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  • Doutoranda em Relações Internacionais pelo Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas da U... moreedit
Formado por Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia, o Grupo de Visegrado é uma área privilegiada de destino dos investimentos alemães, integrando com a indústria alemã a maior cadeia produtiva da Europa. Visando responder como se... more
Formado por Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia, o Grupo de Visegrado é uma área privilegiada de destino dos investimentos alemães, integrando com a indústria alemã a maior cadeia produtiva da Europa. Visando responder como se organizam as relações econômicas entre o grupo e a Alemanha, apresentamos a hipótese de que Berlim converteu os países da Europa Central em parte do seu território econômico através de exportações massivas de capital. O objetivo deste artigo é analisar as relações de produção entre Alemanha e Visegrado, de modo a lançar luz sobre a posição de dependência do último. Como referencial teórico, recorremos à obra de Hilferding (1910) e, como metodologia, empregamos uma análise quantitativa dos fluxos de capitais alemães para a região, além de uma análise qualitativa dos efeitos desse processo. Esperamos demonstrar que o grupo desempenha o papel de fábrica dos produtos alemães para o mercado europeu.
A Europa Centro-Oriental é um espaço de disputa tradicional entre Alemanha e Rússia, tendo sofrido com as ingerências das duas grandes potências entre os séculos XVIII e XX. Atualmente organizadas no Grupo de Visegrado, Polônia, Hungria,... more
A Europa Centro-Oriental é um espaço de disputa tradicional entre Alemanha e Rússia, tendo sofrido com as ingerências das duas grandes potências entre os séculos XVIII e XX. Atualmente organizadas no Grupo de Visegrado, Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia ainda fazem parte de uma área de projeção comum de Berlim e Moscou: compõe a periferia econômica da primeira e o entorno estratégico da última. Nos anos 2010, diante do renascimento da ameaça latente russa, da deterioração do relacionamento com a Alemanha e do menor engajamento dos Estados Unidos na região, o grupo passou a buscar parcerias alternativas e a se aproximar da China. Por meio de uma revisão da literatura clássica de geopolítica sobre a Europa Centro-Oriental, como uma zona de pressão competitiva, objetiva-se analisar as geoestratégias das grandes potências para a região. Espera-se demonstrar que essa detém grande importância no equilíbrio de poder europeu e na política internacional.
Este artigo tem como objetivo analisar as relações entre EUA e Cuba a partir do final do século XIX até a atual administração Trump. A hipótese apresentada é de que devido à importante posição estratégica de Cuba como principal ponto de... more
Este artigo tem como objetivo analisar as relações entre EUA e Cuba a partir do final do século XIX até a atual administração Trump. A hipótese apresentada é de que devido à importante posição estratégica de Cuba como principal ponto de controle no Caribe e como acesso ao baixo ventre americano, a política externa dos EUA para a ilha tem sido marcada pela percepção de Cuba como extensão da territorialidade estadunidense. A primeira seção analisa as origens históricas dessa relação, ressaltando a importância geopolítica da ilha e a formação da política externa americana com objetivos imperiais. A seguir, o período da Guerra Fria, com destaque para a revolução cubana e o significado da perda de Cuba em termos geoestratégicos e não meramente ideológicos. Por fim, analisa-se o período pós-Guerra Fria e as variações que ocorrem na política externa estadunidense em relação à ilha, especialmente nas gestões de Obama e Trump.
A chegada do Partido da Justiça e Desenvolvimento ao poder na Turquia, nos anos 2000, corroeu um antigo ideal turco de integrar a comunidade de Estados europeus. Uma grande inflexão nas relações turco-europeias ocorreu em 2016, quando um... more
A chegada do Partido da Justiça e Desenvolvimento ao poder na Turquia, nos anos 2000, corroeu um antigo ideal turco de integrar a comunidade de Estados europeus. Uma grande inflexão nas relações turco-europeias ocorreu em 2016, quando um golpe frustrado consolidou uma virada autoritária em Ancara. Desde então, a União Europeia tem denunciado as medidas anti-democráticas turcas e, em 2019, o Parlamento Europeu recomendou a suspensão do processo de adesão turco. Procura-se responder à pergunta: quais são as raízes da deterioração do relacionamento turco-europeu? Levanta-se a hipótese de que a Turquia estreitou laços com o Ori-ente, em detrimento da Europa, mediante um novo projeto de nação turca. Empregando o método histórico e os conceitos de “neo-otomanismo” e “espaço geopolítico otomano”, objetiva-se analisar os efeitos para a Europa da reorientação da política externa turca.
