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(Re) Dimensões e perspectivas da produção cultural na contemporaneidade Resumo: O presente estudo discorre acerca de concepções teóricasconceituais sobre a produção cultural brasileira na contemporaneidade e todos seus aspectos que nele estão envolvidos, desde sua gênese apontando enfrentamentos e desafios da relação do produtor e gestor cultural, relacionando a multidisciplinariedade da cultura e seu sistema organizativo na sociedade relacionado às dimensões da educação, cultura, política e democracia como fator de desenvolvimento social. O objeto de pesquisa tem a finalidade de salientar os desafios e percursos envolvidos até o momento. Palavras-chave: dimensões e perspectivas, desenvolvimento, produção cultural, contemporaneidade Introdução A produção cultural na contemporaneidade brasileira pode ser entendida atualmente em sua dimensão antropológica, multipluralizando a sociedade em suas formas, costumes, hábitos e práticas sócias como manifestação através da cidadania cultural através da interação social dos indivíduos, que elaboram seus modos de pensar e sentir, constroem seus valores, manejam suas identidades e diferenças e estabelecem suas rotinas. Desta forma, cada indivíduo ergue à sua volta, e em função de determinações de tipo diverso, pequenos mundos de sentido que lhe permitem uma relativa estabilidade. O papel da cultura atualmente expandiu-se além das esferas humanas e sociais, indo ao encontro do desenvolvimento socioeconômico, onde a partir do entendimento da cultura como um produto subjetivo das relações humanas e suas tecnologias num mundo pós-moderno, pensado e construído muitas vezes em produto de consumo para uma finalidade de valor. O sistema cultural não vive sem contradições, as quais derivam de sua inserção no capitalismo, regime dominante na maioria dos países, ou são decorrentes das tensões imanentes do próprio campo da cultura, inclusive as existentes entre os vários momentos do sistema. Segundo Rubim (2009) além da diferenciação e especialização das atividades, desenvolvidas através do processo de divisão social do trabalho, será preciso que tais atividades ganhem distinção social. Isto é, sejam reconhecidas pela sociedade. Mais que isso: o reconhecimento social pode se transformar em algo ainda mais substantivo através da confecção de legislações específicas, que regulam a sua prática e definem exigências para os atores sociais legitimamente encarregados de exercer tais profissões. Complexidade nos sistemas de cultura: A sensibilidade de atuação na produção cultural Na nova perspectiva da profissionalização e da função do produtor cultural, hoje em dia, juntamente com a globalização dominando fortemente as conexões mundiais, e o capitalismo brutalmente rompendo todos os paradigmas sociais e culturais, é indispensável à formação de um produtor cultural específico para atender as demandas da pós-modernidade, que vem surgindo através do grande poderio massificador de informação e do conteúdo através da indústria cultural. De acordo com Marilena Chauí: Para avaliarmos o significado contemporâneo da indústria cultural e dos meios de comunicação de massa que a produzem, convém lembrarmos brevemente o que se convencionou chamar de a condição pós-moderna, isto é, a existência social e cultural sob a economia neoliberal. (Chauí, 2009, p. 39) Talvez seja até por isso, que se faça necessário essa criação e formação do produtor cultural como agente especifico para suprir essa necessidade que vem crescendo atualmente no Brasil. Mas deve-se ter a consciência de que esse trabalhador, visto que a profissionalização ainda está em discussão a ser regulamentada, então será futuramente ‘formador’ de público, de gostos e de opiniões, respectivamente se souber dialogar da melhor forma com a sua função e de que como ele deve agir no meio de atuação. Relacionando à discussão a essas perspectivas e desafios, primeiramente a área da educação onde, visto que anteriormente há novas demandas profissionais a essa nova área que vem emergindo, os meios institucionais educacional no ensino superior, como a criação de cursos de produção cultural, derivando de outros enfoques, alguns