Sociedade Brasileira de Automática (SBA)
IX Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos - SBSE 2022, 10 a 13 de julho de 2022
Avaliação do Desempenho da Proteção de
Distância Utilizando o Barramento de Processos
Paulo Henrique Pinheiro ∗ Bruno W. França ∗ Yona Lopes ∗
∗
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de
Telecomunicações, Universidade Federal Fluminense, RJ, (e-mail:
paulopinheiro, bwfranca, yonalopes@id.uff.br).
Abstract: The presence of telecommunications and intelligent devices is increasing in electrical
systems. With the IEC 61850 standard, the topology of electrical substations is being modified to
the known digital substations. These substations are divided into process, bay, and station levels.
With this new topology, there is a need for detailed studies about the behavior of protection,
control, and supervising functions to analyze if these functions will not lose performance.
Protection functions impose significant challenges with the implementation of the process bus.
Important evaluation points are the correct operation of these functions, acting time and fault
clearing times, and behavior during process bus contingencies. This paper analyzes the dynamic
performance of distance protection using the process bus. The main evaluated points are its
acting time, fault clearing times, and performance during process bus contingencies. The results
show that the use of the process bus presents an error of 1,96 % compared to the conventional
topology in the fault clearing time. In the cases considering concurrent traffic in the process
bus, the maximum error is 2,38 %, thus concluding that the process bus does not significantly
influence the protection performance.
Resumo: A presença das telecomunicações e de dispositivos inteligentes vem se tornando cada
vez maior dentro dos sistemas elétricos. Com o surgimento da norma IEC 61850, a topologia
das subestações elétricas vem sendo modificada para as conhecidas subestações digitais. Essas
subestações são divididas em três nı́veis: nı́vel de processo, de vão e de estação. Com essa nova
topologia, são necessários estudos detalhados sobre o comportamento de funções de proteção,
controle e supervisão para analisar se o desempenho dessas funções não será degradado. As
funções de proteção impõem um desafio grande com a implementação do barramento de
processos. Pontos necessários de avaliação incluem a correta atuação das funções de proteção,
tempo de atuação e de eliminação dos defeitos, comportamento durante contingências na rede
de comunicação, entre outros. Esse artigo faz uma análise do desempenho dinâmico da função
de proteção de distância utilizando o barramento de processos. Os principais pontos avaliados
são: tempo de atuação da proteção, tempo de eliminação do defeito e análise do desempenho
da proteção sobre contingências no barramento de processos. Os resultados mostram que a
utilização do barramento de processos apresenta um erro de 1,96 % em relação a topologia
convencional no tempo de eliminação de falta. Nos casos considerando tráfego concorrente no
barramento de processos, o erro máximo encontrado foi de 2,38 %, assim conclui-se que o
barramento de processos não influencia significativamente o desempenho da proteção.
Keywords: Electrical systems; digital substations; distance protection; IEC 61850; process bus.
Palavras-chaves: Barramento de processos; IEC 61850; proteção de distância; sistemas
elétricos; subestações digitais.
1. INTRODUÇÃO
Os sistemas elétricos estão em constante evolução. Com a
atual transição de um cenário tradicional para um cenário
de redes inteligentes, uma das principais evoluções é o
uso das telecomunicações nos sistemas de energia elétrica.
Uma aplicação que vem se destacado é a digitalização
das subestações. Desde o surgimento da norma IEC 61850
International Electrotechnical Commission (2003a), a implementação de protocolos de comunicação para determi⋆ Os autores agradem à CAPES pelo suporte financeiro para o
desenvolvimento deste trabalho.
ISSN: 2177-6164
nadas tarefas vem sendo considerada em novos projetos e
também em processos de retrofit de subestações. Os protocolos que são previstos por essa norma são: Manufacturing
Message Specification (MMS), Generic Object Oriented
Substation Event (GOOSE) e Sampled Values (SV). O
MMS é proposto pela ISO 9506 ISO / TC 184 / SC 5
(2003a,b), e a norma IEC 61850 mapeia os seus serviços
para aplicações de controle e supervisão. O GOOSE é previsto na parte 8-1 da norma International Electrotechnical
Commission (2004a) e é utilizado para troca de informações binárias entre Intelligent Electronic Devices (IEDs).
