3337 - Serviço de Vinhos
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vinhos
2000 Séc. Séc. Séc. Séc.
1900 1986
a.C VIII XV XVIII XIX
Tartessos | 2 000 anos a.C.
Acredita-se que os Tartessos foram o povo que cultivou a vinha pela primeira vez na Península
Ibérica. O vinho seria utilizado como moeda de troca no comércio de metais.
Os Fenícios procuravam prata e estanho nos estuários do Guadiana, Sado, Tejo e Mondego. As
ânforas com vinho eram um dos produtos oferecidos ao povo ibérico em troca dos metais. Os
Fenícios deverão ter sido responsáveis pela introdução de novas castas utilizadas na produção de
vinho.
Os Celtas instalam-se na Península Ibérica. Eram um povo com conhecimentos vitícolas: já plantavam
vinhas, que trouxeram para a Península Ibérica. Alem disso, é possível que tenham introduzido novas
técnicas de tanoaria. Mais tarde, os Celtas fundem-se aos Iberos formando o povo Celtibero.
O vinho tranquilo é todo aquele que não contém gás, ao contrário dos vinhos espumantes e
frisantes (como alguns Vinho Verdes) que possuem desprendimento de gás. São
normalmente tintos ou brancos, mas existe também a versão rosé.
Os vinhos brancos tranquilos são feitos a partir da fermentação de uvas sem pele.
Todavia, há alguns brancos que são elaborados a partir do processo de maceração
pelicular, ou seja, as peles das uvas mantêm-se em contacto com o mosto antes da
fermentação para uma maior concentração aromática. Curiosamente, as castas
utilizadas não precisam de ser apenas brancas: há vinhos brancos que utilizam castas
tintas. Estes vinhos têm aspecto límpido e cor amarela bastante clara ou um pouco
mais escura, a lembrar o amarelo da palha. São bastante suaves e aromáticos
(predominam os odores a flores e frutos).
Os vinhos tintos tranquilos são produzidos a partir da fermentação de uvas
tintas. A gama de cores no vinho tinto vai desde o vermelho rubi até ao
vermelho mais escuro. Os tintos jovens são suaves, bastante aromáticos e
geralmente têm um sabor delicado. Os tintos mais envelhecidos têm um
aroma muito intenso e na boca apresentam uma textura macia (diz-se que
são aveludados) e um elevado teor alcoólico (são encorpados).
Foi na segunda metade do século XIV, que a produção de vinho começou a ter um
grande desenvolvimento, renovando-se e incrementando-se a sua exportação.
Tal envelhecimento suave era proporcionado pelo calor dos porões ao passarem, pelo
menos duas vezes, o Equador e pela permanência do vinho nos tonéis, tornando-os
ímpares, preciosos e, como tal, vendidos a preços verdadeiramente fabulosos. O
vinho de "roda" ou de "torna viagem" veio assim facultar o conhecimento empírico
de um certo tipo de envelhecimento, cujas técnicas científicas se viriam a
desenvolver posteriormente.
No século XVIII, a vitivinicultura, tal como outros aspectos da vida nacional, sofreu a
influência da forte personalidade do Marquês de Pombal. Assim, uma grande região
beneficiou de uma série de medidas proteccionistas - a região do Alto Douro e o afamado
Vinho do Porto. Em consequência da fama que este vinho tinha adquirido, verificou-se um
aumento da sua procura por parte de outros países da Europa, para além da Inglaterra,
importador tradicional. As altas cotações que o Vinho do Porto atingiu fizeram com que os
produtores se preocupassem mais com a quantidade do que com a qualidade dos vinhos
exportados, o que esteve na origem de uma grave crise. Para pôr fim a esta crise, o
Marquês de Pombal criou em 10 de Setembro de 1756, a Companhia Geral da Agricultura
das Vinhas do Alto Douro, para disciplinar a produção e o comércio dos vinhos da região,
prevendo ainda a necessidade de se fazer, urgentemente, a demarcação da região, o que
veio a concretizar-se. Assim, segundo alguns investigadores, foi esta a primeira região
demarcada oficialmente no mundo vitivinícola.
O século XIX foi um período negro para a vitivinicultura. A praga da filoxera, que apareceu
inicialmente na região do Douro em 1865, rapidamente se espalhou por todo o país,
devastando a maior parte das regiões vinícolas.
Foi criada a Federação dos Vinicultores do Centro e Sul de Portugal (1933), organismo
corporativo dotado de grandes meios e cuja intervenção se marcava, fundamentalmente, na
área da regularização do mercado. À Federação, seguiu-se a Junta Nacional do Vinho (JNV)
(1937), e à Junta seguiu-se o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) (1986), organismo adaptado às
estruturas impostas pela nova política de mercado decorrente da adesão de Portugal à
Comunidade Europeia.
Trás-os-Montes
Douro
Bairrada
Dão
Lisboa
Ribatejo
Península de Setúbal
Alentejo
Algarve
Madeira
Açores
Região onde predominam as tonalidades verdes da vegetação
exuberante típica de uma região com bastante humidade.
Contudo, o nome Vinhos Verdes não se deve apenas ao meio
envolvente onde crescem as vinhas: é nesta região que se
produz um vinho tipicamente acidulado, leve, medianamente
alcoólico e de óptimas propriedades digestivas.
A região dos Vinhos Verdes/Minho é a maior zona vitícola
portuguesa e situa-se no noroeste do país, coincidindo com a
região não vitícola designada por Entre Douro e Minho. A região
é rica em recursos hidrográficos, sendo limitada a norte pelo
Rio Minho e pelo Oceano Atlântico a oeste.
No interior da região predominam as serras, sendo a mais
elevada a Serra da Peneda com 1373 m.
