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INTELIGENCIA EMOCIONAL A inteligência emocional caracteriza a maneira como as pessoas lidam com suas emoções e torna-se uma maneira alternativa de ser esperto, não em termos de QI, mas em qualidades humanas do coração. (Goleman, 1997). Os primeiros conceitos de inteligência relacionavam-se à Inteligência Intelectual ou QI (Quociente Intelectual), aptidões dos pólos neocorticais direito e esquerdo. Para medir a capacidade intelectual dos indivíduos, psicólogos criaram testes psicométricos ou psicotécnicos, em que o resultado revela o quanto uma pessoa se desempenhou num determinado teste, comparados aos de outras pessoas da mesma faixa etária. Inteligência consiste em múltiplas capacidades cognitivas que envolvem percepção, pensamento, linguagem e memória. Embora todos os seres humanos sejam dotados dessas aptidões, observam-se variações na eficiência de cada processo de pessoa para pessoa. Numa visão geral, pode-se dizer que inteligência é a capacidade geral do indivíduo de se ajustar em todas as esferas da vida. Questionamentos foram feitos a cerca da facilidade de algumas pessoas alcançarem sucesso na vida e outras não. Por algum tempo, atribuiu-se essa razão aos diferentes níveis de QI. Todavia, psicólogos concluíram através de pesquisas que em vias de regras, as pessoas de alto QI não atingem o sucesso com a mesma facilidade que as pessoas de alto QE (Quociente Emocional); estas conseguem seus objetivos com maior êxito. Pressupõe-se que as pessoas que apresentam um elevado equilíbrio entre as inteligências, emocional e intelectual, são empregáveis e atendem as necessidades de um mercado globalizado. Na opinião de Goleman, o controle emocional é que assegura ao indivíduo a "fama" ou do contrário a "ruína". E é através da busca do autoconhecimento, que o indivíduo alcança o autocontrole, a automotivação, a empatia e desenvolve bons relacionamentos - pressupostos da Inteligência Emocional. O QE não é proveniente de heranças genéticas, ele é aprendido no decorrer da vida, no despertar das primeiras emoções, começando na infância. É durante esta fase que se instala comportamentos que podem influenciar a vida do adulto. Os valores e crenças incorporados formam paradigmas que conduzem e influenciam as ações do indivíduo e o orienta como agir e como lidar com o mundo. Experiências traumáticas deixam marcas que se refletem na conduta da pessoa, nos caminhos por onde passa. Geralmente, pessoas que desenvolvem imagens distorcidas de si mesma, que são arrogantes, inseguras e se utilizam de meios escusos para alcançar objetivos, quando detêm o poder dentro de uma organização, participando ativamente do destino de outras pessoas; começam a vivenciar conflitos internos, diretamente ligados àquelas experiências traumáticas da infância; excesso de autoridade de pais, falta de determinação e limites, conflitos interpessoais na família, repressões, críticas destrutivas, tornam-se estímulos responsáveis pela repetição de tais comportamentos. Todo o comportamento introjetado na infância, registrado na memória emocional fica guardado no inconsciente e são difíceis de serem reformulados. Quando adultos, o caminho é promover o autoconhecimento, realizar melhorias no perfil pessoal, conhecer as influências que as emoções mal administradas podem gerar em nossa vida e como elas acontecem. Para isso, faz-se necessário um trabalho dirigido por especialistas, onde o foco será acessar as camadas mais profundas e libertar a pessoa dos padrões mal adaptados, realizando um verdadeiro trabalho de reconstrução do EU. A imaturidade emocional está diretamente ligada e é responsável, entre outras coisas, pelas dificuldades que as pessoas têm de atuar de forma produtiva, equilibrada e inovadora. (Carrozzo, 1996: 35). BROCKERT (1997: 21) consideram que diante das vicissitudes da vida, nem sempre o homem pôde contar com o tempo, calma e o equilíbrio. A vida dos homens das cavernas caracterizava-se pela necessidade de sobrevivência; a acuidade visual e os reflexos rápidos salvavam suas vidas. Ao visualizarem com o canto do olho uma sombra, seus reflexos agiam quase que incondicionalmente em resposta a ameaça de vida ou morte, pois poderia ser sua própria sombra - a caça ou ser a sombra de uma caça. Ser capaz de tomar a melhor decisão que o momento requer, exige perfeito equilíbrio entre o cérebro emocional e o racional. Este objetivo só é alcançado com o desenvolvimento da autoconsciência, que propicia ao indivíduo lidar positivamente com as diferentes emoções, intuições e percepções. A maturação emocional propicia maior segurança de si mesmo, um autocontrole que vai libertar a capacidade de alguém ter sentimentos sobre os próprios sentimentos, a condição de perceber, sentir, analisar, discernir para então tomar a decisão acertada. (Carrozzo, 1996: 36). Ser um ser humano autêntico, de sentimentos profundos, é a chave que define inteligência emocional; ser aberto, honesto, íntegro, corajoso e criativo. São estas qualidades que as organizações precisam encontrar nas pessoas que lideram. Quando se fala de inteligência emocional, pode-se dizer que falamos de coração. Subjetivamente, é nele que se encontra os mais nobres sentimentos de integridade, humildade, compromisso, lealdade e amor. E é desses princípios que a humanidade está carente, que as empresas necessitam. Um líder não precisa apenas de um bom potencial mental, mas de uma destacada inteligência