Professor do Bacharelado Interdisciplinar de Humanidades e do curso de Relações Internacionais da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), professor do Programa de Pós-Graduação em estudos étnicos e africanos (Pós-Afro), do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP), mestre em Antropologia (USP), bacharel em Geografia (USP) e bacharel em Sociologia e Política (FESP-SP). Integrante do Grupo Órbita - Observatório das Relações Internacionais (UNILAB) e do CEMI - Centro de Estudos de Migrações Internacionais (UNICAMP). Address: http://lattes.cnpq.br/0252309800911440
A Luta de Libertação Nacional de Timor-Leste | The National Liberation Struggle of Timor-Leste Volume II, 2021
O trabalho analisa a presença de Timor-Leste na revista Cadernos do Terceiro Mundo, o primeiro e,... more O trabalho analisa a presença de Timor-Leste na revista Cadernos do Terceiro Mundo, o primeiro e, durante anos, o único veículo de comunicação latino-americano a acompanhar a luta da resistência timorense durante a ocupação indonésia. O trabalho inicia refletindo sobre os temas do Terceiro Mundo nos discursos da imprensa timorense nos anos imediatamente anteriores à invasão, destaca o contexto de produção da revista e o enquadramento edi- torial dado ao às questões timorenses, e conclui discutindo como este meio de comunica- ção permitiu aproximar o Brasil de Timor-Leste, duas nações localizadas nas antípodas do Sul Global.
A Luta de Libertação Nacional de Timor-Leste | The National Liberation Struggle of Timor-Leste Volume II, 2021
Memórias da Diáspora no Índico: trajetórias da resistência timorense em Moçam- bique
Os estudos s... more Memórias da Diáspora no Índico: trajetórias da resistência timorense em Moçam- bique Os estudos sobre a diáspora timorense nos anos da ocupação indonésia se concentram principalmente nas experiências da Austrália, Portugal e Macau. Pouca atenção foi dada a Moçambique. Este texto problematiza a história da diáspora no oceano Índico a partir de memórias pessoais que relatam a presença timorense em Moçambique. Ao documen- tar fragmentos da experiência de uma comunidade diaspórica que viveu a revolução moçambicana e foi afetada pela guerra na África Austral, o trabalho evidencia dimensões da vida cotidiana e busca responder algumas perguntas. Como viviam os timorenses que não compunham o alto quadro da FRETILIN? Como eles eram vistos e se viravam em Maputo? Como foram recebidos e como expressavam seu nacionalismo e sua luta fora de casa? Diáspora. Moçambique. Resistência Timorense. Solidariedade. Vida quotidiana.
Na segunda metade do século XX, Timor-Leste experimentou duas sucessivas eras de dominação estran... more Na segunda metade do século XX, Timor-Leste experimentou duas sucessivas eras de dominação estrangeira. Por meio do aparato escolar, o colonialismo português e a ocupação indonésia impuseram no território suas próprias narrativas e visões de mundo, subalternizando saberes e histórias timorenses. Este artigo problematiza o ensino de história em Timor-Leste independente, focalizando questões em torno do novo manual didático de história e dos dilemas envolvidos na reestruturação curricular de um sistema educacional que convive com legados da violência colonial e epistêmica. Considerando o caráter estratégico da educação histórica na construção do Estado-Nação e na formação de seus cidadãos, o livro didático será tratado como uma tecnologia pedagógica que autoriza certos discursos e desautoriza outros, fixando-os em textos impressos cujos efeitos e condições de produção pretende-se interrogar. Após discutir a elaboração e implementação do livro didático no contexto da cooperação internacional lusófona, propõe-se um exame circunscrito de seu conteúdo, localizando Timor-Leste na estrutura narrativa da história global e explorando as perspectivas adotadas sobre os principais sujeitos dessa história. Amparado na literatura especializada e na pesquisa de campo, o artigo oferece uma etnografia da recepção desses materiais, de modo a demonstrar como o ensino de história no país também é resultado de uma geopolítica do conhecimento situada em múltiplas escalas, na qual a colonialidade dos agentes externos, que intervém nas agendas educacionais nacionais, tem de negociar com as práticas locais que se apropriam e adulteram as histórias que ali chegam.
Ensino de Geografia da África: Caminhos e possibilidades para uma educação antirracista , 2021
Neste texto problematizo a geografia das relações Brasil-África a partir de práticas educativas d... more Neste texto problematizo a geografia das relações Brasil-África a partir de práticas educativas desenvolvidas em dois “lugares da memória” de Salvador: o Museu Náutico e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Seguindo o espírito da Lei n. 10.639/03, abordo a educação geográfica a partir de um diálogo interdisciplinar com a história e considero que o ensino de África, além da tradicional regionalização do continente, deve incorporar uma sexta e fundamental região: a diáspora. Num primeiro momento do texto, destaco a geografia histórica do Atlântico Sul, exibida e dramatizada em mapas e artefatos no Museu Náutico. Depois, chamo a atenção para o entrelaçamento das histórias da geografia, na África colonial e no Brasil pós-abolição, que podem emergir na visita ao IGHB. Ao fim, refletindo sobre as dimensões geográficas das relações Brasil-África que emergiram das discussões e das práticas no Museu Náutico e no IGHB destaco, pelo menos, três temporalidades distintas que envolvem estes espaços.
O texto apresenta e contextualiza o texto traduzido para o português, "Geografias do Saber, Geogr... more O texto apresenta e contextualiza o texto traduzido para o português, "Geografias do Saber, Geografias da Ignorância: saltando escalas no Sudeste Asiático", que incorpora uma abordagem macroscópica e original, desafiando a formação e os pressupostos dos "estudos de área” e também dos "estudos asiáticos": o primeiro, uma tradição universitária anglo-americana com pouca penetração na academia brasileira; e o segundo, um campo de especialização regional que apenas mais recentemente passou a ganhar maior espaço nos cursos de ciências sociais e humanas e nos programas de pesquisa latino-americanos, mas que ainda recebe pouquíssima atenção nas revistas e nos departamentos brasileiros de geografia. Particular atenção é dada ao Sudeste Asiático como uma área de estudo, considerando sua construção, seus limites e suas escalas. Mas qual poderia ser o interesse do público brasileiro numa região geograficamente tão distante e distinta? Quais debates acadêmicos foram suscitados a partir do artigo traduzido? E, afinal, o que são os area studies e qual sua relação com a geografia? Nesta introdução busco responder estas três questões.
O artigo situa o campus dos Malês no “Atlântico negro”, problematizando dimensões do processo de ... more O artigo situa o campus dos Malês no “Atlântico negro”, problematizando dimensões do processo de interiorização e internacionalização da Unilab no Recôncavo Baiano por meio de fragmentos da experiência quilombola e africana no território, e considerando a presença do petróleo nas práticas universitárias. A proposta é discutir como as ideias de alteridade e racismo podem intersectar questões econômicas, políticas e ambientais atreladas à cadeia de exploração do “ouro negro”. Após definir problemas e contextualizar o campus dos Malês no Recôncavo, o artigo examina conexões quilombolas com a universidade para então discutir as conflitualidades vividas pelos estudantes africanos na cidade de São Francisco do Conde. Metodologicamente, o trabalho está amparado na análise e descrição de experiências educativas e nas pesquisas desenvolvidas pelos próprios estudantes. O texto levanta processos que confluem e se cruzam no campus dos Malês, ele mesmo um microcosmo no qual se entrelaçam diversos fios e pontos da diáspora afro-atlântica, projetada a partir de diferentes lugares e histórias de engajamento, luta e encontro.
Olhares sobre as narrativas de origem de Timor-Leste / organização Lúcio Sousa , Keu Apoema , Vicente Paulino -- 1. ed. -- Ilhéus, BA : Casa Apoema ; Dili - Unidade de Produção de Pós- Graduação e Pesquisa da UNTL, 2020
O trabalho examina o campo da produção visual associado à figura de Dom Boaventura, relacionando ... more O trabalho examina o campo da produção visual associado à figura de Dom Boaventura, relacionando a construção de sua imagem pública a diferentes narrativas nacionais incorporadas em Timor-Leste. Dom Boaventura constitui um poderoso personagem conceitual timorense. Fonte de narrativas múltiplas e objeto de apreciação coletiva, ele é “bom para pensar”. Sua fotografia é uma imagem, dentre outras tantas do acervo colonial, que perdurou, adquirindo durabilidade e atualidade, sendo amplamente difundida no século XX e entrando no XXI com reconhecido destaque no panteão cívico do país recém independente. O texto problematiza as imagens do liurai, considerando seus contextos de uso e as diferentes visões nacionalistas que as envolvem, por meio de um diálogo entre história política e antropologia visual.
O artigo discute a produção fílmica sobre Timor-Leste em conexão direta com sua história política... more O artigo discute a produção fílmica sobre Timor-Leste em conexão direta com sua história política. Após situar a linguagem audiovisual no contexto do colonialismo português e da ocupação indonésia, o trabalho examina a produção no pós-indepen- dência, propondo uma leitura de contraponto entre três ficções históricas premiadas que abordam eventos críticos da luta de libertação: Answered by Fire (2006), Balibo (2009) e A guerra da Beatriz (2013). Especial atenção é dada às diferentes estratégias narrativas de construção de tempo, violência e gênero, categorias-chave que servem como guia na análise. Estabelecendo diálogos com outras criações contemporâneas e indagando sobre os sentidos de se transformar a história da luta de libertação em filmes de ficção, o artigo percorre importantes momentos do nascimento da nação e também do cinema timorense, revelando enlaces profundos entre a produção audiovisual e a imaginação histórica, não só nas projeções sobre o passado mas também em suas fantasias sobre o futuro.
