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PENTATEUCO

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1

2
GERSON PIRES DE ARAUJO

PENTATEUCO

SOBRAL – CE
2018
Revisado em 2020

3
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SUMÁRIO

Palavra do Professor autor, 7

Sobre o autor, 9

Ambientação, 10

Trocando ideias com os autores, 12

Problematização, 13

UNIDADE I - GÊNESIS ,17

• Conteúdo, 17
• Estudos dirigidos, 36
• A semana da criação, 36
• Dias literais ou tempos, 36
• Estudos do livro do Genesis, 36
• Introdução, 37
• O que diz o Livro do Genesis, 37
• Panorama, 37
• A teologia do Livro do Genesis, 37

UNIDADE II - ÊXODO E LEVÍTICO, 39

• Estudo do Livro de Êxodo, 39


• Classificação das leis, 46
• Estudos dirigidos por Hiperlinks, 50
• A Teologia do Livro de Êxodo, 50
• Estudos do Livro de Êxodo, 50
• Introdução ao Livro de Êxodo, 50
• O estudo do Livro de Levítico, 51
• Introdução o Livro de Levítico, 55
• Teologia do Livro de Levítico, 55
• Panorama do Livro de Levítico, 55

5
UNIDADE III - NÚMEROS E DEUTERONÔMIO, 68

• Segundo discurso, 71
• Terceiro discurso, 75
• Quarto discurso, 76
• Estudo dirigido por Hiperlínks, 78
• Introdução ao Livro de Deuteronômio, 78
• Panorama do Livro, 78
• Teologia do Livro, 78

Explicando melhor com a pesquisa, 79

Leitura Obrigatória, 80

Saiba mais, 80

Vendo com os olhos de ver, 81

Revisando, 84

Auto avaliação, 84

Bibliografia, 85

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PALAVRAS DO AUTOR

Prezado aluno,

Você tem em mãos uma apostila destinada a introduzi-lo ao estudo


do problema das origens da humanidade, que tanto atrai como excita a
inteligência do homem em sua sede de conhecimento e busca de um
propósito para sua existência no planeta, dando significado à vida que lhe
seja satisfatório e válido.

Estudando o Pentateuco você poderá saber como o homem veio à


existência, qual o propósito pelo qual foi criado, que condições lhe foram
determinadas para que cumprisse esse propósito, como o homem recebeu
esse plano de vida, a introdução do mal e suas consequências.

Poderá ainda conhecer como Deus relata o problema da existência,


e também o desenvolvimento e aumento da maldade quando ela ultrapassa
os limites pré-estabelecidos pelo Criador e como Ele revela Seu amor,
misericórdia e compaixão para resgatar o homem da situação de jazer na
miséria, dor, sofrimento e morte, causados pela desobediência aos ditames
perfeitos de Deus.

Finalmente você vai se familiarizar com a aplicação desse processo


de redenção do homem na história do povo hebreu como nação escolhida
por Deus para, através dela, alcançar toda família humana e como a nação
falhou em sua tarefa havendo Deus implantado uma nova estratégia para
cumprir seu propósito, exposto no Novo Testamento.

O Pentateuco, além de tornar conhecida a questão das origens


passa a expor a constituição da nação dos hebreus, ou povo de Israel, e
seu vaguear pelo deserto após o êxodo do Egito até chegar aos limites da
terra prometida em que seriam estabelecidos como nação organizada,
terminando com o relato da morte de seu líder que os conduzira até a

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fronteira de Canaã, a terra dos sonhos. Desse momento em diante a
história do povo hebreu continua no relato do primeiro dos livros históricos
desse povo, o livro de Josué.

O estudo desta disciplina, o Pentateuco, tem como objetivo


esclarecer ao aluno o problema das origens que tanto tem intrigado o ser
humano que procura encontrar sua própria gênese, em especulações da
mente, e faz isso de modo simples e claro.

Bom estudo.

8
Sobre o Autor
Gerson Pires de Araújo é pastor, professor, escritor
e capelão. Exercendo suas atividades como
educador por mais de meio século, especialmente
nas áreas de Filosofia e Psicologia. Destaca-se
também em outras atividades como tradutor,
palestrante, maestro e conselheiro matrimonial.
Bacharel em Teologia e Letras, licenciado em
Letras e Pedagogia, Mestre em Educação pela
Andrews University, USA, e pela Universid ade de
São Paulo (USP). É doutor em Liderança pela Andrews University,
tendo trabalhado no UNASP (Centro Universitário Adventistas de São
Paulo) por 37 anos. Atua na área de educação de jovens, procurando
proporcionar-lhes uma cosmovisão de acordo com a realidade
presente e preparando-os para um futuro mais promissor. Membro
fundador da Sociedade Criacionista Brasileira, também se dedica a
apresentar o criacionismo como a alternativa mais lógica e coerente
para explicar a origem da vida humana e do mundo.
Atualmente exerce suas atividades como capelão e professor nas
Faculdades INTA, em Sobral, Ceará.

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Ambientação

O Pentateuco (do grego penta - cinco) constitui a parte inicial das


Escrituras Sagradas, ou seja, a Bíblia, que é o livro fundamental de todas
as religiões chamadas cristãs, embora muitas delas não ensinem tudo o
que a Bíblia contém. A Bíblia está dividida em duas partes: o Antigo
Testamento e o Novo Testamento.

O Antigo Testamento se refere ao que foi escrito e aconteceu antes


que Jesus Cristo viesse a este mundo pessoalmente, e já o Novo
Testamento foi escrito depois que Cristo passou por sofrimento e morte na
cruz do Calvário, como creem os cristãos.

As Escrituras Sagradas, quanto ao tempo de sua produção, cobrem


um período de mais de 15 séculos e quanto a sua autoria, foi produzida por
cerca de 40 pessoas que foram escrevendo o que acontecia e o que esses
autores (profetas e apóstolos) recebiam de Deus em Suas revelações aos
homens, por meio desses enviados de Deus.

O Pentateuco abarca um período da história, que vai desde o início


em no planeta, por ocasião da criação até o final do relato da história do
Êxodo antes de entrarem em Canaã atravessando o rio Jordão, isto é,
desde cerca de 4000 a.C. até cerca de 1405 a.C. ou 1407 a.C.

Desse modo, a figura de uma pessoa chamada Jesus Cristo marca o


divisor de águas da história humana, e as Escrituras Sagradas são uma
exposição do que Deus, o Criador do Universo, pensa, sente, quer e faz,
como realiza isso ao se comunicar com esse ser inteligente que Ele criou,
capaz de compreendê-lo e com ele se comunicar, estabelecendo desse
modo um relacionamento pessoal, do Criador com Sua criatura.

À semelhança de uma criança que quer saber como ela veio ao


mundo, perguntando a seus pais, Deus, o Criador, revela através da Bíblia,
de uma maneira simples e linguagem concisa e clara, como se originou o
Universo, o nosso planeta e o homem, expondo quais eram as condições

10
materiais existentes ao ser criado, o homem. As condições da natureza do
homem são expressas em linguagem simples, mas compreensiva.

Apresenta, de igual modo, como entrou o mal em nosso planeta,


quais as consequências resultantes num processo de entropia, decadência
e degradação e como o Criador procura resolver o problema com que Ele
se deparou dentro de um plano pré-estabelecido e de condições dadas
pelo próprio Deus em Sua perfeição absoluta. Esse plano de
restabelecimento do homem para tornar a colocá-lo em sua perfeição
pristina anulando assim a degradação e decadência resultantes da
desobediência do homem, precisava assim ser coerente com a perfeição de
Deus e respeitando o livre arbítrio concedido ao homem no ato da criação.

O fundamento, o relato do início da história humana e como Deus


implantou Sua maneira de agir com o homem em seu estado inicial e pós
queda, encontramos nos primeiros 5 livros das Escrituras Sagradas, o
Pentateuco.

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Trocando ideias com os autores

O livro Merece Confiança o Antigo Testamento? É uma


leitura essencial voltada para aqueles que estão em
busca de um conhecimento maior da Palavra de Deus,
bem como estudantes de teologia, para estes, a obra
servirá como um livro didático. Trata-se de uma leitura
crítica, com ela você poderá levantar excelentes
discussões. A escolha do autor vincula-se a um ponto
de vista mais conservador, sob uma perspectiva ortodoxa. No entanto são
apresentadas, de forma imparcial, teorias distintas liberal.

O livro Conheça melhor o Antigo Testamento (Stanley


Ellisen), da Editora Vida, traz estudos para uma melhor
compreensão do Velho Testamento. Algumas perguntas
para você: Por que o livro de Deuteronômio foi
considerado o livro preferido de Cristo? O livro traz
esboços e gráficos de fácil compreensão para aqueles
que desejam aprender mais sobre o Velho Testamento.

Sugerimos que acesse o link do livro Introdução a


Leitura do Pentateuco para estudar o Pentateuco, o
autor serve-se do método histórico-crítico. Com esse
instrumento, descreve-o em sua forma canônica atual.
Percorre fontes, redações e autores a fim de saber dos
elementos que o compõem. Apresenta um resumo da
história da pesquisa, posiciona-se quanto aos
problemas referidos, propondo soluções. Situa a formação do livro pós-
exílio em seu quadro histórico e comenta sua relação com o Novo
Testamento.

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Problematização

O Pentateuco é o conjunto dos cinco primeiros livros atribuídos a


Moisés pela tradição. No entanto estudiosos modernos tem criticado, desde
Spinosa, a autoria do Pentateuco. Esse campo de estudo tem sido
comumente classificado de alta crítica. Uma das teorias mais bem aceitas
nesse ciclo de pesquisadores é a chamada teoria documental, onde se afirma
que o Pentateuco não foi escrito por um único autor, mas por alguns autores.
Ele é fruto de uma composição feita muito tardiamente. Teriam esses
pesquisadores razão? O que os teólogos conservadores têm a dizer a esse
respeito? É justa essa crítica? Qual a implicação para o estudo teológico caso
essas teorias estejam corretas: Há algum prejuízo para as doutrinas
fundamentais?

13
14
1
GÊNESIS

HABILIDADE

Saber interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de fazer
exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em ambiente
acadêmico acerca do tema.

CONHECIMENTO

Conhecer a introdução, data, autoria, estrutura dos livros, esboço,


conteúdo, e teologia dos livros.

ATITUDE
Exercer capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e
incorporá-la na sua práxis.

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1 CONTEÚDO DO LIVRO DE GÊNESIS

O primeiro livro desse conjunto de cinco, é chamado de Gênesis


(origem, começo, início, princípio) também denominado “Primeiro Livro de
Moisés”, indicando seu autor. Esse livro apresenta-nos a criação de um
ambiente apropriado para que o homem fosse formado e tivesse condições
de viver e realizar as atividades para as quais fora criado e pudesse
desenvolver um caráter ético, podendo manter estreita comunhão com
Deus, seu Autor.

O relato da criação

O primeiro capítulo do Gênesis relata a origem da organização de


nossa terra mediante a criação em seis dias do ambiente natural que
constitui o meio em que o homem foi inserido. Nenhuma preocupação se
nota em que o autor quisesse provar a existência de um Deus Criador. Isso
é assumido, pressuposto como algo certo, um fato assumido. O planeta,
aparentemente pelo relato, já existia como um astro sem forma e vazio e
em seis dias literais (formados de tarde e manhã) Deus, o Criador ordenou
o aparecimento da luz (primeiro dia) e fez separação entre dia e noite. No
segundo dia estabeleceu o ar atmosférico bem como a capacidade deste ar
conter água em estado gasoso a fim de que a vida fosse possível nesse
ambiente.

Prosseguindo, no terceiro dia Deus fez separação entre as águas e a


terra seca constituindo-se os mares e a porção de terra seca em que a
vegetação começou a medrar e todo o reino vegetal teve sua origem com
os milhares de espécies de plantas diferentes e com grande capacidade de
mutação. Estava assim providenciada a maneira de os animas e os homens
poderem ter seu sustento e nutrição.

No quarto dia foram estabelecidos os astros para que houvesse a


sucessão de tempo em dias e anos marcando a regularidade e sequência

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de fatos e acontecimentos bem como a sequência de tempo em que esses
fatos fossem inseridos.

No quinto dia a criação de seres viventes que povoassem os mares


ou os ambientes aquáticos bem como o ar atmosférico com as aves, peixes
e grandes animais marinhos e sua capacidade de reprodução a fim de
encherem esses ambientes de vida e constituindo-se de elementos que
fossem gerenciados pela coroa da criação a ser criada no dia seguinte.

No sexto dia Deus ainda criou os animais terrestres selvagens e os


domésticos que poderiam servir ao homem, todos de acordo com suas
respectivas espécies bem como répteis e outros animais que rastejam pela
terra. Então, para completar a obra da Criação, Deus criou um ser vivo que
tivesse atributos que fossem semelhantes aos atributos do Criador:
vontade própria, capacidade de inteligência que pudesse ter relação de
comunhão com Deus, entendesse os fatos da natureza bem como ter a
capacidade afetiva própria do Autor da natureza em suas emoções e seus
sentimentos.

Outra capacidade semelhante ao Criador foi a de reprodução assim


como Deus tem a capacidade de criar seres semelhantes a si mesmo,
dando-lhes as capacidades que Deus possui, também ao homem foi
concedida a capacidade de procriar produzindo seres semelhantes. É um
privilégio e uma responsabilidade, a da procriação. Para que isso fosse
possível Deus formou uma mulher a fim de que fosse companheira de
Adão. Criou Eva, constituída de capacidades semelhantes a Adão que,
através de um processo de conjugação de homem e mulher essa
procriação fosse possível. Criou o dimorfismo sexual pelo qual a
personalidade do ser humano se completaria.

Determinou Deus então a dieta pela qual o homem deveria manter a


sua vida: frutas, cereais, sementes e nozes. A conclusão a que o Criador
chegou e disse foi que estava tudo muito bom. Para concluir a obra da
semana da criação, Deus estabeleceu um dia para comemorar a fantástica
obra da criação: um dia de descanso. O Criador separou um dia de 24
17
horas em que o homem cessaria suas atividades diárias e dedicaria tempo
para a guarda desse dia, em que gozaria de um período para um
relacionamento com o Criador, regozijando-se nesse relacionamento. Além
de descansar nesse dia, o Criador o abençoou e santificou. Passa então
esse dia de descanso a ser uma bênção e dádiva divina ao homem a fim de
que, após seis dias de atividades a fim de buscar sua subsistência, a
criatura humana teria tempo para ter um descanso e gozar de comunhão
com Seu Criador (Gênesis1 e 2:1-3).

A criação do homem

O capítulo 2 do Livro Genesis irá detalhar mais a criação do homem e a


formação da mulher. Iniciaremos relatando que o homem foi formado do pó
da terra e recebeu de Deus o dom da vida e passou a se constituir um ser
vivente, sendo semelhante a Deus em sua personalidade global. Ao colocar
o homem no ambiente que havia preparado, deu também a este as regras
pelas quais o homem deveria se conduzir a fim de que soubesse usar de
maneira correta sua capacidade de livre arbítrio bem como deixou claro ao
homem quais seriam as consequências se este desobedecesse às ordens
divinas.

A mulher foi dada ao homem como uma adjutora ou ajudadora de


modo que o homem não precisaria labutar sozinho, mas com a mulher
formariam um par que seria o núcleo de uma nova unidade: o lar.

Também explica como Deus formou a mulher de uma parte do corpo


de Adão demonstrando assim a relação íntima do homem com a sua
esposa ao se constituírem na célula de um lar, estabelecendo assim essa
instituição que chega até nós hoje e a maneira de viverem de acordo com
os ditames divinos cumprindo como propósito para o qual foi estabelecido
o matrimônio. Um relacionamento de amor e respeito mútuo deveria se
caracterizar a relação do homem e sua mulher não havendo nenhuma
maldade nem malícia em sua relação.

