O Grupo de Estudos do Mundo Antigo se situa no Curso de Licenciatura em História da Escola de Formação de Professores e Humanidades da PUC Goiás. Seu objetivo é fomentar as discussões, análises e investigações discentes sobre a Antiguidade Clássica, a Antiguidade Tardia e os Estudos de Recepção da Antiguidade no âmbito da formação acadêmica na Graduação em História. Supervisors: Ivan Vieira Neto
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Πενθεσίλεια, latinizada Penthesileia, era filha do deus Árēs e da rainha Otrḗrē. Conforme o mito... more Πενθεσίλεια, latinizada Penthesileia, era filha do deus Árēs e da rainha Otrḗrē. Conforme o mito, sua pátria era a cidade de Themíscyra, na foz do rio Thermṓdōn, mas sua grei conquistara outras regiões, localizadas às margens do Ponto Euxino e também na Thrácia. As Amazonas foram mencionadas duas vezes na Ilíada: primeiro, durante a chamada Teikhoskopia, ocasião em que das muralhas Príamos e Helénē observam as hostes aqueias quando o velho rei lembra um episódio de sua juventude: certa vez as mulheres guerreiras foram se juntar a uma aliança de troicos e trácios na Phrýgia (Γ. 189); e, por último, Glaûkos, ao apresentar sua linhagem a Diomḗdēs, refere-se à façanha do ancestral Bellerophō̂n, conquistador das Amazonas (Ζ. 186). Penthesíleia seria nomeada numa narrativa posterior aos eventos ocorridos na Ilíada, no poema Aithiopís ou Etiópida, uma das obras perdidas que integravam o conjunto do Ciclo Épico de Troia. [...]
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Ἑλένη ou Ἑλένα, na sua forma dórica, provém de uma grafia mais antiga, Ϝελένα, provavelmente com ... more Ἑλένη ou Ἑλένα, na sua forma dórica, provém de uma grafia mais antiga, Ϝελένα, provavelmente com origens no proto-indo-europeu *Welénā ou *Swélenā. Esta etimologia aponta a correspondência entre a heroína grega e outras personagens e histórias dos mitos indo-europeus. O nome atesta uma relação com a luminosidade, assinalando que a personagem provém de uma mitologia astronômica muito antiga, como «senhora da luz solar» (West 2007, 231). Em tempos históricos, a personagem também parece remeter a uma divindade relacionada à vegetação, manifestada na Ἑλένη Δενδρίτης cultuada em Rhódos (Edmunds 2007, 12), relação que favorece a percepção de Helénā enquanto uma deusa mais antiga que a personagem da Iliás [Ilíada] (Clader 1976, 49). [...]
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
A iniciativa que aqui se apresenta foi precedida pela publicação do dicionário Cem Fragmentos Bio... more A iniciativa que aqui se apresenta foi precedida pela publicação do dicionário Cem Fragmentos Biográficos (Tempestiva, 2020), organizado pelos colegas da área de História Medieval Renata Cristina de S. Nascimento (UEG / UFG / PUC Goiás) e Guilherme Queiroz de Souza (UFPB). Na esteira desta grande contribuição à medievalística brasileira, quisemos propor também o nosso contributo aos Estudos da Antiguidade, envolvendo autoras e autores oriundos das Letras Clássicas, História Antiga, Filosofia Antiga, Arqueologia Clássica e também das Ciências das Religiões. Trata-se, portanto, de um projeto fundamentalmente dialógico. Outra característica deste Compêndio é trazer, além de pesquisadoras e pesquisadores brasileiros, importantes estudiosas e estudiosos internacionais. Neste caso, todos os textos foram traduzidos para o português a fim de chegar mais facilmente ao público lusófono em geral. [...]