Práticas, conflitos e espaços: pesquisas em Antropologia da Cidade, 2019
Em minhas conversas com os profissionais da assistência social que trabalham nas ruas me impressi... more Em minhas conversas com os profissionais da assistência social que trabalham nas ruas me impressionou a frequência e as variantes assumidas pelo uso da palavra “urgência”. Neste demonstro como as emergências assumem realidade empírica através de escalas e geometrias variáveis na cidade: em lógicas e políticas determinadas, em dispositivos institucionais mais específicos, também em certas estações do ano, nas noites mais gélidas, nas relações de serviço e em circunstâncias inesperadas. Elas conectam, atravessam e participam da experiência urbana paulistana. São objetos de disputa e construção, demandam uma ação rápida, respostas imediatas e voltadas para o “aqui e agora”. Tudo isso torna a rua um terreno de trabalho altamente volátil e imprevisível. Um espaço contornado por uma temporalidade própria, distinguível e capaz de quebrar o fluxo do ordinário. Esta excepcionalidade define o tempo da urgência e faz deste objeto de cálculo e manipulação na experiência vivida dos citadinos que, ao colocarem em questão os direitos, seus e dos outros, podem vir a emergir também como cidadãos.
Cartografie Sociali: Rivista di Sociologia e Scienze Umane, 2018
In my conversations with social assistance professionals in the streets
of São Paulo, I was impre... more In my conversations with social assistance professionals in the streets of São Paulo, I was impressed by the frequency and variants of the use of the word “urgency.” Thus, in this article I propose to problematize the “street emergencies”, considering the technical, political and everyday senses involved in the situations thus defined. To that end, I focus on the activities of a specific institutional apparatus, the Permanent and Emergency Care Coordinator (CAPE), with special emphasis on the experience of social assistance professionals who work with homeless people in São Paulo. Through a historical and ethnographic approach, it shows how emergencies assume an empirical reality through scales and variable geometries in the streets of São Paulo. They are objects in construction and contention, demanding quick action with immediate and “here and now” responses. Such exceptionality defines the time of urgency and makes the street a space of life and work marked by multiple interferences whose intelligibility is not evident.
Africa: perspectivas - Seminário África na FFLCH, 2018
Este texto explora fluxos e contra-fluxos entre Moçambique e Timor-Leste em distintos contextos h... more Este texto explora fluxos e contra-fluxos entre Moçambique e Timor-Leste em distintos contextos históricos. Dividido em quatro partes: 1) introduz questões mais gerais para se pensar o trânsito Índico onde Moçambique e Timor se encontram; 2) discute a presença dos soldados de Moçambique no “Timor Português” no início do século XX; 3) destaca a circulação das ideias africanas no pensamento nacionalista timorense dos anos 1970; 4) finaliza apresentando o contexto da diáspora timorense em Moçambique e alguns campos de indagação possíveis. Com o intuito de assinalar intercâmbios entre as duas margens do Índico, este texto parte de uma reflexão sobre Moçambique em Timor colonial e conclui com interrogações sobre a presença de Timor em Moçambique pós-colonial.
Este artigo propõe uma análise ritual dos “500 anos” de Timor-Leste a partir de imagens e de narr... more Este artigo propõe uma análise ritual dos “500 anos” de Timor-Leste a partir de imagens e de narrativas oficiais veiculadas em função da efeméride. O objetivo é lançar um olhar antropológico para essa produção, tratando-a como faces de um único evento ritual aqui tomado como posto de observação privilegiado para interrogar tanto o processo de formação do Estado-nação em Timor- Leste quanto o pós-colonialismo em português. Argumenta-se que os significados mobilizados nessas comemorações, inspiradas em modelos rituais de tradição colonial, só podem ser adequadamente compreendidos a partir da análise e da articulação de diferentes camadas de tempos históricos. Ao final, propõe-se uma leitura em contraponto das celebrações dos “500 anos” de Timor-Leste e do Brasil, de modo a localizá-las no interior do “espaço lusófono”, noção que só pode ser abordada de modo crítico.
O ano de 2018 completa setenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e trin... more O ano de 2018 completa setenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e trinta anos da chamada “Constituição Cidadã”, de 1988. De lá para cá muita coisa mudou, no mundo e no Brasil. Este Dossiê enfrenta questões relativas a estas mudanças, propondo relacionar a crítica à crise contemporânea dos Direitos Humanos. Estes, serão examinados através das lentes e dos instrumentos fornecidos pelas Ciência Sociais. Com isso, queremos sugerir que os Direitos Humanos não constituem apenas um marco jurídico-normativo ou mesmo mais um campo de lutas onde o jogo social se desenrola, mas configura um potente analisador, um posto de observação adequado para o exame aprofundado dos conflitos violentos e das transformações sociais de nosso tempo. Transformações estas que ainda se encontram em curso e que sugerem novos sentidos para o direito, para a violência, para a vida e para própria noção do que é “ser humano”. Assim, nesta apresentação proponho uma breve introdução da história política dos Direitos Humanos, considerando diferentes cenários e escalas, para então detalhar os artigos que dão corpo ao Dossiê que o leitor tem em mãos.
Filho de pais judeus imigrados da Ucrânia, Erving Goffman nasceu em 1922, na cidade de Mannville,... more Filho de pais judeus imigrados da Ucrânia, Erving Goffman nasceu em 1922, na cidade de Mannville, Canadá. Em 1944, assistiu aulas de Sociologia na Universidade de Toronto e ali decidiu fazer mestrado em Antropologia em Chicago, em uma instituição que já gozava de enorme prestígio.
Crianças de Ataúro posam para foto. Arquivo: Daniel De Lucca Reis Costa Timor-Leste é um Estado j... more Crianças de Ataúro posam para foto. Arquivo: Daniel De Lucca Reis Costa Timor-Leste é um Estado jovem e até a independência do Sudão do Sul, em 2011, era o Estado-nação mais novo a ser integrado na Organização das Nações Unidas. No entanto, a afirmação de que Timor-Leste é um Estado-nação jovem não pode ser confundida com a suposição de que seu povo não tenha tradição, história, ou mesmo que a vida deste povo não possa ser narrada. No atual contexto de construção da nação timorense, interrogar o passado é uma tarefa urgente, pois se é a história que nos situa no presente, também é ela que nos lança para o futuro. E para qual futuro Timor caminha hoje? O estudo da história e da cultura da nação pode nos ajudar a responder esta pergunta. Contudo, acessar a memória histórica de um povo não é uma tarefa fácil. E em Timor é mais complicada ainda. E por qual razão? São vários os motivos. Primeiro, antes da presença portuguesa, praticamente não havia registros escritos. A oralidade sempre fora característica da ilha e, ela ainda hoje é o principal meio de comunicação e conhecimento em muitas aldeias do foho. Além disso, os documentos escritos sobre Timor eram sempre feitos do ponto de vista dos estrangeiros e colonizadores, o que dificulta mais a compreensão sobre o que os próprios timorenses pensavam e faziam.
Citação: DE LUCCA, Daniel, "Morte e vida nas ruas de São Paulo: a biopolítica vista do Centro", I... more Citação: DE LUCCA, Daniel, "Morte e vida nas ruas de São Paulo: a biopolítica vista do Centro", In: RUI, Taniele; MARTINEZ, Mariana; FELTRAN, Gabriel. Novas Faces da Vida Nas Ruas. São Carlos/SP: EDFSCar, 2016.
Este artigo discute a articulação entre pobreza urbana e desigualdade social com base em estudos ... more Este artigo discute a articulação entre pobreza urbana e desigualdade social com base em estudos etnográficos realizados na cidade de São Paulo. Partimos da constatação de que estão em curso melhorias materiais entre a população considerada pobre, mas isso não afeta a reprodução das distâncias sociais. Por meio da comparação de três pesquisas etnográficas, propomos sistematizar e discutir alguns mecanismos sociais comuns que geram essa oscilação entre atenuação da pobreza e reprodução da desigualdade.
Citação: DE LUCCA, Daniel, Nem dentro nem fora do albergue: transformações e usos de um dispositi... more Citação: DE LUCCA, Daniel, Nem dentro nem fora do albergue: transformações e usos de um dispositivo da assistência", In: CUNHA, Neiva Vieira; FELTRAN, Gabriel de Santis (orgs.), Sobre periferia. Novos conflitos no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Lamparina/Faperj, 2013.
A Luta de Libertação Nacional de Timor-Leste | The National Liberation Struggle of Timor-Leste Volume II, 2021
O trabalho analisa a presença de Timor-Leste na revista Cadernos do Terceiro Mundo, o primeiro e,... more O trabalho analisa a presença de Timor-Leste na revista Cadernos do Terceiro Mundo, o primeiro e, durante anos, o único veículo de comunicação latino-americano a acompanhar a luta da resistência timorense durante a ocupação indonésia. O trabalho inicia refletindo sobre os temas do Terceiro Mundo nos discursos da imprensa timorense nos anos imediatamente anteriores à invasão, destaca o contexto de produção da revista e o enquadramento edi- torial dado ao às questões timorenses, e conclui discutindo como este meio de comunica- ção permitiu aproximar o Brasil de Timor-Leste, duas nações localizadas nas antípodas do Sul Global.