O SV é previsto na parte 9-2 da norma International
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Electrotechnical Commission (2004b) e é utilizado para o
envio de sinais analógicos amostrados para dispositivos de
proteção e medição.
em condições ideais e em condições de contingências. Como
um fator comparativo, também é análisado o desempenho
da proteção em uma topologia convencional de subestação.
As subestações são divididas em três nı́veis funcionais:
processo, vão e estação. Esquemas de proteção em subestações convencionais possuem a comunicação entre o nı́vel
de processo e de vão através de cabos elétricos, onde são
transmitidos sinais de tensão e corrente de forma analógica
e também sinais binários através de nı́vel de tensão em
Corrente Contı́nua (CC). A comunicação entre dispositivos
no nı́vel de vão e entre dispositivos dos nı́veis de vão e de
estação ocorriam no barramento de estação, porém com
soluções especı́ficas de fabricantes.
O artigo é estruturado da seguinte forma: a Seção 2 traz
uma revisão de literatura sobre a utilização do barramento
de processos em aplicações de proteção de sistemas elétricos. A Seção 3 descreve a estrutura do barramento de
processos e dos protocolos de comunicação utilizados nele.
A Seção 4 apresenta o cenário de estudo e as contribuições
desse trabalho. A Seção 5 apresenta os testes e os seus
resultados. Por fim, a Seção 6 traz as conclusões do estudo.
Com o surgimento da norma IEC 61850, está ocorrendo
uma migração de soluções de comunicação em subestações
dependentes de fabricantes para soluções padronizadas de
acordo com uma norma internacional, Hossenlopp et al.
(2008). A estrutura de redes das subestações digitais
se dividem nos barramentos de processo e de estação.
O barramento de processo realiza a comunicação entre
dispositivos localizados nos nı́veis de processo e de vão,
Kanabar et al. (2011). O barramento de estação realiza a
comunicação horizontal entre dispositivos no nı́vel de vão
e a comunicação vertical entre dispositivos dos nı́veis de
vão e de estação, Yang et al. (2011).
O funcionamento das funções de proteção deve ser avaliado
cautelosamente para evitar atuações incorretas, desligamentos indevidos e blecautes generalizados. Esses incidentes acarretam em inestimáveis prejuı́zos financeiros. A
implementação do barramento de processos apresenta uma
grande mudança de paradigma no setor elétrico. Assim,
antes da implementação efetiva dessa tecnologia, estudos
aprofundados devem ser executados.
Estudos presentes na literatura analisam o desempenho
da utilização do barramento de processo para esquemas de
proteção de sistemas elétricos e avaliam os requisitos para o
correto funcionamento de cada esquema de proteção, Yang
et al. (2011); Kanabar et al. (2011); Soares et al. (2021);
Leite et al. (2020); Pereira et al. (2021). Isso implica no estudo do protocolo SV para entender o seu comportamento
para diferentes esquemas de proteção, analisar impactos da
sua utilização, e também para investigar outras possı́veis
aplicações desse protocolo de comunicação.
Estudos especı́ficos sobre o desempenho da função de
proteção de distância utilizando o barramento de processos
ainda carecem de alguns detalhes importantes. Pontos
em aberto incluem a análise do efeito de contigências no
barramento de processos no desempenho dessa função de
proteção e a análise do comportamento dos protocolos de
comunicação do barramento de processo com configurações
padrões (e.g., sem tag de prioridade e sem configuração
de Virtual Local Area Network s (VLANs)). Além disso,
poucos artigos fazem estudos considerando o desempenho
dinâmico dessa função de proteção Ali et al. (2013);
Kanabar et al. (2011).
Este artigo analisa o desempenho da função de proteção
de distância utilizando o barramento de processos. O
desempenho é avaliado em um cenário de uma linha
de transmissão real do sistema elétrico brasileiro. Os
cenários estudados envolvem o barramento de processos
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2. REVISÃO DE LITERATURA
A implementação do barramento de estação seguindo as
orientações da norma IEC 61850 é bem consolidado. Pesquisas recentes vêm avaliando a implementação do barramento de processos para aplicações de proteção e controle.
Pontos importantes de avaliação em aplicações de proteção
incluem: medição de latência, corrento funcionamento da
função de proteção, efeitos de tráfegos concorrentes, efeitos
das perdas de pacotes na atuação da proteção.