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Aca Larência [Acca Larentia, no latim], para os romanos, denotava duas figuras diferentes que aca... more Aca Larência [Acca Larentia, no latim], para os romanos, denotava duas figuras diferentes que acabaram se confundindo ao longo da história: a mãe adotiva dos gêmeos Rômulo e Remo (também associada à loba que os amamentou) e a prostituta que legou aos romanos suas riquezas. As fontes fornecem poucos detalhes sobre sua vida, não encontramos a descrição de sua aparência, origem, infância etc. Sua aparição se dá já adulta como ama de Rômulo e Remo, e esposa de Fáustulo, ou como a meretriz que doou sua herança aos romanos.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Camila [Camilla, no latim] é uma virgem guerreira volsca aliada de Turno contra Eneias, herói tro... more Camila [Camilla, no latim] é uma virgem guerreira volsca aliada de Turno contra Eneias, herói troiano fundador das bases de Roma. Devota à deusa Diana, Camila desde muito nova foi treinada nas artes da caça e da guerra, além de surpreender por sua beleza, extrema velocidade e habilidade em combate. Apresentada no catálogo de guerreiros do sétimo livro da Eneida, Camila é uma personagem feminina cuja criação acredita-se ser quase exclusiva de Virgílio, pois ela não aparece em nenhum outro documento literário ou epigráfico anterior à Eneida (Mota 2020, 134). Desse modo, o poema é a principal fonte para tratarmos dessa personagem.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Panfília é uma personagem fictícia que chegou até nós através da obra Metamorfoses ou O Asno de O... more Panfília é uma personagem fictícia que chegou até nós através da obra Metamorfoses ou O Asno de Ouro de Apuleio de Madaura. Apuleio foi um escritor latino que viveu durante o II EC no Império Romano, sendo as Metamorfoses um romance latino que apresenta o universo da magia e os perigos que se mostram aos indivíduos que se propõem a imergir nos conhecimentos mágicos distantes das práticas direcionadas ao culto dos deuses que se faziam presentes no Império Romano. Panfília é uma das personagens femininas que ganham destaque nas Metamorfoses de Apuleio e que são representadas como feiticeiras ligadas às sombrias práticas mágicas.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
O Museu Nacional possuía um grande acervo de antiguidades greco-romanas e artefatos egípcios, col... more O Museu Nacional possuía um grande acervo de antiguidades greco-romanas e artefatos egípcios, colecionados por D. Pedro I e por seus descendentes, especialmente o filho, D. Pedro II, e a nora, Dona Teresa Cristina das Duas Sicílias. A coleção de antiguidades egípcias comportava vasos canopos, estatuetas ushabtis, sarcófagos, múmias de animais (incluindo gatos e crocodilos) e múmias humanas, entre outros. Entre as seis múmias humanas registradas no acervo do museu, duas geraram grandes interesses tanto no público quanto nos próprios pesquisadores: a Princesa do Sol, apelidada ‹Kherima›, e Sha-Amun-en-su, cantora e sacerdotisa do templo de Amon.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Ἀλκμήνη [Alcmḗnē] descendia do herói Perseu por parte paterna, pois era filha de Eléctrion, sobe... more Ἀλκμήνη [Alcmḗnē] descendia do herói Perseu por parte paterna, pois era filha de Eléctrion, soberano de Tirinto e Micenas, e de sua bela esposa, que segundo as fontes seria Lisídice (Hesíodo. Catálogo das Mulheres, fr. 136 & Plutarco. Vida de Teseu, VII. 1) ou Eurídice (Diodoro. Biblioteca Histórica, IV. 9), ambas filhas de Pélope, ou Anaxo (Pseudo-Apolodoro. Biblioteca, II. 4, 5), sobrinha de Eléctrion, conforme esta versão, filha de Alceu e Astidâmia.