A Europa Central é um espaço tradicional de disputa entre a Rússia e a Alemanha. Organizadas no Grupo de Visegrado, criado em 1991, Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia visavam integrar as instituições euroatlânticas,... more
A Europa Central é um espaço tradicional de disputa entre a Rússia e a Alemanha. Organizadas no Grupo de Visegrado, criado em 1991, Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia visavam integrar as instituições euroatlânticas, nomeadamente a União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e sua incorporação individual se materializou em pouco tempo. A organização em grupo se manteve, o que reflete a percepção de que a região se encontra em uma área de competição entre duas grandes potências: é, simultaneamente, periferia econômica de Berlim e parte do entorno estratégico de Moscou. Diante da ameaça latente da Rússia e da dependência econômica da Alemanha, líder do bloco europeu, o Grupo de Visegrado passou a buscar alternativas. Desde 2012, os quatro Estados participam da “Fórmula 16+1”, iniciativa da China que visa intensificar sua cooperação com a Europa Central e Oriental, concentrando mais da metade do comércio e investimento chineses na região. Nesse sentido, o V4, como é mais usualmente chamado o grupo, encontra na emergência de Pequim no continente uma possibilidade de obter maior poder de barganha nos processos decisórios da UE, sobretudo nas políticas migratória e energética do bloco, e de ampliar a defesa de seus interesses estratégicos, de ordem política e securitária. O trabalho parte de documentos e declarações oficiais do grupo para analisar o V4 enquanto espaço de reação à pressão competitiva entre Rússia e Alemanha, cuja identidade tem sido moldada por preocupações securitárias; bem como sua interação com o Império do Meio, um terceiro ator de peso na Eurásia. Apresenta-se a hipótese de que a cooperação do Grupo de Visegrado com Pequim faz parte de uma estratégia de superação das limitações postas pela sua posição geográfica e de busca por maior autonomia na Europa, em particular,
e no sistema internacional, em geral.
Desde o seu nascimento, o maior desejo da República da Turquia era integrar o sistema de Estados europeus. Durante meio século, o país realizou reformas modernizantes, democratizantes e ocidentalizantes para se adequar às exigências... more
Desde o seu nascimento, o maior desejo da República da Turquia era integrar o sistema de Estados europeus. Durante meio século, o país realizou reformas modernizantes, democratizantes e ocidentalizantes para se adequar às exigências postas pela comunidade europeia. Entretanto, a Europa se recusa continuamente a conceder aos turcos uma participação plena no bloco, vetando sua candidatura ou oferecendo alternativas com base nas condições políticas e econômicas da Turquia, insatisfatórias aos olhos europeus. Esse arranjo não interessa aos turcos, ainda que acreditem cada vez menos na possibilidade de integrar o bloco. Isso posto, nota-se que nos últimos anos a Europa tem tido uma posição declinante na política externa turca, que se voltou às relações com o Oriente. Embora depreciado, tal fato fomenta a apreensão dos europeus, para quem a posição geoestratégica turca e seus laços históricos com o Oriente
Médio e o Cáucaso são centrais aos seus interesses, sobretudo securitários e energéticos. Apesar da hierarquização das negociações, a assimetria de poder entre Turquia e Europa vem encolhendo, com a segunda precisando da primeira, tanto quanto a primeira, da segunda.
A despeito de séculos de ambiguidade, marcada por períodos de convergência e de rivalidade, o relacionamento entre Rússia e Turquia, a partir de 2016, adentrou uma nova fase de aproximação estratégica. Diante da deterioração das suas... more
A despeito de séculos de ambiguidade, marcada por períodos de convergência e de rivalidade, o relacionamento entre Rússia e Turquia, a partir de 2016, adentrou uma nova fase de aproximação estratégica. Diante da deterioração das suas relações com a Europa e os Estados Unidos, Moscou e Ancara passaram a cooperar em três áreas: segurança, energia e moeda. Esse tripé geoeconômico e geopolítico tem guiado a ação conjunta desses atores, em um processo de rearranjos de forças no sistema interestatal capitalista. O presente trabalho se destina a analisar a parceira russo-turca nesses três vértices, avaliando o alcance da mesma e suas consequências, tanto para a vizinhança desses países, quanto para o sistema internacional como um todo. Espera-se demonstrar que tal esforço russo-turco, sendo uma busca por maior autonomia, representa uma resposta às pressões exercidas pelo Ocidente.
A República das Filipinas sofre com um território fragmentado, composto por 7.641 ilhas, o que dificulta uma administração centralizada e coesa. Outrossim, embora a população seja majoritariamente católica, o país detém um número... more
A República das Filipinas sofre com um território fragmentado, composto por 7.641 ilhas, o que dificulta uma administração centralizada e coesa. Outrossim, embora a população seja majoritariamente católica, o país detém um número considerável de cidadãos muçulmanos concentrados ao sul do arquipélago, tendo, nos últimos anos, emergido confrontos entre as Forças Armadas filipinas e grupos jihadistas afiliados ao Daesh.

Por outro lado, as Filipinas se inserem em uma região de projeção de poder dos Estados Unidos, do qual são ex-colônia e dependem econômica e militarmente, e da China, para quem o arquipélago é estratégico no trânsito das suas importações e exportações pelo Mar do Sul da China. A localidade envolve, ainda, disputas por posições entre outros países, como Rússia e Japão, da qual o governo filipino tem tirado proveito através de uma política de barganha.