2.1 Funções de proteção estudadas
Diversas funções de proteção vêm sendo investigadas para
implementação com barramento de processos. Em Yang
et al. (2011) duas funções de proteção, i.e. diferencial de
linha (87L) e de distância (21), são avaliadas. O desempenho da operação dessas funções de proteção foi avaliado
em termos de segurança, dependabilidade e velocidade
de operação. O referido artigo analisa o desempenho da
proteção de distância em quatro cenários:
(1)
(2)
(3)
(4)
Entradas
Entradas
Entradas
Entradas
analógicas e trip binário;
analógicas e trip via GOOSE;
via SV e trip binário;
via SV e trip via GOOSE.
Através de uma análise estatı́stica foram obtidos os tempos
de operação médio e os desvios padrões para as funções
avaliadas. Os resultados provaram que o uso do barramento de processos não reduz o desempenho das funções
de proteção em comparação com esquemas convencionais.
Pontos não avaliados incluem a análise dinâmica da proteção, tendo sido realizados apenas testes estáticos. Além
disso, não foi avaliado o efeito de tráfego concorrente na
atuação das funções de proteção.
Em Jesus and Varghese (2017) foi avaliado um esquema
hı́brido de proteção diferencial de linha. Esse esquema
hı́brido consiste da implementação de uma topologia convencional em um terminal da linha de transmissão, e no
outro terminal é feito a implementação do barramento
de processos. Um diferencial desse trabalho é que o barramento de processos é avaliado em condições de baixo
carregamento e com carregamento normal da rede. No
caso do carregamento normal, a largura de banda utilizada
corresponde a metade da capacidade da rede. Em ambos
cenários, foi provada a viabilidade técnica da utilização do
esquema hı́brido e da implementação do barramento de
processos.
Os autores em Crossley et al. (2011) analisam um esquema
de proteção de linha de transmissão utilizando a função de
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proteção de distância. Os resultados são comparados para
os dois terminais da linha de transmissão. Um terminal
utiliza a topolgia convencional de uma subestação, e o
outro terminal utiliza o barramento de processos. Os
resultados provam a viabilidade técnica da implementação
do barramento de processos para esse esquema. Os tempos
de operação são similares entre ambos os cenários. Apesar
dos benefı́cios destacados nesse trabalho, resultados mais
detalhados seriam possı́veis através de testes dinâmicos e
com a avaliação do efeito de tráfego concorrente na atuação
da proteção.
Em Ingram et al. (2014), testes com um simulador digital
em tempo real avaliam um esquema de proteção diferencial
de transformador utilizando o barramento de processos.
Nesse artigo foram avaliados o efeito de erros de sincronização temporal e tráfego concorrente no desempenho da
proteção. Os resultados apresentados provam que o IED
de proteção em análise operou corretamente até mesmo
para casos extremos de tráfego de rede atingindo 100%
da sua capacidade. Os erros de sincronização além do
permitido pela norma IEC 61850 não afetaram de forma
significativa o desempenho da proteção. Isso prova que os
IEDs podem atingir desempenhos requeridos mesmo em
condições extremas.
Dois trabalhos que investigam o desempenho da proteção
de distância simulando perdas de pacotes SV no barramento de processo são Kanabar et al. (2011) e Ali et al.
(2013). Os resultados em ambos os trabalhos demonstram
que a perda de pacotes SV impactam a atuação da proteção, gerando atrasos na atuação da mesma. Entretanto,
o primeiro trabalho realiza testes com dispositivos emulados e não apresenta muitos detalhes sobre sincronização
temporal e configuração da rede. O foco principal é o
desenvolvimento de uma medida corretiva para estimar os
valores dos sinais de tensão e corrente em caso de perdas
dos pacotes. O segundo trabalho (i.e., Ali et al. (2013))
realiza essa análise através de simulações usando o software
MATLAB. Sendo assim, é possı́vel notar a carência por testes utilizando dispositivos comerciais de proteção, relógios
de rede e dispositivos de testes para validar efetivamente
esses impactos de perdas de pacotes e a probabilidade de
ocorrência desse evento.
Uma metodologia adequada para avaliar o desempenho de
funções de proteção é através de testes dinâmicos envolvendo a interação dos dispositivos de proteção. Esses testes
podem ser realizados através de simuladores digital em
tempo real ou mala de testes, onde é possı́vel a realização
de testes em malha fechada. Os autores em Pereira et al.