Mitos, Deuses e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
A poesia épica tinha como função a transmissão das tradições de uma geração a outra. Seu enredo f... more A poesia épica tinha como função a transmissão das tradições de uma geração a outra. Seu enredo frequentemente era constituído por narrativas sobre os grandes feitos dos heróis culturais. Os heróis, por sua vez, constituíam-se por seus nascimentos fantásticos e por suas relações de parentesco antes de realizarem façanhas e prodígios. Como modelos culturais, os heróis mostravam o caminho para o amadurecimento da juventude. Na Odisseia, por exemplo, é perceptível que a busca de Odisseu por Telêmaco apresenta elementos do processo de maturidade do homem jovem. Em sua jornada pessoal, o filho de Odisseu precisa demonstrar suas habilidades e se apresentar como um homem digno das honras concedidas ao seu pai.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo
Na Antiguidade grega, as poleis se identificavam com divindades patronas que velavam pela paz e p... more Na Antiguidade grega, as poleis se identificavam com divindades patronas que velavam pela paz e pela prosperidade. Seus habitantes lhes prestavam cultos, sacrifícios e construíam templos em sua honra. Cada pólis possuía cultos particulares, e compartilhavam cultos em comum com as outras poleis da Hélade. Dentro da própria organização cívica nos deparamos com a importância do teatro grego como forma de contribuição para a construção do sentimento de unidade e organização cívica entre essas poleis. Dentre as apresentações teatrais, a tragédia grega ocupou lugar de destaque. O objetivo desse trabalho é abordar as representações do mito de Héracles que fizeram parte desse importante momento de construção identitária na Grécia antiga. Tragediógrafos como Eurípides e Sófocles são pontuais em nossa análise. Sendo Héracles um dos maiores heróis da Antiguidade, analisar suas representações é de pontual importância para os estudos da Antiguidade Clássica.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo
As obras de Apuleio de Madaura, sejam seus escritos literários ou seus discursos, tornam-se uma f... more As obras de Apuleio de Madaura, sejam seus escritos literários ou seus discursos, tornam-se uma fonte para compreender as representações sobre as práticas mágicas e seus praticantes no mundo romano do século II EC, que conservava elementos concernentes às antigas tradições romanas e enfrentava a confluência do pensamento coletivo, o surgimento da filosofia médio-platônica, e as práticas religiosas influenciadas por divindades próximo-orientais, como a deusa egípcia Ísis. No mundo helenístico-romano, a magia e as práticas mágicas têm um caráter negativo, são consideradas desviantes e perigosas. Ainda que carregada de valores negativos, observam-se tanto na Grécia como em Roma evidências de práticas mágicas consideradas benéficas, frequentemente associadas à filosofia e à religião. Neste capítulo, analisamos suas representações.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo
Os chamados livros de viagens contribuem para a origem dos testemunhos escritos medievais. Neste ... more Os chamados livros de viagens contribuem para a origem dos testemunhos escritos medievais. Neste cenário, os relatos tidos como reais estão repletos de fantasias, e em contraponto, os relatos fictícios contam com passagens repletas de informações verídicas, experienciadas pelo autor ou recolhidas de relatos em primeira mão. Jean de Mandeville, tendo sido uma figura real ou não, recolheu inúmeros escritos que circulavam na Europa durante o século XIV e por intermédio da comparação entre vários autores do período, criou um relato no qual enfatizava uma experiência religiosa que buscava a purificação do indivíduo por meio da peregrinação a locais simbólicos para a cristandade do Medievo, comumente espaços de manifestação de milagres religiosos.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
O presente capítulo aborda a ‘nova’ forma de justiça grega, da qual a deusa da sabedoria, Athena,... more O presente capítulo aborda a ‘nova’ forma de justiça grega, da qual a deusa da sabedoria, Athena, se apresenta como porta voz nas narrativas míticas registradas pela tragédia antiga. Nossa análise focaliza os eventos que orientam o plano trágico que se desenrola na Oresteia de Ésquilo, especialmente na terceira parte da trilogia, Eumênides. O tragediógrafo utiliza o julgamento de Orestes e a intervenção de Palas Athena para exemplificar a transição histórica entre Thêmis e Diké, da justiça privada para a justiça pública, inaugurando mitologicamente as funções do Areópago.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
