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  • Subjects: visual arts and medieval images. Current research: Interdisciplinary analysis regarding the reception of the Book of Kells (9th century), exemplified by a fac-simile like copy (1974) with a study by Françoise Henry, and the full fac-similes from Urs Graf (1950) and Faksimile-verlag luzern (1990).edit
  • Maria Cristina Correia Leandro Pereiraedit
Fac-símiles de manuscritos medievais são ferramentas importantes por servirem de paliativo ao acesso de pesquisadores que se encontram distantes de seu material original de trabalho. Ainda assim, fac-símiles de luxo possuem um acesso... more
Fac-símiles de manuscritos medievais são ferramentas importantes por servirem de paliativo ao acesso de pesquisadores que se encontram distantes de seu material original de trabalho. Ainda assim, fac-símiles de luxo possuem um acesso igualmente restrito, por seu alto custo. Porém, apesar do valor, diversas notas a respeito da produção e lançamento dos fac-símiles do Livro de Kells, mencionam que a realização destes projetos não apenas facilita e amplia o acesso do público aos manuscritos, mas também colabora para salvaguardar os originais.
São representativos desta situação três fac-símiles de um dos mais conhecidos manuscritos medievais, o Livro de Kells (Irlanda, século IX), que analiso em minha pesquisa de Mestrado. Na presente comunicação, entretanto, proponho o estudo de apenas um deles, o fac-símile parcial lançado pela editora londrina Thames & Hudson em 1974, com edição e comentários da historiadora da arte francesa Françoise Henry. Apesar de não conter a totalidade dos fólios do manuscrito original, este fac-simile teve uma tiragem muito maior do que os fac-símiles de luxo da Faksimile Verlag em 1990, ou da Urs Graf em 1950, bem como um preço muito mais acessível ao público. Nosso objetivo é analisar a distribuição deste fac-símile e sua relação com os conceitos de diáspora e  nacionalismo irlandeses.
  Os dados foram obtidos através da plataforma WorldCatalog, que  permite a busca de obras de acordo com a localização do usuário. Obtivemos mais de mil exemplares indexados em diversos países e fizemos a visualização destes dados através de gráficos de mapas, que permitem observar a distribuição e hierarquia numérica das entradas de exemplares de acordo com os países. Apesar da evidente disparidade entre os registros indexados, com clara maioria de instituições dos Estados Unidos, ressaltamos a presença de países fora do eixo América do Norte – Europa Ocidental, tais como Líbano, Vietnã, México, Filipinas e África do Sul.
No caso dos fac-símiles e do fac-símile parcial da Thames & Hudson, tais obras editoriais estão integradas em circuitos institucionais que promovem seu lançamento, sua circulação e acesso, valendo-se de estratégias de difusão, sejam elas educativas ou publicitárias, entre outras. Para cada instituição, pública ou privada, serão estabelecidos nichos de público, recortes etários, de classe etc., a serem alcançados por formas discursivas distintas em torno de um mesmo objeto, no caso, o Livro de Kells.
A forma e a recepção do manuscrito original possuem, portanto, uma relação assimétrica com a forma e recepção dos fac-símiles, indicada pelo fator de acesso e maneabilidade que diferencia o manuscrito de suas cópias, tanto das edições de luxo quanto do fac-símile parcial. Mesmo sem constituir-se de fato como o que se convencionou chamar de fac-símile, o formato editorial acessível do fac-símile de 1974 pressupõe uma relação de apreço com um conteúdo representativo do artefato original, impactando na circulação e na distribuição do volume entre países, escolas e bibliotecas, e mesmo facilitando a revenda no mercado de usados, à medida que edições luxuosas de alta definição eram lançadas e ocupavam o espaço do fac-símile parcial.