(2021) avaliam uma comparação do desempenho dinâmico
da função de proteção diferencial de linha (87L) com testes
em malha fechada com uma mala de testes de um fabricante brasileiro. Os testes comparam o desempenho entre a
topologia convencional de uma subestação com a utilização
do barramento de processos. Os resultados apresentados
validam a utilização dos testes em malha fechada para
avaliação do desempenho de funções de proteção. Além
disso, a comparação entre os dois casos avaliados não
apresentou diferenças significativas, provando que o barramento de processos pode ser implementado sem degradar
o desempenho da função 87L.
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Através dessa revisão de literatura é possı́vel perceber
que em alguns trabalhos (e.g., Jesus and Varghese (2017);
Ingram et al. (2014)) a validação das funções de proteção
são feitas considerando o barramento de processos em
situações ideais, e com determinados carregamentos de
redes. Entretanto, os únicos trabalhos que avaliam os
efeitos de perdas de pacotes SV no desempenho da atuação
da proteção de distância utilizam dispositivos emulados ou
fazem sua análise em softwares de simulação. Isso prova a
carência de um trabalho que faça a análise do desempenho
dessa função de proteção com dispositivos comerciais.Além
disso, a utilização de testes dinâmicos em malha fehcada
permite uma avaliação mais detalhada da atuação da
função de proteção.
3. O BARRAMENTO DE PROCESSOS
O barramento de processos é a interface de comunicação
entre dispostivos localizados no nı́vel de processo (e.g.,
transformadores de instrumento, disjuntores, seccionadoras) e os dispositivos localizados no nı́vel de vão (e.g., IEDs
de proteção, IEDs de medição, dispositivos de controle,
etc.). A Figura 1 mostra a topologia da subestação digital.
Figura 1. Topologia de uma subestação digital.
Como é possı́vel ver na Figura 1, o barramento de estação
interconecta os dispositivos do nı́vel de vão e os dispositivos no nı́vel de estação. As principais informações que
trafegam nesse barramento envolvem medições, intertravamentos e operação Yang et al. (2011).
De acordo com a norma IEC 61850-5 International Electrotechnical Commission (2003c), o barramento de processos
possui duas interfaces lógicas, interfaces 4 e 5, que servem
para comunicação entre os dispositivos do nı́vel de processo
e de vão. A interface 4 é utilizada para troca de informações instantâneas entre os transformadores de instrumento
e o nı́vel de vão. A interface 5 é utilizada para troca de
dados de controle entre o nı́veis de processo e de vão. Os
protocolos de comunicação utilizados no barramento de
processos são:
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• GOOSE: Utilizado para troca de informações de comando e controle;
• SV: Envio de amostras digitalizadas de tensão e
corrente para o nı́vel de vão;
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3.1 GOOSE - Generic Object Oriented Substation Event
O protocolo GOOSE é desenvolvido para o envio de
mensagens de comando e controle entre dispositivos no
nı́vel de vão e entre dispositivos do nı́vel de processo
e de vão através de uma rede ethernet. Esse protocolo
utiliza do modelo publicador/assinante para envio dos
frames ethernet. Esses frames trafegam na camada de
enlace do modelo Open Systems Interconnection (OSI) e
são enviados utilizando um endereço Media Access Control
(MAC) multicast Soares et al. (2021).
A estrutura do protocolo possui um campo ethertype
para identificação do tipo do protocolo (i.e, 0x88B8 em
hexadecimal para protocolo GOOSE). A IEC 61850 ainda
define uma faixa de endereços multicast entre 01-0CCD-01-00-00 e 01-0C-CD-01-01-FF. Os primeiros quatro
octetos são fixos, e os dois últimos são utilizados para
identificar os grupos multicast.
Os frames ethernet são enviados periodicamente em curtos
perı́odos de tempo e possuem um mecanismo de retransmissão das mensagens para garantir a efetiva entrega da
mensagem do IED publicador para o IED ou grupo de
IEDs assinante International Electrotechnical Commission
(2004a). O mecanismo de retransmissão, mostrado na Figura 2, reenvia a mesma informação aumentando gradualmente o campo SqNum e o tempo de retransmissão até
que um novo evento ocorra ou o limite de retransmissão
seja atingido. O IED calcula os intervalos de tempo da
retransmissão das mensagens de acordo com uma equação
definida pelo fabricante. Na ocorrência de algum evento o
tempo de retransmissão vai para o seu valor mı́nimo, e esse
valor é aumentado gradualmente no tempo.