A Luta de Libertação Nacional de Timor-Leste | The National Liberation Struggle of Timor-Leste Volume II, 2021
Memórias da Diáspora no Índico: trajetórias da resistência timorense em Moçam- bique
Os estudos s... more Memórias da Diáspora no Índico: trajetórias da resistência timorense em Moçam- bique Os estudos sobre a diáspora timorense nos anos da ocupação indonésia se concentram principalmente nas experiências da Austrália, Portugal e Macau. Pouca atenção foi dada a Moçambique. Este texto problematiza a história da diáspora no oceano Índico a partir de memórias pessoais que relatam a presença timorense em Moçambique. Ao documen- tar fragmentos da experiência de uma comunidade diaspórica que viveu a revolução moçambicana e foi afetada pela guerra na África Austral, o trabalho evidencia dimensões da vida cotidiana e busca responder algumas perguntas. Como viviam os timorenses que não compunham o alto quadro da FRETILIN? Como eles eram vistos e se viravam em Maputo? Como foram recebidos e como expressavam seu nacionalismo e sua luta fora de casa? Diáspora. Moçambique. Resistência Timorense. Solidariedade. Vida quotidiana.
Na segunda metade do século XX, Timor-Leste experimentou duas sucessivas eras de dominação estran... more Na segunda metade do século XX, Timor-Leste experimentou duas sucessivas eras de dominação estrangeira. Por meio do aparato escolar, o colonialismo português e a ocupação indonésia impuseram no território suas próprias narrativas e visões de mundo, subalternizando saberes e histórias timorenses. Este artigo problematiza o ensino de história em Timor-Leste independente, focalizando questões em torno do novo manual didático de história e dos dilemas envolvidos na reestruturação curricular de um sistema educacional que convive com legados da violência colonial e epistêmica. Considerando o caráter estratégico da educação histórica na construção do Estado-Nação e na formação de seus cidadãos, o livro didático será tratado como uma tecnologia pedagógica que autoriza certos discursos e desautoriza outros, fixando-os em textos impressos cujos efeitos e condições de produção pretende-se interrogar. Após discutir a elaboração e implementação do livro didático no contexto da cooperação internacional lusófona, propõe-se um exame circunscrito de seu conteúdo, localizando Timor-Leste na estrutura narrativa da história global e explorando as perspectivas adotadas sobre os principais sujeitos dessa história. Amparado na literatura especializada e na pesquisa de campo, o artigo oferece uma etnografia da recepção desses materiais, de modo a demonstrar como o ensino de história no país também é resultado de uma geopolítica do conhecimento situada em múltiplas escalas, na qual a colonialidade dos agentes externos, que intervém nas agendas educacionais nacionais, tem de negociar com as práticas locais que se apropriam e adulteram as histórias que ali chegam.
Ensino de Geografia da África: Caminhos e possibilidades para uma educação antirracista , 2021
Neste texto problematizo a geografia das relações Brasil-África a partir de práticas educativas d... more Neste texto problematizo a geografia das relações Brasil-África a partir de práticas educativas desenvolvidas em dois “lugares da memória” de Salvador: o Museu Náutico e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Seguindo o espírito da Lei n. 10.639/03, abordo a educação geográfica a partir de um diálogo interdisciplinar com a história e considero que o ensino de África, além da tradicional regionalização do continente, deve incorporar uma sexta e fundamental região: a diáspora. Num primeiro momento do texto, destaco a geografia histórica do Atlântico Sul, exibida e dramatizada em mapas e artefatos no Museu Náutico. Depois, chamo a atenção para o entrelaçamento das histórias da geografia, na África colonial e no Brasil pós-abolição, que podem emergir na visita ao IGHB. Ao fim, refletindo sobre as dimensões geográficas das relações Brasil-África que emergiram das discussões e das práticas no Museu Náutico e no IGHB destaco, pelo menos, três temporalidades distintas que envolvem estes espaços.
O texto apresenta e contextualiza o texto traduzido para o português, "Geografias do Saber, Geogr... more O texto apresenta e contextualiza o texto traduzido para o português, "Geografias do Saber, Geografias da Ignorância: saltando escalas no Sudeste Asiático", que incorpora uma abordagem macroscópica e original, desafiando a formação e os pressupostos dos "estudos de área” e também dos "estudos asiáticos": o primeiro, uma tradição universitária anglo-americana com pouca penetração na academia brasileira; e o segundo, um campo de especialização regional que apenas mais recentemente passou a ganhar maior espaço nos cursos de ciências sociais e humanas e nos programas de pesquisa latino-americanos, mas que ainda recebe pouquíssima atenção nas revistas e nos departamentos brasileiros de geografia. Particular atenção é dada ao Sudeste Asiático como uma área de estudo, considerando sua construção, seus limites e suas escalas. Mas qual poderia ser o interesse do público brasileiro numa região geograficamente tão distante e distinta? Quais debates acadêmicos foram suscitados a partir do artigo traduzido? E, afinal, o que são os area studies e qual sua relação com a geografia? Nesta introdução busco responder estas três questões.
O artigo situa o campus dos Malês no “Atlântico negro”, problematizando dimensões do processo de ... more O artigo situa o campus dos Malês no “Atlântico negro”, problematizando dimensões do processo de interiorização e internacionalização da Unilab no Recôncavo Baiano por meio de fragmentos da experiência quilombola e africana no território, e considerando a presença do petróleo nas práticas universitárias. A proposta é discutir como as ideias de alteridade e racismo podem intersectar questões econômicas, políticas e ambientais atreladas à cadeia de exploração do “ouro negro”. Após definir problemas e contextualizar o campus dos Malês no Recôncavo, o artigo examina conexões quilombolas com a universidade para então discutir as conflitualidades vividas pelos estudantes africanos na cidade de São Francisco do Conde. Metodologicamente, o trabalho está amparado na análise e descrição de experiências educativas e nas pesquisas desenvolvidas pelos próprios estudantes. O texto levanta processos que confluem e se cruzam no campus dos Malês, ele mesmo um microcosmo no qual se entrelaçam diversos fios e pontos da diáspora afro-atlântica, projetada a partir de diferentes lugares e histórias de engajamento, luta e encontro.
Olhares sobre as narrativas de origem de Timor-Leste / organização Lúcio Sousa , Keu Apoema , Vicente Paulino -- 1. ed. -- Ilhéus, BA : Casa Apoema ; Dili - Unidade de Produção de Pós- Graduação e Pesquisa da UNTL, 2020
O trabalho examina o campo da produção visual associado à figura de Dom Boaventura, relacionando ... more O trabalho examina o campo da produção visual associado à figura de Dom Boaventura, relacionando a construção de sua imagem pública a diferentes narrativas nacionais incorporadas em Timor-Leste. Dom Boaventura constitui um poderoso personagem conceitual timorense. Fonte de narrativas múltiplas e objeto de apreciação coletiva, ele é “bom para pensar”. Sua fotografia é uma imagem, dentre outras tantas do acervo colonial, que perdurou, adquirindo durabilidade e atualidade, sendo amplamente difundida no século XX e entrando no XXI com reconhecido destaque no panteão cívico do país recém independente. O texto problematiza as imagens do liurai, considerando seus contextos de uso e as diferentes visões nacionalistas que as envolvem, por meio de um diálogo entre história política e antropologia visual.
O artigo discute a produção fílmica sobre Timor-Leste em conexão direta com sua história política... more O artigo discute a produção fílmica sobre Timor-Leste em conexão direta com sua história política. Após situar a linguagem audiovisual no contexto do colonialismo português e da ocupação indonésia, o trabalho examina a produção no pós-indepen- dência, propondo uma leitura de contraponto entre três ficções históricas premiadas que abordam eventos críticos da luta de libertação: Answered by Fire (2006), Balibo (2009) e A guerra da Beatriz (2013). Especial atenção é dada às diferentes estratégias narrativas de construção de tempo, violência e gênero, categorias-chave que servem como guia na análise. Estabelecendo diálogos com outras criações contemporâneas e indagando sobre os sentidos de se transformar a história da luta de libertação em filmes de ficção, o artigo percorre importantes momentos do nascimento da nação e também do cinema timorense, revelando enlaces profundos entre a produção audiovisual e a imaginação histórica, não só nas projeções sobre o passado mas também em suas fantasias sobre o futuro.
Práticas, conflitos e espaços: pesquisas em Antropologia da Cidade, 2019
Em minhas conversas com os profissionais da assistência social que trabalham nas ruas me impressi... more Em minhas conversas com os profissionais da assistência social que trabalham nas ruas me impressionou a frequência e as variantes assumidas pelo uso da palavra “urgência”. Neste demonstro como as emergências assumem realidade empírica através de escalas e geometrias variáveis na cidade: em lógicas e políticas determinadas, em dispositivos institucionais mais específicos, também em certas estações do ano, nas noites mais gélidas, nas relações de serviço e em circunstâncias inesperadas. Elas conectam, atravessam e participam da experiência urbana paulistana. São objetos de disputa e construção, demandam uma ação rápida, respostas imediatas e voltadas para o “aqui e agora”. Tudo isso torna a rua um terreno de trabalho altamente volátil e imprevisível. Um espaço contornado por uma temporalidade própria, distinguível e capaz de quebrar o fluxo do ordinário. Esta excepcionalidade define o tempo da urgência e faz deste objeto de cálculo e manipulação na experiência vivida dos citadinos que, ao colocarem em questão os direitos, seus e dos outros, podem vir a emergir também como cidadãos.