Na região os solos são maioritariamente graníticos e pouco
profundos. Apresentam uma acidez elevada e baixo nível de
fósforo, possuindo uma fertilidade relativamente baixa.
Contudo, devido acção do homem durante séculos (construção
de socalcos e utilização de adubos naturais), tornaram-se mais
férteis.
O clima da região é influenciado pelas brisas marítimas do Oceano Atlântico, por isso as
temperaturas são amenas durante todo o ano. Os níveis de precipitação são elevados e mesmo
no Verão é possível que haja vários dias de chuva seguidos, por isso o nível de humidade
atmosférica é relativamente alta.
Nesta região ainda subsistem residualmente as mais antigas formas de condução da vinha,
sendo uma delas, a vinha de enforcado ou uveira: as videiras são plantadas junto a uma árvore
e crescem apoiadas nos ramos da árvore de suporte. No entanto, a maioria das novas
explorações vitícolas optam por métodos modernos de condução da vinha. Embora os sistemas
de condução da vinha tradicionalmente usados nesta região não estimulassem a qualidade dos
vinhos, dificultando o amadurecimento das uvas e proporcionando níveis elevados de acidez,
não se deverá concluir que a tradição mandava colher as uvas antes de amadurecerem. Prova
disso é que nesta região, as vindimas eram prolongadas até finais de Outubro ou inícios de
Novembro. As castas brancas mais utilizadas na produção do vinho desta região são: a casta
Alvarinho, Loureiro, Trajadura, Avesso, Arinto (designada por Pedernã nesta região) e Azal.
A região foi delimitada no início do século XX e, actualmente, a Denominação de
Origem divide-se em nove sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Cávado, Ave, Amarante,
Baião, Sousa e Paiva. Cada uma produz formas distintas de Vinho Verde, sendo notórias
as diferenças entre os vinhos produzidos no norte ou no sul da região. Por exemplo, o
Alvarinho de Monção é um vinho branco seco e bastante encorpado, enquanto o
Loureiro do vale do Lima é mais suave e perfumado. O vinho tinto produzido na região
dos Verdes, outrora o vinho que dominava a produção da região, é actualmente
consumido quase exclusivamente pelas populações locais. Este vinho é muito ácido e
tem uma cor vermelha bastante carregada. É elaborado a partir de castas como Vinhão,
Borraçal, Brancelho, entre outras, sendo apreciado para acompanhar a gastronomia
típica da região.
No extremo Nordeste de Portugal, a norte da região do Douro, existe a
região vitivinícola de Trás-os-Montes que se divide em três sub-regiões:
Chaves, Valpaços e Planalto Mirandês.
O nome Trás-os-Montes refere-se à localização da região: situa-se para
lá das serras do Marão e Alvão, a norte do rio Douro. É uma zona
montanhosa e de solos essencialmente graníticos.
O clima é seco e muito quente no Verão e no Inverno, pelo contrário, as
temperaturas atingem muitas vezes valores negativos.
Na sub-região de Chaves a vinha é plantada nas encostas de pequenos
vales, onde correm os afluentes do rio Tâmega. A sub-região de
Valpaços é rica em recursos hídricos e situa-se numa zona de planalto.
No Planalto Mirandês é o rio Douro que influencia a viticultura.
As castas plantadas são praticamente comuns nas três sub-regiões. As
castas tintas mais plantadas são a Trincadeira, Bastardo, Marufo, Tinta
Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. As castas brancas de maior
expressão na região são a Síria, Fernão Pires, Gouveio, Malvasia Fina,
Rabigato e Viosinho.
Os vinhos tintos desta região são geralmente frutados e levemente
adstringentes. Os vinhos brancos são suaves e com aroma floral.
Vinha histórica
Na região de Trás-os-Montes o cultivo da vinha é secular. Existem referências que comprovam a produção de vinho
durante a ocupação romana na região. Estes vinhos eram conhecidos pela sua grande qualidade.
A região de Trás-os-Montes é também famosa pela qualidade das suas águas termais. Estas são referenciadas desde a
época da romanização.
Há um vinho que caracteriza imediatamente a região do Douro, o
vinho do Porto. Este, embaixador dos vinhos portugueses, nasce
em terras pobres e encostas escarpadas banhadas pelo rio Douro.
Além do Porto, esta região é cada vez mais reconhecia pelos
excelentes vinhos tintos e brancos.
A região do Douro localiza-se no Nordeste de Portugal, rodeada
pelas serras do Marão e Montemuro. A área vitícola ocupa cerca de
40000 hectares, apesar da região se prolongar por cerca de
250000 hectares. O rio Douro e os seus afluentes, como por
exemplo o Tua e o Corgo, correm em vales profundos e a maior
parte das plantações são encaixadas nas bacias hidrográficas dos
rios.
Os solos durienses são essencialmente compostos por xisto
grauváquico embora, em algumas zonas, existam solos graníticos.
Estes solos são particularmente difíceis de trabalhar e no Douro a
dificuldade é agravada pela forte inclinação do terreno. Por outro
lado, estes solos são benéficos para a longevidade das vinhas e
permitem mostos mais concentrados de açúcar e cor.
O esforço do homem na conversão dos solos inóspitos em vinhas
resultou na aplicação de três formas distintas de plantação: em
socalcos, em patamares e ao alto. Os socalcos são frequentes em
zonas cuja inclinação é elevada e assemelham-se a varandas
separadas por muros de xisto grauváquico. Os patamares são
constituídos por terraços construídos mecanicamente sem muros
de suporte às terras, enquanto a plantação ao alto tem em conta
a drenagem dos terrenos e o espaço necessário para a
mecanização e movimentação das máquinas na vinha.
As vinhas dispõem-se do cimo dos vales profundos até à margem
do rio e criam uma paisagem magnífica reconhecida pela
UNESCO como Património da Humanidade em 2001. Ao
admirável cenário, alia-se a excelência dos vinhos produzidos nas
três sub-regiões do Douro: Baixo Corgo a oeste, Cima Corgo no
centro e Douro Superior a leste.