Figura 2. Mecanismo de retransmissão das mensagens
GOOSE, modificado de International Electrotechnical
Commission (2004a).
também é feita através da camada de enlace do modelo
OSI. As mensagens SV trafegam de forma unidirecional, ou
seja, do dispositivo que está gerando as mensagens para o
dispositivo que está recebendo as mensagens. Uma desvantagem é que esse protocolo não possui mecanismo contra
falhas na rede de comunicação. Ou seja, na ocorrência de
algum erro, a mensagem não será recebida pelo dispositivo
que a está assinando.
Esse protocolo especifica diferentes taxas de envio de pacotes a depender da aplicação em que esse será utilizado.
As possı́veis aplicações envolvem proteção e medição. Cada
frame ethernet contém quatro amostras de tensão e quatro
amostras de corrente. Essas quatro amostras consistem nos
sinais das três fases do sistema elétrico mais o sinal do neutro. Em aplicações de proteção, cada amostra deve chegar
rapidamente ao seu destino. A taxa de envio dos frames
SV para aplicações de proteção é de 80 amostras/ciclo. Em
aplicações de medição, esse requisito temporal é menos crı́tico em relação as aplicações de proteção. A taxa de envio
consiste de 256 amostras por ciclo, sendo essas amostras
agrupadas em 8 conjuntos e enviadas a uma taxa de 32
mensagens por ciclo Soares et al. (2021).
As mensagens SV precisam ser configuradas através de endereços de destino multicast/unicast, e um único endereço
de origem deve ser utilizado International Electrotechnical
Commission (IEC) (2011). A faixa de endereços multicast
recomendada varia de 01-0C-CD-04-00-00 até 01-0C-CD01-FF. O ethertype para as mensagens SV é 0x88BA,
opcionalmente esse valor pode ser 0x8100 para definição
de VLANs. Através das tags de VLAN também é possı́vel
definir tags de prioridade. As tags de VLANs são de acordo
com o padrão IEEE 802.1Q Institute of Electrical and
Electronic Engineers (2014) e são utilizadas para separar
tráfegos de alta prioridade e tempo crı́tico dos tráfegos
de baixa prioridade. A tag de VLAN é opcional, caso seja
utilizado é necessário configurar o campo VLAN Identifier
(VID). Se não for utilizado, o valor padrão do VID é zero.
O campo Application Identifier (APPID) é utilizado para
selecionar frames contendo mensagens SV e distinguir a
associação da aplicação. A faixa de valores reservadas para
o APPID varia de 0x4000 até 0x7FFF. O valor padrão é
0x4000.
3.2 SV - Sampled Values
3.3 Sincronismo Temporal
O protocolo SV, previsto em International Electrotechnical Commission (2004b); International Electrotechnical
Commission (IEC) (2011), envia amostras digitalizadas
de tensão e corrente dos transformadores de instrumento
para os IEDs. A comunicação com esse protocolo ocorre
de forma unilateral e pode ser feita de duas formas. A
primeira é utilizando as Merging Units (MUs), que funcionam como conversores de sinais analógicos para sinais
digitais e formatam as mensagens seguindo as orientações
da norma. A segunda maneira é com os transformadores
de instrumento não convencionais (e.g, transformadores de
instrumento ópticos) que já enviam os sinais digitalizados
para os IEDs.
O guia de implementação para interface digital para transformadores de instrumento, conhecida como IEC 618509-2 Ligh Edition (LE) UCA International Users Group
(2004), especifica que a sincronização temporal deve ser
através de um sinal de 1 pulso por segundo e a fonte de
sincronização temporal deve ter uma precisão de ± 1 µs.
As amostras de uma MU devem possuir estampa de tempo
com uma precisão de classe 4 seguindo a norma IEC 618505 International Electrotechnical Commission (2003c) (i.e.,
± 4 µs).