Dentre as diversas fontes materiais que permitem realizar pesquisas históricas e arqueológicas, p... more Dentre as diversas fontes materiais que permitem realizar pesquisas históricas e arqueológicas, percebemos nos vasos gregos características que privilegiam seu uso como fonte de investigação, uma vez que a descrição do seu contexto material e temporal oportuniza entender este artefato como instrumento dotado de significados singulares que podem confirmar ou contradizer a tradição dos documentos escritos. Neste capítulo, identificaremos as representações iconográficas das personagens Aphrodite e Helena de Esparta a partir dos épicos Ilíada e Odisseia numa comparação com a sua imagética nas cerâmicas do Período Clássico, conferindo a confluência ou as contradições entre a iconografia e a tradição poética.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
O capítulo se dedica à análise das deusas Ísis, Deméter, Perséphone e Hécate em seus contextos de... more O capítulo se dedica à análise das deusas Ísis, Deméter, Perséphone e Hécate em seus contextos de culto religioso, assim como na perspectiva sincrética dos cultos mistéricos popularizados no mundo helenístico-romano a partir do séc. I EC. Importante divindade do panteão egípcio, Ísis chegou a Roma como protetora da magia e da natureza, cultuada na festividade Nauigium Isidis, celebrada no início de Março. O seu culto de mistérios concorria largamente com aqueles que, desde o séc. VI EC, realizavam-se em honra às deusas Deméter e Perséphone em Elêusis, localizada nas proximidades de Athenas. Hécate surge em estreita relação com essas divindades, associada às “deusas eleusinas” pela via do mito e à grande mãe egípcia por ser considerada protetora da magia. Nossa proposta é explicar os cultos religiosos e suas relações com os ritos iniciáticos dos mistérios ou as práticas mágicas por intermédio da sua representação em fontes históricas como a Theogonia, o Hino Homérico a Deméter, o De Iside et Osiride de Plutarco e o Asinus Aureus de Lúcio Apuleio.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
Esposa do rei Prasutago, Boudica foi rainha dos icenos, uma população de origem celta que viveu n... more Esposa do rei Prasutago, Boudica foi rainha dos icenos, uma população de origem celta que viveu na região da Ânglia Oriental (região de Norfolk), no território da Britannia (atualmente Inglaterra). Durante as conquistas romanas na ilha da Grã-Bretanha, Boudica liderou um levante dos icenos contra as legiões romanas que desrespeitavam os acordos de não-agressão firmados com o falecido rei Prasutago. Como as narrativas sobre a sua resistência ao controle romano parte de fontes latinas, o presente capítulo tem como objetivo apresentar a representação de sua liderança feminina pelos autores romanos.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
A Divina Comédia, de Dante Alighieri, foi escrita no século XIV. Inicialmente intitulada Comédia,... more A Divina Comédia, de Dante Alighieri, foi escrita no século XIV. Inicialmente intitulada Comédia, recebeu o atual título somente no século XVI. O autor é narrador-personagem e assume o papel de protagonista. Esse realiza uma viagem por um cosmos dividido em Inferno, Purgatório e Paraíso. Dante tem como guia Virgílio, um dos maiores poetas da Antiguidade e autor da Eneida. Durante a jornada, Dante se depara com seus contemporâneos, pessoas públicas e/ou de sua vida pessoal, além de personagens reais da Antiguidade e/ou mitológicos. A obra é repleta de simbolismos e Dante faz uma descrição bastante detalhada das situações e ambientes que vai encontrando pelo caminho. A finalidade da obra é a salvação, tanto do autor-personagem, quanto da humanidade. Para tanto, Dante utiliza as experiências transmitidas nos mitos para descrever, exemplificar e construir sua narrativa. O presente artigo tem como recorte a jornada de Dante pelo Inferno. Desta parte foram retiradas algumas passagens que exemplificam a ideia aqui defendida. No Inferno dantesco é possível verificar mais claramente a relação do autor com mitos e elementos da Antiguidade.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
Os mitos sobre o Rei Arthur adquiriram, entre a Antiguidade e a Contemporaneidade, grandiosidade ... more Os mitos sobre o Rei Arthur adquiriram, entre a Antiguidade e a Contemporaneidade, grandiosidade e fama por suas invenções, reinvenções e adaptações em diferentes contextos. Inúmeros autores escreveram sobre o grande e lendário Grão-rei da Grã-Bretanha, sobre suas batalhas, conquistas, ascensão e derrocada, agregando e ocultando detalhes que transformaram as narrativas no decorrer do tempo. Neste sentido, a autora estadunidense Marion Zimmer Bradley concebeu nova reinterpretação da Mitologia Arthuriana, apresentando em seu romance heterodoxo As Brumas de Avalon (1979), contando a “saga das mulheres por trás dos bastidores do trono”. Portanto, este trabalho propõe uma análise sobre a recepção às narrativas do ciclo arthuriano pela Literatura Contemporânea.