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A entrada do pecado

A seguir o capítulo 3 do livro Genesis relata a maneira pela qual a


maldade entrou neste mundo e quais foram as consequências em que se
estabeleceu um processo de entropia ou decadência não só envolvendo o
homem, mas também o ambiente em que este se encontrava. Narra desta
maneira como foi que o diabo conseguiu enganar a Eva e por meio dela
levar Adão à desobediência às ordens divinas, acarretando o mal, a
maldição, a este planeta e seus habitantes: por meio da mediunidade
usando uma serpente e proferindo a primeira mentira, dizendo que o
homem não morreria. Os capítulos 4 e 5 relatam as consequências da
transgressão com o primeiro homicídio e posterior morte de todos os
descendentes de Adão, como que desmentindo a primeira mentira. Entre
as consequências da entrada do pecado relatam-se a perda da inocência,
medo de encontrar-se com Deus, surgimento da dor e doenças, a natureza
sofre as consequências da desobediência humana uma vez que essa
natureza estava sujeita ao homem, aparecimento de pragas e doenças na
agricultura. Finalmente também tiveram que sair do Jardim do Éden,
devendo sofrer para a produção de alimentos, e suportar a consequência
final: a morte.

A ideia de que o homem não morreria que foi apresentada pela


serpente (o diabo), alcançou a humanidade até os dias de hoje. Deus
dissera que não deveriam comer de uma árvore específica, chamada árvore
da ciência do bem e do mal, pois se comessem da árvore o fim deles seria
a morte, isto é, cessação da vida. O fôlego de vida que fora soprado por
Deus no homem tornando-o um “ser vivente”, ou “alma vivente”, seria
retirado e esse mesmo homem, criado à imagem e semelhança de Deus,
tornaria “pó da terra”. A morte, que é a cessação da vida, seria a
consequência final para o homem se esse comesse do fruto,
desobedecendo às ordens divinas.

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O relato do capítulo três nos narra “a queda”: o homem resolveu
desobedecer às ordens divinas e comeu do fruto proibido. Houve
consequências imediatas e uma consequência final, a morte.

O mal logo começou a proliferar e logo a geração seguinte, isto é, os


filhos de Adão sofreram as consequências do ato de seu pai: o assassinato
de um dos filhos, por seu irmão. O filho mais velho de Adão assassina seu
irmão porque este trouxe como oferta para Deus um animal do rebanho
como Deus ordenara e Caim, desobedecendo a Deus, trouxera do fruto da
terra como oferta, pois era lavrador e julgava que Deus aceitaria sua oferta.
Dessa maneira, Caim destruiu todo o significado da oferta de um
animalzinho e quando Deus não aceitou sua oferta, ele se encoleriza contra
seu irmão e o mata. Desde então o ser humano tem decaído em sua
conduta. Ainda hoje a vida humana está perdendo seu valor à vista do que
os homens valorizam de bens materiais, posição, honra, renome, fama,
posição social, etc.

O capítulo cinco enumera a vida dos que se seguiram como


patriarcas dos descendentes de Adão dizendo quantos anos de vida cada
um teve e terminando o relato com a expressão “tantos anos” e morreu”. O
final da vida de cada um foi: e morreu, exceto um deles que o relato diz:
Andou Enoque com Deus, e já não era, porque Deus o tomou para si”
Gênesis 5:24.

A maldade humana

O capítulo seis nos apresenta o que aconteceu com o mundo e seus


habitantes à medida que as gerações se sucediam. A maldade, isto é, a
desobediência aos reclamos divinos foi crescendo e se multiplicando de tal
maneira que Deus resolveu intervir na vida do planeta Terra. Diz o relato:
“Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e
que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então se
arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no
coração.

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O desenvolvimento e aumento da maldade foi de tal ordem que mais
ou menos 1650 anos após a criação, Deus resolveu intervir na história
humana destruindo o mundo de então com a catástrofe do dilúvio
universal, salvando apenas Noé e sua família. (Gênesis 6 – 9).

O aumento da maldade é descrito nas seguintes expressões: “a


maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era
continuamente mau todo desígnio do seu coração...” “ à terra estava
corrompida à vista de Deus, e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis
que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu
caminho...”

O dilúvio

Deus decidiu que havia chegado a ocasião em que deveria aplicar


seus juízos no mundo e que os homens ímpios deveriam sofrer as
consequências dessa maldade. Mas encontrou entre os seres humanos um
homem que era justo. Dele foi dito que: “Noé era homem justo e íntegro
entre os seus contemporâneos: Noé andava com Deus. ”

Continua o relato dizendo que Deus resolveu destruir o homem de


sobre a face do planeta salvando apenas Noé e sua família porque dele
nos é dito: “Noé, porém, achou graça diante do Senhor. Noé era homem
justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus”
(Gênesis 6:8,9).

A fim de salvar Noé e sua família, Deus ordenou que Noé


construísse uma arca ou um barco com o qual ele se salvaria e também
animais com que poderia povoar a terra após a catástrofe que Deus disse
que enviaria. O mundo seria destruído com água através de um dilúvio
universal. Dadas as instruções, Noé construiu a arca levando para isso
cerca de 120 anos durante os quais não só demonstrou sua fé em Deus
como também pregou e advertiu o mundo da época da destruição que viria.
Como ninguém mais, além de sua família, cresse na palavra de Noé, Deus

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enviou o dilúvio, salvando Noé e sua família na arca e destruindo os
homens e animais terrestres e aves bem como alguns répteis aquáticos.

O relato do dilúvio é-nos apresentado no seguinte modo: “No ano


seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia
romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus
se abriram, e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e
quarenta noites” (Gênesis 7:11, 12).

Na arca estavam Noé, sua família e os animais que haviam entrado


sendo preservadas a vida de cada um. Do dilúvio lemos: “Prevaleceram as
águas excessivamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que
havia debaixo do céu. Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas;
e os montes foram cobertos” (Gênesis 7:19, 20). “Tudo o que tinha fôlego
de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. Assim
foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra, o
homem e o animal, os répteis e as aves dos céus, foram extintos da terra;
ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca (Gênesis 7:22, 23).

Após o dilúvio Deus estabelece uma aliança com Noé ordenando que
ele continuasse a proliferar e encher a terra e que a terra não seria mais
destruída pela água e confirmou isso colocando no céu um arco íris como
demonstração ou confirmação dessa aliança e promessa.

Um fato que ocorreu com Noé posteriormente foi relatado no


capítulo nove de Genesis, em que este plantou uma vinha, fez vinho e
embebedou-se ficando nu dentro de sua tenda. Então, Cão, seu filho
caçula ficou observando a nudez do pai e contou a seus irmãos que
cobriram a nudez do pai que, ao saber o que seu filho mais moço fizera,
lançou uma maldição sobre ele.

Os descendentes de Noé e como estes se espalharam na terra


povoando outra vez o planeta é-nos descrito no capítulo 10 do Gênesis.

A torre de babel

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Outro fenômeno observado cuja origem é descrita nesse livro é a
diversidade de línguas em suas diferentes ramificações que foi
estabelecida por ação direta de Deus (Gênesis 10 - 11). Os homens
decidiram construir uma torre tão alta que não mais pudesse ser alcançada
por algum outro dilúvio e ficariam concentrados naquela região. Deus
então decidiu que iria intervir de modo a alterar a língua falada de modo
que não se entendessem mais e assim a construção da torre foi
descontinuada. Em virtude de haver ali a confusão das línguas que o lugar
passou a se chamar Babel, que quer dizer confusão.

Nota-se que os descendentes de Noé viveram bem menos do que os


ancestrais antediluvianos passando a viver pouco mais de duzentos anos.
Desde então a vida média humana tem diminuído, sendo raro hoje pessoas
que vivam mais de cem anos.

Então o livro se dedica a expor o plano de Deus de chamar um


homem de fé, Abraão, para que, através de seus descendentes se
formasse uma nação à qual seria revelado seu plano de salvação ao
mundo, constituindo seus representantes que seriam os instrumentos
através dos quais o conhecimento de Deus alcançaria todas as nações da
terra.

O chamado de Abraão

Dos capítulos doze em diante o livro de Gênesis passa a relatar a


história de como Deus chamou a Abrão, fazendo-lhe promessas de lhe
conceder descendência através da qual todas as nações da terra seriam
abençoadas. Por meio dessa nação que seria constituída a partir do
descendente de Abraão e que seria instalada na terra na qual Abrão
peregrinaria por anos. Deus pretendia que Seu nome fosse conhecido no
mundo bem como seu plano de salvação para os homens. Abrão peregrinou
pela terra de Canaã e como houvesse fome foi para o Egito onde havia
mantimento suficiente.

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No Egito Abrão teve uma experiência desagradável com Faraó que,
por causa de uma mentira de Abrão dizendo que Sara não era sua esposa,
mandou toma-la para ser sua esposa. Descoberta a verdade por causa de
pragas que sobrevieram a Faraó e o povo, este repreende a Abraão que sai
do Egito e volta para Canaã.

No capítulo treze do referido livro ocorre a experiência de que os


servos de Abraão e os de Ló, seu sobrinho, entram em conflito porque o
gado de ambos era tão numeroso que não havia lugar para ambos poderem
habitar na mesma área. Abrão propõe, para que não houvesse inimizade
entre ambos e seus servos, que se separassem dando oportunidade para o
sobrinho escolher para onde gostaria de ir com seu gado.

Ló procede e escolhe então aquilo que lhe parecia o melhor da terra,


portanto, dirigindo-se em direção a Sodoma que era uma cidade muito
ímpia e pecadora.

Depois da separação, Deus novamente fala a Abrão dizendo que


toda a terra que seu olhar poderia alcançar ser-lhe-ia dada por herança e a
sua descendência prometendo fazer dela uma grande nação. Abrão passa
então a percorrer a terra mudando suas tendas de um lugar a outro,
deixando em cada lugar por onde passava um altar construindo atestando
do verdadeiro Deus a quem ele servia.

Após estes acontecimentos houve guerra entre algumas cidades


daquela região e o rei de Sodoma e de Gomorra, e outras cidades foram
levados cativos, incluindo Ló e sua família que morava já dentro de
Sodoma. Avisado por um fugitivo de que seu sobrinho fora levado cativo,
Abrão tomou um grupo de homens, seus servos, e perseguiu os invasores e
de noite caíram sobre eles e os desbaratou conseguindo livrar os reféns
bem como seu sobrinho Ló.

Abrão se encontra com Melquisedeque que era sacerdote de Deus e


abençoa a Abraão bendizendo a Deus que entregara os adversários nas
mãos dele. Então Abrão dá ao sacerdote o dízimo de tudo o que conseguira

24
de despojo. A seguir Abrão se nega a ficar com qualquer coisa que o rei de
Sodoma queria lhe oferecer, mostrando o espírito desinteressado deste pai
da fé, como foi chamado.

A promessa

Do capítulo 15 do livro de Genesis em diante começa uma nova fase


na vida de Abrão em que Deus se revela a Abrão numa visão fazendo-lhe a
promessa de que ele seria pai e que sua esposa, sendo estéril, teria um
filho. Abrão pergunta a Deus como seria possível, uma vez que Sarai era
estéril? Em geral o mordomo é que herdaria os bens e Eliezer era o
mordomo de Abrão. Deus então promete que um filho gerado dele e de
Sarai seria seu herdeiro e através dele haveria descendência que se
tornaria em nação. É dito de Abrão: “Ele creu no Senhor, e isso lhe foi
imputado para justiça” (Gênesis 15:6). Deus então, estabelece uma aliança
com Abrão dizendo que sua descendência seria peregrina por quatrocentos
anos antes de vir habitar na terra que Deus lhe havia prometido.

Como o tempo passava e não chegava nenhum herdeiro, Sara teve


uma ideia para que tivessem um filho gerado por Abraão. Sarai apresenta
sua escrava egípcia Agar a Abrão para que, através da relação dele com a
escrava a patroa teria um filho para que Deus cumprisse a promessa.
Como Agar desprezava sua senhora por estar esperando um filho com
Abrão, Sarai passou a humilhar a serva e essa fugiu sendo depois enviada
de retorno por um anjo e teve seu filho quando Abrão contava com oitenta
e seis anos a quem ele deu o nome de Ismael.

Treze anos se passaram quando Deus novamente se manifesta a


Abrão e faz uma aliança com ele dizendo que ele seria pai e que Sarai seria
mãe. Não seria Ismael o filho em quem Deus cumpriria a promessa de que
Abrão teria uma grande nação, mas o filho de Sarai.

A aliança de Deus com Abrão consistia de um repto ou ordem em


que Abrão andasse na presença de Deus e fosse perfeito. Deus então

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prometeu a Abrão que ele seria pai de numerosa nação, e mudou-lhe o
nome de Abrão para Abraão, seria pai de numerosas nações, daria a sua
descendência a terra de Canaã como possessão perpétua. Como evidência
de que Abraão seria um filho de Deus e pai de nação, instituiu Deus o
cerimonial da circuncisão e também Sarai teria seu nome mudado para
Sarai, pois teria um filho aos noventa anos de idade. Todos os homens que
viviam com Abraão foram circuncidados e o filho que lhe nasceria de. Sarai
seria chamado Isaque.

Então novamente Deus se comunica com Abraão, mas agora


pessoalmente com mais dois anjos que lhe aparecem diante de sua tenda
e Abraão corre para receber os três hóspedes oferecendo-lhes
hospedagem, alimento e água para lavarem os pés e descansarem à
sombra das árvores. Estes visitantes aceitam a hospedagem de Abraão e
mais uma vez o Senhor faz a promessa de que Abraão e Sarai teriam um
filho. Como Sarai riu pois já era avançada em idade e impossível
humanamente falando de gerar filhos, o Senhor repreendeu Sarai dizendo
que para Deus não coisas difíceis nem impossíveis.

Deus então revela a Abraão seu plano de destruir Sodoma e


Gomorra, duas cidades ímpias e que o pecado já havia chegado ao limite
da tolerância divina. Abraão passa a interceder pelos justos que,
porventura, houvesse naquela cidade. Imaginava ele que, pelo menos Ló,
seu sobrinho e sua família e mais alguns fossem justos e não merecessem
ser destruídos com a cidade. Começando com cinquenta justos, Abraão
pergunta a Deus se Ele destruiria a cidade e não pouparia os justos. Deus
promete que não destruiria a cidade se houvesse cinquenta justos. Abraão,
receoso que talvez não houvesse cinquenta, baixou o número para
quarenta e cinco, depois para quarenta, trinta, vinte e finalmente para dez,
e Deus disse que não destruiria por amor aos dez. Abraão se deu por
satisfeito e o Senhor deixou Abraão e este voltou para sua tenda.

Os juízos sobre cidades ímpias


26
Entrementes os dois anjos chegam a Sodoma para destruir a cidade
e Ló que estava à entrada da cidade se dirige aos estranhos e insta para
que aceitem sua hospitalidade e faz-lhes um banquete e depois insta para
que aceitem pousada. Os homens daquela cidade, no entanto, vieram à
porta da casa de Ló e queriam abusar dos dois estranhos e diante da
negativa de Ló os habitantes de Sodoma decidem atacar a Ló que fechou a
porta de sua casa e como o povo quisesse arrombar a porta, os dois anjos
feriram de cegueira os atacantes de modo que não podiam encontrar a
porta. Então os anjos revelam a Ló a que haviam vindo e pediram que Ló
falasse a seus familiares, filhas e genros que viessem e saíssem da cidade
com Ló e suas duas filhas que ainda estavam em casa bem como sua
esposa. Riram de Ló e não acreditaram que isso pudesse acontecer com a
cidade.

Ao amanhecer os anjos instaram com Ló para que saísse da cidade


e como ele estivesse demorando, os anjos tomaram-lhe pela mão e a
esposa e duas filhas e tiraram da cidade dizendo que fugissem e não
olhassem para trás porque Deus destruiria a cidade com fogo. Ao saírem
da cidade e chegarem a uma cidadezinha próxima, desceu fogo dos céus e
consumiu as cidades de Sodoma e Gomorra. A esposa de Ló, ainda não
crendo no que acontecia, voltou-se para olhar para trás e tornou-se uma
estátua de sal.