A distribuição da área das vinhas não é uniforme. No Baixo Corgo a área de
vinha ocupa cerca de 14000 hectares e o número de produtores é de quase
16000, isto é, em média cada produtor detém menos de um hectare de vinha.
O Douro Superior é uma região mais desértica e o número de produtores é
inferior ao número de hectares de vinha (quase 9000 hectares para pouco
mais de 7900 produtores).
As castas cultivadas na região não são célebres pela sua elevada produção, contudo têm
uma história secular, já que algumas castas provêm da época da Ordem de Cister (Idade
Média). Na segunda metade do século XX, iniciou-se o estudo e análise das castas
plantadas e chegou-se à conclusão que as melhores castas para a produção de vinho do
Douro e Porto são: a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Aragonez (na região
denominada de Tinta Roriz) e Tinto Cão. As novas quintas da região cultivam
essencialmente estas castas, mas também outras muito importantes e com bastante
expressão na região, como por exemplo, as castas Trincadeira e Souzão. A produção de
vinhos brancos é essencialmente sustentada pela plantação de castas como a Malvasia
Fina, Gouveio, Rabigato e Viosinho. Para a produção de Moscatel, planta-se a casta
Moscatel Galego.
A aguardente
Com o desenvolvimento das exportações de vinho do Porto iniciou-se a prática de lhe adicionar aguardente. Assim, o
vinho resistia inalterado à viagem no mar e a paragem da fermentação com a aguardente tornava o vinho mais
adocicado e apropriado ao gosto do mercado inglês.
Em 1756 criou-se a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Este organismo tinha como principais
competências fazer a limitação da região e registo das vinhas, classificar os vinhos de acordo com a sua qualidade e
estabelecer determinadas práticas vitivinícolas na região. Era o nascimento de uma das primeiras regiões demarcadas
do mundo.
O nome Porto
A denominação “do Porto” é explicada pelo facto do vinho ser armaz enado e comercializado a partir do porto situado
entre a cidade do Porto e Vila Nova de Gaia. O vinho descia o rio Douro nos barcos rabelo e envelhecia nos armazéns
de Vila Nova de Gaia, já que esta z ona apresenta poucas variações de temperatura durante o ano.
O vinho do Porto mais caro e mais raro do mundo é produzido pela Quinta do Noval. O seu Porto Vintage Nacional é
produz ido poucas vezes e sempre em número limitado (200 a 250 caixas). Uma das suas particularidades é o facto
das uvas serem provenientes de videiras plantadas sem porta-enxertos, muito antigas e raras na região.
A região da Bairrada é rica na produção de vinhos
brancos e tintos, elaborados a partir de castas
tradicionais, como a abundante Baga, e outras
importadas para solos portugueses, como a
internacional Cabernet Sauvignon.
É na Beira Litoral, entre Águeda e Coimbra, que se situa
a região da Bairrada. A zona é muito próxima do mar,
por isso o seu clima é tipicamente atlântico: Invernos
amenos e chuvosos e Verões suavizados pelos efeitos
dos ventos atlânticos.
A maior parte das explorações vinícolas são de pequena
dimensão. A área ocupada pelas vinhas
(maioritariamente em solos argilo-calcáricos ou
arenosos) não ultrapassa os 10000 hectares.
A produção de vinho na região é sustentada por
cooperativas, pequenas e médias empresas e pequenos
produtores. Os pequenos produtores comercializam os
chamados “vinhos de quinta” que se tornaram muito
importantes na região nos últimos anos.
Foi no século XIX que a Bairrada se transformou numa região produtora de vinhos
de qualidade, apesar da produção de vinho existir desde o século X. O cientista
António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu
as fronteiras da região em 1867. Vinte anos mais tarde, em 1887, fundou-se a
Escola Prática de Viticultura da Bairrada destinada a promover os vinhos da
região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho. O primeiro
resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890.
As castas brancas são plantadas nos solos arenosos da região, sendo a casta
Fernão Pires (na região denominada por Maria Gomes) a mais plantada. Em
quantidades mais reduzidas existem as castas Arinto, Rabo de Ovelha, Cercial e
Chardonnay. Os brancos da região são delicados e aromáticos. Os espumantes da
região são muito utilizados como bebidas aperitivas ou a acompanhar a cozinha
local.
O mercado brasileiro
No reinado de D. Maria (1734/ 1816), os vinhos eram exportados em grande quantidade para o Brasil, onde eram
muito apreciados. Eram igualmente exportados para a América do Norte, França e Inglaterra.
Cultivo da vinha
D. Afonso Henriques aprovou, em 1137, o cultivo da vinha na Herdade de Eiras, “sob o caminho público de Vilarinum
ao monte Buzaco”. O pagamento à coroa era apenas a quarta parte do vinho produzido.
Nesta região as vinhas situam-se entre os 400 e os 700 metros de
altitude e em solos onde predominam os pinheiros e as culturas de
milho. A região do Dão, rodeada de serras que a protegem dos
ventos, produz vinhos com elevada capacidade de envelhecimento
em garrafa.
A zona do Dão situa-se na região da Beira Alta, no centro Norte de
Portugal. As condições geográficas são excelentes para produção
de vinhos: as serras do Caramulo, Montemuro, Buçaco e Estrela
protegem as vinhas da influência de ventos. A região é
extremamente montanhosa, contudo a altitude na zona sul é
menos elevada. Os 20000 hectares de vinhas situam-se
maioritariamente entre os 400 e 700 metros de altitude e
desenvolvem-se em solos xistosos (na zona sul da região) ou
graníticos de pouca profundidade. O clima no Dão sofre
simultaneamente a influência do Atlântico e do Interior, por isso os
Invernos são frios e chuvosos enquanto os Verões são quentes e
secos.