Coletânea que reúne textos oriundos de pesquisas nas áreas de História Antiga, História Medieval ... more Coletânea que reúne textos oriundos de pesquisas nas áreas de História Antiga, História Medieval e Estudos de Recepção produzidos nos âmbitos da Graduação e da Pós-Graduação por discentes que integram o Grupo de Estudos sobre o Mundo Antigo Mediterrânico - GEMAM/UFSM e o Grupo de Estudos do Mundo Antigo - GEMUNA/PUC Goiás.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Πενθεσίλεια, latinizada Penthesileia, era filha do deus Árēs e da rainha Otrḗrē. Conforme o mito... more Πενθεσίλεια, latinizada Penthesileia, era filha do deus Árēs e da rainha Otrḗrē. Conforme o mito, sua pátria era a cidade de Themíscyra, na foz do rio Thermṓdōn, mas sua grei conquistara outras regiões, localizadas às margens do Ponto Euxino e também na Thrácia. As Amazonas foram mencionadas duas vezes na Ilíada: primeiro, durante a chamada Teikhoskopia, ocasião em que das muralhas Príamos e Helénē observam as hostes aqueias quando o velho rei lembra um episódio de sua juventude: certa vez as mulheres guerreiras foram se juntar a uma aliança de troicos e trácios na Phrýgia (Γ. 189); e, por último, Glaûkos, ao apresentar sua linhagem a Diomḗdēs, refere-se à façanha do ancestral Bellerophō̂n, conquistador das Amazonas (Ζ. 186). Penthesíleia seria nomeada numa narrativa posterior aos eventos ocorridos na Ilíada, no poema Aithiopís ou Etiópida, uma das obras perdidas que integravam o conjunto do Ciclo Épico de Troia. [...]
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Ἑλένη ou Ἑλένα, na sua forma dórica, provém de uma grafia mais antiga, Ϝελένα, provavelmente com ... more Ἑλένη ou Ἑλένα, na sua forma dórica, provém de uma grafia mais antiga, Ϝελένα, provavelmente com origens no proto-indo-europeu *Welénā ou *Swélenā. Esta etimologia aponta a correspondência entre a heroína grega e outras personagens e histórias dos mitos indo-europeus. O nome atesta uma relação com a luminosidade, assinalando que a personagem provém de uma mitologia astronômica muito antiga, como «senhora da luz solar» (West 2007, 231). Em tempos históricos, a personagem também parece remeter a uma divindade relacionada à vegetação, manifestada na Ἑλένη Δενδρίτης cultuada em Rhódos (Edmunds 2007, 12), relação que favorece a percepção de Helénā enquanto uma deusa mais antiga que a personagem da Iliás [Ilíada] (Clader 1976, 49). [...]
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
A iniciativa que aqui se apresenta foi precedida pela publicação do dicionário Cem Fragmentos Bio... more A iniciativa que aqui se apresenta foi precedida pela publicação do dicionário Cem Fragmentos Biográficos (Tempestiva, 2020), organizado pelos colegas da área de História Medieval Renata Cristina de S. Nascimento (UEG / UFG / PUC Goiás) e Guilherme Queiroz de Souza (UFPB). Na esteira desta grande contribuição à medievalística brasileira, quisemos propor também o nosso contributo aos Estudos da Antiguidade, envolvendo autoras e autores oriundos das Letras Clássicas, História Antiga, Filosofia Antiga, Arqueologia Clássica e também das Ciências das Religiões. Trata-se, portanto, de um projeto fundamentalmente dialógico. Outra característica deste Compêndio é trazer, além de pesquisadoras e pesquisadores brasileiros, importantes estudiosas e estudiosos internacionais. Neste caso, todos os textos foram traduzidos para o português a fim de chegar mais facilmente ao público lusófono em geral. [...]