Mais uma vez Deus demonstra Sua justiça com as ímpias cidades de
Sodoma e Gomorra enviando fogo do céu e subvertendo essas duas
cidades por causa dos pecados de seus habitantes.

Havendo fugido de Sodoma, Ló passa a habitar numa caverna com


as duas filhas, e estas para continuarem com descendência mantém
relação com o próprio pai e dão à luz a Moabe e a Bem-Ami que deram
origem aos moabitas e amonitas.

O Gênesis continua relatando a vida de Abraão em suas


peregrinações e como Deus continuou fazendo-lhe promessas de que se
tornaria uma grande nação para que fossem as testemunhas da verdade
27
promovendo a nação como representantes de Deus e Sua verdade neste
mundo. Tais promessas dependiam da fidelidade com que a nação
executasse os princípios expressos por Deus.

Aos cem anos de idade Abraão e Sarai com noventa anos, tiveram o
filho da promessa: Isaque. Seguindo a ordenação divina, aos oito dias de
nascido, Isaque foi circuncidado. Havendo dificuldades entre Ismael e
Isaque, Sarai diz a Abraão que despedisse o filho Ismael no que foi
também ordenado por Deus, uma vez que Isaque seria o pai da nação
prometida a Abraão. Agar então é despedida com seu filho. No entanto,
Deus não abandonou o rapaz mas fê-lo também pai de uma nação. O povo
árabe, hoje, é descendente de Ismael.

Abraão logo depois foi peregrinar na terra dos filisteus havendo feito
aliança com Abimeleque. Mediante o cumprimento da promessa de que
Abraão teria um filho mesmo em idade avançada, Isaque, já homem feito,
passa com seu pai pela experiência em que Deus prova Abraão ordenando-
lhe que sacrifique o filho em holocausto demonstrando fidelidade total ao
Deus que ele adorava por onde quer que passasse.

Prova da fé

Deus experimenta a fé de Abraão submetendo-o à maior prova de


sua vida: pede que Abraão sacrifique seu filho sobre um altar, em
holocausto ao Senhor. Abraão obedece e no momento extremo, quando
este levanta o braço para imolar o filho, Deus brada dos céus ordenando
que seu fiel servo não execute o ato uma vez que este já havia
demonstrado confiar inteiramente em Deus. Deus então mais uma vez
reitera sua promessa de abençoar a Abraão fazendo dele uma grande
nação e, através de sua descendência, todas as nações da terra seriam
abençoadas. Esta promessa seria cumprida séculos mais tarde com a vinda
do Messias prometido por Deus que morreria salvando o homem da
condenação e morte eterna.

28
Ao atingir a idade de cento e vinte e sete anos, Sarai faleceu em
Hebrom tendo Abraão sepultado sua esposa depois de comprar a sepultura
por quatrocentos síclos de prata, numa caverna.

Quando Isaque contava com quarenta anos, Abraão envia seu


mordomo à terra de seus pais para que este lhe traga uma esposa para
Isaque, seu filho, uma vez que não desejava que ele se casasse com
alguém que não fizesse parte dos adoradores do verdadeiro Deus.

Depois de uma longa viagem encontra à beira do poço do lugar, uma


jovem que se prontifica a dar-lhe de beber e também aos camelos. O servo
de Abraão conta ao pai e irmão da jovem a que viera e ela se dispõe a
acompanhar o homem para ser esposa de Isaque. Na viagem de volta, ao
se aproximarem da tenda de Abraão, encontram-se no campo e Isaque a
conduz para a tenda que era de Sarai e a aceita como sua esposa,
amando-a e sendo consolado depois da morte da mãe.

Abraão ainda casa com outra esposa após a morte de Sarai, tendo
vários filhos com ela e falece ao atingir a idade de cento e setenta e cinco
anos, e seus filhos Isaque e Ismael o sepultaram na sepultura em que
estava enterrado também Sarai.

Ismael teve doze filhos e faleceu com cento e trinta e sete anos,
dando origem a vários povos.

Como a esposa de Isaque era estéril, este orou pedindo a Deus que
lhe concedesse filhos; Rebeca concebeu e teve filhos gêmeos: Esaú e Jacó.
Deus predisse que o mais moço, Jacó, seria o que teria o direito da
primogenitura, recebendo assim a bênção do Senhor, aquele que daria
origem ao povo que Deus prometera a Abraão.

Os meninos cresceram e cada um deles era o preferido de um dos


pais: Esaú era preferido de Isaque e Jacó, da mãe. Certa ocasião, havendo
Jacó feito um cozinhado de lentilhas vermelhas, e Esaú, chegando do
campo, pede ao irmão um bocado daquelas lentilhas. Vendo nessa ocasião,
oportunidade de conseguir, com astúcia, o direito da primogenitura, propõe

29
ao irmão a compra desse direito pelo prato de lentilhas. Como Esaú
estivesse faminto e não dando muito valor à bênção da primogenitura,
aceitou a proposta do irmão, desprezando assim sua primogenitura.

Por haver fome em Canaã, Isaque vai à terra dos filisteus peregrinar
e, impedido por Deus de ir para o Egito, Isaque permanece entre os
filisteus e também faz aliança com Abimeleque, rei dos filisteus.

O relato Bíblico do Gênesis ainda expõe evidências sobrenaturais


indicando a direção divina na história da nação dos hebreus e mostrando
não só as virtudes, mas também os defeitos e ocasiões em que houve
falhas de caráter e como foram conduzidos num processo de
amadurecimento e consolidação de princípios morais.

Chegando a velhice, Isaque pede que seu filho Esaú preparasse um


guisado saboroso para que ele desse a bênção da primogenitura a Esaú,
mas mediante um estratagema e engano, Rebeca e Jacó enganam a Isaque
e este dá a bênção a Jacó. Quando Esaú soube do que acontecera, decidiu
matar a Jacó depois da morte de Isaque. Alertado por sua mãe, Jacó foge
para a terra de seus parentes também para buscar uma esposa para si. No
caminho para Padã-Arã teve um sonho em que via uma escada que tocava
o céu e anjos desciam e subiam pela escada e Deus se apresenta dizendo
que aquela terra toda seria dada a seus descendentes e repete a ele a
promessa que fizera a Abraão e a Isaque que pela descendência dele
seriam “abençoadas todas as famílias da terra” (Gênesis 28:14).

Jacó, então, ergue uma coluna e derramando azeite sobre a pedra,


fez um voto a Deus de ser fiel. Chegando a Harã, Jacó encontra seus
parentes e se apaixona por Raquel, sua prima, filha de Labão e propõe
casamento. Recebe como resposta que deveria trabalhar por sete anos
para recebe-la como esposa. Depois de sete anos de trabalho, em vez de
lhe darem Raquel, recebe como esposa a Lia, a irmã mais velha. Trabalha
então mais sete anos pela amada e, com as duas esposas, recebe ainda
mais duas servas que, também, lhe foram por esposas.

30
O patriarca Jacó

Na história de Jacó pode-se observar a maneira pela qual Deus


conduziu este patriarca em sua vida para dar início a este povo
preconizado por Deus e que seria o povo peculiar de Deus.

Jacó passa um tempo de sua vida em Harã onde constituiu família


com quatro esposas, tendo com elas 12 filhos, cuja descendência foi o
núcleo da nação hebraica ou israelita. Sua vida de altos e baixos, pecados
e arrependimentos, em que buscava a bênção divina mas sofria as
consequências de seus erros é relatado pelas Escrituras de uma maneira
imparcial, mas mostrando a maneira pela qual Deus conduzia a vida deste
patriarca no sentido de cumprir com Seu plano de estabelecer uma nação
que fosse a depositária das verdades divinas.

A narração da vida desta família numerosa a partir de 4 esposas e


consequentes dissenções entre as esposas e os filhos demonstram que era
uma família comum (no oriente próximo), com suas formas de
comportamento que se pode observar ainda hoje, contudo, tendo uma
direção em que buscavam as bênçãos divinas, para consequentemente
receberem a promessa divina de se tornarem uma grande nação.

Durante o tempo em que esteve com seu sogro, Jacó tornou-se


proprietário de grande rebanho de gado o que causou a Labão uma
mudança de consideração por Jacó. Decidiu Jacó a voltar para a terra de
seu pai e continuar a peregrinação por Canaã. Saindo sem que seu sogro
soubesse, fugiu com tudo o que lhe pertencia incluindo suas esposas e
filhos. Sabendo Labão, saiu ao encalço do genro e havendo-o alcançado
estava disposto a causar problema quando Deus lhe diz em sonhos que
não dissesse nem bem nem mal a Jacó. Fazem então aliança e Labão volta
para sua terra e Jacó continua seu caminho para a terra de Canaã.

Quando Esaú soube que Jacó voltava para a terra de Canaã, saiu
para se encontrar com o irmão em companhia de quatrocentos homens,
disposto a se vingar do engano que seu irmão lhe causara. Jacó então se

31
angustia e à noite, se encontra com um homem e, pensando ser um inimigo
ou enviado do irmão, luta incansavelmente até que, em dado momento, o
homem revela seu poder sobrenatural e Jacó percebe que estivera lutando
contra Deus e apegando-se ao estranho pede uma bênção. Deus, então,
muda o nome de Jacó (enganador) para Israel (vencedor) e lhe concede a
bênção.

Acontece então, o encontro entre Jacó e seu irmão Esaú, num clima
de paz e tranquilidade, uma vez que Deus dirigia a vida de Jacó. Ao chegar
a Canaã, Jacó se estabelece em Siquém onde houve um incidente com os
siquemitas. Siquém, filho de Hamor, vendo a Diná, uma filha de Jacó, se
afeiçoa a ela e a possui pedindo posteriormente que a concedam como sua
esposa, mas dois irmãos, filhos de Jacó, se vingam do ultraje, matando os
homens daquela cidade, trazendo opróbrio à família de Jacó.

Deus ordena então a Jacó que vá habitar em Betel, e ali ele ergueu
um altar, fez uma purificação entre os membros da família, ordenando que
tirassem todos os deuses que, porventura, tivessem, e renovando sua
relação com Deus e Este lhe apareceu dando-lhe uma bênção e renovando
a promessa de que seriam uma grande nação.

A seguir, Raquel ainda tem mais um filho a que chamaram de


Benjamim, mas ela morreu na ocasião do parto. Jacó então se dirige para
Hebrom onde se encontra com seu pai, Isaque que morre aos cento e
oitenta anos, sendo sepultado por Esaú e Jacó.

O livro ainda apresenta os descendentes de Esaú mostrando que


também eles deram origem a um povo que fez parte dos habitantes do
oriente próximo.

José no Egito

Pela direção de Deus, um dos filhos de Jacó, José, que era protegido
por seu pai e odiado pelos irmãos, teve dois sonhos que tinham um
significado predizendo o futuro da família no sentido de que iriam depender
da ação deste filho para a salvação ou sobrevivência da família. Ao ouvirem

32
sobre o sonho, seus irmãos ainda mais o odiaram e para se vingarem dele,
venderam-no para ismaelitas como escravo os quais o venderam no Egito.
José, como escravo, serve na casa de Potifar, comandante da guarda de
faraó e por se manter puro e casto, acusado injustamente pela esposa de
Potifar, que queria ter relação sexual com ele tendo ele se negado a fazê-lo
e fugido do local, José acaba sendo preso e por um tempo permaneceu na
prisão até que, por providência divina, ele é conduzido a ser o vice-
governador do Egito para que resolvesse o problema da seca que se
abateria sobre o Egito pela previsão e provisão de alimentos para a nação.

Esse fato aconteceu quando faraó teve dois sonhos e, ficando


perturbado e inquieto quanto ao significado dos sonhos, seu copeiro se
lembra de que José já havia interpretado um sonho que ele tivera enquanto
na prisão; ao conta-lo a faraó, este manda buscar a José que, dizendo que
Deus é que pode predizer o futuro e dando a Ele a honra, pôde interpretar
os dois sonhos a faraó e aconselhou ao rei o que deveria fazer para
enfrentar a situação de seca.

Reconhecendo a capacidade de José e por providência divina, faraó


nomeia José como vice-governador do Egito dando-lhe amplos poderes
para executar o que ele havia recomendado a faraó. Desse modo, José
coloca em execução um plano pelo qual armazenou suficiente quantidade
de alimentos nos anos de fartura e quando se abateu o tempo de seca e
fome José forneceu alimento para os egípcios e praticamente conquistou
para faraó todo o Egito.

Como a seca e fome também afetaram a Palestina, os irmãos de


José se dirigiram para o Egito em busca de alimento dependendo assim da
ação de José para a sobrevivência da família.

Ao chegarem ao Egito, José reconhece seus irmãos, mas estes não o


reconheceram. Usando de um estratagema, José ameaça seus irmãos que
se humilham diante dele fazendo-o lembrar dos dois sonhos que tivera
relacionados à preponderância e domínio que ele exerceria sobre seus
irmãos. Quando da segunda vez que chegaram ao Egito para comprar
33
alimento, ameaçando-os, para provar-lhes, José então se revela a seus
irmãos e ordena-lhes que venham morar no Egito. José ordena a seus
irmãos que voltem a Canaã e tragam toda a família de seu pais, seus
irmãos e suas famílias pois ainda haveria cinco anos de fome, segundo o
sonho de faraó.

Por revelação de Deus a Jacó, este desce ao Egito com toda sua
casa, cerca de setenta pessoas e vivem no Egito cumprindo-se a profecia
que Deus fizera a Abraão que sua descendência seria peregrina antes de
se estabelecer como nação em Canaã.

Durante o restante de sua vida, Jacó permaneceu no Egito até sua


morte aos 147 anos. Antes da morte, Jacó reúne seus filhos, dá-lhes a
bênção paterna e lhes faz jurar que o sepultariam na terra de Canaã, uma
vez que Deus havia lhes prometido aquela terra.

Após a morte de Jacó, receosos de que José agora se vingaria de


seus irmãos, pedem eles perdão a José que lhes afirma que, embora eles
tivessem intentado o mal contra ele, Deus havia transformado em bênção
para que pudessem continuar em vida apesar da seca e fome,
demonstrando a seus irmãos sua magnanimidade e bondade.

Finalmente, o relato do primeiro livro da Bíblia termina com o relato


da morte de José aos cento e dez anos, não antes de fazer seus irmãos
jurarem que não deixariam seus ossos no Egito quando voltassem para a
terra de Canaã, quando Deus cumprisse Sua promessa de dar-lhes aquela
terra como herança.

34
ESTUDOS DIRIGIDOS POR HIPERLINKS

Estudaremos alguns artigos que fazem parte integrante do conteúdo desse


capítulo. Para entendimento complementar do capítulo estudado faz
necessário a leitura dos hiperlinks abaixo.

A SEMANA DA CRIAÇÃO: OS CINCO PRIMEIROS DIAS DA


CRIAÇÃO. FRANK LEWIS MARSH
Ph. D. em Biologia pela Universidade de Nebraska, foi um dos fundadores
do Geoscience Research Institute. Residia em Berrien Springs, Michigan
até seu falecimento em 1992. Este artigo corresponde ao capítulo 13 do
seu livro “Estudos sobre Criacionismo”, página 194 a 217, edição sem data,
da Casa Publicadora Brasileira, Santo André, S. P.

http://www.revistacriacionista.org.br/artigos/FC52_Asemana.asp

DIAS LITERAIS OU PERÍODOS DE TEMPO FIGURADOS?


