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​FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO FACULDADE DE ARTES PLÁSTICAS CULTURAS HÍBRIDAS, PODERES OBLÍQUOS Culturas Híbridas. Estrategias para entrar y salir de la modernidad Néstor García Canclini Produção Cultural IV Semestre Culturas Híbridas Professora: Christine Mello Aluno: João Gabriel Pereira Néstor García Canclini, nascido na Argentina, na cidade de La Plata, o escritor, antropólogo e crítico cultural, escreveu em 1990 o livro ​Culturas Híbridas. Estrategias para entrar y salir de la modernidad, ​no México, país que atualmente vive. ​Néstor Canclini traz uma problemática da modernização cultural na América Latina ao longo do século, originária de uma modernização tardia no continente. Sob uma óptica antropológica, ele afirma uma necessidade de encontrar soluções de entrada e saída nesse processo de globalização. Isto, para contextualizar no que se chama de pós­ modernidade, na hibridação, nos ​poderes oblíquos​ e na ​desterritorialização​. As relações interpessoais, parafraseando o antropólogo Zygmund Bauman, são processos fluidos, assim como para Canclini, que adentra na arte, para explicar dentre os setores do conhecimento, estão se fundindo e dialogando o tempo todo no atual cenário, com as tecnologias comunicacionais. Este processo é presente em diversos outros aspectos da cultura atual como a mistura entre o erudito e o popular, fazendo uma nova concepção de seus conceitos, porém, eu diria que este processo é uma tendência cultural da humanidade, os “produtos” culturais, e/ou manifestações, são provinientes de trocas, estas quais, passam ou passarão por processos de transformação, uma espécie de dialogo que chega a um resultado. Segundo Canclini, a globalização é o fenomeno alavancador para o processo de hibridização das culturas, algo do tipo, “as coisas estão sendo bombardeadas a todo tempo”. Todo tipo de informação está circulando momentaneamente e as expressões, no caso da arte, estão recebendo, e diretamente ou indiretamente as informações estão sendo engendrado em suas estruturas de produções. Das utopias ao mercado​, este primeiro capítulo, no qual contemplo, discerne o que seria um entrave pelo alcance de um espaço no mercado para a arte, sua colocação no meio capitalista, e ao mesmo tempo a batalha pela distinção de sua produção em relação aos meios massivos. Este capítulo trata­se de uma contradição, vivida pelos artistas e agentes do meio artístico, como produtores, patrocinadores e empresários. Como diria o autor, as sociedades modernas necessitam ao mesmo tempo da “divulgação” ­ ampliar o mercado e o consumo dos bens para aumentar a margem de lucro ­ e da “distinção ­ que, para enfrentar os efeitos massificadores da divulgação, recria os signos que diferenciam os setores hegemônicos (p.37). Este embate se sobressai por questões fundamentais do capitalismo, como a internacionalização do mercado artistico, que o próprio diz que está cada vez mais associado ao movimento de concentracão do capital. O mercado da arte valoriza como diz Canclini, as obras de “mestres” a um nível estratosférico, causando um desequilíbrio no mercado artístico para os artistas contemporâneos e ao mesmo tempo concentra o poder do mercado a uma elite. “A partir do momento em que a elite abandona a estética das belas­artes e da vanguarda, transformaram as relações entre o modernismo cultural e a modernização social.” ­ Ivanilton José de Oliveira, sobre Culturas Híbridas. Logo, cria­se um embate entre a lógica socioeconômica de crescimento mercadologico e a lógia voluntarialista do culturalismo político. Canclinie conclui que, por mais que o Estado latino­americano tenha procurado gesticular e se responsabilizar pelo patrimônio cultural, especificamente o tradicional (as grandes vitrine do turismo cultural terceiro mundista), com iniciativa privada também, para industria cultural, passa a assumir tanto a promoção da cultura moderna para as grandes massas quanto para as elites. Das utopias ao mercado​, é refletido no atual contexto da produção cultural no Brasil também, o que é trazido em pauta no meu projeto de conclusão de curso, “Zona de Resistência”, um documentário que aborda a gestão de ocupações culturais e espaços independentes. A autonômia para arte e cultura é vista como uma consequência mercadológia dos mecanismos da produção cultural, também, um reflexo da má distribuição e grandes diferenças no poder monetário do Brasil. Uma das contradições que Néstor traz, me fez refletir sobre as programações e intuitos dos espaços abordados no projeto, a forma que esses espaços se opõem aos modelos dominantes de arte e cultura. Afinal, em tese, estes espaços deixariam de estar submetidos a determinações de diferentes ordens: econômicas, politicas e sociais. Isso implica desse modo em uma construção de novas articulações para a produção cultural existente, que se diferem das já consolidadas e dominantes, para a fruição de novos modelos que atendam as demandas socio­culturais contemporâneas, como Canclini exemplifica na hipervalorização das obras de arte de grandes “mestres”, que demonstram um monopólio ou permanência desse tipo de programação “engendrada” de certa forma. Porém, são modelos de espaço ainda muito pouco conhecidos e que estão em constante transformações devido a seu caráter intrínseco de liberdade, proporcionando uma quebra nos paradigmas da produção cultural. Enquanto boa parte das instituições artísticas supõe certa hierarquia entre críticos, curadores, artistas e publico. Como é o caso do mercado da arte em relação a indústria cultural, tendo esse circuito fechado devido ao embate que o autor diz, sobre a busca pelo mercado, um certo “patamar” a ser chegado, para que o público elitizado consuma e que dê certo esta “formula”. Por isso, as poucas tentativas de arriscar em novos nomes na cultura, graças as grandes leis do capitalismo.