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Aca Larência [Acca Larentia, no latim], para os romanos, denotava duas figuras diferentes que aca... more Aca Larência [Acca Larentia, no latim], para os romanos, denotava duas figuras diferentes que acabaram se confundindo ao longo da história: a mãe adotiva dos gêmeos Rômulo e Remo (também associada à loba que os amamentou) e a prostituta que legou aos romanos suas riquezas. As fontes fornecem poucos detalhes sobre sua vida, não encontramos a descrição de sua aparência, origem, infância etc. Sua aparição se dá já adulta como ama de Rômulo e Remo, e esposa de Fáustulo, ou como a meretriz que doou sua herança aos romanos.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Camila [Camilla, no latim] é uma virgem guerreira volsca aliada de Turno contra Eneias, herói tro... more Camila [Camilla, no latim] é uma virgem guerreira volsca aliada de Turno contra Eneias, herói troiano fundador das bases de Roma. Devota à deusa Diana, Camila desde muito nova foi treinada nas artes da caça e da guerra, além de surpreender por sua beleza, extrema velocidade e habilidade em combate. Apresentada no catálogo de guerreiros do sétimo livro da Eneida, Camila é uma personagem feminina cuja criação acredita-se ser quase exclusiva de Virgílio, pois ela não aparece em nenhum outro documento literário ou epigráfico anterior à Eneida (Mota 2020, 134). Desse modo, o poema é a principal fonte para tratarmos dessa personagem.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Panfília é uma personagem fictícia que chegou até nós através da obra Metamorfoses ou O Asno de O... more Panfília é uma personagem fictícia que chegou até nós através da obra Metamorfoses ou O Asno de Ouro de Apuleio de Madaura. Apuleio foi um escritor latino que viveu durante o II EC no Império Romano, sendo as Metamorfoses um romance latino que apresenta o universo da magia e os perigos que se mostram aos indivíduos que se propõem a imergir nos conhecimentos mágicos distantes das práticas direcionadas ao culto dos deuses que se faziam presentes no Império Romano. Panfília é uma das personagens femininas que ganham destaque nas Metamorfoses de Apuleio e que são representadas como feiticeiras ligadas às sombrias práticas mágicas.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
O Museu Nacional possuía um grande acervo de antiguidades greco-romanas e artefatos egípcios, col... more O Museu Nacional possuía um grande acervo de antiguidades greco-romanas e artefatos egípcios, colecionados por D. Pedro I e por seus descendentes, especialmente o filho, D. Pedro II, e a nora, Dona Teresa Cristina das Duas Sicílias. A coleção de antiguidades egípcias comportava vasos canopos, estatuetas ushabtis, sarcófagos, múmias de animais (incluindo gatos e crocodilos) e múmias humanas, entre outros. Entre as seis múmias humanas registradas no acervo do museu, duas geraram grandes interesses tanto no público quanto nos próprios pesquisadores: a Princesa do Sol, apelidada ‹Kherima›, e Sha-Amun-en-su, cantora e sacerdotisa do templo de Amon.
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2021
Ἀλκμήνη [Alcmḗnē] descendia do herói Perseu por parte paterna, pois era filha de Eléctrion, sobe... more Ἀλκμήνη [Alcmḗnē] descendia do herói Perseu por parte paterna, pois era filha de Eléctrion, soberano de Tirinto e Micenas, e de sua bela esposa, que segundo as fontes seria Lisídice (Hesíodo. Catálogo das Mulheres, fr. 136 & Plutarco. Vida de Teseu, VII. 1) ou Eurídice (Diodoro. Biblioteca Histórica, IV. 9), ambas filhas de Pélope, ou Anaxo (Pseudo-Apolodoro. Biblioteca, II. 4, 5), sobrinha de Eléctrion, conforme esta versão, filha de Alceu e Astidâmia.