In 2018, the Book of Kells (TCD MS58) exhibition at Trinity College Dublin reached, for the first time, the mark of one million visitors in a single year. Regarded as one of the most famous medieval manuscripts in the world, the Book... more
In 2018, the Book of Kells (TCD MS58) exhibition at Trinity College Dublin reached, for the first time, the mark of one million visitors in a single year. Regarded as one of the most famous medieval manuscripts in the world, the Book (containing the 4 gospels, canon tables and parochial charts) is a testimonial on how medieval images and medieval imagery are as relevant as ever. This informative paper briefly discusses the reception of the Book of Kells as expressed by two works produced on the last 50 years, an edition that we will call a partial facsimile, published by Thames&Hudson in 1974, and an animated movie – Brendan and The Secret of Kells, produced by studios from Ireland, Belgium and France, released in 2009 and nominated for Best Animated Feature at the 82nd Academy Awards.
We choose to present works of distinct supports as an example of the several medias that are produced from a single artifact, in the context of technical reproduction from mid XX to early XXIst century. This framework presented an opportunity to intertwine theoretical resources from fields such as history, media, and cultural studies, hence reinforcing the relevance of an interdisciplinary approach within the subject of medieval manuscripts and medieval images.
Further discussion on the features of each work will be conducted, as well as brief remarks on the myriad of reproductions of Book of Kells folios and narratives, as examples of dissemination and reach of the medieval imagery in the digital age.
A produção de fac-símiles teve um salto em meados do século XX, a partir de técnicas mais elaboradas de fotografia, captura e impressão de imagens. Especificamente, fac-símiles de manuscritos medievais têm sido de grande valia para o... more
A produção de fac-símiles teve um salto em meados do século XX, a partir de técnicas mais elaboradas de fotografia, captura e impressão de imagens. Especificamente, fac-símiles de manuscritos medievais têm sido de grande valia para o ensino e pesquisa, bem como democratizar o acesso a estes documentos . Muito se discute, porém, sobre o que constitui um fac-símile, seja em sua fidelidade de conteúdo ou seu suporte. Esta comunicação apresenta alguns aspectos do que chamamos de fac-símile parcial, publicado em 1974 pela editora Thames & Hudson, com reproduções de diversos fólios do evangelho conservado na biblioteca da Universidade de Dublin TCD-MS 58, conhecido como Livro de Kells. O manuscrito original possui ao todo 340 fólios. A edição, por sua vez, organiza-se em 126 lâminas nas dimensões dos fólios. Destas, 100 são agrupadas de acordo com sua ordem no manuscrito: prefaciais (18); Evangelho de Mateus (30); Evangelho de Marcos (10); Evangelho de Lucas (31+1 lâmina em branco para manter a sequência recto/verso); Evangelho de João (10); as demais 26 lâminas do fac-símile são compostas de recortes ampliados de diversos fólios do MS58, incluindo recortes de fólios que não constam na edição de1974. A maior parte do texto dos Evangelhos não foi reproduzida, bem como dois fólios com texto em irlandês arcaico, posterior à produção dos Evangelhos. Além da ampliação dos detalhes, alguns recortes sofreram uma rotação de 90º. Nossa hipótese é a de que o objetivo teria sido facilitar a visualização com os outros detalhes e aproveitar o espaço da lâmina, pois diversos recortes de um mesmo fólio aparecem em lâminas diferentes, deslocados do contexto do fólio original. A edição de 1974 reproduz a prática comum de descontextualizar a imagem através do recorte , gerando, invariavelmente, um novo repertório e um novo tecido visual que se descola do manuscrito original. Porém, diferente dos recortes com iniciais emolduradas e suspensas de contexto, este descolamento ocorre dentro do repertório do manuscrito, organizado como uma reprodução parcial, , permitindo um retorno a uma certa unidade de sentido e gerando um objeto cuja função pressupõe não uma liturgia divina, mas uma devoção à complexidade da forma, conforme observado na escolha de reprodução parcial do documento e no texto do posfácio, dedicado inteiramente a questões estilísticas e iconográficas.
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