O objetivo deste trabalho é analisar a influência da geografia sobre as limitações e potencialidades das políticas doméstica e externa filipinas. No âmbito interno, o território insu-lar fragmentado impõe restrições à circulação, integração e defesa contra ameaças internas – como grupos separatistas e religiosos extremistas – e externas – tal qual o crime trans-nacional –, obstaculizando um controle estatal efetivo. Já no externo, sua localização no atual tabuleiro de maior rivalidade entre as grandes potências confina a estratégia nacional filipina.

Parte-se das obras de Renouvin & Duroselle (1967), Lacoste (1988) e Kaplan (2012) para debater como os fatores geográficos influem sobre a organização político-econômica de um território e de que forma esses constrangem ou impulsionam estratégias de acumulação de poder e riqueza. Simultaneamente, recorre-se à teoria do Poder Global de Fiori (2007) para examinar a competição interestatal no Sudeste Asiático e o papel das Filipinas nesse enfrentamento. Espera-se evidenciar até que ponto a posição geográfica relativa filipina avilta sua soberania interna e a consecução de uma política externa autônoma.
Research Interests:
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Resumo: A economia política, enquanto disciplina acadêmica, tem como objeto de pesquisa o problema da reprodução material, isto é, da produção, da circulação e da distribuição de mercadorias. No entanto, a mesma tem sido dominada – e,... more
Resumo: A economia política, enquanto disciplina acadêmica, tem como objeto de pesquisa o problema da reprodução material, isto é, da produção, da circulação e da distribuição de mercadorias. No entanto, a mesma tem sido dominada – e, consequentemente, empobrecida – por uma mentalidade de mercado, que acaba restringindo o lugar da economia na sociedade aos mecanismos de oferta, de demanda e de preço. O objetivo do presente trabalho é abordar a recondução do debate econômico e a reinserção de aspectos políticos no mesmo pela economia política internacional (EPI), campo voltado ao estudo das relações de poder e de riqueza no sistema internacional. Destarte, através da perspectiva da EPI, procura-se observar as interações do homem com o meio em que esse está inserido e de que modo tal relação, definida por processos políticos e sociais, é anterior às forças de mercado. Nesse sentido, contrapõem-se as visões clássicas dos economistas Adam Smith e Karl Marx, que dão centralidade ao mercado, como elemento basilar da economia, e, em última instância, reduzem a vida social aos seus fundamentos; aos balanços críticos feitos pelo historiador Fernand Braudel, pelo antropólogo Karl Polanyi e pelo cientista político José Luis Fiori, os quais questionam a premissa de uma propensão humana à barganha e procuram pensar a economia de uma maneira mais ampla, para além dos ditames do mercado. Por meio do estabelecimento de um diálogo entre essas teorias, espera-se demonstrar que a vida econômica se institucionalizou, em diferentes épocas e espaços, sob formas que ultrapassam a lógica de mercado e a busca pelo lucro. Embora a teoria econômica ortodoxa privilegie a análise da economia de mercado, a subsistência humana abrange outras práticas, inclusive aquelas que estão fora do circuito do mercado. A reprodução material, por conseguinte, não se limita a esse, devendo ser examinada dentro das múltiplas esferas de atividade econômica existentes.
Research Interests:
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Partindo da tese do Duplo Movimento de Karl Polanyi, da sua reinterpretação por José Luís Fiori e dos conceitos geoestratégicos formuladas por Nicholas Spykman, o presente traba-lho tem como objetivo investigar a crise das dívidas... more
Partindo da tese do Duplo Movimento de Karl Polanyi, da sua reinterpretação por José Luís Fiori e dos conceitos geoestratégicos formuladas por Nicholas Spykman, o presente traba-lho tem como objetivo investigar a crise das dívidas soberanas no grupo de países que formam o acrônimo PIIGS: Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. Por meio de uma análise histó-rica sustentada em elementos geopolíticos e geoeconômicos, espera-se demonstrar a influência dos Estados Unidos sobre a organização do espaço europeu. Sua política econômica teve a Alemanha como pivô, país que se torna o líder da integração, enquanto sua política de segu-rança subordinou a segurança do continente à Organização do Tratado do Atlântico Norte, interditando a formação de uma comunidade de segurança europeia autônoma. Tal configura-ção, asso-ciada à ascensão de uma nova ordem liberal global, embasaria as instituições e regras de funcionamento da União Europeia e da União Monetária Europeia, na origem das desesta-bilizações da zona do euro. Um exame dos efeitos da adoção de políticas liberalizantes, que amarraram as políticas fiscais e cambiais dos PIIGS, e das medidas de austeridade impostas como contrapartida ao resgate financeiro desses países demonstram, ainda, que as movimenta-ções populares e político-partidárias que se materializaram nos mesmos foram guiadas por de-mandas de proteção social e restauração da soberania nacional.