Esse protocolo possui restrições temporais crı́ticas para
geração e envio das mensagens. Assim, a comunicação
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Para atingir esses requisitos, o protocolo Precision Time
Protocol (PTP)v2, previsto na norma IEEE 1588 Institute
of Electrical and Electronics Engineers (2019), fornece a
melhor precisão, com erros temporais menores que 100 ns
Ingram et al. (2012).
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A norma IEC 61850-1 International Electrotechnical Commission (2003b) define dois tipos de mensagem de sincronização temporal através da rede ethernet: tipo 6a
e 6b, referente a sincronização temporal no barramento
de estação e barramento de processos, respectivamente.
Porém não é clara sobre onde deve ser implementada o
tráfego de comunicação dessas mensagens. IEDs comerciais (e.g., SEL 421-7 Schweitzer Engineering Laboratories
Inc. (2018)) implementam a sincronização temporal com o
protocolo PTP através do barramento de estação. Após a
descrição do barramento de processos e dos protocolos de
comunicação utilizados, a Seção 4 descrevem o cenário de
estudo.
(a)
4. CENÁRIO DE ESTUDO
Conforme visto em algumas literaturas, a maioria dos
testes realizados se baseiam em testes estáticos. O estudo
feito nesse artigo considera o modelo de uma linha de
transmissão do sistema elétrico brasileiro. Esse sistema
é mostrado na Figura 3. Ele foi modelado no software
RelaySimTest OMICRON electronics GmbH (2020) para
permitir o uso do recurso Iterative Closed-Loop (teste
em malha fechada), permitindo uma análise criteriosa da
correta atuação da proteção e do tempo de eliminação de
falta.
(b)
Figura 3. Cenário Base para Estudo.
Para avaliar o desempenho da proteção de distância e
ter um fator de comparação para um caso ideal, serão
avaliados três casos distintos, detalhados a seguir:
(1) Caso 1 (referência): Sinais de tensão e corrente analógicos e sinal de trip binário;
(2) Caso 2: Sinais de tensão e corrente analógicos e trip
via GOOSE;
(3) Caso 3: Sinais de tensão e corrente via SV e trip via
GOOSE.
Os três casos são mostrados na Figura 4. O caso 1 é o
caso de referência, com a topologia convencial de uma
subestação. O caso 2 compara o desempenho da atuação da
proteção com o protocolo GOOSE para envio do sinal de
trip do disjuntor. Por fim, o caso 3 analisa o desempenho
de uma subestação digital. Após a avaliação dos casos
ideais, o caso 3 é avaliado isoladamente considerando
tráfego concorrente no barramento de processos. O intuito
é avaliar possı́veis impactos desses tráfegos na atuação da
proteção de distância.
Um ponto importante a se ressaltar é que será avaliado a
eliminação da falta em apenas de um terminal da linha de
transmissão. Sendo assim, não será considerado nenhum
esquema de teleproteção nesses testes. Portanto apenas
faltas em zona 1 da proteção de distância serão simuladas.
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(c)
Figura 4. (a) Cenário convencional; (b) Cenário com trip
via GOOSE; (c) Cenário com implementação completa do barramento de processos.
Os equipamentos utilizados, conforme mostrados na Figura 4, serão: uma mala de testes Omicron CMC 356,
um IED de proteção SEL 421-7, um relógio de rede SEL
2488 para sincronismo temporal, e dois switches TP-Link
TL-SG108E Gigabit Ethernet para comunicação entre os
dispositivos. Um dos switches será utilizado para fazer as
comunicações no nı́vel de barramento de estação e o segundo switch será utilizado para permitir as comunicações
a nı́vel de barramento de processos.
A geração de tráfego concorrente será feita utilizando
o software Iperf, onde dois computadores se comunicam
entre si no barramento de processos utilizando o protocolo
User Datagram Protocol (UDP). Através desse protocolo
de comunicação, é possı́vel garantir uma taxa de envio
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Tabela 3. Nós lógicos utilizados nos testes.
constantes de pacotes na rede de comunicação. Um dos
computadores se comportou como cliente e o outro como
servidor. A topologia dos testes considerando tráfego concorrente é mostrada na Figura 5.