Cartografie Sociali: Rivista di Sociologia e Scienze Umane, 2018
In my conversations with social assistance professionals in the streets
of São Paulo, I was impre... more In my conversations with social assistance professionals in the streets of São Paulo, I was impressed by the frequency and variants of the use of the word “urgency.” Thus, in this article I propose to problematize the “street emergencies”, considering the technical, political and everyday senses involved in the situations thus defined. To that end, I focus on the activities of a specific institutional apparatus, the Permanent and Emergency Care Coordinator (CAPE), with special emphasis on the experience of social assistance professionals who work with homeless people in São Paulo. Through a historical and ethnographic approach, it shows how emergencies assume an empirical reality through scales and variable geometries in the streets of São Paulo. They are objects in construction and contention, demanding quick action with immediate and “here and now” responses. Such exceptionality defines the time of urgency and makes the street a space of life and work marked by multiple interferences whose intelligibility is not evident.
Africa: perspectivas - Seminário África na FFLCH, 2018
Este texto explora fluxos e contra-fluxos entre Moçambique e Timor-Leste em distintos contextos h... more Este texto explora fluxos e contra-fluxos entre Moçambique e Timor-Leste em distintos contextos históricos. Dividido em quatro partes: 1) introduz questões mais gerais para se pensar o trânsito Índico onde Moçambique e Timor se encontram; 2) discute a presença dos soldados de Moçambique no “Timor Português” no início do século XX; 3) destaca a circulação das ideias africanas no pensamento nacionalista timorense dos anos 1970; 4) finaliza apresentando o contexto da diáspora timorense em Moçambique e alguns campos de indagação possíveis. Com o intuito de assinalar intercâmbios entre as duas margens do Índico, este texto parte de uma reflexão sobre Moçambique em Timor colonial e conclui com interrogações sobre a presença de Timor em Moçambique pós-colonial.
Este artigo propõe uma análise ritual dos “500 anos” de Timor-Leste a partir de imagens e de narr... more Este artigo propõe uma análise ritual dos “500 anos” de Timor-Leste a partir de imagens e de narrativas oficiais veiculadas em função da efeméride. O objetivo é lançar um olhar antropológico para essa produção, tratando-a como faces de um único evento ritual aqui tomado como posto de observação privilegiado para interrogar tanto o processo de formação do Estado-nação em Timor- Leste quanto o pós-colonialismo em português. Argumenta-se que os significados mobilizados nessas comemorações, inspiradas em modelos rituais de tradição colonial, só podem ser adequadamente compreendidos a partir da análise e da articulação de diferentes camadas de tempos históricos. Ao final, propõe-se uma leitura em contraponto das celebrações dos “500 anos” de Timor-Leste e do Brasil, de modo a localizá-las no interior do “espaço lusófono”, noção que só pode ser abordada de modo crítico.
O ano de 2018 completa setenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e trin... more O ano de 2018 completa setenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e trinta anos da chamada “Constituição Cidadã”, de 1988. De lá para cá muita coisa mudou, no mundo e no Brasil. Este Dossiê enfrenta questões relativas a estas mudanças, propondo relacionar a crítica à crise contemporânea dos Direitos Humanos. Estes, serão examinados através das lentes e dos instrumentos fornecidos pelas Ciência Sociais. Com isso, queremos sugerir que os Direitos Humanos não constituem apenas um marco jurídico-normativo ou mesmo mais um campo de lutas onde o jogo social se desenrola, mas configura um potente analisador, um posto de observação adequado para o exame aprofundado dos conflitos violentos e das transformações sociais de nosso tempo. Transformações estas que ainda se encontram em curso e que sugerem novos sentidos para o direito, para a violência, para a vida e para própria noção do que é “ser humano”. Assim, nesta apresentação proponho uma breve introdução da história política dos Direitos Humanos, considerando diferentes cenários e escalas, para então detalhar os artigos que dão corpo ao Dossiê que o leitor tem em mãos.
Filho de pais judeus imigrados da Ucrânia, Erving Goffman nasceu em 1922, na cidade de Mannville,... more Filho de pais judeus imigrados da Ucrânia, Erving Goffman nasceu em 1922, na cidade de Mannville, Canadá. Em 1944, assistiu aulas de Sociologia na Universidade de Toronto e ali decidiu fazer mestrado em Antropologia em Chicago, em uma instituição que já gozava de enorme prestígio.
Crianças de Ataúro posam para foto. Arquivo: Daniel De Lucca Reis Costa Timor-Leste é um Estado j... more Crianças de Ataúro posam para foto. Arquivo: Daniel De Lucca Reis Costa Timor-Leste é um Estado jovem e até a independência do Sudão do Sul, em 2011, era o Estado-nação mais novo a ser integrado na Organização das Nações Unidas. No entanto, a afirmação de que Timor-Leste é um Estado-nação jovem não pode ser confundida com a suposição de que seu povo não tenha tradição, história, ou mesmo que a vida deste povo não possa ser narrada. No atual contexto de construção da nação timorense, interrogar o passado é uma tarefa urgente, pois se é a história que nos situa no presente, também é ela que nos lança para o futuro. E para qual futuro Timor caminha hoje? O estudo da história e da cultura da nação pode nos ajudar a responder esta pergunta. Contudo, acessar a memória histórica de um povo não é uma tarefa fácil. E em Timor é mais complicada ainda. E por qual razão? São vários os motivos. Primeiro, antes da presença portuguesa, praticamente não havia registros escritos. A oralidade sempre fora característica da ilha e, ela ainda hoje é o principal meio de comunicação e conhecimento em muitas aldeias do foho. Além disso, os documentos escritos sobre Timor eram sempre feitos do ponto de vista dos estrangeiros e colonizadores, o que dificulta mais a compreensão sobre o que os próprios timorenses pensavam e faziam.
Citação: DE LUCCA, Daniel, "Morte e vida nas ruas de São Paulo: a biopolítica vista do Centro", I... more Citação: DE LUCCA, Daniel, "Morte e vida nas ruas de São Paulo: a biopolítica vista do Centro", In: RUI, Taniele; MARTINEZ, Mariana; FELTRAN, Gabriel. Novas Faces da Vida Nas Ruas. São Carlos/SP: EDFSCar, 2016.
Este artigo discute a articulação entre pobreza urbana e desigualdade social com base em estudos ... more Este artigo discute a articulação entre pobreza urbana e desigualdade social com base em estudos etnográficos realizados na cidade de São Paulo. Partimos da constatação de que estão em curso melhorias materiais entre a população considerada pobre, mas isso não afeta a reprodução das distâncias sociais. Por meio da comparação de três pesquisas etnográficas, propomos sistematizar e discutir alguns mecanismos sociais comuns que geram essa oscilação entre atenuação da pobreza e reprodução da desigualdade.
Citação: DE LUCCA, Daniel, Nem dentro nem fora do albergue: transformações e usos de um dispositi... more Citação: DE LUCCA, Daniel, Nem dentro nem fora do albergue: transformações e usos de um dispositivo da assistência", In: CUNHA, Neiva Vieira; FELTRAN, Gabriel de Santis (orgs.), Sobre periferia. Novos conflitos no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Lamparina/Faperj, 2013.
O curso tem como objetivo introduzir o campo de estudos do Sudeste Asiático contemporâneo, uma re... more O curso tem como objetivo introduzir o campo de estudos do Sudeste Asiático contemporâneo, uma realidade geo-histórica que já teve outros nomes, foi definida por outras fronteiras e impérios conceituais. Situada entre as duas maiores civilizações clássicas do oriente (China e Índia), a região apresenta uma enorme diversidade ambiental, étnica, linguística e religiosa, integrando países com demografias majoritárias de três grandes religiões mundiais: islamismo, budismo e cristianismo.
Composto por onze países e mais de 635 milhões de pessoas, o Sudeste Asiático apresenta hoje uma paisagem política heterogênea e em transição: com repúblicas formalmente democráticas (Filipinas, Indonésia e Timor-Leste) e ditatoriais (Mianmar), democracias de partido único (Cingapura) e regimes comunistas (Laos e Vietnã), também monarquias constitucionais (Malásia, Camboja e Tailândia) e um sultanato absoluto (Brunei). Sua organização regional, a Association of Southeast Asian Nations (ASEAN), iniciada em 1967, se coloca hoje, enquanto bloco, como a sexta maior economia do mundo, com projeção na arquitetura econômica da “Ásia-Pacífico", mas permanece silenciada na estratégia militar do “Indo-Pacífico".
No último século, os países do Sudeste Asiático passaram por profundas transformações que foram desigualmente moldadas pelos impérios coloniais, pela Guerra Fria e pela globalização neoliberal. Mesmo considerando sua enorme diversidade e o impressionante dinamismo de seu crescimento econômico, a região enfrenta desafios comuns e transversais àqueles vividos em outras partes do mundo, em especial no Sul Global: a acelerada destruição ambiental com a marginalização das populações autóctones; a pobreza endêmica em regimes de cidadania fraturada; fundamentalismos religiosos, terrorismos e extremismos políticos; e grande pressão internacional para mudanças institucionais, nacionais e regionais, em função de disputas geopolíticas e da concorrência dos mercados globais.