Gerhard F. Hasel

A natureza do relato da criação com os seus seis “dias” (Gênesis 1:5-31)


seguidos do “sétimo dia” (Gênesis 2:2-3) é de interesse especial, porque
costumeiramente esse período é entendido como significando o curto lapso
de uma semana literal. Com base na moderna teoria da evolução natural,
tem sido questionado esse curto intervalo de tempo apresentado no relato
bíblico da criação. Há um contraste entre o curto período de tempo do
relato da criação e as longas eras exigida pela evolução natural.

http://www.revistacriacionista.org.br/artigos/FC53_diasLiterais.asp

ESTUDOS DO LIVRO DE GÊNESIS


Quem Escreveu Gênesis?; Propósito do Livro de Gênesis; Valor Moral e
Espiritual; Por Que é Importante Estudar Gênesis?; Problemas do Estudo
de Gênesis.

35
https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/estudo-do-livro-de-
genesis.html

INTRODUÇÃO AO LIVRO DO GÊNESIS


https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/06/introducao-biblica-livro-
de-genesis.html

O QUE DIZ O LIVRO DE GÊNESIS?


https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/o-que-o-livro-de-genesis-
realmente-diz.html

PANORAMA DO LIVRO DE GÊNESIS


https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/panorama-do-livro-de-
genesis.html

TEOLOGIA DO LIVRO DO GÊNESIS.


https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/teologia-do-livro-de-genesis.html

36
2
ÊXODO E LEVÍTICO

HABILIDADE

Saber interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de fazer
exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminários em
ambiente acadêmicos acerca do tema.

CONHECIMENTO

Conhecer a introdução, data, autoria, estrutura dos livros, esboço,


conteúdo, e teologia dos livros.

ATITUDE
Exercer capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e
incorporá-la na sua práxis.

37
2.1 CONTEUDO DO LIVRO DE ÊXODO

O segundo livro de Moisés chamado Êxodo teve seu nome em


virtude do relato da “saída” do povo hebreu em direção à terra de Canaã,
atualmente a Palestina. Deus havia prometido a Abraão, pai da nação
hebreia que a nação se multiplicaria. Isso se deu pela presença dos filhos
de Jacó ou Israel, que haviam migrado de Canaã para o Egito em virtude da
seca que se abatera sobre o oriente próximo. Um dos filhos de Jacó, José,
se tornara governador do Egito como vimos no Gênesis, e ali no Egito o
povo se multiplicou. O relato do livro se inicia por ocasião da 18ª dinastia
(cerca de séc. XVI a.C.) em que os egípcios reassumiram o controle do
governo do Egito que havia sido governado pelos hicsos, portanto,
desconhecendo a José, (Êxodo 1:8). Na ocasião do Êxodo, (por volta de
1445 ou 1447 a.C.), o povo de Israel já contava com cerca de 2 a 3 milhões
de pessoas, pois haviam crescido e se fortalecido como um povo (Êxodo
1:7), dentro do Egito.

O relato inicial deste livro refere-se ao fato dos hebreus se tornarem


escravos dos egípcios que os afligiam com receio de que se tornassem
mais poderosos do que os próprios egípcios e assim se apoderassem do
controle do Egito. Desse modo faraó implantou uma escravidão impondo
um regime de trabalhos árduos, afligindo-os com tarefas penosas na
construção de cidades-celeiros (Êxodo 1:11).

Contudo, a despeito da escravidão e da ordem de faraó para que as


parteiras matassem as crianças nascidas dos hebreus que fossem
meninos, os hebreus cresciam e se fortaleciam em número. Os hebreus
então clamaram a Deus por livramento e Deus os ouviu. Por meio de um
estratagema a mãe de um garoto, Joquebede, conseguiu que a filha de
faraó adotasse o menino e este passou a morar no palácio e ser educado
em todo o conhecimento do Egito. Moisés, ao chegar à idade de 40 anos
pensou que poderia libertar seu povo, matando um egípcio, mas o plano
falhou e então teve que fugir para a terra de Midiã onde passou 40 anos
cuidando dos rebanhos de seu sogro.

38
Sofrendo muita opressão e maus tratos o povo de Israel clama e
geme a Deus que ouve o clamor e decide que era tempo de libertar Seu
povo da escravidão do Egito.

Então Deus se manifestou de um modo sobrenatural a Moisés, em


que um arbusto queimava e não se consumia; ordena-lhe que voltasse ao
Egito para tirar o Seu povo do sofrimento conforme promessa de Deus a
Abrão, Isaque e Jacó. Ordena então a Moisés que volte ao Egito e de lá tire
seu povo para conduzi-lo até a terra prometida. Diante da resistência de
Moisés que não queria aceitar a incumbência, Deus concede a ele poderes
e autoridade a fim de, com forte mão, tire o povo de Deus do Egito e os
leve até Canaã.

Como Moisés alega que não saberia mais falar a língua egípcia,
Deus nomeia Arão, irmão de Moisés que fosse seu porta voz diante de
faraó. Os dois apresentam-se diante do monarca e em nome de Deus pede
que faraó deixe o povo sair para adorar a Deus no deserto.

Diante do perigo de perder seus escravos, faraó se enfurece e


ordena que os capatazes fossem mais rigorosos, obrigando o povo a
trabalhar mais arduamente, rejeitando assim a ordem divina.

Como o trabalho do povo de Israel se tornasse mais pesado e difícil,


o povo de Israel então se volta contra Moisés e Arão, uma vez que, em
virtude de sua apresentação diante de faraó para deixar o povo sair, o rei
do Egito aumenta a aflição e sofrimento do povo.

Deus então promete que irá libertar Seu povo com mão forte e
muitas maravilhas, castigando faraó e a terra do Egito com pragas ou
catástrofes que se abateriam sobre a população egípcia e sobre faraó.

Novamente Moisés se apresenta diante de faraó e executa alguns


atos demonstrando poderes sobrenaturais dizendo ao monarca que
deixasse o povo sair do Egito. Faraó então endurece seu coração e nega a
saída do povo hebreu do Egito. Diante da negativa de faraó Deus ordena a
Moisés que ferisse as águas do rio Nilo com sua vara ou cajado e estas se

39
transformam em sangue. Diante do que aconteceu na realidade, também
os magos do Egito fizeram o mesmo e faraó endurece mais uma vez seu
coração e não deixa o povo sair.

Mais uma vez Moisés se dirige diante de faraó e lhe ordena que, se
não deixasse o povo sair, Deus enviaria a segunda praga. Esta seria em
que Deus enviaria à terra do Egito muitas rãs que invadiriam as casas,
aposentos reais, lagos, rios, e toda terra do Egito. Faraó então pede a
Moisés que rogue a Deus pedindo que as rãs fossem removidas da terra
ficando somente nos rios e lagos. Diante do pedido de Moisés a Deus, as
rãs foram retiradas e amontoadas mortas cheirando mal. Quando faraó viu
que as rãs haviam sido removidas, endureceu mais uma vez seu coração e
não deixou o povo ir.

Deus então ordena a Moisés que ferisse a terra com seu cajado e ao
fazê-lo o pó da terra se tornou em piolhos que invadiram todo o Egito nos
homens e no gado e como os magos não conseguissem fazer o mesmo
reconheceram que era o dedo de Deus nessa praga, mas faraó ainda não
permitiu ao povo sair endurecendo mais uma vez seu coração.

Novamente Deus ordena a Moisés que se apresente diante de faraó


e ordena que deixe o povo ir, pois se não o permitisse Deus enviaria ao
Egito moscas que encheriam as casas dos egípcios, dos oficias de faraó e
que as casas dos hebreus não sofreriam essa praga fazendo Deus
distinção entre os egípcios e Seu povo, Israel.

Quando faraó percebe que isso aconteceu mandou chamar a Moisés


dizendo: podem oferecer sacrifício a vosso Deus. Queria ele que ficassem
no Egito para oferecerem sacrifício, mas Moisés se nega dizendo que
precisavam ir caminho de três dias para chegarem ao lugar em que
deveriam sacrificar ao Senhor. Faraó então diz que poderiam ir conquanto
que não fossem muito longe e que orassem também por ele. Moisés alerta
faraó que não enganasse mais uma vez o povo de Israel e pede a Deus que
retire as moscas e quando essas saíram, faraó endurece seu coração e não
deixa o povo sair.
40
A quinta praga que sobreveio ao Egito foi a de pestes nos animais
resultando em morte dos rebanhos egípcios. Nem isso fez com que faraó
permitisse a saída do povo.

A sexta praga enviada foi ordenada por Deus em que Moisés


lançasse ao ar cinzas e essas se tornaram em úlceras, tumores nos
homens e nos animais e até os magos foram afetados pelas úlceras. Faraó
continuou com o coração endurecido.

Mais uma vez Deus ordena que Moisés se apresente diante de Faraó
e lhe diga que Deus havia poupado a faraó até então para que este
presenciasse o poder de Deus ao sofrerem as pragas. Moisés então se
apresenta a Faraó dizendo que no dia seguinte haveria uma chuva de
pedras sobre o Egito e que faraó mandasse recolher o gado e todos os
pertences do campo pois as pedras iriam destruir e matar tudo.

Os que acreditavam na palavra de Moisés recolheram seu gado, mas


os outros deixaram no campo e no dia seguinte Moisés estendeu a vara
para os céus e sobrevieram pedras, relâmpagos, raios e fogo como nunca
antes houvera no Egito matando os animais e destruindo as árvores no
campo. Então Faraó manda chamar a Moisés e reconhece: “Desta vez
pequei, o Senhor é justo, porém, eu e meu povo, ímpios. ” Prometeu então
que deixaria o povo ir. Moisés diz então que estenderia suas mãos a Deus
e que Ele faria cessar a saraiva. Quando Faraó viu que a chuva cessara,
mais uma vez endureceu o coração.

Deus mais uma vez ordena a Moisés que se apresente diante de


Faraó e pergunte até quando ele iria se recusar a se humilhar diante de
Deus. Moisés deveria ordenar: deixa ir o meu povo. Se não o fizesse Deus
enviaria gafanhotos que comeriam tudo o que havia ficado de resto das
pragas anteriores e encheriam as casas como nunca houvera antes no
Egito. Moisés então estendeu sua vara ao céu e sobreveio uma praga de
gafanhotos que encheu o Egito que a nuvem de gafanhotos escureceu o
céu e comeram tudo o que havia sobrado. Faraó mais uma vez chama a

41
Moisés e Arão e pede perdão e que Deus retirasse essa praga deles.
Moisés ora a Deus que atende e retira os gafanhotos.

Depois da praga dos gafanhotos, Deus ordena a Moisés que estenda


a sua mão para o céu e haveria trevas sobre a face da terra por três dias
em que não se poderia ver nada. Somente na terra de Gosen, onde
habitavam os filhos de Israel havia luz. Faraó chama mais uma vez a
Moisés e lhe diz que poderiam ir e servir ao Senhor. Deveriam deixar os
rebanhos, mas poderiam levar as crianças. Moisés então diz que não
ficaria nada no Egito e que todos sairiam com tudo o que tivessem. Então
Faraó ordena que Moisés se retirasse diante dele e que nunca mais
voltasse a ver sua face. Moisés então concorda e diz que não mais veria a
face do monarca.

Finalmente Deus diz a Moisés que enviaria mais uma última praga, e
com essa, Faraó deixaria o povo sair. O povo egípcio iria doar aos hebreus
o que eles pedissem para vê-los sair daquela terra. A última praga
consistiria na morte de todo o primogênito em toda a terra do Egito, desde
o filho de Faraó até o primogênito da mais humilde serva e de todos os
animais. Grande clamor haveria e reconheceriam a soberania e o poder de
Deus sobre o Egito e os egípcios.

Na noite em que essa praga deveria ser executada, Deus ordenou ao


povo de Israel que fizesse uma comemoração da libertação que resultaria
da morte dos primogênitos: a páscoa. O povo de Israel, a fim de que a
praga não os atingisse, deveria sacrificar um cordeiro e tomando de seu
sangue, deveriam passar o sangue nas ombreiras e verga da porta de suas
casas. Naquela noite deveriam comer do cordeiro assado, estando prontos
e preparados para a viagem. Um profundo significado foi atribuído a essa
cerimônia que representaria a libertação da escravidão do Egito e da
escravidão do pecado, na nova dispensação ou Novo Testamento.

Ao ver o sangue na porta o anjo destruidor que receberia o encargo


da morte dos primogênitos, passaria por alto da casa dos hebreus que
ficariam livres da morte de seus primogênitos. Quando Moisés e Arão
42
terminaram de dar as instruções ao povo, este se inclinou e adorou ao
Deus dos hebreus.

Naquela noite, ao se completar o período profetizado por Deus a


Abraão de quatrocentos e trinta anos, Deus feriu de morte os primogênitos
dos egípcios e Faraó, em meio da noite, chamou a Moisés e Arão e lhes
ordenou que saíssem do Egito e realizassem o plano de sair para adorar a
Deus como lhe havia mandado por Deus.

Deus ordena a Moisés que, a partir daquela data, cada ano deveriam
comemorar a páscoa para se lembrarem da libertação da escravatura do
Egito e que os pais contassem aos filhos a história da libertação. Também
Deus ordenou a Moisés que consagrasse todos os primogênitos ao Senhor.

Ao saírem do Egito, Deus os guiou pelo deserto aparecendo numa


nuvem durante o dia e uma coluna de fogo à noite, não deixando de guia-
los até quando mais tarde entraram na terra prometida.

Desse modo ao se completarem os anos previstos por Deus, por


meio de fatos sobrenaturais, (as dez pragas) o povo hebreu saiu do Egito
em direção à terra prometida por Deus, através de desertos e, durante 40
anos vaguearam pelo deserto até entrarem na Terra de Canaã por volta de
1405 ou 1407 a.C.

Mas muitos acontecimentos ocorreram durante esses 40 anos. Logo


após a saída de Israel, faraó se arrepende de deixar o povo ir, saiu atrás
deles com carros, cavalos e um exército o que fez com que o povo, quando
viram os exércitos de Faraó atrás deles, temesse e clamaram ao Senhor.
Moisés então, sob as ordens de Deus, diz ao povo que não temesse pois
Deus os livraria, se tão somente seguissem as instruções divinas.

Deus ordena que marchassem em direção ao mar Vermelho e


quando os pés do povo pisaram no mar, este se abriu e Israel passou em
seco pelo meio do mar, numa clara demonstração do poder de Deus. Ao
alcançarem o lado oposto, por uma ordem de Moisés que estendeu a mão

43
em direção ao mar, este se fechou, matando os egípcios que haviam
seguido a Israel procurando alcançá-los em perseguição.

Esta foi uma demonstração do poder de Deus sobre a natureza


demonstrando ao povo hebreu que o Deus a quem serviam era poderoso
para livrá-los e levar a termo a promessa de guia-los à terra prometida.

Moisés então celebra o livramento num cântico exaltando o poder


divino para a salvação de seu povo, numa bela página de poesia hebraica.
De modo semelhante, Miriam, a irmã de Moisés celebra em cântico a
libertação dos exércitos egípcios.

Dali em diante, diariamente Deus se manifestava em fenômenos


sobrenaturais providenciando água e alimento para o Seu povo no deserto,
fazendo águas amargas se tornarem doces, alimento enviado cada manhã
em forma de flocos brancos a que deram o nome de maná; fato este que
ocorreu durante os 40 anos de peregrinação no deserto até a entrada em
Canaã.

Ao chegarem a um local onde não havia água, o povo murmurou


contra Moisés e Deus ordena-lhe que ferisse a rocha e ela daria água para
o povo beber, o que Moisés fez e o povo teve água para beber.

A seguir o povo amalequita veio para combater a Israel e Deus


concedeu vitória sobre os inimigos numa demonstração de proteção a Seu
povo e poder sobre os adversários, demonstrando que, os que se
voltassem contra o povo de Deus, Deus os salvaria dos inimigos.

A certa altura da viagem, Jetro, sogro de Moisés veio trazendo-lhe a


esposa e os dois filhos e ao ver o genro durante o dia inteiro decidindo
problemas que havia entre o povo, deu-lhe o conselho de divisão do
trabalho e assim Moisés não ficaria exausto nem o povo cansado de
esperar por atendimento.