Função
Trip de disjuntor
Estado do disjuntor
Corrente fase A
Corrente fase B
Corrente fase C
Tensão fase A
Tensão fase B
Tensão fase C
Nó Lógico
SEL 421 1/CFG/LLN0/GPub01.PRO.TRIPPTCRC1.Tr.general
CMC356/CFG/LLN0/CBRK.PRO.BK1AXCBR1.Pos.stVal
CMC356/CFG/LLN0/MSVCB01.MU01.IAWTCTR1.Amp.instMag.i
CMC356/CFG/LLN0/MSVCB01.MU01.IBWTCTR2.Amp.instMag.i
CMC356/CFG/LLN0/MSVCB01.MU01.ICWTCTR2.Amp.instMag.i
CMC356/CFG/LLN0.MSVCB01.MU01.VAYTVTR1.Vol.instMag.i
CMC356/CFG/LLN0.MSVCB01.MU01.VBYTVTR2.Vol.instMag.i
CMC356/CFG/LLN0.MSVCB01.MU01.VCYTVTR3.Vol.instMag.i
de trip é transmitido do IED SEL 421-7 para a mala de
testes. O nó lógico de estado de disjuntor é transmitido
da mala de testes para o IED SEL 421-7 para indicar a
abertura desse equipamento para o IED de proteção. Os
nós lógicos referentes as mensagens SV são transmitidos
da mala de testes para o IED SEL 421-7. Após a descrição
dos cenários de testes, a Seção 5 apresenta os resultados.
5. TESTES E RESULTADOS
Todos os resultados apresentados nessa seção são referentes ao terminal A do sistema elétrico estudado.
5.1 Comparação entre casos avaliados
Figura 5. Cenário de testes com tráfego concorrente no
barramento de processos.
4.1 Dados do Sistema Elétrico
O sistema elétrico foi modelado a partir de informações
reais do sistema elétrico brasileiro. Essas informações foram extraı́das da base de dados do Operador Nacional do
Sistema (ONS) e a Tabela 1 apresenta essas informações.
Os dados de ajuste das fontes de tensão são fornecidos na
Tabela 2.
Tabela 1. Dados do sistema elétrico equivalente
Dados
Linha de transmissão
Linha de transferência
Reator de linha terminal A
Reator de linha terminal B
Reator de barra terminal A
Reator de barra terminal B
Fonte de tensão A
Fonte de tensão B
R1 (Ω)
5,8604
12,295
2,0126
2,0635
X1 (Ω)
86,264
109,69
1250
1666,7
2500
1666,8
18,181
33,168
B1 (mS)
1,9725
-
R0 (Ω)
140,01
7,0072
12,141
4,4118
X0 (Ω)
498,01
9,5849
1250
1666,7
2500
1666,8
60,401
35,995
Os primeiros resultados apresentados são referentes ao
tempo de eliminação de falta comparando os cenários 1,
2 e 3 mostrados na Figura 4, sem considerar contingências
no barramento de processos e levando em conta o tempo
de abertura do disjuntor. Para avaliar os tempos de eliminação do curto-circuito, as simulações foram repetidas
100 vezes para cada caso considerado. Os resultados são
avaliados em termos dos tempos médio de eliminação de
falta e um intervalo de confiança de 95% para cada caso.
Assim é possı́vel obter uma faixa de valores plausı́veis
dos tempos de eliminação do curto-circuito. Todos esses
resultados são mostrados na Figura 6.
B0 (mS)
1,139
-
Tabela 2. Ajuste das tensões das fontes equivalentes
Barra
Fonte A
Fonte B
Tensão (kV)
545
550
Ângulo (º)
19
41
Figura 6. Comparação entre os três casos estudados sem
contingências no barramento de processos.
4.2 Configurações IEC 61850
O cenário de teste com trip via mensagens GOOSE e o
cenário de subestação digital demandam a utilização de
nós lógicos especı́ficos de acordo com a norma IEC 61850.
A Tabela 3 demonstra os nós lógicos utilizados e a função
de cada um.
O funcionamento da estrutura de comunicação utilizando
os nós lógicos da Tabela 3 é da seguinte forma: a mala de
testes está representando o sistema elétrico, logo o sinal
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Para complementar a análise dos resultados, a Figura 7
mostra dois registros de oscilografias para efeito de comparação de um cenário convencional e um cenário utilizando
o barramento de processos. Analisando as Figuras 6 e 7, é
possı́vel perceber que o tempo de eliminação de falta não
sofre grandes impactos ao utilizar o barramento de processos. O cenário com o menor tempo médio de eliminação de
falta foi o cenário 2, com um erro de 3,21 % em relação
ao caso 1. O cenário 3 que é o cenário a ser considerado
para implementações futuras é o cenário com maior tempo
médio de eliminação de falta, com um erro de 1,96 % em
relação ao cenário de referência. Apesar dessa diferença, o
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caso 3 é totalmente possı́vel de ser implementado considerando condições ideais do barramento de processos.