A partir de uma abordagem interdisciplinar e transnacional, de regionalismo aberto e em diálogo critico com a tradição dos area studies, valorizando perspectivas pós-coloniais e aproximações comparadas, o curso destaca algumas formulações consagradas sobre o Sudeste Asiático, nas ciências sociais, e focaliza aspectos políticos e culturais de sua história mais recente, considerando as diferentes experiências do colonialismo e do nacionalismo, da modernização socialista e capitalista, dos eventos de guerra e de paz. Esta componente introduz uma visão de diversas interpretações sobre a região e seus problemas, familia- rizando as/os estudantes com a construção contemporânea do Sudeste Asiático, tendo em conta suas relações e seu lugar no mundo.
A primeira parte do curso aborda percursos cruzados, ocidentais e asiáticos, de debates intelectuais basi- lares, apresentando algumas leituras fundamentais que marcaram as análises sobre a região. No segundo momento, o curso focaliza dimensões interconectadas e globalizadas de tópicos específicos como: políticas de gênero e nacionalismo; memórias da violência e experiências do conflito armado; ecologia e gestão da vida; minorias e identidades étnicas; fluxos oceânicos e conexões africanas; relações internacionais com o Brasil; terminando com as tensões na ASEAN face às estratégias geopolíticas de projeção/contenção da China.
A disciplina tem como objetivo: 1) oferecer uma visão ampliada das principais questões que marcar... more A disciplina tem como objetivo: 1) oferecer uma visão ampliada das principais questões que marcaram a sociedade, a economia e a política internacional no século XX; e 2) fornecer instrumentos analíticos para os estudantes abordarem as relações internacionais como fenômenos históricos, registrados ou não em arquivos e instituições da memória e situados em processos temporais de duração variável. Após uma introdução ao conhecimento histórico no campo das Relações Internacionais, o curso avança com as origens da 1a Guerra Mundial e finaliza com a discussão sobre as tendências internacionais após a Guerra Fria. O percurso inicia explorando o estudo das tensões entre as potências do Norte (Europa, EUA, Rússia/União Soviética) e depois desloca o foco para as transformações políticas do chamado Terceiro Mundo (Ásia, África e América Latina). Especial atenção será dada à problemas e conceitos que privilegiem o exame histórico das relações no espaço internacional, ressaltando histórias cruzadas e entrelaçadas, que conectam diferentes territórios e poderes, globais, regionais, nacionais e locais. Além da leitura de textos, o curso propõe trabalhar com linguagens diversas, como a análise de imagens e mapas, podcasts, canções e materiais audiovisuais de apoio, valorizando as formas de articulação da mídia com o estudo das relações internacionais. Destacar-se-á, dentro do possível, a experiência direta com fontes documentais primárias, no estímulo à interpretação, à prática da pesquisa empírica e à imaginação dos estudantes, como forma de estabelecer um diálogo crítico com os temas já tradicionais da História das Relações Internacionais, tais como a história diplomática e das guerras, além das revoluções e crises econômicas, alianças e formações de blocos de poder, golpes de Estado e mudanças de regime.
O curso tem como objetivo estimular a imaginação geográfica dos estudantes no exame das relações ... more O curso tem como objetivo estimular a imaginação geográfica dos estudantes no exame das relações de poder, mobilizando para isso problemas e conceitos caros ao pensamento geográfico e oferecendo instrumentos analíticos para investigação de diferentes configurações geopolíticas do Sul Global. Ao incluir a produção e o pensamento original de geógrafos e geopolíticos brasileiros, africanos e asiáticos, um dos postulados caros a este curso é que as chamadas “Geopolíticas do Sul” não se restringem às estratégias de poder nos espaços meridionais e periféricos, mas também incorporam em sua definição o campo da epistemologia, da teoria e dos saberes geográficos e geopolíticos produzidos no Sul Global.
Especial destaque é dado à análise de regiões mundiais transfronteiriças, considerando diferentes escalas, sua relações de proximidade e distância, seus antecedentes históricos e de conflitualidade. Diferentemente das análises mais correntes do sistema internacional, que com frequência apontam para normas do direito pretensamente universais, diretrizes políticas globais e padrões econômicos mais amplos e genéricos, os estudos regionais e de área (area studies) valorizam um entendimento mais contextualizado, levando em conta o jogo das escalas situadas e sobrepostas, bem como as condicionantes específicas dos territórios, seus recursos, relações de vizinhança e zonas de influência. Ao refletir sobre a diversidade e desigualdade regional do mundo, o curso busca ampliar os horizontes e a imaginação geográfica dos estudantes, oferecendo um conhecimento mais detido a respeito das múltiplas formas de regionalização do espaço mundial, exercitando conceitos, técnicas e abordagens próprias à análise geográfica do poder.
O curso está dividido em dois blocos. Inicia com um debate sobre a formação do pensamento geográfico, suas relações com a ciência, a natureza e a política dos impérios coloniais, e termina examinando as disputas de poder nos cenários regionais contemporâneos do Sul Global. Especial destaque será dado às dinâmicas do hemisfério austral, que se caracteriza geograficamente por uma maior dispersão das massas continentais, devido à maritimidade expressa na confluência dos três oceanos, e é majoritariamente definido em termos tropicais, podendo oferecer alguns desafios comuns para a análise e ação política.
1. No primeiro bloco do curso, intitulado Geografia e Política, temas da história do pensamento geográfico serão apresentados de modo a assinalar problemas teóricos fundadores e análises paradigmáticas, evidenciando o estreito vínculo existente entre a construção da geografia enquanto disciplina científica e a formação do Estado moderno enquanto máquina de acumulação de riqueza e poder. Partindo da célebre afirmação de Friedrich Ratzel - espaço é poder -, conceitos caros à tradição do pensamento geográfico serão introduzidos e debatidos: mapa, território, meio ambiente, fronteira, posição, poder marítimo e terrestre, região e escala.
2. Na segunda parte do curso, intitulada Geopolíticas do Sul, serão examinadas distintas situações geográficas no chamado Sul Global, considerando a disposição concreta dos territórios, seus recursos, disputas regionais e a projeção de cenários futuros. Especial atenção será dada às dinâmicas geopolíticas e geoeconômicas sul-americanas e africanas, bem como aquelas centradas nas margens oceânicas do Atlântico Sul e do Indo-Pacífico.
Este curso propõe discutir e refletir sobre as modulações dos direitos humanos, no passado e no p... more Este curso propõe discutir e refletir sobre as modulações dos direitos humanos, no passado e no presente, com especial destaque para os desafios enfrentados no Brasil e nos países de língua oficial portuguesa. O princípio de “igualdade jurídica”, intrínseco à noção de direitos humanos, será confrontado às diferenças e desigualdades destes contextos. Assim, a própria ideia de “lusofonia" é abordada criticamente, considerando sua trajetória marcada pelo colonialismo e pelo racismo, pelas clivagens e assimetrias no “espaço lusófono”, e pelas lutas de libertação e revolução, também reconhecimento e redistribuição, que permanecem desenhando os conflitos atuais. O curso está dividido em dois blocos. O primeiro introduz, histórica e conceitualmente, a temática dos direitos humanos e apresenta a situação brasileira. O segundo bloco privilegia o estudo de problemas empíricos em cada um dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e Timor-Leste.
Guerra e paz são temas clássicos do pensamento político e das Relações Internacionais. Este curso... more Guerra e paz são temas clássicos do pensamento político e das Relações Internacionais. Este curso tem como objetivo revisitar e discutir as modulações passadas e contemporâneas da guerra, considerando a os discursos que lhe dão inteligibilidade e os dispositivos legais e bélicos que lhe dão substância. A guerra será tomada como um campo para a problematização teórica e empírica no qual se cruzam principalmente as relações entre o poder jurídico e o militar, as leis e as armas, a partir de uma perspectiva crítica e interdisciplinar, comparativa e transnacional.
A primeira parte propõe um maior diálogo com a filosofia, discutindo trabalhos preocupados com questões éticas, teóricas e conceituais a respeito da guerra e do direito, da política e da segurança. O segundo bloco privilegia a análise empírica e o estudo de contextos históricos e geopolíticos que atravessam os espaços lusófonos do Sul Global, considerando principalmente o papel das forças armadas e dos "homens da lei” em conflitos situados.
O curso problematiza o ensino de geografia nos países de língua oficial portuguesa e tem três obj... more O curso problematiza o ensino de geografia nos países de língua oficial portuguesa e tem três objetivos principais e interconectados: 1) Provocar a imaginação geográfica dos estudantes, apresentando conceitos, debates e questões centrais da geografia como um campo científico e um saber pertinente à vida cotidiana; 2) Interrogar o chamado "espaço lusófono" a partir da história da geografia escolar nestes países, da geopolítica do conhecimento que os envolvem e das desigualdades sócio-espaciais presentes no Brasil, nos PALOP e em Timor-Leste; 3) Introduzir problemas, metodologias e abordagens da educação geográfica, com especial destaque para os temas do "livro didático de geografia", do "estudo do meio" e da "alfabetização cartográfica".