Na Idade Média, a vinha foi essencialmente desenvolvida pelo clero,
especialmente pelos monges de Cister. Era o clero que conhecia a
maioria das práticas agrícolas e como exercia muita influência na
população, conseguiu ocupar muitas terras com vinha e aumentar a
produção vitícola. Todavia, foi a partir da segunda metade do século
XIX, após as pragas do míldio e da filoxera, que a região conheceu
um grande desenvolvimento. Em 1908, a área de produção de vinho
foi delimitada, tornando-se na segunda região demarcada
portuguesa.
O Dão é uma região com muitos produtores, onde cada um detém
pequenas propriedades. Durante décadas, as uvas foram entregues
às adegas cooperativas encarregadas da produção do vinho. O vinho
era, posteriormente, vendido a retalho a grandes e médias empresas,
que o engarrafavam e vendiam com as suas marcas.
Com a entrada de Portugal na CEE (1986) houve necessidade de alterar o
sistema de produção e comercialização dos vinhos do Dão. Grande parte das
empresas de fora da região que adquiriam vinho às adegas cooperativas locais,
iniciaram as suas explorações na região e compraram terras para cultivo de
vinha. Por outro lado, as cooperativas iniciaram um processo de modernização
das adegas e começaram a comercializar marcas próprias, enquanto pequenos
produtores da região decidiram começar a produzir os seus vinhos. As vinhas
passaram também por um processo de reestruturação com a aplicação de
novas técnicas vinícolas e escolha de castas apropriadas para a região.
As vinhas são constituídas por uma grande diversidade de castas, entre as
quais a Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz (nas variedades tintas)
e Encruzado, Bical, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho (nas variedades brancas).
Os vinhos brancos são bastantes aromáticos, frutados e bastante equilibrados.
Os tintos são bem encorpados, aromáticos e podem ganhar bastante
complexidade após envelhecimento em garrafa.
O Dão e os Descobrimentos
Antes da partida dos portugueses para a conquista de Ceuta, foi servido vinho do Dão nos luxuosos festejos
organizados pelo Infante D. Henrique em Viseu.
A filoxera
O vinho do Dão foi muito procurado pelos europeus, na altura em que a filoxera dizimava as vinhas europeias. O
vinho do Dão servia essencialmente para responder à procura de vinho do Douro (esta região já sofria efeitos da
filoxera) e para vender vinho de mesa destinado ao mercado francês. Entre1883 e 1886 a filoxera invadiu a região.
As regiões da Beira Interior, Távora-Varosa e Lafões
situam-se no interior do país e dispersam-se entre a zona
da Beira Baixa e da Beira Alta, junto à fronteira com
Espanha. As suas denominações, uma mais históricas
que outras, produzem vinhos muito distintos fruto dos
diversos climas existentes em cada sub-região.
Os solos da região são de origem granítica e xistosa,
fruto do relevo acidentado e montanhoso da região. Por
influência das montanhas e da altitude os Verões são
secos e quentes, por outro lado, os Invernos são muito
frios e com neve.
As adegas cooperativas produzem quase todo o vinho da região, apesar de, cada vez
mais, surgirem no mercado vinhos de pequenos e médios produtores. As castas tintas
mais cultivadas na Denominação de Origem da Beira Interior são a Tinta Roriz,
Bastardo, Marufo, Rufete e Touriga Nacional. As castas brancas com maior expressão
na região são a Síria, Malvasia Fina, Arinto e Rabo de Ovelha. A região reúne boas
condições para a produção de brancos frescos e aromáticos e tintos frutados e
encorpados.
A Denominação de Origem de Lafões é uma pequena região no norte do Dão com
poucos produtores. Apesar disso, os vinhos tintos da região são especialmente
reconhecidos pela sua luminosidade enquanto os brancos são caracterizados por
elevada acidez. As castas Amaral e Jaen são as mais utilizadas na produção de vinho
tinto, enquanto as castas Arinto, Cercial e Rabo de Ovelha são as preferidas na
produção de vinho branco.
A norte da região das Beiras e fazendo fronteira com a região do Douro, situa-se a
Denominação de Origem Távora-Varosa. É uma região de pequena dimensão, todavia
muito relevante na produção de espumantes. As castas brancas são as predominantes
na região (Malvasia Fina, Cerceal, Gouveio, Chardonnay). As castas tintas mais
plantadas são a Touriga Francesa, Tinta Barroca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Pinot
Noir. Apesar da produção da região ser liderada por espumantes, também são
produzidos brancos frescos e tintos suaves.
Monges de Cister
Apesar do cultivo da vinha ter sido iniciado durante a ocupação romana, o grande desenvolvimento da cultura da
vinha aconteceu só no século XII. Os seus responsáveis foram os monges de Cister que cultivaram a vinha nos seus
terrenos.
Vestígios romanos
Na região das Beiras, o início da cultura da vinha remonta à época romana. Existem diversos lagares talhados nas
rochas graníticas que serviam para produzir vinho.
Proteccionismo
Devido à qualidade e à importância social e económica dos vinhos das Beiras, implementaram-se algumas medidas
para a protecção destes vinhos, nomeadamente no reinado de D. João I e de D. João III.
Na região de Lisboa, região com longa história na
viticultura nacional, a área de vinha é constituída
pelas tradicionais castas portuguesas e pelas mais
famosas castas internacionais. A Estremadura
produz uma enorme variedade de vinhos, possível
pela diversidade de relevos e microclimas
concentrados em pequenas zonas da região.
A região de Lisboa, anteriormente conhecida por
Estremadura, situa-se a noroeste de Lisboa numa
área de cerca de 40 km. O clima é temperado em
virtude da influência atlântica. Os Verões são
frescos e os Invernos suaves, apesar das zonas
mais afastadas do mar serem um pouco mais frias.