Mitos, Deuses e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
A poesia épica tinha como função a transmissão das tradições de uma geração a outra. Seu enredo f... more A poesia épica tinha como função a transmissão das tradições de uma geração a outra. Seu enredo frequentemente era constituído por narrativas sobre os grandes feitos dos heróis culturais. Os heróis, por sua vez, constituíam-se por seus nascimentos fantásticos e por suas relações de parentesco antes de realizarem façanhas e prodígios. Como modelos culturais, os heróis mostravam o caminho para o amadurecimento da juventude. Na Odisseia, por exemplo, é perceptível que a busca de Odisseu por Telêmaco apresenta elementos do processo de maturidade do homem jovem. Em sua jornada pessoal, o filho de Odisseu precisa demonstrar suas habilidades e se apresentar como um homem digno das honras concedidas ao seu pai.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo
Na Antiguidade grega, as poleis se identificavam com divindades patronas que velavam pela paz e p... more Na Antiguidade grega, as poleis se identificavam com divindades patronas que velavam pela paz e pela prosperidade. Seus habitantes lhes prestavam cultos, sacrifícios e construíam templos em sua honra. Cada pólis possuía cultos particulares, e compartilhavam cultos em comum com as outras poleis da Hélade. Dentro da própria organização cívica nos deparamos com a importância do teatro grego como forma de contribuição para a construção do sentimento de unidade e organização cívica entre essas poleis. Dentre as apresentações teatrais, a tragédia grega ocupou lugar de destaque. O objetivo desse trabalho é abordar as representações do mito de Héracles que fizeram parte desse importante momento de construção identitária na Grécia antiga. Tragediógrafos como Eurípides e Sófocles são pontuais em nossa análise. Sendo Héracles um dos maiores heróis da Antiguidade, analisar suas representações é de pontual importância para os estudos da Antiguidade Clássica.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo
As obras de Apuleio de Madaura, sejam seus escritos literários ou seus discursos, tornam-se uma f... more As obras de Apuleio de Madaura, sejam seus escritos literários ou seus discursos, tornam-se uma fonte para compreender as representações sobre as práticas mágicas e seus praticantes no mundo romano do século II EC, que conservava elementos concernentes às antigas tradições romanas e enfrentava a confluência do pensamento coletivo, o surgimento da filosofia médio-platônica, e as práticas religiosas influenciadas por divindades próximo-orientais, como a deusa egípcia Ísis. No mundo helenístico-romano, a magia e as práticas mágicas têm um caráter negativo, são consideradas desviantes e perigosas. Ainda que carregada de valores negativos, observam-se tanto na Grécia como em Roma evidências de práticas mágicas consideradas benéficas, frequentemente associadas à filosofia e à religião. Neste capítulo, analisamos suas representações.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo
Os chamados livros de viagens contribuem para a origem dos testemunhos escritos medievais. Neste ... more Os chamados livros de viagens contribuem para a origem dos testemunhos escritos medievais. Neste cenário, os relatos tidos como reais estão repletos de fantasias, e em contraponto, os relatos fictícios contam com passagens repletas de informações verídicas, experienciadas pelo autor ou recolhidas de relatos em primeira mão. Jean de Mandeville, tendo sido uma figura real ou não, recolheu inúmeros escritos que circulavam na Europa durante o século XIV e por intermédio da comparação entre vários autores do período, criou um relato no qual enfatizava uma experiência religiosa que buscava a purificação do indivíduo por meio da peregrinação a locais simbólicos para a cristandade do Medievo, comumente espaços de manifestação de milagres religiosos.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
O presente capítulo aborda a ‘nova’ forma de justiça grega, da qual a deusa da sabedoria, Athena,... more O presente capítulo aborda a ‘nova’ forma de justiça grega, da qual a deusa da sabedoria, Athena, se apresenta como porta voz nas narrativas míticas registradas pela tragédia antiga. Nossa análise focaliza os eventos que orientam o plano trágico que se desenrola na Oresteia de Ésquilo, especialmente na terceira parte da trilogia, Eumênides. O tragediógrafo utiliza o julgamento de Orestes e a intervenção de Palas Athena para exemplificar a transição histórica entre Thêmis e Diké, da justiça privada para a justiça pública, inaugurando mitologicamente as funções do Areópago.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