Ao chegarem diante do monte Sinai, e acamparem, Deus ordena a


Moisés que prepare o povo, pois receberiam demonstração da presença de
Deus que lhes daria Sua lei que deveria ser de parâmetro, de padrão de
44
conduta para o ser humano, não somente aos hebreus, mas toda a
humanidade.

Numa demonstração de poder e fenômenos visuais, Deus desce ao


monte e entrega a Moisés duas tábuas de pedra em que escrevera com
Seu dedo os mandamentos de Sua santa lei. Essa lei prescreve o dever de
cada ser humano para com Deus, seu Criador e para com o próximo, seu
semelhante. Os primeiros quatro mandamentos tratam da relação de Israel
para com Deus, e os seis restantes, de Israel com seu próximo. Enquanto
o povo de Israel obedecesse aos mandamentos, tudo lhe iria bem, mas se
desobedecessem, haveria consequências funestas e causadoras de
sofrimento.

Durante este período de 40 anos vagueando pelo deserto sob a


direção e ação de Deus por meios naturais e, sobretudo sobrenaturais, o
povo de Israel recebeu ordens divinas preparando-os a existirem como
nação. Para tanto, por meio da liderança de Moisés, que recebia instruções
diretamente de Deus, o povo de Israel foi organizado como nação.

Como em toda organização humana, para que possa existir e


alcançar os objetivos, há que se haver normas e regras que regulamentem
as ações dos homens. Leis e estatutos foram dados ao povo a fim de que
houvesse uma harmonia entre as pessoas, famílias, tribos e um
relacionamento com outros povos.

Classificação das leis

Podemos classificar essas leis ou mandamentos em 4 classes: leis


cerimoniais, leis sanitárias, leis civis e lei moral.

a) Leis cerimoniais - As leis cerimoniais foram dadas com o objetivo de


ensinar, implantar um sistema em que se valorizava a compreensão da
malignidade do pecado e a necessidade de se estabelecer uma relação de
dependência do cuidado de Deus para com Seu povo mediante uma série
de ritos e cerimônias que expressavam fé num plano que Deus elaborara
para salvar o povo dos pecados deles.

45
Esses ritos e cerimônias eram uma figura ou símbolo do plano de
salvação que Deus procurava estabelecer com Seu povo. O indivíduo que
pecasse e que sentisse arrependimento por seu mau feito, deveria
sacrificar um animal depois de confessar sua falta e mediante a aspersão
do sangue sobre o altar, o pecado seria, simbolicamente transferido para o
tabernáculo, lá permanecendo até o dia da expiação anual. Este seria
então um dia de juízo em que cada israelita fazia profunda análise de sua
vida anual pregressa verificando se não havia nenhum pecado do qual não
se arrependera, havendo ainda a oportunidade, nesse dia, de se arrepender
e pedir perdão trazendo um sacrifício pelo pecado.

A vida de um cidadão era centralizada em Deus e visualmente no


tabernáculo que abrigava a presença de Deus, no segundo compartimento
sobre a arca do concerto, que continha as duas tábuas de pedra, contendo
os mandamentos da santa lei de Deus, a lei moral.

Todas as cerimônias giravam em torno de Deus, Sua perfeita


vontade e Seu relacionamento com Seu povo. (Êxodo 19:5, 6).

b) Leis sanitárias - o segundo conjunto de leis referem-se ao cuidado com


a saúde do povo para que ficasse livre de males e doenças, sendo uma
nação que se contrastasse com outras que, em virtude de uma vida de
transgressão às leis que regulam o bom funcionamento do organismo,
sofriam de enfermidades que resultavam em decadência e morte.

Essas leis se referem às regulamentações sobre alimentação,


cuidados higiênicos a serem observados, bem como deixarem uma pessoa
doente em quarentena para que não contaminasse outros, e assim por
diante.

c) Leis civis – As leis civis diziam respeito às relações interpessoais,


casamentos, comportamento e atitudes adequados, relações comerciais,
direitos de propriedade, compra e venda, direitos de escravos, penalidades
por crimes e leis afins.

46
d) Lei moral - Finalmente, acima de tudo, as leis morais que podem ser
enfeixadas nos dez mandamentos do decálogo que se referem ao dever do
ser humano para com Deus, o Criador e para com nossos semelhantes.

A lei moral não foi dada apenas ao povo hebreu, mas a toda a
humanidade. Já o sábio Salomão, centenas de anos mais tarde diria: “Teme
a Deus e guarda os Seus mandamentos porque esse é o dever de todo
homem porque Deus há de trazer a juízo todas as obras até as que estão
escondidas, quer sejam boas, quer sejam más. ” Eclesiastes 12:17, 18.

A transgressão da lei moral divina acarretou sobre a família humana


as consequências de perda de liberdade, desgraça, dor, miséria, sofrimento
e finalmente a morte.

A única saída é a aceitação do plano de salvação elaborado e


efetuado por Deus que, antes da vinda pessoal de Jesus Cristo, o Salvador
da humanidade, era demonstrado pela aceitação, pela fé, em sacrificar
animais que simbolizavam o sacrifício de Cristo, o verdadeiro Salvador do
homem. O povo de Israel como povo escolhido de Deus para ser o
instrumento para partilhar ao mundo das verdades divinas, deixou o Egito,
de onde saíra para se localizar na terra de Canaã, conforme a promessa
divina.

No início dessa jornada de 40 anos, Deus foi ordenando a Moisés


que fosse organizando o povo de Israel ou os hebreus como uma nação.
Como já foi dito, Deus deu ao povo uma série de leis a que o povo deveria
obedecer para cumprir com o propósito divino para a nação incipiente.

Dos capítulos 20 ao 40 do livro encontramos essas séries de leis,


relatando também como todo o sistema de sacrifícios foi estabelecido a
fim de que o povo aprendesse como poderiam viver em paz ao enfrentarem
a consciência de falhas e pecados cometidos e como poderiam ser
perdoados através de atos de fé em que sacrificavam animais como
símbolo da morte do Salvador que um dia viria para resgatar o homem da
transgressão, do pecado e da morte.

47
O sistema de sacrifícios era executado numa tenda com
instrumentos e mobiliário que foi ordenado a Moisés levantarem no
deserto enquanto viajavam rumo à terra prometida. Essa tenda
denominada de tabernáculo, em seus constituintes deveria obedecer a
instruções minuciosamente esclarecidas a Moisés, quando a medidas,
material que deveria ser usado, móveis especificamente esclarecidos em
sua construção, cerimônias que deveriam ser observadas para cada caso
de transgressão.

Instruções foram dadas quanto ao tecido a ser usado como


cobertura do tabernáculo ou também chamada tenda da congregação, os
móveis como a bacia para os sacerdotes se purificarem, o altar de
sacrifício ou holocausto, a mesa dos pães da proposição, o castiçal de
ouro, o altar de incenso, a arca em que deveriam ser colocadas as duas
tábuas de pedra contendo os Dez Mandamentos da santa lei de Deus, bem
como os elementos a serem usados nas cerimônias como o óleo da unção,
o incenso, o azeite para o castiçal ou candelabro, os pães da proposição e
ainda sobre as vestimentas que deveriam ser usadas pelo sumo sacerdote
como também os sacerdotes e seriam acrescentadas dos acessórios
destas vestes.

O sistema de sacrifícios pelos pecados, por transgressões


específicas, de ofertas de agradecimento a Deus pelas colheitas e outros
mais, era símbolo de uma realidade de demonstração de amor de Deus, do
plano de salvação que Deus teve para com Seu povo cuja lição o povo
deveria aprender e praticar com todas as cerimônias efetuadas durante o
período de existência da nação.

Cada móvel e componente do santuário, cada cerimônia realizada,


cada sacrifício que o povo trazia, cada oferta dedicada ao Senhor tinha
significado importante para a vida espiritual do povo de Deus.

O livro do Êxodo ainda relata acontecimentos que ocorreram durante


esse período de viagem pelo deserto como a adoração ao bezerro de ouro e
a condenação de Deus e respectiva intercessão de Moisés pelo povo, a
48
construção do tabernáculo, o estabelecimento das três ocasiões em que o
povo se reunião para as sete festividades anuais. Finalmente termina o
livro relatando os acontecimentos ocorridos quando o tabernáculo foi
levantado e como Deus manifestou sua aprovação ao ser estabelecido o
sistema.

ESTUDOS DIRIGIDOS POR HIPERLINKS

Estudaremos alguns artigos que fazem parte integrante do conteúdo desse


capítulo. Para entendimento complementar do capítulo estudado faz
necessário a leitura dos hiperlinks abaixo.

A TEOLOGIA DO LIVRO DE ÊXODO.

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2013/10/teologia-do-livro-de-
exodo.html

ESTUDO DO LIVRO DE ÊXODO

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/estudo-do-livro-de-
exodo.html

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE ÊXODO


https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/10/introducao-ao-livro-de-
exodo.html

49
2.2 ESTUDO DO LIVRO DE LEVÍTICO

O terceiro livro do Pentateuco é denominado Levítico, nome dado em


referência a tribo de Levi responsável pelo serviço do santuário. O livro é
uma continuação do livro de Êxodo em que são explicadas em mais
detalhes as leis cerimoniais ordenando o que deveria ser feito quando
diferentes tipos de transgressões fossem cometidas por diferentes
membros da comunidade hebraica.

Também foram regulamentadas as diferentes ofertas que o povo


traria para o tabernáculo demonstrando sua gratidão a Deus por bênçãos
recebidas em espírito de louvor e agradecimento a Jeová.

Como o livro trata sobre o assunto de regras e atividades do


sacerdócio do povo de Israel que era efetuado pela tribo de Levi, recebeu o
nome de Levítico.

Parece não haver muita dúvida quanto à autoria desse livro que é
atribuída também a Moisés. O livro de Levítico faz parte daquilo que Jesus
Cristo chamou de “lei de Moisés” (Lucas 24:44).

O relato desse livro bem como as regras e leis apresentadas


abrangia um período de 30 dias segundo o que podemos saber de Êxodo
40:17 e Números 1:1. Durante esse tempo, logo após ser erigido o
tabernáculo, Moisés recebe a mensagem de Deus dando as regras sobre
holocaustos, ofertas e sacrifícios que deveriam ser trazidos ao tabernáculo
para que o povo pudesse ter seu relacionamento com Deus como o povo
escolhido a fim de serem testemunhas da vontade divina.

No livro de Levítico ainda encontramos relato de alguns


acontecimentos que ocorreram durante esse período bem como regras de
saúde, leis civis que deveriam reger o povo de Israel como nação.

A prática de sacrifícios de animais era conhecida desde o Éden e


apontavam para um salvador que viria morrer em lugar do homem, sendo,
50
portanto, um ato simbólico que demonstrava fé do pecador arrependido e
que confessava seu pecado colocando suas mãos sobre a cabeça do
animal (Levítico 1:2- 4). Sacrificava então o animal e seu sangue era
espargido sobre o altar em redor. Tudo era feito levando em conta o
simbolismo de haver um animal que morria em lugar do pecador apontando
à realidade de alguém que viria no futuro para assumir a pena de morte
que era a consequência da transgressão às ordens divinas, ou seja, da lei
de Deus.

Esse sistema de sacrifícios pelos pecados ensinava lições a respeito


da gravidade e seriedade do pecado, da transgressão, da necessidade do
reconhecimento por parte do transgressor e consequente confissão, da
grandiosidade e imutabilidade da lei, da santidade de Deus e Seu amor
pelo homem. Dessa maneira o pecador, pelo perdão e expiação dos
pecados, poderia voltar a ter comunhão com Deus e continuar a fazer parte
do Seu povo. Cada detalhe dos ritos e cerimonias era atribuído de
profundo significado na vida do indivíduo e da nação como um todo. Mas
as ofertas pelos pecados não eram as únicas cerimônias que eram
realizadas no tabernáculo.

Quando alguém estivesse com o coração agradecido, podia


expressar ação de graça, trazendo bolos ázimos (sem fermento) como
oferta pacífica (Levítico 7:11-15) além do sacrifício. Oferta por ter feito
voto ao Senhor era outro tipo de oferta apresentado (Capítulo 7:16).

O que chama a atenção de alguém que lê e estuda esse livro é o


tema da santidade. Especialmente os sacerdotes deviam ter uma vida
santa, acima de qualquer reprovação. A nação deveria ser santa como
Deus é santo (Levítico 11:44-45).

Um fato que ocorreu após Adão e seus filhos terem sido


consagrados ao ministério do tabernáculo (capítulos 8 e 9), foi o castigo de
morte sofrido por dois filhos de Arão, Nadab e Abiú, por terem transgredido
as ordens de Deus em trazer fogo estranho diante do altar, estando eles
mentalmente afetados por bebida (Capítulo 10 de Levítico).
51
Os sacerdotes seriam os intermediários entre a congregação e Deus,
carregando simbolicamente a culpa pelo pecado até fazerem a expiação
pelos pecados do povo.

Tudo deveria expressar santidade pois como povo escolhido de Deus


para testemunhar dEle: “Sereis santos porque Eu sou santo”, dissera o
Senhor (Levítico 11:44 - 45; 19:2; 20:7,26).

Além das leis cerimoniais dadas à nação israelita, encontramos no


livro de Levítico leis relacionadas à saúde do povo. Foram discriminados ao
povo, por exemplo, que tipo de animais poderiam comer e o que era
proibido por serem animais imundos. Dentre os animais permitidos como
alimentação estavam os ruminantes como pata fendida; peixes de escamas
e barbatanas; aves dos galináceos e columbiformes. Contudo animais que
não fossem ruminantes de pata fendida em duas como camelo, porco,
lebre e outros animais não deveriam comer.

Nenhum réptil, aves de rapina, ou outras espécies, deveriam servir


de alimento por serem considerados animais imundos, por Deus, hoje a
ciência tem descoberto razões sanitárias científicas para que esses
animais deveriam ser eliminados como alimento.

Outras leis de saúde como o cuidado que se deveria ter com certas
doenças como a lepra, por exemplo, demonstram o cuidado e importância
que deveria ser considerada a saúde entre um povo que fosse a nação
escolhida por Deus para servir de modelo entre os povos.

A saúde física fazia parte da santidade que o povo deveria


manifestar em sua existência como povo de Deus. O que se pode notar no
livro de Levítico é que a vida da nação girava em torno da relação com
Deus e não com outras nações. Aliás, estas é que deveriam se achegar aos
hebreus para que, ao observarem o estilo de vida superior desse povo,
também eles procurassem imitar-lhes e conhecerem a Deus.

52
Esse foi o plano de Deus para esse povo. Deveriam eles obedecer às
leis que Deus lhes prescrevera. O livro de Levítico se encontra no centro do
relato do estabelecimento de Israel como nação abençoada por Deus.

Os outros dois livros relatam os acontecimentos que ocorreram com


esse povo durante o restante do período de 39 anos até chegarem aos
limites da terra prometida e os discursos que Moisés fez antes de morrer,
recapitulando todos os fatos e ensinamentos deixados por Jeová e fazendo
advertências e apelos para que esse povo permanecesse fiel aos ditames
exarados por Jeová, cumprindo assim os propósitos divinos para essa
nação.

Entre os capítulos apresentados no livro estabelecendo leis e


regulamentos, há uma inserção de fatos ocorridos com o povo. No capítulo
8 do livro de Levítico é relatado o estabelecimento do sacerdócio em que
Arão foi consagrado como sumo sacerdote e seus filhos como sacerdotes
do sistema de cerimônias estabelecido por Deus. Nessa cerimônia Arão
oferece sacrifícios por si mesmo e pelo povo de Israel (capítulo 9 de
Levítico). No capítulo 10 ocorre a primeira nota trágica no serviço de
sacerdócio quando dois filhos de Arão, não respeitando as ordens divinas e
com a mente transtornada por bebida, trazem diante do altar fogo estranho
o que fora proibido por Deus. Nadabe e Abiú foram fulminados diante da
presença da manifestação de Deus que manifestou seu desagrado quando
esses dois sacerdotes não respeitaram a santidade de seu sacerdócio.

