av._____________________________________________
____________________________________________________________concordo
em participar da pesquisa supracitada, após estar absolutamente esclarecido(a) dos
propósitos da mesma.
1- JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
2 - OBJETIVOS DA PESQUISA
2.1 GERAL
2.2 ESPECÍFICOS
3 – LOCAL DO ESTUDO
O presente estudo será realizado nos serviços de Saúde Mental do município
de Janaúba, que possui uma população estimada de 67.581 habitantes. Conta com
os seguintes serviços de Saúde Mental: CAPSII, CAPS i, UAi e CAPS ad, estes
compõem a rede de atenção psicossocial.
As atividades propostas serão realizadas nos próprios serviços de Saúde
Mental.
103
6 - OUTRAS INFORMAÇÕES
__________________________________________
Assinatura do participante
_______________________________
Profª Drª Silvia Sidnéia da Silva (Pesquisadora orientadora responsável)
RG: 20907158 CPF: 144427278-05 Email: sssilva@unaerp.br
_______________________________
Andrea Cristina Alves (Pesquisador)
RG: MG 11.579.476 CPF: 063.105.926-10 Email:andrea.alves@ifsuldeminas.edu.br
APÊNDICE B
7- Regime de Trabalho:
( ) 20h
( ) 30h
( ) 40h
10- Quando você ouve falar em RAPS, o que vem à sua mente? Cite três palavras:
_______________________________;__________________________;_________
_______________________
12- Qual o desafio que você considera ter que enfrentar como profissional articulador da
RAPS?
106
13- Ao receber um caso que você avalia e constata não ser para atendimento em Saúde
Mental, qual a sua conduta?
15- Ao se deparar com uma pessoa portadora de sofrimento mental em surto psicótico
agudo, em seu espaço de trabalho, qual é a sua conduta profissional?
16- Existe algum protocolo para direcionar o atendimento das necessidades de Saúde
Mental da população do município em que você trabalha?
APÊNDICE C
Ilmo Sr.
Dr. Gilson Urbano
Secretário da Saúde de Janaúba
Solicitamos junto a Vossa Senhoria a autorização para realizar um estudo que tem
como objetivo Analisar qual o papel dos CAPS e os seus desafios enquanto articulador da
rede de atenção psicossocial quanto à assistência ao portador de sofrimento mental do
município de Janaúba-MG, à luz dos profissionais de nível superior.
Trata-se de uma pesquisa baseada na participação dos profissionais de nível superior que
compõem a RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) sobre o tema TRABALHO EM REDE:
DESAFIOS DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL QUANTO A ASSISTÊNCIA AO PORTADOR
DE SOFRIMENTO MENTAL NO MUNICÍPIO DE JANAÚBA-MG, portanto, não ocorrerão
procedimentos invasivos ou potencialmente lesivos, direcionado a você ou a qualquer outro
individuo. No entanto, por tratar-se de informações pessoais e de caráter sigiloso, o
consentimento livre e esclarecido de cada um será necessário. Ao participante será
garantida a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento, e deixar de
participar do estudo sem qualquer prejuízo nesta instituição.
Diante da importância reservada às questões de pesquisa neste município, reiteramos
tal solicitação nos comprometendo a cumprir todas as questões éticas envolvidas na ação e
resultados.
Atenciosamente,
____________________________________________
Profª Drª Sílvia Sidnéia da Silva –
Pesquisadora responsável – orientadora
_______________________________________
Andréa Cristina Alves- Pesquisadora
108
APÊNDICE D
_______________________________________
Andréa Cristina Alves- Pesquisadora
109
APÊNDICE E
Ilma Srª
Profª Drª Luciana Rezende Alves Oliveira
Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da UNAERP
Universidade de Ribeirão Preto – Campus Ribeirão Preto
Atenciosamente,
_______________________________________
Profª Drª Sílvia Sidnéia da Silva – Pesquisadora Responsável
ANEXO 1
ANEXO 2