Esta região possui boas condições para produzir vinhos de qualidade, todavia há
cerca de quinze anos atrás a região de Lisboa era essencialmente conhecida por
produzir vinho em elevada quantidade e de pouca qualidade. Assim, iniciou-se
um processo de reestruturação nas vinhas e adegas. Provavelmente a
reestruturação mais importante realizou-se nas vinhas, uma vez que as novas
castas plantadas foram escolhidas em função da sua produção em qualidade e
não em quantidade. Hoje, os vinhos da região de Lisboa são conhecidos pela sua
boa relação qualidade/preço.
A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e
brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das
uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos
são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os
vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.
A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências
da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas
brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas
e internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional
ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.
Vinho de Bucelas
Este vinho teve uma enorme popularidade na época das Invasões Francesas (1808-1810). Wellington apreciava muito
o vinho de Bucelas e transportou-o para Inglaterra com o objectivo de o oferecer a Jorge III de Inglaterra.
Branco de Lisboa
Na segunda metade do século XVI, o vinho de Bucelas já era conhecido em Inglaterra. Os ingleses chamavam-lhe
“Lisbon Hock”. Em inglês, hock significa vinho branco seco.
Vinho de Carcavelos
As tropas de Wellington bebiam este vinho frequentemente e levaram esse hábito para Inglaterra. Assim, o vinho de
Carcavelos foi exportado para Inglaterra em grandes quantidades e durante vários anos.
Diversidade de solos e climas aliados a explorações vitivinícolas de
grande dimensão com baixos custos de produção são as principais
características do Ribatejo. Esta região fértil, outrora com elevadas
produções que abasteciam o mercado interno e as colónias em
África, produz vinhos brancos e tintos de qualidade a um preço
extremamente competitivo.
No Ribatejo pratica-se uma agricultura extensiva: produtos
hortícolas e frutícolas, arroz, oliveiras e vinha preenchem as vastas
planícies ribatejanas. O rio Tejo é omnipresente na paisagem
ribatejana e um dos responsáveis pelo clima, pelo solo e
consequentemente, pela fertilidade da região. No Ribatejo o clima é
mediterrânico, contudo sofre a influência do rio, por isso as
estações do ano são amenas.
A Denominação de Origem do Ribatejo apresenta seis sub-regiões (Almeirim,
Cartaxo, Chamusca, Coruche, Santarém e Tomar). Os solos variam consoante a
proximidade do rio. O campo ou lezíria são zonas muito produtivas que se
situam à beira-rio. Devido às inundações do Tejo é comum que as vinhas da
zona fiquem, por vezes, completamente submersas. Na margem direita do Tejo,
depois dos solos junto ao rio, situa-se a zona do bairro. É constituída por solos
mais pobres e de origem calcária e argilosa, dispostos em terrenos mais
irregulares entre montes e planícies. As principais plantações na zona do bairro
são as oliveiras e as vinhas. Da margem esquerda do Tejo às regiões do sul
próximas do Alentejo localiza-se a zona designada charneca. Aí, os solos são
pouco produtivos e explora-se culturas que necessitam de pouca água, como
por exemplo vinhas e sobreiros. Apesar de ser uma zona muito seca e
apresentar as mais altas temperaturas do Ribatejo, as uvas têm melhores
condições para a maturação do que em outras áreas da região.
O Ribatejo já foi famoso por produzir enormes quantidades de vinho que
abasteciam especialmente os restaurantes e tabernas de Lisboa. Era uma região
onde as grandes casas agrícolas pretendiam obter o máximo rendimento das
vinhas e posteriormente produzir um vinho de pouca qualidade que seria
vendido a granel. Nos últimos 15 anos, a região foi submetida a mudanças
significativas tanto nos campos como nas adegas. Muitas vinhas foram
transferidas da zona de campo para os solos pobres da charneca e do bairro: a
produção baixou, contudo a qualidade melhorou significativamente.
A legislação para a região é pouco restrita e permitiu a introdução de castas
portuguesas e estrangeiras. Os vinhos tintos DOC do Ribatejo provêm não só de castas
tradicionais da região (Trincadeira ou Castelão) mas também de outras castas nobres,
como a Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon ou Merlot. A casta branca mais plantada
na região é a Fernão Pires, sendo praticamente indispensável na produção dos brancos
ribatejanos. Por vezes, é lotada com outras castas típicas da região como a Arinto,
Tália, Trincadeira das Pratas, Vital ou a internacional Chardonnay.
Na produção de vinho regional Tejo é permitido a utilização de castas não admitidas na
Denominação de Origem. Sendo assim, os agricultores podem fazer mais experiências
com o solo, clima e castas para produzir vinhos originais. Aliás, o Ribatejo possui cerca
de 22300 hectares de vinha, apesar de apenas 1850 serem certificados para a
produção de vinho DOC.
Independentemente da designação DOC ou Regional, o terrior do Ribatejo sente-se em
qualquer vinho da região: brancos muito frutados e de aromas tropicais ou florais e
tintos jovens, aromáticos e de taninos suaves.
Além da reestruturação das vinhas da região, as adegas e os produtores da região
modificaram e modernizaram as suas adegas. Os grandes tonéis e depósitos de
cimento que produziram milhões de litros de vinho foram substituídos por cubas de
aço inoxidável, sistemas de refrigeração e pipas de carvalho para o envelhecimento do
vinho.
Antigos e famosos
Os vinhos do Ribatejo já eram famosos antes da fundação da nacionalidade. Em 1170, D. Afonso Henriques refere-se
aos vinhos do Ribatejo no foral da cidade de Santarém.