Dos capítulos 1 ao 7 são explanadas as diversas leis sobre as


cerimônias a serem efetuadas para expiação dos pecados cometidos e as
ofertas apresentadas a Deus.

Dos capítulos 11 ao 15 são expostos regulamentos de higiene e


alimentação em que o povo deveria ser diferente de outras nações quando
à alimentação e cuidados a serem observados em relação a doenças e
cuidados higiênicos.

53
Do capítulo 16 até o final do livro de Levítico, há uma série de regras
e proibições bem como advertências em relação à desobediência a essas
regras e as bênçãos que adviriam pela obediência do povo aos
mandamentos divinos. Também encontramos algumas repetições de leis
que já haviam sido expostas anteriormente.

ESTUDOS DIRIGIDOS POR HIPERLINKS

Estudaremos alguns artigos que fazem parte integrante do conteúdo desse


capítulo. Para entendimento complementar do capítulo estudado faz
necessário a leitura dos hiperlinks abaixo.

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE LEVÍTICO

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/10/introducao-ao-livro-de-
levitico.html

TEOLOGIA DO LIVRO DE LEVÍTICO

Em contraste com Gênesis e Êxodo, em que as narrativas produziam farto


material dos quais se poderiam derivar traços subjacentes do caráter
divino ou de princípios divinos de ação, Levítico tem um mínimo de
narrativa e um máximo de legislação. Estes, no entanto, oferecem
percepções significativas da pessoa e do caráter de Deus em Seu
relacionamento com o povo e na provisão que faz para que a comunhão
pactual seja preservada.

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2014/10/teologia-do-livro-de-
levitico.html

PANORAMA AO LIVRO DE LEVÍTICO

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/panorama-do-livro-de-
levitico.html

54
3
NÚMEROS E DEUTERONÔMIO

CONHECIMENTO

Introdução, data, autoria, estrutura do livro, esboço, conteúdo, e


teologia do livro.

HABILIDADE

Interpretar textos sobre o tema bem como saber fazer exposição


escrita, pública em eventos, palestras, seminários em ambiente
acadêmico acerca do tema.

COMPETÊNCIAS

Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do


objeto estudado e incorporá-la na sua práxis.

55
3.1 Estudo do Livro de Números
O quarto livro do Pentateuco é o livro intitulado Números. Este nome
foi dado na Septuaginta, provavelmente em razão do livro começar com o
censo de Israel cuja contagem do povo, feito dos homens de vinte anos
para cima, os que poderiam sair para a guerra.

O censo final é relatado como totalizando 603.550 homens,


excetuando-se os levitas que não deveriam ser contados pois eram
encarregados de cuidar do tabernáculo e das coisas sagradas, sendo de
tempo exclusivo dos assuntos relacionados com Deus e a vida religiosa do
povo. Se considerarmos esses homens como chefes de família, calcula-se
que o povo que agora estava sendo organizado como uma nação era
constituído de 2 a 3 milhões de pessoas.

O livro de Números é atribuído à autoria também de Moisés e,


praticamente, nenhum outro nome é apresentado como sendo seu possível
autor.

O relato do livro de Números abrange praticamente o período do


segundo ano depois da saída do povo de Israel do Egito até a chegada aos
limites da terra de Canaã que havia sido prometida aos hebreus como
herança em que se estabeleceriam como nação permanente enquanto
cumprissem com o propósito pelo qual Deus desejava que o mundo
conhecesse o verdadeiro Deus, o Criador do Universo. Se considerarmos a
data provável de 1447 a.C. como a data do Êxodo, o período coberto pelos
relatos do livro de Números se estende de 1446 a 1407 a.C., ano da morte
de Moisés e da entrada de Canaã.

Portanto, o livro de Números inicia-se quando realizaram o censo, ao


pé do monte Sinai, o mesmo apresenta alguns regulamentos para a
organização do povo além dos apresentados no livro de Levítico, descreve
as peregrinações através do deserto até a chegada aos limites de Canaã às
margens do rio Jordão, onde realizaram o segundo censo da população.

56
Este livro tem servido para as pessoas que o leem e estudam, como
inspiração para uma vida espiritual em considerar a Deus como Ente
Supremo do universo e as condições a serem observadas a fim de que o
homem se torne um verdadeiro filho de Deus, assim como Deus esperava
do povo hebreu.

Nessa marcha através do deserto por 40 anos, em que o povo


deveria aprender muitas lições essenciais para se tornar o povo escolhido
de Deus, é considerável que, muitas dessas lições poderemos abstrair
como diretrizes para nossa vida hoje.

No decorrer dos relatos no livro de Números pode-se observar, como


Deus considera as atitudes de rebelião contra Sua direção, os resultados
de rebelião contra Sua direção, os resultados de obediência e outras lições
de regulamentos e estatutos dados ao povo de Israel, que podem nos
ajudar em nosso viver ainda hoje, uma vez que Deus é eterno e imutável.

A presença do tabernáculo e a série de cerimônias indicam a


presença de Deus como o centro da vida da nação israelita, como
habitação de Deus e Suas manifestações entre Seu povo nos dão uma
visão da importância do sistema religioso em que Deus, o Absoluto do
universo, é honrado, glorificado e adorado.

O livro de Números foi dividido em 36 capítulos que podem ser


agrupados em doze partes da seguinte maneira:

I – A primeira parte vai até o final do capítulo 4 (quatro) em que se


considera o preparo para a jornada, e o acampamento é organizado
fazendo-se o censo e estabelecendo-se a ordem de marcha com os levitas
e as outras tribos em sequência.

Apresenta-se a organização dos levitas e seus deveres quando em


marcha.

II- A segunda parte tem a ver com as regras que estabeleciam os


deveres dos levitas com vários regulamentos religiosos como a exclusão
dos impuros, leis de restituição e de ofertas, julgamento de ciúme e o voto
57
que alguém fazia como nazireu. Esta parte se estende até o final do
capítulo 06 (seis), terminando com a bênção que os sacerdotes deviam
proclamar ao povo de Israel.

III- Esta terceira seção inclui a descrição da construção do


tabernáculo, da sua dedicação ao serviço de Deus, quais as ofertas
apresentadas pelos líderes do povo. Segue-se a descrição do candelabro
de ouro e de suas lâmpadas que deveriam estar constantemente acesas
simbolizando o cuidado e presença ininterrupta de Deus para com Seu
povo.

Segue-se o relato da consagração dos levitas para o serviço


exclusivo do tabernáculo em que deveriam se manter puros em sua vida
para exercerem suas atividades levíticas.

O capítulo 09 (nove) relata a comemoração da páscoa antes de


levantarem acampamento para a viagem e a aceitação divina com a nuvem
da presença de Deus, cobrindo o tabernáculo e guiando o povo em
assentar ou levantar acampamento.

O capítulo 10 (dez), descreve a ordem dada por Deus em fazerem


duas trombetas de prata que seriam tocadas para indicar a ordem de
iniciarem a marcha ou para acamparem; essas trombetas deveriam
também conclamar os homens para a guerra, mas para confiarem no
Senhor que os salvaria. Em momentos de alegria e celebração essas
trombetas também deveriam soar.

A seguir destaca-se o acampamento iniciando em ordem sua


jornada a partir do Sinai, e Moisés convida seu sogro que vá com eles pois
seu conhecimento do deserto poderia ajudá-los em suas viagens.

Logo em seguida, Moisés tem que enfrentar uma situação em que


alguns do povo bem como, a mistura de gente que saíra com eles do Egito,
começou a murmurar, queixando-se da falta de carne e outros alimentos
com que estavam acostumados no Egito e reclamando do maná que
recebiam diariamente como alimento enviado por Deus.

58
Moisés então dirige-se a Deus, dizendo que seu cargo de conduzir o
povo que se queixava era pesado demais para ele, chegando a pedir a
morte. Deus, então, ordena a Moisés que reúna 70 anciãos do povo a fim
de dividir com eles a responsabilidade de dirigir o povo e, ao fazê-lo, Deus
partilha com eles o poder de Seu Espírito.

Para satisfazer o desejo de carne, Deus promete que teriam carne a


comer diariamente um mês inteiro. Envia então codornizes com que
satisfez os que queriam carne e foram castigados com grande praga.

Os capítulos 12 (doze) a 14 (quatorze) completam essa seção que


relata outros fatos tristes da história desse povo. Onde o primeiro, refere-
se ao incidente em que os irmãos de Moisés demonstraram ciúmes dele e
expressaram seu ressentimento acusando Moisés pela esposa que este
havia tomado, demonstrando profundo preconceito racial.

Deus mostra instantaneamente seu desagrado descendo dentro da


nuvem diante da tenda da congregação e reprova a ambos irmãos,
castigando Miriã com lepra. Isso fez com que Moisés orasse a Deus
intercedendo por Miriã e Deus fê-la passar sete dias fora do acampamento
até que pudesse retornar curada.

Isso pode servir de lição para o povo de Deus, alertando-nos contra


o ato de criticar ou julgar líderes escolhidos por Deus que cumprem
fielmente o mandato divino.

No capítulo 13 (treze) é-nos relatado o caso em que Moisés recebe a


ordem de Jeová de enviar doze espias, um de cada tribo, para que fossem à
terra prometida por Deus e verificassem as condições do povo, das
cidades, como viviam e a terra, se fértil ou não, o que produzia, para que
pudessem planejar a tomada e ocupação da área que Deus planejava
colocar Seu povo.

Escolhidos um representante de cada tribo, foram os espias durante


quarenta dias e certificaram-se de que Deus determinara dar a Israel uma
terra em que “manava leite e mel”, segundo Sua promessa. Entretanto, ao

59
verificarem as cidades e o povo que lá habitava, a maioria sentiu-se
amedrontada diante de cidades fortificadas e seus habitantes e lhes
pareceu “gigantes” e eles pareciam como gafanhotos diante dos naturais
da terra.

Voltaram, dez deles, com um relatório desanimador, dizendo que não


conseguiriam vencer aqueles povos, embora a terra fosse realmente,
segundo Deus dissera, e como amostra trouxeram um cacho de uvas que
era carregada por dois homens, além de outros frutos.

Apenas dois dos enviados voltaram com um relatório positivo e


confiando que Deus era poderoso para cumprir Sua promessa e venceriam
aquelas nações sob o poder divino.

Ao ouvir o relato, os israelitas se rebelaram e com exclamações


contra Moisés e Arão, decidiram apedrejar os dois que procuravam
demover o povo de sua rebelião. Subitamente a presença de Deus se
manifestou em glória no tabernáculo e condenou a rebelião dizendo que
consumiria o povo e faria de Moisés uma nação que seria mais forte.

Manifesta-se então, o verdadeiro espírito de liderança de Moisés,


em que suplica diante de Deus que perdoe Seu povo. Deus, então, decide
que nenhum desses que haviam se rebelado entraria na Terra prometida
exceto Josué e Calebe, que haviam procurado animar o povo para a
conquista da terra, confiados no poder de Deus que havia prometido dar-
lhes aquele lugar. Todos os de vinte anos para cima deveriam perecer no
deserto. Somente a geração dos filhos é que usufruiria da bênção da posse
de Canaã. Os dez espias que haviam provocado a rebelião, morreram de
praga no deserto.

O povo decidiu então que não esperaria até se completarem os


quarenta anos para que morressem, e a nova geração entrasse na terra
prometida, mas que iriam de imediato subir e lutar contra os amalequitas e
cananeus para ocuparem o território prometido.

60
Moisés então se opôs à decisão do povo, dizendo que Deus não os
acompanharia na empreitada e que seriam derrotados. De um modo
temerário, subiram e procuraram alcançar o alto do monte onde habitavam
esses povos, mas foram derrotados pelos inimigos. Nada mais restava
senão seguir os planos estabelecidos por Deus.

IV- A quarta seção do livro de Números resume-se no capítulo 15


(quinze) em que se considera a legislação levítica estabelecendo as leis de
ofertas como dos holocaustos, ofertas voluntárias e das primícias.

A segunda parte do capítulo 15 (versos 32 a 41), determina o castigo


a quem violava a guarda do sábado e lembrava que, no uso das vestes,
deveriam manter em mente as leis de Deus e não os desejos e predileções
do coração.

V- A quinta parte do livro relata a rebelião de Coré, Datã e Abirã que


insuflaram 250 líderes contra a liderança de Moisés e Arão, dizendo que
todos na congregação eram santos e não aceitavam a hierarquia e direção
dos dois irmãos. Reunindo o povo diante do tabernáculo, desafiaram a
Deus e a Moisés e Arão tomando incensários e colocando fogo no incenso,
o que somente os sacerdotes deveriam fazer.

Então a glória do Senhor apareceu e ordena que o povo se afastasse


dos rebeldes e Moisés declara que, se Deus castigasse de modo inusitado
aos rebeldes, seria uma demonstração do desagrado e reprovação ao
grupo que se opusera a Moisés e Arão. Tão logo Moisés terminou sua
proposição, a terra se abriu e o grupo rebelde de Coré, Datã e Abirã e os
que os acompanhavam foram tragados pela fenda e fogo consumiu os
duzentos e cinquenta revoltosos.

No dia seguinte houve novo tumulto em que o povo acusava Moisés


e Arão de terem matado o povo do Senhor; novamente a glória de Deus se
manifesta e começou uma praga que só foi suspensa quando Arão tomou
seu incensário e fez expiação pelo povo. Contudo, ainda assim a praga
colheu a vida de 14.700 pessoas demonstrando a reprovação de Deus.

61
Para confirmar a escolha de Arão em seu sacerdócio por parte de
Deus, o Senhor ordenou que todos os príncipes de suas tribos trouxessem
uma vara de amendoeira e a vara que florescesse e desses frutos, seria
quem Deus havia escolhido para o sacerdócio.

No dia seguinte, a vara de Arão, pela tribo de Levi, havia brotado,


florescido e dava amêndoas, indicando a escolha de Arão e sua casa como
sacerdote e a vara foi colocada ao lado da arca do testemunho para que
não houvesse mais murmuração entre o povo de Israel.

VI- A seção seis, que inclui os capítulos 18 e 19, acrescenta mais


algumas instruções às leis dadas esclarecendo os encargos e as
recompensas dos sacerdotes e levitas. Essa parte é concluída com as
prescrições sobre a purificação de alguém que se tornara imundo, pela
água purificadora do pecado.

VII – A sétima seção refere-se aos acontecimentos da última viagem


antes de se acamparem diante da terra de Canaã. Chegando a Cades, onde
morreu Miriâ, a irmã de Moisés, no deserto, o povo murmurou novamente
contra Moisés, pela falta de água e Deus ordena que Moisés fale à rocha
que então esta lhes daria água. Entretanto, Moisés, num acesso de raiva,
fere a rocha duas vezes, fazendo jorrar água para o povo. Por essa
desobediência de Moisés e Arão, ambos foram impedidos de entrar com o
povo na terra prometida.

De Cades, Moisés envia mensageiros ao rei de Edom, solicitando


que permitisse que o povo passasse pelo seu território, o que não lhes foi
concedido, e Israel se desviou do caminho de Edom e se dirigiram ao
monte Hor onde Deus ordenou que Moisés levasse Arão e Eleazar, seu
filho, e que este recebesse as vestes de sumo sacerdote de seu pai pois
Arão morreria e Eleazar seria, dali por diante, o sumo sacerdote.

Em sua jornada pelo Neguebe, o rei de Arade saiu ao encontro


colocando-se contra o povo de Israel que venceu e destruiu as cidades
deste povo.

62
Ao partirem do monte Hor em direção ao mar Vermelho, o povo
novamente murmura contra Deus e Moisés, sendo outra vez castigado por
Deus através de serpentes que picavam o povo. Arrependidos, vieram a
Moisés confessando sua falta e pedindo ao líder que orasse por eles. Ao
Moisés orar pelo povo Deus ordena que ele fizesse uma serpente de metal
e a levantasse sobre uma haste para que todo aquele que fosse picado, ao
olhar para a serpente, ficava sarado.