emocional. Precisa aprender e ensinar utilizando os sentimentos em vez da razão, relacionamentos sinceros em vez de hipocrisia, discernimento em vez de comportamentos estereotipados. A inteligência emocional requer do ser humano, qualidades humanas, vindas do coração. Competência esta, que pode ser aprendida, ela não é nata como os quantificáveis níveis de QI, considerados herança genética. O ser humano é formado de duas bases, emocional e racional. O racional é lógico, é controlável. O emocional é impulsivo, é subjetivo. Ele atinge a plenitude quando consegue o equilíbrio entre estas partes e alcançar esse objetivo significa reconhecer e saber administrar as emoções. Habilidade que normalmente não é ensinada nas escolas, nem nos próprios lares e que é o fator preponderante que garante o sucesso do indivíduo na vida. A teoria do Eu de Rogers (1983) enfatiza que as crianças são coerentes e autênticas e, a medida que interagem com outras pessoas, definem seu autoconceito ou autoimagem. De acordo com sua teoria, as pessoas precisam de consideração positiva, aceitação e calor das pessoas que lhes são significativas e, em busca de satisfazer essa necessidade, as crianças são capazes de fazer qualquer coisa; distorcem ou negam suas próprias percepções, emoções, sensações e pensamentos. Estratégia que acaba por desencadear uma série de problemas; distorcem sua autoimagem, negam as verdadeiras emoções e percepções, experimentam experiências conflitantes com o autoconceito, tendendo a construir defesas rígidas que as afastam de seu próprio potencial e de vivenciar novas experiências. Para ROGERS (1983), as pessoas bem ajustadas, que "funcionam" plenamente estão abertas a todas as experiências, confiam nestas experiências para tomar decisões e se sentem livres porque acreditam que suas escolhas são tomadas por si mesmo. Ele diz que: A vida interior, um nível de consciência mais elevado, um reconhecimento de que no interior de cada pessoa existem enormes recursos para a criação da vida plena, é uma das características necessárias a esta era que se aproxima. (ibid., 117). Aprender a identificar as próprias emoções exige treino e persistência. Não basta dizer, estou triste, mas porque estou triste, o que me deixou triste e como lidar com esse sentimento. Assim é possível desenvolver a inteligência emocional, a autoconsciência; substituindo, por exemplo, os hábitos indesejáveis, inveja, rancor, arrogância, pessimismo, por outros positivos como amor, compreensão, empatia, otimismo, lealdade, que acabam sendo incorporados em algum tempo no vocabulário transformacional. Profissionalmente, as pessoas que desenvolvem o autoconhecimento e sabem lidar com as próprias emoções têm maior probabilidade de se sentirem realizadas e mais produtivas. Já as outras, vivem em constantes conflitos internos e, consequentemente, não conseguem ser produtivas nem pensar com clareza. Goleman ao conceituar Inteligência Emocional como a capacidade das pessoas em lidar com suas emoções e com as das pessoas ao seu redor, incorpora fundamentos, os quais são hoje definidos como pilares da Inteligência Emocional. Três deles alicerçam a parte intrapessoal e os demais, interpessoal. São eles: a) autoconhecimento; b) autocontrole; c) automotivação; d) empatia, e e) relacionamento interpessoal. Para que o indivíduo obtenha uma boa dominância nesses pilares, deve desenvolver habilidades intrapessoais e interpessoais, em destaque: Das habilidades intrapessoais : a) reconhecer os próprios sentimentos; b) identificar pontos de melhoria; c) identificar virtudes; d) persistência; e) pensamento positivo; f) controlar impulsos; g) ouvir o coração, e h) relacionar razão e emoção. Das habilidades interpessoais: a) persuasão; b) cooperação; c) negociação, e d) liderança. A valorização do emocional nas organizações ainda está no começo. O homem em perfeita harmonia com suas partes, emocional e racional, é o computador mais eficaz que pode existir, pois além de executar, ele pensa, cria e desenvolve novos softwares e hardwares. Em todas as esferas do trabalho é importante a presença de pessoas habilidosas em relacionar-se consigo mesma, reconhecer as próprias emoções e saber administrá-las, tornar-se capaz de encontrar automotivação, ressignificar eventos negativos e extrair aprendizado, compreender os sentimentos dos outros e, consequentemente estabelecer boas relações interpessoais. Essas habilidades são importantes para o consultor, médico, técnico, professor, gerente, vendedor, engenheiro, pois é considerado relevante a capacidade de influenciar positivamente e criar relações de companheirismo e lealdade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1 CARROZZO, Alice Magalhães. A potencialização profissional a partir do equilíbrio emocional. Serhumano, São Paulo, n. 111, p. 35-37, ago. 1996. 2 DAVIDOFF, Linda L. Introdução à psicologia. Trad. Auriphebo Berrance Simões e Maria da Graça Lustosa. São Paulo: McGraw-Hill, 1983. 3 MIRANDA, Roberto Lira. Além da inteligência emocional. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 4 GOLEMAN, Daniel. Equilíbrio mente/corpo: como usar sua mente para uma saúde melhor. Trad. Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 5 BROCKERT, Siegfried. Teste o seu qe: inteligência emocional. Trad. Paulo Wengorski. Rio de Janeiro: Record, 1997. 6 ROGERS, Carl R. Um jeito de ser. Trad. Maria Cristina Machado Kupfer, Heloísa Lebrão e Yone Souza Patto. São Paulo: EPU, 1983.