O Proteccionismo
Durante os séculos XIII, XIV e XV, os reis portugueses aplicaram uma série de medidas que protegiam os vinhos
ribatejanos, nomeadamente através da proibição da entrada de vinhos produzidos fora da região.
Referências na literatura
Gil Vicente faz referência aos vinhos ribatejanos, nomeadamente ao vinho da região de Abrantes, na sua obra
“Pranto de Maria Parda”. Na obra “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garrett, recorda-se Dâmaso Xavier dos
Santos, um grande proprietário agrícola do Cartaxo que se dedicou à causa liberal, arruinando toda a sua fortuna.
A Península de Setúbal é rodeada pelo oceano Atlântico e
pelos rios Tejo e Sado. A região, situada a sul de Lisboa, é
essencialmente marcada pelo turismo e pelas grandes
explorações vitícolas. Desde as grandes explorações
dominadas pela casta Castelão até ao Moscatel, um dos
vinhos generosos nacionais, esta região sempre teve um
lugar cimeiro na história dos vinhos portugueses.
A Península de Setúbal apresenta dois tipos de paisagens.
Uma caracteriza-se pelo seu relevo mais acentuado com
vinhas plantadas em solos argilo-calcários, entre os 100 e os
500 metros, aproveitando as encostas da Serra da Arrábida
que as protegem do oceano Atlântico. A outra zona que
representa, cerca de 80% do total da região, abrange terras
planas ou com suaves ondulações, raramente ultrapassando
os 150 m de altura. Estes terrenos são compostos por solos
de areia, tornando-os bastante pobres e perfeitamente
adaptados à produção de uvas de grande qualidade.
O clima da região é mediterrânico temperado com
Verões quentes e secos e Invernos amenos e
chuvosos. A humidade relativa média anual situa-se
entre os 75% a 80%, o que reflecte a proximidade do
mar.
A Península de Setúbal compreende duas
Denominações de Origem (Palmela e Setúbal) e a
designação de vinhos regionais Península de Setúbal.
A maior parte dos vinhos da região utilizam a casta
Castelão na sua composição. Esta é a casta
tradicional da zona e a legislação para a produção de
vinhos DO obriga à utilização de uma percentagem
elevada de Castelão, por exemplo o DO de Palmela
tem de ser constituído por 66,7% desta casta. Por
vezes, a Castelão é misturada com a casta Alfrocheiro
ou Trincadeira.
As castas brancas dominantes na região são a Fernão
Pires, a Arinto e naturalmente, a Moscatel de Setúbal,
que é utilizada em vinhos brancos e também nos
vinhos generosos da Denominação de Origem de
Setúbal.
As características mais marcantes dos novos vinhos da Península de Setúbal
são os aromas florais nos brancos e os sabores suaves a especiarias e frutos
silvestres nos tintos.
O vinho generoso de Setúbal elaborado a partir das castas Moscatel e Moscatel
Roxo é um dos mais antigos e famosos vinhos mundiais.
No século XIX, a maior vinha contínua do mundo situava-se na região da Península de Setúbal: eram cerca de 4000
hectares de vinha que pertenciam a apenas um produtor. Hoje a área ocupada pela vinha situa-se entre os 10000
hectares.
O Moscatel
O Moscatel de Setúbal sempre foi um vinho com grande fama nacional e internacional. Um dos grandes apreciadores
deste vinho foi o rei francês Luís XIV.
Torna-Viagem
O Moscatel era muito exportado para o Brasil. Aí, o vinho era vendido e o que sobrava regressava a Portugal. O
transporte era efectuado em navios que atravessavam todo o Atlântico e por isso, sujeitos a elevadas temperaturas.
Quando os barris eram desembarcados, notava-se que o vinho estava mais concentrado e suave. Estes vinhos ficaram
conhecidos por torna-viagem, porque faziam uma viagem para fora de Portugal e outra de regresso ao país.
Pensa-se que o vinho terá entrado em Portugal através dos Fenícios, nomeadamente pelos estuários dos rios Sado e
Tejo, por volta de 600 anos a.C. Os Fenícios procuravam metais e como moeda de troca ofereciam, entre outros
produtos, ânforas de vinho e azeite.
O Alentejo é uma das maiores regiões vitivinícolas de Portugal,
onde a vista se perde em extensas planícies que apenas são
interrompidas por pequenos montes. Esta região quente e seca
beneficiou de inúmeros investimentos no sector vitivinícola que se
traduziu na produção de alguns dos melhores vinhos portugueses e
consequentemente, no reconhecimento internacional dos vinhos
alentejanos.
O Alentejo situa-se no sul de Portugal. É uma zona muito soalheira
permitindo a perfeita maturação das uvas e onde as temperaturas
são muito elevadas no Verão, tornando-se indispensável regar a
vinha.
O tipo de relevo predominante na região é a planície, apesar da
região de Portalegre sofrer a influência da serra de São Mamede.
As vinhas são plantadas nas encostas íngremes da serra ou em
grandes planícies e em solos muito heterogéneos de argila,
granito, calcário ou xisto. Apesar disso, a pouca fertilidade dos
solos é um elemento comum a todos os solos.
Grande parte dos 22000 hectares de vinha alentejana concentram-se nas oito sub-
regiões da Denominação de Origem alentejana: Reguengos, Borba, Redondo,
Vidigueira, Évora, Granja-Amareleja, Portalegre e Moura.
Na sub-região de Portalegre as vinhas são plantadas nas encostas graníticas da Serra
de São Mamede, sofrendo a influência de um microclima (temperaturas são mais
baixas devido à altitude). No centro do Alentejo situam-se as sub-regiões de Borba,
Reguengos, Redondo e Évora que produzem vinhos bastantes similares. No sul
alentejano (mais quente e seco) localizam-se as sub-regiões de Moura, Vidigueira e
Granja-Amareleja.