Ao se aproximarem de Canaã, realizaram várias jornadas até Moabe


e pediram a Seom, rei dos amorreus que os deixasse passar pelos seus
termos em paz, mas este não os deixou passar e saiu contra Israel em
batalha e o povo de Israel derrotou os amorreus tomando a terra e
habitando nela.

Em seguida, Ogue, rei de Basã também saiu contra Israel para


pelejar, mas sob o poder de Jeová, também este rei foi derrotado e os
israelitas ocuparam suas terras.

VIII – Ao chegarem à terra de Moabe, após as vitórias sobre Seom e


Ogue, Balaque, rei dos moabitas, ficou com muito medo e enviou
mensageiros ao profeta Balaão que viesse e amaldiçoasse a Israel,
oferecendo muitas honrarias e dinheiro, mas este recusou da primeira vez;
Balaque enviou outro grupo oferecendo mais honrarias e então ele foi, mas
cada vez que se dispunha a amaldiçoar, o Senhor o fazia abençoar o povo
de Deus. Balaão profetiza finalmente a vinda do Messias que reinaria e
dominaria as nações.

Nessa seção ainda há o relato da prostituição do povo de Israel com


as filhas dos moabitas e como Deus castigou os que se prostituíram com
uma praga que somente terminou quando Finéias, com uma lança, mata
um israelita que trouxera para o acampamento uma moabita diante de
Moisés numa afronta a Deus.

A seguir outro censo foi realizado quando chegaram à beira do


Jordão antes de que o atravessarem e entrarem na terra de Canaã. Nota-se

63
que, durante os 40 anos de peregrinação, o povo de Israel não aumentou
em número pois somaram seiscentos e um mil e setecentos e trinta
homens de vinte anos para cima. As regras quanto à divisão das terras
foram estabelecidas, havendo um caso especial em que um israelita não
teve filhos homens senão mulheres e a essas também foi concedido o
direito de herança.

Finalmente, ainda nesta seção, Deus prediz a morte de Moisés e


designa Josué como seu sucessor, havendo uma cerimônia em que, Moisés
impõe suas mãos sobre Josué transferindo a este a responsabilidade de
conduzir o povo na conquista da terra que Deus prometera a Abraão e sua
descendência.

IX- A nona seção consiste em alguns acréscimos às leis cerimoniais


sobre a rotina anual de sacrifícios e como se deveriam considerar as
promessas feitas por mulheres e suas obrigações a serem cumpridas tendo
em vista estarem ligadas ao marido que, em Israel, era considerado cabeça
da família e seus deveres a cumprir diante dos votos feitos a Jeová.

X- Esta seção relata a vitória obtida sobre os midianitas e que


procedimento deveriam tomar com os cativos e os despojos. Segue-se uma
oferta voluntária oferecida pelos capitães do exército de Israel em gratidão
pela vitória, e que nenhum de Israel havia perecido na batalha.

Então duas tribos e meia pediram para ficar com as terras de aquém
do Jordão uma vez que tinham muito gado e aquelas terras eram próprias
para a criação, o que lhes foi concedido, conquanto que os homens que
faziam parte do exército de Israel, passasse o Jordão com as outras tribos
e lutassem com seus irmãos até conquistarem toda Canaã e então
voltariam para seu território onde já se encontravam suas famílias.

XI- Esta seção faz um retrospecto das jornadas desde a saída do


Egito até a fronteira com Canaã, mencionando a morte de Arão que
contava com 123 anos.

64
XII- A última seção do livro dedica-se às instruções finais quanto à
erradicação dos povos de Canaã e estabelecendo os limites do território
que deveriam ocupar e como deveria ser a repartição do território entre os
israelitas.

Finaliza o livro apresentando as disposições relativas às cidades,


estabelecendo quais cidades deveriam ser ocupadas pelos levitas, uma vez
que não teriam herança entre as outras tribos pois deveriam se dedicar ao
trabalho do tabernáculo. Também as cidades de refúgio foram indicadas
terminando com as regras que deveriam ser observadas pelas herdeiras
mulheres em sua forma de casamento. Termina então o livro de Números
em que o povo de Israel recebera de Deus as instruções para que, ao
ocuparem a terra prometida poderiam ter uma vida tranquila se seguissem
os princípios exarados por Deus através de Moisés, Seu servo.

ESTUDOS DIRIGIDOS POR HIPERLINKS

Estudaremos alguns artigos que fazem parte integrante do conteúdo desse


capítulo. Para entendimento complementar do capítulo estudado faz
necessário a leitura dos hiperlinks abaixo.

Introdução ao livro de Números

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/10/introducao-ao-livro-de-
numero.html

Panorama do livro de Números

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2016/01/panorama-do-livro-de-
numeros.html

A teologia do Livro de Números

Números enfatiza a presença constante de Deus entre Seu povo e com ele.
A nuvem que cobria o tabernáculo demonstrava que Yahweh não era um
65
Deus distante e inacessível, mas que permanecia entre o povo, mesmo em
face de suas frequentes falhas. Balaão, vidente pagão e teólogo
involuntário, afirmou que o Senhor seu Deus é com ele, no meio dele se
ouve a aclamação dum rei (23.21). Igualmente, os cananeus reconhecem o
fato (14.14), mas Israel constantemente desprezava essa realidade tão
preciosa. Vale também lembrar que essa presença se manifestava em
graça (Arca, Dia de Expiação), mas também em ira e disciplina.

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2014/10/teologia-do-livro-de-
numeros.html

3.2 Estudo do Livro de Deuteronômio


O quinto e último livro do Pentateuco, escrito por Moisés,
Deuteronômio, recebeu este nome na Septuaginta, que foi a tradução do
hebraico para a língua grega. Este nome significa “segunda legislação” ou
repetição das leis, uma vez que o livro de Êxodo já havia tratado da lei na
primeira vez.

O livro trata do período “do primeiro dia do undécimo mês do


quadragésimo ano “desde a saída do povo hebreu do Egito. Provavelmente
66
no ano 1405 ou 1407 de acordo com as melhores cronologias do Velho
Testamento.

Neste tempo o povo de Israel se acampou nas planícies de Moabe


ao leste do rio Jordão, à altura de Jericó, e durante dois meses prepararam-
se para atravessar o rio e adentrarem pela terra que Deus havia prometido
a Abraão, Isaque e Jacó e sua descendência. No dia dez do primeiro mês
do ano quadragésimo primeiro o povo atravessou o Jordão e se acampou
em Gilgal, a leste de Jericó (Josué 4:19).

O livro trata realmente dos quatro discursos (alguns estudiosos


dizem que foram três) proferidos por Moisés antes de sua morte e termina
com o relato da morte desse líder (evidentemente este relato final foi
escrito por outro, provavelmente pelo próprio Josué, sucessor de Moisés).

O assunto do livro trata dos fatos históricos relembrados por Moisés


ao povo, das leis dadas por Deus ao povo hebreu e das palavras de
advertência e exortação apresentadas pelo líder antes de recolher-se ao
descanso.

No primeiro discurso, Moisés faz um retrospecto da maneira como


Deus conduzira Seu povo e que Moisés deixaria a liderança finalizando
com uma exortação a que guardassem a lei. Inclui os capítulos um a quatro
até o verso 43 com o estabelecimento das cidades de refúgio.

O segundo discurso (que vai do capítulo 4, verso 44 até o capítulo


26:19) trata da exposição da lei, incluindo o decálogo e como este foi
conferido ao povo, o propósito da lei e os resultados que adviriam da
obediência. Outros mandamentos foram lembrados, sobre as regras a
serem observadas em relação à comunidade da nação, sobre alimentação,
sobre o perigo da idolatria, os deveres dos cidadãos e relação com os
povos vizinhos.

O terceiro discurso apresenta ao povo as condições em que o povo


receberia as bênçãos divinas e quais seriam as maldições que recairiam

67
sobre a nação em caso de desobediência. Esta parte vai do capítulo 21:1
ao 28:68.

No último discurso (capítulos 29:1 a 30:20), novamente é feito um


retrospecto histórico e Moisés convida novamente o povo à obediência
colocando diante deles o livre arbítrio: escolherem a vida ou a morte.

O livro conclui com as considerações finais apresentando Josué


como sucessor de Moisés, a recomendação da leitura do livro da lei diante
do povo, a previsão de rebeldia do povo no futuro e os capítulos 32 e 33
apresentam, em palavras poéticas e inspiradas em um cântico de Moisés
exaltando os feitos de Deus em favor de Seu povo e a bênção expressa
sobre Israel, o povo de Deus.

O capítulo final relata a morte de Moisés e como terminou a vida


deste incomparável líder do povo de Deus.

Analisemos, portanto, mais pormenorizadamente cada um desses


discursos de Moisés. Começa relembrando a ordem de Deus de se
dirigirem para a terra prometida e a possuírem (1:6-8); seguindo-se a
percepção de Moisés de que a tarefa era por demais pesada para que
pudesse dirigir, sozinho, o povo para a realização da tarefa. Assim é que a
responsabilidade de conduzir o povo foi dividida com uma equipe que
recebeu autoridade para executar juízo e fazerem justiça a este povo que
caminhava para uma terra que receberiam como herança (1:9-18).

Relata ainda Moisés, o envio de doze espias à terra de Canaã e a


reação negativa do povo que se demonstrou rebelde mesmo diante da
promessa de que Deus estaria com eles para possuírem a terra e do
castigo imposto por Deus de que nenhum deles entraria na terra prometida
senão a nova geração; nem mesmo Moisés entraria na terra de Canaã (vs.
19-40). Diante da decisão do povo em desafiar às ordens de Deus e saírem
para a batalha foram derrotados e tiveram que aceitar o veredito divino
(1:41-46).

68
A seguir, Moisés faz um retrospecto de todas as jornadas durante
todos os 38 anos restantes (2:14) até que toda a geração de vinte anos
para cima que havia saído do Egito perecesse no deserto e então
continuassem a jornada rumo à terra da promessa. Deveriam continuar
sem molestar os filhos de Amom; mas quando queriam fazer o mesmo com
Seom, rei de Hesbom, pedindo permissão para passar por suas terras, este
não lhes permitiu e saiu ao encontro de Israel para a batalha e Deus dera a
Seu povo a vitória sobre os inimigos e ordenada que lhes tomasse o
território. De modo semelhante, Ogue, rei de Basã, saiu contra Israel e
também Deus o entregou nas mãos de Israel e toda aquela terra daquém
do Jordão passou a pertencer à nação israelita, segundo a palavra de Deus,
sendo distribuída entre as tribos de Rubem, Gad e meia tribo de Manassés
(2:1 a 3:22).

Ao chegarem diante do Jordão, antes de atravessá-lo, Moisés relata


que pedira a Deus graça e pudesse entrar com o povo na terra prometida,
mas Deus negou e ordenou que Moisés não mais falasse no assunto (2:23
– 29).

Prosseguindo, Moisés em suas considerações no capítulo quatro, ele


apela para que o povo obedeça aos ensinos e estatutos que Deus deixara
por meio dos escritos que Moisés escrevera expressando as orientações
que ele recebera diretamente de Deus.

O povo de Israel, obedecendo aos ditames divinos, seria um povo


próspero, feliz e sábio em entendimento superior a outras nações. Apela
Moisés à experiência anterior que o povo tivera com Deus em várias
ocasiões e que não se desviassem dos caminhos e práticas às quais Deus
os havia guiado enquanto eram guiados pelas jornadas no deserto. Moisés
faz um alerta ao perigo do povo se desviar dos caminhos divinos e seguir o
exemplo das nações pagãs ao redor e acarretarem sobre si a maldição de
Deus e sofrerem as consequências da desobediência aos mandamentos.
Moisés adverte o povo ensinando como deveriam se comportar como
nação escolhida por Deus.

69
Antes do segundo discurso Moisés separa três cidades a leste do rio
Jordão para servirem de cidade de refúgio para garantir vida de algum
criminoso antes de ser julgado.

Segundo Discurso

A partir do capítulo quatro, verso 44, inicia-se o segundo discurso de


Moisés, que se estende até o capítulo 26:16. Nesse discurso o líder de
Israel faz uma revisão ou recapitulação dos mandamentos ou leis que
deveriam servir de fundamento para a vida moral, educacional, religiosa,
sanitária, social, bélica, civil, do povo de Israel que deveria se tornar a
nação mais influente no mundo, se observassem ou obedecessem aos
mandamentos.

No capítulo cinco, ele repete o decálogo que fora dado ao povo pela
mão de seu servo e ressalta a necessidade de obedecerem e Deus ordena
a Moisés que ficasse no monte para receber o restante dos mandamentos
ou regras que deveriam nortear o povo como nação.

O capítulo seis enfatiza a obediência e a maneira pela qual os filhos


de Israel deveriam ensinar seus filhos no caminho do Senhor, encarecendo
a ideia de que eles eram um povo santo, ocupando um lugar específico de
liderança entre as nações, e que deveriam se manter fiéis ao plano divino.

Novamente, no capítulo sete, são enumeradas as bênçãos


resultantes da obediência às ordens divinas e que não deveriam temer
outras nações uma vez que Deus lutava por eles e lhes garantia a vitória e
paz em sua existência como povo de Jeová.

Até o capítulo dez, Moisés faz um retrospecto lembrando ao povo os


benefícios recebidos de Deus e como haviam sido infiéis e rebeldes, como
ele quebrara as tábuas da lei, como intercedera pelo povo e Deus ordenara
que lavrasse outras duas tábuas de pedra para que Deus escrevesse
novamente os Dez Mandamentos.

Lembra ainda como Deus escolhera a tribo de Levi para servir no


tabernáculo e novamente exorta, apela ao povo que obedeça às leis divinas
70
por amor a Deus que os libertara da escravidão do Egito, cuidara de Seu
povo pelos difíceis caminhos através do deserto. Outra vez Moisés
enumera as bênçãos que adviriam da obediência e as maldições em caso
de não cumprirem os mandamentos.

Do capítulo 12 ao 26, Moisés trata de assuntos diferentes, ou


melhor, diferentes aspectos da vida nacional que estavam relacionados
com a religião ou relacionamento com Deus que deveria ser o dirigente dos
hebreus.

Começando em preparar a visão do povo para um ambiente


apropriado para o culto adequado ao verdadeiro, Deus designando um
lugar em que o culto deveria se realizar e que este deveria se caracterizar
pela alegria e prazer em prestar adoração ao único Deus verdadeiro.

Deveriam os hebreus eliminar de seu meio todas as representações


dos deuses pagãos que eram cultuados pelas nações que eles
desapossariam de seus territórios para lhes servir de local de habitação.

Também foram dadas instruções de como comemorar os cultos a


Deus em ofertas e comidas a serem consumidas nessas reuniões.

A seguir no capítulo 13 (treze) são feitas advertências contra os


cultos pagãos, e qual deveria ser a atitude do povo de Israel diante dos
deuses e cultos pagãos e para com os que porventura decidissem seguir o
culto dessas nações pagãs.

O povo hebreu deveria se comportar de modo diferente das nações


vizinhas em sua alimentação fazendo diferença entre animais limpos, que
lhes era permitido comer e os animais imundos que lhes era proibido usar
como alimento (capítulo 14). No restante do capítulo é apresentada a lei
dos dízimos que deveriam ser dedicados para o serviço do sacerdócio
levítico.

No capítulo seguinte, para assegurar igualdade de classes e impedir


que houvesse pobres em Israel e que os ricos oprimissem os menos

71
favorecidos, a cada sete anos se estabeleceria o ano da remissão, quando
as propriedades que haviam sido vendidas voltavam a seu primitivo dono.

Outros mandamentos foram dados a fim de que os pobres e


escravos ou servos não sofressem as consequências de serem
considerados a escória da sociedade.