(a) Sinais analógicos e trip binário.
o caso 1 da Seção 5.1 foi de 2,38 %, ou seja, mesmo em
situações de sobrecarga total da rede de comunicação,
o tempo de eliminação do curto-circuito não é afetado
significativamente. Através do cálculo do intervalo de
confiança é possı́vel perceber que esse tempo também não
sofre grandes variações.
Para dar mais suporte aos resultados apresentados, a
Figura 9 apresenta a variação da impedância do loop de
falta responsável pela eliminação da falta fase-terra que
foi considerada para essa análise considerando os cenários
ideal e com carregamento total da rede de comunicação.
(b) Sampled values e trip via GOOSE.
Figura 7. Comparação entre cenário convencional e cenário
de subestação digital.
Após a apresentação dos resultados comparando os 3 casos
estudados, os próximos resultados são em relação ao efeito
do tráfego concorrente no barramento de processos.
5.2 Análise do efeito de tráfego concorrente no barramento
de processos
O tráfego concorrente foi implementado com a utilização
do protocolo UDP entre dois computadores conectados
através do barramento de processos. A capacidade máxima
de tráfego de comunicação da rede em questão é de 100
Mbits/s. O tráfego UDP foi aumentado gradativamente de
10 em 10 Mbits/s. Para cada intervalo analisado os testes
de proteção foram repetidos 100 vezes. Como resultado
dessa análise, também foram calculados o valor médio do
tempo de eliminação do curto-circuito e o intervalo de confiança de 95% para cada cenário com tráfego concorrente
analisado. Os resultados são apresentados na Figura 8.
Figura 8. Análise do efeito de tráfego concorrente no
barramento de processos.
Através dos resultados apresentados na Figura 8, o erro
máximo do tempo de eliminação de falta comparado com
ISSN: 2177-6164
Figura 9. Comparação da variação da impedância com
cenário ideal e com carregamento da rede de comunicação.
Com os resultados apresentados verifica-se que a função de
proteção de distância utilizando barramento de processos
funciona corretamente mesmo em situações extremas de
contigências da rede de comunicação. Após a apresentação
dos resultados, a Seção 6 apresenta as conclusões do
trabalho.
6. CONCLUSÃO
Este trabalho descreveu o funcionamento de esquemas de
proteção em subestações convencionais e abordou a migração para o cenário das subestações digitais implementando
o barramento de processos e o barramento de estação com
protocolos de comunicação padronizados pela IEC 61850.
Foi apresentada uma avaliação sobre o desempenho dinâmico da proteção de distância comparando o tempo
de eliminação de curto circuito em uma linha de transmissão modelada no software RelaySimTest considerando
três diferentes cenários, desde uma topologia convencional
de subestação até a topologia de uma subestação digital.
Através dos testes realizados foi verificado a viabilidade da
implementação do barramento de processos. Uma análise
posterior avalia o impacto de tráfegos concorrentes no
barramento de processos na atuação da função de proteção
de distância. Foi verificado que mesmo em situações de
carregamento total da rede de comunicação, o tempo de
eliminação da falta não é afetado significativamente.
Dois trabalhos apresentados na Seção 2 avaliam impactos
da perdas de pacotes SV na atuação da proteção de distância. Entretanto, os testes com equipamentos comerciais
apresentados nesse trabalho comprovam que o tráfego de
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mensagens SV não é afetado por situações de carregamento
total da rede de comunicação.
As principais contribuições desse trabalho são: apresentação da implementação das subestações full digitais, análise
de possı́veis impactos na atuação de funções de proteção
e a avaliação da viabilidade técnica da implementação do
barramento de processos. Pontos importantes em aberto
para futuras discussões incluem impacto da perda de frames SV durante falhas na rede de comunicação, análise
do desempenho de protocolos de recuperação de rede e de
diferentes priorizações para os protocolos de comunicação
utilizados no barramento de processos.
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