Marília Marra

As obras podem ser escritas sem influência da vida e do meio externo em torno de cada autor, mas muitos afirmam o contrário. É o caso do crítico literário Antônio Cândido, (1985, p. 34) o qual afirma que para realizar a análise de alguns poemas, é importante possuir o conhecimento da biografia do autor. Neste âmbito, Cândido irá se referir à poesia lírica de Tomás Antônio Gonzaga, na obra Marília de Dirceu. Certamente, pensar o sujeito artista seria também remeter à biografia dele. Entretanto, também é possível indicar prováveis divergências entre a vida e a obra de tal indivíduo, seja este um artista literário, visual, cênico, músico, entre outros. As análises e a deduções irão depender da obra, por isso, nem todas estas trarão uma relação visível entre vida pessoal e produção. O maior risco é cair nas armadilhas do automatismo e, então, determinar a produção artística enquanto entende-se o seu fazer a partir da história de vida do autor, do seu percurso biográfico

Ao atribuir datações históricas ao barroco sob os séculos XVI e XVII, percebemos que o período não pertence apenas à época colonial, pois como alguns críticos da atualidade afirmam, foi apenas no século XIX que o barroco fora pensado e esquematizado. De maneira geral, como diz Samuel Lima (2016, p. 134), " nas prerrogativas instituídas pela teoria, o Barroco foi enxergado como a fusão do ideal medieval, assentado no contexto humanista da época ". Entretanto, deve-se analisar se tal contexto fez jus à literatura colonial do Brasil, especialmente os escritos de Gregório de Matos, bem como entender se a produção desta época pode ser considerada atemporal e ainda presente na modernidade.