A disciplina tem como objetivo: 1) instigar os estudantes a pensar historicamente as relações in... more A disciplina tem como objetivo: 1) instigar os estudantes a pensar historicamente as relações internacionais e 2) analisar as principais questões que marcaram a política mundial no século XX. Após uma introdução sobre tempo, historiografia e conhecimento histórico no campo das relações internacionais, o curso avança com as origens da 1o Guerra Mundial e finaliza com a discussão sobre as tendências internacionais no pós-Guerra Fria. Dividido em duas partes, no primeiro bloco enfatiza o estudo de dinâmicas centradas nas regiões do Norte Global (Europa, União Soviética/Rússia, EUA), já a segunda parte destaca as implicações da Guerra Fria no então chamado Terceiro Mundo (Ásia, África e América Latina). Especial atenção será dada à problemas e conceitos que privilegiam a análise de histórias cruzadas e interconectadas, articulando diferentes espaços e poderes, nacionais, regionais e globais. Além da leitura de textos, o curso propõe trabalhar com linguagens diversas, como a interpretação de imagens, mapas e materiais audiovisuais, bem como o tratamento direto com fontes documentais primárias, para estimular a imaginação dos estudantes no diálogo crítico com os temas tradicionais da História das Relações Internacionais, tais como história política e diplomática, além de guerras, revoluções e golpes de Estado.
O curso tem como objetivo instigar a imaginação geográfica dos estudantes, mobilizando para isso ... more O curso tem como objetivo instigar a imaginação geográfica dos estudantes, mobilizando para isso problemas e conceitos caros à disciplina e oferecendo instrumentos analíticos para o exame de diferentes configurações geopolíticas do Sul Global. Além disso, buscar-se-á, dentro do possível, destacar a produção e o pensamento original de geógrafos brasileiros, africanos e asiáticos. Com isso, um dos postulados caros a este curso é que as chamadas “Geopolíticas do Sul” não se restringem às estratégias dos espaços meridionais, mas também devem incorporar em sua definição o campo da epistemologia, da teoria e dos saberes geográficos produzidos no Sul Global.
Dividido em dois blocos o curso inicia com um debate sobre a formação do pensamento geográfico e suas relações com a política dos impérios coloniais (momento épico de projeção do Norte sobre o Sul) e termina examinando as disputas de poder em cenários macro-regionais contemporâneos do Sul Global. Com isso, especial destaque será dado às dinâmicas do hemisfério austral, que se caracteriza por uma maior dispersão das massas continentais, devido à maritimidade expressa na confluência dos três oceanos, e é majoritariamente definido em termos tropicais, podendo oferecer alguns desafios comuns tanto para a análise quanto para a política.
1. No primeiro bloco do curso, intitulado "Geografia e Política", a história do pensamento geográfico é apresentada de modo assinalar seus problemas teóricos fundadores, autores chaves e análises pioneiras, evidenciando o estreito vínculo existente entre a construção da geografia enquanto ciência e a formação dos Estados modernos. Partindo da célebre afirmação de Friedrich Ratzel - "espaço é poder" -, conceitos caros à disciplina serão introduzidos e debatidos: mapa, natureza, paisagem, território, fronteira, poder marítimo, poder terrestre, posição, região e escala.
2. Na segunda parte do curso, intitulada "Geopolíticas do Sul", serão examinadas distintas situações geográficas no chamado Sul Global, considerando a disposição concreta dos territórios, seus recursos, conflitos de interesse e a projeção de cenários futuros. Especial atenção será dada às dinâmicas geopolíticas sul-americanas e africanas, bem como aquelas centradas nas margens oceânicas do Atlântico Sul, do Índico e da bacia do Pacífico.
A disciplina busca introduzir o aluno à análise das relações políticas e sociais que permeiam ins... more A disciplina busca introduzir o aluno à análise das relações políticas e sociais que permeiam instituições nacionais e internacionais em Timor-Leste. Considerando a história mais recente do país, na qual a formação do Estado e a criação de importantes instituições timorenses estão vinculadas a processos e decisões efetuadas em outros contextos globais, pretende-se examinar criticamente o caráter destas relações que, de um modo ou outro, inflectem diretamente sobre a organização da nação, chegando a enquadrar os poderes soberanos do Estado timorense e até mesmo definir os direitos de seus cidadãos. Para tal a disciplina está dividida em dois blocos: 1) Formação da nação e do Estado timorense frente às instituições internacionais 2) Instituições garantidoras dos direitos da cidadania na nova ordem global Metodologia: As aulas serão expositivas com espaço para debate e discussão coletiva sobre os textos indicados. A disciplina conta com a visita de instituições selecionadas e exige esforço dos alunos na leitura e escritura de textos em Língua Portuguesa. Além disso, as aulas serão ministradas nesta língua, sendo que a Língua Tétum poderá ser utilizada como auxílio na facilitação dos conteúdos. Será necessário que os alunos possuam dicionários de língua portuguesa e os utilizem diariamente em sala de aula. Os textos e o programa poderão ser modificados no decorrer do curso e de acordo com o desempenho e o interesse demonstrado pelos alunos. Avaliação: Prova, entrega de trabalho, participação em sala de aula e empenho na leitura e interpretação de textos. Os alunos deverão apresentar, em grupo, seminários sobre certas instituições-chaves indicadas no programa da disciplina e entregar para os colegas de classe, no dia do seminário, uma folha descrevendo as informações mais importantes da instituição: data de criação, contexto histórico de surgimento, objetivo gerais e específicos da instituição, principais atividades desenvolvidas, relação com Timor-Leste e bibliografia de referência utilizada para a pesquisa. Além disso, cada aluno deverá entregar um relatório de uma das visitas feitas com a classe, descrevendo também: a data de criação da instituição e sua história, os objetivo da instituição, as impressões e informações que descobriram na visita, assim como o endereço, o horário da visita e as atividades desenvolvidas durante a visita.
Este curso de extensão busca introduzir questões-chave dos " estudos pós-coloniais " , um campo d... more Este curso de extensão busca introduzir questões-chave dos " estudos pós-coloniais " , um campo de investigações marcadamente interdisciplinar que relaciona saberes plurais como história, literatura, antropologia e psicanálise. A partir de leituras selecionadas de obras e autores já consagrados, o curso tem dois objetivos centrais: 1) apresentar um percurso de pesquisas e um itinerário de debates envolvido no conjunto deses estudos, e 2) dar especial ênfase às abordagens interseccionais, interpretações que enfatizam as relações de poder que produzem e articulam diferenças de gênero, raça, classe e nação. Através da trajetória de autores e obras específicas, serão debatidos temas como colonialismo e capitalismo, nacionalismo e racismo, também identidade e heteronormatividade. O desafio aqui colocado é, portanto, o de explorar criticamente tais tópicos não de forma isolada, mas justamente em termos de interconectividade. III. EMENTA Originados pela reflexão crítica a respeito dos contextos marcados pela resistência anticolonial, pela experiência recente da libertação nacional e pela luta feminista e anti-racista, os estudos pós-coloniais alcançaram hoje uma ampla difusão, constituindo um importante eixo de intercâmbio acadêmico, institucionalizando-se em inúmeras universidades e desenhando um novo campo de discussões teóricas através de redes de conexões e perspectivas que atravessam desigualmente o Ocidente e o Oriente, o Norte e o Sul Global. Longe de afirmar o fim das práticas associadas à colonização, os estudos pós-coloniais apontam para uma reconfiguração global das relações de poder envolvidas na manutenção das linhas de continuidade entre os discursos coloniais e os estereótipos sexuais e raciais contemporâneos. Avaliar os modos como tais representações e narrativas são rearranjadas no tempo presente, em termos de práticas de dominação, subalternização e resistência, constitui uma das pedras de toque destes estudos que, em termos conceituais, incorporaram valiosas contribuições das teorias pós-estruturalistas e estabeleceram diálogos originais com a crítica feminista, o marxismo, os estudos étnico-raciais e as pesquisas sobre nacionalismos e nacionalidades.
A partir de um diálogo entre os saberes da história, da antropologia e da política, o curso apres... more A partir de um diálogo entre os saberes da história, da antropologia e da política, o curso apresenta estudos que examinam a formação dos Estados-nação interpelando o lugar da identidade e da cultura. A proposta é trabalhar com leituras comparativas e de contraponto que permitam situar a singularidade do Brasil. Postula-se que a análise da especificidade não é a aceitação de uma excepcionalidade nacional, virtuosa ou trágica, mas a identificação de dilemas transversais que conectam histórias, cruzam fronteiras e conformam territórios próprios para a experiência. Assim, especial atenção será dada à dinâmica das relações de poder que engajam o nacionalismo em intersecções de gênero, raça e classe. E, de modo a focalizar as tensões entre diversidade e unidade que compõem o Estado-nação, reflete-se criticamente sobre as formas de construção da alteridade atentando para os modos de gestão das desigualdades e conflitos no contexto brasileiro.
Na passagem para o século XX o Estado colonial português inicia a construção de uma rede de insti... more Na passagem para o século XX o Estado colonial português inicia a construção de uma rede de instituições que tiveram implicações de longo prazo na cultura do império. No coração deste pro-cesso situam-se as práticas de saque e coleta dos " objetos dos outros " , levando à circulação, classificação e o estudo da cultura material representativa das populações nativas. Inspirado na crítica pós-colonial este curso problematiza a formação dos museus, coleções e saberes antropo-lógicos no império, com destaque para Moçambique e Timor-Leste. As heranças mais evidentes dos impérios europeus nas suas antigas colônias são percebidas no traçado dos mapas, onde observam-se fronteiras nacionais decorrentes das fronteiras coloniais, mas também na língua do colonizador, muitas vezes, transformada em idioma oficial após as in-dependências. Nem sempre é avaliada, no entanto, a importância e o lugar-chave de outras cons-truções institucionais, culturais e intelectuais do império, tais como os museus e as coleções etno-gráficas. Destacando como valor patrimonial objetos, imagens e lugares específicos, associados aos povos colonizados, as instituições museológicas acabaram por também produzir símbolos e ícones nos quais os próprios colonizados puderam se ver e se identificar coletivamente de modo distinto, subvertendo, neste processo, os sentidos coloniais anteriores.
