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Cidadania, um mito no jornalismo

RESUMO A deliberada distorção de conceitos e termos relativos ao universo das relações de poder para tentar justificar modelos ideológicos é prática mais que comum no jornalismo. Este artigo relata a opção editorial do jornal Correio Popular, Campinas, que, ao criar uma secção sobre projetos de filantropia e assistência social, incorporou o termo cidadania para qualificá-los e exaltá-los como iniciativas voluntárias da sociedade em detrimento das ações políticas e governamentais. Para tanto, conforme N. Bobbio, o jornal adota o modelo liberal de divórcio entre o universo estatal, portanto político, do universo social, onde, para o projeto editorial, se encontra a cidadania. Esta deixa de ser uma categoria política para se transformar num mito social apenas, desvinculado das ações em torno da construção do Estado. Para esse trabalho foi adotado, também, o conceito de mito semiológico de R. Barthes, que aponta o manuseio de termos para dar-lhes novos significados, distanciado-os de seus significados tradicionais. É o caso da palavra e do conceito de cidadania.

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