No capítulo 16 (dezesseis) são lembradas as três ocasiões em que


todo o povo deveria ajuntar-se para que pudessem cultuar, e se alegrar e
comemorar fatos cujas bênçãos haveriam de ser derramadas: a primeira,
no primeiro mês, as comemorações da páscoa, primícias e pães asmos.
Após sete semanas havia a festa de pentecostes em que o povo se
alegrava pelo final da época de sega, e em agradecimento a Deus traziam
suas dádivas celebrando a colheita em que todos, patrões, servos, levitas,
órfãos, viúvas e estrangeiros se alegravam.

A terceira ocasião era no sétimo mês em que se tocavam as


trombetas indicando a época da reunião da expiação e logo a seguir a festa
dos tabernáculos em que por sete dias eram celebradas as colheitas do
ano e podiam trazer aquilo que Deus lhes dera obter.

O capítulo conclui com as obrigações e deveres dos que eram


constituídos como juízes para fazerem justiça e não se corromperem.

No capítulo que se segue, advertência é feita aos que se desviassem


pelo caminho da idolatria e que castigos sofreriam, seguindo-se
considerações sobre como resolver questões difíceis em julgamento e
quais os passos a serem seguidos quanto a elegerem seus reis e quais
seriam os deveres a que os reis deveriam obedecer na execução de suas
funções.

Depois Moisés fez lembrar como os levitas deveriam ser tratados


uma vez que não tinham herança entre o povo mas deveriam dedicar-se ao
trabalho do tabernáculo.

Mais uma vez Moisés adverte o povo quanto ao dever de seguir um


caminho de dedicação exclusiva de servir a Deus e rejeitar a presença de
72
adivinhos e feiticeiros em seu arraial. O capítulo 18 (dezoito) encerra com a
promessa de que Deus enviaria um profeta a quem o povo deveria ouvir e
faz advertência contra os falsos profetas que poderiam surgir no meio de
Israel.

Até o final deste discurso de Moisés (capítulos 19 a 26), o líder


passa a mencionar uma série de orientações dadas por Deus para o bom
andamento da vida da nação incluindo assuntos tais como:

- Estabelecimento das cidades de refúgio e sua utilidade (19:1-13).

- Regras a serem seguidas no relacionamento entre os membros da


nação (10:14 – 21).

- Leis acerca de guerras e conquistas (20:1-20).

- Assassinatos de autor desconhecido (21:1-9).

- Regras que esclarecem como tratar de mulheres prisioneiras, o


direito da primogenitura, filhos desobedientes, condenados à morte,
animais perdidos (21:10 – 22:4);

Seguindo-se uma variedade de leis sobre assuntos de


comportamento pessoal como uso de roupa, trata de animais, construção
de casa, semeadura, castidade no casamento, relações sexuais, pessoas
que deveriam ser excluídas das assembleias do povo, higiene no
acampamento, fugitivos que buscassem abrigo em Israel, prostituição,
empréstimo e usura, votos feitos a Deus, divórcio e outras leis que se
referem à maneira que se deveria tratar o próximo como membro da
mesma comunidade, com equidade e justiça, sem se esquecer de que
haviam sido escravos no Egito.

Deveriam ser justos no julgamento inocentando o justo e


condenando o culpado. Estabeleceu-se a lei do levirato mediante a qual,
para continuar a descendência de um irmão que morria sem ter filhos, a
viúva se casaria com o cunhado para suscitar descendente do irmão mais

73
velho. Se este se negasse a fazê-lo deveria sofrer uma penalidade pela
recusa.

Ainda recomendação é feita a não ter dois pesos e duas medidas


nos negócios.

Moisés ainda fez lembrar a experiência de Israel com Amaleque ao


saírem do Egito e concitou-os a destruir Amaleque debaixo do sol.

No último capítulo deste discurso capítulo 26 (vinte e seis), Moisés


incentiva o povo a lembrar-se das bênçãos dadas por Deus segundo suas
promessas e deveriam agradecer a Deus trazendo das primícias em
reconhecimento à bondade divina e também os dízimos de toda a produção
da terra para que houvesse abundância ao levita, às viúvas, aos
estrangeiros e implorando a bênção divina em preito de gratidão.

Termina Moisés este discurso com palavras de exortação à


obediência por amor a Deus em gratidão de pertencerem ao Deus
verdadeiro e serem povo de Deus.

Terceiro Discurso

O terceiro discurso inclui apenas dois capítulos (27 e 28) em que


Moisés promove a lei e ordena que se construísse um altar para adorar a
Deus e nas pedras do altar escrevessem a lei para que, ao obedecerem aos
mandamentos se tornassem o povo de Deus.

Passa então Moisés a apresentar ao povo quais seriam as maldições


que sobreviriam ao povo de Israel se transgredissem os mandamentos da
lei. A seguir enumera quais seriam as bênçãos que adviriam da obediência
aos preceitos divinos finalizando esse discurso mais uma vez apresentando
os castigos que Israel sofreria se perseverassem na desobediência. A
nação passaria a ser a escória dos povos, espalhados pelo mundo sendo
perseguidos e sofrendo moléstias resultantes de uma vida de transgressão.

Quarto Discurso

74
Finalmente chegamos ao quarto discurso em que esse líder faz um
retrospecto de tudo o que o Senhor fizera por eles e novamente faz um
apelo à obediência alertando-os contra desviarem-se dos caminhos
divinos.

Mas Moisés continua sua preleção expressando as promessas que


Deus fizera se eles se voltassem para Deus, arrependendo-se dos maus
caminhos, finalizando com a apresentação diante do povo a possibilidade
de escolherem entre o bem e o mal pois gozavam de livre arbítrio.
Aconselha então que escolham o bem e a vida numa atmosfera de amor a
Deus.

A seguir faz as reflexões finais animando-os a perseverarem nesse


caminho, recomendando que, de tempos em tempos a lei fosse lida diante
do povo para que não se olvidassem de Deus. Previa, contudo, que o povo
iria desviar-se dos princípios divinos e que os males adviriam a Israel.

Ordena então que o livro da lei fosse colocado ao lado da arca para
testemunho ao povo.

Os dois últimos capítulos da lavra de Moisés (capítulos 32 e 33)


apresentam o cântico de Moisés em belíssima página literária exalta a
Deus como o Supremo Senhor e recorda as experiências pelas quais Israel
passara com Deus em seu jornadear e libertação do Egito como único
Deus verdadeiro.

Moisés, então recebe a ordem para que se dirigisse ao monte Nebo


de onde poderia contemplar a terra prometida, mas que nela não entraria.

Então, novamente em forma poética, Moisés lança sobre cada uma


das tribos de Israel sua bênção concluindo com a expressão de felicidade
do povo que tinha o Senhor como seu Deus.

O último capítulo, é evidente, foi escrito por outro que não Moisés,
provavelmente Josué, relatando a morte e sepultamento de quem se
considera ainda hoje como um dos maiores líderes de povos da História.

75
O Pentateuco se impõe não só pela sua autoria, mas porque, pela
inspiração divina, esses livros dão a oportunidade de se construir uma
cosmovisão fundamentada em pressuposições sólidas, coerentes e
verdadeiras uma vez que são produto da revelação e inspiração divinas.
Uma cosmovisão centralizada em Deus e que abarca todo o universo
incluindo o próprio Criador, é uma visão que satisfaz às necessidades
humanas como também traz a solução para todos os problemas humanos.

Além disso, mais especificamente, fornece dados históricos que


ajudam a completar a visão da História da humanidade uma vez que trata,
não só dos fatos ocorridos com indivíduos e um povo, o povo hebreu, como
também dados que podem ajudar a compreender a história de outros
povos mencionados nesses livros, seus costumes e práticas bem como
crenças e superstições.

76
ESTUDOS DIRIGIDOS POR HIPERLINKS

Estudaremos alguns artigos que fazem parte integrante do conteúdo desse


capítulo. Para entendimento complementar do capítulo estudado faz
necessário a leitura dos hiperlinks abaixo.

Introdução ao Livro de Deuteronômio


https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/panorama-do-livro-de-
deuteronomio.html
Panorama do livro de Deuteronômio
https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/panorama-do-livro-de-
deuteronomio.html
Teologia do Livro de Deuteronômio
https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2014/10/teologia-do-livro-de-
deuteronomio.html

77
Explicando melhor com a pesquisa

Orientamos que acessem aos links para terem acesso ao conteúdo na


íntegra.

A teoria documentaria do Pentateuco

Qual foi o processo de escritura da Torah e do Pentateuco? Como se deu a


sua composição, " Ou seja, o autor (ou autora) simplesmente recebeu
visões e escreveu palavra por palavra consoante o que ouviu e viu em seu
êxtase? Usou ele fontes escritas? Chegou ele a incorporar fontes orais?
Outrossim, quem foi o autor de fato? Com efeito, são realmente
importantes essas indagações? Por quê?

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Leitura Obrigatória

O Pentateuco

HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Vida, 2007.

Apesar de a Bíblia ter nascido no Oriente Médio e ser


revestida da linguagem, do simbolismo e das formas de
pensar tipicamente orientais, ela tem uma mensagem para
a humanidade toda, independente da raça ou cultura. Assim, quem prega e
ensina a fé cristã deve ter mais conhecimento da Bíblia do que qualquer
outro livro. E para que alguém entenda suficientemente o Novo
Testamento, é necessário conhecer a fundo a base da Bíblia toda,
constituída pelo Pentateuco. Paul Hoff apresenta este material de forma
concisa, salientando as descobertas arqueológicas, os dados históricos e
geográficos, além de observar as leis estabelecidas de correta
interpretação dos textos bíblicos. O autor também traz perguntas que
auxiliam o leitor no aproveitamento máximo do conteúdo deste livro.

Saiba mais - Entrevista

Leia a entrevista dada a Revista Defesa da Fé: A


importância e atualidade do Antigo Testamento com
Danilo Moraes.

79
Vendo com os olhos de ver

Estudos no Pentateuco - Neste vídeo você terá uma aula palestra sobre o
Pentateuco com o prof. Wilson Porte.
https://www.youtube.com/watch?v=Rm8plEp2f4E

80
Revisando

Nesta disciplina estudamos os cinco primeiros livros da Bíblia


chamados de Pentateuco. Essa porção da Bíblia cristã é exatamente
idêntica a Escritura Hebraica usada pelos judeus, revelando a raiz comum
dessas duas religiões, nascidas no oriente. O Gênesis fornece o
fundamento de tudo. Sem ele não existiria Judaísmo nem Cristianismo.
Este livro nos revela o criador do céu e da terra e que os seres humanos
foram criados a sua imagem e semelhança segundo um plano estabelecido
por Ele. Revela uma queda espiritual no princípio, explicando a origem do
pecado e a promessa do messias salvador. Também nos revela como Deus
prepara um cenário para esse salvador, já ao se relacionar com Israel,
elege e o separa para ser o Seu povo escolhido, para que através dele
todas nações da terra sejam abençoadas.

No livro de Êxodo encontramos o grande tema do “livramento”.


Êxodo quer dizer saída e o livro mostra como o Deus todo poderoso
também é misericordioso ao ponto de livrar o seu povo do cativeiro Egípcio.
O livro mostra o continuar da história de Israel no cumprimento da Aliança;
as promessas e profecias dadas a Abraão, Isaque e Jacó, sobre sua
descendência; mostra o tempo, as circunstâncias e os objetivos da lei dada
por Moisés a Israel e a história do êxodo do Egito; a Entrega da Lei e
estabelecimento do sacerdócio e entrega do tabernáculo.

O livro de Levi tem esse nome em referência a Levi, um dos filhos


de Jacó. O livro revela que Deus é um Deus Santo e que os seus servos
devem ser santos para adorá-lo. Trata assim dos santos princípios de Deus
para a adoração com o objetivo de unir Seu povo Consigo mesmo.

Fala das ofertas necessárias para que o adorador se aproximasse de


Deus: os holocaustos, as ofertas de manjares, os sacrifícios pacíficos, as
ofertas pelos pecados, as ofertas pela culpa — todos simbolizam os vários
aspectos do sacrifício de Cristo. O sacerdócio também é destacado aqui.
Arão é uma figura de Cristo, o grande Sumo Sacerdote; os filhos dele
tipificam todos os crentes da era atual da Igreja, que são chamados de
“sacerdócio santo” e “sacerdócio real” (1 Pedro 2:5 e 9).
81
Várias leis aparecem neste livro. Qualquer espécie de corrupção
(pecado, profanação, certas doenças, etc.) desqualificava alguém para se
aproximar de Deus até que o problema fosse eliminado pelas ordenanças
divinas dadas especificamente para cada caso. O livro tem como objetivo
mostrar: Adoração e serviço do povo do Deus; entrega da lei referente aos
sacrifícios e ofertas; consagração do sacerdócio e pleno estabelecimento
do culto no Tabernáculo.

O livro de Números apresenta o número e a ordem de Israel na sua


marcha pelo deserto. Deus deu instruções para o serviço e para as lutas do
povo enquanto eles estavam a caminho da terra de Canaã. O Senhor
também designou cada tribo para uma função específica, por exemplo, os
coatitas, os gersonitas e os meraritas, famílias da tribo de Levi, foram
separados para servir os sacerdotes no que se relacionasse ao
tabernáculo. Vemos nesses detalhes a grande sabedoria e o cuidado de
Deus em tudo o que diz respeito à vida cotidiana de Seus santos no
mundo, que inclusive pode ser um deserto. A história da peregrinação do
povo de Israel resume-se em quase quarenta anos de fraqueza, fracasso,
reclamações e desobediência. Contudo, a infalível proteção e fidelidade de
Deus brilham acima dos erros deles.

O livro de Deuteronômio significa “repetição da lei”. É essencialmente


um discurso de Moisés a Israel, no qual ele recapitula, faz uma revisão,
repassa a história do povo de maneira fiel, apresentando os
acontecimentos à luz da providência divina. Moisés mostra nessa história
não apenas a aprovação de Deus pelos atos de obediência do povo e Sua
desaprovação pela infidelidade e desobediência deles. Ele ressalta a
maravilhosa graça, paciência e sabedoria do Senhor em Suas ordenanças a
Israel, e os lembra que Deus os tem guiado por todo o caminho.

A libertação não foi seguida de exaltação da nação, mas de


humilhação. Deus os colocou a prova testando a sua fidelidade. Sem
dúvida foi um processo duro, a educação desse povo acostumado com a
idolatria e as perversidades dos egípcios. Deus permitiu que eles
sofressem privação de alimento, água, para ensiná-los que ele era quem
iria alimentá-los. Eles precisavam aprender a depender de Deus. Tinham

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que aprender que numa aliança as partes devem estar comprometidas em
cumprir a sua parte. Israel precisava obedecer a Deus.

Auto avaliação
1. Qual a teologia por trás do livro de Gênesis?

2. Qual seria a principal mensagem do livro de Êxodo?

3. Qual a mensagem do livro de Levítico?

4. Qual a mensagem do livro de Números?

5. Qual a mensagem do livro de Deuteronômio?

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Bibliografia

BROWN, Raymond. Entendendo o Antigo Testamento: esboço, mensagem e


aplicação livro por livro. São Paulo: Shedd Publicações, 2004.

BUSH, Frederic W. et al. Introdução ao Antigo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida
Nova, 2003.

COELHO FILHO, Isaltino Gomes. O Pentateuco e sua contemporaneidade. Rio de


Janeiro: JUERP, 2000.

FONSATTI, José Carlos. O Pentateuco. Petrópolis: Vozes, 2002.

HAMILTON, VICTOR P. Manual do Pentateuco. Rio de Janeiro: Editora CPAD,


2006.

HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Vida: São Paulo, 2007.

SCHULTZ, Samuel J.; SMITH, Gary V. Panorama do Antigo Testamento. São


Paulo: Vida Nova, 2005.

VOGELS, Walter. Abraão e sua lenda: Genesis 12, 1-25,11. São Paulo: Edições
Loyola, 2010.

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