Uma das maiores belezas de "Sonhos em tempo de guerra" é que ele bagunça as fronteiras entre memó... more Uma das maiores belezas de "Sonhos em tempo de guerra" é que ele bagunça as fronteiras entre memória, história e literatura. Fronteiras estas erguidas pela modernidade europeia, lembremos. Neste sentido, o autor queniano desloca o problema, primordialmente ocidental, da divisão entre fato e ficção, realidade e imaginação. É uma obra, portanto, que traz questões epistemológicas profundas. Ela revela um mundo em formação e transformação, onde o conhecimento é sobretudo moldado pela literatura oral, pelo canto, pelos gestos, pela comunicação afetiva e pelas reuniões de contação de histórias ao redor de fogueiras. Não por acaso, as memórias de Ngũgĩ wa Thiong’o destacam a importância decisiva das histórias, do ato de contá-las e também do ofício de seus contadores. Daí seu título. A obra navega nas fantasias de uma criança numa terra em turbulência. É um elogio à capacidade de sonhar em vigília. Definitivamente uma ode ao encanto e ao poder libertador das histórias, principalmente nos tempos mais sombrios.
Bourgois, Philippe. En quête de respect: le crack à New York. Paris, Seuil, 2007. Publicado em 19... more Bourgois, Philippe. En quête de respect: le crack à New York. Paris, Seuil, 2007. Publicado em 1995 nos Estados Unidos, e lá vendendo mais de cem mil có pias, In Search of Respect: Seeling Crack in El Barrio foi premiado pelo C. Wright Mills Prize, em 1996, e pelo Margaret Mead Award, em 1997. Também suas traduções para o francês, espanhol, italiano e até chinês atestam a ampla e ca lorosa recepção de uma obra que hoje já pode ser considerada uma espécie de best -seller de etnografia urbana. O livro foi resultado de um trabalho de campo intensivo, que se estendeu de 1985 a 1991, período em que Philippe Bourgois, an tropólogo de nacionalidade francesa, mas criado e educado no território norte americano, viveu intermitentemente com sua esposa e seu filho recém nascido num apartamento alugado no East Harlem de Nova York. A pesquisa se iniciava no mesmo momento histórico em que o crack começava a dar sinais de sua pre sença na cidade, transformando sociabilidades de rua, dinamizando circuitos informais da economia urbana e fazendo autoridades e meios de comunicação anunciarem o fenômeno em termos de uma "epidemia de crack".
Situada no cruzamento do Sudeste Asiático com a Oceania, a ilha de Timor tem nos extremos do sécu... more Situada no cruzamento do Sudeste Asiático com a Oceania, a ilha de Timor tem nos extremos do século XX dois importantes momentos de in exão histórica. Se no primeiro extremo do século os povos da parte leste da ilha tiveram de enfrentar as sangrentas "guerras de paci cação" empreendidas pelas sucessivas campanhas militares coloniais portuguesas que, ao subjugarem violentamente os reinos nativos, conquistarem postos no interior e conseguirem estabilizar a fronteira com a parte oeste da ilha, de soberania holandesa, consolidaram uma Pax Lusitana ao estilo próprio da era dos impérios 1 ; cem anos depois, frente à nova ordem mundial, o cenário não é menos turbulento. No rastro da avassaladora destruição deixada pela retirada do Estado indonésio em 1999, instalou-se uma administração transitória (UNTAET) sob o comando do brasileiro Sérgio Vieira de Mello, como Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas. Após o ano de 2002, com a restauração da independência da República Democrática de Timor-Leste (RDTL), um novo regime de poder é estabelecido, sendo que, ao lado do novo governo timorense, continuaram operando as sucessivas missões da ONU, além de ONGs, projetos do Banco Mundial e do Banco de Desenvolvimento Asiático, com o objetivo nomeado de edi car o Estado e promover o desenvolvimento. E é deste entramado contexto que trata Kelly Silva, pesquisadora e professora do Departamento de Antropologia da UNB, em seu novo livro: As Nações Desunidas: práticas da ONU e a estruturação do Estado em Timor-Leste. Escrito originalmente como tese de doutorado, defendida em 2004, na Universidade Nacional de Brasília 2 , o trabalho foi publicado em forma de livro oito anos depois. Neste intervalo temporal Kelly Silva continuou visitando o país, aprofundou suas investigações e interlocuções, escreveu e publicou inúmeros artigos sobre Timor-Leste em língua portuguesa e inglesa, além de organizar em co-autoria, duas obras de coletâneas também sobre a temática 3 . Ainda que amplamente atualizada e contextualizada frente a uma bibliogra a mais recente, a etnogra a que dá corpo As Nações Desunidas foi efetuada entre os anos de 2002 e 2003. A obra registra, portanto, um momento circunscrito da história do país e, ao mesmo tempo demarca o início de um robusto projeto intelectual e pessoal que se estende até os dias de hoje. Notável na trajetória de pesquisa da autora é a permanente parceria intelectual e de campo com Daniel Simião, também antropólogo brasileiro e estudioso de Timor-Leste, além de seu marido e autor de uma importante tese sobre violência, justiça e gênero em Timor-Leste 4 . Kelly Silva e Daniel Simião parecem atualizar assim, sob uma versão tupiniquim e em pleno século XXI, uma tradição de pesquisas etnográ cas efetuadas no decorrer do século XX por outros casais de antropólogos na região do sudeste asiático 5 . Seja como for, Kelly Silva destaca-se hoje, provavelmente, como a mais importante pesquisadora brasileira que se dedica aos temas da experiência social timorense. A posição da pesquisadora em campo, como mulher, brasileira, casada, falante de língua portuguesa, uente em inglês e tétum-praça, língua falada hoje pela maioria da população timorense, foi um condicionante fundamental para a quantidade e a qualidade dos conhecimentos produzidos e trabalhados na etnogra a. Situada num posto de observação privilegiado, atuando como voluntária no gabinete do primeiro Primeiro Ministro da República Democrática de Timor-Leste (RDTL), Sr. Mari
Este livro é uma investigação sobre a imaginação histórica e o poder em Timor-Leste. A obra abord... more Este livro é uma investigação sobre a imaginação histórica e o poder em Timor-Leste. A obra aborda problemas ligados à nação e ao nacionalismo, explorando concepções de tempo e história no processo de construção do passado nacional. O objetivo não é narrar a trajetória do país, mas interrogar a “timorização do passado”: o movimento de produção, recepção e luta pela história nacional. Quem pode falar pelo passado de Timor-Leste? Como ele está sendo usado? Em qual língua? Como essas diferentes histórias estão interconectadas e se entrelaçam com a imaginação histórica e política de outras nações? Essas e outras questões são colocadas num diálogo interdisciplinar, a partir de análises e materiais muito diversos para as(os) interessadas(os) nos temas da descolonização, da geopolítica do conhecimento e dos usos do passado.
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Papers by Daniel De Lucca
Os estudos sobre a diáspora timorense nos anos da ocupação indonésia se concentram principalmente nas experiências da Austrália, Portugal e Macau. Pouca atenção foi dada a Moçambique. Este texto problematiza a história da diáspora no oceano Índico a partir de memórias pessoais que relatam a presença timorense em Moçambique. Ao documen- tar fragmentos da experiência de uma comunidade diaspórica que viveu a revolução moçambicana e foi afetada pela guerra na África Austral, o trabalho evidencia dimensões da vida cotidiana e busca responder algumas perguntas. Como viviam os timorenses que não compunham o alto quadro da FRETILIN? Como eles eram vistos e se viravam em Maputo? Como foram recebidos e como expressavam seu nacionalismo e sua luta fora de casa?
Diáspora. Moçambique. Resistência Timorense. Solidariedade. Vida quotidiana.
of São Paulo, I was impressed by the frequency and variants of the use
of the word “urgency.” Thus, in this article I propose to problematize the
“street emergencies”, considering the technical, political and everyday
senses involved in the situations thus defined. To that end, I focus on the
activities of a specific institutional apparatus, the Permanent and Emergency
Care Coordinator (CAPE), with special emphasis on the experience
of social assistance professionals who work with homeless people
in São Paulo. Through a historical and ethnographic approach, it shows
how emergencies assume an empirical reality through scales and variable
geometries in the streets of São Paulo. They are objects in construction
and contention, demanding quick action with immediate and “here
and now” responses. Such exceptionality defines the time of urgency and
makes the street a space of life and work marked by multiple interferences
whose intelligibility is not evident.
Os estudos sobre a diáspora timorense nos anos da ocupação indonésia se concentram principalmente nas experiências da Austrália, Portugal e Macau. Pouca atenção foi dada a Moçambique. Este texto problematiza a história da diáspora no oceano Índico a partir de memórias pessoais que relatam a presença timorense em Moçambique. Ao documen- tar fragmentos da experiência de uma comunidade diaspórica que viveu a revolução moçambicana e foi afetada pela guerra na África Austral, o trabalho evidencia dimensões da vida cotidiana e busca responder algumas perguntas. Como viviam os timorenses que não compunham o alto quadro da FRETILIN? Como eles eram vistos e se viravam em Maputo? Como foram recebidos e como expressavam seu nacionalismo e sua luta fora de casa?