No Alentejo há inúmeras castas plantadas, contudo umas são mais relevantes que
outras (seja pela qualidade ou pela área plantada). As castas brancas mais
importantes na região são a Roupeiro, a Antão Vaz e a Arinto. Em relação às castas
tintas, salienta-se a importância da casta Trincadeira, Aragonez, Castelão e Alicante
Bouschet (uma variedade francesa que se adaptou ao clima alentejano).
Os vinhos brancos DOC alentejanos são geralmente suaves, ligeiramente ácidos e
apresentam aromas a frutos tropicais. Os tintos são encorpados, ricos em taninos e
com aromas a frutos silvestres e vermelhos.
Além da produção nas sub-regiões DOC, o Alentejo apresenta uma elevada produção e
variedade de vinho regional. Os produtores optam, muitas vezes, por esta designação
oficial que permite a inclusão de outras castas para além das previstas na legislação
de vinhos DOC. Assim, é possível encontrar vinhos regionais produzidos com Touriga
Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah ou Chardonnay.
Hoje, o Alentejo tem um enorme potencial na produção vitivinícola, todavia a região
nem sempre contou com o apoio das políticas agrícolas nacionais. Devido às
especificidades do clima, solos pobres e estrutura agrária (grandes propriedades) as
principais produções do Alentejo sempre foram os cereais, a oliveira, o carvalho e o
gado. Durante as primeiras décadas do século XX, o governo tencionava fazer do
Alentejo o “celeiro” de Portugal, por isso a cultura do milho foi amplamente divulgada.
O vinho tinha uma importância diminuta e destinava-se essencialmente ao consumo
local. A vinificação era realizada segundo os processos tradicionais herdados dos
Romanos e a fermentação realizava-se em grandes ânforas de barro.
Nos anos 50, foi criada a primeira adega cooperativa da região com o objectivo de
controlar a produção vinícola. No entanto, foi apenas nos anos 80 que o Alentejo se
submeteu à grande revolução na produção vitivinícola. Demonstrando uma enorme
capacidade de organização, os produtores alentejanos constituíram inúmeras
associações, revitalizaram as cooperativas e encorajaram os produtores privados.
Assim, o sector vitivinícola ganhou outra relevância, justificando a demarcação oficial
da região em 1988.
Efeitos da Romanização
A presença dos romanos no Alentejo contribuiu para a implantação da vinha em diversas zonas da região. Após
fundação de Beja, entre 31 e 27 a. C., assistiu-se a um grande aumento no cultivo da vinha. Próximo da zona da
Vidigueira foram encontrados pedaços de talhas de barro, grainhas de uvas e um lagar de granito.
Incentivos vitivinícolas
Após a expulsão dos mouros do Alentejo, o poder real e as ordens religiosas incentivaram a vitivinicultura. A
população era obrigada a cultivar as terras com vinha e depois de três, quatro ou cinco anos desde a plantação era
obrigada a dar uma determinada quantia da sua colheita. Em 1221, D. Afonso Henriques determinou que as uvas e
vinho produzido seriam posse da Sé de Évora
Muitas vezes considerado o paraíso turístico de Portugal, o
Algarve é uma região onde a área de vinha decresceu nos
últimos anos. A indústria turística ocupou grande parte da
área dos terrenos agrícolas e o vinho algarvio esteve próximo
da extinção. Hoje, há de novo interesse vitivinícola na região
e investe-se no desenvolvimento deste sector.
O Algarve situa-se no sul de Portugal. É uma região com um
clima muito específico: está próximo do mar, contudo
também sofre a influência da montanha (serras Espinhaço de
Cão, Caldeirão e Monchique). As serras são muito
importantes na agricultura algarvia, pois protegem as
explorações de ventos provenientes do norte. Deste modo, o
clima é quente, seco, com reduzidas amplitudes térmicas e
com uma média de 3000 horas de sol por ano.
O desenvolvimento do turismo na região, foi pouco benéfico para a viticultura. As
vinhas foram substituídas por hotéis, aldeamentos turísticos e campos de golfe.
Nos últimos anos, a região está a receber investimentos para revitalizar o sector
vitivinícola. Iniciou-se a replantação de castas, a modernização das adegas e
praticaram-se novos métodos de produção de vinhos.
Durante a ocupação muçulmana do Algarve, cultivava-se a vinha em grandes quantidades. Como a religião
muçulmana não permite a ingestão de álcool o vinho servia como moeda de troca para a aquisição de outros
produtos. Depois da reconquista do Algarve, os cristãos aproveitaram a organização económica deixada pelos
muçulmanos.
Importância comercial
A tradição vitivinícola algarvia não se limita ao cultivo e produção de vinho: a região desempenhou um papel de
extrema importância nas trocas comerciais efectuadas durante a Idade Média e Moderna.
Na ilha apelidada “pérola do Atlântico”, produz-se o vinho
generoso “Madeira”. Este vinho possui uma longevidade fora do
comum, aromas complexos e um sabor distintivo que ganhou
notoriedade mundial.
A ilha da Madeira tem um clima tipicamente mediterrânico:
temperaturas amenas durante todo o ano e baixas amplitudes
térmicas, embora a humidade atmosférica seja sempre elevada.
Os solos são de origem vulcânica e pouco férteis. O relevo da
ilha é muito irregular, por isso as vinhas são plantadas nas
encostas de origem vulcânica.
Na peça que Shakespeare escreveu para o Rei Henrique IV, há referências ao vinho da Madeira. Na peça a personagem
Falstaaf vende a alma ao Diabo em troca de um pedaço de capão frio e um copo de Madeira
Um vinho requintado
O Madeira era considerado, pela maioria das cortes europeias, um vinho de elevado requinte. Inclusivamente era
utilizado para servir de perfume aos lenços das damas da corte. Em Inglaterra, o Madeira e o Vinho do Porto
disputavam o primeiro lugar nas preferências da corte.