Dentre as diversas fontes materiais que permitem realizar pesquisas históricas e arqueológicas, p... more Dentre as diversas fontes materiais que permitem realizar pesquisas históricas e arqueológicas, percebemos nos vasos gregos características que privilegiam seu uso como fonte de investigação, uma vez que a descrição do seu contexto material e temporal oportuniza entender este artefato como instrumento dotado de significados singulares que podem confirmar ou contradizer a tradição dos documentos escritos. Neste capítulo, identificaremos as representações iconográficas das personagens Aphrodite e Helena de Esparta a partir dos épicos Ilíada e Odisseia numa comparação com a sua imagética nas cerâmicas do Período Clássico, conferindo a confluência ou as contradições entre a iconografia e a tradição poética.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
O capítulo se dedica à análise das deusas Ísis, Deméter, Perséphone e Hécate em seus contextos de... more O capítulo se dedica à análise das deusas Ísis, Deméter, Perséphone e Hécate em seus contextos de culto religioso, assim como na perspectiva sincrética dos cultos mistéricos popularizados no mundo helenístico-romano a partir do séc. I EC. Importante divindade do panteão egípcio, Ísis chegou a Roma como protetora da magia e da natureza, cultuada na festividade Nauigium Isidis, celebrada no início de Março. O seu culto de mistérios concorria largamente com aqueles que, desde o séc. VI EC, realizavam-se em honra às deusas Deméter e Perséphone em Elêusis, localizada nas proximidades de Athenas. Hécate surge em estreita relação com essas divindades, associada às “deusas eleusinas” pela via do mito e à grande mãe egípcia por ser considerada protetora da magia. Nossa proposta é explicar os cultos religiosos e suas relações com os ritos iniciáticos dos mistérios ou as práticas mágicas por intermédio da sua representação em fontes históricas como a Theogonia, o Hino Homérico a Deméter, o De Iside et Osiride de Plutarco e o Asinus Aureus de Lúcio Apuleio.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
Esposa do rei Prasutago, Boudica foi rainha dos icenos, uma população de origem celta que viveu n... more Esposa do rei Prasutago, Boudica foi rainha dos icenos, uma população de origem celta que viveu na região da Ânglia Oriental (região de Norfolk), no território da Britannia (atualmente Inglaterra). Durante as conquistas romanas na ilha da Grã-Bretanha, Boudica liderou um levante dos icenos contra as legiões romanas que desrespeitavam os acordos de não-agressão firmados com o falecido rei Prasutago. Como as narrativas sobre a sua resistência ao controle romano parte de fontes latinas, o presente capítulo tem como objetivo apresentar a representação de sua liderança feminina pelos autores romanos.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
A Divina Comédia, de Dante Alighieri, foi escrita no século XIV. Inicialmente intitulada Comédia,... more A Divina Comédia, de Dante Alighieri, foi escrita no século XIV. Inicialmente intitulada Comédia, recebeu o atual título somente no século XVI. O autor é narrador-personagem e assume o papel de protagonista. Esse realiza uma viagem por um cosmos dividido em Inferno, Purgatório e Paraíso. Dante tem como guia Virgílio, um dos maiores poetas da Antiguidade e autor da Eneida. Durante a jornada, Dante se depara com seus contemporâneos, pessoas públicas e/ou de sua vida pessoal, além de personagens reais da Antiguidade e/ou mitológicos. A obra é repleta de simbolismos e Dante faz uma descrição bastante detalhada das situações e ambientes que vai encontrando pelo caminho. A finalidade da obra é a salvação, tanto do autor-personagem, quanto da humanidade. Para tanto, Dante utiliza as experiências transmitidas nos mitos para descrever, exemplificar e construir sua narrativa. O presente artigo tem como recorte a jornada de Dante pelo Inferno. Desta parte foram retiradas algumas passagens que exemplificam a ideia aqui defendida. No Inferno dantesco é possível verificar mais claramente a relação do autor com mitos e elementos da Antiguidade.
Mitos, Deusas e Heróis: ensaios sobre a Antiguidade e o Medievo, 2019
Os mitos sobre o Rei Arthur adquiriram, entre a Antiguidade e a Contemporaneidade, grandiosidade ... more Os mitos sobre o Rei Arthur adquiriram, entre a Antiguidade e a Contemporaneidade, grandiosidade e fama por suas invenções, reinvenções e adaptações em diferentes contextos. Inúmeros autores escreveram sobre o grande e lendário Grão-rei da Grã-Bretanha, sobre suas batalhas, conquistas, ascensão e derrocada, agregando e ocultando detalhes que transformaram as narrativas no decorrer do tempo. Neste sentido, a autora estadunidense Marion Zimmer Bradley concebeu nova reinterpretação da Mitologia Arthuriana, apresentando em seu romance heterodoxo As Brumas de Avalon (1979), contando a “saga das mulheres por trás dos bastidores do trono”. Portanto, este trabalho propõe uma análise sobre a recepção às narrativas do ciclo arthuriano pela Literatura Contemporânea.
Coletânea que reúne textos oriundos de pesquisas nas áreas de História Antiga, História Medieval ... more Coletânea que reúne textos oriundos de pesquisas nas áreas de História Antiga, História Medieval e Estudos de Recepção produzidos nos âmbitos da Graduação e da Pós-Graduação por discentes que integram o Grupo de Estudos sobre o Mundo Antigo Mediterrânico - GEMAM/UFSM e o Grupo de Estudos do Mundo Antigo - GEMUNA/PUC Goiás.
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