Diáspora. Moçambique. Resistência Timorense. Solidariedade. Vida quotidiana.
of São Paulo, I was impressed by the frequency and variants of the use
of the word “urgency.” Thus, in this article I propose to problematize the
“street emergencies”, considering the technical, political and everyday
senses involved in the situations thus defined. To that end, I focus on the
activities of a specific institutional apparatus, the Permanent and Emergency
Care Coordinator (CAPE), with special emphasis on the experience
of social assistance professionals who work with homeless people
in São Paulo. Through a historical and ethnographic approach, it shows
how emergencies assume an empirical reality through scales and variable
geometries in the streets of São Paulo. They are objects in construction
and contention, demanding quick action with immediate and “here
and now” responses. Such exceptionality defines the time of urgency and
makes the street a space of life and work marked by multiple interferences
whose intelligibility is not evident.
Composto por onze países e mais de 635 milhões de pessoas, o Sudeste Asiático apresenta hoje uma paisagem política heterogênea e em transição: com repúblicas formalmente democráticas (Filipinas, Indonésia e Timor-Leste) e ditatoriais (Mianmar), democracias de partido único (Cingapura) e regimes comunistas (Laos e Vietnã), também monarquias constitucionais (Malásia, Camboja e Tailândia) e um sultanato absoluto (Brunei). Sua organização regional, a Association of Southeast Asian Nations (ASEAN), iniciada em 1967, se coloca hoje, enquanto bloco, como a sexta maior economia do mundo, com projeção na arquitetura econômica da “Ásia-Pacífico", mas permanece silenciada na estratégia militar do “Indo-Pacífico".
No último século, os países do Sudeste Asiático passaram por profundas transformações que foram desigualmente moldadas pelos impérios coloniais, pela Guerra Fria e pela globalização neoliberal. Mesmo considerando sua enorme diversidade e o impressionante dinamismo de seu crescimento econômico, a região enfrenta desafios comuns e transversais àqueles vividos em outras partes do mundo, em especial no Sul Global: a acelerada destruição ambiental com a marginalização das populações autóctones; a pobreza endêmica em regimes de cidadania fraturada; fundamentalismos religiosos, terrorismos e extremismos políticos; e grande pressão internacional para mudanças institucionais, nacionais e regionais, em função de disputas geopolíticas e da concorrência dos mercados globais.
A partir de uma abordagem interdisciplinar e transnacional, de regionalismo aberto e em diálogo critico com a tradição dos area studies, valorizando perspectivas pós-coloniais e aproximações comparadas, o curso destaca algumas formulações consagradas sobre o Sudeste Asiático, nas ciências sociais, e focaliza aspectos políticos e culturais de sua história mais recente, considerando as diferentes experiências do colonialismo e do nacionalismo, da modernização socialista e capitalista, dos eventos de guerra e de paz. Esta componente introduz uma visão de diversas interpretações sobre a região e seus problemas, familia- rizando as/os estudantes com a construção contemporânea do Sudeste Asiático, tendo em conta suas relações e seu lugar no mundo.
A primeira parte do curso aborda percursos cruzados, ocidentais e asiáticos, de debates intelectuais basi- lares, apresentando algumas leituras fundamentais que marcaram as análises sobre a região. No segundo momento, o curso focaliza dimensões interconectadas e globalizadas de tópicos específicos como: políticas de gênero e nacionalismo; memórias da violência e experiências do conflito armado; ecologia e gestão da vida; minorias e identidades étnicas; fluxos oceânicos e conexões africanas; relações internacionais com o Brasil; terminando com as tensões na ASEAN face às estratégias geopolíticas de projeção/contenção da China.
Após uma introdução ao conhecimento histórico no campo das Relações Internacionais, o curso avança com as origens da 1a Guerra Mundial e finaliza com a discussão sobre as tendências internacionais após a Guerra Fria. O percurso inicia explorando o estudo das tensões entre as potências do Norte (Europa, EUA, Rússia/União Soviética) e depois desloca o foco para as transformações políticas do chamado Terceiro Mundo (Ásia, África e América Latina). Especial atenção será dada à problemas e conceitos que privilegiem o exame histórico das relações no espaço internacional, ressaltando histórias cruzadas e entrelaçadas, que conectam diferentes territórios e poderes, globais, regionais, nacionais e locais.
Além da leitura de textos, o curso propõe trabalhar com linguagens diversas, como a análise de imagens e mapas, podcasts, canções e materiais audiovisuais de apoio, valorizando as formas de articulação da mídia com o estudo das relações internacionais. Destacar-se-á, dentro do possível, a experiência direta com fontes documentais primárias, no estímulo à interpretação, à prática da pesquisa empírica e à imaginação dos estudantes, como forma de estabelecer um diálogo crítico com os temas já tradicionais da História das Relações Internacionais, tais como a história diplomática e das guerras, além das revoluções e crises econômicas, alianças e formações de blocos de poder, golpes de Estado e mudanças de regime.
Especial destaque é dado à análise de regiões mundiais transfronteiriças, considerando diferentes escalas, sua relações de proximidade e distância, seus antecedentes históricos e de conflitualidade. Diferentemente das análises mais correntes do sistema internacional, que com frequência apontam para normas do direito pretensamente universais, diretrizes políticas globais e padrões econômicos mais amplos e genéricos, os estudos regionais e de área (area studies) valorizam um entendimento mais contextualizado, levando em conta o jogo das escalas situadas e sobrepostas, bem como as condicionantes específicas dos territórios, seus recursos, relações de vizinhança e zonas de influência. Ao refletir sobre a diversidade e desigualdade regional do mundo, o curso busca ampliar os horizontes e a imaginação geográfica dos estudantes, oferecendo um conhecimento mais detido a respeito das múltiplas formas de regionalização do espaço mundial, exercitando conceitos, técnicas e abordagens próprias à análise geográfica do poder.
O curso está dividido em dois blocos. Inicia com um debate sobre a formação do pensamento geográfico, suas relações com a ciência, a natureza e a política dos impérios coloniais, e termina examinando as disputas de poder nos cenários regionais contemporâneos do Sul Global. Especial destaque será dado às dinâmicas do hemisfério austral, que se caracteriza geograficamente por uma maior dispersão das massas continentais, devido à maritimidade expressa na confluência dos três oceanos, e é majoritariamente definido em termos tropicais, podendo oferecer alguns desafios comuns para a análise e ação política.
1. No primeiro bloco do curso, intitulado Geografia e Política, temas da história do pensamento geográfico serão apresentados de modo a assinalar problemas teóricos fundadores e análises paradigmáticas, evidenciando o estreito vínculo existente entre a construção da geografia enquanto disciplina científica e a formação do Estado moderno enquanto máquina de acumulação de riqueza e poder. Partindo da célebre afirmação de Friedrich Ratzel - espaço é poder -, conceitos caros à tradição do pensamento geográfico serão introduzidos e debatidos: mapa, território, meio ambiente, fronteira, posição, poder marítimo e terrestre, região e escala.
2. Na segunda parte do curso, intitulada Geopolíticas do Sul, serão examinadas distintas situações geográficas no chamado Sul Global, considerando a disposição concreta dos territórios, seus recursos, disputas regionais e a projeção de cenários futuros. Especial atenção será dada às dinâmicas geopolíticas e geoeconômicas sul-americanas e africanas, bem como aquelas centradas nas margens oceânicas do Atlântico Sul e do Indo-Pacífico.
A primeira parte propõe um maior diálogo com a filosofia, discutindo trabalhos preocupados com questões éticas, teóricas e conceituais a respeito da guerra e do direito, da política e da segurança. O segundo bloco privilegia a análise empírica e o estudo de contextos históricos e geopolíticos que atravessam os espaços lusófonos do Sul Global, considerando principalmente o papel das forças armadas e dos "homens da lei” em conflitos situados.
Dividido em dois blocos o curso inicia com um debate sobre a formação do pensamento geográfico e suas relações com a política dos impérios coloniais (momento épico de projeção do Norte sobre o Sul) e termina examinando as disputas de poder em cenários macro-regionais contemporâneos do Sul Global. Com isso, especial destaque será dado às dinâmicas do hemisfério austral, que se caracteriza por uma maior dispersão das massas continentais, devido à maritimidade expressa na confluência dos três oceanos, e é majoritariamente definido em termos tropicais, podendo oferecer alguns desafios comuns tanto para a análise quanto para a política.
1. No primeiro bloco do curso, intitulado "Geografia e Política", a história do pensamento geográfico é apresentada de modo assinalar seus problemas teóricos fundadores, autores chaves e análises pioneiras, evidenciando o estreito vínculo existente entre a construção da geografia enquanto ciência e a formação dos Estados modernos. Partindo da célebre afirmação de Friedrich Ratzel - "espaço é poder" -, conceitos caros à disciplina serão introduzidos e debatidos: mapa, natureza, paisagem, território, fronteira, poder marítimo, poder terrestre, posição, região e escala.
2. Na segunda parte do curso, intitulada "Geopolíticas do Sul", serão examinadas distintas situações geográficas no chamado Sul Global, considerando a disposição concreta dos territórios, seus recursos, conflitos de interesse e a projeção de cenários futuros. Especial atenção será dada às dinâmicas geopolíticas sul-americanas e africanas, bem como aquelas centradas nas margens oceânicas do Atlântico Sul, do Índico e da bacia do Pacífico.