relacionados na área da comunicação, e outros ligados a política cultural, no pensamento de construções e ações públicas voltadas para o desenvolvimento de um sistema cultural que abranja o acesso a minoria. Mas há um déficit de educadores qualificados e especializados da área, falta de infraestrutura nas Universidades como forma de apropriação para um compreendimento mais elaborado desse processo educacional complementando o teórico e conceitual, mas por outro lado é razoavelmente esperançoso, futuramente, haverá pessoas mais qualificadas atuando nessas demandas. É imprescindível tanto melhorar o sistema superior de ensino educacional como um todo, quanto o desenvolvimento da cultura, como elemento chave no processo social e igualitário. Para essas ações serem efetuadas de modo são necessárias políticas públicas efetivas que atinjam diretamente as esferas mais vulneráveis, onde está concentrada a maioria dessas pessoas, e dialogando, compartilhando e trocando saberes e fazeres, que possam saber que a cultura tem poder, e que não deva ser vista apenas como algo supérfluo, que ela é essencial tanto quanto a educação e a saúde. Há de se discutir coletivamente sobre essa área a partir dos diferentes sistemas e programas políticos e sociais, que é sim, um trabalho, emprego como qualquer outro, que pode gerar economia e renda local, mas para isso acontecer é preciso entender esse sistema e gerar a reflexão desse tema, onde a cultura é um grande potencializador desse embate esquecido. Nesse sentido, o Produtor, primeiramente deveria ter um papel até mais social ligado a esse tema que propriamente a cultura, que já vem embutida de certa maneira, visto que o Estado ainda é falho no sentido de politizar as áreas mais frágeis de nossa sociedade, e sabe-se muito bem o porquê, até pode-se e se deva alegar que é a falta de investimento na educação, de fato, ressalta-se a necessidade do Produtor Cultural como um fio-condutor, que discuta junto com órgãos políticos, culturais, educacionais, sociais, em todos seus âmbitos, que olhem para as necessidades a partir da diversidade cultural de forma plural, respeitando e compreendendo todas e quaisquer formas de manifestação como parte da população, para que haja elo entre política e cultura e a produção cultural. Que seja a cultura já estabelecida, não algo imposto, que possam reproduzir seus costumes, suas tradições, seu modo de vida, seus hábitos, que rejeitem a cultura que não lhes é pertinente, que façam com que a cultura possa ser um mecanismo imprescindível para o processo de desenvolvimento humano, social e econômico. Que através disso se possa trabalhar de forma honesta, com direitos legais, assim como qualquer outra profissão, regulamentada, que possam ser cidadãos usufruindo realmente dessa cidadania que é tirada, através da desigualdade instalada sobre nossas cabeças. Com isso, o produtor vem ao encontro de potencializar esses espaços, pessoas, que tanto manifestações coletivas ou individuais artístico-culturais, têm valor não somente de caráter simbólico, mas social, e conscientizar que é possível, isso acontecer de forma justa, muito mais que um simples agente que executa eventos, ou projetos das mais diferentes áreas, somente visando o funcionamento desses empreendimentos culturais, e ter consciência da dimensão político sóciocultural, independentemente de sua dimensão, mas a importância que ele representa para aquela parte da sociedade, assim (GADELHA E BARBALHO, 2013 apud RUBIM 2008) destaca: A atividade de organização da cultura está voltada, independente do nome que ele tenha em cada país, para assegurar as condições e recursos institucionais, materiais, humanos, legais e financeiros para que a cultura possa se desenvolver. A organização da cultura pode se dar em um plano macro-social ou micro-social. (Rubim, 2008, p.101). Considerações finais Pensando, então, a partir dos novos sistemas políticos democráticos que se conjectura, ao poucos o atual governo vem trabalhando e se organizando para o ‘povo’, ainda que corrompidos ao sistema neoliberal, juntamente com o capital privado, se apropriando de espaços que o Estado não consegue se solidificar enquanto meio de construção social, em certo