Duque de Clarence
Duque de Clarence era um nobre inglês que após ter sido condenado à morte na sequência de um atentado contra o
seu irmão Eduardo IV, escolheu morrer por afogamento num tonel de Malvasia da Madeira.
Delicioso Madeira
O vinho da Madeira era largamente exportado para Inglaterra, França, Flandres e Estados Unidos. Francisco I
(1708/ 1765), afirmava que o vinho da Madeira era o mais rico e delicioso vinho europeu. As famílias mais
importantes de Boston, Charleston, Nova Iorque e Filadélfia competiam entre si para adquirem os melhores vinhos da
Madeira.
As nove ilhas do arquipélago dos Açores apresentam condições
climáticas pouco favoráveis à plantação de vinha. Contudo, a vinha
tem uma longa tradição na região, pois é cultivada desde o século XV.
Os Açores destacam-se na produção de vinho generoso da região do
Pico e Graciosa. Na ilha Terceira produz-se um vinho branco leve e
seco
O arquipélago dos Açores, em pleno oceano Atlântico, é constituído
por solos vulcânicos e tem um clima profundamente marítimo. As
temperaturas são amenas durante todo o ano, apesar do elevado
nível de precipitação e humidade atmosférica. Deste modo, as vinhas
têm de ser plantadas em locais onde fiquem naturalmente abrigadas
ou são protegidas por acção do Homem. Os currais, são muros de
pedras onde se plantam as vinhas que desta forma ficam protegidas
do vento e do ar salgado do mar.
As Denominações de Origem Graciosa, Biscoitos (na ilha Terceira) e
Pico foram criadas em 1994. Na Graciosa produz-se vinho branco a
partir das castas Verdelho, Arinto, Terrantez, Boal e Fernão Pires. Na
ilha Terceira, na região de Biscoitos, as castas Verdelho, Arinto e
Terrantez são utilizadas para elaborar vinho generoso. As mesmas
As primeiras vinhas
O arquipélago dos Açores, descoberto em 1427 por Diogo Alves, é constituído por nove ilhas. Em meados de 1427,
chegaram os primeiros colonos às ilhas e iniciaram o cultivo da vinha.
Verdelho
A Verdelho é a casta mais famosa e mais cultivada nos Açores. Pensa-se que será originária da Sicília ou Chipre e foi
levada para os Açores através dos Frades Franciscanos que a cultivaram abundantemente pelas ilhas.
Verdelho do Pico
No século XVII e XVIII os vinhos produzidos nos Açores, nomeadamente os produzidos na ilha do Pico, foram
exportados para a Rússia e para a maioria dos países do norte da Europa. Depois da revolução russa de 1917,
descobriram-se várias garrafas de vinho Verdelho do Pico guardadas em caves dos antigos czares da Rússia.
Como se faz um vinho
Na elaboração de vinhos
tranquilos o sumo de uva é
transformado em vinho
através da fermentação. Se o
vinho é produzido através do
método de “bica aberta”, a
fermentação é realizada com
uvas sem pele e levemente
esmagadas. Este método é
utilizado no vinho branco e no
vinho rosé produzido através
do método branco. Por outro
lado, se é importante
conservar os pigmentos e
taninos das uvas, o vinho é
produzido através de
curtimenta (método comum
nos tintos e rosés elaborados
através do método tinto).
Espumante
A produção de um
espumante começa com a
elaboração de um vinho
tranquilo. A segunda fase
da produção varia
mediante o método de
elaboração escolhido pelo
produtor: método
tradicional, método de
cuba fechada e método
de transferência. Em
quaisquer dos métodos
realiza-se uma segunda
fermentação (em garrafa
ou cuba) precedida da
introdução do licor de
fermentação (contém
mosto e açúcar). A
segunda fermentação
origina o gás carbónico
característico do vinho
Generoso
Na elaboração do vinho
generoso, a fermentação é
interrompida mais cedo do que
no vinho tranquilo, de modo a
impedir a transformação total
do açúcar do mosto em álcool.
Os vinhos generosos
apresentam uma graduação
alcoólica mais elevada do que
os tranquilos, uma vez que
passam por uma etapa de
vinificação denominada
aguardentação. Isto é, depois
da fermentação é acrescentada
aguardente ao vinho. Os vinhos
generosos são depositados em
garrafas ou barris onde passam
por um período de estágio (às
vezes com a duração de
décadas) antes de serem
comercializados.
Um vinho não deve ser bebido, mas sim apreciado. Apreciar um vinho é
observar a sua garrafa, guardá-lo, abri-lo e servi-lo com todo o cuidado
para que as suas propriedades não sejam alteradas. Escolher copos
adequados e verificar se o vinho está à temperatura ideal. Observar a cor
do vinho, inspirar cuidadosamente os seus aromas e levar o líquido à
boca. Aí, deixar o vinho percorrer todas as zonas para que a estrutura,
intensidade e textura sejam degustadas. Alguns especialistas consideram
que as potencialidades do vinho só são devidamente apreciadas na mesa
com amigos, especialidades gastronómicas e convívio. Assim, conjugar o
prato com o vinho é uma tarefa delicada e também criativa.
Métodos conservação de vinhos
Antes de guardar um vinho, informe-se acerca do estado em que este deve ser
consumido. Há vinhos que não ganham nada com o estágio em garrafa, porque se
encontram prontos a consumir quando são colocados no mercado. Exemplos desses
vinhos são os produzidos na região dos Vinhos Verdes ou vinhos tintos do Alentejo e
Ribatejo.
Uma vez na garrafeira o vinho deve ser movido o menos possível, por isso o
ideal é planificar a organização das suas garrafas antes de as colocar no lugar.