grau, mas que gradativamente vem se mobilizando e melhorando a articulação para essa expansão no campo da cultura, plural, e horizontal de forma democrática, a partir da diversidade cultural, na visão antropológica que ela é de fato, objeto de desenvolvimento nesse processo social. De fato, é uma tarefa um tanto complexa, mas isso reflete atualmente na inserção da cultura brasileira na política nacional, e com isso se vem discutindo ações políticas reais para esse sistema cultural, como a criação de programas e projetos, como a criação do Sistema Nacional de Cultural (2012), que seu principal objetivo é fortalecer institucionalmente as políticas culturais da União, Estados e Municípios com a participação da sociedade e o Plano Nacional de Cultura (2010) onde estabelece uma gestão de médio e longo prazo, a efetivação de políticas públicas, e a criação de estratégias e 53 metas a serem realizadas até 2020. Realmente, há muito que se fazer para o desenvolvimento e aprimoramento tanto desses complexos sistemas e programas, quanto a própria profissionalização do produtor cultural, e deve-se continuar o diálogo e construção em todas as suas estruturas sociais, reflexões políticas de forma coletiva e popular democrática ampliando o acesso, a fruição, a distribuição, o fomento e a circulação desses bens culturais para a população. Bem, como, Chauí afirma que: Se compreendermos a democracia como instituição de uma sociedade democrática e o socialismo como instituição de uma política democrática, perceberemos que somente numa política socialista os direitos, que definem essencialmente a sociedade democrática, podem concretizar-se e que somente numa sociedade democrática a prática política socialista pode efetivar-se. Assim, uma nova política cultural precisa começar como cultura política nova, cuja viga mestre é a idéia e a prática da participação. (Chauí, 2009, p. 72). Assim deve-se construir uma cultura política nova, como cita Chauí, e baseado nos valores, e afirmar os significados da cultura contra-hegêmonica, da comunidade para a sociedade, de forma coletiva e horizontal, ligadas a participação social, exercendo sua cidadania, de baixo para cima. Entendendo o produtor cultural como construtor desse processo junto à sociedade e fomentado através de políticas sociais democráticas como espaço público da decisão coletiva, no sistema organizacional da cultura, a articular, pensar, refletir, elaborar e planejar para a construção da dinâmica cultural ampla em todos os territórios firmados em sua capacidade de autogestão. Um emissor capacitado que possa construir novos horizontes no processo de solidificação e amadurecimento dessa sinergia no processo de transformação da cultura como forma de desenvolvimento humano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Cultura. Estruturação, Institucionalização e Implementação do Sistema Nacional de Cultura. 2010. Coordenação José Roberto Peixe. MinC/SESP-SP, 2010. Disponível em: http://www.cultura.gov.br/documents/10907/963783/livro11-602-para aprovacao.pdf/d17c52f9-3a60-4196-af5c-a6655f028f3b. Acesso 12/jul/15. CHAUÍ, Marilena. Cultura e Democracia. 2ª Ed. Salvador, BA: Secretaria de Cultura, Fundação Pedro Calmon, 2009. GADELHA, Rachel; BARBALHO, Alexandre. Políticas Públicas de Cultura e o Campo da Produção Cultural. Revista: Pensamento e Realidade, v. 28, n. 4, 2013. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/pensamentorealidade/article/view/17983. Acesso 14/jul/15. PRESIDENCIA DA REPÚBLICA. LEI Nº 12.343, 2 de Dezembro de 2010. Institui o Plano Nacional de Cultura – PNC, cria o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais – SNIIC. RUBIM, Antonio Albino Canelas; RUBIM, Lindinalva. Organizadores da cultura: delimitação e formação. Comunicação & Educação, v. 14, n. 2, p. 15-22, 2009. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/download/43350/46972. Acesso14/jul/15. ____. RUBIM, Albino. Mercado de Trabalho em mutação: gestão cultural e formação profissional. In: I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE GESTÃO CULTURAL Belo Horizonte, 2008. RUBIM, Linda (org). Organização e Produção da Cultura. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 2005.